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Caso Clínico 1 - Doença de Graves

Licenciatura em Imagem Médica e Radioterapia

1º semestre do 3ºano – Estudos de casos Toraco-Abdomino-pélvicos

Trabalho realizado por: André Bonito (nº:20201492) ; Carolina Vindima(nº20191721) ; Dália


Almeida (nº20201495)

Docentes: Domingos Vieira


Índice

1. Introdução ................................................................................................................................ 3
2. Anatomia e fisiologia da tiróide .............................................................................................. 4
2.1. Anatomia interna da tiróide ..................................................................................................... 4
2.2 Fisiologia da tiróide .................................................................................................................. 5
3. Doença de Graves.................................................................................................................... 6
3.1 O que é?.................................................................................................................................. 6
3.2 Etiologia................................................................................................................................... 6
3.3 Epidemiologia .......................................................................................................................... 7
3.4 Sintomatologia ........................................................................................................................ 7
4. Exames de Diagnóstico ........................................................................................................... 8
5. Cintigrafia da tiróide ............................................................................................................... 9
5.1 Objetivo do exame ................................................................................................................... 9
5.2 Administração do radiofármaco ................................................................................................ 9
5.3 Preparação do doente............................................................................................................ 10
5.4 Instrumentação e condições de aquisição .............................................................................. 11
5.5 Tipo de imagens a serem adquiridas ...................................................................................... 11
6. Cuidados pós-exame e fontes de erro .................................................................................. 12
7. Tratamento da doença de Graves ......................................................................................... 13
8. Interpretação dos resultados obtidos ................................................................................... 15
7. Referências bibliográficas..................................................................................................... 16

Índice de figuras
Figura 1 : Imagem anatómica da glândula do rim (Fisiopatología de Tiroides, n.d.) ........................... 5
Figura 2 : Processo fisiológico da glândula da tiróide onde há a produção de hormonas tiroxinas bem
como a estimulação da hormona TSH e TRH(Fisiologia Da Glândula Tireóide | Infomedica Wiki |
Fandom, n.d.) .................................................................................................................................... 6
Figura 3 : Diferentes características dos radiofármacos que podem ser utilizados para a realizar a
cintigrafia da tiróide bem como o tratamento da tiróide(Giovanella et al., 2019b) .............................. 10
Figura 4: Diferenças entre uma imagem planar onde é possível visualizar a tiróide sem patologia
(imagem de esquerda) e com patologia (Imagem da direita)(Tireotoxicose Por Doença de Graves |
MedicinaNET, n.d.) .......................................................................................................................... 12
Figura 5: Imagem estática da glândula da tiroide: as regiões a vermelho mostram uma maior
hipercaptação do radiofármaco enquanto que as regiões mais claras mostram uma hipocaptação do
radiofármaco (Cintilografia Da Tireoide - Indicações, Preparação, Interpretação, n.d.) ..................... 15

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1. Introdução
No âmbito da unidade curricular de estudos de caso Toraco-Abdomino-Pélvicos, no módulo
de Medicina Nuclear, foi-nos proposto realizar um caso clínico sobre uma determinada
patologia.

O caso clínico em causa refere-se a uma mulher com 47 anos de idade que atualmente se
encontra desempregada e que apresenta uma altura de 1,62 m. A doente em causa queixa-
se de ter perdido subitamente de peso, apesar ter excesso de apetite e que para além deste
sintomas refere apresentar um inchaço no pescoço e de andar constantemente cansada. Por
fim, queixou-se ainda de andar frequentemente com náuseas e com calores súbitos como
também apresentar edema ocular.

Face à sintomatologia demonstrada, suspeita-se que se trata da Doença de Graves que


também pode ser confirmada pela sua idade uma vez que esta doença tem maior incidência
em pessoas com idades compreendidas entre os 30 e 50 anos.

Para a realização do diagnóstico deste tipo de doença é recomendado realizar uma cintigrafia
da tiróide. Assim, ao longo deste relatório, falaremos de nomeadamente desta doença
sobretudo sobre a sua anatomia e fisiologia, sintomatologia bem como o diagnóstico e
terapêutica

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2. Anatomia e fisiologia da tiróide
A glândula tiróide é uma glândula endócrina localizada na região anterior do pescoço,
inferiormente e anterior à laringe, revestindo a parte anterior da traqueia, estando em
situações normais, centrada a nível da quinta vértebra cervical (C5) e da primeira vértebra
dorsal (D1), e pesa, aproximadamente, 15 a 25 gramas sendo esta a maior glândula
endócrina do organismo. (Anatomia e Fisiologia Da Tiróide - Medipédia, Conteúdos de Saúde,
n.d.; Glândula Tireoide: Anatomia, Histologia e Função | Kenhub, n.d.)

