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ALEGRE, ES
2018
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
ISBN: 978-85-54343-11-8
Modo de acesso: <www.alegre.ufes.br>
CDU: 619
ANIMAIS SILVESTRES
Fraturas em ossos pneumáticos como úmero são comuns em aves devido a fina cortical e grande
porção medular tornando estes ossos mais frágeis e quebradiços. A osteossíntese nessa região
é um desafio devido a anatomia e a necessidade da redução perfeita da fratura,
preferencialmente sem imobilização da asa, evitando assim atrofia e garantindo o uso funcional
do membro após a consolidação. Diante da importância da descrição de técnicas ortopédicas
que obtiveram sucesso, objetivou-se relatar um caso de osteossíntese de úmero de uma
Maracanã verdadeira (Primolius maracana) atendida no Setor de Animais Silvestres do
Hospital Veterinário (HOVET) da Universidade Federal do Espírito Santo. O animal foi
encontrado às margens da rodovia ES-482 frente ao HOVET por civil, que realizou entrega
voluntária da ave para atendimento. No exame físico constatou-se uma fratura completa e
exposta do úmero direito e a ave foi encaminhada para cirurgia de emergência após
estabilização do quadro. Utilizou-se no protocolo pré-anestésico midazolam (0,5 mg/kg) e
butorfanol (1mg/kg) intramuscular. A indução e manutenção foi através de anestesia inalatória
com isoflurano. Foi realizada a redução da fratura utilizando a técnica “tie-in”, que associa um
pino intramedular com fixador externo sendo fixado com resina acrílica, neste caso. No pós-
cirúrgico, não foi feita imobilização no membro, e o animal foi mantido na internação em um
recinto amplo, com poleiros e troncos de árvores para facilitar a movimentação. A alimentação
era composta de frutas e verduras e água a vontade. Foi administrado meloxicam (0,5mg/kg) e
enrofloxacino (10mg/kg) por cinco e sete dias, respectivamente. Após dois meses constatou-se
a consolidação óssea por exame radiográfico e foi realizada a retira do pino e fixadores do
animal anestesiado sob mesmo protocolo utilizado anteriormente. Iniciou-se um processo de
reabilitação e treinos de voos que duravam cerca de 30 a 40 minutos todos os dias. Os treinos
consistiam em estimular o voo do animal de um poleiro a outro, aumentando a distância entre
eles gradativamente. Associado a isso, foi feito um enriquecimento ambiental alimentar no
recinto para que o animal estivesse apto a buscar alimento ao ser reintroduzido na natureza.
Após um mês de reabilitação o animal havia reestabelecido totalmente a capacidade de voo e
foi encaminhado para a soltura no ambiente de origem, certificando que a técnica descrita pode
ser utilizada com bons resultados em aves.
Palavras-chave: Aves, ortopedia, tie-in.
A pneumonia fúngica é uma infecção oportunista, em que na maioria das vezes os fungos que
compõem a flora intestinal normal, sob estresse e condições propícias se proliferam, podendo
desenvolver quadros de pneumonia. A porta de entrada dos agentes fúngicos também pode ser
o trato respiratório, por via aerógena, pela inalação de esporos. A ordem Crocodylia composta
pelas famílias: Crocodylidae, Gavialidae e Alligatoridae, representada pelos crocodilos,
gaviais e jacarés, respectivamente, sendo animais ovíparos, carnívoros e adaptados à evolução,
sendo extremamente resistentes e rústicos, ainda assim conhece-se pouco sobre a imunologia e
fisiopatologia destas espécies frente às infecções. Diante disto, objetivou-se relatar a ocorrência
de pneumonia granulomatosa de origem fúngica em um exemplar de Caiman latirostris. O
animal foi recebido no Setor de Patologia Animal do Hospital Veterinário (HOVET) da
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) em parceria com o Projeto Caiman. Durante a
necropsia observou-se à avaliação do pulmão com lesão focal, de consistência firme, delimitada
e circunscrita em lobo pulmonar esquerdo contendo massa firme e caseosa de 3cm de diâmetro.
Verificou-se ainda área focal hemorrágica em pulmão direito, além de hepatomegalia com
espessamento de cápsula, hidropericárdio discreto e sinéquias aderido do epicárdio ao
pericárdio. Foi coletado material do pulmão para exames microbiológico em swab, congelado
e encaminhado para processamento histopatológico, sendo fixado em solução de formol a 10%.
O exame microbiológico revelou ao teste de catalase a presença de cocos positivos, além de
hemólise completa em meio de cultura ágar sangue. Ao exame histopatológico corado pelo
método de hematoxilina e eosina observaram-se rins com presença de grânulos acastanhados
no interior dos glomérulos e túbulos proximais sendo sugestivos de hemossiderose, fígado com
hemossiderose intensa e baço congesto moderadamente. No pulmão observaram-se lesões
granulomatosas com centros necróticos circundadas por abundante tecido conjuntivo. Na região
periférica dos granulomas foram verificadas imagens negativas, septadas e ramificadas,
compatíveis com hifas fúngicas. O material do pulmão foi recortado e corado pelo método de
ácido periódico de Schiff (PAS). A coloração histoquímica confirmou a presença de hifas
septadas positivas ao PAS. As características das hifas sugerem fungos do gênero Aspergillus,
no entanto não foi realizado o cultivo micológico e, portanto, não foi possível caracterizar o
agente. O diagnóstico foi estabelecido com base nos achados morfológicos e pela histoquímica
como pneumonia granulomatosa de origem fúngica. Os estudos acerca da saúde e ecologia da
população dos jacarés ainda são escassos e necessitam de maiores avanços, contribuindo com
dados técnicos-científicos que possam auxiliar na conservação e preservação dos espécimes.
