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Neoplasia maligna
As neoplasias malignas no esôfago são muito mais
comuns do que as benignas. Como a maioria dos
pacientes permanece assintomática por longo tempo,
em geral as lesões são diagnosticadas tardiamente. A
maioria dos casos continua sendo descoberta após o
aparecimento de complicações da doença, com estenose
da luz e disfagia, além de sua disseminação. Por essa
razão, a mortalidade por carcinoma do esôfago continua
elevada.
No início, a lesão apresenta-se como discreta elevação
da mucosa, irregular, às vezes ulcerada, que
corresponde a displasia ou a carcinoma inicial do
esôfago, o qual pode corresponder a carcinoma in situ
ou a carcinoma minimamente invasivo. Este infiltra-se
apenas na lâmina própria (carcinoma intramucoso) ou na
mucosa e na submucosa; tais lesões têm sido
diagnosticadas com frequência cada vez maior pelos
endoscopistas.
No carcinoma avançado, o tumor tem os seguintes
aspectos: (1) ulcerado, formado por lesão de bordas
elevadas, irregulares e endurecidas, com escavação
central anfractuosa. Pode causar hemorragia e,
raramente, perfuração; (2) anular, com crescimento
predominantemente infiltrativo e em anel, ao longo da
Carcinoma de células escamosas infiltrante e ulcerado
circunferência do órgão, provocando disfagia
no terço inferior do esôfago.
progressiva; (3) vegetante, que cresce para a luz do
órgão, em geral como massa sólida, lobulada e, às vezes, O aspecto histológico do tumor é de carcinoma de
de aspecto nodular; (4) infiltrante difuso, com tendência células escamosas ou carcinoma epidermoide,
de crescimento predominantemente infiltrativo na geralmente bem ou moderadamente diferenciado. Às
parede do órgão, menos localizado do que o tipo anular. vezes, a neoplasia contém estruturas glandulares
Nos casos avançados, o crescimento infiltrativo confere atípicas; quando em grande número, o tumor é
aspecto de tubo rígido a grandes segmentos do esôfago denominado carcinoma adenoescamoso. Na região
e provoca deformidades no órgão. limítrofe com a mucosa normal ou em áreas separadas
da neoplasia, podem ser encontradas áreas de displasia
ou de carcinoma in situ.
Adenocarcinoma
Como o adenocarcinoma tem aspectos demográficos
semelhantes aos do carcinoma de células escamosas
(predomínio em homens brancos e acima de 65 anos de
idade), acredita-se que tenha alguns fatores de risco em
comum este. Esôfago de Barrett associado a esofagite
de refluxo é a principal condição de risco para
adenocarcinoma do esôfago. Nesses casos, encontram-
se, no mesmo paciente, epitélio de Barrett, displasia e
adenocarcinoma, indicando a sequência evolutiva da
lesão. Pacientes com esôfago de Barrett têm risco muito
maior de desenvolver adenocarcinoma de esôfago do
que a população em geral. Apesar do risco elevado, a
maioria dos pacientes com esôfago de Barrett não morre
por câncer esofágico.
Entre outros fatores de risco, incluem-se tabagismo e
obesidade. Em grande número de adenocarcinomas do
esôfago, contudo, não se identifica qualquer lesão
precursora nem os pacientes têm história pregressa de
doença de refluxo gastroesofágico.
Adenocarcinoma do esôfago é predominantemente
ulcerado ou infiltrativo e em geral encontra-se em Aspecto histológico do tumor mostrado em A, que é
estágio avançado no momento do diagnóstico. A lesão constituído por glândulas atípicas revestidas por células
tem tamanho variado e invade todas as camadas do mucossecretoras.
órgão e, algumas vezes, com extensão ao estômago.
Quando se origina no esôfago de Barrett, o tumor é
geralmente multicêntrico, formando nódulos múltiplos.
