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Caso clínico 1 – Fratura do colo do fémur

Licenciatura em Imagem Médica e Radioterapia

Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias

1º Semestre do 3ºano

Unidade Curricular:

Estudos de Casos em Neurorradiologia e Músculo-esquelética

Discentes:
Docente:
Dália Almeida Nº20201495
Hugo Rabaça
André Bonito Nº20201492

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Índice

1. Introdução e identificação do problema ........................................................................... 3


2. Definição da fratura do colo do fémur .............................................................................. 4
3. Anatomia do fémur .......................................................................................................... 5
4. Caracterização da patologia.............................................................................................. 7
4.1 Etiologia .................................................................................................................... 7
4.2 Epidemiologia.................................................................................................................. 9
4.3 Sintomatologia ........................................................................................................ 10
4.4 Classificação da fraturas do Quadril ............................................................................... 11
4.5 Diagnóstico diferencial da fraturas do colo do fémur ..................................................... 12
5. Meios complementares de diagnóstico .......................................................................... 13
5.1 Radiologia Convencional................................................................................................ 13
5.2 Ressonância Magnética ................................................................................................. 14
5.3 Tomografia Computorizada ........................................................................................... 15
6. Tratamento da fratura do colo do fémur ........................................................................ 15
7. Interpretações finais....................................................................................................... 17
8. Referências bibliográficas ................................................................................................ 18

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Índice de figuras
Figura 1: Localização do fémur no esqueleto humano (Qual é a Metafísica Dos Ossos
Longos? -Curioso, n.d.) ......................................................................................................... 5
Figura 2: Características anatómicos do fémur em vista anterior e posterior (Pedro et
al., n.d.) ................................................................................................................................... 6
Figura 3:Taxa de incidência da fratura do colo do fémur em mulheres estratificadas pela
situação ( Pessoas com habitação comunitária sem necessidade de grandes cuidados,
pessoas com necessidades e residentes em asilos) e idade (Rapp et al., 2019) ......... 10
Figura 4:Classificação das diferentes fraturas do fémur segundo Garden(A) , Pawels
(B) e AO/OTA (C) (Lu & Uppal, 2019) ................................................................................ 11
Figura 5: Radiografia AP da bacia numa projeção fontal e bilateral (MacManus &
Gaillard, 2008) ...................................................................................................................... 14
Figura 6: Imagem de ressonância magnética em corte coronal cujo a ponderação é
T1(MacManus & Gaillard, 2008) ......................................................................................... 14
Figura 7: Corte Coronal de um exame de Tomografia Computorizada em janela de osso.
É possível vizualizar uma fratura do colo do fémur evidenciado por uma linha hipodensa
(MacManus & Gaillard, 2008) ............................................................................................. 15
Figura 8:Prótese total no colo de fémur com parafusos percutâneos(One Fisioterapia -
Quiropraxia e Funcional - Ribeirão Preto/SP - Curitba/PR, n.d.)..................................... 16
Figura 9: fixação interna de parafusos num procedimento cirúrgico de modo a manter o
fémur unido(Fratura Do Colo Do Fémur Em Idosos: Quais Os Sintomas e Tratamento,
n.d.) ....................................................................................................................................... 16

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1. Introdução e identificação do problema
No âmbito da unidade curricular de Estudos de Casos em Neurorradiologia e
Músculo-esquelética, no módulo de radiologia, foi-nos proposto o primeiro caso
clínico.

O caso clínico em causa expõe-nos um doente do sexo feminino com 88 anos


de idade à qual se queixa de ter dores intensas na região da coluna e anca
esquerda. Além disso, verificou-se que a doente tem uma pequena rotação
externa da perna em causa para além de apresentar uma abdução com um
ligeiro encurtamento.

Perante a sintomatologia presente no doente, suspeita-se que a doente tenha


fraturado o colo do fémur e para isso foi então solicitado pelo médico a realização
de uma radiografia à cervical, dorsal e lombar como também uma radiografia à
bacia e ancas.

Com o desenvolvimento deste relatório temos como objetivo aprofundar o nosso


conhecimento acerca da patologia

Iremos abordar a anatomia da estrutura em estudo e definir a patologia.


