Você está na página 1de 5

Roteiro de estudos – Aula 03

Eixo Hipotálamo-Hipófise-Tireoide
No livro Fisiologia humana: uma abordagem integrada (Silverthorn) - pág. 736 a 740
(Capítulo 23) - Eixo hipotálamo-hipófise-tiroide.
No livro Vertebrate Endocrinology (David Norris) - pág. 231 a 260 (Capítulo 7) – Tireoide em
não-mamíferos – é muita coisa! Recomendo usar para dúvidas específicas sobre os grupos de
vertebrados.
Parte I: Eixo hipotálamo-hipófise-tireoide

 Revisando conceitos: os núcleos hipotalâmicos são aglomerados de corpos celulares


que regulam a produção hormonal.
o Axônios curtos se comunicam com células produtoras de hormônios na
adenohipófise.
o Axônios longos liberam hormônios (ocitocina e ADH) via neurohipófise.
o Dentre os diferentes tipos de hormônios, os dessa aula são proteicos e
derivados da tirosina.
 Os proteicos são produzidos com pré-pró-hormônios, e sofrem
modificação pós-transcrição, formando os hormônios em si, liberados
através de vesículas.
 Sinalizam através de receptores de membrana, que ativam segundos
mensageiros intracelulares e desencadeiam diferentes respostas.
 Neurônios parvocelulares do núcleo paraventricular do hipotálamo produzem o
hormônio TRH – hormônio liberador de tireotrofina.
 Na adenohipófise há células tireotróficas, que respondem ao TRH produzindo o TSH
– hormônio tireoestimulante.

 Glândula tireoide: em vertebrados, é uma glândula bilobular muito vascularizada.


o É composta por folículos esféricos – proteínas coloidais circundadas por células
foliculares – sintetizam e secretam os hormônios T3 e T4.
o São hormônios derivados da tirosina + moléculas de iodo.
o Os hormônios são estocados no coloide, e uma tireoide que não consegue
secretar seus hormônios fica com o lúmen coloidal aumentado.
 Síntese de T3 e T4: as células foliculares produzem a tireoglobulina (glicoproteína), que
é estocada no lúmen coloidal.
o Elas também captam o iodeto da dieta por transportadores Na/I estimulados
pelo TSH.

o Dentro das células, o iodeto é


oxidado a iodo pela enzima tireoide
peroxidase, e ele é jogado no lúmen
coloidal.
o No coloide, essa mesma enzima
catalisa a incorporação do iodo nos
resíduos de tirosina da tireoglobulina.
 Forma as monoiodotirosina
(Tyr + 1 I) e diiodotirosina (Tyr
+ 2 I) (MIT e DIT), que pela
conformação da glicoproteína,
se juntam:
 MIT + DIT = hormônio T3; DIT +
DIT = hormônio T4.
o O complexo tireoglobulina + T3 ou +
T4 é recaptado pelas células
foliculares.
o Enzimas quebram a glicoproteína,
liberando o T3 e o T4.
 O T4 é mais estável e tem meia-
vida mais longa, mas o T3 é de
5 a 10x mais ativo.
o Grande parte da produção hormonal
é de T4, que geralmente é
transportado aos tecidos-alvo nessa
forma.
o O T4 pode ser convertido a T3 pela enzima deiodinase tanto nas células da tireoide
quanto nos tecidos-alvo (há diferentes subtipos dessa enzima).
 Essa enzima também o converte o T4 numa forma de T3 inativo.

 Mecanismo de ação: os receptores para os hormônios T3 e T4 ficam localizados no


núcleo (assim como hormônios esteróides).
o Modulam a transcrição, tradução e síntese de novas proteínas – atuam como
fatores de transcrição.
 Proteínas envolvidas no desenvolvimento do SNC, do sistema
cardiovascular, no crescimento e, principalmente, na modulação do
metabolismo.
o Seus efeitos se tornam evidentes em caso de excesso ou escassez:
 Excesso – aumento do metabolismo, do consumo de O2, da taxa
metabólica basal, da pressão arterial e do débito cardíaco.
 Escassez – redução do metabolismo, do consumo de O2, da taxa
metabólica basal e da pressão arterial; bradicardia.
 Vias de regulação: a regulação ocorre principalmente sobre a produção de TRH no
hipotálamo.
o Os neurônios do núcleo paraventricular do hipotálamo recebem informações
de outras regiões do SNC.
 São influenciados pelo núcleo supraquiasmático (relógio biológico), pelo
estado alimentar, por outros hormônios e por pistas ambientais, como
temperatura e duração do dia.
 T3 e T4 também sinalizam um feedback negativo sobre o hipotálamo e
a adenohipófise.
Bônus – Problemas na tireoide

 Bócio: hipertrofia da tireoide por baixo consumo de iodo e baixa produção de T3 e T4.
Isso prejudica a alça de feedback negativo, elevando a produção de TRH e TSH para
compensar a produção hormonal, o que leva a hipertrofia.
 Baixa responsividade ao TSH: problemas nos receptores de TSG das células foliculares
reduzem a produção de T3 e T4.
 Ausência de resposta ao TRH: hipotireoidismo secundário característico de problemas
na alça de feedback. Mesmo com a estimulação do TRH, não há produção de TSH na
adenohipófise.
 Tireoidite de Hashimoto: doença autoimune em que há produção de anticorpos
contra a tireoglobulina e a enzima tireoide peroxidase, reduzindo a produção de T3 e
T4 e prejudicando a alça de feedback da mesma forma que no bócio.

