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HORMÔNIOS

TIREOIDIANOS
Prof.ª Esp. Maria Fernanda Godoy Costa
Anatomia
Ingestão diária média:
150-250μg/d adultos
90-120μg/d crianças
250μg/d grávidas
A) Captação de Iodo

- Mediada pela NIS


- Efluxo para dentro do lúmen: Pendrina
B) Oxidação e Organificação

- Envolve a tireoperoxidase (TPO) e catalisada pelo Peróxido de Hidrogênio


- Incorporação de Iodo nos resíduos tirosil da tireoglobulina (TG) – catalisada pela TPO
- Forma Monoiodotirosina (MIT) – uma molécula de Iodo incorporado à TG
- Forma Diiodotirosina (DIT) – duas moléculas de Iodo incorporados à TG
C) Acoplamento

- De iodotirosinas - dependente de H2O2 e catalisada pela TPO


- MIT com DIT: T3 (triiodotironina) ou T3 reverso (diferem quanto à posição de iodação)
- DIT com DIT: T4 (tiroxina ou tetraiodotironina)
- MIT com MIT: T2 (diiodotironina)
D) Reabsorção de Colóide
- Micropinocitose
- TG será degradada

E) Desiodação de MIT e DIT


- Iodo de MIT e DIT serão removidos pela enzima desalogenase de tirosina

F) Desiodação de T4
- 10% de T4 sofre desiodação, sendo convertido em T3
■ A – Captação de Iodo: NIS / Pendrina
■ B – Oxidação e Organificação – TPO + H2O2: formar MIT e DIT
■ C – Acoplamento – juntar MIT e DIT e formar T4, T3, T3r, T2
■ D – Reabsorção – entra TG no folículo
■ E – Desiodação MIT e DIT: Desalogenase
■ F – Desiodação de T4: Desiodinases: conversão T4 em T3 pela
Tireoglobulina

■ Glicoproteína presente no colóide


■ Responde por 75% peso glândula
■ Contém cerca de 140 aminoácidos de tirosina
■ TSH estimula a transcrição do gene da TG
■ Há 3-4 moléculas de T4 em cada molécula de TG e apenas uma em cinco moléculas de
TG humana contém um resíduo de T3
Peroxidase Tireóidea

■ Hemeproteína ligada à membrana apical da célula folicular


■ Responsável pela oxidação dos íons iodeto e pela incorporação do iodo aos resíduos de
tirosina presentes na tireoglobulina
■ Biossíntese estimulada pelo TSH
METABOLISMO DOS
HORMÔNIOS
TIREOIDIANOS
• Síntese da bomba Na-I, da TPO, da TG
• Captação glicose e aa pelas células foliculares
• Crescimento e proliferação células foliculares
• Formação de pseudópodes pela membrana apical,
aumentando captura de moléculas TG no colóide
• Aumento do fluxo sanguíneo da tireóide
Armazenamento e Liberação dos
Hormônios Tireoidianos
■ Grande reserva hormonal nela contida – proteção prolongada contra a redução de
hormônio circulante
■ Existe cerca de 5000μg de T4 – suficiente para manter estado eutireoidiano por até 50
dias
■ T4 é secretada em um excesso de aproximadamente 20 vezes em relação a T3
■ Ambas estão ligadas a globulina de ligação da tiroxina (TBG), a transtiretina (TTR,
antes conhecida como pré-albumina de ligação da tiroxina, ou TBPA) e albumina –
permite a distribuição hormônios hidrofóbicos por todo sistema vascular
 TBG - concentração é baixa mas alta afinidade pelos hormônios tireoidianos (T4 > T3)
- transporta cerca de 80% dos hormônios ligados
 Albumina – concentração alta mas baixa afinidade e liga-se até 10% T4 e 30% T3
 TTR – transporta cerca de 10% T4, porém pouca T3
■ 99,98% T4 e 99,7% T3 estão ligadas a proteínas
Hormônios Tireioidianos Livres

■ Como a maior parte de T4 e T3 circulantes estão ligados, sua concentração e grau de


saturação são os principais determinantes das frações livres
■ No soro normal – T4 livre representa 0,02% do total
■ A afinidade aproximadamente 20 vezes mais baixa de TBG por T3, resulta em
porcentagem maior de T3 livre (0,30%)
■ É o hormônio livre que esta disponível para transporte intracelular e regulação por
feedback, que induz seus efeitos metabólicos e que sofre degradação
■ O hormônio ligado funciona meramente como reservatório
Metabolismo dos Hormônios
Tireoidianos
■ A produção de T3 é 50x mais baixa que de
T4
■ 40% T4 secretada – produção T3
■ Fração similar – produção T3r
■ 80-85% T3 e toda produção rT3 vem da
desiodação periférica de T4
Iodotironinas desiodases tipo I (D1), II
(D2), III (D3) – família de selenoenzimas
Regulação da Tireóide