Posteriormente vamos aprofundar a etiologia, epidemiologia e as possíveis
sintomatologias. Associado a exames de diagnostico, vamos abordar técnicas
de obtenção de imagens de diagnostico, mencionando os exames de primeira
linha e os exames complementares.

Por fim, pretendemos referir qual o tratamento mais indicado na análise da


patologia em estudo respeitando o estado em que se encontra.

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2. Definição da fratura do colo do fémur
Com os avanços da Medicina e da Farmacologia tem se verificado um aumento
exponencial nas expectativas mundiais sendo que com isso advém um aumento
crescente do número de idosos. Contudo, atualmente verifica-se uma
preocupação quanto à qualidade de vida dos idosos, mas principalmente em
conseguir prevenir e tratar problemas decorrentes da sua faixa etária. (Lima et
al., 2017)

Umas das principias preocupações é a fratura do colo do fémur que se trata de


uma fratura de baixa energia que proveniente dessa mesma fratura traz
problemas patológicos que muitas das vezes afetam a qualidade de vida dos
idosos. Este tipo de fraturas produz consequências para a vida do doente idoso,
mas principalmente para idosos com idade superior a 80 anos. Nos últimos anos,
tem se verificado uma agravamento na morbilidade e mortalidade bem como no
índice de invalidez pós-operatório pelo que a fratura do colo do fémur tem se
tornado um dos maiores problemas na saúde pública do mundo. (Lima et al.,
2017)

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3. Anatomia do fémur
O fémur é um dos ossos mais longos e volumosos do corpo humano sendo que
este osso é o principalmente constituinte esquelético da coxa. Na maioria dos
casos, o fémur mede aproximadamente 48 centímetros sendo que é
praticamente um quarto da altura de uma pessoa. O fémur encontra-se dividido
em 3 partes, a diáfise que é o corpo do fémur e as epífises que se encontram
nas extremidades (uma superiormente e outra inferiormente). Por norma, a
diáfise tem a forma de um prisma triangular sendo que esta característica pode
ser distinguida através de três faces e três margens.(Pedro et al., n.d.)
Assim, a face anterior do fémur dá a inserção a músculos como músculos crural
e subcrural: na face póstero-externa ocorre a inserção do músculo crural
enquanto que na face póstero-
interna não existe qualquer
inserção com músculos; já as
margens internas e externas
apresentam uma simetria
arredondada.
No que diz respeito à margem
posterior do fémur, também
conhecido cientificamente por
linha áspera, esta linha
correlaciona-se com o músculo
vasto interno através do seu lábio Figura 1: Localização do fémur no esqueleto humano (Qual é a
externo e com Metafísica Dos Ossos Longos? -Curioso, n.d.)

o vasto externo através do


lábio interno. Além disso, dá inserção também a três adutores e à parte curta do
músculo bicípite. Posteriormente, esta linha áspera bifurca-se permitindo dar
origem a dois ramos que se prolongam até aos côndilos femorais. (Pedro et al.,
n.d.)

Superiormente, a linha áspera trifurca-se permitindo dar origem a três ramos: a


crista do grande glúteo que termina no grande trocânter e que dá inserção ao
grande glúteo; a crista pectínea que se prolonga até ao pequeno trocânter e que
dá inserção ao musculo pictineo; e a crista do vasto interna que passa
inferiormente ao pequeno trocânter permitindo atingir a linha intertroncateriana
onde ocorre a inserção do músculo vasto interno. (Pedro et al., n.d.)

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Por outro lado, a extremidade superior do fémur é constituída por uma cabeça
que possui duas saliências: o grande e o pequeno trocânter. Localizado entre os
dois trocânteres e a cabeça do fémur localiza-se o colo anatómico e entre o corpo
e epífise proximal do fémur localiza-se o colo cirúrgico. (Pedro et al., n.d.)

A cabeça do fémur por si projeta-se supero-medialmente e para a frente onde


articula com um dos ossos da bacia denominado acetábulo. (Pedro et al., n.d.)

O grande trocânter localiza-se fora do


colo tendo uma projeção superior e
posterior onde este se une com o corpo
do fémur. (Pedro et al., n.d.)

