Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A tireoide possui o formato em escudo abraçando a traqueia com seus lobos direito e esquerdo ligados pelo
istmo. Pesa aproximadamente 20g. O bócio caracteriza-se pelo aumento da tireoide.
Dentre as estruturas anatômicas, destaca-se a glote, carótidas e nervos.
Nervo laríngeo superior (lesão causa dificuldade em elevar o tom da voz)
Nervo vago D (origina o NLR D)
Nervos laríngeos recorrentes (D passa posterior ao TBC e E contorna a crossa da aorta)
As paratireoides estão em íntimo contato com os nervos laríngeos recorrentes, bem como o esôfago e a
tireoide. Determinados tumores ou lesões tireoidianas podem gerar rouquidão quando unilateral. Causas bilaterais
causam fechamento da glote.
Complicações da tireoidectomia
- Lesão do nervo laríngeo superior – dificuldade em elevar o tom de voz
- Lesão do nervo laríngeo recorrente – rouquidão (unilateral) / insuficiência respiratória (bilateral)
- Hipoparatireoidismo – hipocalcemia no pós-operatório
o Sinal de Chvostek e Trousseau “O R1 TROUSSEAU paciente um CHVOSTEK (irritabilidade)”
o CHVOSTEK: Cansaço, Hipocalcemia, Vômitos, Tetania, Kâimbras
o Trousseau: flexão da mão com manguito inflado
A unidade funcional da tireoide é o folículo tireoideano, com várias células foliculares unidas com função de
produção hormonal. Para isso, contam com a capacidade de concentrar iodo, substrato para formação dos
hormônios tireoidianos, que são então armazenados no coloide e depois secretados no estroma glandular
ricamente vascularizado.
As células C (parafoliculares) tem pouco valor no ser-humano, porém são responsáveis pelo carcinoma
medular da tireoide.
A célula folicular tem capacidade de captar iodeto. A TPO (tireoperoxidase) capta o iodeto e transforma em
T3 e T4, produzindo também tireoglobulina (Tg), que transporta os hormônios. Os hormônios ficam armazenados no
coloide e quando necessários são separados da Tg e lançados no estroma. A produção de T4 é 20 vezes maior que
T3, mas apenas T3 é biologicamente ativo; logo, ocorre uma conversão periférica de T4 em T3 pela TPO e
Desiodinase tipo I. O propiltiouracil e o metimazol inibem a TPO!
O TSH é responsável por todo este processo, atuando através do AMPc intracelular. O lítio inibe o AMPc
intracelular, podendo causar hipotireoidismo.
TIREOIDE
T4 (20x) T3
O iodo captado tem um controle fino sobre a célula folicular. Se o indivíduo ingere muito iodo, a célula
folicular fica menos sensível à ação do TSH, e mesmo tendo mais substrato a taxa hormonal permanece normal
(autorregulação da célula folicular). Com a redução da quantidade de iodo, a célula fica mais sensível ao TSH,
mantendo a taxa hormonal normal. O efeito de Wolff-Chaikoff (indução de hipotireoidismo ao fornecer iodo) é um
hipotireoidismo de base; seu oposto é o fenômeno de Jod-Basedow (indução de hipertireoidismo ao fornecer iodo).
Isto pode ocorrer em TC com contraste e amiodarona!
TERCIÁRIO
(-) HIPOTÁLAMO
TRH (+)
SECUNDÁRI
HIPÓFISE O
TSH (+)
PRIMÁRIO
TIREOIDE
T4/T3
O propiltiouracil inibe a formação de T3 através do bloqueio da TPO e Desiodinase I, bem como propranolol
e glicocorticoides. Após 1 hora inicia-se iodo, causando o efeito de Wolff-Chaikoff.
Tireotoxicose
Cursa com insônia, nervosismo, confusão, sudorese excessiva, intolerância ao calor, pele quente e úmida,
perda de peso, polifagia, hiperdefecação, tremores e taquicardia. São sintomas adrenérgicos, e a tireotoxicose
pode ser confundida com feocromocitoma (tumor endócrino produtor de adrenalina).
Pode ocorrer HAS divergente e fibrilação atrial, pois há um hiperefeito em receptores β1 e aumento de
receptores β2 (dilatação periférica).
O tratamento é com propranolol – controla a clínica do excesso hormonal! Pode ser associado o
propiltiouracil!
Doença de Graves
(Bócio Difuso Tóxico)
Doença autoimune que causa hiperestimulação da tireoide pelo TRAb (Anticorpo Antirreceptor de TSH).
Possui achados específicos:
Bócio difuso, elástico (não há nódulos)
Exoftalmia (esclera presente em toda a circunferência da íris; presente em 40% dos pacientes)
Edema periorbitário
Mixedema pré-tibial (edema duro)
Baqueteamento digital
Cintilografia da Tireoide
Captação difusa do iodo radioativo (Graves)
RAIU 24h
Normal: 5-20% de captação
Graves: captação > 20%
Tratamento
1) Medicamentos
2) Radioablação com iodo
3) Cirurgia
* No Brasil, inicia-se com medicação; caso não funcione, realiza-se ablação, e apenas em último caso a cirurgia!
Medicamentos
Betabloqueadores → reduzir sintomas adrenérgicos
PTU / MMI
Após atingir o alvo de T4 livre (0,9 a 2 ng), geralmente 1 mês após, suspende-se o propranolol (paciente já
está assintomático) e mantém Metimazol por 1 ano. Após 1 ano suspende-se a medicação e a doença resolve-se.
Principais efeitos colaterais: hepatite medicamentosa e agranulocitose. Caso ocorra efeito colateral durante
o tratamento, parte-se para radioablação com iodo.
Radioablação
Caso recidiva medicamentosa ou reações tóxicas as DATs
Contraindicações: gravidez, grandes bócios, exoftalmia grave
Cirurgia
Grávidas não controladas com medicação (DAT)
Doença com bócio volumoso
Pacientes com exoftalmia e recidiva após DAT
Deve haver um preparo cirúrgico: internação 6 semanas antes, para reduzir o tamanho do bócio e causar o
efeito de Wolff-Chaikoff, secando a glândula e reduzindo sua vascularização e produção hormonal.
PTU ou Metimazol → 6 semanas
Iodo (Lugol) → 2 semanas antes da cirurgia
HIPOTIREOIDISMO
Apesar de produzirmos mais T4, o hormônio biologicamente ativo é o T3. A conversão periférica é feita pela
Desiodase tipo 1.
O hipotireoidismo pode ser primário (tireoide), secundário (hipófise) e terciário (hipotálamo; raro). Pode
haver bócio no hipotireoidismo primário, uma vez que o TSH estimula as células foliculares e acúmulo de coloide,
apesar da baixa produção de T3 e T4, logo pode haver aumento da glândula. Também pode ocorrer
hiperprolactinemia, pois o TRH estimula a produção de prolactina, cursando com galactorreia e amenorreia.
Hipotireoidismo primário
T4L TSH
(Hashimoto)
Hipotireoidismo secundário (central)
T4L TSH
(Hipopituitarismo)
Hipotireoidismo subclínico
TSH T4L (N)
(Estágio inicial de um hipo primário)
TIREOIDITES
INFLAMAÇÃO
CRÔNICA TIREOTOXICOSE SUBAGUDA
HIPOTIREODISMO
RAIU-24H
CINTILOGRAFIA
(Normal 5 – 20%)
TIREOIDITE SUBAGUDA Baixa captação < 5%
DOENÇA DE GRAVES Hipercaptação > 20%
TIREOIDITE SUBAGUDA
Granulomatosa Dolorosa de Quervain Tireoidite Indolor
Inflamação (pós-viral) + dor
Variante leve e autolimitada de HASHIMOTO
Tireotoxicose
Anti-TPO (50%)
VHS aumentado
Não há tratamento específico
Leucocitose
Resolução espontânea
Tratamento: AINE / prednisona
Tireoidite de Hashimoto
Doença autoimune
o Anti-TPO: 100%
o Anti-Tg
o Antirreceptor TSH bloqueador tireoide atrófica
Linfócitos T auto-reativos
o Células de Askanazy células foliculares fibrosadas
Patognomônico de Hashimoto
Quadro clínico
Bócio (80%) Se antirreceptor TSH bloqueador (+) (10-20%): tireoide atrófica
Hashtoxicose 5% clínica de tireotoxicose
Hipotireoidismo Bradipsiquismo / depressão / ganho de peso / intolerância ao frio / pele seca / bradicardia
Hiperprolactinemia ↑ Prolactina: galactorreia / amenorreia
Dislipidemia ↓ da degradação dos lipídios
Mixedema Edema duro sem cacifo (↑ glicosaminoglicanos)
Células de ASKANAZY:
DIAGNÓSTICO ↑ TSH ↓ T4L Anti-TPO +
patognomônico
TRATAMENTO Levotiroxina (T4): 1 – 2 µg/kg/dia (manhã)
Hipotireoidismo Subclínico
↑TSH com T4L normal
Tendência a evoluir para hipotireoidismo clínico
Tratamento se:
o TSH ≥ 10 µg/ml
o Gravidez
o Depressão
o Dislipidemia
o Anti-TPO alto
NÓDULOS DE TIREOIDE
Iniciar pela anamnese e exame físico, com a palpação da tireoide. O próximo passo é sempre avaliar a função
tireoidiana com dosagem de TSH para definir se está normal ou suprimido (VR 0,5 - 5 µU/ml).