A sua forma é semelhante a uma borboleta, formada por dois lobos, direito e esquerdo, cada
um com cerca de 4 a 6 cm de comprimento, 1.5 cm de largura e 2 a 3 cm de espessura. Estes
lobos estão ambos ligados por uma estreita porção de tecido, denominada de istmo e esta é
altamente vascularizada tendo uma coloração vermelho-acastanhada. Em alguns indivíduos
pode ainda existir um terceiro lobo denominado de lobo piramidal tendo este uma estrutura
cônica que se estende desde o istmo até ao osso hioide. (Anatomia e Fisiologia Da Tiróide -
Medipédia, Conteúdos de Saúde, n.d.; Glândula Tireoide: Anatomia, Histologia e Função |
Kenhub, n.d.)

Visualmente a glândula da tiróide não é visível nem palpável no pescoço. (Anatomia e


Fisiologia Da Tiróide - Medipédia, Conteúdos de Saúde, n.d.; Glândula Tireoide: Anatomia,
Histologia e Função | Kenhub, n.d.)

2.1. Anatomia interna da tiróide


A glândula tiróide é revestida por uma camada de tecido conjuntivo, por onde saem finos
septos que passam para o interior da tiróide e que se dividem em inúmeros e pequenos
lóbulos. Cada um destes pequenos lóbulos contém no seu interior dezenas de pequenas
vesículas esféricas, denominadas folículos. (Anatomia e Fisiologia Da Tiróide - Medipédia,
Conteúdos de Saúde, n.d.; Glândula Tiróide: Anatomia, Histologia e Função | Kenhub, n.d.)

Cada folículo é constituído por uma fina parede composta por uma única camada celular,
estando interiormente ocupado por uma substância viscosa denominada colóide. A forma das
células da parede do folículo é cúbica, podendo variar nas suas dimensões dependendo do
estado funcional da glândula. (Anatomia e Fisiologia Da Tiróide - Medipédia, Conteúdos de
Saúde, n.d.; Glândula Tiróide: Anatomia, Histologia e Função | Kenhub, n.d.)

Por outro lado, localizadas entre os folículos, existem outras células, isoladas ou juntas com
pequenos grupos, denominadas células parafoliculares ou células C tendo como principal
objetivo fabricar uma hormona tiroideia, a calcitonina, cuja função está associada com as

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hormonas paratireoides. (Anatomia e Fisiologia Da Tiróide - Medipédia, Conteúdos de Saúde,
n.d.; Glândula Tiróide: Anatomia, Histologia e Função | Kenhub, n.d.)

Figura 1 : Imagem anatómica da glândula da tiróide


(Fisiopatología de Tiróides, n.d.)

2.2 Fisiologia da tiróide

A principal função da tiróide é a produção da hormona tiroxina, igualmente designada de


tetraiodotironina, sendo denominada abreviadamente de T4, e triodotironina, ou T3. Estas
hormonas são distinguidas através da sua composição de iodo, estando estas responsáveis
principalmente pelo controlo do metabolismo interno do organismo, sendo também
indispensáveis para o crescimento físico e o desenvolvimento mental das crianças. As duas
hormonas, de ação idêntica, são produzidas nos folículos tiróideos através do estímulo da
hormona tirotropina (TSH), cuja sua libertação está dependente do fator hipotalâmico
libertador da tirotropina (TRH). (Anatomia e Fisiologia Da Tiróide - Medipédia, Conteúdos de
Saúde, n.d.; Glândula Tireoide: Anatomia, Histologia e Função | Kenhub, n.d.)

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Figura 2 : Processo fisiológico da glândula da tiróide
onde há a produção de hormonas tiroxinas bem como a
estimulação da hormona TSH e TRH(Fisiologia Da
Glândula Tireóide | Infomedica Wiki | Fandom, n.d.)