■ Hipotálamo – produção TRH (Thyrotropin-releasing Hormone)


■ Atua sobre a hipófise anterior, estimulando a produção TSH (Thyroid-stimulating
Hormone)
Ação dos Hormônios Tireoidianos

■ Transportadas pelas proteínas


■ Os hormônios livres é transportada por difusão passiva ou por transportadores
específicos através das membranas celulares, passa para o citoplasma da célula
■ Os hormônios tireoidianos ligam-se com alta afinidade aos receptores dos hormônios
tireoidianos (TRs) nucleares α e β
■ TRα e TRβ existem na maioria dos tecidos e os hormônios se ligam de forma
semelhantes nos receptores
■ Dentro da célula, T4 se converte em T3 – T4 é um pró-hormônio e T3 sua forma ativa
■ T3 tem uma afinidade de ligação ao TR 15 vezes maior que T4
AVALIAÇÃO
LABORATORIAL DO
STATUS DA TIREÓIDE
■ TESTES QUE AVALIAM O ESTADO DO EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE
■ ESTIMATIVAS DAS CONCENTRAÇÕES LIVRES DE T4 OU T3
■ TESTES QUE EVIDENCIAM A PRESENÇA DE DOENÇA TIREOIDIANA AUTO-
IMUNE
■ TESTES QUE FORNEÇAM INFORMAÇÕES SOBRE O METABOLISMO
TIREOIDIANO DO IODO
TESTES QUE AVALIAM O ESTADO DO EIXO
HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE

■ Dosagem TSH
■ EXERCEM PAPEL FUNDAMENTAL NO DIAGNÓSTICO DA DOENÇA
TIREOIDIANA
■ VELOCIDADE SECREÇÃO TSH É EXTREMAMENTE SENSÍVEL ÀS
CONCENTRAÇÕES PLASMÁTICAS DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS
LIVRES
■ A SECREÇÃO DO TSH É PULSÁTIL E SEMPRE DEVE SER REPETIDA PARA
CONFIRMAR ALTERAÇÃO
QUANTIFICAÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES
SÉRICAS DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS
■ NÍVEIS TOTAIS DE TIROXINA E TRIIODOTIRONINA – LEMBRAR QUE SÃO
CARREADOS POR PROTEÍNAS, PRINCIPALMENTE TBG
■ TIROXINA LIVRE E TRIIODOTIRONINA LIVRE – CONCENTRAÇÃO
ABSOLUTA DE HORMÔNIO LIVRE É O PRODUTO DA CONCENTRAÇÃO
TOTAL DO HORMÔNIO PELA FRAÇÃO DIALISÁVEL.
 T4 – PRINCIPAL PRODUTO DE SECREÇÃO DA GLÂNDULA E SE
CORRELACIONA DE FORMA MUITO ÍNTIMA COM O TSH
 ESTIMATIVA DE T4L É TUDO O QUE SE FAZ NECESSÁRIO PARA AVALIAR O
ESTADO DE SECREÇÃO OU SUPRIMENTO TIREOIDIANO
 T3L SÓ USAMOS NOS PROCESSOS DE HIPERPRODUÇÃO DOS HORMÔNIOS
TIREOIDIANOS
Resumindo...

■ TSH – teste de screening: melhor relação com hormônios livres


■ TSH é pulsátil: sempre deve ser repetido
■ Devemos dosar as frações LIVRES e não as totais: sofrem interferência das proteínas
plasmáticas
■ Basta dosar T4livre: relação íntima com TSH
■ T3livre fica reservado aos processos de hiperprodução hormônio tireoidiano
■ NÃO DEVEMOS DOSAR: T4t, T3t, T3r – só em casos muito específicos
Conhecendo o hiper e o hipotireoidismo:

A glândula tireoide é a responsável pela produção de hormônios T4 e T3,


necessários para o metabolismo do organismo. A produção excessiva ou deficiente
desses hormônios indica que há um problema.
As causas para os distúrbios da tireoide podem variar, mas geralmente os
problemas estão associados à chamada Doença de Graves, no caso do
hipertireoidismo. Trata-se de uma doença autoimune que provoca o aumento da
produção de hormônios na tireoide.
Já no caso do hipotireoidismo, a condição é conhecida como Tireoidite de
Hashimoto. Ela ocorre quando o sistema imunológico passa a produzir anticorpos
que atacam a própria glândula. Em ambos os casos, os problemas têm origem
autoimune.
Conheça outras possíveis causas de hiper
e hipotireoidismo:

