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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Geovana Roseane de Araújo


Palloma Lays de França Almeida

QUEM PLANEJA À FAMÍLIA? UM DEBATE SOBRE MÉTODOS


CONTRACEPTIVOS E PLANEJAMENTO FAMILIAR NO CISAM

RECIFE – PE
2022
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Geovana Roseane de Araújo


Palloma Lays de França Almeida

QUEM PLANEJA À FAMÍLIA? UM DEBATE SOBRE MÉTODOS


CONTRACEPTIVOS E PLANEJAMENTO FAMILIAR NO CISAM

Projeto apresentado a Universidade


de Pernambuco como requisito para
a conclusão do estágio obrigatório.
Supervisora Acadêmica: Raquel
Bianor
Supervisora de Campo: Valquíria
Ferreira

RECIFE – PE
2022
SUMÁRIO

Apresentação ............................................................................................................................. 1
Problema.................................................................................................................................... 2
Justificativa ............................................................................................................................... 2
Objetivos .................................................................................................................................... 3
Público-Alvo .............................................................................................................................. 3
Metodologia ............................................................................................................................... 4
Cronograma .............................................................................................................................. 5
Recursos Necessários ................................................................................................................ 6
Resultados Esperados ............................................................................................................... 6
Referências ................................................................................................................................ 6
I. APRESENTAÇÃO

O CISAM – Centro Universitário Integrado de Saúde Amaury de Medeiros,


hospital maternidade com referência a gestações de alto risco e assistência à mulher
vítima de violência, em função disso as(os) usuárias(os) são advindos de todo
território pernambucano, possuindo grande demanda dos interiores do Estado.

No período de observação do estágio foi possível analisar uma demanda


emergente das mulheres pacientes da maternidade, para o Serviço Social é
necessário que as genitoras façam ficha social ao deixar a maternidade e o(s) RN(s)
continuar internado na UCI e/ou UTI e em casos de outras demandas sociais, durante
as entrevistas é comum o relato de mulheres com mais filhos e sem renda mínima,
mães solos e em vulnerabilidade social, principalmente jovens e mulheres do interior,
este fato traz à tona a relevância de um debate sobre o planejamento familiar.

Planejamento familiar é o direito que toda pessoa tem à informação, à


assistência especializada e ao acesso aos recursos que permitam
optar livre e conscientemente por ter ou não ter filhos. O número, o
espaçamento entre eles e a escolha do método anticoncepcional mais
adequado são opções que toda mulher deve ter o direito de escolher
de forma livre e por meio da informação, sem discriminação, coerção
ou violência. (Ministério da Saúde; 1999 Apud. COSTA et al, 2006, p.
77).

O debate sobre planejamento familiar vai além dos métodos contraceptivos, por
isso levantamos a questão sobre quem planeja a família, qual o poder de decisão
dessas mulheres e até que ponto há um planejamento ou só uma aceitação das
consequências. Vivemos em uma sociedade patriarcal e conservadora onde as
mulheres dificilmente podem decidir sobre seu corpo por completo, as discussões
sobre aborto legal, para além da violência e fatores de risco, ainda precisa ser muito
avançado no nosso país.

Outro aspecto importante na garantia da autonomia na escolha dos


métodos contraceptivos é a sua disponibilidade no momento e lugar
adequados. Preconiza-se que esteja disponível todo o conjunto de
alternativas tecnológicas, cientificamente seguras, para que as
mulheres não sejam conduzidas a um método pela ausência de
oportunidade de escolher outro (COSTA et al, 2006, p. 80)
Sendo assim o planejamento familiar é uma temática longe de ser saturada,
sua disseminação enquanto política e informação social precisa ser constantemente
pluralizada e a escolha da mulher precisa ser priorizada, as mulheres necessitam de
uma orientação correta e direcional da importância do planejamento familiar e como
acessa-lo de forma integral.

II. PROBLEMA

A recorrente demanda de mulheres em situação de vulnerabilidade social e/ou


risco social com histórico de gravidez sem planejamento e que sofrem constantes
frustrações na busca de acessar um método contraceptivo, muitas por afirmarem que
não há uma rede de planejamento familiar em seu município e dificilmente conseguiria
percorrer até a capital para acessar seu direito.

(...) faltam-lhes também o saber sobre o seu corpo, sobre os seus


desejos e sobre suas possibilidades para intervir no processo
reprodutivo, para que possam escolher conscientemente entre os
diferentes métodos. (COELHO et al, 2000, p.43)

Além do fator social e geográfico, a construção social patriarcal impende o livre


diálogo de mulheres sobre seus direitos sexuais e reprodutivos, isto implica
diretamente no conhecimento das mulheres sobre seus corpos, desejos e até na
reflexão de uma projeção familiar.