3. Doença de Graves

3.1 O que é?
A doença de Graves é uma doença autoimune que é caracterizada por uma estimulação
inapropriada da glândula tiróide por auto-anticorpos para o receptor da hormona estimuladora
da tiróide. (Elvas,2010)

3.2 Etiologia
Atualmente e à medida dos avanços tecnológicos, hoje ainda não é possível determinar com
precisão a etiologia e as causas que poderão estar na origem deste tipo de patologia. Porém,
vários investigadores relataram que a doença é multifatorial e que poderá ser originada por
uma correlação entre fatores genéticos e fatores ambientais. (Elvas, 2010)

Fatores genéticos

Os fatores genéticos são um dos principais responsáveis pelo surgimento da doença de


Graves sendo que já foram evidenciados que existem diversos genes que podem causar uma
maior probabilidade de aparecimento desta doença. (Elvas, 2010)

Foi demonstrado, que 33% das pessoas, pertencentes à família de um doente que tenha
doença de Graves contraíram a doença autoimune sendo que 56% são capazes de produzir
anticorpos contra a glândula da tiróide. Para além disso, foram realizados outros estudos que
abrangiam gémeos monozigóticos e dizigóticos onde foi concluído que existia uma
semelhança da doença de Graves nestes dois grupos ou seja 33% e 3% respetivamente.
(Elvas, 2010)

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Muitos são o genes que poderão estar na causa do surgimento da doença de Graves
nomeadamente genes haplótipo (HLA-DR3) ou também genes DQA1*0501 e HLA-B8. Por
outro lado, também são muitos os genes que intervêm na resposta imunitária face a este tipo
de patologia como por exemplo o gene CTLA-4. (Elvas, 2010)

Fatores Ambientais

Falado anteriormente dos fatores genéticos, os fatores ambientais desencadeiam com


importância como um dos fatores que estarão na origem da doença de graves nomeadamente
em pessoas geneticamente suscetíveis. (Elvas, 2010)

Um dos fatores que está em causa é a infeção onde pode ser explicada pela reação cruzada
que se baseia na semelhança existente entre um antigénio proteico microbiano e um auto-
antigénio da sequência de aminoácidos que leva ao surgimento de uma reação autoimune
contra o auto-antigénio. (Elvas, 2010)

Dentro dos fatores ambientais ainda existem outros fatores que poderão estar na origem
desta patologia como por exemplo a stress e o tabagismo sendo que este último é mesmo
considerado um dos principais fatores na origem de Graves. (Elvas, 2010)

3.3 Epidemiologia
Como referido anteriormente, a doença de Graves é uma das principais causas que podem
estar associadas ao hipertireoidismo sendo que esta patologia tem uma taxa de prevalência
a rondar 1%. Quanto à sua incidência é mais comum surgir no sexo feminino e por norma
tende em aparecer em idades situadas entre os 40 e 60 anos apesar de puder surgir em
qualquer idade. Além disso, já foram realizados vários estudos que mostram que a
prevalência é idêntica em pessoas de raça branca e asiática, enquanto que em raça negra, a
sua incidência é mais reduzida. (Elvas, 2010)

3.4 Sintomatologia
Os sintomas mais comuns desta patologia podem ser divididos tendo em conta as
características do hipertireoidismo e as características específicas desta doença. Contudo,
os sintomas também poderão variar consoante a gravidade e a duração da doença bem como
com a idade e sexo dos doentes. (Elvas, 2010)

Assim, nos doentes jovens é mais característico surgir sintomas como nervosismo, fadiga,
palpitações, intolerância ao calor e perda peso e frequentemente pode ocorrer o aumento de

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apetite. Por outro lado, para os doentes com maior idade é preciso ter especial atenção
quanto a possíveis sintomas atípicos. Neste tipo de idade, a doença pode surgir com sintomas
relacionados com astenia ou emagrecimento, mas também podem ocorrer alterações
cardíacas de que é exemplo a fibrilação auricular. Já no sexo masculino, podem surgir
sintomas como a ginecomastia ou disfunção erétil enquanto que no sexo feminino é frequente
ocorrer alterações menstruais. Contudo, existe um sintoma específico da doença de Graves
que está relacionado com alterações oculares nomeadamente o surgimento de edemas
oculares. (Elvas, 2010)

