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Dor Pélvica
É a dor localizada no abdome e pelve, é uma das queixas mais comuns de
pacientes. É uma dor subjetiva, ambígua, de difícil diagnóstico e tratamento.
• Dor somática: Origina-se nos nervos aferentes do sistema nervoso
somático que inerva peritônio parietal, pele, músculos e tecidos
subcutâneos. É aguda e localizada.
• Dor visceral: Origina-se das fibras aferentes do sistema nervoso autônomo
que transmite informações das vísceras e do peritônio visceral,
normalmente são estiramentos, distensão, isquemia, necrose ou
espasmos.
Localiza-se na linha mediana, geralmente localizada no córtex sensorial do
cérebro, em um nível aproximado da medula espinal determinado pela origem
embriológica do órgão envolvido.
As fibras aferentes são mielinizadas, por isso, os potenciais de ação se
disseminam com facilidade para estimular os nervos somáticos adjacentes.
• Convergência viscerossomática: O córtex reconhece o sinal como vindo
do mesmo dermátomo, independente se sua origem é visceral ou
somática, por isso há uma dificuldade do paciente de distinguir entre dor
de órgão interno e dor de parede abdominal.
Dor inflamatória: Corte de faca, queimadura, esmagamento, ativa os
nociceptores. Os arcos reflexos levam à contração imediata, que afas
ta e protege o corpo do dano. O processo inflamatório ocorre com conjunto de
proteínas, células inflamatórias que são levados ao local da lesão.
Há liberação de prostaglandinas e citocinas, que reduzem o limiar de
condução dos nociceptores, chamado de sensibilização periférica.
Dor neuropática: Estimulo nocivo mantido pode levar a sensibilização central
persistente e à perda permanente da inibição neuronal, ou seja, há uma
redução no limiar para o estímulo da dor.
DOR PÉLVICA CRÔNICA
É um problema ginecológico comum, com prevalência de 15% na idade
reprodutiva.
Definição:
Dor não cíclica que persiste por seis meses ou mais.
Localizada na pelve, parede anterior do abdome, sobre ou abaixo da cicatriz
umbilical ou região lombossacra ou nádegas
Dor com intensidade suficiente para causar incapacidade funcional ou levar à
intervenção médica.
Etiologia:
Endometriose, leiomiomas sintomáticos, síndrome do intestino irritável.
História obstétrica:
Questionar gravidez e parto traumáticas, prolapso pélvico, síndrome de dor
miofascial das musculatura do soalho pélvico, dor na região sinfisial ou
articulação sacroilíaca.
• 9% das pacientes continuam a sentir dor genital ou pélvica por mais de
um anos após o parto.
Problema 4- Thais Chacha Zeolla 2
História cirúrgica:
Existência de cirurgia abdominal anterior
aumenta risco de aderências,
principalmente se houver ocorrido
infecções, sangramentos.
História psicossocial:
Há uma nítida relação entre dor pélvica
crônica e abuso físico, emocional e
sexual.
É importante sempre questionar a
paciente sobre seus vínculos familiares e
situações estressantes do dia-a-dia.
Exame físico:
Deve ser feito lentamente, os principais
achados podem ser:
• Alodinia: Resposta dolorosa a um
estimulo normalmente inofensivo, como
o produzido por um cotonete.
• Hiperestesia: Resposta extrema a um
estímulo doloroso.
Postura e marcha:
Inicialmente faz-se o exame em pé, na visão posterior avalia-se escoliose,
estabilidade horizontal de ombros, dobras glúteas e dobras dos joelhos.
Exame lateral: Pode indicar cifose, lordose, o desnível anormal dos ossos pélvicos
pode ser avaliada pela colocação simultânea da mão espalmada, de ambos
os lados entre as espinhas ilíacas antero e posterossuperiores.
Observação também de hérnias inguinais e femorais diretas e indiretas são
observadas apenas com a paciente em pé. Há também hérnia ciática e hérnia
do obturador.
Com a paciente curvada para a frente, flexionando a cintura, evidencia-se
doença ortopédica primária ou encurtamento adaptativo dos músculos
extensores posteriores.
Marcha antálgica ou claudicação, quando a postura se reduz o apoio do
peso sobre um membro inferior ou sobre uma de suas articulações.
• Sinal de Carnett: Típica patologia de parede abdominal anterior, dor
durante a elevação da cabeça e ombros.