Parte II: Tireoide em não-mamíferos


 Em invertebrados no geral, não há um órgão organizado como tireoide, mas há
células que produzem mucoproteínas que contém iodo.
o Cnidários e poríferos produzem
apenas MIT e DIT.
o Artrópodes e anelídeos produzem T4,
MIT e DIT.
 Nos anfioxos há o endóstilo, onde há células
produtoras de mucoproteínas iodadas.
 A partir dos agnatos já há produção de T3 e
T4 em tecidos próprios (anfíbios, répteis e
aves têm tireoide formada)
o Neles, a síntese de TSH na
adenohipófise é estimulada
principalmente pelo CRH – hormônio
liberador de corticotrofina, produzido
no hipotálamo.
 Há produção de TRH, mas ele
não é tão efetivo.
 O principal papel dos hormônios T3 e T4 em não-mamíferos é mediar alterações na
taxa metabólica em processos que demandam muita energia.
 Agnatos: na fase larval apresentam o endóstilo com células produtoras de
mucoproteínas, mas na fase adulta há folículos tiroidianos que produzem T3 e T4.
o Alteram a taxa metabólica durante o amadurecimento do animal.
 Teleósteos: apresentam folículos difusos, que produzem T3 e T4, importantes durante
a migração e a metamorfose.
o O linguado sofre uma intensa metamorfose, com um dos olhos migrando de
posição, o que demanda muita energia.
 Quando sua larva está no ápice do desenvolvimento e há grande
consumo energético, se observa aumento na produção de TSH e de T4,
o que modula a taxa metabólica.
o Salmões são peixes migratórios, e durante esse período, os níveis de T4 estão
elevados, assim como o de outros hormônios que modulam o metabolismo,
como o cortisol e o GH.
 Anfíbios: apresentam tireoide formada, e há maior produção de T4 durante a
metamorfose de girino para adulto, e também durante a reprodução.

o O T4 modula o metabolismo e
estimula a apoptose e a reabsorção
dos tecidos da cauda do girino.
o Há um pico de corticosterona e de T4
durante o clímax da metamorfose.
 Aves: têm o eixo hipotálamo-hipófise-tireoide
bem desenvolvido. Apresentam T3 e T4
desde cedo no seu desenvolvimento.
o Assim como nos mamíferos, têm
ações estimuladoras da termogênese
(são animais endotérmicos).
o Aves migratórias têm a tireoide mais
desenvolvida.

Parte III: Questões de estudo


1. Nos mamíferos, a produção dos hormônios tireoidianos (T3 e T4) depende de outros dois
hormônios. Quais são eles e onde são produzidos?
2. Quais as unidades funcionais na produção dos hormônios da tireoide?
3. Resumidamente, como se dá a produção dos hormônios T3 e T4?
4. Como se dá o mecanismo de ação dos hormônios da tireoide? Você espera que eles
tenham uma ação rápida ou demorada?
5. Qual o principal papel dos hormônios da tireoide em não mamíferos? Cite exemplos em
alguns grupos.
Gabarito
1. São o TRH (hormônio liberador de tireotrofina), produzido nos neurônios parvocelulares
do núcleo paraventricular do hipotálamo, e o TSH (hormônio tireoestimulante), produzido
nas células tireotróficas da adenohipófise.
2. São os folículos esféricos, que consistem em um lúmen de proteínas coloidais circundado
por células foliculares.
3. As células foliculares captam o iodo da alimentação e produzem uma glicoproteína, a
tireoglobulina. Dentro do lúmen coloidal, a tireoide peroxidase incorpora o iodo em resíduos
de tirosina na tireoglobulina, formando MIT, com 1 iodo, e DIT, com 2 iodos. MIT e DIT se
combinam formando o T3 e T4, que ficam presos na tireoglobulina até que enzimas das
células foliculares quebrem a glicoproteína e liberem os hormônios.
4. Eles se ligam a receptores nucleares, como fatores de transcrição modulando a síntese de
proteínas envolvidas em diversos processos, principalmente metabólicos. Assim como ocorre
com os hormônios esteroides, ações genômicas demoram mais tempo do que ações
mediadas por receptores no citoplasma, então deve-se esperar que eles tenham uma ação
mais demorada.
5. Eles atuam principalmente modulando o metabolismo em processos com alta demanda
energética, como a metamorfose que ocorre em peixes e anfíbios, ou os eventos migratórios
que ocorrem em peixes e aves.

Qualquer dúvida, entrem em contato com a gente ou com as professoras!


Abraços, Raven e Rover <3

Você também pode gostar