Adenocarcinoma ou carcinoma da junção Manifestações clínicas
esofagogástrica pode ter três modos de crescimento:
Em grande número de pacientes, o câncer do esôfago
intraesofágico, intragástrico ou juncional. Quando muito
tem evolução silenciosa, sem manifestações clínicas por
avançado, é difícil afirmar se o tumor originou- no
muito tempo; quando diagnosticado, geralmente
esôfago ou no estômago.
apresenta-se em fase avançada. As manifestações
Histologicamente, o adenocarcinoma é formado por clínicas principais são dor, disfagia progressiva, vômitos,
glândulas atípicas (bem ou moderadamente hemorragia digestiva e perda de peso.
diferenciado), às vezes constituídas por células
A disfagia é o sintoma mais frequente, sendo referida
polarizadas e mucossecretoras; raramente, o tumor tem
geralmente no mesmo nível da localização do tumor.
células do tipo anel de sinete.
Decorre habitualmente do caráter obstrutivo da lesão,
surgindo geralmente quando já há comprometimento de
mais de 50% da luz esofágica. Tem por característica ser
rapidamente progressiva com perda rápida de peso,
odinofagia e regurgitação.
A hematêmese, melena ou anemia, decorrentes do
sangramento da lesão, são raras no CEC e mais
frequentes no adenocarcinoma.
Fases mais avançadas da doença podem propiciar
manifestações decorrentes do comprometimento de
estruturas adjacentes como tosse com expectoração
produtiva (fístula esofagobrônquica e/ou aspiração),
dor torácica e rouquidão (invasão de nervos laríngeo
recorrentes com paralisia de pregas vocais).
A disseminação pode ocorrer por: contiguidade
(estruturas adjacentes), continuidade, via linfática e
hematogênica. A possibilidade, não rara, de
disseminação por metástase intramural submucosa,
pode ter forte implicação na decisão cirúrgica,
especialmente quanto à margem de segurança nas
Adenocarcino esofagectomias.
ma em esôfago de Barrett invadindo o fundo gástrico. As metástases, por via hematogênica, ocorrem
principalmente no fígado, pulmão, suprarrenal e ossos.
A disseminação linfonodal pode ocorrer para cadeias
cervicais, torácicas e abdominais, independentemente
da topografia do tumor. Entretanto, existem cadeias
onde a disseminação é preferencial.
A drenagem linfática é feita para linfonodos ao longo do
seu trajeto. Os principais grupos são linfonodos cervicais
e paratraqueais (esôfago superior), hilomediastinais,
paraesofágicos e para-aórticos (região torácica),
paracárdicos, da pequena curvatura do estômago e
celíacos.
Diagnóstico
Radiografia
O objetivo desse exame é estabelecer o diagnóstico,
localização e avaliar a extensão do tumor. Permite ainda
estudar a morfologia gastroduodenal, importante para o
planejamento cirúrgico. A identificação do desvio do eixo
esofágico, determinado pelas fixações de alguns tumores
avançados, pode ser de utilidade para a indicação de
alguns procedimentos de tratamento paliativo como a
colocação de próteses. Em fases mais avançadas da
doença, pode-se identificar a fístula traqueoesofágica
com passagem de contraste para as vias aéreas.
A técnica de duplo contraste, com distensão gasosa Rastreamento
associada à substância baritada, permite maior Grandes populações com elevada incidência ou grupos
refinamento da imagem, evidenciando-se lesões de até 5 de risco podem ser submetidos a métodos de
mm. rastreamento. Os principais métodos utilizados são a
citologia esfoliativa por abrasão e a cromoscopia com
Estudo endoscópico com biópsia biópsia.