A face externa do fémur tem uma


saliência do musculo médio-glúteo onde
este se insere enquanto que na face
interna do fémur existe uma pequena
cavidade onde dá inserção aos músculos
obturadores e aos dois músculos
pélvicos. (Pedro et al., n.d.)

Na margem superior existe uma faceta


onde está localizado o musculo piramidal
Figura 2: Características anatómicos do fémur
da bacia enquanto que por outro lado na
em vista anterior e posterior (Pedro et al., n.d.)
margem inferior do fémur existe uma
crista do vasto externo onde este musculo está inserido. (Pedro et al., n.d.)

Por fim na margem inferior existe uma crista do vasto externo onde o próprio
musculo vasto externo se insere e que por outro lado na margem posterior é
visível a linha intercondiliana posterior. (Pedro et al., n.d.)

O pequeno trocânter está interligado com o grande trocânter através das linhas
intercondilianas onde anteriormente está situada a linha intercondiliana anterior
e posteriormente a linha intercondiliana posterior. (Pedro et al., n.d.)

Já o colo anatómico encontra-se localizado entre a cabeça do fémur e o pequeno


e grande trocânter e que por sua vez perfaz que o colo cirúrgico separe o corpo
do fémur da epífise proximal do mesmo. (Pedro et al., n.d.)

Na epífise distal é possível visualizar uma superfície articular denominada tróclea


femoral onde na face posterior desta epífise é evidente duas saliências ósseas

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denominadas por côndilos femorais que se encontram separadas pela fossa
intercondiliana. No plano sagital, estes dois côndilos femorais podem ser
distinguidos por um ser externo e outro interno sendo que cada um deles
apresenta seis faces. (Pedro et al., n.d.)

Ainda na epífise distal do fémur, as faces anterior, posterior e inferior articulam


com a cavidade glenoideia da tíbia. A chanfradura intercondiliana que resulta da
face externa do côndilo interno e da face interna do côndilo externo permite a
inserção dos ligamentos cruzados do joelho. A face interna do côndilo interno
tem uma tuberosidade interna que permite a inserção do ligamento lateral interno
do joelho, um tubérculo do grande adutor, onde ocorre a inserção deste músculo
e possui ainda um pequeno buraco onde se insere o musculo gémeo interno. Por
outro lado, a face externa do côndilo externo apresenta as mesmas
características da face interna do côndilo interno com a exceção de possuir dois
orifícios onde se insere o musculo gémeo externo e o musculo popliteu. (Pedro
et al., n.d.)

4. Caracterização da patologia

4.1 Etiologia

As fraturas que afetam a porção proximal do fémur são fraturas que ocorrem
comummente em idosos, mas também poderão acontecer na população mais jovem
devido à prática de atletismo por exemplo ou por traumas de alta energia.

Assim, estes tipos de fraturas estão normalmente relacionadas com quedas de baixa
energia na população idosa enquanto que nas idades mais jovens ocorrem devido a
traumas de alta energia como em acidentes de viação ou devido a quedas de alturas
substanciais.(Femoral Neck Fracture: Background, Etiology, Epidemiology, n.d.; Hip
Fracture Nursing Diagnosis and Nursing Care Plan - NurseStudy.Net, n.d.; Kazley &
Bagchi, 2022a)

Muitos dos fatores de risco associados a fraturas que ocorrem na população jovem são
erros de treino desportivo, ou seja, aumento excessivo da quantidade e da intensidade
do treino ou devido à iniciação de uma nova atividade desportiva nunca praticada antes.
Outros fatores que poderão também estar relacionados é a reduzida densidade óssea,
deformações biomecânicas ou alterações menstruais.(Femoral Neck Fracture:

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Background, Etiology, Epidemiology, n.d.; Hip Fracture Nursing Diagnosis and Nursing
Care Plan - NurseStudy.Net, n.d.; Kazley & Bagchi, 2022a)