4. Exames de Diagnóstico
O diagnóstico da doença de Graves assenta nas características clínicas, bioquímicas e
imagiológicas do hipertiroidismo. (Elvas, 2010)

Relativamente às características clínicas apresentadas pelo doente, estas podem ser


suficientes para obter o diagnóstico, juntamente com sinais de orbitopatia ou dermopatia
(próprios da doença). A associação a estes dados de um alargamento difuso da glândula já
se torna muito sugestiva da doença de Graves. (Elvas, 2010)

Referente às características bioquímicas, é importante confirmar os valores séricos de TSH,


e de T3 e T4 livres, de forma a confirmar o diagnóstico de hipertiroidismo. Se os valores de
TSH sofrerem uma diminuição, este é um dado sugestivo na medida em que mesmo um
aumento ligeiro na secreção tiroideia é suficiente para diminuir a secreção de TSH, devendo
mesmo assim estes valores serem confirmados pelo aumento das hormonas. (Elvas, 2010)

No que concerne às características imagiológicas, maioritariamente, não é necessário a


realização de exames de imagem para o diagnóstico, apenas se for necessário ou para definir
alterações morfológicas da tiróide em consequência da doença. (Elvas, 2010)

Pode ser realizada a cintigrafia com iodo radioativo para distinguir esta patologia, onde existe
grande captação, da tiróide subaguda, em que a captação está diminuída.

Também se pode realizar a ecografia da tiróide de modo a avaliar o fluxo sanguíneo para a
tiróide quando não é executada a cintigrafia ( o fluxo sanguíneo aumentado está relacionado
com um aumento da captação da tiróide). (Elvas, 2010)

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Por fim, caso esteja associada a sintomatologia de outra patologia ( por exemplo a
orbitopatia), é indicado realizar exames mais específicos, como é o caso da TC ou da RM.
(Elvas, 2010)

5. Cintigrafia da tiróide

5.1 Objetivos do exame


Tendo em conta a sintomatologia do doente e todos os dados apresentados, conclui-se que
o exame mais indicado para o estudo deste tipo de patologias é a cintigrafia da tiróide. Assim,
a cintigrafia da tiróide permite que através da utilização de vários radiofármacos seja detetada
e localizada alterações focais e/ou difusas das células da tiróide folicular. Para além disso,
juntamente com a cintigrafia da tiróide pode ser realizada um teste de captação de iodo que
permite avaliar o metabolismo geral do iodo dentro da glândula da tiróide. Por fim, uma
99m 18
imagem da tiróide também pode ser adquirida utilizando o Tc-sestamibi ou o F-DFD
dando informações acerca do comportamento biológico dos nódulos da tiróide
citologicamente desconhecidos.(Giovanella et al., 2019)

5.2 Administração do radiofármaco

A glândula da tiróide é das principais glândulas responsáveis pela captação de iodo no nosso
organismo sendo que esta glândula tem a capacidade de produzir um gradiente de até 20:1
para o plasma. Consistido no metabolismo fisiológico do iodo que ocorre dentro da glândula
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da tiróide, I é um dos principais e ideais radiofármacos para determinar e identificar
patologias como por exemplo a síntese hormonal da tiróide que possam acontecer na
glândula da tiróide devido a este emitir radiação gama na ordem dos 159 Kev permitindo obter
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uma ótima qualidade de imagem. Contudo, o Tc-pertecnetato de sódio é um componente
farmacológico que se encontra no interior das células que constituem a tiroide sendo um
radiofármaco não organificado e por isso a depuração das células da tireóide acontece 30
99m
minutos depois deste radiofármaco ter sido administrado. Por isso, o Tc-pertecnetato de
sódio torna-se um dos radiofármacos mais utilizados para realizar uma cintigrafia da tiróide.
(Giovanella et al., 2019; Weerakkody & Radswiki, 2011)

Quando comparamos as características do 123I e 99mTc-pertecnetato de sódio, verifica-se que


este último tem uma maior disponibilidade em todos os serviços de Medicina Nuclear para
além de possuir uma semi-vida física mais reduzida como também um custo menor. Mas, as
99m
vantagens do TC-pertecnetato de sódio não ficam por aqui. Como referido anteriormente,