INVESTIGAÇÃO
NÓDULOS DE TIREOIDE
“Quente”
PAAF ACOMPANHAR
Nódulo suspeito:
Irradiação, crescimento
Linfonodo, rouquidão
USG: microcalcificações, sólidos, hipoecoico e irregular, vascularização (Chamas IV e V)
CÂNCER DE TIREOIDE
- Bem diferenciado:
Mulher (20 – 40 anos) - Pouco diferenciado:
Mais comum (90%) 9% dos casos
Bom prognóstico Pior prognóstico
Papilífero e folicular Medular e anaplásico
PAPILÍFERO FOLICULAR
Tipo Bem diferenciado Bem diferenciado
Mais comum 2º mais comum
Mulher 20 – 40 anos Mulher 40 – 60 anos
Características Excelente prognóstico Bom prognóstico
gerais Disseminação linfática Disseminação hematogênica
Associado à irradiação Associado à carência de iodo
Corpos psamomatosos (acúmulo Ca++) Aumento de células foliculares
Diagnóstico PAAF (citológico) Histopatológico
Tireoidectomia
≤ 2 cm: parcial
< 1cm, s/ linfonodo: parcial
(se adenoma OK; se CA total)
Tratamento ≥ 1cm, c/ linfonodo: total
> 2cm: total
(Se < 15 anos, irradiação: total) 131
Ablação I + supressão TSH (Levotiroxina)
Ablação 131I + supressão TSH (Levotiroxina)
Seguimento Tireoglobulina / cintilografia Tireoglobulina / cintilografia
* A PAAF não diferencia adenoma de câncer folicular! É necessário o diagnóstico histopatológico!
Carcinoma Medular (CMT): células C ou parafoliculares
Marcador: calcitonina
Diagnóstico: PAAF
Esporádico - 80%
Familiar – 20% associação com NEM 2
Associado ao proto-oncogene RET: pesquisar em parentes de 1º grau
o Se positivo: tireoidectomia profilática
Tratamento: tireoidectomia + linfadenectomia
Seguimento: calcitonina
ENDOCRINO II
Doenças da Adrenal
As suprarrenais (adrenais) localizam-se acima polo superior dos rins. Possuem duas porções, que funcionam
de forma independente entre si: córtex e medula. As camadas da adrenal são: glomerulosa (aldosterona),
fasciculada (cortisol), reticular (androgênios) e medula (catecolaminas).
Anatomofisiologia
Glomerulosa ↑ PA
Aldosterona Reabsorção de Na / Troca por K e H
Fasciculada Stress
Cortisol Catabólico / ↓ Eosino / ↓ Linfo
Reticular Sexuais
Androgênios Pilificação feminina / Libido
Medula Cardiovascular
Catecolaminas Tônus vascular / Frequência (FC)
O CRH estimula a hipófise a clivar a molécula POMC, da qual um dos substratos será o ACTH. Outro substrato
é a melanotrofina, a qual serve de pigmento para o corpo (excesso de ACTH causa hiperpigmentação cutânea). O
ACTH estimula o córtex a produzir seus hormônios. O paciente hipotenso ativa o SRAA, assim podemos dizer que o
ACTH estimula a produção de cortisol e androgênios, e a aldosterona responde ao SRAA. O cortisol livre regula o
eixo.
Glomerular Hiperaldosteronismo
Fasciculada Síndrome de Cushing
Reticular Hiperplasia Adrenal Congênita
Medula Feocromocitoma
--- Insuficiência adrenal
SÍNDROME DE CUSHING
Causas
A principal causa é a administração exógena de corticoides (iatrogenia)
Dentre as causas endógenas, temos as ACTH-dependentes e as ACTH-independentes:
o ACTH-independente (primária): ↓ ACTH ↑ cortisol
Adenoma / hiperplasia
Carcinoma suprarrenal
o ACTH-dependente (secundária): ↑ ACTH ↑ cortisol
Doença de Cushing (adenoma hipofisário produtor de ACTH)
ACTH ectópico (tumor oat-cell)
Clínica
Obesidade centrípeta Hirsutismo
Gibosidade e fácies em “lua-cheia” Hiperglicemia
Estrias violáceas (espessas, principalmente no HAS + hipocalemia
abdome) Eosino / Linfopenia
Diagnóstico – algoritmo dos 4 passos
SUSPEITA
Doença de Cushing
ACTH ectópico ACTH Adenoma/ hiperplasia
suprarrenal
Carcinoma suprarrenal
ACTH ALTO / NORMAL ACTH SUPRIMIDO
1mg de dexametasona às 23h - em pessoas normais: dexametasona (glicocorticoide) >> feedback (-) no hipotálamo e hipófise
>> ao receber a dexa às 23h, passará toda a madrugada sem liberar ACTH (sem estimular a suprarrenal a produzir cortisol) >>
se o cortisol plasmático for dosado às 8h, haverá redução do cortisol plasmático.
Teste de supressão com altas doses de dexametasona (2mg 6/6h por 48h) – “Liddle 2”: é possível que altíssimas doses de
dexametasona consigam inibir a produção hormonal pelo tumor hipofisário. Porém, em casos de tumores de pulmão / timo /
pâncreas produtores de ACTH , essa supressão não ocorre
Produção excessiva de aldosterona pela suprarrenal, independente da estimulação pelo SRAA (primário);
como causa secundária há estímulo fisiológico à secreção de aldosterona. A aldosterona alta inibe o SRAA (ATII, ATI e
renina).
Causas
A principal causa (primária) é hiperplasia bilateral, seguida por adenoma apenas aldosterona alta
Causas secundárias: estenose de artéria renal aldosterona, ATII e renina aumentados
Clínica
Hipertensão arterial
Hipocalemia + hipernatremia
Alcalose metabólica
Diagnóstico
Aumento da razão aldosterona / renina plasmática
Localização: TC de abdome
Tratamento
Espironolactona (HAI)
Adrenalectomia (APA)
FEOCROMOCITOMA
Regra dos 10 (10% dos casos são...)
Tumores bilaterais Sem hipertensão
Extra-renais Recidivam
< 20 anos de idade Incidentalomas
Malignos
Clínica
HAS + paroxismos (crises hipertensivas) – 40% dos casos
Cefaleia
Palpitação
Sudorese
Diagnóstico
Catecolaminas / metanefrinas urinárias
Localizar: TC ou cintilografia MIBG
Tratamento
Preparo pré-op para não ocorrer ↑PA
o Alfa-bloqueador por 14 dias (fenoxibenzamina, prasozin)
o Betabloqueador após o alfa-bloqueio
o Não restringir ingestão de sódio (restaurar intravascular depletado)
Adrenalectomia
INSUFICIÊNCIA ADRENAL
Insuficiência de hormônios produzidos no córtex.
Se o problema for primário (no córtex) → insuficiência adrenal primária (Doença de Addison)
Se o problema estiver no hipotálamo / hipófise → insuficiência adrenal secundária
Clínica
CORTISOL ↓PA, dor abdominal, ↓glicose, eosino/linfofilia
ANDROGÊNIO ↓Pilificação feminina, ↓libido
ALDOSTERONA ↓Na+, ↑K+, acidose (↑H+)
Hiperpigmentação (POMC)
ACTH
(+ evidente em áreas de cicatrizes prévias, mucosa
(primária)
labial e áreas fotoexpostas)
Diagnóstico
Dosagem de cortisol
Teste rápido com ACTH
Tratamento
Agudo: hidrocortisona
Tardio: prednisona + fludrocortisona
INCIDENTALOMA
1) Metanefrinas urinárias
É funcional? 2) Cortisol livre urinário
3) Razão aldo/renina sangue
4) DHEAs sangue
ENDOCRINO III
Diabetes Mellitus
O Diabetes caracteriza-se pela insuficiência insulínico; ou seja, é um paciente que vive em jejum e emagrece!
