Você está na página 1de 12

Hérnia

•Etimologia
HÉRNIAS EM PEQUENOS ANIMAIS Hérnia = projeção ou saída de víscera(s) de seu
lugar próprio

•Definição
 Passagem de vísceras contidas em cavidades
próprias, para outra vizinha, natural ou neoformada,
através de abertura anatômica, teratogênica
(congênita) ou acidental (adquirida), mas de tal forma
que o órgão herniado não se coloca em contato com o
meio exterior
Prof. Dr. Gustavo G. S. Oliveira
(Disciplina: Patologia Cirúrgica Veterinária)

Hérnia Umbilical Hérnia Umbilical


*Abertura umbilical
 no feto: passam a. e v. umbilicais, ducto alantóide • Conteúdo Herniário
e vitelino  epíplon, tecido adiposo,alça intestinal, parte do
 próximo ao parto: estruturas involuem formando a baço e fígado (+raro)
cicatriz umbilical
• Sinais Clínicos
• Etiologia  ↑ volume na cicatriz umbilical (macio e flutuante)
 Persistência do umbigo ou da insuficiência na  *encarcerada (alça intestinal): dor, vômitos
cicatrização do orifício no recém nascido
 *fator hereditário e congênito • Diagnóstico
 origem traumática  anamnese (tempo e evolução)
 Fator predisponente: anéis umbilicais amplos  Exame físico local (presença dos elementos de
formação da hérnia)
 Fator determinante: ↑ pressão intra-abdominal
 radiografias contrastadas → encarceramento de alças
 + freqüente em cães (filhotes) que gatos
 *DIFERENCIAL: abcessos, hematoma/seroma e
* criptorquídicos x hérnia umbilical neoplasias

1
Hérnia Umbilical Hérnia Umbilical
• Tratamento • Tratamento
 conservativo: fechamento espontâneo até 6 meses Redução Fechada – Excisão cutânea e enfossamento
(fechamento da abertura) do saco herniário
 cirúrgico: herniorrafia
- gordura ou omento: ligue o colo herniário e excise o
saco e seu conteúdo (FECHADA)
- aderências: inverta o saco e seu conteúdo no interior da
cavidade abdominal; suture as bordas (FECHADA)
- não sendo possível a redução: incisão elíptica na pele
ao redor do inchaço p/ não danificar o conteúdo (ABERTA)
- remover tecidos desvitalizados, escarificação do anel
- suturas: PSI, Wolf, imbricação lateral, fio inabs.

Hérnia Umbilical Hérnia Umbilical


• Tratamento • Tratamento
Redução Fechada – Torção, Ligadura e Excisão do Redução Aberta – Incisão sobre o saco herniário
saco herniário

2
Hérnia Umbilical Hérnia Inguinal
• Prognóstico *Anel inguinal : fenda sagital na parede abdominal
caudoventral onde passam ramos da artéria, veia e
 favorável (não havendo complicações) nervo genitofemorais, artéria e veia pudendo
 casos crônicos: isquemia da pele na região da hérnia externa e cordão espermático (machos) e inserido o
(coloração escura) lig. redondo (fêmeas).
 Peritonite: comprometimento do conteúdo herniário
Formado por
 borda caudal do m. oblíquo abdominal interno (cr)
 m. reto abdominal (medial)
 lig. inguinal (lateral e caudal)

Hérnia Inguinal Hérnia Inguinal


• Anatomia do canal inguinal • Etiologia
 Protrusão de órgãos ou tecidos pelo canal inguinal
 Raças predispostas: Pequinês, Basset, Poodles, Teckel
 + fêmeas (> diâmetro canal inguinal)
 Direta: vísceras passam livremente pelo anel inguinal,
permanecendo junto ao subcutâneo
 Indireta: estruturas passam pelo anel inguinal interno
(saco hérniário : túnica vaginal )

3
Hérnia Inguinal Hérnia Inguinal
• Etiologia • Etiologia

Hérnia Inguinal Hérnia Inguinal


• Etiologia

a) Hormonal: • Sinais Clínicos


- correlacionado [ ] de estrógeno (> fêmeas)
- + cadelas em estro/prenhes (castradas não)  ↑ volume região inguinal (consistência macia/pastosa)
- hormônios sexuais→ tec. conjuntivo → dilata  uni ou bilateral (+esquerdo)
canal inguinal
 sensibilidade > se houver encarceramento das alças

b) Metabólica:
- obesidade: ↑ gordura intra-abdominal → gordura
penetra no canal inguinal
- > acúmulo de tecido adiposo lig. redondo → dilatação
do processo vaginal e canal inguinal.