Está indicado em todos os casos, pois permite a
visualização direta da lesão e aquisição de biópsias que A citologia esfoliativa é realizada pela passagem de
permitem o diagnóstico histológico. Em lesões balões ou sondas com esponjas, que permitem recolher
estenosantes do órgão, a dificuldade na obtenção da células descamadas da parede esofágica. É um método
biópsia pode ser contornada com a dilatação de boa especificidade (81 a 92%), porém de baixa
endoscópica progressiva da lesão, ou mais raramente, a sensibilidade (24 a 47%).
realização de citologia esfoliativa. Em grupos especiais de risco como: fumantes e etilistas
do sexo masculino com mais de 50 anos, pacientes com
afecções predisponentes (megaesôfago, estenose
cáustica e esôfago de Barrett), e pacientes com
antecedente ou presença de tumores de cabeça e
pescoço, emprega-se com periodicidade a endoscopia
com uso de corantes.
Estadiamento
Os métodos empregados para o estadiamento buscam
verificar a: profundidade de invasão do tumor na parede
esofágica (T); disseminação linfonodal (N) e a ocorrência
de metástases à distância (M).
Tomografia computadorizada
É o principal método de estadiamento do câncer do
esôfago. Deve compreender avaliação das regiões:
cervical, torácica e abdominal superior, estendendo-se
para o abdome total nos adenocarcinomas.
Seu principal objetivo é avaliar a lesão e suas
correlações com estruturas adjacentes. A suspeita de
invasão traqueobrônquica é baseada no deslocamento Tratamento paliativo
ou distorção da parede posterior da traqueia ou dos 1. Tumores de terço superior e médio
brônquios. Os sinais de invasão da aorta são a perda do
plano gorduroso triangular entre o esôfago, aorta e Nesse grupo de pacientes, quando se detecta a
coluna vertebral (acurácia de 90%), ou ainda, ângulo de irressecabilidade, quer pela ocorrência à tomografia de
contato do tumor para a aorta maior que 90 graus em grande massa tumoral, quer pela invasão da árvore
duas imagens sucessivas (acurácia de 80%). respiratória identificada à broncoscopia, as opções de
tratamento são escassas. Assim, a radioterapia
Ainda, a tomografia tem importante papel na detecção associada a uma via de acesso nutricional (sonda naso
das lesões metastáticas nos principais órgãos de enteral, gastrostomia ou jejunostomia) é o
disseminação da doença (fígado pulmões e procedimento mais empregado, associado à
suprarrenais). Não há vantagem na utilização da quimioterapia sistêmica. Esse procedimento está
ressonância magnética sobre a tomografia contraindicado quando há invasão franca da traqueia,
computadorizada para o estadiamento do câncer do sendo nessas circunstâncias indicada apenas a
esôfago. gastrostomia definitiva.
Laringotraqueobroncoscopia 2. Tumores de terço inferior e junção esofagogástrica
Esse exame deve ser realizado especialmente nos
Nesse grupo de pacientes as opções de tratamento são
tumores proximais e médios torácicos, com o objetivo de
maiores, e nessas circunstâncias pode-se tentar separar
detectar e comprovar histologicamente a invasão da
dois subgrupos de pacientes: aqueles com doença
árvore traqueobrônquica ou a fistulização. É o único
apenas locorregional avançada, que não permitem a
método capaz de visualizar a infiltração tumoral e
ressecção cirúrgica, porém, em razoáveis condições
permitir biópsias. Quando há abaulamento móvel da via
clínicas; daqueles com piores condições clínicas,
respiratória a possibilidade de ressecção é de 91%,
caquéticos e doença sistêmica.
entretanto quando ocorre abaulamento fixo, desvio do
eixo ou invasão a ressecabilidade é nula. No primeiro grupo é indicada, habitualmente, a cirurgia
de derivação com a confecção de tubo gástrico iso-
Ultrassonografia endoscópica peristáltico de grande curvatura. Esse procedimento
É atualmente o método mais eficaz para definir a permite a ingesta oral precoce do paciente e ainda
profundidade da lesão (T) (acurácia de 85%) sendo favorece o tratamento complementar com quimio e
especialmente útil para as lesões restritas à parede do radioterapia no esôfago excluído do trânsito alimentar.
