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DEFINIÇÃO DE CONTEÚDO

Princípios básicos sobre as características e o funcionamento de transformadores. Apresentação do conceito de fator de potência, sua importância e
métodos de correção.

PROPÓSITO
Apresentar o funcionamento e as características de transformadores, para a escolha do equipamento adequado, bem como o conceito de fator de
potência, os problemas que o baixo fator de potência acarreta às instalações e quais as ações e métodos de correção.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Reconhecer as características e tipo de transformadores utilizados em sistemas de distribuição

MÓDULO 2

Reconhecer os esquemas de ligação e paralelismo de transformadores de distribuição e de força

MÓDULO 3

Identificar as causas, necessidades e cálculos para a correção do fator de potência

MÓDULO 4

Empregar formas de correção de fator de potência e esquemas de ligação com uso de banco de capacitores

BEM-VINDO AOS ESTUDOS DOS TRANSFORMADORES DE


DISTRIBUIÇÃO E BANCO DE CAPACITORES


MÓDULO 1

 Reconhecer as características e tipo de transformadores utilizados em sistemas de distribuição

INTRODUÇÃO
As características e os tipos de transformadores utilizados em sistemas de distribuição

Transformadores são equipamentos conhecidos por operarem estaticamente, por meio de indução eletromagnética. Eles transferem energia de um
circuito para outro com tensões e correntes diferentes, porém mantêm a frequência constante.

Os transformadores têm grande aplicabilidade em um sistema elétrico, podendo ser utilizados em usinas de produção de energia e em centros de
consumo, permitindo que instrumentos de medição e de proteção funcionem adequadamente.

CARACTERÍSTICAS GERAIS
Podemos descrever um transformador como um conjunto de dois enrolamentos: o primário, ligado ao sistema gerador de energia; e o secundário,
ligado ao sistema de distribuição.

Os enrolamentos não são ligados de forma elétrica, mas são ligados magneticamente por um núcleo comum.
 Figura 1: Esquema simplificado de um transformador monofásico

Quando uma tensão

VP

é aplicada no circuito primário do transformador, uma corrente

IP

circula no enrolamento, gera um campo magnético no núcleo e induz uma corrente

IS

e uma tensão

VS

no circuito secundário.

Dizemos que a equação fundamental de transformação é:

VP NP IS
=  =  =A
VS NS IP

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Em que

NP

é o número de espiras no circuito primário, e

NS

número de espiras no secundário.

 ATENÇÃO

O valor de

indica se o transformador é do tipo rebaixador ou elevador de tensão. Se

a>1
, o transformador é rebaixador de tensão; e se

a<1

, é elevador de tensão.

Pela inspeção visual, identifica-se qual é o enrolamento do lado de alta tensão e o de baixa tensão. O enrolamento de alta tensão tem mais espiras e
um fio mais fino.

Quanto ao funcionamento, há três situações importantes que devem ser estudadas:

OPERAÇÃO A VAZIO
OPERAÇÃO EM CARGA
OPERAÇÃO EM CURTO-CIRCUITO

OPERAÇÃO A VAZIO

Ocorre quando o transformador está energizado, mas não há cargas ligadas ao secundário. Logo, não se tem corrente percorrendo o enrolamento
secundário. Nesse caso, a energia gerada é dividida entre a magnetização do núcleo e as perdas no ferro.

Sabendo disso, empregam-se ensaios a vazio para determinação de parâmetros relacionados a perdas no núcleo por histerese e por correntes
parasitas.

OPERAÇÃO EM CARGA

Quando o transformador alimenta uma carga, há uma corrente no enrolamento secundário. Essa corrente também induz magnetização no núcleo e,
consequentemente, uma corrente no enrolamento primário. Então, se a carga do secundário é reduzida, as correntes do primário e do secundário
diminuem.

