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Segurança nas Escavações

1 – Natureza dos Solos


Nos trabalhos de fundações de edifícios, é necessária a execução de escavações,
nomeadamente para assentamento de sapatas de canalizações – adução de água,
gás, electricidade, etc.

A execução destes trabalhos, colocam os trabalhadores em muitas situações de


risco, sendo o mais frequente o desmoronamento.

Muitos acidentes mortais ou graves acontecem todos os anos em consequência de


desmoronamentos, pois, basta o peso de um metro cúbico de terra para esmagar
um homem. A análise deste tipo de acidentes, mostra que 55% acontecem em
escavações não entivadas, e 40% em escavações com entivação mal executada ou
mal concebida, em relação ao tipo de solo a que esta se destina.

Para determinar que tipo de solo está em causa quando se executa uma escavação,
torna-se imprescindível a investigação sobre a natureza do mesmo, com o intuito de
se poder determinar com rigor a matéria, ou matérias que o formam, e deixar prever
qual o tipo de dificuldades que este opõe à sua escavação. Estas dificuldades
subdividem-se em dois tipos:
 Dificuldades na escavação
 Dificuldades em manter a estabilidade das frentes da escavação.

A dificuldade que um solo apresenta em ser escavado está directamente relacionada


com a sua coesão. Podendo esta ser definida como a propriedade que ele tem de
resistir a um esforço de corte e deve-se à água existente entre os grãos que o
formam e, por capilaridade, criam forças de atracção entre essas partículas.

Esta coesão capilar necessita que exista no solo simultaneamente água e ar. Por
isso, nos dois casos limites (solo totalmente impregnado de água; solo
completamente seco) a coesão tende a desaparecer.

Deste facto, também resulta que a coesão de um solo não é característica


permanente e pode variar consoante o grau de humidade a que ele se encontra.

Segundo a legislação portuguesa (Decreto-Lei, nº. 41821 de 1958), para efeitos de


escavação, os solos podem considerar-se de:
 Grande consistência
 Consistência média
 Pouca consistência
 Sem consistência

Solos de grande consistência – são exclusivamente formados por rocha e argila


dura, apresentando uma forte resistência à escavação, que aconselha o uso de
processos mecânicos.

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Solos de consistência média – são possíveis de escavar à picareta. Em geral
contém argila, cascalho e pouca areia, dependendo o seu equilíbrio do grau de
humidade a que se encontram.

Solos de pouca consistência – são os que apresentam uma coesão precária, em


geral devida a uma percentagem de areia relativamente elevada. Quando secam
costumam degradar-se até à pendente natural.

Solos sem consistência – não têm coesão e admitem escavação à pá. Neste caso
estão os solos de areia e os saturados de água.

A dificuldade que um solo tem em ser escavado está, como se disse, directamente
ligada à sua coesão, o que equivale a atribuir que um solo é tanto mais instável
quanto mais fácil for a sua escavação.

Porém, vejamos o seguinte: os solos de rocha ou argila dura (normalmente


considerados de grande resistência) podem apresenta-se em estado instável,
dependente de factores alheios à sua constituição mineralógica. Um solo de rocha
que apresente fissuras ou estratificações muito acentuadas (Figura 1) ou ainda
massas de rocha que o trabalho de escavação coloca em equilíbrio precário; um
solo de argila dura, quer dizer, um solo de argila que perdeu toda a água e secou,
sofre paralelamente grandes contracções (ligadas ao comportamento físico das
argilas) que podem provocar fissuras e, ao mesmo tempo, desmoronamentos.

Fig. 1

Por outro lado, as escavações em argila dura, têm associada uma contingência
dependente das condições climatéricas. Mercê de uma chuva intensa, uma parede
de argila dura pode perder rapidamente a coesão e fazer-se desmoronável.

A falta de estabilidade de uma superfície escavada num solo deve-se ao impulso a


que esse solo está sujeito. Numerosas experiências, levaram à conclusão de que
este impulso não cresce proporcionalmente à altura de escavação.

Quanto à classificação dos solos e tendo em vista os seus comportamentos durante


as escavações, podemos ainda acrescentar:

Solos de grande consistência:

Como atrás se referiu, incluem os solos compostos por rochas ou argilas duras.

Os solos de rocha têm uma elevada resistência à compressão (com valores que
podem ir aos 60 Kg/cm2) e podem apresentar-se sem estratificações (rochas
isótropas) como os granitos, as diorites, etc., ou com estratificações laminares,
como os xistos, etc.

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Os solos de argila dura asseguram, em geral, uma resistência à compressão
superior a 4Kg/cm2.

Solos de consistência média:

De um modo geral, estes solos contêm argila misturada com alguma areia e
cascalho. É possível subdividi-los em:
 Solos argilosos semi-duros, devido ao seu grau de humidade natural só muito
dificilmente se amassam com as mãos. A sua resistência à compressão oscila
entre valores que vão dos 2 aos 4 Kg/cm2.
 Solos argilosos brandos, que em consequência ao seu grau de humidade
natural se amassam facilmente com as mãos. A sua resistência à compressão
oscila entre os valores que vão de 1 a 2Kg/cm2.

Solos de pouca resistência:

Incluem solos de constituição muito diferente, como por exemplo:


 Solos argilosos fluidos, que ao serem amassados saem por entre dedos. A sua
resistência à compressão é inferior a 1Kg/cm2.
 Solos de limos inorgânicos e argilas com grande quantidade de água
 Solos orgânicos (com grande quantidade de matéria orgânica)
 Solos artificiais, em geral constituídos detritos compactos de uma lixeira.

Solos sem consistência.

São formados essencialmente por areia e podem considerar-se com uma resistência
à compressão nula.

O Regulamento de Segurança no Trabalho da Construção Civil, em disposições


comuns, refere para os trabalhos de escavações:
Estes trabalhos serão conduzidos de forma a garantir as indispensáveis condições de
segurança, não só do pessoal ocupado nesses trabalhos, como também daquele que se
movimenta nas proximidades, e igualmente dos veículos, máquinas ou aparelhos que se
encontrem ou transmitem perto da obra.

É indispensável a entivação, sempre que as características da escavação ou a


natureza do solo sejam de modo a provocar desmoronamentos ou outras
anormalidades acidentais.

Quando sejam de recear desmoronamentos, derrubamentos ou escorregamentos,


como no caso de taludes diferentes dos naturais, montar-se-á a entivação, de modo
a evitar esses perigos.