Por outro lado, a criação comercial de jacarés vem crescendo substancialmente nas últimas
décadas, tornando importante o conhecimento a respeito dos processos patológicos que
acometem os crocodilianos e colaborando assim para a saúde dos indivíduos.
Palavras-chave: Diagnóstico, jacarés, pulmões.
A fisioterapia é uma modalidade terapêutica que visa, por meio de métodos não químicos e não
invasivos, a recuperação, manutenção e melhora da função física, com o objetivo de prevenir,
minimizar ou eliminar a causa primária da disfunção, os seus sinais clínicos, dentre eles a dor,
e/ ou evitar a sua progressão. A terapia com campos magnéticos é uma técnica fisioterápica que
possui efeitos antiedematoso, antiálgico e estimulante da produção de colágeno. É barata, de
aplicação simples, não invasiva e de fácil adaptação para o animal possuindo, teoricamente,
todas as características do tratamento ideal. A magnetoterapia é realizada por meio da aplicação
de magnetos externos ao corpo. Estes geram campo magnético entre os polos norte e sul,
originando uma energia eletromagnética que é transmitida ao tecido. Tais campos podem ser
de alta ou baixa frequência assim como ambos podem ser aplicados de modo pulsado ou
contínuo. O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficácia do protocolo de magnetoterapia
estipulado em cavalos de salto com dor de coluna, de acordo com a melhora dos sinais de dor
e principais queixas dos cavalariços em relação ao seu desempenho em pista. Foram
selecionados seis equinos, entre sete e catorze anos de idade, de raças distintas e praticantes de
exercícios de salto pelo menos uma vez por semana. Foi realizado o exame geral e de palpação
da coluna para evidenciar os pontos de maior ocorrência de dor nos animais. Avaliou-se o
comportamento do animal, além de questionário respondido pelo cavalariço sobre o
desenvolvimento do animal no trabalho de chão e no salto, alterações de comportamento e
outras observações gerais sobre o animal relatadas pelo mesmo. O aparelho foi colocado sobre
a área de dor mais evidente durante os exames. Foram realizadas sessões de trinta minutos, duas
vezes por semana durante quatro semanas. Dos animais tratados, 100% (seis/seis)
demonstraram relaxamento durante a sessão de magnetoterapia chegando até mesmo a cochilar
ou se espreguiçar durante a mesma, alguns chegavam agitados na área veterinária do jóquei,
mas ao final da sessão apresentavam-se tranquilos. A melhora comportamental, ocorreu nessa
mesma porcentagem, com diminuição dos sinais de dor durante a avaliação, melhora nas
queixas feitas na primeira avaliação e na performance dos animais, de acordo com o depoimento
dos cavalariços, os quais relataram que ao exercício os animais se apresentavam mais soltos e
energéticos, e com rápido desenvolvimento durante o aquecimento. No exame físico todos os
animais apresentavam dor crônica e após as sessões ficaram mais relaxados, leves na pista.
Houve variação individual no grau de melhora dos sinais, mas não se relatou pontos negativos
em relação à aplicação da técnica durante o tempo de tratamento protocolado. O protocolo
estipulado apresentou-se eficiente para redução da dor, melhorar o bem-estar e o desempenho
atlético dos equinos de salto portadores de afecções/dores na região da coluna.
Palavras-chave: fisioterapia, reabilitação equina, campos magnéticos.
¹ Médico (a) Veterinário (a), Residente do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, Universidade
Federal do Espírito Santo, campus Alegre, UFES/CCAE.
² Discente do curso de medicina veterinária da Universidade Federal do Espirito Santo, campus Alegre.
³ Médico Veterinário, Hospital Veterinário da Universidade Federal do Espirito Santo.
⁴ Docente, Universidade Federal do Espirito Santo, campus Alegre
*Autor para correspondência: hudimilamascarenhas@hotmail.com
Ao longo das últimas décadas o número de cães praticantes de atividades físicas aumentou
consideravelmente em diversas modalidades do esporte. O trabalho de busca, resgate e
salvamento no Brasil existe há poucos anos, mas apresenta resultados tão expressivos que vem
ganhando cada vez mais notoriedade e espaço na sociedade. Esta atividade quebra a homeostase
do organismo, por aumentar instantaneamente suas demandas metabólicas. Para retomar a
homeostase e suportar o aumento da demanda energética ocorrem adaptações cardiovasculares
que contribuem para um acréscimo no desempenho individual. É esperado que o exercício físico
eleve a frequência cardíaca (FC), que é o principal determinante do débito cardíaco e do
consumo de oxigênio, sendo considerada um medidor da carga de trabalho cardiovascular.