OPERAÇÃO EM CURTO-CIRCUITO

Ocorre quando os terminais secundários são ligados por um condutor de impedância desprezível, assim a tensão entre esses terminais é próxima de
zero. Nessa condição, o fluxo magnético é baixo. Logo, as perdas do núcleo também são baixas e acaba-se verificando as perdas Joule, que são as
perdas nos enrolamentos.

Sabendo disso, empregam-se ensaios de curto-circuito para determinação do valor de impedância percentual do transformador em relação à sua
tensão nominal e do valor das perdas no cobre (condutores que compõem as bobinas).

É importante destacar alguns dados sobre a operação dos transformadores:

O ciclo de carga no tempo influencia nas perdas dos transformadores. Quando há um ciclo reduzido, normal em áreas rurais, pode ocorrer
maiores perdas nos enrolamentos de cobre e menores perdas no ferro. Quando há um ciclo elevado, as perdas no cobre diminuem.

Caso o transformador seja submetido a uma frequência diferente e superior a nominal, há diminuição das perdas no ferro, pois a densidade do
fluxo magnético é reduzida.

Há transformadores que possuem menores correntes harmônicas, assim como menores perdas no ferro e correntes em operação a vazio, no
entanto têm custos de aquisição elevados.

A corrente em operação a vazio aumenta quando há diminuição proporcional do número de espiras nos enrolamentos primário e secundário.
A densidade do fluxo magnético no núcleo do transformador aumenta quando a seção transversal do núcleo é reduzida e isso provoca aumento
nas perdas no ferro.

 SAIBA MAIS

As perdas no núcleo do transformador, também conhecidas como perdas no ferro, são aquelas ocorridas por histerese e por correntes parasitas
(correntes de Foucault).

Quando um material magnético é submetido a um campo magnético, os domínios tendem a alinhar-se na direção da polaridade norte-sul. No caso de
um sistema com corrente alternada, o sentido norte-sul alterna-se a determinada frequência. O atrito constante entre os dipolos magnéticos aquece o
material, gerando perdas por calor, essas são as perdas por histerese.

As perdas por correntes parasitas são causadas devido à ação do campo magnético variável, produzido pela corrente alternada do sistema, que
atravessa o núcleo. Para reduzir essas correntes, pode-se construir os núcleos com chapas finas e uma camada isolante entre as folhas (núcleo
laminado).

HISTERESE

Histerese é a tendência de um sistema de conservar suas propriedades na ausência de um estímulo que as gerou, ou, ainda, é a capacidade de
preservar uma deformação efetuada por um estímulo.

TIPOS DE TRANSFORMADORES
Há várias maneiras de classificar os transformadores de acordo com seus parâmetros.

QUANTO AO NÚMERO DE FASES


Os transformadores monobuchas atendem cargas rurais monofásicas cuja potência, normalmente, não ultrapassa 15 kVA para as redes de 15 kV.

MONOBUCHAS

Os terminais primários são ligados um à fase e outro à terra, dessa forma, dizemos que esse transformador é monofilar com retorno por terra – MRT.
 Figura 2: Imagem de transformador monobucha

Os transformadores bifásicos também são empregados em redes rurais, mas podem ser usados em bancos de transformação. Tais transformadores
atendem a cargas monofásicas quando são usados isoladamente e a cargas monofásicas ou trifásicas quando são usados em bancos. Sistemas de
alta potência podem usar bancos de transformação compostos por um transformador por fase. Essa alternativa facilita o transporte dos equipamentos,
a manutenção e substituições em caso de falhas.

 Figura 3: Transformador bifásico

Os transformadores trifásicos são os mais usados em sistemas de distribuição, sendo divididos em dois grupos por sua finalidade: transformadores
de força, usados em concessionárias e subestações de potência superior a 5 MVA; transformadores de distribuição, que são rebaixadores de tensão
destinados aos clientes das distribuidoras.

TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS

Podem ser instalados em subestações abertas ou abrigadas, em postes ou em redes subterrâneas. Para cada caso há variações construtivas do
equipamento.
 Figura 4: Transformador bifásico

QUANTO AOS ENROLAMENTOS


Normalmente, nos transformadores de distribuição, os enrolamentos de cobre do primário são de seção circular e os do secundário, retangular.

A fabricação dos enrolamentos pode ser realizada de duas maneiras: camada e panqueca.

O tipo mais comum é por camada, quando são utilizados enrolamentos helicoidais com espiras sucessivas e adjacentes de fios de pequena seção
transversal, podendo haver uma ou mais camadas de espiras.

 Figura 5: Transformador trifásico com bobina por camada

O tipo panqueca é um conjunto de bobinas montadas verticalmente e ligadas em série. É também conhecido como disco e, geralmente, é empregado
em enrolamentos primários. Se comparado com a bobina do tipo camada, tem sua manutenção facilitada, pois em pequenas falhas só é necessário
trocar a panqueca defeituosa.

 Figura 6: Transformador trifásico com bobina tipo panqueca


QUANTO AO MEIO ISOLANTE
Existem transformadores em líquido isolante e a seco. Os líquidos isolantes mais comuns são óleo mineral, silicone e ascarel. Além da função
isolante, os líquidos atuam na refrigeração dos transformadores.

Os transformadores a seco são ideais para emprego em locais com maior perigo de incêndio ou locais com grande circulação de pessoas. Em
comparação com os transformadores em líquido isolante, têm custo elevado.

ÓLEO MINERAL

O óleo mineral isolante tem um baixo ponto de combustão e, para ser usado em transformadores, deve estar livre de impurezas. A sobrecarga, a
temperatura, a umidade e o contato com o ar ambiente são fatores de degradação, logo provocam a redução da vida útil dos transformadores desse
tipo. No entanto, mesmo após degradação, o óleo mineral isolante pode ser regenerado. Atualmente, há dois tipos de óleos minerais isolantes que são
comercializados no Brasil: óleo tipo A ou naftênico e óleo tipo B ou parafínico.

O óleo naftênico é um dos produtos provenientes do refino de petróleo e suas propriedades são boa condutividade térmica, baixo custo de produção,
alta capacidade de regeneração, baixa toxicidade e é biodegradável.

O óleo parafínico também é proveniente do refino de petróleo. Esse tipo de óleo possui taxa de oxidação inferior, se comparado ao naftênico, porém os
produtos da oxidação desse óleo não são solúveis e precipitam no fundo do tanque do transformador. O acúmulo de produtos no fundo do tanque
provoca redução no desempenho do sistema de resfriamento, visto que isso obstrui o fluxo de óleo.

ÓLEO SILICONE

O óleo silicone, se comparado com o óleo mineral, tem melhor estabilidade térmica, não é tóxico, é quimicamente inerte, mas tem custo elevado.

ASCAREL

O ascarel tem boa estabilidade química, não é inflamável e tem alta condutividade térmica. No entanto, é tóxico e não biodegradável, por isso seu uso
é proibido no Brasil.

 Figura 7: Transformador trifásico com isolação a seco

Os transformadores em líquido isolante são, normalmente, projetados para instalações que estejam até mil metros do nível do mar. Acima dessa
altitude, o ar rarefeito afeta a capacidade de refrigeração. Nesse caso, deve-se considerar a potência diminuída ou procurar um sistema de
refrigeração mais eficaz. A potência reduzida em função da potência nominal é dada pela equação:
(
P R = P N. 1 − K.
H − 1000
100 )
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Em que

Pr

é a potência reduzida em kVA,

Pn

, a potência nominal em kVA,

, a altitude em metros (arredondada para a centena de metros seguinte), e

, o fator de redução.