Para além disso, fatores associados a variações anatómicas, a um condicionamento


físico limitado ou até mesmo estados médicos sistémicos por norma causam a
desmineralização do osso e por isso também são fatores que podem provocar uma
maior suscetibilidade para a ocorrência destas fraturas. (Femoral Neck Fracture:
Background, Etiology, Epidemiology, n.d.; Hip Fracture Nursing Diagnosis and Nursing
Care Plan - NurseStudy.Net, n.d.; Kazley & Bagchi, 2022a)

Por fim, alterações endócrinas como consequência de exercícios mal praticados podem
provocar problemas nutricionais que também podem levar à desmineralização óssea
sendo assim também um dos fatores que levam ao surgimento desta patologia.
(Femoral Neck Fracture: Background, Etiology, Epidemiology, n.d.; Hip Fracture Nursing
Diagnosis and Nursing Care Plan - NurseStudy.Net, n.d.; Kazley & Bagchi, 2022a)

Para além disso, outros fatores de risco que poderão estar associados a estas fraturas
podem ser (Femoral Neck Fracture: Background, Etiology, Epidemiology, n.d.; Hip
Fracture Nursing Diagnosis and Nursing Care Plan - NurseStudy.Net, n.d.; Kazley &
Bagchi, 2022a):

✓ Idade - a diminuição da densidade óssea provoca com que os ossos dos


mais idosos fiquem mais frágeis e assim mais suscetíveis a uma fratura;
✓ Género - as mulheres são três vezes mais afetadas por esta fraturas quando
equiparadas com os homens;
✓ Osteoporose – A fragilidade óssea quando associada a esta patologia
provoca o aumento da probabilidade de ocorrer esta fratura;
✓ Medicação – Alguns medicamentos de cortisona poderão estar ligados com
a fragilidade óssea tendo como consequências fraturas deste tipo;
✓ Nutrição - A falta de cálcio e de vitamina D podem levar a problemas na
alimentação produzindo efeitos na redução da massa óssea.
✓ Tabagismo e álcool – O consumo abusivo de álcool ou de tabaco podem
provocar com que os ossos fiquem mais fracos e assim ocorrer com maior
facilidade a fraturas do colo do fémur

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4.2 Epidemiologia

As fraturas do colo do fémur é uma patologia que ocorre sobretudo em pessoas


debilitadas nomeadamente nos idosos. Contudo, os dados epidemiológicos variam
consoante os países, mas espera-se que estes tipos de fraturas afetam em cerca de
18% nas mulheres e 6% nos homens. Perante estes dados é de supor que a incidência
varie com a idade e com os países sendo esperado que os países com população mais
idosa a taxa de incidência seja mais alta. Assim, através de todos os critérios é de
esperar que o número de pessoas com fratura do colo do fémur aumente de 1.26
milhões em 1990 para 4.5 milhões em 2050.(Veronese & Maggi, 2018)

O aumento exponencial destes números traz consequências para os serviços de saúde


ao obrigar as pessoas que tenham estes tipos de fraturas a permanecer por períodos
mais prolongados nos serviços de internamento bem como posteriormente nos serviços
de reabilitação. (Veronese & Maggi, 2018)

Então, como referido anteriormente, a taxa de incidência da fratura do colo do fémur


tende em aumentar em função da idade sendo que a redução da massa óssea bem
como o aumento das quedas fornece uma grande correlação entre a idade e o risco de
fraturas do colo do fémur. Assim, nos países ocidentais, estas fraturas ocorrem
sobretudo em mulheres derivado ao trabalho desempenhado pelas mesmas. A razão
da fratura do colo do fémur entre a idade das mulheres e dos homens é de 2:1 na
maioria dos países do mundo sendo que na Alemanha tal razão é pouco mais pequena
(1.72:1) e praticamente idêntica aos países ocidentais.(Rapp et al., 2019)

Resumidamente, o sexo feminino é o mais afetado por estas fraturas quando comparado
com o sexo masculino implicando maiores cuidados a longo prazo. (Rapp et al., 2019)

Quanto aos países mais afetados e com maior incidência destaca-se sobretudo países
do norte da Europa como por exemplo a Noruega, Suécia, Islândia ou Irlanda. Por outro
lado, países da Europa Central também tem vindo a ser afetados como República Checa
e Eslováquia ou países da América do Sul sendo exemplo disso a Argentina ou Taiwan.
(Rapp et al., 2019)