Objetivou-se com este estudo avaliar a frequência cardíaca de animais de busca, resgate e
salvamento, antes, durante, e após um treinamento de busca com duração de 60 minutos. Para
tanto, simulou-se uma operação de busca, resgate e salvamento – em área de floresta – para
cinco cães integrantes da equipe K-9 – Equipe de Operação com Cães do Corpo de Bombeiros
Militar do Espírito Santo, de 60 minutos de duração. A FC dos animais foi aferida antes,
imediatamente após o término da atividade, e após 15 minutos de recuperação por meio de
palpação do pulso femoral. A média da FC dos animais, aferida em repouso, foi de 125,6
batimentos por minuto (bpm); ao passo que imediatamente ao fim da atividade foi observada
FC média de 146,4 bpm e após 15minutos de recuperação a FC média foi de 128,6 bpm. Não
houve diferença significativa entre as médias aferidas imediatamente após o fim da atividade e
após 15 minutos de recuperação, quando comparados à média da FC em repouso (p=0,578 e
p=0,826, respectivamente), mas observou-se maior frequência cardíaca média ao fim do
exercício e valores próximos ao basais aos 15 minutos de recuperação. Conclui-se que os
animais avaliados se encontram adaptados ao exercício, pois, mesmo sendo observada FC
acima dos valores de normalidade para a espécie ao término da atividade, esses valores já
haviam se normalizado após 15 minutos de recuperação.
Palavras-chave: adaptação cardiovascular, cães de trabalho, fisiologia do exercício
¹ Estudante de medicina veterinária pela Universidade Federal do Espírito Santo, campus Alegre, UFES/CCAE.
² Médica Veterinária, Residente do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal
do Espírito Santo, campus Alegre, UFES/CCAE.
³ Médico Veterinário, Residente do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal
do Espírito Santo, campus Alegre, UFES/CCAE.
4
Médico Veterinário do Hospital Veterinário, Universidade Federal do Espírito Santo, campus Alegre,
UFES/CCAE.
5
Docente, Universidade Federal do Espírito Santo, campus Alegre, UFES/CCAE.
*Autor para correspondência: brrthales@gmail.com
Os cães que atuam no serviço de busca, resgate e salvamento operam junto às equipes do Corpo
de Bombeiro, exercem importante trabalho social e necessitam de treinamento intensivo para a
atividade. Ainda que esses animais localizem a vítima pelo faro, eles devem estar aptos
fisicamente. O treinamento físico dos cães militares aumenta a performance e a capacidade para
esforço de alta intensidade. O treinamento contínuo e o serviço que esses cães exercem
acarretam alterações fisiológicas adaptativas. Os cães são animais homeotérmicos e mantém a
temperatura constante. A hipertermia é descrita nos cães durante a prática de atividades físicas,
o que pode influenciar no desempenho dos animais. O aumento da temperatura pode interferir
na atuação dos cães durante o serviço, reduzindo o tempo de busca por vítimas durante as
ocorrências. Objetivou-se avaliar as alterações de temperatura retal em cães de busca, resgate e
salvamento submetidos a um treinamento de 60 minutos. Foram utilizados seis cães adultos,
dois da raça Pastor Belga Malinois, três da raça Pastor Alemão e um cão mestiço de Pastor
Belga Malinois com Pastor Alemão. Eram três machos e três fêmeas, com idade entre 2 e 6
anos e pesavam em média 31,0 (± 3,0 Kg). Todos exerciam atividade de busca, resgate e
salvamento há pelo menos um ano. Os cães foram submetidos há um treinamento físico com
duração de 60 minutos, e avaliados em quatro momentos: M0, antes do treino com cães em
repouso; M1, durante o treino com 30 minutos de atividade física; M2, imediatamente após o
treinamento de 60 minutos e M6, 60 minutos após o termino do treinamento. Foi realizada
aferição da temperatura retal nos momentos, com termômetro digital. A temperatura do
ambiente e umidade do ar foram monitoradas durante o treino. Houve diferença significativa
entre a temperatura basal (M0) e os momentos M1 e M2. No M6 os valores não diferiram de
M0. O M6 a temperatura diferiu significativamente dos mesmos momentos M1 e M2. Os
valores médios da temperatura se mostraram elevados durante e após a atividade física,
considerando os valores normais para cães entre 37,5°C a 39,5°C. Após 60 minutos do término
do exercício, a temperatura se normaliza. Os valores médios da temperatura e da umidade
relativa do ar obtidos no dia do treinamento, 26º C e 71%, respectivamente. Concluiu-se que a
temperatura retal, aumenta significativamente e se eleva acima dos valores de normalidade logo
após o início do exercício e retorna a valores basais após 60 minutos do término do treinamento
de busca e resgate com duração de 60 minutos.
Palavras-chave: cães de trabalho, hipertermia, atividade física.
