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SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................... 3
2. Fisiologia Endócrina................................................... 3
3. Quadro Clínico.............................................................. 4
4. Etiologias........................................................................ 7
5. Diagnóstico................................................................... 9
Referências Bibliográficas..........................................16
HIPOTIREOIDISMO 3

1. INTRODUÇÃO de tireotrofina (TRH) e esse, por sua


vez, atua sobre a hipófise induzindo à
A tireoide é um órgão de grande im-
produção de um outro hormônio que é
portância para nosso corpo, uma vez
o hormônio estimulador da tireoide ou
que ela é responsável por produzir
tireotrópico (TSH). A partir daí, o que
hormônios que regulam grande parte
acontece é que esse hormônio cai na
do nosso metabolismo. Dessa for-
circulação sanguínea e segue até os fo-
ma, toda vez que ela falha ou que seu
lículos tireoidianos, onde ele vai estimu-
funcionamento é insuficiente, o indi-
lar a produção e a secreção de T3 e T4.
víduo entra em um quadro de Hipoti-
reoidismo (HipoT), uma doença cuja
prevalência varia de 0,1 a 2% da
população mundial, sendo mais co-
mum entre pessoas com mais de 65
anos e do sexo feminino (8:1).

CONCEITO! Hipotireoidismo é definido


como um estado clínico em que a quan-
tidade de hormônios tireoidianos cir-
Figura 1: Ilustração da anatomia da tireoide. Disponível
culantes é insuficiente para suprir uma em: https://bit.ly/2S1IQon.
função orgânica normal.
A tireoide é uma glândula bilobada que
se situa na porção anterior do pesco-
Mas para que a gente possa se apropriar ço (normalmente ao nível de C5-T1)
do que é que está acontecendo no cor- e cuja principal função é produzir os
po de um paciente com HipoT, vamos hormônios tireoidianos T3 e T4, sendo
relembrar alguns tópicos importantes que para tal, ela conta com uma unida-
com relação à fisiologia endócrina! de funcional que é o folículo tireoidiano.
Esse folículo é uma estrutura mais ou
2. FISIOLOGIA menos esférica e que tem uma pare-
ENDÓCRINA de composta pelas chamadas “células
foliculares” ou “tirócitos”, as grandes
Os hormônios tireoidianos ficam ar-
responsáveis por produzir os hormô-
mazenados e apresentam um sistema
nios tireoidianos. Já no interior desses
de regulação, que é controlado pelo
folículos se encontra uma substância
eixo hipotalâmico-hipofisário. Basi-
gelatinosa que é o coloide, onde to-
camente, o que acontece é o seguin-
dos esses hormônios ficam armaze-
te: o hipotálamo inicia a cadeia através
nados até o momento em que a glân-
da produção do hormônio liberador
dula decide liberá-los na circulação.
HIPOTIREOIDISMO 4

Porém, quem é que vai regular o o hipotálamo e a hipófise vão ser ini-
eixo hipotalâmico-hipofisário dizen- bidos e não vai haver estímulos para
do quando que precisa ou não libe- produção de hormônios tireoidianos.
rar T3 e T4? Os próprios T3 e T4! Por outro lado, quando os níveis de
Mas vamos com calma… T3 e T4 estiverem baixos, é como se
A ideia é a seguinte: T3 e T4 atuam essa inibição cessasse e aí vai haver
como inibidores de TRH e TSH. As- mais produção de TRH e TSH para
sim, toda vez que eles estiverem altos, regular a liberação de T3 e T4.

