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Colesteatoma

R2 Luiz Felipe Roecker Ceccon


1. INTRODUÇÃO

 Colesteatoma: bolsão cístico com restos de epitélio escamoso queratinizado que se


depositam em uma matriz fibrosa
 OM ou qualquer área pneumatizada do osso temporal, originada a partir do epitélio escamoso
queratinizado.
 Agressividade local importante, podendo levar a destruição da cadeia ossicular e partes do
osso temporal

 OMC Colesteatomatosa é a expressão clínica para o colesteatoma dentro da orelha


média, tem a incidência estimada de 3 em 100 mil habitantes no grupo pediátrica e 9 em
100 mil habitantes nos adultos, sendo mais frequente no gênero masculino.
2. TERMINOLOGIA

 Chole = bile (Colesterol)


 Stea = gordura
 Toma = tumor
 Terminologia “incorreta
 Correto: queratoma
 Crescimento de pele ectópica = “pele em um lugar errado”
3. HISTOLOGIA

 Perimatriz
 Conhecido como lâmina própria
 Tecido periférico constituído de tecido conjuntivo, fibras colágenas e células inflamatórias
 Em contato com o osso
 Enzimas que causam a destruição óssea
 Matriz
 Epitélio escamoso estratificado queratinizado
 Conteúdo cístico
 Queratina e restos epiteliais
4. CLASSIFICAÇÃO

 Tempo de formação
 Congênito
 Tímpano-mastoídeo (mais comuns), ápice petroso, ângulo pontinho-cerebelar, foramen jugular,
intratimpânico
 Adquirido
 Primário
 Secundário
5. QUADRO CLÍNICO

 Varia de acordo com o local


 Assintomático, otorreia fétida (característica) ou até paralisia facial
 Mais frequentes
 Otorreia purulenta fétida (odor de ninho de rato) com ou sem otorragia
 Infeccção 2ª: anaeróbios (Pseudomonas sp, Bacteroides sp) e aeróbios facultativos (Proteus sp, Staphylococcus sp
 Congênito:
 Ausência de otorreia
 Hipoacusia
 Podem ocorrer:
 Tinnitus em sons graves, plenitude auricular, otorragia
 Complicações:
 Zumbidos agudos, crises de vertigem, dor, surdez súbita, PFP, meningite
5. QUADRO CLÍNICO - HIPOACUSIA

 Hipoacusia condutiva
 Perda auditiva maior do que 40db indica descontinuidade ossicular
 Perda auditiva de menor gravidade: transmissão sonora pela doença
 Hipoacusia neurossensorial
 Toxinas através da janela redonda ou mesmo destruição do ouvido intenro
6. DIAGNÓSTICO
 Exame físico de cabeça e pescoço
 Otoscopia
 Exame de imagem – TC (escolha):
 Extensão de erosão óssea e penetração tumoral
 Achados: Apagamento do esporão de Chausse, aumento do espaço de Prussak, erosão
ossicular, alargamento de cavidades, pneumatização da mastoide, canal do nervo facial,
tegmen (deiscências), variações anatômicas congênitas, relação com grandes vasos,
topografia do seio lateral, integridade da capsula ótica
 Exame de imagem – RNM (complicações):
 T1: hipossinal
 T2: hiperssinal
 T1 C+ (Gd): Sem realce
7. COLESTEATOMA CONGÊNITO

 Massa perolácea atrás de uma MT íntegra


 Quadrante anterossuperior
 Sem otorreia, perfuração ou qualquer procedimento otológico prévio
 Restos celulares embrionários na OM
 Levenson
 Massa esbranquiçada medial à MT íntegra
 Pars flácida e tensa normais
 Sem Episódios de otorreia fétida ou perfurações
 Sem cx otológicas previas
 Episódios de otite média prévia não excluem o dx
8. COLESTEATOMA ADQUIRIDO

 Divididos em:
 Primários:
 Maioria
 Colesteatoma de retração atical
 Teorias: invaginação, hiperplasia de células basais epiteliais, perfuração da pars flácida com crescimento
subjacente
 Secundários:
 Menos comuns
 Perfuração marginal (OMC), podem ocorrer em perfuração central
8. COLESTEATOMA ADQUIRIDO -
PATOGÊNESE
 Obstrução/retração
 Obstrução das rotas de ventilação  retração simples  pocket de retração 
colesteatoma
 Metaplásica
 Epitélio respiratório  epitélio escamoso estratificado queratinizado (2º à otite
adesiva)
 Invasão epitelial ou migratória
 Crescimento de pele do CAE para a OM pela perfuração da MT
 Hiperplasia basal
 Células epiteliais basais queratinizadas da parte flácida

 Jackler RK, Santa Maria PL, Varsak YK, Nguyen A, Blevins NH. A new theory on the pathogenesis of acquired cholesteatoma: Mucosal
traction. Laryngoscope. 2015 Aug;125 Suppl 4:S1-S14. doi: 10.1002/lary.25261. Epub 2015 May 25. PMID: 26013635
8. COLESTEATOMA ADQUIRIDO –
PATOGÊNESE

 Jackler RK, Santa Maria PL, Varsak YK, Nguyen A, Blevins NH. A new theory on the pathogenesis of acquired cholesteatoma: Mucosal
traction. Laryngoscope. 2015 Aug;125 Suppl 4:S1-S14. doi: 10.1002/lary.25261. Epub 2015 May 25. PMID: 26013635
8. COLESTEATOMA ADQUIRIDO – VIAS
DE DISSEMINAÇÃO
 Ordem de frequência
 Epitímpano posterior/pars flacida, mesotímpano posterio/pars tensa (póstero-superior da pars
tensa) e epitímpano anterior (espaço de Prussak anterior à cabeça do martelo)

Rosito LS, Netto LF, Teixeira AR, da Costa SS. Classification of Cholesteatoma According to Growth Patterns. JAMA Otolaryngol Head Neck Surg. 2016
Feb;142(2):168-72. doi: 10.1001/jamaoto.2015.3148. PMID: 26747599
9. COLESTEATOMA CONGÊNITO -
TRATAMENTO
 Cirúrgico
 Principal: retirada do tu, restauração do ouvido sem otorreia, evitar recorrência e complicações
 Secundário: preservação ou recuperação funcional da audição
 Leva-se em consideração
 Idade, profissão, educação, hobbies
 Otorreia, reserva coclear, orelha contralateral, engagamento do pct no tto, comorbidades
 Prognóstico geral
 Bom:
 pars flácida, sem extensão para o recesso do facial ou seio timpânico, mastoide pneumatizada, tegmen alto
 Pars tensa, recesso do facial ou seio timpânico raso , sem extensão para epitimpano, independente do tegmen
 Ruim
 Pars tensa com recesso do facial ou seio timpânico profundo, mastoide diploica e tegmen baixo
 Duas vias
 Aberto
 Grave
 Doença avançada, retro-labiríntica ou coclear, complicações, ouvido funcionante único
9. COLESTEATOMA ADQUIRIDO –
TRATAMENTO
 Pars flácida ou tensa + mastoide pneumatizada
 Timpano-mastoidectomia fechada
 Pars flácida ou tensa + mastoide esclerótica; tensa e flácida; colesteatoma aberto; única
orelha funcionante
 Timpano-mastoidectomia aberta

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