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Universidade Federal do Amapá

Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde


Curso de Farmácia

ENDOCRINOLOGIA:
Marcadores e disfunções hormonais
Acadêmicos: Allisson Wenndell, Daiene Rocha, Erick
Lucas Siqueira, Gabriel Furtado, João Victor Andrade
Salin Cunha e Thaffny Gama dos Anjos

Prof. Dr. Mylner Morais Fermiano


Profa. Dra. Clarissa Silva Lima
Introdução

Secreção de hormônios
Substâncias químicas que atuam
como mensageiros que controlam
e coordenam as atividades em
todo o corpo.

02
MOTTA, 2009
Glândula tireoide
Anatomia: localizada na parte anterior do
pescoço, abaixo da laringe e em frente à
traqueia.
Função: produção de T3 (triiodotironina) e o
T4 (tiroxina).
T3: 3 átomos de Iodo e T4: 4 átomos de Iodo.

Regulam funções do organismo

Batimentos Movimentos
cardíacos Ciclos intestinais
menstruais

03
MOTTA, 2009.
Hormônios Tireoidianos
Síntese de T3 e T4 O iodo, é ativamente concentrado pela tireoide
e convertido em iodo orgânico pela peroxidase
tireoidiana;
As células foliculares contornam o folículo
preenchido por coloide, que consiste em
tireoglobulina;
A tirosina em contato com a membrana das
células foliculares é iodada e depois acoplada.

Di-iodotirosina + di-iodotirosina T4 →
Di-iodotirosina + monoiodotirosina T3 →
OBS: T3 e T4 permanecem incorporados à
tireoglobulina dentro do folículo, até que as
células foliculares captem a tireoglobulina sob
forma de gotas de coloide.

04
MOTTA, 2009.
Hormônios Tireoidianos
Regulação da função tireoidiana

Quando os níveis de T3 e T4
normais são atingidos, eles
bloquearão a liberação de TRH e,
consequentemente, a liberação de
TSH.

05
MOTTA, 2009.
Tireoide - Avaliação laboratorial
Para os testes, utiliza-se o soro do paciente, não sendo recomendado utilizar amostras
hemolisadas ou lipêmicas

Valores de referência Alteração nos valores


TSH - 0,3 a 0,4 mUI/L Alguns medicamentos podem causar
T3 total - 80 a 180 ng/dL aumento e diminuição nos valores,
T3 livre - 23 a 50 pg/mL
assim como o stress, doenças
T4 total - 4,5 a 12,6 mg/dL
tireoidianas não graves e gravidez;
T4 livre - 0,7 a 1,8 ng/dL

06
MOTTA, 2009; CARVALHO, 2013
Tireoide - Avaliação laboratorial
Para todos os testes, é preferencial utilizar o soro do paciente

Dosagem de Tiroxina (T4) e Dosagem de TSH


Determinação de hormônios
Triiodotironina (T3) Ensaios de 2ª e 3ª geração são
tireoidianos livres (T3 e T4)
altamente específicos e sensíveis
Para avaliação do T4 utiliza-se os para hipo e hipertireoidismo;
A dosagem de T4 é muito mais
imunoensaios com marcação não Radioimunoensaio tradicional é o
utilizada, sendo realizada por
radioativa do antígeno ou mais utilizado; Baseia-se na
imunoensaio específico e
anticorpo; É necessário separar o competição do hormônio presente
sensível. No entanto, não são
hormônio das proteínas de no soro e no padrão e o
muito utilizados embaixo
transporte, para isso pode utilizar radiomarcado pelos sítios de
laboratórios clínicos, sendo
tampão de barbital ou agentes ligação do anticorpo.
recomendado o uso de kits
bloqueadores;

07
MOTTA, 2009; CARVALHO, 2013
Hormônios Tireoidianos - Avaliação clínica
Hipotireoidismo
Baixas quantidade de hormônio - lentificação do
metabolismo Hipotireoidismo primário
Tipos: Primário (tireoide), secundário (hipófise) e Causas: deficiência de iodo, redução do
terciário (hipotálamo) tecido e síndrome de Hashimoto (mais
Manifestações clínicas: comum)
Ganho de peso com apetite Síndrome de Hashimoto: anticorpos
Normal, intolerância ao frio e bradicardia. antitireoidianos - hipofunção da glândula

