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Para determinar que tipo de solo está em causa quando se executa uma escavação,
torna-se imprescindível a investigação sobre a natureza do mesmo, com o intuito de
se poder determinar com rigor a matéria, ou matérias que o formam, e deixar prever
qual o tipo de dificuldades que este opõe à sua escavação. Estas dificuldades
subdividem-se em dois tipos:
Dificuldades na escavação
Dificuldades em manter a estabilidade das frentes da escavação.
Esta coesão capilar necessita que exista no solo simultaneamente água e ar. Por
isso, nos dois casos limites (solo totalmente impregnado de água; solo
completamente seco) a coesão tende a desaparecer.
Solos sem consistência – não têm coesão e admitem escavação à pá. Neste caso
estão os solos de areia e os saturados de água.
A dificuldade que um solo tem em ser escavado está, como se disse, directamente
ligada à sua coesão, o que equivale a atribuir que um solo é tanto mais instável
quanto mais fácil for a sua escavação.
Fig. 1
Por outro lado, as escavações em argila dura, têm associada uma contingência
dependente das condições climatéricas. Mercê de uma chuva intensa, uma parede
de argila dura pode perder rapidamente a coesão e fazer-se desmoronável.
Como atrás se referiu, incluem os solos compostos por rochas ou argilas duras.
Os solos de rocha têm uma elevada resistência à compressão (com valores que
podem ir aos 60 Kg/cm2) e podem apresentar-se sem estratificações (rochas
isótropas) como os granitos, as diorites, etc., ou com estratificações laminares,
como os xistos, etc.
De um modo geral, estes solos contêm argila misturada com alguma areia e
cascalho. É possível subdividi-los em:
Solos argilosos semi-duros, devido ao seu grau de humidade natural só muito
dificilmente se amassam com as mãos. A sua resistência à compressão oscila
entre valores que vão dos 2 aos 4 Kg/cm2.
Solos argilosos brandos, que em consequência ao seu grau de humidade
natural se amassam facilmente com as mãos. A sua resistência à compressão
oscila entre os valores que vão de 1 a 2Kg/cm2.
São formados essencialmente por areia e podem considerar-se com uma resistência
à compressão nula.
2 – Reconhecimento do Terreno
Antes de se iniciar uma escavação, há que ter conhecimento prévio de:
a) Características geológicas do terreno, isto é, se devemos considerá-lo (para
efeitos de escavação) de grande, média, fraca ou nenhuma resistência;
b) Se o traçado previsto se aproxima muito de construções, árvores, etc.;
c) Se anteriores escavações foram executadas no mesmo local;
Curso – Coordenadores de Segurança e Saúde na Construção Civil Sessão 1 3
Módulo 10 – Segurança nas Escavações
d) Se o terreno a escavar tem características constantes, e existem nele lençóis
de água, e a que profundidade;
e) Se nalgum troço a escavação coincide com o traçado de canalizações de
esgoto, gás, água, electricidade, telefones, etc.
Fig. 2
Fig. 3
Fig.4
Quando um aterro mal compactado tiver sido feito em zona próxima de uma
trincheira aberta, pode aumentar o risco de desmoronamento.
Assim, deverão ser tomadas todas as precauções para evitar danos em tais
canalizações, devendo as escavações serem feitas na presença de responsáveis na
orientação dos trabalhos, no caso de haver proximidade entre elas.
No caso de surgir um cabo eléctrico, não assinalado pelo inquérito prévio sobre o
terreno, os trabalhos devem ser interrompidos até à intervenção da entidade
exploradora e às indicações sobre a forma de actuar.
Assim sendo, há que ter em conta este perigo durante escavações em zonas onde
existam condutas com estas características ou solos libertadores de gases.
No segundo, (caso de compressores), o ar por este fornecido desde que não seja
suficientemente filtrado, pode levar grande percentagem de “monóxido de carbono”
(CO), o qual é altamente tóxico e também explosivo, para além de outros produtos
nocivos, como é o óleo queimado e outros produtos, provenientes de uma má
combustão.
Fig. 5
Por outro lado , depois de temporais ou quaisquer outras ocorrências que afectem
as condições de segurança, os trabalhos só devem continuar após uma inspecção
ao local feita por um técnico responsável.
