UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS DA VIDA CURSO DE BACHARELADO EM MEDICINA
Docente: George Luiz de Souza Araújo
Discente: Anna Carolina Vieira de Oliveira Registro acadêmico: 22112010 Disciplina: Fisiopatologia - 2º Período Atividade: Alterações Fisiopatológicas - Sistema endócrino
Foi solicitada a determinação dos níveis séricos de TSH e tiroxina
livre. Quais resultados devem ser esperados?
O TSH pode se apresentar elevado ou diminuído dependendo da
etiologia do hipertireoidismo. No hipertireoidismo secundário ou terciário há uma produção excessiva de TSH, logo o nível sanguíneo estará elevado. Já no hipertireoidismo primário (mais comum), ocorrerá uma baixa nos níveis de TSH. Em relação ao T4 (tiroxina livre) é esperado um aumento.
Quais são as possíveis causas da condição dessa paciente?
No caso de confirmação do hipertireoidismo dessa paciente, pode-se
delimitar 3 etiologias diferentes à condição. A primeira seria uma ingesta de hormônios tireoidianos fazendo com que haja um excesso hormonal que caracterizará sinais e sintomas de hipertireoidismo, a segunda está relacionada à destruição de alguma parte da glândula tireoide o que acarretaria a danificação dos folículos e a liberação do hormônio armazenado, causando também um excesso hormonal, a terceira seria uma disfunção na produção da própria glândula tireoide que estaria produzindo e secretando uma maior quantidade de hormônio que a ideal como ocorre por exemplo no adenoma folicular hiperfuncionante Autônomo, na doença de Graves e no bócio tóxico multinodular.
Qual é a causa mais comum da condição dessa paciente, e qual
patogênese desse distúrbio?
Uma das causas mais comuns do hipertireoidismo é a doença de
Basedow – Graves que, como todas as doenças tireoidianas, afeta com maior frequência as mulheres. O mecanismo da doença é autoimune. Há uma produção de anticorpos estimuladores da tireoide (TSI) contra receptores de TSH, TSH-R na membrana das células foliculares. O resultado dessa ligação é parecido com a ligação com o TSH, ou seja, as células são estimuladas a produzirem T3 e T4, aumentando a sua atividade metabólica, e metabolizando o coloide para a liberação desses hormônios na corrente sanguínea, acarretando o hipertireoidismo. A causa da produção desses anticorpos é desconhecida, mas uma hipótese seria algum agente viral que compartilha certa homologia com TSH-R ou problema nos linfócitos T supressores, permitindo que linfócitos T auxiliares estimulem linfócitos B a secretar anticorpos direcionados contra antígenos da membrana da célula folicular, inclusive TSH-R.
Fonte: Anapat- Unicamp
Qual é a patogênese da taquicardia, da perda de peso, das
alterações cutâneas, do bócio e da fraqueza muscular dessa paciente?
O T3 aumenta o débito cardíaco para garantir fornecimento de O2 para os
tecidos, em excesso há a potencialização do débito cardíaco já que tanto o volume distólico quando a frequência cardíaca serão elevados. Com maior uso de O2, há a necessidade de maior oxidação de substratos, logo o T3 é responsável pelo aumento sobre a taxa metabólica basal (aumento da lipólise e do metabolismo da glicose principalmente e em menor grau, o metabolismo proteico) e termogênese (utilização e eficiência na síntese do ATP) o que acarreta, no hipertireoidismo, a perda de peso acompanhado por intolerância ao calor. As alterações cutâneas são explicadas pelo efeito do T3 em tecidos duros e na derme, a progressão do desenvolvimento, maturação e ciclo de crescimento da epiderme, folículos pilosos e unhas são estimulados pelos hormônios tireoidianos, logo, em excesso, pode ocorrer inibição da síntese e aumentar a degradação de mucopolissacarídeos do tecido subcutâneo, além de degradar também a fibronectina do tecido conjuntivo extracelular. O bócio é explicado pela alta atividade das células foliculares produtoras dos hormônios tireoidianos, o que muda seu tamanho e sua conformação, ocorrendo também um aumento macroscópico da glândula. A fraqueza muscular é ocasionada
pela atrofia muscular advinda da degradação das proteínas devido ao aumento
do metabolismo proteico.