2 – Reconhecimento do Terreno
Antes de se iniciar uma escavação, há que ter conhecimento prévio de:
a) Características geológicas do terreno, isto é, se devemos considerá-lo (para
efeitos de escavação) de grande, média, fraca ou nenhuma resistência;
b) Se o traçado previsto se aproxima muito de construções, árvores, etc.;
c) Se anteriores escavações foram executadas no mesmo local;
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d) Se o terreno a escavar tem características constantes, e existem nele lençóis
de água, e a que profundidade;
e) Se nalgum troço a escavação coincide com o traçado de canalizações de
esgoto, gás, água, electricidade, telefones, etc.

O conhecimento das características geológicas do terreno determinará qual o


processo de escavação a utilizar e algumas das medidas de segurança a tomar,
relativamente ao seu grau de coesão. Isto é, poderá avaliar-se o grau de dificuldade
que existirá em utilizar este ou aquele instrumento manual ou mecânico, se vai ser
necessário recorrer a entivação, e de que tipo.

As outras precauções, relacionadas com as realidades detectadas durante o


reconhecimento do terreno, são de carácter acidental.

2.1 – Factores acidentais de instabilidade

Para além da coesão do solo, há factores acidentais de instabilidade que aumentam


a probabilidade de desmoronamento.

2.1.1 – Pontos de inflexão

Nos pontos de inflexão do traçado, aumenta a instabilidade das frentes de


escavação, de forma inversamente proporcional à abertura do ângulo. Assim, quanto
mais agudo for o ângulo do traçado, mais instabilidade haverá na escavação (fig. 2)

Fig. 2

Quando o traçado de uma escavação tiver ângulos acentuados, os cuidados a ter


nesses pontos deverão ser maiores. Uma escavação entivada por um processo
aligeirado, pode exigir, nestes pontos, um reforço da entivação.

2.1.2 – Existência de alvenarias ou quaisquer outros elementos construtivos,


árvores, etc., muito próximos das frentes de escavação.

A coesão do solo diminui na zona compreendida entre esse elemento e a frente da


trincheira, aumentando as probabilidades de desmoronamento (fig. 3). Deve prever-
se nestas zonas um reforço de entivação, mesmo se a escavação for pouco funda
ou o terreno parecer estável.

Fig. 3

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Se a escavação descer abaixo dos alicerces de uma parede, de um poste, etc.,
antes do Inicio dos trabalhos devem escorar-se ou recalcar-se com a solidez
necessária todos os pontos que correrem o risco de ser afectados pela escavação.

2.1.3 – Sobrecargas ocasionais e vibrações

A existência de sobrecargas e a transmissão de vibrações ao solo, em pontos


próximos da frente de escavação, podem determinar impulsos incompatíveis com o
grau de coesão do solo, aumentando as probabilidades de desmoronamento (fig. 4).

Fig.4

2.1.4 – Aterro recente muito próximo de escavação

Quando um aterro mal compactado tiver sido feito em zona próxima de uma
trincheira aberta, pode aumentar o risco de desmoronamento.

2.1.5 – Presença de água

Como já referido, a presença de água pode agravar o risco de desmoronamento de


terras. A água pode aparecer à superfície, sob a forma de riacho, ou pode penetrar
no solo modificando-lhe as características mecânicas.

A água que corre à superfície, em consequência de chuvas, leva ao


desmoronamento dos taludes por arrastar consigo partículas do solo e criarem-se
vazios atrás da entivação. Neste caso deve fazer-se a captação das águas
superficiais, isolando o seu curso da zona escavada, de forma a impedir que elas
penetrem na trincheira.

Quando a água se infiltra no solo e o satura, os impulsos passam a ser suportados


pelos grãos e pela água existente entre eles, o que altera a pressão intersticial e,
com ela, o comportamento mecânico do terreno. Quando a permeabilidade do solo é
grande, o movimento de água é rápido e a pressão intersticial pouco se altera; no
entanto, se a permeabilidade é fraca, a água pode ficar sob pressão e criar
movimentos favoráveis ao desmoronamento. Por isso, o maior perigo de
desmoronamento pode não vir associado à grandeza do caudal que corre no
terreno. Um caudal pequeno pode, em determinados tipos de solo, ser suficiente
para causar grandes aumentos de pressão intersticial e provocar impulsos que dão
origem a desmoronamentos. É portanto, essencial fazer a drenagem de todas as
águas que existam na zona da escavação, de forma a evitar a sua acção como
agente desestabilizador do solo.

2.2 – Trabalhos na proximidade de cabos eléctricos e de canalizações

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No decurso do reconhecimento do terreno, há que fazer um levantamento prévio
(inquérito) junto das entidades exploradoras de serviços públicos ou privados, sobre
a existência ou não de cabos eléctricos, canalizações de água, gás, telefones,
esgotos, etc., na zona da escavação.

A recolha destes dados são fundamentais para definição de uma estratégia na


execução da obra, obviando os inconvenientes das soluções de recurso, de custos
elevados e nem sempre com os melhores resultados.

Enquanto que, canalizações de água, esgotos ou telefones não colocando em


perigo imediato a trabalhador, podem no entanto ao serem danificadas, causarem
grandes prejuízos aos serviços exploradores e ao público.

Assim, deverão ser tomadas todas as precauções para evitar danos em tais
canalizações, devendo as escavações serem feitas na presença de responsáveis na
orientação dos trabalhos, no caso de haver proximidade entre elas.

Outras canalizações que contenham; cabos eléctricos, gás ou líquidos inflamáveis,


haverá que ter cuidados especiais.

Se existirem cabos eléctricos na zona a escavar, os trabalhos só devem ter início


depois de eles se encontrarem fora de tensão, a menos que a entidade exploradora
tenha dado a conhecer que razão a impede de cumprir tal formalidade. Neste caso
haverá que proceder a uma sinalização eficaz, que alerte para a existência de
perigo, e os trabalhos só deverão ser executados na presença de um responsável
(da entidade exploradora). O qual tomará a seu cargo a observância das precauções
entendidas como necessárias perante os perigos que possam existir durante a
remoção de terras e a exposição de cabos ao ar.

No caso de surgir um cabo eléctrico, não assinalado pelo inquérito prévio sobre o
terreno, os trabalhos devem ser interrompidos até à intervenção da entidade
exploradora e às indicações sobre a forma de actuar.

Em certas regiões mineiras, termais ou vulcânicas, o solo pode libertar gases


nocivos ao homem. Noutras zonas, como citadas e zonas industriais é comum a
existência de condutores de transporte de gases, líquidos inflamáveis como gasolina
ou petróleo, corrosivos como ácidos ou bases.