Veja a seguir a tabela que a presenta o fator de redução obtido por cada tipo de resfriamento:

Tipo de resfriamento Fator de redução

Resfriamento natural. 0,004

Ventilação forçada. 0,005

Circulação forçada do líquido isolante e ventilação forçada. 0,005

Circulação forçada do líquido isolante e resfriamento a água. 0,000

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QUANTO À FINALIDADE
Existem os transformadores de potência e os de instrumentação. Os transformadores de corrente e de potencial auxiliam no funcionamento adequado
dos instrumentos de medição, de controle e de proteção dos sistemas de distribuição. São popularmente chamados de transformadores de medição ou
de instrumentação.

O transformador de corrente (TC) é empregado junto a equipamentos de baixa resistência elétrica, pois eles transformam as altas correntes do
primário em pequenas correntes. Assim, os amperímetros, relés e medidores atendidos pelo TC podem ser dimensionados em tamanho reduzido.
 Figura 8: Transformador de corrente

O transformador de potencial (TP) transforma as altas tensões do primário em baixas tensões. Assim, os equipamentos de medição e proteção não
precisam ter elevada capacidade de tensão de isolamento, tornando o custo da instalação mais atraente.

 Figura 9: Transformador de potencial

Os transformadores de potência são os transformadores de força e de distribuição já comentados. Referem-se aos equipamentos empregados em
cada nível de tensão da rede: transmissão, subtransmissão e distribuição.

AUTOTRANSFORMADOR
O autotransformador também realiza elevação ou redução da tensão. A diferença está na parte construtiva, pois parte dos enrolamentos primários são
comuns aos enrolamentos secundários.

 Figura 10: Esquema de um transformador comum operando como autotransformador e transformador construído como autotransformador,
respectivamente

Esses transformadores podem ser monofásicos ou trifásicos, ligados em delta ou estrela, normalmente em estrela.

 ATENÇÃO

Se comparados aos demais transformadores, os autotransformadores têm menor custo. Como parte dos enrolamentos é comum entre primário e
secundário, é necessário menos cobre.

Analisando o transformador comum operando como autotransformador, temos as seguintes relações:

Relação de tensão:

V 1 = E 1 + E 2;  V 2 = E 2
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Da relação fundamental:

N1 E1 N1
=  → E1 = . E2
N2 E2 N2

 V 1 =
N1
N2
. E2 + E2 =
( N1 + N2
N2 ) ( . E2 =
N1 + N2
N2 ) . V2

V1
V2
=
( N1 + N2
N2 ) = (A + 1) →

TRANSFORMADOR ABAIXADOR DE TENSÃO

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Relação de corrente:

I S = I 1 + I 2;  I P = I 1

IS = I1 +
N1
N2
. I1 =
( N1 + N2
N2 ) ( . I1 =
N1 + N2
N2 ) . IP

IP
IS
=
( ) N2
N1 + N
2
=
( ) A+1
1

TRANSFORMADOR ELEVADOR DE CORRENTE

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Potência aparente:

(
S AUTOTRAFO = V 1. I P = V 2. I S = V 2. I P + I 2 =  V 2. I P + V 2. I 2 )
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Sendo,

S cond = V 2. I P
a chamada potência condutiva, é a potência diretamente transferida ao secundário pela corrente primária sem qualquer transformação,

I2

, a corrente na bobina 2, e

S transf = V 2. I 2

a potência transformada ou eletromagnética, é a potência transferida ao secundário pela corrente que passa pela bobina secundária.

Comparando a potência do mesmo transformador ligado normalmente e ligado como um autotransformador, observamos que é possível transferir
potência maior quando ligado como autotransformador.

Os autotransformadores apresentam rendimento melhor, são menores fisicamente e têm preço mais atrativo do que transformadores convencionais.
No entanto, se houver um curto-circuito no enrolamento de alta tensão, pode ocorrer sobretensão no enrolamento de baixa tensão.