órgão, capaz de distinguir infiltrações intramucosas das
submucosas, que são tratadas de forma diferenciada. No segundo grupo, procedimentos menos invasivos são
mais indicados, e nesse contexto a tunelização esofágica
Tomografia por emissão de pósitrons com prótese autoexpansível de colocação endoscópica
Esse exame permite o estudo funcional de lesões ou tem sido procedimento de escolha.
imagens suspeitas, visualizadas em métodos
convencionais de imagem (por exemplo, tomografia ou Ressecação
ressonância magnética) bem como a visualização de Como regra geral, todos os cânceres de esôfago
nódulos ou metástases a distância. A sua associação com estágios 0, I e II são potencialmente ressecáveis. A
a tomografia (em inglês, PET-CT) pode refinar o maioria dos cânceres estágio III é potencialmente
estadiamento dos tumores do aparelho digestivo. ressecável, mesmo quando se espalharam para os
nódulos linfáticos próximos, desde que o câncer não está
Estudo demonstra acurácia elevada (83%) desse método invadindo a traqueia, aorta, coluna vertebral ou outras
para o câncer do esôfago, entretanto, o elevado custo estruturas próximas importantes. Infelizmente, muitos
ainda impede a utilização rotineira do mesmo. pacientes cuja doença é potencialmente ressecável não
podem fazer a cirurgia por outras condições clínicas.
Tratamento Os tumores que invadiram essas estruturas ou se
espalharam para os linfonodos distantes ou outros
A melhor modalidade de tratamento com intenção órgãos são considerados irressecáveis.
curativa no câncer epidermoide do esôfago e no
adenocarcinoma da junção esofagogástrica é a Esofagectomia radical com
ressecção cirúrgica sem doença residual (também linfadenectomia
chamada R0). Apesar desses tumores ocorrerem em Havendo condições clínica e de estadiamento que
pacientes com características clínicas diferentes, ou seja, permitam um tratamento radical, a esofagectomia com
desnutridos no primeiro caso e com sobrepeso ou linfadenectomia é a melhor opção visando à cura da
obesos no segundo, ambos são diagnosticados em doença. Esse procedimento varia conforme a localização
estádios avançados da doença. Dessa forma, na maior topográfica da lesão.
parte das vezes, o tratamento é paliativo e a
ressecabilidade cirúrgica é baixa. Assim, lesões do esôfago cervical demandam a
esofagectomia total, mais raramente podendo estar
acompanhada de outros órgãos (faringe e/ou laringe) e A bactéria localiza-se na intimidade da camada de muco
cadeias linfonodais cervicais e torácicas. Dessa forma, o gástrico ou aderida à superfície do epitélio de
acesso torácico (toracotomia ou toracoscopia direita) e o revestimento, não penetrando na mucosa.
cervical, com a dissecção em “colar” para a remoção de
A capacidade de sobrevivência da H. pylori em ambiente
cadeias linfonodais até as fossas supraclaviculares
tão ácido como o fornecido pelo estômago,
bilaterais, são os indicados.
característica singular desta bactéria, deve-se a excreção
Nas lesões do esôfago torácico, aplica-se a chamada de amônia que a protege neutralizando parcialmente
esofagectomia com linfadenectomia de “3 campos”, esta acidez. Esta excreção dá-se pela ação da urease,
onde pretende-se a dissecção de linfonodos em nível produzida pela bactéria, que converte a ureia em
cervical torácico e abdominal. amônia e CO2.
Adenocarcinoma
As neoplasias gástricas mais comuns são epiteliais.
Adenocarcinoma é o tumor mais frequente e
importante, correspondendo a cerca de 90 a 95% dos
tumores malignos do estômago.