Assim sendo, há que ter em conta este perigo durante escavações em zonas onde
existam condutas com estas características ou solos libertadores de gases.

Em tais casos, deve prevenir-se a existência de equipamento de remoção do ar no


fundo das escavações e em caso de dúvida os trabalhadores deverão usar os EPI`s
adequados, (tomada de ar à distância).

A remoção de ar para respiração, deve fazer-se com os cuidados necessários e sob


orientação técnica.

O equipamento de fornecimento de ar, poderá ser efectuado através de um


compressor de ar e respectiva tubagem, de um ventilador de ar comprimido, ou de
um sistema misto integrado com insuflação e extracção de ar, na mínima proporção.

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Este equipamento pode apresentar dois tipos de riscos para a segurança e saúde
dos trabalhadores:
1. Agente provocador da fonte de ignição – Risco de Explosão
2. Agente provocador de gases tóxicos – Risco de intoxicação

No primeiro caso, se o motor do equipamento se encontra localizado junto da


atmosfera (vapores de hidrocarbonetos inflamáveis), a possível libertação de chispa
pode contribuir para a explosão dos vapores contidos em espaços confinados.

No segundo, (caso de compressores), o ar por este fornecido desde que não seja
suficientemente filtrado, pode levar grande percentagem de “monóxido de carbono”
(CO), o qual é altamente tóxico e também explosivo, para além de outros produtos
nocivos, como é o óleo queimado e outros produtos, provenientes de uma má
combustão.

Em escavações profundas, do género poço, os trabalhadores podem sentir-se


incomodados, não só pela existência acidental de gases, como pela concentração
excessiva do anidrido carbónico proveniente da sua própria respiração, ou dos
gases inerentes aos aparelhos de iluminação que o trabalho no local exija.

Assim, como medidas de prevenção deve-se:


 Instalar o compressor ou ventilador em local mais afastado possível da
escavação e sempre com a tomada de admissão do ar virada a favor do vento;
 Os gases contaminados provenientes da exaustão, devem ser conduzidos para
local seguro e arejado;
 O local e zona de trabalho abrangidos, deverão ser limitados quanto aos acessos
e devidamente sinalizados;
 O ar fornecido por compressor deverá passar por reservatório de ar, seguido dos
vários filtros necessários, incluindo um filtro de (CO); - O ar recebido
directamente do compressor, não é respirável, pois arrasta uma série de
impurezas, tais como: água mais óleo, vários óxidos e também gases da
combustão.
 Em escavações profundas, o trabalhador deve executar o trabalho utilizando
cinto de segurança, arnês ou bailéus com dispositivos, pára-quedas devidamente
ancorado na parte superior da escavação e sobre vigilância constante, afim de
poder ser içado no caso de sentir qualquer sintoma de perigo.

3 – Escavações Manuais e Mecânicas


Nas escavações, o método manual aparece geralmente ligado a pequenas
profundidades e as durezas do solo compatíveis com a utilização, em boas
condições de trabalho, de picaretas ou pás. A utilização de máquinas significa
sempre uma economia de tempo, mas pode ser determinada por outros factores,
como as dimensões vastas da obra, a sua profundidade e as características do
terreno.

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Escavação manual
Neste tipo de escavação, há que ter em conta a distribuição dos trabalhadores pela
frente de escavação, pois a proximidade excessiva de uns em relação aos outros
pode dar origem a que os movimentos normais do trabalho atinjam o cavador (fig.5)

Fig. 5

A legislação em vigor acautela este perigo, determinando que os trabalhadores de


uma frente de escavação guardem, entre si, um afastamento mínimo de 3,60m,
compatível com a liberdade de movimentos exigida por este tipo de trabalho.

Outra precaução a tomar relaciona-se com a eventualidade de desmoronamentos.


Numa escavação manual, ou durante os trabalhos que posteriormente se executam
numa escavação aberta, deve existir o número suficiente de escadas para se dar
uma evacuação rápida em caso de perigo.

As escadas devem ser solidamente construídas e ter um comprimento superior em


cerca de 1,00m, à altura da escavação. Só ultrapassando essa altura, uma escada
garante a evacuação rápida de trabalhadores, pois, se for mais curta pode colocar
problemas a quem quiser sair rapidamente da trincheira aberta. A legislação em
vigor ainda determina que haja disponível uma escada por cada troço de 15,00m e
não possam utilizar-se escadas com altura superior a 7,00m (ou seja, uma altura de
6,00m mais 1,00m salientes, acima da escavação). Para alturas superiores deverá
usar-se mais que um tramo, separados por plataforma com corrimão e guarda -
cabeças.

Sendo raro que um desmoronamento constitua um caso isolado, quando se dá o


primeiro aluimento de terras, deve proceder-se à evacuação de todos os
trabalhadores.

Por outro lado , depois de temporais ou quaisquer outras ocorrências que afectem
as condições de segurança, os trabalhos só devem continuar após uma inspecção
ao local feita por um técnico responsável.

Quando para desbastar terrenos rochosos ou muitos duros, utilizam-se os martelos


pneumáticos, deverá tomar-se as devidas precauções relativas ao uso deste
equipamento, tais como:
a) Verificar se as ligações estão devidamente ajustadas;
b) Pregar o tubo flexível antes de adaptar ao martelo (assegurar-se que ninguém
será atingido pelo fluido da sua trajectória);

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c) Reprovar os tubos flexíveis que apresentem estado de conservação
duvidosos;
d) Os trabalhadores devem usar EPIs adequados (capacete, óculos, protectores
dos ouvidos, luvas e botas de biqueira de aço);
e) Durante as escavações em que sejam utilizadas, pás, picaretas, martelos
percursores e outras ferramentas semelhantes, os operários deverão manter
entre si a distância mínima de 3,60m para evitar lesões;
f) Os produtos da escavação não podem ser depositados a menos de 0,60m do
bordo superior do talude;
g) Ao longo do bordo superior do talude fixar-se-á uma prancha de madeira,
como resguardo, para evitar que os materiais rolem para as zonas
escavadas.