MOTTA, 2009.
08
Hormônios Tireoidianos - Avaliação clínica
Hipotireoidismo

Avaliação laboratorial: dosagem de TSH e T4L

Classificação TSH T4L

H. Primário
N ou

H. Secundário N ou

H. Terciário N ou

Diagnóstico diferencial para síndrome de Hashimoto:


dosagem de anticorpos antitireoidianos (TPO e TBG)
09
Hormônios Tireoidianos - Avaliação clínica
Hipertireoidismo
Produção excessiva de hormônios da tireoide, pode acelerar o metabolismo

Principal causa Manifestações clínicas:


Doença de Graves
Produção de anticorpos anti-receptor de
TSH levando a produção contínua de T3 e T4

Sudorese Nervosismo Bócio

Fadiga Perda de peso

10
MOTTA, 2009.
Hormônios Tireoidianos - Avaliação clínica
Hipertireoidismo
HIPERTIREOIDISMO
Avaliação laboratorial - devem ser dosados T4L, T3T e TSH.
Comum as concentrações séricas de T3 habitualmente se elevarem mais
que as de T4, provavelmente em razão de aumento de secreção de T3 e
da conversão de T4 em T3 nos tecidos periféricos.
Interpretação - TSH diminuído com T4 e T3 totais e livres aumentados.

Outros exames

Detecção do TRAb (anticorpo antirreceptor do TSH)

Exame de captação de Iodo123

1
MOTTA, 2009.
Glândula adrenal
Anatomia: cavidade abdominal, precisamente acima de cada rim;
Possui duas regiões distintas: medula e córtex. Cada uma dessas partes
apresenta características próprias;

Principal função: produção de hormônios que participam da regulação


dos níveis de sódio, potássio, água, no metabolismo e na manutenção da
homeostasia;

Principais hormônios produzidos e secretados:


Adrenalina;
Noradrenalina;
Cortisol;
Aldosterona

12
MOTTA, 2003; GONZÁLEZ, 2005;
Cortisol
O cortisol é um hormônio corticosteróide da família dos
esteróides, sintetizado na zona fasciculada, do córtex da
glândula supra-renal e regulado pelo hormônio
adenohipofisário adrenocorticotrófico (ACTH).

Possui ação catabólica, anti-inflamatória e homeostática


Secreção ocorre através de ritmo circadiano diurno
sob o controle de sistema de feedback negativo;
Em condições normais, quando um desafio ou ameaça é
percebido, há o aumento do cortisol.
Popularmente conhecido como hormônio do estresse.

MOTTA, 2003; CARDOSO; PALMA, 2009 13


Cortisol - Avaliação laboratorial
A concentração de cortisol no corpo Fluidos biológicos
humano varia durante o dia, recomenda-se utilizados para a avaliação:
dois exames:

Teste de cortisol basal:


Coleta entre 7 ou 10h

Teste de cortisol 16horas:


Coleta 16h

Sangue Urina Saliva

14
MOTTA, 2003; GONZÁLEZ, 2005
Cortisol - Avaliação laboratorial
Teste de cortisol Teste de Teste de cortisol
urinário cortisol salivar no sangue

Feito por cromatografia líquida Realizado através da Realizado através da técnica de


com detecção por espectrometria eletroquimioluminescência; Radioimunoensaio;
de massas;
Coleta feita preferencialmente até 2 Preparo: repouso por 10-12 horas
Medido em amostra de urina de 24 horas após acordar e se for após uma antes do exame e no leito nos 30
horas; minutos que antecedem a coleta;
refeição deve-se esperar 3 horas;
jejum de 12 horas;

VALORES DE REFERÊNCIA: VALORES DE REFERÊNCIA: VALORES DE REFERÊNCIA:


Homens: menor que 60 µg/dia 6h - 10h: menor que 0,75 µg/mL Manhã: 5,3 a 22 µg/dL
Mulheres: menor que 45 µg/dia 16h - 20h: menor que 0,24 µg/mL Tarde: 3,4 a 16,8 µg/dL

15
MOTTA, 2003; SILVA et al., 2006
Cortisol - Avaliação clínica 16

Quando avaliar possíveis anormalidades?