Escavações mecânicas
Estas devem efectuar-se tendo em conta as normas estabelecidas pela máquina
utilizada. Há, no entanto, que observar algumas regras e normas com carácter mais
geral, assim:
O condutor da máquina deve informar-se previamente sobre as características do
terreno, a sua consistência, para avaliar as possibilidades de manobra à beira da
escavação, durante as descargas, etc.;
Deve, a todo o momento, poder dominar a condução de máquina e, em caso de
necessidade, poder travá-la com segurança;
Quando a visibilidade não for boa, dispor de um auxiliar que lhe dirija as
manobras, principalmente as de marcha - atrás;
Não efectuar movimentos que exijam a passagem de pás, lanças, etc., por cima
de trabalhadores, veículos estacionados, etc., (fig.6);
Fig. 6
Deve ter conhecimento exacto dos limites de carga e do trabalho da máquina,
para evitar que esta atinja um estado de desequilíbrio perigoso;
Quando o trabalho a executar tiver cabos condutores de electricidade a pouca
distância, antes do seu início deve ser averiguado o valor da tensão que neles
existe;
Para tensões inferiores a 57.000 volts, nenhum movimento da máquina deve pôr
qualquer das suas partes a menos de 3,00m das linhas; para tensões inferiores a
57.000 volts, essa distância deve aumentar para 5,00m (fig.7);
Fig.8
Durante a escavação deve delimitar-se uma zona de perigo convenientemente
sinalizada, para lá da qual será proibida a presença de pessoas estranhas ao
serviço. Será reforçada com sinalização luminosa, caso haja a circulação
nocturna de veículos ou pessoas;
De uma forma geral, as escavadoras mecânicas devem, de acordo com a
legislação em vigor e qualquer que seja o tipo (de balde, colher, garras, etc.) ou
meio de accionamento (vapor, electricidade, ar comprimido, diesel, etc.) ou
processo de deslocação (carris, lagartas, rodas, etc.):
Ser adequadas ao género de escavação a que se destinam;
Funcionar em boas condições;
Ser utilizadas e conservadas segundo as instruções dos respectivos
fabricantes;
Ser examinadas com frequência por uma pessoa competente (em especial
depois de grandes períodos de repouso) não podendo voltar ao serviço sem
serem supridas as deficiências que o exame revelar;
Ser conduzidas, apenas, por maquinistas e operários habilitados;
Dispor de um sistema de sinalização eficiente;
É proibida a presença de pessoas estranhas ao trabalho quando as
escavações mecânicas estiverem em curso.
Transporte de terras
O transporte de terras de escavação é feito geralmente por camiões, havendo assim
que tomar algumas medidas de segurança.
Não havendo estrada aberta até ao local da escavação, sinalizar de forma bem
perceptível o caminho a utilizar;
Evitar o levantamento de pó com uma rega frequente do trilho utilizado pelos
veículos;
Não autorizar que se façam manobras de marcha - atrás, junto da escavação,
sem haver boa visibilidade a partir da cabina do condutor. Existindo um auxiliar,
este não deve conduzir a manobra empoleirado no veículo, mas de pé, junto da
escavação.
4 – Escavações em talude
A natureza do terreno é essencialmente caracterizada por dois valores mensuráveis,
a coesão e o ângulo de atrito interno, ainda que a eles se juntem outros factores
acidentais, como atrás se viu, que condicionam o seu comportamento:
Anomalias estruturais (fissuras, falhas, superfícies de escorregamento, lençóis
argilosos, etc.) que tornam o solo mais ou menos heterogéneo;
A presença de água imóvel ou de circulação através do solo, ou a ausência de
água;
Sobrecargas permanentes ou acidentais;
Vibrações;
Condições atmosféricas com chuva, sol, geada, etc.
De todos estes factores, a presença de água é que está associada ao perigo maior,
pois, ao fim de mais ou menos tempo desfaz os taludes, obrigando-os a estabilizar
segundo pendentes muito fracas.
Na escavação em talude, a fixação da pendente deve ser feita para cada caso, e por
um técnico habilitado para o efeito, dependendo do tempo previsto para a duração
da escavação e da protecção contra águas que sejam possível assegurar.
Fig. 9
Fig.10
Consistência média 40º 4/5 20º 1/3 35º 7/10 20º 1/3
Pequena consistência 35º 7/10 30º 3/5 35º 7/10 30º 3/5
Sem consistência 30º 3/5 20º 1/3 30º 3/5 20º 1/3
Fig.13
Verificar se existem no talude formações instáveis de areia e rocha (fig.14)
susceptíveis de escorregamento. Nesse caso revesti-las com plástico ou rede
solidamente presos ao solo, no alto do talude, de forma a impedir o
desmoronamento da crista.
Fig.14
5 – Nomenclatura
Numa escavação, sempre que o ângulo do talude com a horizontal ultrapassar o seu
ângulo natural, devem ser tomadas todas as medidas que permitem prevenir um
desmoronamento total ou parcial.
Entivação
Entivar uma escavação, não é mais do que defender dos impulsos do terreno o
espaço aberto, interpondo uma estrutura resistente, calculada de forma a suportá-los
e a tornar possível o trabalho de escavação sem o perigo de desmoronamentos.
