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HÉRNIA INGUINAL
Definição: protrusão anormal de um saco com revestimento peritoneal, através da cobertura
musculoaponeurótica do abdome, em decorrência de fraqueza da parede abdominal (congênita ou adquirida) que
leva a incapacidade de manter o conteúdo visceral na cavidade abdominal
Clínica: “caroço” na região inguinal, com dor ou desconforto associados ao esforço físico e parestesia pela
irritação ou compressão de nervos inguinais.
Fatores predisponentes para hérnia inguinal: doença dos aparelho respiratório, digestivo ou urinário (adenoma
da próstata); ↑ pressão abdominal (volumosos tumores abdominais; ascite; gravidez).
Indireta Direta
Mais comum delas. Ocorre pela fraqueza da fáscia
Ocorre pela persistência do transversalis e aponeurose do TA.
conduto peritoniovaginal. O saco herniário passa através da
Não há obliteração do processo parede abdominal dentro do triangulo
vaginal – a extensão peritoneal de Hasselbach (delimitado pela
que acompanha o testículo na sua artéria epigástrica inferior, borda
descida até a bolsa escrotal lateral do reto abdominal e ligamento
O saco herniário passa através do inguinal).
anel inguinal interno em posição O saco está medial aos vasos
anteromedial dentro do funículo epigástricos inferiores.
espermático. Fatores predisponentes: adquirida;
O saco está lateral aos vasos homem mais idoso (fraqueza
epigástricos inferiores. muscular no trígono de Hasselbach);
Fatores predisponentes: cogênitas; aparece rapidamente; raramente
homem jovem; aparece chega à bolsa escrotal (hérnia
Tipos de lentamente; pode chegar à bolsa inguinoescrotal pode ser direta); é
Hérnias Inguinais escrotal; pode estrangular (anel muito rara estrangular; redução
inguinal externo); difícil a redução espontânea.
espontânea.
Podem ser Mista / Pantaloon: direta + indireta
Deslizamento Femoral
Parte da parede do saco é a própria Saco herniário passa por trás do
víscera (cólon, bexiga, etc.). ligamento inguinal e insinua-se
Mais comuns nas inguinais através do anel femoral, por dentro
indiretas e mais comum à direita. dos vasos femorais.
Lado direito: ceco é o mais comum Das hérnias estranguladas, a femoral
Lado esquerdo: sigmoide é o mais é de grande frequência e ainda pode
comum ocorrer com hérnia de Richter
Na cirurgia pode lesar a víscera e (pinçamento da borda antimesentérica
repercutir com outros problemas do cólon).
(por ex. sangramentos) É mais comum em mulheres (mais
comum da mulher = indireta).
Exame físico: examinar em decúbito e ortostatismo, realizar manobra de Valsalva e, se necessário, manobra de
Landivar (usada quando há dúvida diagnóstica: ponta do dedo = indireta; polpa do dedo = direta). Hérnia abaixo
do ligamento inguinal = hérnia femoral; se tiver incapacidade de redução = hérnia encarcerada (possivelmente
estrangulada também: tumoração inguinal, com aumento de tamanho, vermelha, quente, dolorosa –
URGÊNCIA)
Exame de imagem: apenas quando necessário (difícil diagnóstico clínico, avaliar hérnias muito pequenas ou
muito grandes – “perda de domicílio”) – contrastes, USG, TC e videolaparoscopia (diagnóstico e terapêutico)
Com tela Sem tela
Lichtenstein – sutura-se tela do lig. Marcy – Só faz a ligadura alta do saco
inguinal até arredores do anel herniário e aperta o anel interno com a
interno. fáscia transversalis.
Stoppa – inserção de grande prótese Bassini – tendão conjunto ao lig. Inguinal
em pré-peritônio cobrindo a parede Macvay – fáscia transversalis é suturada
inguinal e o orifício miopectíneo ao lig. Cooper. Fecha o anel femoral.
Tratamento (usado em hérnias bilaterais, Shouldice – imbricamento da fáscia
Cirúrgico grandes, recidivadas). transversalis e reconstrução da parede
Nyhus – sutura-se a fáscia posterior através de 3 ou 4 camadas
transversalis e aponeurose do TA no
lig. Cooper.