Todos estes números e dados da incidência da fratura do colo do fémur, atualmente


ainda não conseguem ser explicados, mas estima-se que isto esteja associado a fatores
socioeconómicos, nível desenvolvimento e urbanização dos países e que todos estes
fatores poderão então estar relacionados com um maior risco de ocorrer a fratura do

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colo do fémur. Por fim, situações decorrente da infância ou até mesmo uma gravidez
também poderão estar associados a estas fraturas. (Rapp et al., 2019)

Figura 3:Taxa de incidência da fratura do colo do fémur em


mulheres estratificadas pela situação ( Pessoas com
habitação comunitária sem necessidade de grandes
cuidados, pessoas com necessidades e residentes em
asilos) e idade (Rapp et al., 2019)

4.3 Sintomatologia

Sintomas

Existem vários sintomas associados a esta patologia, sendo a mais comum e relevante
a dor persistente na anca, que pode ser bem definida e localizada na zona da anca ou
seja, encontra-se situada na zona da virilha ou região glútea e lateral da coxa.(Fracture
Neck of Femur - Risk Factors, Types, Causes, Complications Management, Prognosis,
n.d.; Fratura Do Colo Do Fémur: O Que é e Qual o Tratamento, n.d.)

Outros sintomas também relevantes da fratura do colo do fémur são limitações de


movimento ou mesmo incapacidade, dificuldade em suportar o peso corporal na perna
atingida pela lesão ou a presença de hematomas e de edemas na zona do quadril.

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(Fracture Neck of Femur - Risk Factors, Types, Causes, Complications Management,
Prognosis, n.d.; Fratura Do Colo Do Fémur: O Que é e Qual o Tratamento, n.d.)

Sinais

Um dos principais sinais desta patologia na maioria dos casos é que verifica-se uma
deformidade do membro afetado, estando esta associada a um encurtamento
significativo do colo do fêmur e do respetivo membro, para além de haver uma rotação
externa sendo isso demonstrado por uma assimetria quando comparado com membro
contralateral. (Fracture Neck of Femur - Risk Factors, Types, Causes, Complications
Management, Prognosis, n.d.; Fratura Do Colo Do Fémur: O Que é e Qual o Tratamento,
n.d.)

4.4 Classificação da fraturas do Quadril

A fraturas do Quadril são classificadas tendo em conta a relação com a cápsula do


quadril. Assim, de uma forma resumida, as fraturas do quadril podem ser classificadas
de intracapsulares como é exemplo fraturas do colo do fémur ou de fraturas
extracapsulares como por exemplo fraturas intertroncatéricas e subtroncatéricas. (Lu &
Uppal, 2019)

4.4.1 Fraturas intracapsulares do quadril

As fraturas do colo do fémur


normalmente são caracterizadas com
base na localização da fratura na cabeça
do fémur ou então tendo em
consideração a classificação Garden,
AO/OTA ou Pauwels (Fig.4). Sendo
assim, a fratura do colo do fémur que
está situada entre a transição da diáfise
do fémur e epífise proximal do fémur
(metáfise) é uma fratura subcapital
enquanto que por outro lado a fratura
transcervical situa-se na região média da Figura 4:Classificação das diferentes fraturas do

cabeça do fémur.(Lu & Uppal, 2019) fémur segundo Garden (A) , Pawels (B) e AO/OTA (C)
(Lu & Uppal, 2019)

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A classificação segundo Garden é um dos métodos mais utlizados para a classificação
de fraturas do quadril nos idosos e consiste em avaliar o deslocamento da fratura
através da análise de uma radiografia ântero-posterior realizada ao quadril. Sendo
assim, a classificação segundo Garden é subdividida em 4 tipos: as fraturas do tipo I
que são fraturas incompletas e impactadas; fraturas do tipo II que consistem em fraturas
completas; Fraturas do tipo III que são fraturas que se encontram ligeiramente
deslocadas; e fraturas do tipo IV que se encontram muito deslocadas. (Fig.4A) (Lu &
Uppal, 2019)