Conforme a natureza do terreno e a profundidade a que ele vai ser escavado, assim,
os elementos que formam a entivação podem ser mais ou menos afastados entre si,
ter maior ou menor secção, de forma a responderem ao valor máximo do impulso de
terras a que vão ficar sujeitos.
Fig.15 e 16
A madeira para estroncas cilíndricas deve apresentar-se destacadas, uma vez que a
utilização de troncos com casca pode encobrir defeitos ou pontos fracos na estrutura
da madeira, incompatíveis com o espaço que lhe vai ser exigido.
Fig. 17
Nas estroncas de madeira o aperto faz-se, em geral, com cunhas. Noutros casos
são cortadas com um comprimento ligeiramente maior do que o vão útil, entre
prumos, e são metidas inclinadas adquirindo a horizontalidade à custa de percussão
e ganhando, assim, a pressão necessária para manter as cintas e os prumos na
posição desejada.
Fig.18
Fig.19
No caso de escavação manual, a distância será pelo menos, de 3,60m entre
trabalhadores.
Fig.20
Fig.21
Vejamos agora o caso dos terrenos sem consistência, onde não é possível fazerem-
se escavações sem desmoronamento imediato. Neste caso, como vimos
anteriormente, terá de usar-se uma entivação contínua (pranchada) e abrir uma
escavação mais larga do que a pretendida, de forma a poder instalar-se a entivação
com folga (fig.22). Só depois disso, e na medida do possível, se preencherá o vazio
deixado atrás da entivação com terra. Obtido esse preenchimento, procede-se ao
aperto definitivo das estroncas.
Fig.22
Nos casos de terreno com pouca resistência mas permitindo, ainda assim, que uma
escavação de 0,80 a 1,20m de profundidade não implique um desmoronamento
imediato, pode proceder-se de outro modo. As figuras seguintes (23, 24) mostram as
diversas fases por que pode passar uma entivação, nessa circunstâncias.
Fig.23 Fig.24
Aberta a trincheira até à profundidade de 0,80 a 1,20m, entiva-se esse espaço com
as tábuas, as cintas e as estroncas necessárias (Fig. 23); depois, dentro da vala e já
protegidos por essa entivação, os trabalhadores continuam a abrir a trincheira numa
profundidade de 0,80 a 1,20m, procedendo a nova entivação por baixo da primeira,
e assim sucessivamente (Fig. 24).
Curso – Coordenadores de Segurança e Saúde na Construção Civil Sessão 1 18
Módulo 10 – Segurança nas Escavações
Vejamos ainda outro processo, que se usa quando a vala só pode ficar aberta
durante pouco tempo e não permite, portanto, seja constituída uma entivação de
carácter mais estável.
Nesse caso (fig. 25), pode fazer-se uma entivação adaptada à largura da trincheira e
com a dimensão necessária para se poder executar um troço do trabalho ao abrigo
de eventuais desmoronamentos.
Fig.25
Fig. 26
À medida que a escavação progride, vão sendo cravadas tábuas com uma ligeira
inclinação para fora, tábuas essas com a extremidade talhada em bisel para facilitar
a penetração. A cravação vai-se fazendo sempre que existem cerca de 0,15m
escavados, não chegando as paredes da vala e ficar descobertas. Depois de
cravado o primeiro conjunto de tábuas, e apertado com estroncas, continua-se a
escavação em profundidade, começando a fazer-se outra cravação de tábuas.
Este tipo de entivação é difícil de executar, requerendo por isso prática e mão de
obra especializada.
Pranchas metálicas
A entivação de escavações pode ser feita com pranchas metálicas.
Para impedir que materiais ou objectos caiam dentro das escavações, pondo em
risco os trabalhadores, encontra-se também regulamentado que ao longo do
bordo superior do talude seja fixada uma tábua, como resguardo. É evidente que
o uso de uma entivação pode dispensar essa tábua, desde que ela se eleve
acima do bordo do talude, como se pode observar na mesma figura 28. A altura
aconselhável dessa saliência é cerca de 0,15m.
3. Cortinas em betão
Berlinenses
Paredes moldadas
Não devem colocar-se sobrecargas nas proximidades da vala, nem que circulem
máquinas e tráfego pesado junto a estas.
Se no fundo da vala nascer água ela deve ser bombeada, fazendo furos localizados
fora da zona de trabalho e aplicando aí os chupadouros das bombas que devem ser
de potência apropriada. Deve haver (50%) de bombas de reserva para no caso de
avaria de alguma possa ser substituída de imediato. No caso de grandes
quantidades de água pode ser necessário construir um sistema de “Well points”,
para rebaixamento do nível freático, porventura nas vizinhanças da vala, mas fora
dela.