ESCOLHENDO UM TRANSFORMADOR
Ao escolher um transformador, inicialmente, definem-se as seguintes características:

FINALIDADE

TENSÃO PRIMÁRIA

TENSÃO SECUNDÁRIA FASE-FASE E FASE-NEUTRO

POTÊNCIA NOMINAL

NÚMERO DE FASES

As tensões primária e secundária são definidas pelas características da rede de alimentação e da carga a ser alimentada, da mesma forma que o
número de fases e a frequência.

 ATENÇÃO

A potência nominal escolhida tem como base o valor de potência aparente da instalação ou projeto. É interessante observar que os transformadores
com potências elevadas apresentam melhor rendimento.

Após formular os principais dados de especificação, é possível acrescentar outras informações como esquema de ligação, meio isolante, sistema de
ventilação e resfriamento, derivações de tensão desejáveis (tapes), tensão suportável de impulso, impedância percentual, indicador de nível de óleo,
termômetro, quadro de comando e controle, base de arrastamento, válvula para alivio de pressão, relé de súbita pressão, dispositivo de absorção de
umidade.
CARREGAMENTO DO TRANSFORMADOR
Os transformadores podem sustentar cargas superiores à nominal, desde que respeitadas suas temperaturas limites previstas por norma. No entanto,
o uso correto dos equipamentos assegura-lhes longa vida útil.

 SAIBA MAIS

A NBR 5416/1997 – Aplicação de Carga em Transformadores de Potência, estabelece as condições básicas para o cálculo de carregamento de
transformador. Em situações de emergência, é aceitável que o carregamento chegue até 200% da potência nominal. Em condições normais, a carga
limite é de 150%, desde que a máxima temperatura no topo do óleo seja 95°C para transformadores de 55°C e de 105°C para transformadores de
65°C, e que a máxima temperatura do ponto mais quente seja 105°C para transformadores de 55°C e de 120°C para transformadores de 65°C.

Note que a temperatura ambiente é um fator relevante, já que a temperatura final dos enrolamentos é a soma da temperatura ambiente e da máxima
elevação de temperatura permitida.

O carregamento é importante, pois define a potência nominal necessária do transformador de uma instalação. Em instalações em que a carga varia
muito ao longo do dia, é possível utilizar um transformador com potência nominal abaixo do máximo valor de demanda da instalação. Nesses casos, é
verificado o valor de carga equivalente de um ciclo de carga.

P 21. T 1 + P 22. T 2 + … + P N
2


. TN
C EQ =
T1 + T2 + … + TN

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Sendo

P1

P2

Pn

as potências demandadas em kVA em determinados intervalos de tempo

T1

T2

Tn

RENDIMENTO DO TRANSFORMADOR
Para os transformadores, o rendimento é definido como a relação entre a potência elétrica fornecida no secundário e a absorvida pelo circuito primário.
PS
Η=
PP

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Ao considerar o carregamento, o fator de carga e as perdas do transformador, temos a expressão anterior da seguinte forma.

2
100 .  (P FE + F C .  P CU)
Η = 100 −
2
F C.  P N.  COSΦ + P FE +  F C . P CU

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Sendo,

P fe

as perdas no ferro em kW,

Fc

o carregamento,

P cu

as perdas no cobre em kW,

cosφ

o fator de potência e

Pn

a potência nominal em kVA.

E, ainda, o rendimento máximo que o transformador atinge é dado quando o nível de carregamento é igual à seguinte relação entre as perdas no ferro
e no cobre.

P FE
FC =
√ P CU

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Além do carregamento e rendimento dos transformadores, é necessário também analisar custos. Veja, então, como um engenheiro pode avaliar a
melhor escolha em relação ao preço de um transformador.

AQUISIÇÃO DE TRANSFORMADORES
No mercado, é possível encontrar transformadores com as mesmas características de potência nominal, tensões primária e secundária e número de
fases com preços de aquisição variáveis. No entanto, nem sempre o menor preço é a melhor opção de projeto.