Qual é a patogênese dos sintomas dessa paciente?
A diminuição sobre a taxa metabólica basal pela baixa quantidade de
hormônios tireoidianos acarreta o ganho de peso sem aumento na ingestão calórica. A diminuição da termogênese reduz a temperatura corporal e intolerância ao frio, diminuição da sudorese e pele seca (acúmulo de polissacarídeos na derme). O movimento, a fala e os pensamentos são lentificados e ocorre letargia, sonolência, fadiga. A menor motilidade do trato gastrointestinal causa a constipação. Os hormônios tireoidianos são importantes na regulação da função reprodutora e o ciclo ovariano, desenvolvimento folicular, maturação e ovulação são perturbados por desvios importantes nos níveis desses hormônios, portanto, a menorragia é resultante de ciclos anovulatórios. Há atrofia tireoidiana resultante da destruição de folículos decorrente da infiltração linfocítica, o que explica a não palpação. Por fim, o acúmulo de mucopolissacarídeos no interstício entre as fibras do miocárdio pode ocasionar derrame pericárdico ou miocardiopatia, explicando as bulhas cardíacas. A diminuição do débito cardíaco tem relação com a função do T3 e do T4 em aumentar a frequência cardíaca.
Quais exames laboratoriais devem ser solicitados, e quais
resultados devem ser esperados? O exame de níveis séricos de TSH é o mais indicado para determinação do diagnóstico de hipotireoidismo, além do índice de tiroxina livre. A dosagem de tiroxina livre (T4) estará baixa enquanto o TSH pode estar elevado ou diminuído dependendo da etiologia da doença. Em casos de hipotireoidismo secundário e terciário o TSH estará baixo (doença hipofisária e hipotalâmica), enquanto no primário estará alto.
Quais são as possíveis causas dessa condição da paciente? Qual é
a mais provável?
O hipotireoidismo em adultos que não tenham deficiência de iodeto é na
maioria das vezes resultado da doença de Hashimoto (tireoidite linfocítica), fora essa causa, ainda há a possibilidade de causas iatrogênicas ( lesão radioquímica, remoção cirúrgica), doença hipofisária ou hipotalâmica, bócios nodulares e medicação. A causa mais provável seria a doença de Hashimoto, já que é a mais comum.
DOENÇA DE HASHIMOTO: Em aumento maior, os folículos são atróficos e contêm pouco ou
nenhum colóide. O aspecto tem semelhanças com a doença de Graves (ver quadro anterior), e pode até ser confundido com aquela. As diferenças são que na tiroidite de Hashimoto o infiltrado é mais intenso, as células foliculares são menores e não têm aspecto sugestivo de hiperatividade funcional.
Fonte: Anapat- Unicamp
Qual é a explicação mais provável para a condição do paciente? O paciente apresenta sinais e sintomas que condizem com hipertireoidismo, a partir do nódulo pode-se inferir um adenoma folicular hiperfuncionante autônomo.
Quais exames laboratoriais devem ser solicitados para confirmar o
diagnóstico? Quais resultados são esperados?
Os exames laboratoriais que devem ser solicitados são o de níveis
séricos de TSH e um índice de tiroxina livre. O T4 estará elevado e o TSH estará reduzido.
Se for realizada uma biópsia, o que pode ser esperado no relatório
do patologista?
Poderão ser visualizados folículos normais de tamanhos heterogêneos e
folículos menores que o normal, geralmente sem coloide no adenoma. Além disso, áreas com hemorragia, fibrose e calcificação ou degeneração cística estarão visíveis devido a compressão feita pelo adenoma na tireoide. O tumor é delimitado por uma cápsula fibrosa, e o aspecto do tecido neoplásico é regular em todas as áreas.