FISIOLOGIA ENDÓCRINA

TRH TSH
HIPOTÁLAMO HIPÓFISE TIREOIDE

T3
e
T4

Para fechar essa revisão, então, uma 3. QUADRO CLÍNICO


vez já tendo entendido como os hor-
Quando a gente entende toda essa
mônios são liberados, nos resta en-
fisiologia endócrina, fica mais fácil
tender a ação que eles têm sobre o
de imaginar como que o paciente se
corpo. Pois bem… de maneira prática,
apresentará para a gente. Ora, se a
o T3 atua controlando o metabolis-
atuação do T3 e do T4 é na realização
mo geral do corpo, ao passo em que
do metabolismo, quando a pessoa
o T4 é um pré-pró-hormônio para
entra em um quadro hipotireoidismo,
T3, mas o que isso significa? Significa
o que ela vai ter é uma redução me-
que ele não tem uma ação muito es-
tabólica e isso se manifesta através
pecífica, mas ele é liberado no sangue
de uma hipoatividade generalizada,
e aí pode ser convertido em T3 nos
associada a um acúmulo de glicosa-
tecidos (especialmente os ricamente
minoglicanos no interstício dos te-
vascularizados, como rins e fígado).
cidos. Por isso que vamos investigar
todos os sistemas do paciente!
HIPOTIREOIDISMO 5

Sinais e sintomas do hipotireoidismo


SINAIS E
SISTEMA
SINTOMAS
• Fadiga • Rouquidão
Gerais • Intolerância ao frio • Fala lenta
• Ganho de peso • Movimento lento
Tireoide • Bócio
• Pele fria e pálida • Discromia
• Edema facial/mão/pé • Cabelo ressecado
Pele, cabelo e unha
• Mixedema • Queda de cabelo
• Hipoidrose • Madarose
• Bradicardia
Cardiovascular • Derrame pericárdico
• HAS secundária
• Derrame pleural • Rinite crônica
Respiratório
• Apneia do sono • Hipoventilação
• Hipomotilidade
• Hipogeusia
Gastrintestinal • Constipação
• Menos apetite
• Ascite
• Mentruação irregular • Redução de libido
• Amenorreia • Disfunção erétil
Reprodutor
• Menorragia • Oligoespermia
• Puberdade precoce • Galactorreia
• Taxa de filtração glomerular reduzida
Renal • Creatinina aumentada
• Hiponatremia
• Artralgia • Cãibra
Osteosmuscular • Rigidez articular • Fraqueza
• Mialgia • Pseudomiotonia
• Pseudodemência • Humor deprimido
• Reflexos lentos • Raciocínio lento
Neurológico
• Ataxia cerebelar • Sonolência
• S. Túnel do Corpo • Parestesia
Hematológico • Hipocoagulação

A maioria desses sintomas é de fácil de um paciente com hipoatividade me-


compreensão, mas existem alguns que é tabólica se apresentar com essas ma-
interessante a gente comentar um pou- nifestações? É o acúmulo de glicosa-
co pra entender como ocorrem ou como minoglicanos no interstício! No caso
deve ser nosso raciocínio nesses casos. da rouquidão, esse acúmulo ocorre
Primeiro, vamos pensar na rouqui- nas cordas vocais, enquato que para
dão e na HAS Secundária. O que faz causar HAS, é preciso que ele ocorra
HIPOTIREOIDISMO 6

nos vasos, reduzindo o seu diâmetro, e T4, o TSH vai estar aumentado e
o que leva a um aumento da resistên- estimulando a glândula, o que leva a
cia periférica. Nessa mesma linha de uma hipertrofia das células na tenta-
raciocínio entra o mixedema gene- tiva de controlar o quadro.
ralizado, que ocorre justamente pelo
depósito de mucopolissacarídeo na
pele, formando edema sem cacifo!
Já o bócio, por sua vez, é o cresci-
mento da glândula tireoide como
mecanismo compensatório para ten-
tar produzir mais hormônios. Basica- Figura 2: Ilustração de um bócio tireoidiano. Disponível
em: https://bit.ly/2S1IQon.
mente, como haverá uma baixa de T3

SAIBA MAIS!
No Brasil desde 1974 é obrigatório a comercializaçao de sal refinado somente com enrique-
cimento com iodo, na prevenção do bócio. Embora o texto original da legislação traga quan-
tidade de 10 miligramas, a lei foi modificada 20 anos depois e traz que as normas devem
seguir a recomendação de portarias do Ministério da Saúde. A atual portaria (RDC nº 23, de
24 de abril de 2013) traz a quantidade entre 15 e 45 miligramas por quilo de sal.