 Histórico familiar
 Surgimento de nódulos tireoidianos
 Doença de Plummer
 Hipertireoidismo transitório (que pode surgir no
primeiro trimestre da gestação)
 Também há casos de tireoidites virais, que causam
inflamação na glândula tireoide e têm origem viral.
Sintomas de hipertireoidismo:
Neste caso, os sinais do distúrbio podem variar conforme a intensidade da doença. São
alguns sintomas de hipertireoidismo:

 Perda de peso
 Suor excessivo e sensação de mais calor
 Irritabilidade
 Aceleração dos batimentos cardíacos
 Intestino solto
 Agitação

O aumento da glândula também pode levar a dificuldade de engolir os alimentos e


rouquidão.
Sintomas de hipotireoidismo:
Já no caso da queda na produção dos hormônios da tireoide, alguns sintomas são
opostos aos do hipertireoidismo, como:

 Ganho de peso
 Intestino preso
 Diminuição dos batimentos cardíacos
 Cansaço e sonolência excessivos
 Dores musculares
 Aumento de colesterol no sangue

É importante lembrar que nenhum destes sintomas isolados é suficiente para decretar a
existência de distúrbios da tireoide, já que podem indicar outros problemas de saúde.
Caso Clínico:

■ Paciente mulher de 61 anos chega ao consultório do endocrinologista para


acompanhamento de diabetes mellitus tipo 1 com a queixa de cansaço e sono intenso
nos últimos 2 meses. O exame físico evidencia um nódulo na tireoide e a paciente
afirma que sua mãe apresenta problemas em tal glândula, mas não soube informal quais.
■ O caso abordado brevemente acima trata-se de uma das comorbidades mais prevalentes
nos ambulatórios de endocrinologia, o Diabetes Mellitus. No entanto, somada a essa
condição, a paciente apresenta sinais e sintomas que se assemelham a um quadro de
hipotireoidismo. Diante disso, pode-se observar uma estreita relação entre o Diabetes
Mellitus, mais especificamente o tipo 1 autoimune, e as doenças tireoideanas. Essa
relação existente explicita a importância de estudo desse caso, que será esmiuçado com
mais detalhes nesse texto.
■ Identificação do paciente
■ M.S.O.S., 61 anos, feminino, branca, aposentada, casada há 40 anos, natural e procedente
de Sobral, Ceará.
■ Queixa principal
■ “Cansaço e muito sono” há 2 meses.
■ História da doença Atual (HDA)
■ Paciente relata que há 2 meses começou a apresentar fadiga, principalmente no período da
tarde, porém acreditou que se tratavam de “problemas da idade” (sic) e não procurou
atendimento médico, no entanto, sente que essa fadiga vem piorando ao longo do tempo.
Há 3 semanas, sentiu-se desfocada e sonolenta, tendo dificuldade de concentração nas suas
atividades rotineiras, como assistir à novela.
■ Além disso, paciente descreve que sentiu que ganhou peso em pouco tempo, mas acha que
foi porque estava em casa, sem realizar suas caminhadas de rotina, por causa do isolamento
social. Paciente faz acompanhamento com o endocrinologista para tratamento do diabetes
de 6 em 6 meses e, na consulta passada, constatou que estava com 65 kg. Hoje, paciente
volta ao mesmo consultório para consulta de retorno e apresenta as queixas descritas acima.
Exames laboratoriais:
Os níveis de TSH encontram-se elevados (8,7 mU/L, sendo o valor de referência de 0,4 a
5,8 mU/L); e os níveis de T4 livre estão diminuídos (0,48 ng/dl, para valores de referência
de 0,7-1,8ng/dl).

Descreva o diagnostico dessa paciente:


Referências:

■ MEDICINA interna de Harrison, 2 volumes. 19. Porto Alegre AMGH 2017 1 recurso online ISBN
9788580555875.
■ BRUNTON, Laurence L.; CHABNER, Bruce; KNOLLMANN, Bjorn C.; LANGELOH,
Augusto. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre:
AMGH Editora, c2012. xxi, 2079 p. + Este livro acompanha DVD. ISBN 978-85-8055-116-7.
■ LARSEN, P. Reed; KRONENBERG, Henry M.; MELMED, Shlomo; POLONSKY, Kenneth
S. Williams textbook of endocrinology. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2003.
■ HALL, John E.; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio
de Janeiro, RJ: Elsevier, c2017. xix, 1145 p. ISBN 978-85-352-6285-8.
■ Greenspan
■ Netter

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