DM TIPO 1 DM TIPO 2
Hipoinsulinismo absoluto
Resistência periférica à insulina
(Peptídeo C indetectável) *
Genético / autoimune Genético / ambiental
HLA DR3-DR4 ... anti-ICA (O mais genético) **
< 30 anos, magro > 45anos, obesos
Sintomático + outras doenças Assintomático + complicações
(Hashimoto, doença celíaca) tardias (macro e microvasculares)
DM Gestacional
Outros tipos (drogas, Cushing...)
(*) A insulina é muito instável na circulação, assim, dosa-se um peptídeo que é liberado em conjunto com a insulina – peptídeo C
(**) A concordância entre gêmeos monozigóticos é de 80-90% (enquanto que no tipo 1 é de cerca de 50%)
- DIABETES TIPO 1
Caracteriza-se por hipoinsulinismo absoluto (peptídeo C indetectável ou < 0,1)
Doença autoimune → anti-ICA, anti-GAD, anti-IA2
Pacientes < 30 anos e magros
Geralmente inicia-se na infância
Quadro franco de: poliúria, polidipsia, emagrecimento, polifagia e cetoacidose!
A glicemia elevada sem insulina faz com que as células pensem estar em estado de jejum, ocorrendo então
estado catabólico, aumentando ainda mais o nível glicêmico. A criança passa a apresentar polifagia e
emagrecimento.
O aumento da osmolaridade faz com que aumente o volume circulante efetivo, mas sempre com polidipsia
e poliúria. O paciente também faz lipólise exagerada, a qual gera corpos cetônicos (que são ácidos), levando à
acidose metabólica.
- DIABETES TIPO 2
Resistência periférica à insulina
Fadiga pancreática secretória
Doença genética e ambiental
Pacientes > 45 anos e obesos
Assintomático durante anos → abre o quadro com complicações:
o Macrovasculares: IAM, DAP, AVE
o Microvasculares: retinopatia, neuropatia, nefropatia
O pâncreas aumenta a produção frente à resistência insulínica, ocorrendo um equilíbrio entre as forças,
mantendo o paciente normoglicêmico. Eventualmente, o pâncreas falha em secretar insulina e o paciente torna-se
hiperglicêmico.
O fator genético é muito mais importante na diabetes tipo 2 → possui forte hereditariedade! Apesar disso, é
uma doença evitável, bastando manter dieta e atividade física.
DIAGNÓSTICO
Um paciente diabético pode ter insulina elevada, normal ou baixa, impossibilitando o diagnóstico pela
dosagem de insulina. Assim, dosa-se a glicose sérica!
É importante lembrar que o paciente que apresenta glicemia de jejum alterada (100-125) não pode ser
imediatamente classificado como pré-diabético; devemos realizar um TOTG, uma vez que este paciente pode já ser
diabético!
RASTREAMENTO POPULACIONAL
Realizado para DM tipo 2, de 3 em 3 anos, em pacientes:
Idade > 45 anos
IMC > 25 + 1 fator de risco para DM
o HAS, sedentarismo, dislipidemia
o HMF de DM (1º grau)
o DM gestacional
Crianças e adolescentes com sobrepeso + 2 fatores de risco para DM
TRATAMENTO
ALVO TERAPÊUTICO
HbA1C (mais importante) < 7%
Glicemia capilar pré-prandial 80 – 130 mg/dL
Glicemia capilar pós-prandial < 180 mg/dL
DIABETES TIPO 1
Insulinoterapia com 0,5 a 1 UI/kg/dia
Pós-prandial Basal
Lispro / Aspart (refeição) Glargina / Detemir (1x/dia)
Regular (30min antes da refeição) NPh (2x/dia)
→ Esquema de múltiplas doses (basal-bolus): aplica-se glargina ou detemir 1x/dia ou então NPH 2x/dia,
imitando a insulina basal. Nas refeições, aplicar Lispro (antes do café, almoço e janta) ou então usar regular 30min
antes das refeições.
→ Esquema de 2 aplicações: aplicar ao mesmo tempo regular + NPH! Antes do café tomar as duas juntas; no
almoço a NPH está fazendo pico; na janta aplica-se outra dose das duas juntas. Assim, a regular dá conta do jantar e
a NPH perpetua-se durante o sono. Este esquema não é fisiológico, não podendo falhar as refeições!
2/3 do total pela manhã 1/3 do total à noite
o NPH 70% o NPH 50%
o Regular 30% o Regular 50%
- Se o problema for na....
Glicemia pré-café da manhã → mexer na NPH da noite
Glicemia pré-almoço → mexer na regular da manhã
Glicemia pré-jantar → mexer na NPH manhã
Glicemia antes de dormir → mexer na regular da noite
- Hiperglicemia matinal
Fenômeno do Alvorecer (manhã desprotegida): picos de GH durante a noite elevam a glicemia durante a
madrugada; o paciente acorda hiperglicêmico
Efeito Somogyi (hipoglicemia da madrugada): hiperglicemia de rebote por uma hipoglicemia durante a
madrugada
DIABETES TIPO 2
- Incretinomiméticos
As incretinas aumentam a insulina independente da glicemia.
Inibidores da DPP-IV (evita a degradação da incretina)
o Gliptinas
Análogo de GLP-1 (incretina) Quais levam a SULFONILUREIAS e
o Exenatide, Liraglutide... ↓peso hipoglicemia GLINIDAS
METFORMINA, TIDES
Quem diminui peso
- Inibidores do SGLT2 (inibe absorção de glicose no TCP) e GLIFOZINAS
Glifozinas (dapaglifozina, empaglifozina) Quais diminuem a
GLINIDAS e ACARBOSE
o ↓ peso e ↓ HAS glicemia pós-prandial
o Pode causar candidíase e ITU de repetição
COMPLICAÇÕES AGUDAS
CETOACIDOSE DIABÉTICA (DM 1)
↑ Glicose
Lipólise
O aumento de glicose sem insulina faz grande quebra de gorduras, gerando corpos cetônicos (ácido beta-
hidroxibutírico, ácido acetoacético e acetona), desenvolvendo uma acidose metabólica com AG↑.
Diagnóstico
Glicose > 250
Cetonemia / cetonúria (3+/4+)
pH < 7,30 e HCO3 < 15
Clínica
Dor abdominal, náuseas, vômitos
Hiperventilação (Kussmaul)
Leucocitose
↑ Creatinina (desidratação) e amilase
Tratamento
Necessário realizar volume e insulina juntos. Se apenas volume, o plasma fica hipotônico e o neurônio rouba
água, inchando e fazendo HIC. Se apenas insulina o paciente faz hipocalemia e também pode morrer. Logo, o que
salva também mata!
Desta forma, o tratamento baseia-se em três pilares: volume, insulina e potássio!
Critérios de compensação
pH > 7,3
HCO3 > 18
Glicemia < 200
Via de regra, a glicemia é a primeira a ser corrigida!
Complicações
Trombose
Edema cerebral
Hipocalemia grave
Mucomircose (Rhizopus sp., Mucor sp.) → micose destrutiva rinocerebral (tratamento: anfoB +
debridamento)
TRATAMENTO DA CETOACIDOSE DIABÉTICA
SF 0,9% = 1L na 1ª hora (15-20ml/kg)
Célula Plasma
H2O
GLICOSE
Na+
VOLUME Hiponatremia dilucional
- Na+ baixo: manter SF 0,9% / Na+ normal ou alto: SF 0,45%
- Em um paciente hiperglicêmico → hipoNa+ dilucional (cada aumento de
100mg/dL da glicose causa a queda de 1,6mEq/L de Na+)
Regular: 0,1 U/kg (bolus) + 0,1U/kg/h (contínua)
OBJETIVO: reduzir glicemia 50-75 mg/dl/h
INSULINA
- QUANDO GLICEMIA = 250mg/dL → iniciar SG 5% (mas não suspender insulina!)
- Fazer 50% SF 0,9% e 50% SG 5%
K+
↓ insulina / ↓ pH
K+ plasma K+ urina
POTÁSSIO
K+ (3,3 – 5,0): repor K+ (20-30mEq/L) se estiver urinando
↑ K+ (> 5,0): não repôr K+
↓ K+ (< 3,3): repor K+ e adiar insulina
HCO3 Se pH < 6,9 100mEq
A hiperosmolaridade decorrente da hiperglicemia causa sede, e a água ingerida não atinge os tecidos pois o
sangue está hiperosmolar. O volume aumentado faz o paciente urinar demais, fazendo um ciclo contínuo. Se o
paciente não beber água, os neurônios desidratam e ocorre estado de coma!