As perdas no ferro e no cobre, além do fator de carga da instalação, também influenciam nessa escolha.

Uma forma rápida de analisar é por meio da seguinte equação:

( )
C = P FE + F C. P CU . T OP. T KWH + P AQ. T AM

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Sendo,

o custo final em R$,

P fe

as perdas no ferro em kW,

Fc

o fator de carga,

P cu

as perdas no cobre em kW,

T op

o tempo de operação,

T kwh

a tarifa de consumo de energia em R$/kWh,

P aq

o preço de aquisição e

T am

a taxa de amortização do recurso investido.

TEORIA NA PRÁTICA
Suponha que em um projeto você tenha dimensionado e escolhido um transformador de potência nominal de 300 kVA, imerso em óleo isolante
mineral, classe de tensão 15 kVA, tensão primária 13,8/13,2/12,6 kV, tensão secundária 220/127 V, frequência nominal 60 Hz. Durante o período de
orçamentação do projeto, foram encontrados dois fornecedores cujos transformadores possuem as seguintes características:

Fornecedor A

Preço R$ 45.899,99

Perdas no ferro 810 W

Perdas no cobre 3250 W


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Fornecedor B

Preço R$ 48.342,99

Perdas no ferro 750 W

Perdas no cobre 2150 W

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Considere que o fator de carga do projeto seja de 0,80; a tarifa do consumo de energia elétrica seja de R$ 0,05164/kWh; o tempo de operação seja de
8.760 h (um ano); e a taxa de amortização de 12% ao ano. Identifique qual a melhor escolha para o projeto.

Veja a solução dessa questão no vídeo a seguir:

MÃO NA MASSA

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2

 Reconhecer os esquemas de ligação e paralelismo de transformadores de distribuição e de força


INTRODUÇÃO
Os esquemas de ligação e paralelismo de transformadores de distribuição e de força

Após compreender as principais características dos transformadores, é interessante visualizar os possíveis esquemas de ligação dos enrolamentos
primários e secundários de transformadores trifásicos, assim como suas aplicações, vantagens e desvantagens.

ESQUEMAS DE LIGAÇÃO
Os transformadores trifásicos possuem três enrolamentos no primário e três no secundário e podem ser construídos em núcleos individuais ou em um
único núcleo.

 Figura 11: Esquema de núcleo único

Tais enrolamentos podem estar ligados de diferentes maneiras: ligação triângulo (ou delta) e ligação estrela. Uma vez que os enrolamentos do primário
podem ser ligados tanto em delta como em estrela, independentemente de qualquer ligação usada nos enrolamentos do secundário, então existem
quatro combinações possíveis:

PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO EM DELTA

 Figura 12: Esquema delta-delta

Como vantagem, as grandezas elétricas, corrente e tensão, estão em fase. Além disso, pode ser mantido em operação mesmo quando uma das fases
é perdida ou desconectada para manutenção — quando isso ocorre, chama-se de delta aberto — e que é indicado para cargas desequilibradas, tendo
em vista que as tensões de fase permanecem constantes.
No caso de conexão delta aberto, o banco de transformadores ainda fornece 58 % da capacidade nominal, logo não é preciso desligar toda a
instalação para realizar a manutenção.

PRIMÁRIO EM DELTA E SECUNDÁRIO EM ESTRELA

 Figura 13: Esquema delta-estrela

Nesse esquema, as tensões do primário e do secundário não estão em fase, não sendo possível operar em paralelo com transformadores em outros
esquemas.

PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO EM ESTRELA

 Figura 14: Esquema estrela-estrela

Em um sistema equilibrado, as tensões mantêm a relação:

VA VB VC
=  = 
V A′ V B′ V C′

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Em que

Va

Vb

Vc
são as tensões do circuito primário,

V a′

V b′

V c′

são as respectivas tensões do circuito secundário. Nesse esquema, assim como no delta-delta, temos como vantagens que as grandezas elétricas,
corrente e tensão, estão em fase e que o transformador pode ser religado como autotransformador.