A cadeia mamaria é o local com maior acometimento neoplásico em cadelas, sendo o tumor
mamário, o mais frequente na rotina clínica de animais de companhia, podendo estar presente
em 52% dos casos. Estudos demonstram que quando realizada a castração precoce da fêmea
(antes do primeiro cio), há a limitação do desenvolvimento de tumores mamários, devido a
diminuição dos hormônios estrogênicos, que estimulam a proliferação celular, levando a uma
consequente carcinogênese. Previne, também, o desenvolvimento de infecções uterinas e
patologias ovarianas em cadelas com idade avançada. A Hiperplasia Endometrial Cística (HEC)
é por vezes considerada como a fase inicial para o desenvolvimento da piometra, sendo
denominada complexo HEC-piometra. O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de
uma cadela com carcinoma tubulopapilar mamário, com metástase para linfonodos regionais,
cistoadenoma ovariano e HEC concomitante a piometra, ressaltando as relações para o
surgimento das neoplasias de sistema reprodutor. Um canino, fêmea, Poodle, de 17 anos, foi
atendido no Hospital Veterinário da UFES, com queixa de nódulo em mama há 2 anos,
recentemente ulcerado, além da presença de tosse e engasgos. O tutor relata que o animal
procriou apenas uma vez quando jovem, e que assim que o tumor de mama se desenvolveu,
buscou auxílio médico veterinário, que não indicou a exérese tumoral devido à idade avançada
da paciente. O exame clínico constatou presença de múltiplos nódulos em toda a cadeia
mamária e de massa tumoral ulcerada em glândula mamária inguinal direita. Além disso,
observou-se alopecia e descamação generalizada. Foram solicitados exames complementares
laboratoriais e de imagem. No exame radiográfico não foram detectadas alterações na cavidade
torácica sugestivas de metástase pulmonar e no exame ultrassonográfico, foram detectadas a
presença de nodulações cavitárias em região de baço, presença de cistos em ovário esquerdo,
nódulo em adrenal esquerda e útero apresentando imagem de massa heterogênea na
extremidade cranial de cornos, sugestivo de piometra. O animal não demonstrou alterações
hematológicas e bioquímicas, sendo encaminhado para a realização de mastectomia e
ovariohisterectomia. A cadeia mamária direita, retirada no procedimento cirúrgico, assim como
o ovário e útero, foram encaminhados para o laboratório e o resultado histopatológico foi
hiperplasia endometrial cística associada a piometra, cistoadenoma ovariano, carcinoma
tubulopapilar mamário com metástase para linfonodo regional. A proprietária recusou a
quimioterapia endovenosa e metronômica, sendo realizada apenas suplementação com Ômega
3, vitamina C, complexo B e ácido fólico, visando retardar a evolução de possíveis metástases.
Do mesmo modo, as alterações ovarianas podem ter sido fatores predisponentes para o
desenvolvimento da neoplasia mamária. Conclui-se que neoplasias mamárias em cadelas idosas
requerem prudência quanto ao diagnóstico, tratamento e prognóstico, sendo a mastectomia
associada à quimioterapia o tratamento de eleição, porém deve-se avaliar o estadiamento
tumoral e as peculiaridades de cada paciente.
Palavras-chave: neoplasia mamária, patologia uterina, tumor ovariano.
A fratura de Monteggia é caracterizada por uma fratura ulnar com luxação do rádio. Sendo a
região proximal da ulna a mais frequentemente acometida. Esta lesão normalmente resulta de
um golpe na superfície ulnar caudal durante a sustentação do peso, podendo ser classificada
em: tipo I: em que ocorre o deslocamento cranial da cabeça do rádio com fratura da diáfise
ulnar em qualquer ponto com angulação cranial; tipo II: deslocamento caudal da cabeça do
rádio e fratura da diáfise ulnar com angulação caudal; tipo III: deslocamento craniolateral ou
lateral da cabeça do rádio e fratura da diáfise ulnar; tipo IV: deslocamento cranial da cabeça do
rádio, fratura do terço proximal do rádio e fratura da diáfise ulnar. Devido à eventualidade da
ocorrência desta lesão o objetivo do presente trabalho é relatar um caso de sucesso no
tratamento cirúrgico de fratura de Monteggia em um cão. Foi atendido no hospital veterinário
da Universidade Federal do Espirito Santo, um cão da raça fox paulistinha, de dois anos de
idade, com histórico de queda. No exame físico geral, o paciente apresentava somente alteração
no exame ortopédico, ademais os parâmetros clínicos e exame físico se encontrava dentro da
normalidade. Na avaliação ortopédica havia incapacidade funcional do membro torácico
esquerdo, edemaciação em região do cotovelo, dor, desvio cranial do rádio e crepitação em
região proximal da ulna. O exame radiográfico de rádio e ulna foi realizado e neste foi
diagnosticado a luxação do rádio com fratura do terço proximal da ulna, caracterizando a fratura
de Monteggia. Dessa forma, recomendou-se o procedimento cirúrgico para o tratamento. Foi
realizado o acesso craniolateral da ulna proximal com exposição do foco de fratura, redução da
mesma, colocação de uma placa pré-moldada bloqueada 1.5mm na face lateral da ulna. Foram
aplicados três parafusos proximais e três parafusos distais ao foco de fratura. Um parafuso com
efeito “lag” foi colocado no sentido caudo cranial a fim de criar a sinostose entre o rádio e a
ulna, reduzindo assim a luxação. Ademais, foi realizada sutura continua do plano subcutâneo
com poligalactina 910 2-0 e dermorrafia com nylon 3-0, pontos simples separados. No exame
radiográfico pós-operatório imediato houve aposição satisfatória dos fragmentos, bom
alinhamento e disposição correta dos implantes utilizados. Após 10 dias o animal foi reavaliado
e já havia reestabelecido parcialmente à função do membro, com claudicação leve mais
constante. No retorno de 30 dias, a claudicação era leve e esporádica e no exame radiográfico
já havia o início de consolidação. No último retorno, de 60 dias, já apresentava total recuperação
funcional do membro, sem claudicação ou dor residual e no exame radiográfico, consolidação
da fratura. A técnica cirúrgica realizada por meio de placa bloqueada e parafuso “lag” foi
satisfatória para correção da fratura de Monteggia, proporcionando retorno rápido a função do
membro com completa recuperação do mesmo.
