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Hérnias

AULA 2 – CIRURGIA GERAL (CLÍNICA CIRÚRGICA 1)

EPIDEMIOLOGIA
Conceito: Hérnia significa ruptura – protusão de um tecido
ou de um órgão ou parte dele através de um defeito (natural
ou adquirido) por uma falha em sua parede circundante
*Quando um conteúdo sai de um lugar de onde deveria estar
e avança para outro lugar onde não deveria estar, rompendo
a parede.
* Resumidamente, há um defeito na parede e uma parte do
conteúdo de determinado órgão/tecido acabada passando
por essa falha.

- O denominado colo ou orifício de uma hérnia é localizado


na camada musculoaponeurótica mais interna, enquanto o
saco herniário é revestido por peritônio e faz protrusão no
colo.

TIPOS/CLASSIFICAÇÃO
1. QUANTO A REDUTIBILIDADE: Redutível, Irredutível,
Estrangulada.
- Redutível: reduz espontaneamente ou com manobras
manuais, ou seja, quando seus conteúdos podem ser
reposicionados por entre a musculatura circundante.
O foco da aula são as hérnias abdominais, principalmente a
inguinal e umbilical.
- Embora uma hérnia possa ocorrer em vários locais do
corpo, esses defeitos mais comumente envolvem a parede
abdominal, em particular a região inguinal.
❖ Incidência: 5% da população (hérnias da parede
abdominal).
❖ Hernias inguinais: 75% dos casos (3/4 das hérnias
abdominais).
❖ Hernias indiretas > diretas (2:1) – As hérnias indiretas são mais
frequentes que as diretas.
❖ Inguinais indiretas e femorais: Direita > Esquerda – As - Irredutível (encarcerada): Seguimento de intestino que
hérnias costumam ser mais comuns do lado direito (60% ocorrem do lado saiu através do orifício herniário e que não retorna à
direito).
cavidade abdominal, ficando preso.
❖ Homens > Mulheres – Os homens tem mais chances de terem Muitas vezes não é possível reduzir com
hérnias do que as mulheres.
manobras manuais, somente após
*Exceções: femorais (mulheres 10: 1 homens); medicamentos analgésicos.
umbilicais (mulheres 2:1 homens) – As hérnias femorais são muito
mais frequentes nas mulheres e umbilicais também são mais comuns nas
*Se nem com medicamentos
mulheres. Por conta da gestacao. (buscopam, diazepam IM) for possível a
redução, precisa encaminhar para a
cirurgia.
ATENÇÃO: HÉRNIAS FEMORAIS SÃO MUITO MAIS COMUNS
NAS MULHERES, MAS AS HÉRNIAS MAIS COMUM EM *O ideal é que você programe o quanto antes a cirurgia para
MULHERES SÃO AS INGUINAIS (que são o tipo de hérnia mais não estrangular.
comum na população de uma forma geral). - Estrangulada: Quando a hérnia encarcerada não é tartada
a tempo, o seguimento intestinal
herniado sofre diminuição do fluxo de
- As hérnias da parede abdominal ocorrem apenas em locais
sangue, acarretando isquemia e necrose
onde a aponeurose e a fáscia não são cobertas por músculo
do tecido que se rompe para dentro da
estriado.
cavidade abdominal podendo causar
infecção. Basicamente é uma hérnia

Estrangulada: é uma encarcerada ou irredutiva com isquemia.