↑ Glicose (mas não bebe água)
↑ Osmolaridade (mas ainda tem insulina → sem cetoacidose)
Diagnóstico
Glicemia > 600
Osmolaridade > 320
pH > 7,3 e HCO3 > 18
Tratamento
Igual à cetoacidose: volume / insulina / potássio
DOENÇAS DO ESÔFAGO
Distúrbios motores (peristalse), inflamatórios e obstrutivos (CA esofágico)
O esôfago é um tubo muscular que empurra a comida para o estômago. Seu terço superior possui músculo
estriado e seus dois terços inferiores possuem músculo liso.
O esfíncter esofagiano inferior (EEI) possui um epitélio de transição, de pavimentoso estratificado para
glandular; esta região chama-se linha Z. A cárdia é a região que compreende 2cm acima e abaixo da linha Z.
Distúrbios Motores
Acalásia (↓peristalse)
Espasmo Esofageano Difuso (↑peristalse)
ACALÁSIA
O esôfago possui o plexo nervoso autônomo submucoso (de Meissner) e o plexo nervoso autônomo
mioentérico (de Auerbach), os quais são responsáveis pela peristalse. Quando estes são destruídos ocorre perda da
contração esofágica.
Na acalásia primária ocorre destruição do plexo de Auerbach, por ser antígeno específico. Na acalásia
secundária ocorre destruição pela Doença de Chagas, destruindo tanto o plexo de Auerbach quanto de Meissner.
Características da acalásia
Perda do relaxamento fisiológico do EEI
Hipertonia do EEI (P > 35 mmHg)
Peristalse anormal
Clínica
Disfagia, regurgitação e perda de peso
Diagnóstico
Esofagografia baritada
o Sinal do bico de pássaro, da chama de vela, da ponta de lápis
Esofagomanometria – fecha diagnóstico!
o Ausência de relaxamento do EEI
o Hipertonia do EEI
o Peristalse anormal
Tratamento
De acordo com a evolução (Classificação de Rezende)
Grau I: nitrato, antagonista de cálcio, sildenafil, botox
Grau II: dilatação pneumática por balão
Grau III: Cardiomiotomia a Heller + fundoplicatura parcial (tratar refluxo)
o A cardiomiotomia deve ser feita 5cm acima e 3cm abaixo da linha Z
Grau IV: esofagectomia total - megaesôfago (d >10cm)
ESPASMO ESOFAGEANO DIFUSO
Caracteriza-se por contrações vigorosas e simultâneas, principalmente nos 2/3 inferiores do esôfago.
Clínica
Precordialgia + disfagia
Diferencial: IAM
Diagnóstico
Esofagografia baritada → esôfago em saca-rolhas (só aparece durante o espasmo)
Esofagomanometria com teste provocativo
o Contrações vigorosas e simultâneas
Tratamento
Nitratos, antagonista de cálcio
Miotomia longitudinal (último recurso)
Sintomas
- Esofageanos (típicos)
Pirose, regurgitação
- Extra-esofageanos (atípicos)
Faringite, rouquidão, tosse crônica, broncoespasmo, pneumonia de repetição...
Pode atingir nervo vago → tosse crônica
Diagnóstico
Clínico (pirose + regurgitação)
EDA normal: não exclui DRGE
EDA: usar quando suspeita de câncer ou complicações, ou então se > 45 anos
o Sinais de alarme ou > 45 anos
o Ausência de resposta ao tratamento
Alarme: anemia, odinofagia, disfagia, perda de peso
Complicações: esofagite, estenose, Barret e câncer
pHmetria esofágica 24h (padrão-ouro)
Tratamento
- Medidas antirrefluxo
Dieta, ↓peso, ↑cabeceira, não comer 2-3h antes de deitar
Eliminar alimentos que pessoalmente causem sintomas
- Tratamento farmacológico
Inibidor de Bomba de Próton (IBP): omeprazol 20mg / panto 40mg / esome 40mg / lanso 30mg
o Objetivo: reduzir acidez
o Duração: 8 semanas
o Recorrência: IBP “sob demanda” ou crônico
o Refratário: IBP “dose dobrada” (2x/dia)
- Tratamento cirúrgico – indicado se doença refratária, longa expectativa de vida, complicação severa
Indicado em pacientes refratários, recorrentes (uso de IBP por > 10 anos) ou complicação severa (estenose,
úlcera)
Flundoplicatura – fazer pHmetria de 24h (confirmar) + esofagomanometria (escolher a técnica)
o Fundoplicatura de Nissen – 360°
Evitar se: esofagomanometria com < 60% atividade peristáltica ou < 30 mmHg peristalse
distal
Toupet / Lind – parcial posterior (topete pra trás, tá lindo!)
ESÔFAGO DE BARRET
Metaplasia intestinal (ep. pavimentoso estratificado → glandular cilíndrico)
Diagnóstico é histopatológico!
Conduta
- Metaplasia intestinal → EDA 3 – 5 anos
↓
- Displasia de Baixo Grau → EDA 6 – 12 meses (ressecção endoscópica?)
↓
- Displasia de Alto Grau → Ressecção endoscópica
(AdenoCa in situ)
↓
- Adenocarcinoma invasivo → Câncer de esôfago
CÂNCER DE ESÔFAGO
São dois tipos histológicos básicos: escamoso (epidermoide) e adenocarcinoma.
- Escamoso (epidermoide)
Homem negro e magro Tilose palmo-plantar
Etilismo Esofagopatias: acalásia, estenose cáustica...
Tabagismo Consumo de bebidas quentes
- Adenocarcinoma
Homem branco “gordinho”
Barret (DRGE)
Clínica
Disfagia, perda de peso, dor, rouquidão
Diagnóstico
- Esofagografia
Sinal da maçã mordida
- Endoscopia
Padrão-ouro, fecha o diagnóstico!
Estadiamento TNM
Realizar USG endoscópico via EDA – estadiar T e N (tumor primário e linfonodos)
PET-Scan – estadiar M (metástases)
O estômago é um órgão produtor de ácido, podendo ser dividido em fundo, corpo e antro. No fundo
encontram-se as células parietais que possuem as bombas de H+. Existem três maneiras de estimular a bomba de
próton:
(1) as células G do antro produzem gastrina, a qual estimula a bomba de próton, bem como as células D do
antro desestimulam a secreção ácida através da produção de somatostatina, a qual inibe a produção de gastrina;
(2) o nervo vago estimula as células parietais do fundo gástrico, dessa forma aumentando a secreção ácida;
(3) a histamina também estimula a bomba de prótons.
A barreira de mucosa gástrica protege o estômago da ação do antro, sendo produzida e mantida pelas
prostaglandinas.
ÚLCERA PÉPTICA
A úlcera péptica é uma lesão da parede do estômago. Para que ela surja, necessita-se um desbalanço entre
os fatores de proteção (barreira mucosa) e de agressão (acidez). O H. pylori e os AINES são agentes facilitadores da
úlcera péptica.
H. pylori
Infecção do antro, atacando as células D → bloqueio da inibição ácida → ↓ somatostatina → ↑ gastrina →
hipercloridria → úlcera péptica
A presença do H. pylori estimula os linfócitos B, predispondo ao linfoma MALT. Também tem relação com a
úlcera péptica, dispepsia funcional e o CA gástrico.
AINES
As prostaglandinas são produzidas através das COX-1 e COX-2. Os anti-inflamatórios inibem a ação das COX.
o A COX-2 está relacionada ao processo inflamatório, enquanto a COX-1 está ligada a produção da
barreira mucosa.
o Os AINES seletivos para COX-2 predispõem à agregação plaquetária.
Quando não houver H. pylori e nem AINE, lembrar da Síndrome de Zollinger-Ellison (gastrinoma)!
Úlceras refratárias, atípicas, podendo aparecer no jejuno.
Clínica e Diagnóstico
- Dispepsia: queimação, plenitude, saciedade precoce
Gástrica: piora logo com alimentação
Duodenal: piora 2-3h após alimentação
Após tratar a úlcera péptica, é necessária uma nova EDA... ficar atento para CA gástrico!
Tratamento cirúrgico
- Possui as seguintes indicações cirúrgicas:
Refratariedade / recidiva
Complicação aguda
o Perfuração / obstrução / hemorragia refratária
- Se hipercloridria:
Vagotomia ± antrectomia
o Vagotomia troncular + piloroplastia
Piloroplastia: o piloro é cortado e suturado, perdendo sua função esfincteriana
o Vagotomia troncular + antrectomia
Reconstrução do trânsito Billroth I (gastroduodenostomia)
Billroth II (gastrojejunostomia + alça aferente)
- Com hipocloridria
Gástrica I (pequena curvatura baixa)
Gástrica IV (pequena curvatura alta)
Complicações da Cirurgia – Síndromes Pós-Gastrectomias
Síndrome de Dumping
Alimento direto ao duodeno: derramamento → causa uma distensão duodenal
Tratamento:
Reconstrução em Y de Roux (o método de escolha!)