Sensibilidade insulínica, Obesidade abdominal, hipertensão,

1 2
hipoglicemia, fraqueza, distúrbios no alcalose metabólica hipocalêmica
metabolismo, aumento da excreção intolerância a carboidratos, distúrbios na
urinária de sódio, hipotensão. função reprodutiva e neuropsiquiátrica

Associar aspectos laboratoriais e clínicos

Hipocortisolismo Hipercortisolismo
Cortisol Cortisol

Ex: Doença de Addison Ex: Síndrome de Cushing

CASTRO; MOREIRA, 2002; MOTTA, 2003; GOZZANO; GOZZANO; GOZZANO, 2019


Testosterona
Hormônio esteroide sexual, produzidos nos
testículos, tendo sua secreção efetuada pelo
córtex adrenal (androgénios).

A testosterona circula ligada a globulina de


ligação a homônimos sexuais (SHBG); uma
proteína sintetizada no fígado que atua no
transporte para alguns hormônios sexuais e
albumina, enquanto 2% a 3% circulam na
forma livre (não ligada).

Principais funções:
Promove o crescimento Aumenta a massa corporal
Desenvolvimento dos órgãos Reposição dos pelos.
masculinos
MOTTA, 2003 17
Testosterona - Avaliação laboratorial
Determinação da testosterona total

Fase pré-analítica
A denominação testosterona total inclui a Pacientes precisam estar em jejum de 12 horas.
testosterona livre (forma ativa), a testosterona A coleta deve ser realizada, preferentemente, na
ligada a albumina (ativa após dissociação) e a primeira hora da manhã.
testosterona ligada a SHBG (biologicamente No período de 48 horas que antecede a coleta,
inativa). evitar medicações esteroides, tireoidianas,
ACTH, estradiol ou gonadotrofinas.
Amostra:
Soro ou plasma heparinizado ou EDTA. Valores de referências:
Em mulheres, anotar a data da última Homens Mulheres
menstruação ou o mês de gestação
Pré-puberal 10 a 20 ng/dL
Adultos 10 a 20 ng/dL 20 a 80 ng/dL
A amostra e estável quando refrigerada
Menopausa 300 a 1.000 ng/dL 8 a 35 ng/dL
por 1 semana (homens) ou 3 dias
(mulheres) e por mais de 1 ano a -20°C.
18
MOTTA, 2003
Testosterona - Avaliação laboratorial
Determinação da Testosterona Livre

A fração livre da testosterona promove a Fase pré-analítica


maior parte da ação metabólica sobre as
células, enquanto a fração ligada (SHBG, Pacientes precisam estar
albumina) relaciona-se com a distribuição em jejum de 12 horas.
dos hormônios em vários tecidos.

Valores de referências:
Amostra:
Soro sanguíneo. Homens: 9 a 47 pg/ mL;
Em mulheres, anotar a data da última
Mulheres: 0,7 a 3,6 pg/mL.
menstruação ou o mês de gestação.

MOTTA, 2003 19
Testosterona - Avaliação clínica
Determinação da testosterona total Determinação da Testosterona Livre
Valores elevados: Valores reduzidos:
Anemia, Valores aumentados de SHB: Valores reduzidos de SHBG:
Hiperplasia suprarrenal,
Cirrose, Estrogênios,
Hirsutismo, Administração de
Climatério masculino,
Síndrome adrenogenital Gravidez, androgênios,
Criptorquidismo,
com virilização (no sexo Queda de
feminino),
Ginecomastia, Obesidade,
Doenças granulomatosas e
Hipogonadismo (masculino), androgênios, Hipercortisolismo,
Hipopituitarismo, Envelhecimento,
autoimunes, Síndrome nefrótica,
Impotência,
Tumores ovarianos,
Hiperplasia adrenal,
Hipertireoidismo e Acromegalia,
Tumor suprarrenal, Cirrose hepática. Hipotireoidismo e
Obesidade,
Tumor testicular;
Síndrome de Klinefelter. causas hereditárias.
Ovários policísticos

MOTTA, 2003 20
Progesterona
Progesterona-estrutura química

Mulheres não grávidas:


O hormônio sexual esteroide é
produzido pelo corpo lúteo, durante
a segunda metade do ciclo menstrual

Mulheres grávidas:
Produzido pela placenta e, além disso, o As principais funções:
córtex suprarrenal produz em ambas as Desenvolvimento das características
fases. sexuais secundárias na mulher;
Taxa de progesterona no sangue Participam na regulação do ciclo
menstrual e na manutenção da gravidez;
Prepara o endométrio para implantação
do óvulo fertilizado (nidação).