Além disso, o HipoT ainda provoca em alguns diagnósticos diferenciais


uma lentificação do fluxo linfático e é para isso.
isso que justifica a ocorrência do der-
Com relação à pseudodemência,
ramamento de líquido, que pode levar
ela é mais comuns em pacientes
ao derrame pleural ou pericárdico e
idosos e por isso, quando estamos
também à ascite e ao edema facial e
suspeitado de Alzheimer nesses
em mãos e pés.
pacientes, é importantes lembrar-
Por fim, toda essa hipoatividade me- mos do HipoT pois talvez seja ele o
tabólica também pode afetar o Siste- causador de tudo. Já no que tange
ma Neurológico do paciente e aí tem ao humor deprimido, como é de
2 coisas bem marcantes aqui nesse se imaginar, a ideia é a gente lem-
quadro: a) a pseudodemência (que brar do HipoT como diagnóstico
nada mais é do que um déficit cog- diferencial quando estivermos sus-
nitivo); e b) o humor deprimido. E peitando de uma depressão para o
por que isso é tão importante aqui? paciente.
Porque nós vamos ter que pensar
HIPOTIREOIDISMO 7

QUADRO CLÍNICO

Fadiga e fraqueza
Letargia Humor
deprimido

Ganho de peso Constipação

Hipoatividade
generalizada

Mixedema Acúmulo de Quadro


generalizado glicosaminoglicanos
clínico

HAS

Rouquidão Hiper Estimulação


Bócio tireoidiano
da glândula

4. ETIOLOGIAS Sendo que essas duas últimas clas-


Uma vez tendo levantado a suspeita ses costumam ser somadas e referi-
de HipoT, a gente tem que começar das como sendo um “Hipotireoidis-
a pensar em qual é a provável cau- mo Central”. Mas enfim… de todos
sa para esse quadro. E aí é precisa ter esses tipos, o primário é, de longe, o
em mente o Hipotireoidismo costuma mais comum, sendo responsável por
ser classificado em 3 tipos de acordo cerca de 90% dos casos de HipoT. E
com a origem do problema: aí nesse grupo existem várias causas
possíveis como: iatrogenia, radioabla-
• Primário (problema na tireoide); ção da tireoide, tireoidectomia, uso de
• Secundário (problema na hipófise); drogas como amiodarona, lítio e tio-
namidas e também a dieta pobre em
• Terciário (problema no hipotálamo).
iodo - sendo que esse último fator já
HIPOTIREOIDISMO 8

foi muito relevante na saúde pública, • Antirreceptor de TSH;


mas diminuiu bastante desde a lei de
• Antitransportador de Iodo.
1956 que determinava a colocação
de iodo misturado ao sal de cozinha
(um produto que é consumido por to- SE LIGA! Entre os autoanticorpos, o an-
ti-TPO e o anti-TG costumam estar pre-
das as classes sociais).
sentes em cerca de 95-100% dos ca-
No entanto, a principal cauda de Hi- sos, enquanto que os outros dois só em
poT hoje em dia (em regiões onde cerca de 15-20%.

não há carência de iodo) é a famosa


Tireoidite de Hashimoto. E o que a gente tira disso tudo? É que
na Tireoidite de Hashimoto, a glân-
dula do paciente vai ser destruída
Tireoidite de Hashimoto aos poucos pelo Sistema Imunológi-
Trata-se de uma doença autoimune, co e é justamente isso que nos faz
o que implica dizer que a base de todo entender uma questão bem peculiar
o problema está na quebra da autoto- do quadro clínico desses pacien-
lerância! Ainda não se sabe ao certo tes: no início da doença, pacientes
o que leva a isso, mas provavelmen- com Tireoidite de Hashimoto vão
te há uma associação de fatores am- desenvolver um quadro de hiper-
bientais (como dietas ricas em iodo) tireoidismo!
e fatores genéticos (possivelmente Então... por que isso acontece? Justa-
mutações no gene CTLA-4). mente pela destruição dos folículos ti-
No final das contas, o que acontece reoidianos. Lembra que a gente falou
é que nosso próprio Sistema Imuno- que dentro dos folículos fica o coloi-
lógico vai iniciar uma reação contra o de, que é uma substância gelatinosa
tecido tireoidiano, que pode ser pela em que os hormônios T3 e T4 ficam
via celular, por meio do ataque direto sendo armazenados até o momen-
de linfócitos TCD8+; ou pela via hu- to em que são liberados na corrente
moral, através da produção de auto- sanguínea? Pois bem… quando o folí-
anticorpos, sendo culo rompe, o coloide
que dentre esses, extravasa e faz com
os principais são os que toda a produção
seguintes: hormonal seja libe-
rada sem qualquer
• Antitireoperoxi-
regulação, o que au-
dase (anti-TPO);
menta os seus níveis
• Antitireoglobuli- plasmáticos levando
na (anti-TG); ao Hipertireoidismo.
HIPOTIREOIDISMO 9