Colestiramina
- Clínica: dor que piora após alimentação; melhora com vômitos (biliosos e em jato)
CÂNCER GÁSTRICO
Os subtipos de CA gástrico incluem o adenocarcinoma (95%), linfoma (3%) e o tumor estromal (GIST – 1%).
Doença Avançada
Linfonodo de Virchow: nódulo supraclavicular E
Nódulo de Irish: nódulo axilar E
Nódulo Umbilical - Sister Mary Joseph
Ovários - Tu Krukenberg
Prateleira Retal - Blummer
Diagnóstico
Seriografia – dificuldade à passagem do contraste
Endoscopia – padrão-ouro
o Permite a biópsia!
Estadiamento
USG endoscópico (T)
TC de abdome e pelve (N e M)
Tratamento
Ressecção (margem de 6 cm) + linfadenectomia a D2
D1 – linfonodos perigástricos
D2 - + linfonodos ao redor de aa. Hepática, gástrica E, celíaca e esplênica
Pode ser feito tratamento endoscópico, porém é necessário preencher todos os requisitos:
Limitado à mucosa
Não ulcerado
SEM linfonodo / sem invasão linfovascular
< 2 cm
DIARREIAS
Aumento do conteúdo líquido nas fezes, normalmente com aumento do número de evacuações (mais de 3 por dia),
com peso superior a 200g/dia.
Classificação
- Alta: delgado - Baixa: cólon
↑ Volume ↓ Volume
3 – 5 evacuações/24h 8 – 10 evacuações/24h
Restos alimentares Tenesmo, urgência
- Não-invasiva - Invasiva
Sem muco / pus / sangue Muco / pus / sangue
- Aguda - Crônica
< 2 semanas > 4 semanas
A principal causa de diarreia aguda no mundo é a infecção, principalmente a viral; a crônica tem como principal
causa a deficiência de lactase!
SÍNDROMES DISABSORTIVAS
Caracterizam-se por incapacidade de digerir para absorver ou de não absorver o que foi digerido!
O intestino delgado é responsável pela absorção de nutrientes, ao passo que o intestino grosso absorve líquidos. A
síndrome disabsortiva desenvolve-se a partir de uma lesão de delgado! O paciente com Crohn possui síndromes
disabsortivas, ao contrário do paciente com RCU.
Falha de função de delgado = disabsorção!
Disabsorção = diarreia alta + crônica!
A gordura sofre emulsificação no estômago, e no duodeno sofre ação da lipase (pâncreas), sendo quebrada em
monoglicérideos e ácidos graxos, os quais não conseguem ser absorvidos pela mucosa intestinal, necessitando dos
sais biliares (fígado) para serem absorvidas. O íleo distal reabsorve os sais biliares em excesso (95%), fazendo a
recirculação êntero-hepática.
Se ocorre perda de gordura pelas fezes, o cálcio também se perde, e assim o paciente com lesão de íleo
distal faz cálculo renal por oxalato de cálcio (que é absorvido em excesso). Na falta de sais biliares na bile, esta se
torna litogênica.
Os carboidratos precisam ser quebrados em oligossacarídeos e depois em dissacarídeos pela ação da
amilase. A lactose não consegue ser absorvida pelo intestino, sendo necessária a quebra pelas dissacaridases.
Se o açúcar não for absorvido, este serve de substrato para a flora intestinal, causando flatulência e fezes
ácidas. O paciente exala hidrogênio (teste da exalação do hidrogênio).
O pâncreas libera tripsinogênio (que se torna tripsina no intestino), a qual junto com a pepsina auxilia na
absorção de proteínas. A falta de proteínas causa edema.
ESTEATORREIA
A abordagem inicial requer uma boa anamnese e exame físico.
1 - Existe mesmo disabsorção?
Teste quantitativo de gordura fecal (padrão-ouro)
o 3 dias de coleta de fezes com dieta hiperlipídica → se > 7g/dia, confirma disabsorção!
Teste qualitativo de gordura fecal
o Corante Sudan III demonstra a gordura fecal
Teste semiquantitativo – esteatócrito!
DOENÇAS DISABSORTIVAS
Doença de Whipple
Descrita em 1901 por Whipple, caracterizando pacientes com síndrome disabsortivas que evoluíam para
óbito. Em 1950 descobriu-se que a lesão de delgado ocorria por macrófagos através do corante PAS. Em 1991
descobriu-se que os macrófagos corados por PAS migravam para o delgado pela presença do Tropheryma whipplei.
Homens ± 50 anos
1/3 dos casos em zona rural
2/3 dos casos tem história de exposição ao solo ou animais
O quadro clínico é composto por síndrome disabsortiva, caracterizada pela esteatorreia, emagrecimento e
dor abdominal.
Pode haver artralgia e artrite, simulando a Doença de Crohn.
Também pode ocorrer alteração neurológica patognomônica → miorritmia oculomastigatória (olhos
balançam durante a mastigação).
Tratamento
Dieta sem glúten
Cuidado: risco de linfoma intestinal!
DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS
São doenças idiopáticas e sistêmicas. Tem distribuição bimodal (adultos jovens e idosos), acometendo
pacientes com história familiar positiva e judeus. A mutação no gene NOD/CARD15 está presente na Doença de
Crohn, e traduz pior prognóstico.
O cigarro protege contra a RCU e favorece a DC!
Retocolite Ulcerativa
Limitada ao retocólon
Limitada à mucosa
Progressão ascendente e contínua
Acomete principalmente o retossigmóide (50%), seguido pela colite esquerda (30%), podendo causar uma
pancolite em 20% dos casos.
Frequentemente poupa o ânus
Alterações patológicas
Erosões da mucosa → hemorragia (manifestação + comum)
Perda de haustrações → Rx em cano de chumbo
Pseudopólipos → pós-inflamatórios
Criptite → à biópsia
Doença de Crohn
Acomete todo o TGI (boca ao ânus) – “vem crohn tudo!”
Poupa o reto
Padrão transmural
Acometimento salteado / descontínuo
Acomete principalmente o íleo, causando íleocolite em >50% dos casos. Pode ocorrer ileíte exclusiva (10%) e colite
exclusiva (10%).
Doença anal – 33%
Doença retal – 0%
Alterações patológicas
Úlceras aftóides (manifestação + precoce)
Pedras de calçamento (cobblestones)
Granuloma não-caseoso (30% biópsia)
Estenoses (maior indicação cirúrgica)
Fístulas
Fissuras perianais
RCU DC
Reto: urgência e tenesmo Íleo: má-absorção
Hemorragias Massa palpável em QID
Obstrução intestinal por
---
estenoses
--- Fístulas, fissuras perianais
Manifestações Extra-intestinais
R – Resposta Imune Articular
C – Colangite Esclerosante (RCU) Cutânea
Ocular
Hepática
Renal
U - Uveíte
E – Eritema nodoso (DC) e Pioderma Gangrenoso (RCU)
D – Dor articular / Espondilite Anquilosante (DC)
C – Cálculo Renal (DC)
** Em negrito: não estão associadas a atividade da doença!
Diagnóstico
- Exame endoscópico + biópsia
(1) RCU: retossigmoidoscopia
(2) DC: trânsito de delgado + ileocolonoscopia
ASCA: Crohn 60% (ASCA = “Anticorpo que Sugere Crohn”)
P-ANCA: Retocolite 70%
- Câncer Colorretal
Mais comum: Retocolite
Fatores de Risco: extensão e duração
8 a 10 anos de doença: colonoscopia + biópsia
Biópsia com displasia de alto grau ou câncer = colectomia!
Manutenção
Aminosalicilato ou imunossupressor
Não usar corticoide!
Na Retocolite ulcerativa:
Proctocolectomia + ileostomia
Colectomia + anastomose entre bolsa ileal e reto
Colectomia + anastomose entre bolsa ileal e ânus
Na Doença de Crohn:
Ressecção do segmento doente
Estricturoplastia (estenoplastia)
GASTRO III
Doença vascular intestinal, obstrução intestinal, apendicite aguda, divertículos, pólipos intestinais, CA colorretal
Clínica
Dor abdominal intensa, desproporcional ao exame físico (abdome inocente)
Sinal de Lenander reverso (T° retal < T° axilar)
Acidose metabólica (metabolismo anaeróbico)
Irritação peritoneal (tardio)
Diagnóstico
Angiografia mesentérica
AngioTC: pode revelar pneumatose intestinal
o Boa para trombose de veia mesentérica
Tratamento
- Embolia / trombose A. mesentérica
Embolectomia / trombectomia + avaliar alça + remoção do segmento infartado + papaverina (vasodilatador)
Diagnóstico: não precisa visualizar a obstrução, e sim a consequência da isquemia → avaliar a mucosa do cólon!