Pólipos, diagnosticados geralmente à endoscopia de
pacientes dispépticos, constituem na sua maioria lesões
hiperplásicas da mucosa (pólipos hiperplásicos, pólipos
de glândulas fúndicas), não constituindo, portanto,
neoplasias. Menos frequentemente, surgem pólipos
adenomatosos, mais importantes pelo potencial de
transformação maligna.
Adenocarcinomas representam mais de 90% dos
cânceres gástricos e são basicamente de dois tipos
morfológicos: tipo intestinal e tipo difuso.
O adenocarcinoma do tipo intestinal, comum em
populações de alto risco, acomete preferencialmente
homens (1,8 a 2 H:1 M), com média de idade em torno
de 60 anos, associa-se a gastrite crônica atrófica e 2. tipo II: Incompleto. Há distorção arquitetural discreta
metaplasia intestinal e é constituído por glândulas mais e as criptas são irregulares e revestidas por células
ou menos diferenciadas, com escassa secreção de muco. caliciformes que secretam sialomucinas e por células
É mais prevalente em áreas de alto risco e está mais colunares mucossecretoras em vários estágios de
ligado a fatores ambientais como álcool, tabaco e dieta. diferenciação que produzem uma mistura de
Está causamente relacionado ao H.pylori. sialomucinas e mucinas neutras; raramente, há secreção
de sulfomucinas. Algumas células apresentam borda em
O adenocarcinoma do tipo difuso é mais frequente em escova rudimentar e não há células de Paneth.
populações de baixo risco, acomete igualmente ambos
os gêneros, em torno de 50 anos de idade, não tem
relação com gastrite crônica atrófica nem com
metaplasia intestinal, origina-se provavelmente em
epitélio gástrico normal e é constituído por células
isoladas com tendência a produzir e acumular muco
intracelular.
O evento carcinogênico principal nos carcinomas difusos
do estômago é a perda de expressão da E-Caderina, uma
importante proteína de superfície celular responsável
por conexões intracelulares e manutenção da
organização tissular epitelial. Geralmente o tipo difuso
tem pior prognóstico, pode ter relação com
hereditariedade, e ocorre em indivíduos mais jovens.
Metaplasia intestinal
Consiste na substituição do epitélio gástrico por epitélio Notar o aspecto arborescente das fovéolas e epitélio
com fenótipo intestinal, associado ou não a fenótipo com características híbridas, intestinal (células
gástrico. A MI parece representar adaptação da mucosa caliciformes e mucinas ácidas) e gástricas (células
gástrica à agressão prolongada por diversos agentes mucossecretoras contendo mucinas neutras (cor
(alimentos e infecção pelo H. pylori). magenta).
3. tipo III (incompleto). As glândulas apresentam maior de muco e sem alterações arquiteturais expressivas. A
distorção arquitetural do que no tipo II, e o epitélio pode lesão acomete predominantemente o epitélio com MI.
apresentar atipias e perda da diferenciação (displasia de
A displasia de alto grau é reconhecida mais facilmente.
baixo grau). As células colunares secretam
As alterações citológicas são intensas, encontrando-se
preferencialmente sulfomucinas e podem apresentar
pseudoestratificação, núcleos em toda a espessura do
borda em escova rudimentar. As células caliciformes
epitélio, hipercromasia nuclear, macronucléolos e
contêm sialo e/ou sulfomucinas. Não há célula de
mitoses (frequentemente atípicas); as alterações
Paneth.
arquiteturais são muito pronunciadas, havendo
Caracterizada por células não caliciformes que secretam justaposição glandular e aspecto cribriforme.
mucinas sulfatadas (de cor marrom) ao lado de células
No AG do tipo intestinal, admitese que: (1) parte deles
caliciformes (em azul).
desenvolva-se em uma sequência de eventos que
incluem as lesões pré-cancerosas, como MI e displasia
em epitélio com MI; (2) certo número de casos origina-se
na mucosa gástrica sem lesões prévias (neoplasia de
novo) ou com displasia em epitélio gástrico não
metaplásico.