MOTTA, 2003
21
Progesterona - Avaliação laboratorial
Físico-químico: Cromatografia líquida de alta performace
acoplado a espectrometria de massa (HPLC-MS).

Tipos de Métodos
Imunoensaios: Radioimunoensaio, enzimaimunoensaio
e quimioluminescência (mais utilizado).

Quimioluminescência

Reação antígeno-anticorpo e posterior


leitura da reação quimioluminescente. Anticorpo Monoclonal
ou Policlonal

Marcador: luciferase 22
LOPES et al., 2015
Progesterona - Avaliação laboratorial
Fase pré-analítica
Coleta e orientações ao paciente: Não é necessario
jejum. Nas 48 horas que antecedem o teste suspender
medicamentos corticosteróide e anticoncepcionais.

Amostra: Soro ou plasma heparinizado ou com EDTA.

A amostra é estável por mais


Valores de referência de 1 ano a -20°C.
Homens:
0,04 a 1,1 (ng/mL) Pico da fase lútea: 6,92 a 25,4

Mulheres Grávidas (terceiro trimestre): 76,3 a 366,4


Fase folicular: 0,38 a 2,20 (ng/mL) Pós-menopausa: 0,04 a 1,22
Meio do ciclo: 0,44 a 7,54 (ng/mL)
MOTTA, 2003; VIEIRA, 2002 23
Progesterona - Avaliação clínica
Quando avaliar?
A dosagem da progesterona é indicada na avaliação da irregularidade menstrual,
casos de amenorreia (ausência de menstruação), nos casos de aborto em que
níveis reduzidos de progesterona podem indicar má função do corpo lúteo.

Valores elevados:
Valores reduzidos: Cisto do corpo lúteo;
Ameaça de abortos; Gravidez molar,
Amenorreia; Hiperplasia suprarrenal,
Morte fetal; Neoplasias ovarianas,
Insuficiência ovariana; Puberdade precoce,
Insuficiência; Tecido placentário
(retido pós-parto);
placentária;
Tumores ovarianos
Síndrome adrenogenital.
lipídicos.

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MOTTA, 2003; VIEIRA, 2002
Referências
CARDOSO, Rui Tiago; PALMA, Isabel Mangas. Cortex Supra-Renal: Anatomia, Embriologia e Fisiologia. Cortex, v. 71,
p. 76, 2009.
CASTRO, Margaret; MOREIRA, Ayrton C. Diagnóstico laboratorial da síndrome de Cushing. Arquivos Brasileiros de
Endocrinologia & Metabologia, v. 46, p. 97-105, 2002.
CARVALHO, G et al. Utilização dos testes de função tireoidiana na prática clínica. Arquivos Brasileiros de
Endocrinologia & Metabologia, v. 57, p. 193-204, 2013.
GONZÁLEZ, H. D. Hormônios da Glândula Adrenal. Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005.
GOZZANO, José Otávio Alquezar; GOZZANO, Maria Luiza Coelho; GOZZANO, Maria Carolina Coelho. Doença de
Addison. Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba, 2019.
LOPES et al. Importância e metodologias para mensuração dos esteroides sexuais em ruminantes. Rev. Bras.
Reprod. Anim., Belo Horizonte, v.39, n.3, p.322-328, jul./set. 2015.
MOTTA, Valter T. Bioquímica Clínica para o Laboratório: Princípios e Interpretações. Porto Alegre: Médica
Missau, 2003.
SILVA, Ivani N. et al. Avaliação da recuperação do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal após corticoterapia por
meio do cortisol basal. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 50, p. 118-124, 2006. VIEIRA, José
Gilberto. Avaliação dos potenciais problemas pré-analíticos e metodológicos em dosagens hormonais. Arquivos
Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 46, nº. 1, 2002.

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