• Manobra de Valsalva: Pode evidenciar diástese dos músculos retos
abdominais e hérnias.
Posição sentada: Principalmente a dor miofascial, envolve o assoalho pélvico e
a paciente desloca o seu peso para uma das nádegas ou senta-se à beira da
cadeira.
LITOTOMIA: Eritema pode indicar vulvite ou infecção fúngica crônica.
Dores na uretra e bexiga são indicadores potenciais de divertículo uretral ou
cistite intersticial. Dor à mobilização o colo é observada em DIP aguda e
crônica.
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Definição:
Dor ou desconforto abdominal que melhora com a defecção e que está
associado a mudança nos hábitos intestinais.
Sinais e sintomas:
Frequência anormal de evacuações, fezes de consistência anormal, esforço,
urgência, eliminação de muco e distensão abdominal.
Fisiopatologia:
Desregulação nas interações entre o sistema nervoso central(SNC) e sistema
nervoso entérico. Essa disfunção pode causar alterações na resposta imune da
mucosa GI, na motilidade e na permeabilidade intestinal, assim como na
sensibilidade visceral e a Serotonina, está intimamente ligada a este processo
Diagnóstico:
A investigação deve ser de forma individualizada, de acordo com a
necessidade de cada paciente.
Tratamento:
Dieta rica em fibras. Estimulação do receptor de serotonina, aumenta o tempo
do trânsito colônico e reduz a sensibilidade visceral.
Para pacientes com sintomas predominantemente diarreicos, a loperamida ou
o difenoxilato são efetivos na redução da motilidade intestinal.
Para pacientes com dor secundária a espasmo intestinal, os agentes
antiespasmóticos, como diciclomina e hiosciamina.
Os antidepressivos tricíclios tem efeito anticolinérgico no intestino quando ação
modificadora no humor.
10. Hérnia de parede abdominal
Definição:
Falhas na parede anterior do abdome ou na fáscia femoral pode levar à
herniação de intestino ou de outro conteúdo abdominal por essas brechas.
As hérnias surgem em pontos com fragilidade anatômica inerentes, nas
mulheres, as mais comuns são as ventrais, umbilicais e incisionais.
Fatores de risco:
Aumento da pressão intra-abdominal, gravidez, ascite, diálise peritoneal e tosse
crônica.
Tratamento:
Depende do tamanho da hérnia, as maiores geralmente necessitam de
instalações de telas.
11. Síndrome da dor miofascial
Definição:
Área de hiperirritabilidade no músculo, que pode levar à contração persistente
das fibras, causando dor, fraqueza ou reações autonômicas.
Fisiopatologia:
Supõe-se que os pontos de gatilho resultem de uma crise metabólica dentro do
músculos, com isso, a isquemia resultante leva a liberação de substâncias que
ativam os nociceptores nervosos periféricos, que ocasiona a dor.
Diagnóstico:
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Fisiopatologia:
A compressão do nervo isquiático pelo músculo piriforme pode causar dor nas
regiões lombar inferior ou nádega.
Os mecanismos para explicar este problema são: Traumas, uso excessivo com
hipertrofia e variações congênitas.
Diagnóstico e tratamento:
Dor e sensibilidade à palpação envolvendo nádegas, com ou sem irradiação.
A dor se agrava com atividade como muito tempo sentada, caminhada,
rotação interna do quadril. A associação com dispareunia é comum.
Tratamento é conservador, com fisioterapia, AINES, relaxantes musculares,
gabapentina, nortriptilina ou carbamazepina, além de toxina botulínica.
ENDOMETRIOSE
1. Introdução
A endometriose é um distúrbio ginecológico benigno e comum definido pela
presença de glândulas e estroma endometriais fora do sítio normal.
É uma doença hormônio-dependente, sendo por isso encontrada sobretudo
nas mulheres em idade reprodutiva O quadro de tecido endometrial localizado
dentro do miométrio, é denominado adenomiose.
2. Incidência
1,6 caso para cada 1000 mulheres entre 15 a 49 anos. Entretanto, em razão da
sua relação com infertilidade e dor pélvica, a endometriose é com certeza uma
das queixas mais frequentes.
3. Fisiopatologia
❖ Menstruação retrógada: Ocorrência de menstruação retrógada por meio
das trompas de Falópio com subsequente disseminação do tecido
endometrial no interior da cavidade peritoneal.