Tomar cuidado: pacientes diabéticos, pacientes com alterações da imunidade, idosos,
nefropatas, pode infeccionar, dificultando o tratamento. Fora casos especiais, a tela
deve ser colocadas em todos os pacientes.
Risco cirúrgico: paciente jovem, sem comorbidade, não é necessário pedir nenhum
exame. ECG acima de 40 anos em homens e acima de 45 anos em mulheres.
Complicações pós operatórias: orquite isquêmica (dano no cordão espermático pode gerar isquemia e redução
do testículo); trombose das veias do plexo pampiniforme; hematoma; lesão de nervos (perda de sensibilidade ou
dor crônica); seroma e infecção
I – Hérnia Indireta sem alargamento do anel interno (ex. hérnia na criança)
II – Hérnia Indireta com alargamento do anel interno mas parede posterior
intacta e vasos epigástricos na posição anatômica esperada.
III – Defeitos da parede posterior
o III-A – Hérnia direta
o III-B – Hérnia indireta – anel interno dilatado com destruição medial da
fáscia transversalis (ex. inguinoescrotais, pantaloon, hérnias de
Classificação de Nyhus
deslizamento).
o III-C – Hérnia femoral/crural
IV – Hérnias recidivadas
o IV-A – Hérnia direta
o IV-B – Hérnia indireta
o IV-C – Hérnia femoral
o IV-D – Hérnia mista
DOENÇA DIVERTICULAR
Anatomia
O intestino tem comprimento de +- 1,5 metros, sendo o ceco: 7cm, o cólon ascendente: 40 cm, o cólon
descendente: 30 cm, o cólon transverso: 40-50 cm, sigmóide: 10-30cm (maior que o normal = redundante) e
reto: 10-30cm. O intestino grosso e o delgado diferem pela presença de apêndices epiploicos e tênias. Colón
transverso é livre, já ascendente e descendente não, assim, o ideal é que a colostomia seja feita com o transverso.
A vascularização é feita por ramos das mesentéricas superior e inferior. A superior sai da aorta, cerca de 2cm
acima da bifurcação das ilíacas e emite ramos que suprimem ceco, colón, ascendente e transverso e a inferior
supre cólon descendente e parte do transverso. Cólica direita nem sempre está presente e íleo cólica vasculariza
cólon ascendente e ceco. Há anastomose da mesenterica superior e inferior pela Arcada Drumond. A drenagem é
feita da veia mesentérica inferior para a veia esplênica. A vascularização do reto é feito pela artéria retal superior
(principal suprimento arterial: ramo da mesentérica inferior), média (ramo ilíaca interna) e inferior (ramo da
pudenda interna). As artérias sigmoideas irrigam o sigmoide.
Funções do intestino: absorção de água e eletrólitos, fermentação bacteriana (aproximadamente 1/3 do peso seco
das fezes são bactérias), armazenamento de fezes e gases.
Herniações da mucosa e da submucosa através da camada muscular da parede
intestinal.
o “Divertículos falsos”: não acomete todas as camadas.
o Diverticulose: indica somente a presença de divertículo
o Doença diverticular: presença de divertículo sintomático ou não
o Diverticulite: inflamação
Epidemiologia: acomete 5% da população (10% em países desenvolvidos),
acomete igualmente ambos os sexos. 40% das pessoas com 90 anos terão
diverticulose (mais idoso, maior chance de formar divertículos), 25%
desenvolvem diverticulite, 20% precisam de alguma intervenção e 90% dos
casos acometem o sigmoide.
Acometimento: cólon sigmóide > descendente > transverso > ascendente.
Divertículos no reto são extremamente raros
Fisiologia da formação dos divertículos: poucas fibras na dieta e pouco
resíduo fecal → constipação crônica (fezes pouco volumosas, com mais
dificuldade para sair) → aumento da força propulsiva intestinal → aumento da
pressão intraluminal → hipertrofia muscular, associado a fragilidade da parede
intestinal (entrada de vasos nutrientes e/ou doenças do teccido conjuntivo –
Marfan, Ehlers–Danlos, etc) → herniação da mucosa através da parede
muscular: DIVERTÍCULOS.