Clister opaco: sinal das impressões digitais → thumbprinting
Retossigmoidoscopia ou colonoscopia: edema, úlceras
- Indicações de cirurgia:
Na fase aguda, opera quando complica: peritonite, hemorragia, colite fulminante
Se refratário ao tratamento clínico
Fase crônica: estenose / obstrução
OBSTRUÇÃO INTESTINAL
Cursa com parada de eliminação de gases e fezes; consequentemente, ocorre ↑ peristalse de luta (timbre
metálico), dor em cólica (pelas contrações), distensão abdominal. Pode haver diarreia em quadros de suboclusão.
Síndrome Ogilvie (pseudo-obstrução colônica aguda): paralisa somente o cólon, e tem as mesmas causas
que o íleo paralítico, porém é mais encontrado em pacientes graves, pós-trauma, sepse. Cursa com
distensão e peristalse presente. Tratamento com suporte + neostigmina 2,5mg EV (dose única) +
colonoscopia (> 11-13cm).
Volvo de sigmoide: torção sobre o próprio eixo. Faz uma obstrução em alça fechada (oclusão em 2 pontos
simultaneamente), evoluindo para isquemia e necrose rapidamente. Pode apresentar o sinal de U invertido
(ou grão de café) e o sinal do bico de pássaro.
Infância
o Intussuscepção: invaginação de alça intestinal. Cursa com dor abdominal, massa palpável (salsicha)
e fezes em framboesa.
Diagnóstico: clínico, RX, USG, enema opaco
Tratamento: redução → enema com bário ou ar
Refratário ou neoplasia: cirurgia!
o Áscaris, Bezoar, hérnia...
Investigação
Toque retal: fezes, massas e fecaloma
Rx Rotina de Abdome Agudo: Rx tórax + abdome em ortortase e decúbito
o Delgado: pregas coniventes (moedas) + distensão central
o Cólon: haustrações + distensão periférica
Tratamento
- Suporte clínico: SNG, corrigir distúrbios hidroeletrolíticos...
Clínica
Dor mesogástrica que migra para FID
Anorexia, náuseas, vômitos, febre baixa
Complicada: plastrão (massa palpável), peritonite difusa
Diagnóstico
Clínico
TC (padrão-ouro)
USG (crianças e gestantes)
Tratamento
- Cirúrgico – laparotomia ou laparoscopia
Apendicite precoce (simples): < 48h ou sem complicações
o ATB profilático + apendicectomia
Apendicite tardia: > 48h
o Exame de imagm: USG ou TC
o Sem complicações: tratar como apendicite precoce
o Fleimão (< 4cm): ATB (terapêutico) + colono em 4 semanas + cirurgia 6 a 8 semanas
o Abscesso (> 4cm): ATB + drenagem percutânea + colono em 4 semanas + cirurgia 6 a 8 semanas
DOENÇA DIVERTICULAR DO CÓLON
A diminuição de fibras faz com que ocorra aumento da pressão, causando pulsão em zona frágil (artérias
perfurantes na camada muscular), empurrando mucosa e submucosa para fora do lúmen intestinal.
O divertículo de Meckel é o grande exemplo de divertículo verdadeiro; a diverticulose intestinal na verdade
possui divertículos falsos (sem a camada muscular).
Diagnóstico
Colonoscopia
Clister opaco
Complicações
Inflamação (+ comum)
o Cólon esquerdo – sigmoide
o Causa: obstrução (fecalito)
Sangramento
o Cólon direito
o Causa – trauma da arteríola tracionada
Diverticulite aguda
Ocorre obstrução do divertículo por fecalito, com acúmulo de secreção e proliferação bacteriana. Por ser um
pseudo-divertículo, é muito frágil, criando microperfurações e formando um abscesso pericólico. É um processo
inflamatório localizado fora do intestino.
Dor em FIE – insidiosa
Diarreia / constipação
Febre
Apendicite à esquerda no idoso!
A colonoscopia deve ser feita 4 a 6 semanas após o tratamento, para excluir câncer de retossigmoide!
Complicações
Abscesso > 4cm → drenagem + ATB + cirurgia eletiva Estágio I ou II
Peritonite → cirurgia de urgência (colectomia à Hartmann) Estágio III ou IV
PÓLIPOS INTESTINAIS
Pólipo = polipectomia!
Variantes da PAF
Síndrome de Gardner: dentes extranumerários, osteoma, lipoma
Síndrome de Turcot: tumores do SNC (meduloblastoma)
Hamartomatosa: Peutz-Jeghers
Acomete mais delgado
Manchas melanóticas
Incidência aumentada de câncer
Autossômica dominante
CÂNCER COLORRETAL
Adenocarcinoma
Esporádico (+ comum)
o Fatores de risco: idade, história familiar, DII, dieta, hábitos de vida
Hereditário associado a pólipos
o Fator de risco: Polipose Adenomatosa Familiar (PAF)
Hereditário não-polipose
o Síndrome de Lynch
Clínica
Alteração do hábito intestinal, emagrecimento, anemia...
Cólon direito (local + comum) → anemia ferropriva, massa palpável
Cólon esquerdo → alteração do hábito intestinal
Reto → hematoquesia (+ comum), tenesmo
Diagnóstico
Colonoscopia (tumor sincrônico) + biópsia
o Lembrar que o câncer colorretal pode estar presente em dois locais ao mesmo tempo, e por isso é
fundamental realizar a colonoscopia!
CEA: acompanhamento!
Estadiamento
T e M são iguais ao estadiamento do esôfago e estômago; apenas o N é diferente!
N0 – sem linfonodos regionais
N1 – 1 a 3 linfonodos regionais
Se linfonodos presentes (N+), a conduta não é apenas cirurgia...
N2 – ≥ 4 linfonodos regionais
Tratamento
Cólon: ressecção com margem de segurança + linfadenectomia
o N positivo: QT adjuvante
Reto:
o Tumores altos (≥ 6cm): ressecção abdominal baixa (RAB) com anastomose colorretal
o Tumores baixos (≤ 5cm): ressecção abdominoperineal (Miles) com colostomia definitiva
o N positivo: QT + RT neoadjuvante
GASTRO IV - PÂNCREAS
O pâncreas é um órgão retroperitoneal. Quando lesado, a dor irradia para o dorso! A cabeça do pâncreas
relaciona-se com o duodeno, compartilhando sua vascularização (artérias do tronco celíaco e AMS); dessa forma,
quando um é retirado o outro também deve ser excisado! Os tumores de cabeça de pâncreas são irressecáveis se
invadirem artérias (se a invasão for superior a 180° da circunferência dos vasos).
O ducto colédoco adentra a cabeça pancreática; assim, se um cálculo biliar atinge a papila duodenal, pode
ocorrer uma dificuldade na drenagem de secreção do ducto pancreático principal, causando uma pancreatite aguda.
A pancreatite aguda geralmente cursa com icterícia pela presença do cálculo ou pelo edema da cabeça do pâncreas.
Além disso, a localização mais comum de tumores pancreáticos é na cabeça; o excesso de bile que não é drenada
faz uma icterícia colestática, e a pressão de bile dilata a VB que se torna palpável, porém indolor (sinal de Curvoisier-
Terrier).
Função Endócrina
Ilhotas de Langerhans: células alfa, beta e delta.
o Células beta: insulina; é a que mais trabalha!
o Células alfa: glucagon
o Células delta: somatostatina (inibe secreção pancreática e vascularização esplâncnica)
PANCREATITE AGUDA
Etiologia
Litíase biliar Trauma (criança) grave!
Álcool Autoimune (↑ IgG 4)
Hipertrigliceridemia (>1000) Escorpião (Tytius trinitatis)
Pós-CPRE (2% dos pacientes submetidos)
Clínica
Dor contínua “em barra”
Náuseas e vômitos
Icterícia leve
Sinal de Cullen (periumbilical), Grey-Turner (flancos) e Fox (base do pênis)
o Não são patognomônicos, apenas indicam hemorragia retroperitoneal!
o São raros, mas indicam maior gravidade!
Exames Complementares
Leucocitose
Hiperglicemia TGO prognóstico!
↑ TGO / TGP TGP: > 3x = pancreatite biliar!
RX: derrame pleural E / sinal do cólon amputado
Diagnóstico
- 2 ou 3 dos seguintes critérios:
Dor abdominal fortemente sugestiva;
↑ enzimas > 3x o normal (amilase e lipase)
Exames de imagem característicos
Exames de Imagem
1º a ser solicitado: USG
Definitivo: TC com contraste → pedir depois porque as alterações só aparecem depois de 48-72h!
o Imediata se quadro grave ou piorando ou dúvida!