❖ Propagação linfática ou vascular: Propagação anômala linfática ou
vascular de tecido endometrial, pela presença destes em locais incomuns,
como peritônio e região inguinal.
❖ Metaplasia celômica: Sugere que o peritônio parietal seja um tecido
pluripotencial, para assim sofrer uma transformação metaplásica para
tecido histologicamente indistinguível do endométrio normal. Essa teoria é
considerada em casos de endometriose em pré-menarca e na menopausa.
❖ Teoria da indução: Propõe que alguns fatores hormonais pode induzir a
diferenciação de células indiferenciadas em tecido endometrial.
4. Dependência hormonal
O estrogênio tem papel importante como causador de endometriose,
demonstrou-se que os implantes endometrióticos expressam aromatase e 17B-
hidroxiesteroide-desidrogenase tipo 1, enzimas responsáveis respectivamente,
pela conversão de androstenediona em estrona e de estrona em estradiol.
A progesterona é um antagonista dos efeitos estrogênicos no endométrio, mas
a endometriose apresenta-se um estado de resistência relativa à progesterona.
Além disso, a prostaglandina E2 é o mais potente indutor da atividade
aromatase nas células estromais endometriais.
5. Papel do sistema imune
O tecido endometrial e o endométrio, que sofrem refluxo para o interior da
cavidade peritoneal, em geral, são eliminados por células imunes, como
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8. Sintomas da paciente
Os sintomas mais comuns são dor pélvica crônica e infertilidade.
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Dor: Esta dor pode ser cíclica ou crônica, mas as citocinas pró-inflamatórias e
prostaglandinas liberadas pelos implantes endometrióticos dentro do líquido
peritoneal podem ser uma fonte.
Dismenorréia: Dor cíclica com a menstruação, normalmente a dismenorreia
associada à endometriose precede as menstruações em 24-48 horas e é menos
responsiva aos medicamentos anti-inflamatórios não esteroides e aos
contraceptivos orais combinados.
A endometriose de infiltração profunda, é a doença que se estende por >5mm
sob a superfície peritoneal.
Dispareunia: Associada à endometriose está relacionada com doença
localizada no septo retovaginal ou no ligamento uterossacral. É relacionada a
dor que passa a ocorre depois de anos de relação sexual indolor.
Disúria e urgência urinária;
Dor defecatória: Podem ser crônicos ou cíclicos, associados à constipação,
diarreia, hematoquezia cíclica.
Dor pélvica não cíclica: É o sintoma mais comumente associado à
endometriose.
Infertilidade: As aderências causadas pela endometriose talvez impeçam a
captura e o transporte do oócito pela tuba uterina.
Doença mínima ou leve: Demonstrou que mulheres com endometriose mínima
ou branda apresentam fecundidade similar à aquelas com infertilidade
inexplicada.
Doença moderada ou grave: A anatomia tubária e ovariana encontra-se
distorcida.
Efeitos na foliculogênese e embriogênese: A foliculogênese é provavelmente
deficiente em mulheres com endometriose e a apoptose é outra maneira para
explicar a menor competência do oócito nas mulheres com endometriose.
Alterações endometriais: Defeitos de implantação possam ser responsáveis pela
subfertilidade associada à doença.
Obstrução intestinal e ureteral: A endometriose pode envolver intestino
delgado, ceco, apêndice ou colo sigmoide, está restrita à subserosa e muscular
própria. A laparoscopia é o método diagnóstico definitivo, entretanto, em
mulheres sem sintomas de obstrução, o tratamento conservador com terapia
hormonal pode ser considerado.
9. Exame físico
Em grande parte, a endometriose é uma doença restrita à pelve, portanto não
são apresentadas anormalidades durante a inspeção
• Exame com espéculo: O exame da vagina e do colo uterino não revela
sinais de endometriose.
• Exame bimanual: Presença de nódulos e sensibilidade ao toque no
ligamento uterossacral podem refletir doença ativa ou fibrose ao longo
do ligamento. Este exame pode revelar útero retrovertido, fixo, sensível
ao toque, fundo de saco posterior, firme e fixo.
Exames laboratoriais: Inicialmente, hemograma completo, dosagem sérica ou
urinária de gonadotrofina coriônica humana, exame e cultura de urina, culturas
vaginais e esfregação do colo uterino.
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