Palavras chave: Radio, Luxação e Ulna.
A OSH é o procedimento cirúrgico realizado com maior frequência em cães e gatos, sendo a
esterilização eletiva sua indicação mais comum. A castração previne doenças como neoplasias
mamárias, ovarianas e uterinas, piometra, pseudogestação e prolapso uterino. Embora a OSH
seja um procedimento tecnicamente simples, este é passível de complicações. Dentre elas estão
a hemorragia, ligadura ou trauma acidental do ureter, síndrome do ovário remanescente, além
da formação de granulomas, aderências e trajetos fistulosos em decorrência do uso de materiais
inapropriados, de assepsia ou técnica inadequadas. Visando contribuir com o desenvolvimento
na área de clínica cirúrgica, o presente estudo possui objetivo de relatar o caso de um cão,
fêmea, da raça Australian Cattle Dog de 1 ano e 10 meses de idade, pesando 15,2 kg atendido
no Hospital Veterinário/HOVET da Universidade Federal do Espírito Santo com hidronefrose
bilateral e hidroureter unilateral esquerda secundários a reação tecidual compatível
macroscopicamente com granuloma de coto uterino, pós OSH eletiva realizada com fios de
sutura inadequados em uma clínica veterinária particular. O proprietário relatou que o animal
apresentava inapetência, constipação, êmese, disúria, secreção vaginal, aumento de volume
abdominal progressivo e fístula abdominal próximo à região inguinal esquerda drenando
secreção purulenta que surgiram 4 meses após a cirurgia. Administrou-se Cloridrato de
Tramadol (5mg/kg) e Ceftiofur (2mg/kg) para controle da dor e infecção. Os sinais
ultrassonográficos evidenciaram sinais sugestivos de pielonefrite, hidronefrose avançada no
rim esquerdo e branda no rim direito, líquido livre na cavidade abdominal, peritonite e presença
de massa sem contorno definido deslocada à esquerda do trígono vesical. O hemograma e
leucograma revelaram anemia e leucocitose com desvio à esquerda, além de perfil bioquímico
renal com níveis de ureia e creatinina elevados. A citologia do líquido abdominal indicou
processo inflamatório intenso com presença de macrófagos, neutrófilos e discreta quantidade
de hemácias. O animal foi preparado e submetido a laparotomia exploratória onde foi observada
alteração de conformação e volume de ambos os rins, sugerindo hidronefrose, aumento de
volume do ureter esquerdo por obstrução extraluminal, denominado hidroureter, grande
quantidade de líquido livre na cavidade abdominal e massa aderida à vesícula urinária adjacente
ao ureter esquerdo. Foi realizada a nefrectomia do rim esquerdo e dissecção cautelosa da massa
compatível com reação exacerbada por corpo estranho que revelou a presença de fios de
barbante e linha de pesca utilizados para as ligaduras na OSH. O proprietário foi instruído
quanto aos cuidados pós-operatórios e retirada dos pontos. O uso de materiais de sutura
inadequados, seja por falta de conhecimento técnico, tentativa de economia ou inépcia
profissional propiciam o aparecimento de complicações cirúrgicas e colocam em risco a saúde
e vida dos animais.
Palavras-chave: castração, complicações, fios de sutura.
¹Discente do Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Espírito Santo, Campus Alegre,
CCAE/UFES.
² Médica Veterinária, Mestra em Ciências Veterinárias, Residente em Patologia Clínica Veterinária, Universidade
Federal do Espírito Santo, Campus Alegre, CCAE/UFES.
³ Médico Veterinário, Residente em Patologia Clínica Veterinária, Universidade Federal do Espírito Santo,
Campus Alegre, CCAE/UFES.
4
Técnico em Análises Clínicas, Hospital Veterinário, Universidade Federal do Espírito Santo, Campus Alegre,
CCAE/UFES.
5
Docente do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Espírito Santo, Campus Alegre,
CCAE/UFES.
