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NAÇÕES UNIDAS1
Parecer do Tribunal
A Carta não se limitou a fazer com que a Organização por si criada fosse
meramente um centro destinado a harmonizar a acção das nações para a
prossecução desses objectivos comuns (Número 4 do Artigo 1.º). Ela dotou
1
Tradução livre. © Amílcar Mário Quinta. O texto integral deste Caso pode se consultado em
I.C.J. Reports 1949 ou em www.icj-cij.org.
aquele centro de órgãos e conferiu-lhes responsabilidades especiais. Ela
definiu a posição dos Estados Membros em relação `a Organização, ao exigir
que aqueles lhe prestem toda assistência em qualquer acção que ela
empreender (Número 5 do Artigo 2.º) e a aceitar e implementar as decisões do
Conselho de Segurança; autorizando a Assembleia Geral a emitir
recomendações aos Estados Membros; conferindo à Organização capacidade
jurídica e privilégios e imunidades no território de cada um dos seus Estados
Membros; e dispondo sobre a conclusão de acordos entre a Organização e os
seus Membros. A prática - particularmente a conclusão de convenções de que
a Organização é parte - confirma o carácter da Organização, que, em alguns
aspectos, ocupa uma posição distinta da dos seus Membros, e que tem o dever
de recordá-los, se necessário, de algumas obrigações. Deve ser acrescentado
que a Organização é um órgão político com responsabilidades políticas de
carácter importante e que abarcam um vasto campo, designadamente a
manutenção da paz e da segurança internacionais; o desenvolvimento de
relações de amizade entre as nações e realizar a cooperação internacional na
resolução de problemas internacionais de carácter económico, social, cultural
ou humanitário (Artigo 1.º); e, na sua relação com os seus Membros, emprega
meios políticos. A Convenção sobre os Privilégios e Imunidades das Nações
Unidas, de 1946, cria direitos e deveres entre cada um dos signatários e a
Organização (ver, em particular, a secção 35). É difícil divisar como poderá
essa Convenção operar a não ser no plano internacional e entre partes
detentoras de personalidade internacional.
(Omisso).
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Note-se que a ONU é actualmente composta por 193 Estados Membros.
Em primeiro lugar, esta regra aplica-se às reclamações apresentadas
por um Estado. Todavia, aqui, temos um caso diferente e novo que poderá ser
intentado por uma Organização.
3
Note-se que o Tribunal está provavelmente a referir-se aos casos de pessoas protegidas, de
estrangeiros que integram as forças armadas do Estado e dos estrangeiros membros da
tripulação de um navio comercial do Estado.
dos danos sofridos em tais circunstâncias. Pelo direito internacional, deve
julgar-se que a Organização tem os poderes que, embora não expressamente
estipulados na Carta, lhe são conferidos por implicação necessária na medida
em que são essenciais para o cumprimento dos seus deveres. Este princípio
do direito foi aplicado pelo Tribunal Permanente de Justiça Internacional em
relação à Organização Internacional do Trabalho, no seu Parecer N.º 13 de 23
de Julho de 1926 ... e deve ser aplicado em relação às Nações Unidas.