encarcerada com isquemia – com comprometimento UMBILICAL:
vascular, o que é uma complicação grave e potencialmente - Toda hérnia (ou quase todas) resolvem-se com cirurgia,
fatal. com excessão da hérnia umbilical, que é a única hérnia de
*Essa não se deve tentar reduzir manualmente, deve ser parede abdominal que pode ser resolvida espontâneamente
mandada direto para o centro cirúrgico, para não correr o (sem necessidade de cirurgia) em algumas situações,
risco de a parte isquemiada fique dentro da barriga. principalmente em crianças <4 anos.
*Ocorre estrangulamento com mais frequência nas hérnias - Peristência do anel umbilical (falha) e com isso há potrusão
grandes que têm pequenos orifícios. Nessa situação, o do conteúdo.
pequeno colo da hérnia obstrui o fluxo sanguíneo arterial, a - Protusão do anel umbilical. Protusão anormal de tecido
drenagem venosa, ou ambos, para os conteúdos do saco gorduroso. Se evoluir pode sair uma alça intestinal.
herniário. - É uma hérnia fácil de ser identificada na inspeção ou
*Se tiver hiperemia em volta da região a região de herniação palpação.
sugere uma hérnia estrangulada (isquemia). Se além disso *Congênita: crianças, principalmente baixo peso ou
houver muita dor, náusea e vômito pode ser indicativo de prematuro.
abdome agudo obstrutivo.
*Adquirida: gravidez, ascite (não adianta fazer cirurgia nesse
paciente, só se tiver encarcerada ou com necrose) ou
2. QUANTO A PROFUNDIDADE: traumatismo (muito menos comum).
- Uma hérnia externa faz protrusão através de todas as TRATAMENTO: *Até 3-5 anos de idade – a conduta é só
camadas da parede abdominal. observação porque muitas vezes, com o crescimento da
- Uma hérnia interna é uma protrusão do intestino através parede abdominal, fecha a parede e a hernia reverte.
de um defeito na cavidade peritoneal. Exceções: É necessário fazer cirugia nesses casos quando o
- Uma hérnia interparietal ocorre quando o saco herniário anel herniário for maior que 1,5cm de diâmetro (cirugia
é contido na camada musculoaponeurótica da parede eletiva) ou quando há encarceramento (cirurgia de
abdominal. urgência).
*Após 5 anos de idade – a conduta é cirurgia porque
3. QUANTO AO LOCAL: Epigástrica, Umbilical, Incisional, depois dessa idade dificilmente a hérnia vai reverter.
Femoral, Inguinal e Especiais.
INCISIONAL:
- É quando aparece embaixo de uma cicatriz. Após um
procedimento que abre a cavidade abdominal (ex: pós –
cirurgia abdominal ou ginecológica).
OBS.: Se você faz uma herniorrafia e abaixo da cicatriz dessa
cirurgia aparece outra hernia, ela pode ser chamada de
incisional ou recidivada, mas se a primeira cirurgia não for
uma herniorrafia, é chamada somente de incisional.
Recidivada é quando a surge uma hérnia no local onde foi
feita uma cirurgia para correção de uma outra hérnia no local
da incisão.

FEMORAL:
- Toda hernia que aparece no canal femoral – abaixo do
ligamento inguinal
*São muito próximas as femorais das inguinais então você
EPIGÁSTRICA: Supraumbilical/ventral. diferencia pelo ligamento inguinal (ligamento inelástico que
- Ocorre na linha mediana entre o processo xifoide e o vai da sínfise púbica até a crista ilíaca anterior).
umbigo, através da linha alba. * Esta localizada abaixo do ligamento femoral (medialmente
*No exame físico aparece um abaulamento, leva a um certo aos vasos femorais). Se estiver acima do ligamento é uma
desconforto, se o paciente tiver com muita dor, já sugere hérnia inguinal.
estrangulamento.
*Diagnóstico diferencial com lipoma. O que nos ajuda a
diferenciar: Tanto o lipoma quanto a hérnia podem ter
consistência fibroelástica, a hérnia é móvel (o lipoma não é),
se fizermos a Manobra de Valsalva pode aumentar (isso
sugere hérnia).
* Caso a dúvida persistir, cabe fazer um USG de parede
abdominal. Se a aponeurose estiver íntegra, provavelmente
é um lipoma; se a aponeurose tiver uma falha, • Segue o trato abaixo do ligamento inguinal através
provavelmente é hérnia. do canal femoral. O canal encontra-se medial à veia
DD: lipoma
Para diferenciar: USG de parede abdominal.
Até 4 anos de idade, a hérnia pode fechar sozinha.
femoral e lateral ao ligamento lacunar
(GIMBERNAT).
OBS.: A artéria é mais lateral e a veia mais medial – é o único
lugar do corpo que isso acontece, porque geralmente a veia ATENÇÃO: PARA ENTENDER MELHOR A DISPOSIÇÃO DAS
é mais lateral e a artéria mais medial por ser mais nobre. HÉRNIAS INGUINAIS E COMO É FEITO SEU TRATAMENTO,
É PRECISO TER UMA COMPREENSÃO ABRANGENTE DA
A hérnia femoral projeta-se através de pequenos espaços, ANATOMIA DA VIRILHA/REGIÃO INGUINAL:
frequentemente tornando-se irredutível ou estrangulada. A
incidência de estrangulamento nas hérnias femorais é alta,
porque ela não tem como se expandir muito já que ao lado
é osso e ligamento inelástico; portanto, todas as hérnias
femorais devem ser reparadas.
❖ Se tiver hiperemia já sugere comprometimento vascular
❖ Corresponde a 3% das hérnias Sugere estrangulamento