*Autor para correspondência: lorenaa_aalmeida@hotmail.com
As infecções por endoparasitos com altas cargas parasitárias podem desencadear diversos
problemas de saúde e diminuir a qualidade e expectativa de vida dos animais acometidos. Os
animais do gênero Didelphis, conhecidos popularmente como gambás, saruês ou sarués
apresentam naturalmente um alto grau de infecção por parasitos gastrointestinais, que causam
lesões em mucosa estomacal e intestino, acompanhadas de episódios diarreicos, anorexia, perda
de peso, desnutrição e até mesmo óbito. Assim, os gambás são reconhecidos pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) como disseminadores de parasitos que podem causar zoonoses,
doenças naturalmente transmitidas entre homens e animais. A alta infecção pode ser relacionada
tanto ao hábito alimentar da espécie, bem como ao seu sinantropismo que pode levar a
veiculação de doenças do meio silvestre para o meio urbano e vice-versa. Diante disso,
objetivou-se relatar um caso de tratamento anti-parasitário de um exemplar de Didelphis aurita
(gambá-de-orelha-preta) atendido no Setor de Animais Silvestres (SAS) do Hospital
Veterinário da Universidade Federal do Espírito Santo (HOVET-UFES) utilizando-se produto
cuja eficácia ainda não foi descrita nesta espécie. O animal foi encaminhado pela Polícia Militar
Ambiental com o histórico de maus tratos. No exame físico o animal macho, jovem e pesando
2,5kg apresentou fratura de membro anterior esquerdo e escoriações multifocais de pele. Após
a estabilização do quadro clínico foi realizado o exame coproparasitológico por suspeita de
parasitismo pelo fato do animal não ganhar peso. As fezes foram coletadas e encaminhadas ao
Laboratório de Parasitologia do HOVET-UFES. O exame coproparasitológico foi realizado
pela técnica de Centrífugo Flutuação Simples, um exame qualitativo. Posteriormente foi
realizada a técnica de varredura da lâmina, onde foram encontrados e identificados ovos em
grande quantidade, que de acordo com as características morfológicas pertenciam aos grupos
Strongyloidea, Strongyloididae, Ascarididae e Trichuridae. Após o diagnóstico, foi instituído
o tratamento com Drontal Plus®, anti-helmíntico que possui em sua composição os princípios
praziquantel, pamoato de pirantel e febantel, seguindo as recomendações do fabricante
(776,5mg para 10kg de peso vivo). O controle parasitário foi repetido após 7 dias de tratamento.
Administrou-se ¼ (194,12mg) do comprimido no primeiro dia e ¼ no dia 7, sendo a dose total
de 388,25mg do produto. O exame coproparasitológico após o sétimo dia revelou ausência de
parasitos e houve melhora significativa do quadro clínico do animal com ganho de peso e assim,
possibilitou sua reintrodução à natureza. Diante do exposto, nota-se que houve eficácia dos
princípios ativos presentes na composição do Drontal Plus® sobre os parasitos gastrointestinais
presentes no animal da espécie Didelphis aurita e, desta forma este produto poderia ser uma
alternativa viável para o controle parasitário destes animais. Ressalta-se ainda a relevância de
estudos sobre parasitismo bem como seu controle parasitário em animais da família
Didelphidae evitando a disseminação de doenças com potencial zoonótico.
Palavras-chave: anti-helmíntico, Didelphidae, parasitismo.
¹ ² ³ Graduando em Medicina Veterinária, Universidade Federal do Espírito Santo, campus Alegre, UFES/CCAE.
4
Docente, Universidade Federal do Espírito Santo, campus Alegre, UFES/CCAE.
*Autor para correspondência: danielpacheco500@gmail.com
A leucose enzoótica bovina (LEB) é uma doença infectocontagiosa causada por um retrovírus,
com casos notificados no mundo todo e que se alastra progressivamente pelos rebanhos,
determinando grandes prejuízos à bovinocultura brasileira. Atualmente para o delineamento
dessa enfermidade são necessários novos estudos de prevalência como este para que seja
traçado o perfil epidemiológico recente da doença na região do Caparaó e consequentemente
no país. Dessa maneira, o presente estudo teve por objetivo avaliar a ocorrência da LEB e os
principais fatores de risco da infecção no rebanho bovino leiteiro de municípios da região do
Caparaó, sul do Espírito Santo, por meio da identificação dos animais portadores de anticorpos
contra o Vírus da Leucose Enzoótica Bovina (VLEB). Foram visitadas aleatoriamente cinco
propriedades de bovinos de leite por município, de no mínimo cinco municípios da Região do
Caparaó, Espírito Santo. Todos os bovinos em lactação no momento da visita foram avaliados
clinicamente, e verificados quanto a presença da marcação da vacina contra brucelose, bem
como foram coletadas amostras de sangue por meio de punção da veia coccígea em sistema de
coleta a vácuo. Os tubos foram identificados, armazenados em caixas isotérmicas com gelo e
encaminhados para processamento e análise no setor de clínica de animais de produção do
Hospital Veterinário do CCAE-UFES. O sangue coletado dos bovinos foi examinado pelo teste
de imunodifusão em ágar gel (IDGA) para a detecção dos anticorpos específicos contra o
VLEB. Foi aplicada a todos os responsáveis pelas propriedades, uma entrevista direcionada,
abordando as variáveis relativas aos dados da propriedade, controle e sanidade dos animais. As
associações entre as variáveis foram testadas pelo teste qui-quadrado (X²), com nível de
significância de 5%. Os resultados mostram que os municípios da região do Caparaó estão em
sua totalidade infectados com a LEB, apresentando 54,42% de prevalência das 294 amostras
analisadas, sendo que quatro das cinco cidades continham mais que 50% da presença dos vírus
nas suas propriedades e somente a cidade de Alegre apresentou-se abaixo (24,48%) de animais
positivos. Já o teste de associação demonstrou que o uso de ocitocina, tratamento sistêmico de
mastite e uso de ordenhadeira mecânica apresentaram fatores de risco para a LEB, concluindo
assim que a leucose enzoótica bovina está amplamente difundida nos rebanhos leiteiros da
região do Caparaó, sul do Espírito Santo.