Escavações mecânicas
Estas devem efectuar-se tendo em conta as normas estabelecidas pela máquina
utilizada. Há, no entanto, que observar algumas regras e normas com carácter mais
geral, assim:
 O condutor da máquina deve informar-se previamente sobre as características do
terreno, a sua consistência, para avaliar as possibilidades de manobra à beira da
escavação, durante as descargas, etc.;
 Deve, a todo o momento, poder dominar a condução de máquina e, em caso de
necessidade, poder travá-la com segurança;
 Quando a visibilidade não for boa, dispor de um auxiliar que lhe dirija as
manobras, principalmente as de marcha - atrás;
 Não efectuar movimentos que exijam a passagem de pás, lanças, etc., por cima
de trabalhadores, veículos estacionados, etc., (fig.6);

Fig. 6
 Deve ter conhecimento exacto dos limites de carga e do trabalho da máquina,
para evitar que esta atinja um estado de desequilíbrio perigoso;
 Quando o trabalho a executar tiver cabos condutores de electricidade a pouca
distância, antes do seu início deve ser averiguado o valor da tensão que neles
existe;
 Para tensões inferiores a 57.000 volts, nenhum movimento da máquina deve pôr
qualquer das suas partes a menos de 3,00m das linhas; para tensões inferiores a
57.000 volts, essa distância deve aumentar para 5,00m (fig.7);

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Fig.7
 Se for absolutamente necessário que a máquina se aproxime mais dos fios, as
linhas devem ser postas fora de tensão, responsabilizando-se a entidade
exploradora em manter tal situação durante o tempo que durar o trabalho;
 Se apesar de terem sido tomadas todas as precauções, a máquina tocar num fio
sob tensão, em nenhuma circunstância o condutor deve abandonar o
veículo antes de efectuar as manobras necessárias para desfazer esse contacto;
 Todo o pessoal que se encontrar nas proximidades deve afastar-se
imediatamente, tomando embora todas as precauções, para não pôr os pés
sobre qualquer objecto electrizado, devendo a corrente ser cortada de imediato;
 As cotas de trabalho devem ser preparadas de forma a que a máquina possa
chegar ao alto da frente do terreno que se pretende escavar ou, se tal não for
possível, pelo menos a 1,00m desse nível;
 Dever-se-á ter o cuidado necessário de não avançar com a escavação para o
interior da parede de solo, criando concavidades perigosas que facilitam o
desmoronamento da coroa da escavação (fig.8);

Fig.8
 Durante a escavação deve delimitar-se uma zona de perigo convenientemente
sinalizada, para lá da qual será proibida a presença de pessoas estranhas ao
serviço. Será reforçada com sinalização luminosa, caso haja a circulação
nocturna de veículos ou pessoas;
 De uma forma geral, as escavadoras mecânicas devem, de acordo com a
legislação em vigor e qualquer que seja o tipo (de balde, colher, garras, etc.) ou
meio de accionamento (vapor, electricidade, ar comprimido, diesel, etc.) ou
processo de deslocação (carris, lagartas, rodas, etc.):
 Ser adequadas ao género de escavação a que se destinam;
 Funcionar em boas condições;
 Ser utilizadas e conservadas segundo as instruções dos respectivos
fabricantes;
 Ser examinadas com frequência por uma pessoa competente (em especial
depois de grandes períodos de repouso) não podendo voltar ao serviço sem
serem supridas as deficiências que o exame revelar;
 Ser conduzidas, apenas, por maquinistas e operários habilitados;
 Dispor de um sistema de sinalização eficiente;
 É proibida a presença de pessoas estranhas ao trabalho quando as
escavações mecânicas estiverem em curso.

Dos acidentes ocorridos em escavações tem-se verificado quanto à gravidade, que


estes se verificam nas escavações mais estreitas, onde os desmoronamentos
colmatam mais a trincheira aberta.

Na prática, deve-se calcular a largura da escavação para o tipo de trabalho a


executar tendo em conta a entivação, o equipamento e os modos operatórios,

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recomendando-se a seguinte relação nas escavações com paredes próximas da
vertical.
Profundidade da escavação (metros) Largura mínima livre (metros)
Até 1,50 0,60
Até 2,00 0,70
Até 3,00 0,90
Até 4,00 1,20
> 4,00 1,30

Transporte de terras
O transporte de terras de escavação é feito geralmente por camiões, havendo assim
que tomar algumas medidas de segurança.
 Não havendo estrada aberta até ao local da escavação, sinalizar de forma bem
perceptível o caminho a utilizar;
 Evitar o levantamento de pó com uma rega frequente do trilho utilizado pelos
veículos;
 Não autorizar que se façam manobras de marcha - atrás, junto da escavação,
sem haver boa visibilidade a partir da cabina do condutor. Existindo um auxiliar,
este não deve conduzir a manobra empoleirado no veículo, mas de pé, junto da
escavação.

4 – Escavações em talude
A natureza do terreno é essencialmente caracterizada por dois valores mensuráveis,
a coesão e o ângulo de atrito interno, ainda que a eles se juntem outros factores
acidentais, como atrás se viu, que condicionam o seu comportamento:
 Anomalias estruturais (fissuras, falhas, superfícies de escorregamento, lençóis
argilosos, etc.) que tornam o solo mais ou menos heterogéneo;
 A presença de água imóvel ou de circulação através do solo, ou a ausência de
água;
 Sobrecargas permanentes ou acidentais;
 Vibrações;
 Condições atmosféricas com chuva, sol, geada, etc.

De todos estes factores, a presença de água é que está associada ao perigo maior,
pois, ao fim de mais ou menos tempo desfaz os taludes, obrigando-os a estabilizar
segundo pendentes muito fracas.

Na escavação em talude, a fixação da pendente deve ser feita para cada caso, e por
um técnico habilitado para o efeito, dependendo do tempo previsto para a duração
da escavação e da protecção contra águas que sejam possível assegurar.

Um factor importante a ter em conta é o chamado ângulo de talude, (Fig. 9)

Fig. 9

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Sempre que este angulo é excedido, as forças de atrito entre as partículas não são
suficientes para compensar a gravidade, produzindo-se um escorregamento do
material com o desmoronamento parcial da face do talude.

A determinação da largura total de uma escavação em talude, ao nível do solo, é um


problema geométrico elementar, conforme mostra a fig. 10.

Fig.10

O quadro seguinte dá alguns valores para ângulos de inclinação e pendentes,


segundo as mais vulgares naturezas do solo e para tempos médios de permanência
da escavação aberta.