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este radiofármaco emite radiação gama possibilitando assim que altas atividades possam ser
administradas sem necessidade da tiróide receber altas doses de radiação. Para além disso,
este radiofármaco permite obter imagens de alta qualidade devido ao elevado fluxo e energia
dos fotões gama. (Giovanella et al., 2019; Weerakkody & Radswiki, 2011)

Concluindo, inúmeras são as vantagens e as desvantagens de ambos os radiofármacos, mas


99m
devido ao custo, disponibilidade e características, o Tc-pertecnetato de sódio é o
radiofármaco mais utilizado para realizar a cintigrafia da tiróide. (Giovanella et al., 2019;
Weerakkody & Radswiki, 2011)

Figura 3 : Diferentes características dos radiofármacos que podem ser utilizados para a
realizar a cintigrafia da tiróide bem como o tratamento da tiróide(Giovanella et al., 2019b)

Através da análise da figura 3 é possível identificar os diferentes radiofármacos que podem


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ser utilizados para realizar a cintigrafia da tiróide, nomeadamente o Tc-pertecnetato de
99m
sódio ou o Iodo-123. Assim, como referido anteriormente, o Tc-pertecnetato de sódio é o
mais utilizado para esta modalidade sendo este administrado endovenosamente sendo que
a dose administrada para adultos para este radiofármaco varia entre os 74 e 111 Mbq.
(Giovanella et al., 2019; Weerakkody & Radswiki, 2011)

5.3 Preparação do doente


De forma a que seja realizada uma boa preparação do doente para a realização do exame,
deve-se ter em conta alguns cuidados que podem melhorar a qualidade do exame. O técnico
deve questionar se a doente está grávida ou se há essa possibilidade. O técnico também
deve interrogar a doente sobre o facto de ter realizado uma dieta sem iodo, se realizou algum
exame com contraste recentemente e se suspendeu a medicação (com iodo na sua
constituição). Caso o técnico ache pertinente, o exame deve ser adiado de forma a que a
qualidade do mesmo não fique prejudicada. Também é da responsabilidade do técnico
informar a doente sobre a duração do exame e responder a qualquer questão feita por parte
da doente. (Giovanella et al., 2019; European Nuclear Medicine Guide, n.d.)

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De forma a ter um posicionamento correto e confortável para a doente, este deve ser
posicionado em decúbito dorsal e com o pescoço em ligeira hiperextensão. Por vezes, pode
ser necessário imobilizar a cabeça do doente. (Giovanella et al., 2019 ; European Nuclear
Medicine Guide, n.d.)

5.4 Instrumentação e condições de aquisição


Para o estudo deste tipo de patologias é recomendado realizar uma cintigrafia da tiróide, já
referido anteriormente. Para tal, é usada uma câmara gama cujo colimador deve ser de
orifícios paralelos e baixa energia e alta resolução ou então deve optar-se pelo uso de um
colimador pinhole. A janela em ambas as situações deve situar-se entre os 15% e 20% sendo
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que esta deve estar centrada nos 149 Kev uma vez que o radiofármaco utilizado é Tc-
pertecnetato de sódio. Usualmente nestes tipos de estudos, é utilizado uma matriz 128 por
128 ou uma matriz de 256 por 256 onde normalmente é usado um fator de zoom de 1.5 a 2.
Assim, as imagens são adquiridas 15 a 20 minutos após a administração do radiofármaco.
(Giovanella et al., 2019)

5.5 Tipo de imagens a serem adquiridas


Após toda a preparação e posicionamento do doente e selecionados todos os parâmetros de
aquisição, procede-se à aquisição de imagens onde são adquiridas imagens anteriores do
pescoço quando atingidas a 100.000 ou 200.000 contagens dependendo do processo que
ocorrer em primeiro lugar. Contudo, é de crucial importância que a distância entre o pescoço
e o colimador seja a mínima possível. Por vezes, a utilização de uma câmara gama com um
campo pequeno pode ser muitas vezes útil para casos específicos como por exemplo em
doentes de cadeiras de rodas ou que tenham claustrofobia. (Giovanella et al., 2019)