Palavras-chave: bovinocultura, leite, risco.
A brucelose é uma antropozoonose conhecida a muitos anos, o gênero Brucella é composto por
seis espécies. Dentre elas a B. abortus é a de maior importância na pecuária bovina, sendo
altamente patogênica e responsável por doenças graves, principalmente em bovinos, assim
como no homem. Apesar dos vários estudos relacionados a ocorrência da infecção por brucelose
bovina no Brasil, essa enfermidade ainda está presente nos rebanhos e tem grande relevância
na bovinocultura e para saúde pública, não sendo diferente no município de Alegre na região
do Caparaó/ES. Dessa maneira, o presente estudo teve por objetivo avaliar a ocorrência da
Brucelose Bovina e os principais fatores de risco da infecção no rebanho bovino em dez
propriedades do município de Alegre/ES. O projeto selecionou aleatoriamente, dez
propriedades de bovinos de leite no município, de Alegre/ES, por meio do cadastro do Instituto
de Defesa Agropecuária e Florestal do ES. O termo de consentimento e livre esclarecimento do
projeto foi apresentado ao responsável pela propriedade, e somente após a sua assinatura a
propriedade fez parte do projeto. Todas as vacas em lactação no momento da visita passaram
por análises clínicas sendo avaliado à presença de sintomas clínicos para brucelose e a presença
da marcação da vacina contra brucelose, bem como foram coletadas amostras de sangue por
meio de punção da veia coccígea em sistema de coleta a vácuo. Os tubos foram identificados,
armazenados em caixas isotérmicas com gelo e encaminhados para processamento no setor de
clínica de animais de produção do HOVET CCAE-UFES, onde foram processados e
armazenados a menos 20oC até o momento da realização da sorologia, sendo utilizada a técnica
de AAT (Antígeno Acidificado Tamponado), seguindo instruções do kit comercial da
TECPAR®. De todas as propriedades visitadas, foi testado um total de 143 animais, destes
apenas um animal se mostrou positivo para brucelose pelo teste do AAT. O teste estatístico não
foi realizado uma vez que apenas um animal deu positivo, representando 0,7% de prevalência,
em relação a todos os animais testados. Resultado esse que pode ser comparado ao estado de
Minas Gerais que segue rigorosamente o Programa Nacional De Controle e Erradicação de
Brucelose e Tuberculose (PNCEBT), que em 2009, teve uma prevalência de 1,1%. Um fator
que pode ter influenciado é o tamanho dos rebanhos trabalhados, no presente estudo todas as
propriedades tinham menos de 30 animais em lactação. Não se encontrou resultados
significativos de animais positivos para a brucelose, no município de Alegre-ES, com tudo ela
pode está presente no rebanho leiteiro do município, e os resultados obtidos no presente trabalho
podem servir de base para os órgãos responsáveis pela sanidade animal do município e estado,
para traçar possíveis planos de controle e identificação da brucelose bovina em Alegre.
Palavras chave: brucelose, epidemiologia, sorologia.
¹ ² ³ Graduando em Medicina Veterinária, Universidade Federal do Espírito Santo, campus Alegre, UFES/CCAE.
⁴ Docente, Universidade Federal do Espírito Santos, campus Alegre, UFES/CCAE.
*Autor para correspondência: danielpacheco500@gmail.com
A brucelose bovina é uma doença infecciosa predominantemente crônica causada pela Brucella
abortus que afeta os bovinos, além de ser uma zoonose de grande importância socioeconômica
e de saúde pública. Entretanto, poucos são os estudos e dados a respeito da ocorrência da
infecção por Brucella abortus em várias regiões do Brasil, como na região sul do Espírito Santo.
A partir desse pressuposto, o presente estudo teve por objetivo avaliar a sua ocorrência e os
principais fatores de risco da infecção no rebanho bovino em cinco propriedades aleatórias do
município de Guaçuí/ES. As propriedades foram selecionadas, a partir de um cadastro no
Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do ES. Todos os bovinos em lactação no momento
da visita foram avaliados clinicamente, e verificados quanto a presença da marcação da vacina
contra brucelose, bem como foram coletadas amostras de sangue por meio de punção da veia
coccígea em sistema de coleta a vácuo. Os tubos foram identificados, armazenados em caixas
isotérmicas com gelo e encaminhados para processamento e análise no setor de clínica de
animais de produção do Hospital Veterinário do CCAE-UFES. O sangue coletado dos bovinos
foi examinado pelo Teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT) para a detecção dos
anticorpos específicos contra a Brucelose Bovina. Foi aplicada a todos os responsáveis pelas
propriedades, uma entrevista direcionada, abordando as variáveis relativas aos dados da
propriedade, controle e sanidade dos animais. Das cinco fazendas escolhidas no município de
Guaçuí, foram analisados 37 animais, sendo que destes, todos se mostraram negativos para
brucelose bovina de acordo com o teste de AAT. A partir da aplicação de uma entrevista
estruturada, pode se obter informações a respeito de alguns manejos adotados em cada fazenda,
como a realização da vacinação desses animais e exames para diagnóstico de brucelose, além
da análise da possível presença de problemas reprodutivos nos mesmos, onde todas as fazendas
em questão realizam a vacinação adequada para brucelose bovina, e isso pode estar auxiliando
no seu controle. Em relação ao tamanho do rebanho, as propriedades de Guaçuí possuem poucos
animais, o que diminui drasticamente as chances da introdução da doença. Devido ao fato de
que entre todas as amostras analisadas, não foram encontrados animais positivos para a
brucelose bovina, impossibilitando assim realização da análise estatística em relação aos fatores
de risco que poderiam estar associados aos índices de infecção da doença. Entretanto, esforços
devem ser priorizados, como a conscientização dos produtores quanto a não aquisição de
animais com histórico desconhecido, vacinação das bezerras, entre outras medidas que auxiliam
na não disseminação da doença, mantendo a situação epidemiológica de não ocorrência da
brucelose bovina na região, como foi observado no presente trabalho.