Terreno virgem Terreno removido


Natureza do solo
Seco Molhado Seco Molhado
Rocha dura 80º 5/1 80º 5/1 - -
Rocha branda 55º 7/5 55º 7/5 - -
Pedregoso 45º 1/1 40º 4/5 45º 1/1 40º 4/5
Grande consistente 45º 1/1 30º 3/5 35º 7/10 30º 3/5

Consistência média 40º 4/5 20º 1/3 35º 7/10 20º 1/3

Pequena consistência 35º 7/10 30º 3/5 35º 7/10 30º 3/5
Sem consistência 30º 3/5 20º 1/3 30º 3/5 20º 1/3

Pode concluir-se daqui que as pendentes a adoptar, variam com as características


do solo e oscilam entre valores que as definem por ângulos compreendidos entre os
80º e os 20º com a horizontal.

Nas escavações em talude há também, que levar em conta, outros factores


susceptíveis de provocar desmoronamentos.

As superfícies de separação das diversas camadas, formam linhas de clivagem ao


longo das quais podem deslizar os terrenos que lhes ficam por cima, mesmo que se
trate de pendente fraca, sobretudo se a água se infiltra e amolece a superfície de
separação (fig.11 e 12).

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Fig.11 e 12

Daqui resulta a conveniência de:

 Impedir infiltrações através de covas ou regueiras da superfície, fazendo dremos;


colmatar e compactar covas que possam transformar-se em charcos; obturar
fissuras superficiais com terra compactada;
 Avaliar bem o grau de estabilidade de pedras de grandes dimensões encastradas
no talude (fig.13) e a importância da sua parte enterrada. Deve tentar-se fazer
com que elas se desprendam e, no caso de parecerem estáveis, verificar
amiudadamente se as suas condições de equilíbrio não apresentam sinais de
alteração. Neste caso deve recorrer-se a explosivos, para cortar a parte em
saliência;

Fig.13
 Verificar se existem no talude formações instáveis de areia e rocha (fig.14)
susceptíveis de escorregamento. Nesse caso revesti-las com plástico ou rede
solidamente presos ao solo, no alto do talude, de forma a impedir o
desmoronamento da crista.

Fig.14

Nas escavações em talude de grandes dimensões, e quando os aterros são


transportados por camiões, devem fazer-se plataformas, sendo a largura de cada
uma delas calculada de forma a haver espaço para a circulação do veículo e, além
disso, não ficar comprometida a estabilidade do conjunto com a sobrecarga que dele
advier, e as vibrações a transmitir ao solo.

Sobre escavações, podemos ainda referir algumas medidas de prevenção julgadas


pertinentes:
 Os trabalhos de escavações serão conduzidos de forma a garantir a segurança
dos trabalhadores e do público e, a evitar desmoronamentos;
 Propriedades adjacentes devem ser medidas antes de começarem as
escavações e estas têm que ser devidamente planeadas. Se existirem defeitos
de estruturas, tais como fendas nas fundações, instalações desiguais, etc., estas
devem ser vistas e verificadas. Plantas topográficas devidamente datadas e
assinada, assim como fotografias, devem ser obtidas quando necessário;
 Nenhuma escavação será feita onde afecte a estabilidade de qualquer
construção contínua até que medidas sejam tomadas para impedir tais riscos ou
a respectiva autorização seja dada por uma pessoa competente;
 Depois de temporais ou de qualquer outra ocorrência susceptível de afectar as
condições de segurança estabelecidas, os trabalhos de escavação só poderão
Curso – Coordenadores de Segurança e Saúde na Construção Civil Sessão 1 13
Módulo 10 – Segurança nas Escavações
continuar depois de uma inspecção geral, que abranja os elementos de
protecção.
 Sempre que as escavações impeçam ou dificultem a normal passagem do
público, serão instalados passadiços provisórios até que se restabeleça a
normalidade.
 A largura dos passadiços deve estar de acordo com o movimento das pessoas.
Devem ter os lados protegidos com corrimãos e não oferecem possibilidades de
tropeços.
 Os passadiços devem ser de madeira sem pregos, farpas ou buracos de nós.
Devem ser paralelos ao movimento do tráfego e devem-se pregar as
extremidades para evitar tropeços. As extremidades devem ser niveladas.
 Os trabalhos de escavação devem ficar isolados do público por meio de barreiras
protectoras distanciadas dos bordos. Sinalização, avisos e luzes devem ser
usados.

5 – Nomenclatura
Numa escavação, sempre que o ângulo do talude com a horizontal ultrapassar o seu
ângulo natural, devem ser tomadas todas as medidas que permitem prevenir um
desmoronamento total ou parcial.

Dessas medidas, constam a utilização de entivações, revestimentos, escoras ou de


outras técnicas capazes de fixar os taludes, de evitar os escorregamentos e de
prevenir a queda de materiais.

A aplicação de métodos de retenção de terras torna-se essencial, muito em


particular quando é do nosso conhecimento que a ocorrência de acidentes por
soterramento, com consequências graves, representa um número muito elevado,
justificando um cuidado especial no seu tratamento e na sua prevenção .

Entivação
Entivar uma escavação, não é mais do que defender dos impulsos do terreno o
espaço aberto, interpondo uma estrutura resistente, calculada de forma a suportá-los
e a tornar possível o trabalho de escavação sem o perigo de desmoronamentos.

Conforme a natureza do terreno e a profundidade a que ele vai ser escavado, assim,
os elementos que formam a entivação podem ser mais ou menos afastados entre si,
ter maior ou menor secção, de forma a responderem ao valor máximo do impulso de
terras a que vão ficar sujeitos.

A legislação portuguesa prevê, que a entivação de um trincheira possa ser


constituída por duas paredes formadas por elementos contínuos, descontínuo do
tipo prumos, que recebem directamente do solo os seus impulsos e transmitem-no
a escoras ou estropas através de outros elementos que os ligam entre si por
cruzamento. Quando o terreno for escorregadio, ou tiver fraca coesão, terá de ser
entivado com uma cortina de estacas - pranchas, capaz de assegurar resistência
compatível com a grandeza do impulso a que será sujeita.

Curso – Coordenadores de Segurança e Saúde na Construção Civil Sessão 1 14


Módulo 10 – Segurança nas Escavações
O material habitualmente usado nas entivações é a madeira ou o metal, suportado
por cintas e estroncas. De acordo com a legislação em vigor, e consoante se trate
de solos de consistência média, pouca consistência ou sem consistência, assim
as secções propostas para os diversos elementos que formam a entivação fazem
parte de um quadro publicado na referida Lei, desde que usada a madeira e a
profundidade da escavação esteja compreendida entre 1,20m e os 3,00m.