III. JUSTIFICATIVA

A maternidade atende todo estado pernambucano, isto implica em um grande


fluxo de usuárias advindas do interior que não conseguiria um acesso posterior a
política de planejamento familiar e que vivem em uma circunstância de vulnerabilidade
social ou mulheres que não desejam ter mais gestações ou queira um intervalo
gestacional mais controlado. Em todos os aspectos o planejamento familiar pode ser
acessado para o acompanhamento e controle de todos que desejam ter uma
programação familiar com maior efetividade.
O planejamento familiar permite aos indivíduos espaçarem e limitarem
as gestações de acordo com seu desejo, com impacto direto em sua
saúde e bem-estar, bem como sobre o resultado de cada gestação,
uma vez que permite seu espaçamento adequado, e pode atrasar a
gravidez em mulheres jovens, reduzindo os riscos de problemas de
saúde e de mortalidade materna e infantil. Além disso, ao reduzir as
taxas de gravidez indesejada, o planejamento familiar reduz a
necessidade de abortos inseguros, que responde por 13% da
mortalidade materna global. Repercute também no aspecto social,
haja vista a maternidade na juventude estar relacionada com
educação precária, baixa inserção no mercado de trabalho, baixa
autoestima e falta de perspectiva de vida, fatores que contribuem para
a perpetuação do ciclo de pobreza. (MOURA; GOMES, 2014, p.854)

Está é uma demanda recorrente, principalmente o acesso a laqueadura é um


desejo expressado por muitas mulheres que relatam este fato com um certo pesar por
ser um “sonho distante”, acreditam só ser possível conseguir por meio de politicagem
e contatos. Portanto o acesso à essa política é desconhecido e pouco disseminado.

IV. OBJETIVOS

Objetivo Geral: Orientar as pacientes gestantes e puérperas sobre a importância do


planejamento familiar, bem como informar quais os métodos contraceptivos
garantidos por Lei e como acessa-los, destacando quais métodos são ofertados pelo
CISAM hospital maternidade e unidade ambulatorial.

Objetivos Específicos:

 Orientar sobre a importância do planejamento familiar;


 Informar sobre quais métodos contraceptivos são ofertados pelo CISAM e
como acessa-los;
 Construir um debate sobre planejamento familiar nas enfermarias de alto risco.

V. PÚBLICO-ALVO

Pacientes internadas no CISAM, sendo gestantes e puérperas nas enfermarias


de alto risco e do alojamento conjunto, priorizando mulheres que residem no interior e
não tem condições de acessar os métodos de contracepção posteriormente a sua alta.
VI. METODOLOGIA

A abordagem será pautada em ações socioeducativas na perspectiva da


Educação Popular, com dois recursos roda de conversa e orientações. A roda de
conversa irá acontecer de forma pontual nas enfermarias de menor fluxo e as
orientações com informações mais focalizadas nas enfermarias de maior rotatividade,
serão de maior continuidade. O Serviço Social da maternidade tem grande destaque
na promoção de ações socioeducativas, isto resulta em usuários mais inteirados sobre
seu direito, segundo CFESS, 2010:

As ações socioeducativas e/ou educação em saúde não devem


pautar-se pelo fornecimento de informações e/ou esclarecimentos que
levem a simples adesão do usuário, reforçando a perspectiva de
subalternização e controle dos mesmos. Devem ter como
intencionalidade a dimensão da libertação na construção de uma nova
cultura e enfatizar a participação dos usuários no conhecimento crítico
da sua realidade e potencializar os sujeitos para a construção de
estratégias coletivas. (CFESS, 2010, p.55)

A roda de conversa possibilita uma maior troca com os usuários, reconhecendo


não só suas demandas, mas sua bagagem social, isto permite ao profissional
entender o contexto em que o usuário está inserido e orienta-lo sobre seus direitos e
como acessa-los.

(...) a prática reflexiva, que possibilita aos usuários a análise e


desvendamento das situações vivenciadas por meio de reflexão crítica
estimulada pelo assistente social, de forma que o usuário consiga
captar, na medida do possível, o movimento da realidade social e,
consequentemente, participar, de forma consciente, do processo de
transformação dessa realidade enquanto ser histórico. Esse processo
deve priorizar a atenção coletiva, em grupo, o que possibilita a troca
de experiência entre os sujeitos, a manifestação da força que a
organização tem e da condição de classe dos sujeitos envolvidos.
(CFESS, 2010, p.56)

Nas enfermarias de alto risco que corresponde as enfermarias Água Marinha e


Safira são gestantes com previsão de um longo período de internação, com 08 leitos
cada sala e com menor fluxo de acompanhantes, tornando um ambiente mais propício
para uma roda de conversa, dividida em momentos, apresentação, introdução da
temática, roda de debates, nesse momento espera-se ocorrer as manifestações das
demandas pessoais que irá permitir orientar as usuárias sobre seus direitos e
possibilidades, por fim será aplicado um método avaliativo sobre o momento.