Palavras-chave: brucelose, doença, rebanho.
PATOLOGIA ANIMAL
¹ Graduanda em Medicina Veterinária, pela Universidade Federal do Espirito Santo, Centro de Ciências Agrárias
e Engenharias.
² Mestre em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Espirito Santo, Centro de Ciências Agrárias e
Engenharias.
³ Professor orientador associado ao departamento de Agronomia da Universidade Federal do Espirito Santo, Centro
de Ciências Agrárias e Engenharias.
*Autor para correspondência: daianasangi@gmail.com
A broncopneumonia parasitária dos bezerros é caracterizada por uma inflamação e infecção dos
pulmões, causada estritamente pelo Dictyocaulus viviparus, que pode provocar lesões
temporárias ou permanentes. Esses nematódeos costumam habitar o lúmen da árvore brônquica
dos animais, onde leva a quadros de bronquite e pneumonia conhecidos como bronquite
parasitária, pneumonia verminótica ou dictiocaulose. As diversas espécies de Dictyocaulus são
de grande importância na criação tanto de animais domésticos quanto selvagens, especialmente
os ruminantes por ocasionarem perdas significativas de desenvolvimento e produtividade. O
surgimento de casos de dictiocaulose no rebanho geralmente está associado a alta contaminação
de pastagem, sistema de rotação de pastejo ineficiente e inadequado manejo de vermifugação.
Perante o exposto, objetivou-se relatar os achados anatomopatológicos em um caso de
broncopneumonia parasitária por D. viviparus em um bezerro com a finalidade de contribuir
com o diagnóstico dessa condição respiratória. No dia 12 de abril de 2017, a equipe do Setor
de Patologia Animal da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) foi solicitada para a
realização exame necroscópico à campo em uma fazenda localizada na zona rural do município
de Divino de São Lourenço, ES. Tratava-se de uma bezerra mestiça, dois meses de idade,
revelando ao exame externo baixo escore corporal, desidratação severa, opacidade e pelos
eriçados e retração intensa dos globos oculares. Ao exame interno, revelou palidez generalizada
da musculatura e vísceras e, à abertura da cavidade peritoneal, verificou-se hidroperitônio
discreto. No exame específico do conjunto torácico, observou-se hidropericárdio discreto e
havia intensa quantidade de conteúdo espumoso brancacento (edema pulmonar) à abertura
traqueia e brônquios principais associado à presença de numerosos nematódeos filiformes,
morfologicamente compatíveis com D. viviparus. Constatou-se também a congestão moderada
e áreas focais de hepatização nos lobos craniais, mais evidentes no lobo cranial direito. Os
parasitos foram coletados e enviados para o Laboratório de Parasitologia do Hospital
Veterinário da Universidade Federal do Espírito Santo e confirmados para D. viviparus pela
técnica de Baermann. Os achados de necropsia associados à classificação do parasito foram
compatíveis com broncopneumonia parasitária tendo como agente etiológico D. viviparus. A
broncopneumonia parasitária por dictiocaulose tem sido uma doença pouco relatada devido ao
uso frequente e eficaz de anti-helmínticos. Por outro lado, o uso indiscriminado de vermífugos
pode levar aos quadros de resistência parasitária e estas infecções podem se tornar
reemergentes. Assim, é importante o estabelecimento correto do diagnóstico e a instituição de
terapia adequada a fim de minimizar os prejuízos econômicos causados pelos parasitos.
Palavras-chave: bovino, helmintoses, pneumonia.
¹ Médica Veterinária, Mestra em Ciências Veterinárias, Residente em Patologia Clínica Veterinária, Universidade
Federal do Espírito Santo, campus Alegre, CCAE/UFES.
² Médico Veterinário, Residente em Patologia Clínica Veterinária, Universidade Federal do Espírito Santo, campus
Alegre, CCAE/UFES.
³ Graduanda em Medicina Veterinária, Universidade Federal do Espírito Santo, campus Alegre, CCAE/UFES.
4
Técnico em Análises Clínicas, Hospital Veterinário, Universidade Federal do Espírito Santo, campus Alegre,
CCAE/UFES.
5
Docente do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Espírito Santo, campus Alegre,
CCAE/UFES.
*Autor para correspondência: lmsmvet@gmail.com
REPRODUÇÃO ANIMAL