Com o avançar do quadro, no entan- regride para um estado normal e de-


to, cada vez menos folículos estarão pois evolui para um HipoT.
disponíveis na tireoide e aí o paciente

SAIBA MAIS!
A tireoidite tem esse nome em homenagem ao japonês Hakaru Hashimoto, que descreu pri-
meiro a doença em 1912, dando o nome de “Tireoidite linfocitica crônica”. Apesar de sua
origem, o artigo foi escrito em alemão, visto a notoriedade da importância da língua nas publi-
cações científica na época. Para saber mais, a Sociedade Brasileira de Pediatria publicou um
mini-biografia sobre esse grande médico: Link: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_uplo-
ad/Mini-Biografia-Hakaru_Hashimoto-DC.Endocrinologia.pdf

5. DIAGNÓSTICO lares, aumento de prolactina e go-


nadotrofinas e assim por diante. No
Do mesmo jeito que os seus sintomas
entanto, o que vai realmente nos dar
são sistêmicos, o HipoT pode causar
o diagnóstico de Hipotireoidismo são
uma série de alterações laboratoriais
2 exames: o TSH e o T4L. E nos re-
como, por exemplo, anemia, dislipi-
sultados poderemos nos dar de cara
demia, elevação de enzimas muscu-
com 3 situações:

Dosagem TSH e T4L

TSH T4L TSH T4L ok TSH T4L

Primário Subclínico Secundário

Situação 1: TSH elevado/ o TSH elevado), mas a glândula não


T4L reduzido responde e o nível do T4L continua
reduzido. Isso nos indica que o pro-
Nessa primeira situação, a gente ob-
blema aqui está na própria glândula,
serva que o eixo hipotalâmico-hipofi-
que não está respondendo aos regu-
sário está atuando em maior ativida-
ladores endócrinos. Ou seja, é um Hi-
de para estimular a tireoide (por isso
poT Primário.
HIPOTIREOIDISMO 10

Situação 3: TSH reduzido


SE LIGA! Um Hipotireoidismo central T4L reduzido
decorrente de algum defeito na molécu-
la de TSH também poderá se apresentar Por fim, na terceira situação o pacien-
com TSH elevado e T4L reduzido. te retornou para a gente trazendo um
TSH reduzido (ou até normal em al-
Situação 2: TSH elevado guns casos), mas um T4L reduzido. O
T4L normal que isso quer dizer? Pensa o seguinte:
em se tratando de um quadro de Hi-
Nesse outro caso, agora, o TSH tam- poT, já era esperado que o T4L viesse
bém está elevado, indicando para a reduzido, não é mesmo? Contudo, fi-
gente que o eixo hipotalâmico-hipo- siologicamente, ter pouco hormônios
fisário está em grande atividade para tireoidianos circulando vai hiper ativar
compensar o quadro, só que aqui o eixo hipotalâmico-hipofisário e não
ele consegue e aí o que a gente vê é isso que observamos aqui. Mesmo
é que o paciente mantém níveis de com baixo T4L, o TSH também está
T4L adequados, só que à custa de baixo. Ele não está reagindo e isso
um TSH muito elevado. Dessa for- nos faz pensar que o problema todo
ma, podemos dizer que se trata de seja central (hipotálamo ou hipófise).
um HipoT Subclínico, que ainda não
descompensou, mas que pode evo-
luir para tal. Outros exames
Isso tudo já é suficiente para definir
a causa do HipoT? Não. O que esses
CONCEITO! Hipotireoidismo subclí-
nico é a presença de níveis circulantes exames nos permitem é identificar
de hormônio tireoidiano normal, com hi- a síndrome, mas para concluir a sua
perprodução de TSH demonstrando um real causa, aí é necessário requisitar
possível falência da glândula
alguns exames mais específicos - nos
casos de Tireoidite de Hashimoto, por
exemplo, o exame que vai nos fazer
realmente bater o martelo é o Anti-T-
PO e Anti-TG.
HIPOTIREOIDISMO 11