❖ Mais comum em mulheres com idade maior que 45 anos


(mulheres são mais suspectíveis devido a anatomia da
bacia).
❖ Ocorre geralmente à direita porque o sigmoide acaba
ficando no meio do caminho.
❖ Quadro clínico de dor, sinais flogísticos, náuseas – sugere
estrangulamento.
OBS.: As causas mais comuns e abdome agudo obstrutivo em
adultos são bridas, que causam aderências intstinais e
hernias. Comprometimento vascular necrosa em 6-8 horas e
REGIÃO INGUINAL:
é irreversível, por isso é imprescindível operar.

INGUINAL: 75% das hérnias da parede abdominal. • Limites: Ligamento inguinal (lateralmente), borda
A hérnia inguinal é aquela localizada acima do ligamento lateral do m. Reto abdomonal (medialmente) e linha
inguinal. imaginária que passa entre as cristas ilíacas antero-
- Ela pode ser classificada como: superiores (superiormente) ➔ Triângulo vermelho
sublinado na imagem ao lado.
 Superiormente: Linha imaginária unindo as duas
*Direta – a hernia que aparece medialmente aos vasos espinhas/cristas ilíacas ântero-superiores.
epigástricos inferiores e ao anel inguinal interno (dentro do
 Medialmente: Borda lateral do músculo reto do
triangulo de hesselbach). Ela faz protusão para fora e para
abdome.
adiante.
 Inferiormente/limite lateral: Ligamento inguinal
*Indireta – a hernia que aparece lateralmente aos vasos (Poupart).
epigástricos inferiores (fora do triângulo de hesselbach). Ela
passa do anel inguinal interno obliquamente em direção ao O triangulo formado é chamado de região inguinal.

anel inguinal externo e por fim para o escroto . É uma hérnia


que esta na região inguinal, mas fora do triângulo de
hesselbach).
- Se essa hérnia inguinal indireta crescer, ela vai procurar um
local com um espaço para se alocar, podendo entrar no
tringulo de hesselbach ou até ir para a bolsa escrotal.

OBS.: Essa distinção é de pouca importância, pois o reparo


cirúrgico desses tipos de hérnias é semelhante.
Em verde (imagem abaixo) estão os limites da região espermático (no homem) e o ligamento redondo (na mulher)
inguinal. “Esses limites da região inguinal são como se – “que são como se fossem os moradores da casa”. Esse
fossem o terreno onde será construída uma casa” espaço é conhecido como canal inguinal.
Em amarelo (imagem abaixo) está o triângulo de resselbach,
delimitado pela borda lateral do músculo reto do abdome, Camadas de dentro para fora: “É como se fosse o
ligamento inguinal e vasos epigástricos inferiores - que esta alicerece/piso da casa”.
localizado dentro dos limites da região inguinal. “Esse - Músculo oblíquo interno;
triângulo é como se fosse onde construiremos nossa casa
- Músculo transverso;
dentro do terreno (limite da região inguinal)”. Esse triângulo
é muito importante. – Fáscia transversalis;
– Gordura pré-peritoneal;
TRIÂNGULO DE HESSELBACH: – Peritônio;
• Limites do triângulo : “É como se fossem a parede da – Cavidade abdominal.
casa”.
- Limite superior: Vasos epigástricos inferiores. OBS: O musculo obliquo interno e musculo transverso
- Limite medial: Borda lateral do músculo reto afinam-se e tornam-se mais mediais, então na região do
abdominal. triângulo de hesselbach não tem essa cobertura desses
músculos, por isso é a região mais vulnerável para ocorrer
- Limite lateral: Ligamento inguinal.
hérnias (por não ter também a proteção desses músculos).