USG endoscópico: na suspeita de microlitíase!
Classificação
- TC
Edematosa (intersticial): captação homogênea do contraste
Necrosante: captação heterogênea de contraste
Avaliação Prognóstica
- Critérios de Ranson: ≥ 3
Não fazem parte do RANSON:
o TGP / Amilase e lipase / Bilirrubinas
- Critérios de Baltazar (TC): ≥ 6
- APACHE II: ≥ 8
- PCR: ≥ 150
- Reiniciar a dieta:
Preferir VO ou enteral
Iniciar quando houver fome, ↓dor, ↓PCR
Cateter nasojejunal (NJ): reservado p/ pacientes que não toleram VO
NPT: apenas p/ pacientes que não toleram dieta enteral
o Não usar NPT + enteral → aumenta morbimortalidade! Usar apenas NPT!
Necrosante
o < 4 semanas Coleção necrótica aguda intra e/ou extrapancreática
o > 4 semanas Coleção necrótica organizada (Walled Off Necrosis - WON)
- Indicações de ATB
Sepse
Necrose infectada (gás na TC – sinal da bolha de sabão)
o A infecção geralmente ocorre no 7º dia de evolução, e o paciente piora!
o Suspeita mas sem gás na TC diagnóstico invasivo por punção + cultura!
ATB de escolha: imipenem ou cipro/metronidazol!
Diagnóstico
- Laboratorial: gordura fecal // elastase fecal (<200 = insuficiência pancreática exócrina)
- Imagem:
US-EDA (melhor para fase inicial)
TC ou RNM?
o TC: mais usado (disponibilidade / custo) utiliza-se gadolínio, que pode causar fibrose sistêmica
CPRE: quando há contraindicação à TC ou RNM
o Obrigatório antes da cirurgia
Padrão-ouro: histologia, mas não é feita...
- Tratamento cirúrgico
Indicação: dor intratável!
o CPRE antes define qual cirurgia será feita!
Complicações
Trombose de veia esplênica esplenomegalia + varizes gástricas
o Cursa com hipertensão portal segmentar (sem varizes esofageanas)
o Conduta: esplenectomia
CÂNCER DE PÂNCREAS
Anatomopatologia: Epidemiologia
Adenocarcinoma 80-90% Idoso, negro
Cabeça 70% Mutação K-ras
Manifestações Clínicas
Cabeça: tumor periampular
Icterícia colestática (verdínica)
Perda ponderal
Dor abdominal
Sinal de Courvoisier-Terrier (vesícula palpável e indolor)
Linfonodo supraclavicular esquerdo
*Estes sintomas, quando aparecem, sugerem doença avançada, restando apenas tratamento paliativo.
Diagnóstico
- Laboratorial: CA 19-9
- Imagem:
TC de abdome (estadiamento TNM)
USG endoscópico
- Biópsia: padrão-ouro (não é realizado ou não é necessário)
Transduodenal (menor risco de implante metastático) ou percutânea
Estadiamento
A partir de T4M1 o tratamento é apenas paliativo!
T4: invasão de artérias (tronco celíaco / AMS)
Tratamento
- Curativo: T3 / N0-1 / M0
Cirurgias (20% dos casos)
o Cabeça: Whipple
o Corpo/cauda: Child
Linfadenectomia: estendida – não melhora sobrevida
QT adjuvante
o Gemcitabina + Capecitabina
- Paliativo: T4 / N? / M1
Sem condição cirúrgica: stent em colédoco via EDA
o Ao longo de meses ocorre trombose neoplásica do stent, sendo necessário outro stent
GINECO I
CICLO MENSTRUAL
Padrão normal
Duração do ciclo: 21 a 35 dias
Duração do fluxo: 2 a 6 dias
Intensidade do fluxo: 20 a 60 ml
A mulher saudável menstrua todo mês, mais ou menos dentro destes valores.
Fisiologia
Eventos principais: recrutamento e maturação folicular
O hipotálamo estimula a hipófise, que age sobre os ovários e útero.
O GnRH hipotalâmico estimula a hipófise a produzir e secretar as gonadotrofinas (FSH e LH), que agem sobre
os ovários, liberando E e P, que fazem proliferação, secreção e menstruação;
O hipotálamo só estimula a adenohipófise se a secreção de GnRH for PULSÁTIL. Essa pulsatilidade varia em
frequência e amplitude no ciclo;
o A fase folicular (antes da ovulação) é caracterizada por pulsos de alta frequência, mas de baixa amplitude;
o A fase lútea (depois da ovulação) tem pulsos de baixa frequência e alta amplitude.
O GNRH aumenta o FSH que produz aumento de estrogênio e inibina B, que faz inibição de FSH e pico de LH,
responsável pela liberação de óvulos e aumento da progesterona, que é o hormônio que prepara para a gestação.
Em seguida, o LH é inibido pois não é mais necessário. Se não houver gestação, não há suporte hormonal, então o
corpo lúteo regride!
O ciclo menstrual divide-se em ciclo ovariano e uterino. É o mesmo ciclo, sob perspectivas diferentes.
Ciclo ovariano
Possui as fases folicular, ovulatória e lútea
1) Fase folicular: recrutamento à ovulação
Aumento do estrogênio e inibina B
FSH aumenta com a regressão do corpo lúteo (ciclo anterior)
Seleção do folículo dominante (tem mais receptores de FSH)
Elevação de estrogênio e inibina B inibem o FSH
Ciclo uterino
Possui as fases proliferativa, secretora e menstrual
Camadas do endométrio: compacta (superficial), esponjosa (média) e basal (profunda). Quem descama na
menstruação é a compacta e esponjosa, que também são chamadas, juntas, de camada funcional!
MUCO CERVICAL
Ação estrogênica
Muco fino → filância
Fase folicular
Cristalização → aspecto arboriforme na lâmina
(“lâmina de samambaia”)
Ação da progesterona
Fase lútea Muco espesso (sem filância)
Sem cristalização
WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA
ANTICONCEPÇÃO
A escolha do método baseia-se na facilidade de uso, reversibilidade e índice de Pearl (segurança baseada na taxa de
gravidez para cada 100 mulheres/ano usando determinado método contraceptivo).
Ao acaso, sem proteção, apenas 85% das mulheres conseguem engravidar; por isso, deve-se aguardar 1 ano
para investigar casais que tentam engravidar e não conseguem.
Comportamentais: tabelinha, curva térmica (progesterona aumenta 0,3 oC), muco cervical (mais filante, mais
estrogênio, pico de LH, está ovulando) → tentam prever a ovulação
Baixa eficácia! Não usar! Na verdade, é uma forma barata de prever ovulação para quem quer engravidar
Amenorreia da lactação: deve ser AME, amenorreia e até 6 meses. Indicar ACO de progesterona para aumentar a
confiabilidade.
Hormonais:
Progesterona: minipílula, injetável trimestral, implante subdérmico
o Minipílula: não é anovulatória; altera o muco cervical e atrofia o endométrio.
Ideal na amamentação ou peri-menopausa (existem outro mecanismo junto).
Não precisa mais esperar 6 semanas na puérpera, pode iniciar no pós-parto imediato.
o Pílula de desogestrel 75mcg (Cerazette): anovulação em 97% dos casos, mas não é minipílula.
o Injetável trimestral e implante subdérmico: alteram o muco, endométrio e fazem anovulação!
O injetável trimestral pode gerar spotting, ganho de peso (3-4kg) e pode reduzir a massa
óssea.
Implante subdérmico em obesas tem efetividade reduzida.
O implante tem índice de Pearl menor que laqueadura e vasectomia
o Contraindicações:
Gravidez, tumor hepático, HAS grave, AVE, TVP, TEP aguda (categoria 3).
CA mama atual (categoria 4).
Benefício não contraceptivo do método combinado: diminuição do risco de câncer de ovário e de endométrio
Parar de usar o ACO esta relacionado ao aumento do risco de CA de colo, em função do comportamento.
LARC – Long Acting Reversible Contraception: DIU de cobre, DIU de progesterona e implante subdérmico
EMBRIOLOGIA
Genitália Interna:
Müller → faz genitália interna (mulher)
o Desenvolvimento do útero, trompas e 2/3 superiores da vagina
Homem: tem hormônio anti-mulleriano = cresce ducto Wolff (ducto mesonéfrico)
Mulher: sem hormônio anti-mulleriano = cresce ducto de Müller (ducto paramesonéfrico)
Genitália Externa:
Depende de ação androgênica! 1/3 inferior da vagina, lábios, clitóris
Homem: com di-hidrotestosterona → fica masculina
Mulher: sem di-hidrotestosterona → fica feminina
Homens com insensibilidade aos receptores androgênicos terão genitália externa feminina
FISIOLOGIA
Compartimento I – Uterovaginal (Proliferação, secreção e menstruação)
Compartimento II – Ovariano (E e P)
Compartimento III – Hipofisário (FSH e LH)
Compartimento IV – Hipotalâmico (GnRH)
AMENORREIA
Amenorreia é um atraso menstrual prolongado, que merece investigação!