DIAGNÓSTICO

TSH T4L TSH T4L TSH T4L

Elevado Reduzido Elevado Normal Reduzido Reduzido

Hipotálamo-hipófise -
Hipotálamo-hipófise - OK Hipotálamo-hipófise - OK
não funcionantes
Tireoide - não funcionante Tireoide - respondente
Tireoide – Precisa avaliar

Hipotálamo-hipófise -
Hipotálamo-hipófise - OK Hipotálamo-hipófise - OK
não funcionantes
Tireoide - não funcionante Tireoide - respondente
Tireoide – Precisa avaliar

Anti-TPO

Outros exames

Anti-TG
HIPOTIREOIDISMO 12

Rastreamento dição - que, inclusive, é mais simples


do que a gente imagina.
É indicado que seja feito o rastre-
amento de HipoT em pacientes que Apesar se haver várias causas pos-
apresentem com: síveis para um quadro de HipoT, não
existe um tratamento específico para
Bócio Síndrome de Down/Turner
cada uma delas, de modo que a gente
Trat. de tireotoxicose Dislipidemia
acaba focando mais em tratar o esta-
Doença automimune Tireoidite pós-parto
Medicamentos Idade
do hipotireoidiano do que a etiologia
em si.
Dessa forma, a droga de escolha aqui
Com relação à idade existe mui- é chamada de “Levotiroxina”. E esse
ta discordância na literatura. Algu- fármaco consiste, basicamente, no
mas referências definem que deve hormônio T4. No entanto, se quem
ser feito a cada 5 anos em pessoas tem ação no metabolismo é o T3, por
com mais de 35 anos de idade. Ou- que não administramos logo esse
tra defende que basta investigar em hormônio? Por 2 motivos:
pacientes com mais de 19 anos e
A Liotironina (T3) é um fár-
que tenha fator de risco. E há ainda
maco que tem uma meia
quem ache que basta investigar em
vida muito curta (24h) quan-

1
pacientes idosos (especialmente do
do comparada aos 7 dias da
sexo feminino).
Levotiroxina;
Fornecendo T4, a gente per-
SE LIGA! O rastreio em mulheres se mite que o organismo tenha
deve principalmente a condições au-
toimunes associadas, como à tireoidite
um certo controle sobre os
de Hashimoto. Já em idosos se deve, níveis de hormônio tireoidia-
além da prevalência própria da idade, no pois, como já vimos, ele
de diagnósticos diferencias como qua- consegue transformar T4

2
dros demenciais, depressão e doenças
sistêmicas como as cardiovasculares em T3 nos tecidos. Daí, se
e renais. Em outros públicos o rastreio optássemos por administrar
varia de acordo com o protocolo, sendo o T3 direto, precisaríamos ter
indicado sempre na suspeita da doença
ou fatores de risco importantes, como a
um controle muito bom das
presença de doença tireoidiana em pa- doses para evitar concentra-
rentes de grau próximo. ções mais altas ou mais bai-
xas do que o indicado.
Uma tendo feito o diagnóstico de Hi-
potireoidismo, a gente pode, então,
seguir para o tratamento dessa con-
HIPOTIREOIDISMO 13