Quando o transformador estiver operando a plena carga, o não aterramento do neutro pode provocar sobretensões devido às componentes
harmônicas. As sobretensões, por sua vez, provocam aquecimento excessivo do tanque, danificando o transformador.

No caso de estrela-aterrada, um curto fase-terra gera um aumento drástico nas tensões fase-neutro não atingidas, aumentando também as perdas no
núcleo.

PRIMÁRIO EM ESTRELA E SECUNDÁRIO EM DELTA


Haverá uma defasagem de 30° entre as tensões primárias e secundárias. Isso deve ser observado quando se colocam transformadores para trabalhar
em paralelo, como será visto no próximo tópico deste módulo.

A vantagem desse esquema é a supressão de harmônicas.

Comentou-se anteriormente acerca da relação de espiras e de transformação como sendo a relação fundamental. Em decorrência dessas
possibilidades de ligações em transformadores trifásicos, a relação de transformação nem sempre é a mesma da relação de espiras. Isso ocorre
porque a relação de transformação utiliza as tensões de linha de cada circuito, e a equação fundamental, que relaciona o número de espiras com as
tensões do primário e do secundário, utiliza as tensões aplicadas nas bobinas.

EQUAÇÃO FUNDAMENTAL:

VP NP IS
= = =A
VS NS IP

RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO:

VL , P
VL , S

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Observe o exemplo do transformador com primário em estrela e o secundário em delta.


 Figura 15: Esquema estrela-delta

Neste caso, a tensão aplicada na bobina primária é

Va

e na bobina secundária,

V a′b′

. Logo,

V a = a. V a′b′

Sabendo que a tensão de fase é a tensão entre fase e neutro, que a tensão de linha é a tensão entre duas fases, e que a relação entre elas é:

VL = √3. V F

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Então, considere que uma tensão V foi aplicada no sistema estrela-delta.

V AB = V = √3. V A → V A = V / √3

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

No secundário, a tensão de linha é

V a′b′

, que em relação a tensão aplicada é

V a′b′ = V / (√3. a)

Assim, para um transformador estrela-delta, a relação de transformação é:

VL , P V
RT TENS Ã O =
VL , S
= → RT. TENSÃO = √3.A
V/ (√3.A )
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

A relação de transformação das correntes também é diferente da equação fundamental. No primário, como a ligação é estrela, a corrente de linha é
igual a corrente de fase. No delta, a corrente de linha é

√3

vezes a corrente de fase.

IL , P I
RT CORRENTE =    =  → RT. CORRENTE = 1 / √3. A
IL , S I. √3. A

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 ATENÇÃO

A relação das correntes é o inverso da relação das tensões.

Analogamente ao raciocínio apresentado, para transformadores com ligação delta-estrela, as relações de transformação de tensões e correntes são:

VL , P A
RT TENS Ã O = = E
VL , S √3
IL , P √3
RT CORRENTE = =
IL , S A

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 ATENÇÃO

Para os transformadores com ligação delta-delta ou estrela-estrela, a equação fundamentação é válida para todas as relações.

É importante comentar algumas vantagens e aplicações das ligações apresentadas.

PARALELISMO DE TRANSFORMADORES
Em unidades consumidoras que recebem energia elétrica da distribuidora em alta tensão, é possível empregar dois ou mais transformadores em
paralelo para atender à mesma carga. Se os transformadores tiverem o mesmo valor de potência nominal e de impedância percentual, a carga se
distribuirá igualmente em cada transformador. No entanto, isso não ocorre na prática.