Imagens complementares à imagem anterior do pescoço podem ser obtidas utilizando a


modalidade de SPECT fornecendo assim um amplo conjunto de imagens com projeções
oblíquas e tridimensionais. Assim, estes tipos de imagens devem ser obtidas com um zoom
entre o 1 e 1.3 sendo que a matriz deve ter uma dimensão de 128 por 128. Além disso, deve-
se ter em conta que toda a aquisição na modalidade de SPECT deve ter uma rotação de 360º
sendo que o número total de projeções esteja situado entre as 120 e 128 projeções.
(Giovanella et al., 2019)

Adquiridas as imagens anteriores do pescoço e imagens SPECT, pode ser feita uma
avaliação do índice de captação da tiróide quando administrado o radiofármaco, ou seja, para
se fazer esta avaliação deve-se medir a seringa antes e após a administração do

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radiofármaco e após este processo deve subtrair-se as contagens de um ROI de fundo a um
ROI desenhado após ter sido feito o contorno da tiróide. Para que seja calculado, a
percentagem de radiofármaco captado pela glândula da tiróide o TcTU é determinado pela
fórmula(Giovanella et al., 2019):

TcTU=(counts over thyroid--background counts) x 100


/counts of injected activity

Os resultados desta última fórmula vão depender da quantidade de radiofármaco


administrado, fatores que possam estar relacionados com o doente, com o volume da tiróide
ou até mesmo com a idade do doente.(Giovanella et al., 2019)

Por fim, usualmente numa cintigrafia da tiróide, é útil visualizar a tiróide como uma “borboleta”
enquanto que uma cintigrafia quando realizada para diagnosticar a doença de graves
visualiza-se na imagem a tiróide aumentada além de haver uma maior hipercaptação nesta
região em estudo. (Giovanella et al., 2019)

Figura 4: Diferenças entre uma imagem planar onde é possível visualizar a tiróide sem
patologia (imagem de esquerda) e com patologia (Imagem da direita)(Tireotoxicose Por
Doença de Graves | MedicinaNET, n.d.)

6. Cuidados pós-exame e fontes de erro

Muitas são as fontes de erro que poderão ocorrer durante uma cintigrafia à tiróide que podem
ser causadas tanto pelo doente como pelo técnico. Assim, as fontes de erro poderão
ser(Bartel et al., 2020):
✓ Contaminação local (Roupas, pele, cabelo, colimador)
✓ Atividade esofágica
✓ Absorção assimétrica da glândula salivar

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✓ Captação da mama
✓ Absorção tímica
✓ Tecido tiroideu ectópico
✓ Absorção por neoplasias-idiolonóides
✓ Preparação inadequada do doente

Para além das possíveis fontes de erro que poderão acontecer durante o procedimento de
uma cintigrafia óssea, também é de destacar que o técnico tem como dever informar o doente
dos cuidados que este deve ter após a realização deste exame. Deste modo, o técnico deve
alertar o doente, comunicando as seguintes precauções: (Cheng & Presswala, 2022):
✓ Neste caso clínico, caso a doente se encontre a realizar uma possível amamentação,
o técnico deve informar a doente para interromper a amamentação pois o
radiofármaco utilizado pode ser secretado para o leite materno;
✓ O técnico deve ainda esclarecer a doente de modo a que este evite o contacto físico
com pessoas bem como não utilizar transportes públicos pois neste tipo de exames o
doente é o portador da radiação;
✓ O doente deve ser informado pelo técnico que deve beber muitos líquidos
nomeadamente água para que o radiofármaco seja excretado via urinária;
✓ Por fim, o doente deve ser aconselhado a lavar as mãos pelo menos duas vezes após
urinar ou a desinfetar durante as 24h ou 48h seguintes.

7. Tratamento da doença de Graves


Atualmente, o tratamento da doença de Graves é baseado em três terapias (Elvas,
2010):
✓ Tratamento com fármacos Anti-tiroideus
✓ Tratamento com iodo radioativo
✓ Cirurgia (tiroidectomia)

Tratamento fármacos Anti-tiroideus

O uso de fármacos anti-tiroideus revela ser um dos métodos de primeira linha e regressão
da doença. Assim, fármacos como o carbimazol, o metimazol e o propiltiouraciolo tem
como objetivo impedir a peroxidase tiroideia levando então a uma síntese hormonal. Por
outro lado, o propiltiouraciolo trata-se de um inibidor de conversão das hormonas T3 e T4
nos tecidos extra-tiroideus enquanto que o metimazol revela ter uma adesão mais rápida
nos doentes e assim perfaz que tenha menor toxicidade (Elvas, 2010).