4
Hérnia Inguinal Hérnia Inguinal
• Conteúdo herniário • Diagnóstico
Fêmeas:  histórico
 bexiga, jejuno, baço  palpação minunciosa
 omento, tec.adiposo, cólon  Rx simples e contrastado
 * útero gravídico (ou piometra)  DIFERENCIAL: tumores mamários, lipomas,
linfoadenopatias, hematomas, abscessos, gordura
Machos: abdominal em gatos
 intestino, omento, gordura * colocar em decúbito dorsal

Hérnia Inguinal Hérnia Inguinal


• Tratamento • Tratamento
 Herniorrafia Inguinal  Herniorrafia Inguinal
a) Unilateral (não complicada) b) Bilateral (complicada)
 abordagem sobre o aumento de volume
 incisão de pele mediana retro-umbilical
 pode-se incisar paralelamente à dobra do (permite acesso aos 2 lados)
flanco
 expor saco herniário por dissecção, reduzir o
 reduzir o conteúdo abdominal e fechar o anel conteúdo por retorcimento do saco herniário e
inguinal (excisar o excesso do saco herniário) extração do conteúdo através do anel
 suturar 90% do anel (fio abs. ou inabs.)  amputação na base do saco herniário
 suturas; fio inabsorvível, passar os pontos e
não cerrar o nó (só no final)
 *Complicações: celiotomia

5
Hérnia Inguinal Hérnia Perineal
• Pós-operatório * Diafragma pélvico : sustenta os órgãos da região
 Antibióticos inguinal
 repouso, colar Elisabetano Anatomia:
 curativos locais  m. elevador do ânus
 Dieta especial em caso de enterectomia  m. esfíncter anal externo
 m. obturador interno
• Complicações
 hematomas (hemostasia inadequada)  m. coccígeo
 infecções  ligamento sacrotuberoso
 sem intercorrências: Bom  m. glúteo superficial

Hérnia Perineal Hérnia Perineal


• Etiologia • Etiologia (cont.)
* mm perineais se separam, permitindo que o  ↑ pressão intra-abdominal (obesidade)
conteúdo retal, pélvico e/ou abdominal desloque a - Prostatomegalia (tumor, infecção, cisto)⇨
pele perineal disquesia, compressão do diafragma pélvico pela
insinuação das vísceras ⇨ hérnia perineal
 fragilidade do diafragma pélvico
- Fecaloma ⇨ força na evacuação ⇨ megacólon
 93% em machos idosos intactos (> 6 anos) ⇨ dilatação diminui o peristaltismo ⇨ retenção de
 gatos normalmente é bilateral fezes ⇨ fecaloma ⇨ hérnia perineal
 2/3 unilateral  distúrbios hormonais
 atrofia muscular neurogênica
 Raças: Boxer, P.A., Teckel, Pequinês  alteração estrutural do colágeno
 patologias retais (desvio, saculação, divertículo)

6
Hérnia Perineal Hérnia Perineal
• Conteúdo herniário • Diagnóstico
 gordura retroperitoneal  Inspeção: aumento de volume
 líquido seroso  Palpação: flutuante (bexiga), firme (intestino grosso c/
 intestino (reto e cólon) fezes ressecadas), macio/firme (próstada ↑)
 próstata  Toque Retal: intestino grosso→ desvio do reto (lado
da hérnia); *divertículo retal (abertura na parede)
 bexiga retrofletida
 Passagem de sonda: bexiga (volume ↓ ao esvaziar)
• Sinais Clínicos  Radiografia: simples e contrastada (uretrocistografia)
 aumento de volume na região *DIFERENCIAL: neoplasias, patologias retais (desvio
 Local: ↑ T°e sensibilidade, tumefação retal, divertículo retal)
 Dependendo do conteúdo:
- disúria/anúria (bexiga); emese (uremia); dor
(próstata); disquesia/aquesia, dor abdominal
(intestino/ cólon)

Hérnia Perineal Hérnia Perineal


• Tratamento • Tratamento
CONSERVADOR CIRÚRGICO (Herniorrafia)
 amolecimento das fezes Técnicas principais:
 tratar causa primária 1) Reaproximação Tradicional ou Anatômica
CIRÚRGICO (Herniorrafia)  pré posicionar os fios sem serrar os nó
 Pré-operatório: fluidoterapia (corrigir desiquilíbrios),  incorporar o ligamento sacrotuberoso p/
antibioticoterapia, cateterização vesical, enemas, reparo seguro ( reparação segura e p/ evitar
restrição alimentar maior aprisionamento do n. isquiático)
 Procedimento:
- decúbito esternal
- MP fletidos cranialmente
- posição 45°- céfalo-declive
- bolsa de fumo (ânus)*