- Fazendo a analogia com a contrução de uma casa no


- Os vasos epigástricos inferiores são ramos da ilíaca externa,
terreno, descobriu-se que esse triângulo onde costruiriamos
eles emergem entre o peritônio e a fáscia transversalis.
nossa casa é uma região “mais barata” por ser mais irregular
e frágil. Essa fragilidade se dá porque vamos ter nessa região
a ausência de 3 camadas musculares (músculo obliquo CANAL INGUINAL: “É como se fosse o espaço interno da
externo, musculo obliquo interno e musculo transversal). casa”. É o interior do triângulo de hesselbach.
- É um espaço virtual de cerca de 4-5cm de extensão que vai
Anel inguinal interno (profundo)
do anel inguinal profundo interno até o anel inguinal
superficial externo.
- No homem passa o cordão espermático (composto de
fibras do músculo cremastérico, artéria testicular e veias,
além do ramo genital do nervo genitofemoral, ducto
deferente, vasos cremastéricos, linfáticos e processo
o vaginal.
*Essas estruturas passam pelo anel inguinal interno e vasos
e ducto deferente saem do anel inguinal externo.
- Na mulher passa o ligamento redondo do útero
o
- Limites do canal inguinal:
❖ Limitado superficialmente pela aponeurose oblíqua
Anel inguinal externo (superficIal) externa.
Camadas de fora para dentro: “como se fosse o telhado da ❖ As aponeuroses do músculo oblíquo interno e do
casa”. transverso do abdome formam a parede cefálica do canal
inguinal.
- Pele
- Subcutâneo (tem 3 fáscias/camadas: Camper, ❖ A parede inferior do canal inguinal é formada pelo
Scarpa e Galaudet); ligamento inguinal e pelo ligamento lacunar.
- Aponeurose do músculo oblíquo externo; ❖ A parede posterior ou assoalho do canal inguinal é
formada pela fáscia transversalis e pela aponeurose do
músculo transverso do abdome.
OBS: A região do triângulo de resselbach é mais frágil
- O triângulo de Hesselbach faz parte do assoalho do canal
justamente por não ter parte dessas camadas. Nessa região
inguinal.
não há presença do músculo obliquo externo em si, e sim da
sua aponeurose (aponeurose do músculo oblíquo externo),
sendo uma camada a menos de músculo (o que deixa essa *Os vasos epigástricos inferiores funcionam como sua borda
região mais frágil/frouxa). superolateral, a bainha do reto como margem medial e o
- ligamento inguinal como a margem inferior.
OBS2: Tirando essas camadas que formam o “telhado da Região inguinal
1. Pele
casa”, vamos encontrar o “morador da casa” e o espaço 2. TCS - subcutâneo: fáscia de camper, fáscia de scarpa e fáscia de galaudet.
3. Aponeurose do músculo oblicuo externo
dentro da casa. No espaço dentro desse triângulo (“dentro 4. Músculo obliquo interno.
5. Músculo transverso.
do espaço da casa”) é onde esta localizado o cordão 6. Fáscia tranversalis.
7. Gordura pré peritoneal.
8. Peritoneo.
Região não tem o obliquo externo e o obliquo interno so esta na regiao medial.
DIAGNÓSTICO
QUADRO CLÍNICO: Abaulamento + Desconforto + sensação
de peso + dor (sugere encarceramento) → Geralmente
associado aos esforços.
- Uma saliência na região inguinal ainda é o principal achado
diagnóstico na maioria das hérnias inguinais; ocorre um
abaulamento, desconforto, sensação de peso
*Pode haver dor associada, mas as hérnias da virilha em
geral não são extremamente dolorosas a menos que tenha