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Com a perspetiva de melhorar sintomas como tremores, palpitações ou sudorese podem
ser utilizados bloqueadores de que são exemplo os bloqueadores Beta adrenérgicos.
Contudo, os fármacos poderão ser usados em duas formas distintas: tratamento primário
para o hipertiroidismo cujo objetivo é impedir a propagação da doença ou então um
tratamento onde o objetivo é normalizar a função tiroideia para posterior terapêutica
cirúrgica ou tratamento com iodo radioativo (Elvas, 2010).

Tratamento com iodo radioativo

O tratamento com iodo radioativo revela ser uma outra das terapêuticas importante para a
doença de graves uma vez que se trata de uma técnica eficaz, segura e levemente barata e
que poderá ser utilizada como terapêutica de primeira linha ou então após ter sido
realizado um tratamento com fármacos anti-tiroideus. Contudo, deve-se ter atenção a
administração do fármacos visto que podem interferir com o tratamento e
consequentemente diminuir a sua eficácia. Perante tal situação, o tratamento com iodo
radioativo deve ser realizado 3 a 7 dias após a interrupção do tratamento com fármacos
anti-tiroideus.
A utilização de iodo radioativo vai permitir que as células da tiróide sejam destruídas através
oclusão vascular e de uma resposta inflamatória com necrose das células foliculares.

Cirurgia (Tiroidectomia)

A tiroidectomia é o procedimento terapêutico utilizado com menor frequência no tratamento


da doença de graves, mas que mostra ser uma das técnicas mais eficazes em doentes com
hipertiroidismo que não tolerem terapêutica com fármacos anti-tiroideus ou que recusem o
tratamento com iodo radioativo.
Esta técnica tem baixo risco como também baixos efeitos secundários sendo que o os
efeitos secundários mais frequentes são o hipertiroidismo, hipoparatiroidismo entre outros.

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8. Interpretação dos resultados obtidos
Através de imagens obtidas por meio de uma cintigrafia da tiróide é possível concluir
que certas regiões da tiróide captam radiofármaco após este ser administrado
endovenosamente e, portanto, é possível visualizar numa imagem duas áreas ovais
simétricas e escuras, semelhantes com uma borboleta e que representam a glândula da
tiróide. Deste modo, numa cintigrafia da tiróide, as áreas mais leves da imagem revelam
que o radiofármaco foi pouco captado e essas secções são denominadas por focos
“frios”. Já lugares que se encontrem mais escuros mostram que o radiofármaco foi
captado de uma forma mais intensa e, portanto, são denominadas de áreas
“quentes”.(Cintilografia Da Tireoide - Indicações, Preparação, Interpretação, n.d.)

Figura 5: Imagem estática da glândula da tiróide: as


regiões a vermelho mostram uma maior hipercaptação
do radiofármaco enquanto que as regiões mais claras
mostram uma hipocaptação do radiofármaco
(Cintilografia Da Tireoide - Indicações, Preparação,
Interpretação, n.d.)

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9. Referências bibliográficas

➢ Anatomia e fisiologia da tiróide - Medipédia, Conteúdos de Saúde. (n.d.). Retrieved


October 25, 2022, from
https://www.medipedia.pt/home/home.php?module=artigoEnc&id=256
➢ Bartel, T. B., Magerefteh, S., Avram, A. M., Balon, H. R., de Blanche, L. E., Dadparvar,
S., Johnston, M., & Moreau, S. (2020). SNMMI Procedure Standard for Scintigraphy
for Differentiated Thyroid Cancer. Journal of Nuclear Medicine Technology, 48(3),
202–209. https://doi.org/10.2967/JNMT.120.243626
➢ Cheng, K., & Presswala, L. S. (2022). Thyroid Uptake and Scan. A Medication Guide
to Internal Medicine Tests and Procedures, 248–253.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK555978/
➢ Cintilografia da tireoide - Indicações, Preparação, Interpretação. (n.d.). Retrieved
October 25, 2022, from https://medic-journal.com/scintigraphy/thyroid-scintigraphy/
➢ Doença de Graves: sintomas, tratamentos e causas - Minha Vida. (n.d.). Retrieved
October 25, 2022, from https://www.minhavida.com.br/saude/temas/doenca-de-
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