A administração da Levotiroxina é ◊ Sertralina


realizada, geralmente, pela manhã, ◊ Estatina
ainda em jejum (cerca de 30 minutos
antes de comer), sendo que a dose • Drogas que reduzem a absorção
indicada varia de acordo com a idade, da Levotiroxina
como podemos ver no quadro abaixo: ◊ Carbonato de Cálcio
IDADE DOSE ◊ Sulfato Ferroso
1-3 anos 4-6 mcg/kg/dia
◊ Hidróxido de Alumínio
3-10 anos 3-5 mcg/kg/dia
10-16 anos 2-4 mcg/kg/dia
> 17 anos 1-2 mcg/kg/dia Já com relação a situações em que
nós deveremos começar com do-
ses mais baixas, temos os seguintes
As doses serão sempre essas daí?
exemplos:
Não, existem algumas situações que
pedem doses mais altas e outras em • Terapia androgênica em mulheres
que será necessário usar uma dose • Envelhecimento (> 65 anos)
mais baixa. Primeiro com relação aos
casos em que é necessário usar do- • Cardiopatas
ses mais altas, os principais exem- • Hipotireoidismo grave e de longa
plos são: duração
• Gestantes;
• Condições que interferem na A reavaliação do paciente deve ser
transformação de T4 em T3 realizada em 45 dias e, depois que
◊ Cirrose ele estiver estabilizado, só é preciso
revê-lo a cada 6 ou 12 meses. Con-
◊ Deficiência de Selênio tudo, tem um ponto daqui que é mui-
• Condições que causem má absor- to importante para a gente: como é
ção intestinal que deve ser feita essa reavaliação
do paciente? Então… em sendo um
◊ Doença Inflamatória Intestinal
hipotireoidismo primário, o nosso
◊ Cirurgia Bariátrica referencial será o TSH (que deve es-
• Drogas que aumentam o metabo- tar em 0,5-5 mU/L). Agora, se for um
lismo hepático HipoT central, aí o referencial muda
e vamos nos basear no T4L (0,7-1,8
◊ Estrogênio
ng/dL).
◊ Rifampicina
HIPOTIREOIDISMO 14

surgimento de sintomas importantes.


HipoT Primário TSH
São eles:
(0,5-5 mU/L)
TSH > 10 mU/L Cardiopatia
Gravidez Crianças

HipoT Central T4L


(0,7-1,8 ng/dL)
Hipotireoidismo secundário
a tireidectomia
Hipotireoidismo Subclínico
Em algumas situações é necessário
O Hipotireoidismo Subclínico nem a retirada da glândula tireoide, como
sempre precisará ser tratado, uma vez por exemplo na presença de neo-
que o paciente vai estar sem qualquer plasias malignas ou para a correção
sintoma. No entanto, existem alguns e tratamento de um hipertireoidismo
fatores que podem nos fazer optar importantes. Nessas situações, deve
por iniciar logo o tratamento por re- ser resposto o hormônio tireoidiano
presentarem um maior risco ao pa- para suprir as necessidades do cor-
ciente. O tratamento nesses casos é po, visto que a glândula se encontra
para evitar a piora do paciente com ausente, com produção corporal de
hormônio em zero.
HIPOTIREOIDISMO 15

MAPA RESUMO

Rouquidão Intolerância ao frio

Fadiga e fraqueza Perda de cabelos

Dose variável
Ganho de peso Constipação
e ajustável
individualmente
Letargia Mialgia/Artralgia

Sinais e sintomas Reposição hormonal


TSH > que valor de T4 < que valor com Tiroxina
referência (>4,5mUI/L) referência (<0,7ng/L)
Tratamento
Evitar tireotoxicose
iatrogênica
Características
Primário
laboratoriais Hipotireoidismo

Interrupção da
Disfunção da glândula
síntese e secreção de
tireoide
T3 e T4
Secundário

T4 < que valor


referência (<0,7ng/L)
Produção central Características
inadequada de TSH laboratoriais
TSH < que valor de
referência (>0,5mUI/L)
HIPOTIREOIDISMO 16

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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HIPOTIREOIDISMO 17

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