Quadro clínico: dor abdominal contínua, de intensidade moderada a forte, no
quadrante inferior esquerdo / FIE (topografia do sigmoide – onde os
divertículos costumam ser formados), pode ocorrer em hipogástrio ou FID (em
FID pensar primeiro em apendicite). O segundo sintoma mais frequente é a
febre, geralmente, menor que 38,5ºC. Ainda pode haver queixa de náuseas e
vômitos, anorexia, alteração no hábito intestino, constipação, diarreia e disúria
Doença diverticular (quando acomete a bexiga).
Exame físico: dor em FIE (dor à descompressão – não é Bloomberg), podendo
ter massa palpável e contratura muscular a palpação, distensão abdominal com
hipertimpanismo. Geralmente os ruídos hidroaéreos estão normais
(diminuídos: inflamação intensa ou abscesso; aumentados: oclusão intestinal).
Ao toque retal pode ter massa dolorosa palpável. Fazer toque retal em todos os
pacientes.
Exame laboratorial: hemoglobina sem alterações, leucocitose com desvio à
esquerda (>10-12 mil), bastonetes (indicativo de infecção – acima de 5%),
PCR pode estar elevada.
Complicações: 8-14% apresentam abscesso, fístula (mais comum entre cólon e
bexiga), obstrução intestinal devido a inflamação causando aderências ou
massa inflamatória comprimindo cólon e peritonite difusa por perfuração ou
ruptura de abscesso peridiverticular.
o Evidências de complicações: disúria, piúria (pus na urina), pneumatúria:
fístula colovesical, eliminação de gases e fezes pela vagina: fístula
colovaginal, peritonite difusa: perfuração para o abdome
o Complicações presentes em apenas 30% dos pacientes. 25% apresentam
diverticulite e suas complicações (abscessos, perfurações, peritonite,
obstruções e fístulas – comunicação, trajeto do intestino com qualquer
outro órgão - pele, bexiga, vagina) e 5% apresentam sangramento:
hemorragia digestiva baixa, devido moléstia diverticular e angiodisplasia.
Em 80-85% dos casos, o sangramento para espontaneamente.
Exames complementares:
o Raio X: pneumoperitônio (= sinal de ruptura = tem que operar →
laparotomia), massa na FIE
No geral, não só na diverticulose, o pneumoperitonio só não é tratado
em um caso específico.
o USG ou cintilografia: abcessos, espessamento da parede colônica e
aumento da densidade da gordura pericólica
o TC: solicitar se dúvida diagnóstica, suspeita de complicação, paciente não
melhora com tratamento clínico, pacientes imunodeprimidos
Diagnóstico diferencial: câncer de cólon, doença de Crohn, apendicite e
isquemia mesentérica.
Classificação de Hinchey (1978)
o I – Abscesso pericólico confinado (mortalidade <5%)
o II – Grande abscesso que se estende para a pelve
(mortalidade <5%)
o III – Ruptura de abscesso pélvico ou pericólico com
peritonite generalizada (mortalidade 13%)
o IV - Peritonite fecal por perfuração livre (mortalidade
43%
Tratamento:
o O tratamento é feito com medidas gerais: dieta (evitar
resíduos, preferir líquidos), evitar opioides (são
constipantes, retardam o trânsito intestinal e dificultam
a recuperação), usar dipirona ou AINES (em idoso
não), antibioticoterapia - bacteróides fragilis e E. coli
(cefalosporinas de 3ª geração para incluir anaeróbios –
Ciprofloxacino ou ceftriaxona + metronidazol (mais
utilizado) ou clindamicina).
35% de recidiva. Investigação após fase aguda: não fazer
colonoscopia nem enema opaco, risco de perfuração do divertículo.
o Tratamento cirúrgico: indicado para pacientes que não respondem ao
tratamento clínico após 48h com abscesso; paciente com peritonite
generalizada e casos com ressecção com anastomose primária X sem
anastomose X Cirurgia em 3 tempos.
o Após o quarto episódio de diverticulite, é indicado cirurgia eletiva, em
que se faz ressecção com anastomose primária. Deve-se esperar passar o
período inflamatório (aumenta tensão da sutura e predispõe a fístula).
Algoritmo para tratamento da diverticulose