ocorrido encarceramento ou estrangulamento.
*Na ausência de achados físicos, causas alternativas de dor
Na imagem acima, está o Triângulo de Hesselbach. precisam ser levadas em consideração.
*A importância desse triângulo se dá pela classificação das OBS.: Algumas vezes, os pacientes podem ter a sensação de
hérnias inguinais. parestesias relacionadas com compressão ou irritação dos
nervos inguinais pela hérnia.
➢ HÉRNIA INGUINAL DIRETA: Quando surgem dentro da - Outras massas além de hérnias podem ocorrer na região
região demarcada pelo triângulo (medialmente aos da virilha:
vasos epigástricos inferiores).
❖ Hidrocele
Hérnia direta: dentro do triangulo de Hesselbach.
❖ Varicocele
 Adquiridas:
- Enfraquecimento muscular. ❖ Testículo ectópico
- Ocorre dentro do Triângulo de Hesselbach. ❖ Epididimite
- Fatpores de risco: fraqueza da fáscia transversalis, ❖ Torção testicular
obesidade, tabagismo, idade avançada (colágeno).
❖ Lipoma
➢ HÉRNIA INGUINAL INDIRETA: Quando surgem fora do ❖ Hematoma
triângulo (lateralmente aos vasos epigástricos ❖ Cisto sebáceo
inferiores). A hérnia inguinal indireta adentra pelo anel inguinal
interno e se ela atravessar o anel inguinal externo
❖ Hidradenite das glândulas apócrinas inguinais
pode ir para a bolsa escrotal.
❖ Linfadenopatia inguinal
 Congênitas:
- Aquela que ocorre nos bebês. ❖ Linfoma
- Alteração do anel inguinal. ❖ Neoplasia metastática
Conduto entre - Conduto peritônio-vaginal e trajeto do testículo. ❖ Hérnia femoral
o intestino e o
escroto nessa - Aloja-se na bolsa escrotal (sexo masculino).
hérnia. ❖ Linfadenopatia femoral
Canal inguinal é um espaco virtual onde passa, no homem, o
cordão espermático e, na mulher, o ligamento redondo do ❖ Aneurisma ou pseudoaneurisma da artéria femoral
CANAL FEMORAL: útero.
Elementos do cordão espermático: músculo cremáster, ducto
deferente, arteria gonadal, artéria cremastérica, plexo venoso
- O exame físico isoladamente em geral diferencia a hérnia
pampiniforme e nervo: ramo genital do nervo genitofemoral. inguinal e essas massas:
*A região inguinal é examinada com o paciente em ambas
as posições, supina e de pé. O examinador inspeciona
visualmente e palpa a região inguinal, observando quanto à
assimetria, abaulamentos ou uma massa.
*Fazer o paciente tossir ou realizar a manobra de Valsalva
pode facilitar a identificação da hérnia.
*O examinador coloca a ponta de um dedo sobre o canal
inguinal e repete o exame.
*Por fim, a ponta de um dedo é colocada no canal inguinal
por invaginação da bolsa escrotal para detectar uma hérnia
pequena.
Melhor maneira de examinar hérnia é em pé

OBS.: Uma protuberância movendo-se de lateral para


medial no canal inguinal sugere uma hérnia indireta. Se a
I - Ligamento inguinal ou de Poupart
protuberância progredir de profunda para superficial
II - Ligamento Pectíneo ou de Cooper – onde através do assoalho inguinal, suspeita-se de uma hérnia
faz a correção da hernia a femoral direta. Uma protuberância identificada abaixo do ligamento
III - Ligamento lacunar ou de Gimbernat inguinal é compatível com uma hérnia femoral.
IV – Canal Femoral - Caso se suspeite fortemente de uma hérnia, mas ela seja
V – Artérias e Veias Femorais indetectável, a repetição do exame em outro momento pode
ser útil.