Primária: nunca menstrou
o 14 anos sem menstruação e sem desenvolvimento sexual secundário, investigar!
Telarca, pubarca, estirão de crescimento e menarca
o 16 anos sem menstruação e com desenvolvimento sexual secundário, investigar!
AMENORREIA SECUNDÁRIA
1º) Excluir gestação → β-HCG
Hiperprolactinemia
Prolactinoma Medicamentosa Outras
Diagnóstico RM Gestação
Metoclopramida
Lactação
Inicial é clínico (ag Neurolépticos
Hipotireoidismo
dopaminérgico) Tricíclicos
Tratamento Estimulação
Carbegolina ou Ranitidina
Estresse
Bromocriptina ACO...
S.Cushing
Carbegolina tem facilidade posológica e menos efeitos adversos que a bromocriptina. Não se faz mais cirurgia no prolactinoma,
mesmo que macro.
LEMBRAR DOPAMINA INIBE PROLACTINA
Várias medicações inibem a dopamina, que é antagonista da prolactina e, assim, aumentam a prolactina!
AMENORREIA PRIMÁRIA
Se tem caracteres sexuais secundários, a causa é anatômica.
Avaliação uterovaginal! Hímen imperfurado, obstrução, septo vaginal, etc
Se não tem os caracteres sexuais secundários, investigar causa ovariana ou central, dosar FSH!
LH / FSH aumentado -> chega estímulo, mas o ovário não funciona
o Pedir cariótipo se infantilismo sexual e FSH alto!!
o Disgenesia gonadal: maior causa de amenorreia primaria sem característica sexual secundária! Se for
tem que tirar as gônadas, pois pode virar CA de ovário
LH / FSH baixos
o Fazer teste do GnRH – hipófise/hipotálamo
A SHBG transporta os hormônios sexuais (a maior parte fica ligado, a fração livre é pequena), mas a fração
livre é a parte ativa. A paciente com SOP tem redução da SHBG (menor produção hepática), aumentando a fração
livre de hormônios sexuais. A gênese da doença está na resistência à insulina! É necessário tratar essa resistência, o
que fará com que o fígado produza mais SHBG e diminua as frações livres de estrogênio e progesterona,
combatendo o hiperandrogenismo e a anovulação.
O diagnóstico é clínico, mas é necessário solicitar laboratoriais para excluir outras doenças:
TSH, prolactina: Causas de irregularidade menstrual
17-OH-progesterona: Hiperplasia adrenal congênita – 17-OH-P < 200 exclui HAC
Cortisol: Síndrome de Cushing
Perfil laboratorial
Aumento de testosterona total e livre com aumento do S-DHEA
Aumento da androstenediona, LH e diminuição do FSH
Aumento do estrogênio e da resistência insulínica
Aumento da prolactina (às vezes) e diminuição da SHBG
Avaliar síndrome metabólica!
Tratamento
Atividade física
Dieta
Perda de peso
Além disso, avaliar o objetivo pessoal em outras situações:
Controle da insulina
o Metformina
o Associar ACO para não engravidar
Tratar hirsutismo
o Atividade física diminui resistência periférica, aumentando SHBG e melhorando o hirsutismo
o Dermatologia
o Ciproterona (progestágeno): é uma progesterona anti-androgênica!
Controle do ciclo
o ACO ou progesterona (ciproterona)
Gestação
o Indutores de ovulação (clomifeno)
o Se não funcionar, adicionar metformina!
WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA
DISFUNCIONAL ORGÂNICO
EXCLUSÃO CAUSA ORGÂNICA
(descontrole do eixo hipotálamo- (gestação, mioma, adenomiose,
hipófise-ovário) pólipo, trauma, câncer...
Perguntas-chave
- Origem → 1º exame: especular
Exames complementares
β-HCG → no menacme s/ contracepção
USGTV → avaliação inicial uterina
Histeroscopia → padrão-ouro para avaliar cavidade uterina
Hemograma / coagulograma → depende da clínica
O USGTV define as patologias, e deve ser usado como primeiro exame, sendo capaz de identificar tumores de
cavidade uterina, principalmente os miomas!
WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA
MIOMAS
95% dos tumores benignos do trato genital
Maioria assintomático!
Raro em mulheres < 20 anos!
A relação com infertilidade é controversa; deve ser pensado em mioma se não houver outra justificativa!
Classificação
- Subseroso: não causa sangramento; pode comprimir estruturas ou causar dor se muito grande!
- Intramural: causa sangramento!
- Submucoso: sangra muito! Pode ser removido por histeroscopia!
O USGTV é suficiente para diagnosticar miomas, mas pode ser solicitado RNM e histeroscopia. Através da
histeroscopia é possível remover miomas submucosos.
Tratamento
Sintoma x desejo de gestação
Assintomático: não tratar!
Sintomático
o Leve / moderado / pequeno → expectante / clínico (ACO)
o Intenso e nulípara → miomectomia
o Intenso e multípara → histerectomia
Diagnóstico diferencial
Adenomiose: sangramento + dismenorreia 2ª
o USG / RNM / Histopatológico (definitivo)
o Miométrio heterogêneo + zona juncional mioendometrial > 12mm
o Tratamento definitivo: histerectomia
o Outras opções: DIU progesterona, ablação de endométrio
Miomatose SUA
Adenomiose SUA + dismenorreia 2ª
Endometriose Dismenorreia 2ª + infertilidade
WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA
ENDOMETRIOSE
Endométrio (glândulas e estroma) fora do útero
Dismenorreia + infertilidade
Localização + comum: ovários
Exames: USG (endometrioma) / RNM (ruim p/ implante baixo)
o Padrão-ouro: laparoscopia → permite visualização e bx da lesão
Não há correlação direta entre a extensão da doença e a intensidade da dor!
o CA 125: não define doença (↓ sensibilidade) – pode dar negativo em casos leves
Melhor no controle pós-tratamento
Tratamento
Inicialmente clínico:
Pílula combinada
DOR Progesterona
Análogo GnRH
Inibidores da aromatase
ENDOMETRIOMA Cistectomia
Tratamento clínico não resolve
INFERTILIDADE Endometriose mínima / leve: laparoscopia
Endometriose severa: FIV (fertilização in vitro)
INFERTILIDADE
Ausência de gravidez após 1 ano!
- Principais causas:
Fator masculino: 35%
Fator tuboperitoneal: 35%
Anovulação: 15%
Infertilidade masculina
Espermograma: rotina básica
o Normal: não repetir!
o Anormal: repetir em 3 meses
o Azoospermia: biópsia testicular
WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA
Infertilidade feminina
FATOR OVARIANO (rotina básica)
Biópsia de endométrio: já foi padrão-ouro (atualmente em desuso)
- Observa se passou de proliferativo p/ secretor, ou seja, se a mulher ovulou
Dosagem de progesterona: na fase lútea (21-24º dia) > 3ng/ml
Dosagem de FSH:
- Avalia reserva ovariana (bom se < 10 entre 2º e 5º dia)
- Opção (ao invés de dosar FSH): dosar hormônio antimülleriano
USGTV seriada:
- Documenta ovulação: p/ programar coito ou intervenções
- Contagem de folículos: avalia sucesso na reprodução assistida (valor
prognóstico)
FATOR TUBOPERITONEAL
Histerossalpingografia: exame inicial para trompa
- Trompa pérvia = prova de Cotte positiva
- Trompa obstruída = videolaparoscopia
Videolaparoscopia: padrão ouro para doença tubária e peritoneal (é o
tratamento inicial caso o fator seja tuboperitoneal)
FATOR UTERINO
USGTV e histerossalpingografia: se alterados, encaminhar para
histeroscopia
HISTEROSCOPIA = padrão-ouro para cavidade endometrial
Para avaliar o fator tuboperitoneal através da histerossalpingografia, é injetado contraste que deve
extravasar no peritônio. É o exame inicial para trompa; se a trompa for pérvia, chama-se de Prova de Cotte
positiva!
Se a Prova de Cotte for negativa, procede-se a videolaparoscopia, que é padrão-ouro p/ doença tubária e
peritoneal.
A histeroscopia é o padrão-ouro para avaliar a cavidade endometrial.
TRATAMENTO
MASCULINO: maioria é FIV