Por outro lado, a classificação segundo Pauwels consiste em determinar as dimensões


de um ângulo através de duas linhas em que umas delas atravessa a fratura em causa
e outra linha é uma linha tangencial à margem superior da cabeça do fémur. Neste tipo
de classificação, um ângulo inferior a 30º equivale a uma fratura do tipo I enquanto que
um ângulo que se situe entre os 30º e 50º é denominada por fratura do tipo II. Já as
fraturas do tipo III são fraturas cujo ângulo formado pelas duas linhas perfaz um ângulo
superior a 50º. (Fig.4B) (Lu & Uppal, 2019)

Por fim, as fraturas segundo AO/OTA é um método que permite classificar todo o tipo
de fraturas. Apesar de este tipo de classificação ser usado apenas na realização de
pesquisas, a fratura do colo do fémur é considerada do tipo 31-B. (Fig.4C) (Lu & Uppal,
2019)

4.5 Diagnóstico diferencial da fraturas do colo do fémur

Muitas são as lesões e patologias que podem estar associadas às fraturas do colo do
fémur de que são exemplo(Kazley & Bagchi, 2022b):
✓ Luxação do quadril – consiste no deslocamento da cabeça do fémur em
relação ao acetábulo localizado na bacia
✓ Fratura intertroncatérica – este tipo de fratura localiza-se entre o pequeno e
o grande trocânter e é caracterizada por uma linha mais distal.
✓ Fratura subtroncatérica – a fratura localiza-se 5 cm distal em relação ao
pequeno trocânter
✓ Fratura do fémur – por norma, a fratura está localizada na diáfise do fémur
✓ Osteoartrite – caracteriza-se por ser uma dor crónica que ocorre ao nível da
virilha.

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5. Meios complementares de diagnóstico

Os exames de diagnóstico mais utilizados neste tipo de patologias são a radiografia da


bacia sendo este o exame de primeira linha para este tipo de sintomatologia.(MacManus
& Gaillard, 2008)

Com a realização destas radiografias, consegue-se avaliar o tipo de fratura, a existência,


ou não, de fragmentos, a existência de outras fraturas associadas e a qualidade óssea.
(MacManus & Gaillard, 2008)

A Ressonância magnética é recomendada como o exame de segunda linha, podendo


ainda recorrer-se a um exame de tomografia computadorizada da anca. (MacManus &
Gaillard, 2008;Bohndorf et al., 2015)

5.1 Radiologia Convencional

Na radiografia, devem estar presentes na imagem determinados aspetos para confirmar


o diagnóstico (podendo não estar todos presentes), tais como (MacManus & Gaillard,
2008):

✓ Rutura da linha de Shenton: perda de contorno entre a linha da borda medial do


colo femoral e a borda inferior do ramo púbico superior;
✓ Trocânter menor mais visível devido à rotação externa do fémur;
✓ Assimetria do colo/cabeça femoral lateral;
✓ Esclerose no plano da fratura;
✓ Trabéculas ósseas anguladas

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Figura 5: Radiografia AP da bacia numa projeção
fontal e bilateral (MacManus & Gaillard, 2008)

Na figura 5 é possível visualizar uma radiografia onde está presente uma fratura do colo
do fémur no lado direito, podendo-se observar uma diminuição do colo na zona da
fratura, o que indica uma rotação externa do fémur, uma vez que o pequeno trocânter
direito se encontra mais visível. (MacManus & Gaillard, 2008)

5.2 Ressonância Magnética

Muitas vezes existem fraturas ocultas em que a radiografia não permite visualizar a
fratura do colo do fémur. Nesses casos a RM será indicada uma vez que apresenta
maior sensibilidade.(Ragab et al., 2008)

Figura 6: Imagem de ressonância magnética em corte em


ponderação T1 (MacManus & Gaillard, 2008)

Na imagem apresentada em cima é visível uma fratura do colo do fémur por impacto e
também é possível visualizar a ausência de deslocamento no lado direito e do

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fragmento. A articulação coxofemoral não apresenta qual queres anomalias.
(MacManus & Gaillard, 2008)

5.3 Tomografia Computorizada

Para confirmar o diagnóstico pode ser realizado também uma TC da anca quando a
fratura não é visível na radiografia ou em casos de fraturas muito complexas para
avaliação e planeamento da cirúrgia. (MacManus & Gaillard, 2008)

Figura 7: Corte Coronal de um exame de Tomografia Computorizada


em janela de osso. É possível vizualizar uma fratura do colo do fémur
evidenciado por uma linha hipodensa (MacManus & Gaillard, 2008)

6. Tratamento da fratura do colo do fémur


O tratamento das fraturas do colo do fémur normalmente é feito por cirurgia, podendo-
se de ter de recorrer a medicação ou reabilitação(Ackermann et al., 2021).

