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Fisiologia da Tireoide
A tireoide produz e libera muito mais T4 do que T3, numa proporção de 20:1. No entanto,
o T3 é o maior responsável pela atividade fisiológica nos tecidos periféricos. Na verdade
o T4 penetra nas células dos órgãos-alvo e logo é convertido em T3 por intermédio da
desiodase tipo 1 (maioria dos tecidos) ou tipo 2 (cérebro, hipófise, tecido adiposo marrom),
ao retirar um átomo de iodo do anel externo do T4. Podemos considerar o T4 como um
pró-hormônio e o T3 como o hormônio ativo.
A produção de hormônios tireoidianos é regulada pelo eixo hipotálamo-hipófise-tireóide.
Os neurônios hipotalâmicos (núcleos supraóptico e supraventricular) sintetizam e liberam
um peptídeo de três aminoácidos denominado TRH (hormônio liberador de tireotrofina).
Esta substância é liberada na circulação porta hipofisária, que irriga as células da adeno-
hipófise, entre elas os tireotrofos – células que produzem e secretam o hormônio TSH
(tireotrofina).
Apesar de corresponder a uma pequenina fração do total, é a forma livre que possui
importância fisiológica e são os seus níveis séricos regulados pelo eixo hipotálamo-
hipófise-tireóide, mantidos dentro da normalidade durante o estado de eutireoidismo. Nos
distúrbios da função tireoidiana (hiper ou hipotireoidismo) a fração livre hormonal se altera,
influindo diretamente sobre a fração ligada e, portanto, sobre a concentração plasmática
total.
Mesmo no estado eutireóideo, condições que afetam os níveis plasmáticos das
proteínas carreadoras podem alterar significativamente os níveis do T4 e T3 totais.
Vale aqui ressaltar que o TSH sérico é o exame mais sensível para o diagnóstico tanto
do hipertireoidismo primário como do hipotireoidismo primário!!
TIREOTOXICOSE E HIPERTIREOIDISMO
TIREOTOXICOSE
HIPERTIREOIDISMO
➢ DOENÇA DE GRAVES:
Ao contrário do que se observa com o TSH, o efeito causado por esses auto anticorpos
não é bloqueado por concentrações elevadas de hormônios tireoidianos, levando à
hiperprodução hormonal crônica. Na fase ativa da doença, concentrações elevadas de
TRAb podem ser observadas ao redor de 99% dos pacientes afetados, sendo esse o
marcador patognomônico da doença de Graves.
Existe, na doença de Graves, uma predisposição familiar importante, com cerca de 15%
dos pacientes apresentando um parente com a mesma desordem. Os fatores ambientais
implicados no desencadeamento do início da doença de Graves incluem exposição ao
fumo de cigarros, elevada ingesta dietética de iodo, eventos de vida estressantes e
certas infecções antecedentes.
Diagnóstico diferencial:
➢ Adenoma tóxico:
O paciente apresenta um nódulo tireoidiano solitário, associado à hipertireoidismo leve a
moderado ou subclínico. O TSH está sempre suprimido, e o T4 livre e o T3 podem estar
elevados. O diagnóstico deve ser confirmado pela realização de uma cintilografia
tireoidiana. Este exame irá mostrar um nódulo hipercaptante ou hiperfuncionante e o
restante da glândula com captação bastante reduzida (pela supressão do estímulo do
TSH).
➢ Tireoidites:
As tireoidites começam com uma inflamação e destruição glandular, o que pode liberar
subitamente os hormônios previamente armazenados na tireoglobulina do colóide folicular.
Assim, os pacientes desenvolvem uma tireotoxicose transitória (T4 livre elevado e TSH
suprimido), quase sempre sucedida pelo hipotireoidismo, já que a glândula foi lesada.
A terapia para a tireotoxicose tem como objetivo uma diminuição na formação e secreção
do hormônio tireoidiano. Para isso, três estratégias terapêuticas podem ser utilizadas:
➢ Betabloqueadores:
O propranolol (20-40 mg a cada 6 a 8 horas) e o atenolol (50-200 mg/dia) podem ser
utilizados. Os betabloqueadores são úteis nas fases iniciais do tratamento com as drogas
antitireoidianas devido ao seu rápido efeito sobre as manifestações adrenérgicas da
tireotoxicose. Além disso, o propranolol inibe a conversão periférica de T4 em T3.
➢ Antitireoidianos (TIONAMIDAS):
Após cerca de seis semanas de tratamento, novos exames devem ser solicitados, e a
dose da medicação aumentada caso o paciente persista com hipertireoidismo.
É importante se ter em mente que o TSH demora meses (em torno de 3 meses, mas pode
demorar até 1 ano) para normalizar, pois os tireotrofos da hipófise encontram-se atrofiados
e leva um certo tempo para recuperarem a sua função. Portanto, a monitorização da
função tireoidiana é feita pelo T4 livre, cujo alvo é o do eutireoidismo (T4 livre entre
0,9-2 ng/dl). Após conseguirmos atingir o eutireoidismo, a dose da droga deve ser
reduzida pela metade em cerca de 4 a 8 semanas e, depois, para um terço da dose
inicial.