A legislação portuguesa prevê:


 Em escavações até 1,20m de profundidade possa dispensar-se entivação,
qualquer que seja a natureza do terreno;
 Em solos de rocha ou argila dura possa prescindir-se de entivação;
 Em casos de terrenos de fraca coesão se utilizem entivações feitas por cortinas
de estacas - pranchas com a espessura mínima de
0,05m – para profundidades de 1,20m a 2,20m
0,08m – para profundidades de 2,21m a 5,00m;
 Em terrenos de fraca coesão, escavados a profundidades superiores a 5,00m, as
estacas - pranchas devem ser metálicas;
 Em profundidades compreendidas entre 1,20m e 3,00m possa usar-se uma
entivação de madeira, composta por prumos, cintas e estroncas com
dimensões pré - estabelecidas de acordo com o quadro seguinte o conduzindo a
soluções com as representadas nas figuras adiante reproduzidas (fig. 15e16).

Fig.15 e 16

Prumos Cintas Estroncas


Natureza do Espaçamentos Espaçamento
solo Secção Espaçamento Secção Espaçamento Secção
vertical horizontal
centímetros metros centímetros metros centímetros
metros metros
Consistência
5 x 15 1,50 - - 10 x 15 1,20 1,80
média
Pouca
5 x 15 0,90 10 x 95 1,20 10 x 15 1,20 1,80
consistência
Sem Pranchada
5 x 15 10 x 15 1,20 10 x 15 1,20 1,80
consistência contínua

Curso – Coordenadores de Segurança e Saúde na Construção Civil Sessão 1 15


Módulo 10 – Segurança nas Escavações
Embora a Legislação Portuguesa refira apenas, como solução, as estroncas de
madeira esquadriada, é vulgar utilizar-se estroncas - cilíndricas obtidas a partir do
tronco – o que aliás conduz, para uma mesma secção, a maior resistência à
compressão.

A madeira para estroncas cilíndricas deve apresentar-se destacadas, uma vez que a
utilização de troncos com casca pode encobrir defeitos ou pontos fracos na estrutura
da madeira, incompatíveis com o espaço que lhe vai ser exigido.

No caso de se utilizarem estroncas de madeira cilíndricas, o seu diâmetro terá de


variar com o seu comprimento e o impulso que têm de suportar. O ábaco seguinte
(fig.17) permite calcular os diâmetros mais indicados para cada caso, em função do
seu comprimento e do esforço em toneladas que terão de suportar, admitindo como
fixos certos parâmetros:
 Comprimento das estroncas, no máximo 20 vezes o seu diâmetro;
 Esforço à compressão variando entre 20 e 35 Kg/cm2;
 Excentricidade das cargas sem exceder, no máximo, ¼ do diâmetro da estronca.

Fig. 17

Nas estroncas de madeira o aperto faz-se, em geral, com cunhas. Noutros casos
são cortadas com um comprimento ligeiramente maior do que o vão útil, entre
prumos, e são metidas inclinadas adquirindo a horizontalidade à custa de percussão
e ganhando, assim, a pressão necessária para manter as cintas e os prumos na
posição desejada.

É de ter em atenção que as cabeças das estroncas necessitem de aderir fortemente


às cintas, ou aos prumos (quando não existam cintas), o que obriga a uma superfície
de topo cortada de forma a garantir essa aderência, isto é, cortada de forma plana e
perpendicular ao eixo da estronca.

Existem também no mercado “estroncas metálicas”, as quais são constituídas por


tubos metálicos, roscados na extremidade (sistema porca e parafuso), permitem
fazer o aperto no sentido longitudinal como mostra a fig. 18.

Fig.18

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Módulo 10 – Segurança nas Escavações
Quando o terreno tiver uma coesão média, e não for atravessado por canalizações,
a entivação pode ser feita depois de haver um razoável comprimento de trincheira
aberta. Quando estas condições se verificam, há que deixar livre o espaço suficiente
para a escavação mecânica trabalhar à vontade ou, no caso de ser escavação
manual, o trabalho da entivação não perturbar os movimentos do trabalhador que
abre a trincheira.

Um processo correntemente utilizado e que oferece maior segurança na execução, é


aquele que prevê uma “zona de escavação” já livre, sucedendo-se uma “zona de
entivação em curso”, mantendo-se suficientemente afastada do trabalho de
escavação, de modo a possibilitar o melhor rendimento da máquina, conforme
mostra a figura 19.

Fig.19
No caso de escavação manual, a distância será pelo menos, de 3,60m entre
trabalhadores.

Também poderá fazer-se a entivação a partir de painéis já executados. Neste caso,


a altura dos painéis deve ultrapassar ligeiramente a profundidade da escavação.

A figura 20 mostra as diversas fases da montagem de um destes painéis, que se


fará descido em posição inclinada, fazendo-o deslizar ao longo de uma vara
colocada obliquamente na escavação. Depois de levar um par de painéis à
verticalidade, é assegurada a sua estabilidade com estroncas provisórias
(permitindo, assim, que o pessoal trabalhador não corra riscos dentro da
escavação).

Fig.20

Por fim colocam-se as estroncas definitivas.

Casos gerais e especiais de entivação


Vai sendo vulgar que a entivação se monte, no seu conjunto, fora da trincheira,
sustendo-se as tábuas da entivação por uma estrutura metálica de largura regulável
por intermédio de parafusos (fig.21).

Curso – Coordenadores de Segurança e Saúde na Construção Civil Sessão 1 17


Módulo 10 – Segurança nas Escavações
A entivação é descida sucessivamente, em pequenos conjuntos, numa escavação
que terá de ter uma pequena folga em relação à largura total do conjunto
previamente montado.

Depois de assente no solo do fundo da trincheira, através da manobra dos parafusos


da estrutura metálica é conseguido o seu aperto de encontro às paredes escavadas,
só se retirando a estrutura metálica depois de colocadas as estroncas definitivas.

Fig.21

Vejamos agora o caso dos terrenos sem consistência, onde não é possível fazerem-
se escavações sem desmoronamento imediato. Neste caso, como vimos
anteriormente, terá de usar-se uma entivação contínua (pranchada) e abrir uma
escavação mais larga do que a pretendida, de forma a poder instalar-se a entivação
com folga (fig.22). Só depois disso, e na medida do possível, se preencherá o vazio
deixado atrás da entivação com terra. Obtido esse preenchimento, procede-se ao
aperto definitivo das estroncas.