7
Hérnia Perineal Hérnia Perineal
• Tratamento
Reaproximação Tradicional ou Anatômica
CIRÚRGICO (Herniorrafia)
Técnicas principais:
2) Herniorrafia por Transposição do m. Obturador interno
 incisar fáscia e perióstio ao longo da
borda caudal do ísquio e da origem do m.
obturador interno.
 transpor o m. dorsomedialmente
 começar por aproximação dos mm.
elevador anal e coccígeo c/ o esfíncter anal
externo dorsalmente

Hérnia Perineal Hérnia Perineal


Herniorrafia por Transposição do m. Obturador interno
• Tratamento
 incisar fáscia e perióstio ao longo da borda caudal do ísquio
e da origem do m. obturador interno. CIRÚRGICO (Herniorrafia)
 transpor o m. dorsomedialmente Técnicas principais:
 começar por aproximação dos mm. elevador anal e 1) Membranas
coccígeo c/ o esfíncter anal externo dorsalmente
 reconstrução do diafragma pélvico
 Biológicas: pericárdio/peritônio bovino
 malha de “Teflon”
 malha de polipropileno
 * região contaminada (cuidado c/
membranas biológicas)

8
Hérnia Perineal Hérnia Perineal
• Pós-operatório • Complicações
 jejum alimentar 2 dias (soro glicofisiológico)  infecção da ferida
 dieta líquida 3°dia, ração pastosa 4°dia  incontinência fecal (<10% casos)
 antibioticoterapia  tenesmo (desaparece)
 limpeza da ferida (sempre que necessário)  distúrbio urinário (tempo longo de retroflexão da
bexiga)
* p/ impermeabilizar a ferida cirúrgica utiliza-se
esmalte (unha); Tegaderm®  paralisia do n. isquiático por encarceramento
 CASTRAÇÃO

Hérnia Diafragmática Hérnia Diafragmática


• Etiologia • Conteúdo
 fígado, estômago, baço, intestino, epíplon
 ruptura do diafragma
• Tipos
 FALSA HÉRNIA (não há saco herniário)
 circunferencial, radial ou ambas
 Congênita: defeito segmentar, anormalidade
desenvolvimento (falha nos envoltórios pleuroperitoneais • Sinais Clínicos
laterais e pars sternalis)
 aguda é emergência
 Adquirida: trauma, ↑ pressão intra-abdominal
 dispnéia (↓ espaço torácico)
- ↑ P intra-abdominal ⇨ pressiona diafragma⇨ ruptura
⇨ vísceras abdominais se insinuam na cavidade torácica  posição ortopneica (cão sentado); abdução dos MT
(pressaõ negativa atrai as vísceras)  taquipnéia, taquicardia, taquisfigmia
 mucosas cianóticas
 início de acidose metabólica
 vômitos

9
Hérnia Diafragmática Hérnia Diafragmática
• Diagnóstico • Tratamento
 animal estável!! (avaliar bem)
 anamnese
 estabilização do paciente
 exame clínico: auscultação (borborigmos/ silêncio (oxigenioterapia,toracocentese,fluidoterapia, atb)
pulmonar); * carrinho de mão (cuidado!)
 Cirúrgico: desfazer aderências,reconduzir os órgãos
 radiográfico: identificação da linha diafragmática e p/ cavidade abdominal; suturar o diafragma (PSI),
silhueta cardíaca, deslocamento dorsal dos campos membranas biológicas
pulmonares, vísceras no tórax
* avulsão (incorporar costelas se necessário)
 DIFERENCIAL: pneumonias severas; fratura de
costela (hemo ou pneumotórax); neoplasias

Hérnia Diafragmática Hérnia Diafragmática


•Técnicas Alternativas • Pós-operatório
 atentar p/ padrão respiratório
 drenar eventual pneumotórax residual ou efusão
pleural

Flap do m. transverso abdominal e peritônio

10
IMPORTANTE:
Hérnias Estranguladas
- Agente letal: toxemia (bactéria, produtos autolíticos)
- Cuidado na manipulação do conteúdo estrangulado:
correção hidroeletrolítica, terapia antibacteriana
- Correção cirúrgica emergencial: órgãos estrangulados
não devem ser reduzidos sem ressecção pelo risco da
rápida liberação de produtos tóxicos quando desfeito o
anel constritor

11

Você também pode gostar