A melhor forma de recuperação da fratura do colo do fémur deve ser a cirúrgia e deve
ser feita o mais rápido possível para obter melhores resultados. (Ackermann et al., 2021)

Existem vários tipos de cirurgia possíveis, tais como (Ackermann et al., 2021 ;Fraturas
Do Quadril - Lesões e Envenenamentos - Manual MSD Versão Saúde Para a Família,
n.d.):

✓ A reparação interna utilizando parafusos é um método que permite a


utilização de parafusos para manter o conteúdo ósseo unido à medida que a
zona afetada pela fratura cicatriza.
✓ A substituição total da anca consiste em substituir a porção proximal do fémur
por materiais artificiais nomeadamente próteses. Este tipo de cirúrgia tem vindo

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a mostrar uma forte evolução uma vez que permite obter melhores resultados a
longo prazo.
✓ A substituição parcial da anca é usada se a extremidade do osso estiver
danificada ou deslocada. Este procedimento envolve a remoção da cabeça e o
colo do fémur por uma prótese de metal. Este procedimento é muito usado em
idosos que andam muito pouco, e por consequência exercem pouco stress sobre
a articulação coxofemoral.

Nos dias seguintes à cirurgia o paciente é estimulado a caminhar com a ajuda de


muletas como também a executar exercícios de amplitude de movimento e
fortalecimento do membro inferior afetado. (Ackermann et al., 2021)
Para além disso, uma terapia ocupacional também poderá determinar se a doente
necessita de um andador ou de uma cadeira de rodas para que consiga a recuperação
da mobilidade bem como independência. (Ackermann et al., 2021)

Figura 8:Prótese total no colo de


Figura 9: fixação interna de parafusos num
fémur com parafusos
procedimento cirúrgico de modo a manter o
percutâneos(One Fisioterapia -
fémur unido(Fratura Do Colo Do Fémur Em
Quiropraxia e Funcional - Ribeirão
Idosos: Quais Os Sintomas e Tratamento,
Preto/SP - Curitba/PR, n.d.)
n.d.)

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7. Interpretações finais

Com este trabalho pudemos aprofundar o nosso conhecimento sobre a patologia da


fratura do colo do fémur que tanto afeta os idosos hoje em dia bem como as suas causas
de origem e sintomatologia.

Ficámos a conhecer a importância de realizar os exames de diagnóstico uma vez que


estes são importantes para que esta patologia seja diagnosticada o mais rapidamente
possível para que assim o tratamento possa ser realizado o mais breve possível para
que esta não traga maiores complicações no quotidiano das pessoas.

A realização deste tipo de trabalhos permite-nos um crescimento cognitivo a nível


profissional e a nível pessoal pois permite-nos aumentar o nosso leque de
conhecimentos sobre esta patologia e sobre o nosso curso.

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8. Referências bibliográficas

Ackermann, L., Schwenk, E. S., Lev, Y., & Weitz, H. (2021). Update on medical management of
acute hip fracture. Cleveland Clinic Journal of Medicine, 88(4), 237–247.
https://doi.org/10.3949/CCJM.88A.20149

Bohndorf, K., Beckmann, J., Jäger, M., Kenn, W., Maus, U., Nöth, U., Peters, K. M., Rader, C.,
Reppenhagen, S., & Roth, A. (2015). S3-Leitline. Teil 1: Diagnostik und
Differenzialdiagnostik der atraumatischen Femurkopfnekrose (aFKN) des Erwachsenen.
Zeitschrift Fur Orthopadie Und Unfallchirurgie, 153(4), 375–386.
https://doi.org/10.1055/s-0035-1545901

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