Fig.22

Nos casos de terreno com pouca resistência mas permitindo, ainda assim, que uma
escavação de 0,80 a 1,20m de profundidade não implique um desmoronamento
imediato, pode proceder-se de outro modo. As figuras seguintes (23, 24) mostram as
diversas fases por que pode passar uma entivação, nessa circunstâncias.

Fig.23 Fig.24

Aberta a trincheira até à profundidade de 0,80 a 1,20m, entiva-se esse espaço com
as tábuas, as cintas e as estroncas necessárias (Fig. 23); depois, dentro da vala e já
protegidos por essa entivação, os trabalhadores continuam a abrir a trincheira numa
profundidade de 0,80 a 1,20m, procedendo a nova entivação por baixo da primeira,
e assim sucessivamente (Fig. 24).
Curso – Coordenadores de Segurança e Saúde na Construção Civil Sessão 1 18
Módulo 10 – Segurança nas Escavações
Vejamos ainda outro processo, que se usa quando a vala só pode ficar aberta
durante pouco tempo e não permite, portanto, seja constituída uma entivação de
carácter mais estável.

Nesse caso (fig. 25), pode fazer-se uma entivação adaptada à largura da trincheira e
com a dimensão necessária para se poder executar um troço do trabalho ao abrigo
de eventuais desmoronamentos.

Fig.25

Esta entivação é assente, retirada e novamente assente por encaixamento no local


desejado. Se a base do terreno o permitir, poder-se-á (tal como a figura mostra)
fazer assentar as paredes verticais da entivação sobre uma peça metálica de pontas
reviradas e fazê-la deslizar ao longo da trincheira.

Um dos processos mais antigos de entivação, utilizado em terrenos sem


consistência ou quando a escavação é tão próxima de imóveis urbanos que os
impulsos no solo são grandes, ou ainda nos casos em que não é admissível
nenhuma descompressão do terreno, é a esquematizada na figura 26.

Fig. 26

À medida que a escavação progride, vão sendo cravadas tábuas com uma ligeira
inclinação para fora, tábuas essas com a extremidade talhada em bisel para facilitar
a penetração. A cravação vai-se fazendo sempre que existem cerca de 0,15m
escavados, não chegando as paredes da vala e ficar descobertas. Depois de
cravado o primeiro conjunto de tábuas, e apertado com estroncas, continua-se a
escavação em profundidade, começando a fazer-se outra cravação de tábuas.
Este tipo de entivação é difícil de executar, requerendo por isso prática e mão de
obra especializada.

Em certos casos especiais de entivação, dada a responsabilidade e tempo de


execução, são utilizados equipamentos e materiais mais sofisticados, de forma a
proporcionar uma maior segurança para os trabalhadores assim como para a
execução dos trabalhos, como mostra a fig. 27.

Curso – Coordenadores de Segurança e Saúde na Construção Civil Sessão 1 19


Módulo 10 – Segurança nas Escavações
Fig. 27

Pranchas metálicas
A entivação de escavações pode ser feita com pranchas metálicas.

Como atrás se disse, a legislação em vigor determina que a entivação em


escavações com profundidades superiores a 5,00m seja feita utilizando estacas -
pranchas metálicas. Pode, porém recorrer-se a elementos metálicos, quaisquer que
sejam as profundidades previstas. O processo de entivar é semelhante aos cuidados
a observar durante o trabalho, sendo idênticos aos que uma entivação de madeira
aconselha. A eles haverá a acrescentar, porém, os inerentes à possibilidade de
electrização.

Uma entivação metálica, em contacto com o solo húmido, é um condutor eléctrico


privilegiado, havendo que ter a preocupação de afastar dela todos os aparelhos sob
tensão. Os cuidados a tomar (e que atrás foram referidos) quando a escavação
atravessa ou segue de perto canalizações de cabos eléctricos e ganham assim (no
caso de entivações metálicas) uma importância redobrada.

Desmontagem das entivações


A desmontagem de uma entivação deve percorrer sempre o caminho inverso da
montagem, de forma a não expor os trabalhadores a grandes alturas desentivadas.
A desentivação deve, pois, inciar-se de baixo para cima, se possível, tendo o
cuidado de ir aterrando a parte desentivada, e por pequenas fracções.

«Mais vale deixar esquecida no fundo da escavação uma tábua, do


que arriscar a vida para a recuperar».
Não deve esquecer-se, também, que as características do solo podem também ter
sido alteradas pelas condições atmosféricas, durante o trabalho (chuva, etc.).

Vejamos ainda algumas disposições regulamentares.


 Sucede às vezes que a construção de muros de suporte, ou de outros elementos
resistentes, necessita que o terreno onde ela se executa seja escavado, e essa
escavação tenha de ser entivada. A legislação em vigor determina que a
entivação não seja removida antes da construção atingir o grau de resistência
compatível com o fim a que se destina.
 Outro ponto a referir, diz respeito às terras provenientes da escavação. Como
atrás se viu, os impulsos do terreno aumentam com as sobrecargas. A legislação
em vigor determina que os produtos escavados não possam ser depositados a
menos de 0,60m do bordo superior do talude, como exemplifica a figura 28.

Curso – Coordenadores de Segurança e Saúde na Construção Civil Sessão 1 20


Módulo 10 – Segurança nas Escavações
Fig.28

 Para impedir que materiais ou objectos caiam dentro das escavações, pondo em
risco os trabalhadores, encontra-se também regulamentado que ao longo do
bordo superior do talude seja fixada uma tábua, como resguardo. É evidente que
o uso de uma entivação pode dispensar essa tábua, desde que ela se eleve
acima do bordo do talude, como se pode observar na mesma figura 28. A altura
aconselhável dessa saliência é cerca de 0,15m.

Algumas medidas gerais de prevenção a ter em conta nos trabalhos de entivação.

 A entivação será do tipo mais adequado à natureza e condição do solo,


profundidade, grau de humidade e possíveis sobrecargas;
 Quando sejam de recear desmoronamentos, derrubamentos ou
escorregamentos, como no caso dos taludes diferentes dos naturais, a entivação
é reforçada;
 Os macacos a empregar nas entivações (geralmente de parafuso) têm de ser
adequados ao fim a que se destinam, têm de estar em boas condições de
funcionamento e serem utilizados e conservados de acordo com as instruções
dos respectivos fabricantes, devendo serem examinados com frequência por
pessoas competentes e ser assim como antes da sua utilização após grandes
períodos de repouso.
 As cargas a suportar pelos macacos terão de ser bem encontrados.
 O manejo dos macacos será confiado somente a operários idóneos.
 Todos os trabalhadores envolvidos nos trabalhos de escavação e entivação,
deverão usar os EPI(s) adequados à sua protecção pessoal.