No adenocarcinoma
ÊMBOLOS NEOPLÁSICOS EM VASOS LINFÁTICOS. Na
profundidade, o tumor se propaga extensamente
através de êmbolos em linfáticos. Em muitos, as células
neoplásicas formam luzes glandulares. Os linfáticos são
reconhecíveis pelos espaços em volta dos blocos
celulares, e pelas células endoteliais, cujos núcleos
alongados margeiam a luz.
Displasia
Displasia é uma lesão plana caracterizada por atipias
citológicas e arquiteturais e distúrbios da proliferação e
diferenciação celulares que se origina, na maioria dos
casos, em focos de MI, quase sempre do tipo
incompleto.
As atipias celulares caracterizam-se por pleomorfismo,
hipercromasia e estratificação nucleares, aumento da
relação núcleo/citoplasma, aumento da basofilia do
citoplasma e perda da polaridade celular.
Diferenciação anormal manifesta-se por redução,
desaparecimento ou alteração na secreção de muco e
perda ou redução do número de células caliciformes e Manifestações clínicas
absortivas (quando presentes na MI). Aumento da
proliferação celular e desorganização arquitetural O câncer gástrico, geralmente, se apresenta com
expressam-se por: (a) figuras de mitose, por vezes sintomas pouco específicos e vagos. Dentre os sintomas
atípicas; (b) núcleos contendo macronucléolos; (c) mais frequentes estão perda de peso, fadiga, anorexia,
irregularidades, projeções ou ramificações das criptas; sensação de plenitude gástrica, epigastralgia, disfagia,
(d) crescimento papilar, intraluminal e superficial do náuseas, desconforto abdominal, melena. Nenhum
epitélio; (e) despolarização e justaposição glandulares. desses sintomas é específico de câncer gástrico, sendo
esse um dos motivos do retardo no diagnóstico inicial.
A displasia é classificada como de baixo ou de alto grau
de acordo com a intensidade das alterações descritas. A linfadenomegalia associada ao câncer gástrico, às
Na displasia de baixo grau, as alterações citológicas e a vezes, recebe nomenclatura especial: linfonodo supra
perda da diferenciação celular são de pequena clavicular à esquerda - Virchow, linfonodo periumbilical
intensidade e caracterizam-se por aumento discreto da – irmã Maria José, axilar a esquerda - Irish; massa
proliferação celular, hipercromasia e despolarização palpável em fundo de saco ao exame retal – platereira
nucleares e núcleos contendo nucléolos, sem de Blumer. A disseminação para ovário é denominada
pseudoestratificação, com discreta redução da secreção de tumor de Krukenberg. Pode haver ascite, icterícia e
massa palpável abdominal, hepatomegalia por
metástases em doença mais avançada.
INFILTRAÇÃO DA CAMADA MUSCULAR. O tumor infiltra
extensamente a camada muscular própria do estômago,
dissecando entre os feixes. Há intenso infiltrado de
eosinófilos entre os blocos neoplásicos.
Tratamento
O tratamento do câncer gástrico varia de acordo com o
estadiamento da doença. O câncer precoce (limitado às
camadas mucosa e submucosa) pode ser tratado com
ressecção endoscópica (em geral lesões menores de
2cm, bem diferenciadas, restritas à mucosa, não
ulceradas e sem invasão angiolinfática) ou gastrectomia
com linfadenectomia a D1.
As lesões avançadas são tratadas com gastrectomia a D2
associada a tratamento (neo)adjuvante, contemplando
quimioterapia e, eventualmente, radioterapia.
TRATAMENTO NEOADJUVANTE
O tratamento neoadjuvante está indicado em pacientes
com doença localmente avançada (DLA). A DLA é
definida como tumores T3/T4 ou N1 potencialmente
ressecáveis sem metástases à distância, identificadas em
métodos de imagem ou laparoscopia.