Se não conseguir reduzir - regulação


*A ultrassonografia também pode ajudar no diagnóstico. - Entretanto, em pacientes com sintomas mínimos, o clínico
Existe um alto grau de sensibilidade e especificidade do em geral é levado a ponderar entre o risco de complicações
ultrassom na detecção de hérnias ocultas, direta, indireta e relacionadas com a hérnia, como encarceramento da hérnia
femoral. e estrangulamento do intestino, e o potencial para
*Outras modalidades de imagem são menos úteis. A complicações tanto a curto como a longo prazo.
tomografia computadorizada do abdome e pelve pode ser - Os pacientes eleitos para tratamento não operatório
útil para o diagnóstico de hérnias obscuras e incomuns, bem podem ter melhoras sintomáticas ocasionalmente com o uso
como para massas atípicas da virilha. de uma funda. As fundas com molas são mais versáteis que
elásticas, embora a maioria das informações sobre seu uso
tenha sido informal.
- A medida correta e o ajustamento são importantes. O
controle da hérnia tem sido relatado em cerca de 30% dos
pacientes. - As complicações associadas ao uso de uma funda
incluem atrofia testicular, neurite ilioinguinal ou femoral e
encarceramento da hérnia.
- Em geral aceita-se que o tratamento não operatório não é
usado para hérnias femorais em função da alta incidência de
complicações associadas, particularmente estrangulamento.

HÉRNIAS ESPECIAIS
• Spigel: São aquelas que ocorrem ao longo do trajeto das
linhas semilunares. Tendem a ocorrer em pessoas acima
*Algumas vezes, a laparoscopia pode ser diagnóstica e
de 40 anos e estão associadas a obesidade.
terapêutica para casos particularmente desafiadores.
• Littrè: Caracteriza-se pela presença de um divertículo de
Meckel dentro do sac herniário. Patologia infrequente,
CLASSIFICAÇÃO DE NYHUS acometendo mais comumente adultos do sexo
- Essas classificações são incompletas e controversas. A masculino (62%).
maioria dos cirurgiões continua descrevendo as hérnias por • Richter: Caracteriza-se pelo pinçamento da borda anti-
seu tipo, localização e volume do saco herniário. mesentérica intestinal. Também pouco frequente,
sendo mais comum na região crural, acometendo mais
comumente adultos do sexo feminino.
Tipo I - Hérnia inguinal indireta — anel inguinal interno
• Garengeot: Caracteriza-se pela presença do apêndice
normal/íntegro (p. ex., hérnia pediátrica)
cecal dentro do saco herniário. É extremamente
incomum. Acomete mais o sexo masculino,
Tipo II - Hérnia inguinal indireta — anel inguinal interno principalmente entre 40 – 60 anos.
dilatado, mas parede inguinal posterior intacta; vasos • Amyand: Caracteriza-se pela presença do apêndice
epigástricos profundos inferiores não deslocados cecal inflamado dentro do saco herniário.
• Petit: Hérnia do trigono lombar inferior (menor)
Tipo III - Defeito da parede posterior encontrado com mais frequencia no adulto (adome
A Hérnia inguinal direta posterior).
• Grynfelt: Hérnia do trígono lombar superior (maior).
B Hérnia inguinal indireta — anel inguinal interno dilatado,
Este trígono representa a maior e mais constante área
invadindo os limites medialmente ou destruindo a fáscia
de herniação na região lombar.
transversal do triângulo de Hesselbach (p. ex., hérnia
escrotal maciça, por deslizamento ou em pantalonas)
C Hérnia femoral TRATAMENTO CIRÚRGICO - HERNIORRAFIA
1 - Técnica de Litchenstein:
Tipo IV - Hérnia recidivadas/recorrentes.
Utiliza-se uma tela que é fixada por meio de suturas
A - Direta contínuas no tecido aponeurótico que recobre o tubérculo
B - Indireta púbico e no ligamento inguinal e por suturas descontínuas
C - Femoral no espessamento conjunto. Em seguida, suas extremidades
D - Combinada - A maioria dos cirurgiões que ainda estão afastadas são aproximadas e suturadas,
formando o novo anel.
- A grande revolução por esta técnica foi a adoção dos
TRATAMENTO
reparos sem tensão com utilização de material sintético
- A maioria dos cirurgiões recomenda a intervenção cirúrgica (polipropileno) com baixo índice de recidiva – a mais usada
quando da descoberta de uma hérnia inguinal sintomática hoje em dia.
porque a história natural de uma hérnia inguinal é a de
Não corrige hérnia femoral
aumento progressivo e enfraquecimento, com o potencial
de encarceramento e estrangulamento.
Bassini: correção de hérnia direta - com tenção.
Shouldice: com tenção.
Lichtenstein: coloca uma tela.
Stoppa
McVay
*Tem como objetivo reter o peritônio em vez de reparar os
defeitos na parede abdominal
* Hérnias bilaterais e recorrente.
*É um reparo sem suturas e livre de tensões.
*Pouco utilizada
É uma abordagem onde coloca-se uma tela grande
retromuscular (por cima da aponeurose posterior) cobrindo
toda a região.

COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS
→ Infecções
→ Hematoma
→ Seroma (em até 17%)
→ Orquite isquêmica (até 0,5%)
→ Lesão nervosa
2 - Laparoscopia:
→ Lesão do ducto deferente (0,04%)
• Outro métido de repato livre de tensão. → Osteíte pubiana
• Vantagem para hérnias bilaterais ou recorrentes.
→ Recidiva (com tela < 4%)
• 2 Abordagens/técnicas: Transabdominal pré-peritoneal
(TAPP) e Extra-peritoneal total (TEP) – incisão na pele,
disseca, entra, mas não perfura a última camada que é TAPP: coloca uma tela grande no peritônio.
o peritônio – trabalha por cima do peritônio. TEP: coloca uma tela pegando tudo mas sem
entrar no peritoneo.
VANTAGENS: Recuperação mais rápida, menor risco de
dor crônica, cicatriz mínima e retrono precoce as
Técnicas livres de tensão:
atividades habituais. - Linchtenstein
DESVANTAGENS: Custo maior, anestesia geral, curva de - Stoppa
aprendizado longa, maior tempo de cirurgia, > - TAPP
- TEP
recorrência (cirurgiaão dependente).

3 - Técnica de Bassini – reparos convencionais: Para


hérnias inguinais tanto direta quanto indireta
*Visa juntar o tendão conjunto/ as fibras musculares do
transverso ao ligamento inguinal e traz o músculo para cobrir
*Tendão conjunto – a junção de fibras musculares do
obliquo interno e do transverso: está presente na pequena
minoria da população

Ligamento inguinal: Poupar


4 - Técnica de Shouldice: Ligamento pectíneo: Cooper
• Realizado através do embricamento de várias camadas Ligamento lacunar: Gimbernard
da parede posterior do canal inguinal através de sutura Tendão conjunto: fibras do músculo
oblíquo interno transverso.
contínua.
• Está associada a uma taxa de recidiva muito baixa (em
poucos serviços).
* Hérnias estranguladas com necrose, não femorais. É um
embricamento de várias camadas da parede posterior do
canal inguinal através de sutura contínua
*Recidiva é zero – não é muito utilizada, é a que mais tem
tensão

5- Técninca de Mcvay – diretas, recidivadas ou femorais Com tensão


*Aproximação e sutura a borda da aponeurose do músculo Liga o tendão conjunto ao ligamento de cooper.
transverso ao ligamento de Cooper com pontos separados
de nylon 0 até a altura dos vasos femorais.

6- Técnica de stoppa – recidivadas bilaterais ou muito


volumosas: livre de tensão

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