(...) as rodas de conversa promovem a ressonância coletiva, a


construção e a reconstrução de conceitos e de argumentos através da
escuta e do diálogo com os pares consigo mesmo. E, ao pensar a
forma de adotar e conduzir esse instrumento, temos que considerar
que o diálogo construído representa pensar e o falar de “[...] indivíduos
com histórias de vida diferentes e maneiras próprias de pensar e de
sentir, de modo que os diálogos, nascidos desse encontro, não
obedecem a uma mesma lógica” (WARSCHAUER, 2002, p. 46).
(MOURA; LIMA, 2014, p. 101)

Nas enfermarias do alojamento conjunto, sendo elas Jade, Esmeralda,


Topázio, Turmalina e Opala com média de 08 leitos, são salas com puérperas já com
os RN’s e com maior fluxo de acompanhantes, dificultando assim uma abordagem
prolongada, devido até a situação pandêmica mundial, já que são enfermarias com
maior aglomeração, construiremos uma abordagem mais informativa, priorizando as
orientações de quais serviços poderão ser buscados após a saída da maternidade.

Principais informações que buscaremos repassar: o que é o planejamento


familiar e sua importância, como acessar o planejamento familiar ambulatorial, quais
os métodos contraceptivos podem ser acessados pelo planejamento familiar do
ambulatório e quais métodos podem ser acessados pela maternidade.

VII. CRONOGRAMA

ESTUDO E ELABORAÇÃO PERÍODO DE RELATÓRIO


DATA PRÁTICA
OBSERVAÇÃO DO PROJETO AVALIAÇÃO FINAL
NOVEMBRO X

DEZEMBRO X

JANEIRO X

FEVEREIRO X X

MARÇO X X X

ABRIL X X
VIII. RECURSOS NECESSÁRIOS

 Papel
 Lápis

IX. RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se democratizar as informações para as usurárias, afim de que elas se


apoderem dos seus direitos e busquem um método que adeque as suas necessidades
e desejos de planejamento familiar, buscando acessar as políticas disponíveis
ofertadas pelo Sistema Único de Saúde. Estima-se também que as usuárias saiam
cientes dos seus direitos reprodutivos e informadas de que podem decidir sobre seu
corpo.

REFERÊNCIAS:

UPE. CISAM - Centro Universitário Integrado de Saúde Amaury de Medeiros. In: UNIVERSIDADE
DE PERNAMBUCO. Disponível em: http://www.upe.br/uh-cisam.html. Acesso em: 15 mar. 2022.

COSTA, Ana Maria; GUILHEM, Dirce; SILVER, Lynn Dee. Planejamento familiar: a autonomia
das mulheres sob questão. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, 2006. DOI
https://doi.org/10.1590/S0080-62342000000100005. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbsmi/a/K5vt7x9mPyrqHVFGmzvLkMb/?lang=pt&format=html. Acesso
em: 15 mar. 2022.
MOURA, Laís Norberta Bezerra de; GOMES , Keila Rejane Oliveira. Planejamento familiar:
uso dos serviços de saúde por jovens com experiência de gravidez. Ciência & Saúde
Coletiva , [s. l.], 2014. DOI https://doi.org/10.1590/1413-81232014193.10902013. Disponível
em: https://www.scielosp.org/article/csc/2014.v19n3/853-863/#. Acesso em: 15 mar. 2022.
COELHO, Edméia de Almeida Cardoso; LUCENA, Maria de Fátima Gomes de; SILVA, Ana
Tereza de Medeiros. O PLANEJAMENTO FAMILIAR NO BRASIL NO CONTEXTO DAS
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE: DETERMINANTES HISTÓRICOS. Revista da Escola
de Enfermagem da USP , [s. l.], 2000. DOI https://doi.org/10.1590/S0080-
62342000000100005. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/reeusp/a/GrTf3vFznTHzrbmnDHQHtDP/?lang=pt. Acesso em: 15 mar.
2022.
CFESS. Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais na Política de Saúde. Conselho
Federal de Serviço Social (CFESS), Brasília, 2010.
MOURA, A. F.; LIMA, M. G. A Reinvenção da Roda: Roda de Conversa, um instrumento
metodológico possível. Revista Temas em Educação, v. 23, n. 1, p. 95-103, 31 jul. 2014.

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