Soluções Construtivas de Entivações


Entivações numa face
1. Muros de estacas em betão
 Estacas secantes
 Estacas tangentes
 Estacas isolantes com preenchimento

2. Muros de poços em betão

3. Cortinas em betão
 Berlinenses
 Paredes moldadas

4. Cortinas de estacas pranchas


 Com peças de madeira
 Com perfis metálicos

Entivações de valas ou trincheiras após escavação


 Entivação por painéis pré - fabricados com escoamento posterior
 Entivação por pranchas e quadros metálicos inerentes
Curso – Coordenadores de Segurança e Saúde na Construção Civil Sessão 1 21
Módulo 10 – Segurança nas Escavações
 Entivação por prancha e quadros metálicos deslocáveis
 Entivações por caixas rígidas em pranchas de madeira
 Entivações por caixas rígidas metálicas
 Entivações por caixas rígidas deslocáveis
 Entivações com mantas de geotextil escoradas

Escavações e entivações simultâneas


 Entivação por cravação de pranchas de madeira
 Entivação por caixas rígidas metálicas
 Entivação com painéis metálicos e quadros de desligamento
 Entivação por quadros metálicos e pranchas por cravação
 Entivação por cravação de estradas pranchas

Principais Tipos de Escavações que dão Origem a


Soterramento
 Abertura de valas para colocação de tubagens, principalmente em centros
urbanos.
 Abertura de poços para fundação de pilares, principalmente em centros urbanos
e no caso de reforço de fundações de edifícios antigos.
 Abertura de escavações em solos brandos em simultâneo com a execução
próxima de escavações em terrenos rochosos usando explosivos. Desconexão
entre estas duas actividades.
 Escavações a céu aberto para a execução de trincheiras, túneis e galerias para
afins variados (vias urbanas e suburbanas, barragens, etc.).
 Execução de escavações para obras subterrâneas (parques de estacionamento
urbanos, galerias, túneis e cavernas para centrais eléctricas, cavernas para
armazenamento de lixos radioactivos e outros, ou para outros tipos de
armazenagem.
 Escavações em minas para exploração de minérios. Deficiência nos pilares
deixados a suportar os tectos.
 Escavações para adaptação de minas antigas a armazenamento.

Influência do Processo Construtivo na Estabilidade das


Escavações.
Principais causas de soterramento no caso de abertura de valas
Tempo – a segurança das escavações diminui ao longo do tempo

Extensão da vala – Efeito de arco

Falta de entivação ou intervenção inadequada das paredes laterais da


escavação.

“Inchamento” do fundo da escavação quando o solo é argiloso ou rotura


hidráulica por “levitação” quando o solo é arenoso e saturado.

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Módulo 10 – Segurança nas Escavações
Abertura de valas em terrenos inclinados (encostas) em equilíbrio limite.
Metodologias para Reduzir os Acidentes na Execução de
Escavações.
Metodologias para reduzir os riscos de soterramento
Mudança de mentalidade: Necessidade do projecto de estabilidade de escavações –
estudo de prospecção

Programação da escavação – menos extensão possível e pelo menos tempo


possível

Exame prévio do estado de degradação das construções vizinhas e obter


informação sobre o estado das respectivas fundações

Controlo da percolação e meios para garantir a estabilidade hidráulica

Realizar entivações sempre que hajam terrenos com estratificação, xistosidade,


diaclasamento ou qualquer outro tipo de fractura com planos inclinados em relação
ao plano horizontal

Para prevenir encurvadura, os sistemas de travamento devem ter barras de


travamento não só transversalmente à direcção da escavação, mas também
longitudinalmente.

Metodologias para Reduzir os Riscos de Soterramento na Abertura


de Valas
As valas devem ser abertas por extensões tão curtas quanto seja compatível com
um bom rendimento dos trabalhos, devendo o seu enchimento ser feito com
compactação adequada.

Não devem colocar-se sobrecargas nas proximidades da vala, nem que circulem
máquinas e tráfego pesado junto a estas.

Na abertura da vala deve ter-se o cuidado com os serviços (cabos eléctricos,


canalizações de saneamento ou outras)
O escoamento da vala deve fazer-se em toda a sua altura, especialmente próximo
do fundo.

Se no fundo da vala nascer água ela deve ser bombeada, fazendo furos localizados
fora da zona de trabalho e aplicando aí os chupadouros das bombas que devem ser
de potência apropriada. Deve haver (50%) de bombas de reserva para no caso de
avaria de alguma possa ser substituída de imediato. No caso de grandes
quantidades de água pode ser necessário construir um sistema de “Well points”,
para rebaixamento do nível freático, porventura nas vizinhanças da vala, mas fora
dela.

Curso – Coordenadores de Segurança e Saúde na Construção Civil Sessão 1 23


Módulo 10 – Segurança nas Escavações
Metodologia para Reduzir os Riscos de Soterramento na Abertura
de Poços
No caso da abertura de poços ou outras escavações em centros urbanos para
reforço de fundações de edifícios antigos há que efectuar o trabalho sempre por
fases, pondo a descoberto uma extensão mínima da fundação do edifício, cuja
estrutura resistente e as respectivas paredes terão de ser previamente escoradas.

Metodologias para Reduzir os Riscos de Soterramento nas


Escavações em Solos Brandos
Nas escavações em solos brandos, simultaneamente com a execução próxima de
escavações em terrenos rochosos, usando explosivos, além dos cuidados especiais
a ter na dose de explosivo em cada carga, há que, previamente, fazer um
levantamento das posições e tipos de fundação das construções vizinhas com
determinação das características geotécnicas dos terrenos onde apoiam essas
fundações. Em geral, é preciso proceder também a escoamento interno e externo
dos edifícios mais degradados.

Metodologias para Reduzir os Riscos de Soterramento nas


Escavações a Céu Aberto
No caso de se utilizarem cortinas de contenção com ancoragens, para garantir a
estabilidade das escavações a céu aberto, em trincheiras ou para a execução de
túneis e galerias, é fundamental que estas tenham comprimento suficiente e
acompanhem de perto as escavações em execução, devendo o trabalho ser feito
também frequentemente por troços curtos.

Metodologias para Reduzir os Riscos de Soterramento nas


Escavações Subterrâneas.
Realização de estudo geotécnico com um controlo sistemático durante as
escavações.

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