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Cirurgia Pediátr ica| Aula 10 - Página |1

AULA 10 – Hidronefrose antenatal

Hidronefrose é a dilatação de pelve, podendo ter ou não dilatação de cálices renais. A


ureterohidronefrose é a dilatação de pelve, cálices e ureter.
ETIOPATOGENIA DAS DILATAÇÕES ANTENATAIS (BENIGNAS): muito comuns em ultrassom de
fetos, sendo necessário diferenciar das situações patológicas.
Fator embriológico: o ureter é tubo sólido que canaliza. Essa canalização ureteral ocorre por
último na junção ureteropiélica (JUP) e na junção ureterovesical (JUV), podendo então mimetizar,
temporariamente, uma estenose de JUP (fisiológico).
Alto débito urinário fetal: 5 a 10 vezes maior que do recém-nascido. Por isso pode ocorrer uma
dilatação transitória pelo aumento de fluxo.
Sistema coletor fetal mais complacente: pelos altos níveis de progestagenos da mãe e da
placenta, deixando o sistema mais sujeito a dilatações.
Pregas ureterais normais: desaparecem com o tempo, mas junto com o alto débito podem causar
uma obstrução no período fetal.
DIAGNÓSTICO:
Ultrassom neonatal: cerca de 2% das gestações tem diagnóstico antenatal de hidronefrose,
geralmente no 2° ou 3° trimestre. Entretanto apena 10% destes casos persistem, pois a maioria
tem resolução espontânea no pré-natal ou nos dois primeiros anos de vida.
+ Dilatações importantes: diâmetro anteroposterior da pelve maior que 7 mm no 2° trimestre ou
maior que 10 mm no 3° trimestre indicam que o feto tem algum problema urológico.
+ Classificação segundo a Society of Fetal Urology:
- Grau 0: sem dilatação.
- Grau I: somente a pelve renal é visualizada.
- Grau II: pelve renal e alguns cálices são visualizados.
- Grau III: hidronefrose com quase todos os cálices visualizados;
- Grau IV: hidronefrose com quase todos os cálices visualizados acompanhada de atrofia do
parênquima.
Análise da urina fetal:
+ Avaliação da displasia renal: avaliação de 3 amostras de urina por punção vesical guiada por
ultrassom. Medindo sódio, cálcio, β2-microglobulina, osmolalidade. Rins normais tem urina
isotônica e rins displásicos tem urina hipotônica.
INTERVENÇÃO FETAL:
Indicação: evitar progressão da lesão renal.
+ Hidronefrose bilateral, sendo a causa mais comum a válvula de uretra posterior. Não faz em
unilateral, pois o risco da cirurgia não vale o benefício.
+ Nenhuma alteração cromossômica.
+ Rins não-displásicos.
+ Oligodrâmnnio importante no segundo trimestre, pois haverá prejuízo do desenvolvimento
pulmonar (hipoplasia) e se for muito severo terá síndrome de Potter.
Complicações: parto pematuro ou aborto; risco de rotura uterina (ficar o resto da gravidez
próximo ao hospital); corioaminoite.
Tipos de intervenção:
+ Derivação vesico-amniótica (cateter de pig-tail): colocação de um
cateter, guiado por ultrassom, onde uma parte fica na bexiga do feto e a
outra na cavidade amniótica. É o mais feito e, teoricamente, é o mais fácil.
+ Derivação urinária fetal aberta: é pouco feito nesses casos.
+ Fetoscopia com fulguração de válvula de uretra posterior: com um fetoscopio entra-se no pênis
do feto até encontrar a membrana e fugurar. É feito por poucos médicos.
Nathalia Crosewski – 2013.2

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