Por razões financeiras, é comum em instalações até 500 kVA apenas um transformador. Em subestações maiores, é projetado o uso de
transformadores em paralelo. Assim, há maior confiabilidade quanto à continuidade do serviço. Quando um transformador apresentar defeito, o outro é
capaz de suprir toda ou boa parte da carga sem muitos prejuízos — lembre-se dos limites de carregamento comentados.
Conterem a mesma relação de transformação nominal e a mesma polaridade ou deslocamento angular, são as condições para que os transformadores
operem em paralelo e sem consequências.

Caso não se tenha a mesma relação de transformação nominal, haverá uma diferença de potencial entre os secundários dos transformadores,
gerando circulação de corrente entre os enrolamentos.

Caso não se tenha a mesma polaridade ou deslocamento angular, haverá uma diferença de tensão cíclica, que também gera uma circulação de
corrente entre os enrolamentos.

Observe as situações de paralelismo:

TENSÕES PRIMÁRIAS IGUAIS E RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO DIFERENTE


Considerando dois transformadores em paralelo, a corrente de circulação a vazio tomada em percentagem da corrente nominal do transformador

T1

será:

△R TP
I CIR1 = .100(%)
Z PT1 + Z PT2 . (P NT1 / P NT2)

R T2 − R T1
△R TP =  .100 (%)
RT

RT =
√RT1 .  RT2

Em que,

R t1

R t2

são as relações de transformação dos transformadores;

Rt

a relação de transformação média;

△R tp

a variação percentual das relações;

Z pt1

Z pt2

as impedâncias percentuais dos transformadores;

P nt1

P nt2

as potências nominais dos transformadores em kVA.

DEFASAGENS ANGULARES DIFERENTES


Considerando dois transformadores em paralelo, a corrente de circulação será:
I NS. SEN(Α / 2)
I CIR =  .  100
Z PT1

Sendo,

Z pt1

a impedância percentual do transformador,

I ns

a corrente nominal secundária, e

a diferença de ângulo de defasagem entre os secundários dos dois transformadores, em graus elétricos.

GRUPOS DE LIGAÇÃO E ÍNDICES HORÁRIOS


É possível colocar em paralelo os transformadores com defasagens angulares diferentes, desde que sejam observadas algumas condições. A análise
das combinações divide os transformadores em grupos por tipo de ligação, baseado na tabela a seguir:

Grupo I: índices 0, 4 e 8;
Grupo II: índices 2, 6 e 10;
Grupo III: índices 1 e 5;
Grupo IV: índices 7 e 11.

 Figura 16: Grupos de ligação e índices horários.

Os transformadores de qualquer grupo de ligação e com o mesmo índice podem ser operados em paralelo. Por exemplo, Dd0-Yy0 ou Dy7-Yd7.

Os transformadores de um mesmo grupo, mas com índices diferentes, têm duas possibilidades. Caso a diferença entre os índices seja 4, por exemplo,
Dd0-Dd4, as ligações dos terminais secundários devem ser conforme a Figura 17:
 Figura 17: Ligação de transformadores de um mesmo grupo e diferença de índices é 4.

Os transformadores de um mesmo grupo, mas com índices diferentes, têm duas possibilidades. Caso a diferença entre os índices seja 8, as ligações
dos terminais secundários devem ser conforme a Figura 18:

 Figura 18: Ligação de transformadores de um mesmo grupo e diferença de índices é 8.

Os transformadores de grupos distintos devem ser analisados com base na equação:

A−B−2
K=
4

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Sendo, A e B os índices de cada transformador.

Se

K=0

, as ligações do paralelo efetuam-se modificando duas quaisquer ligações de fase no primário do segundo transformador. E as ligações secundárias
invertem-se entre si nos terminais correspondentes ao primário.
 Figura 19: Ligação de transformadores de grupos distintos e

K=0

Se

K≠0

, as ligações do paralelo efetuam-se modificando duas quaisquer ligações de fase no primário do segundo transformador e as ligações secundárias
são rotacionadas de uma posição cíclica. Exemplo, se

K=1

, as ligações no secundário são a-b-c/a-c-b, e se

K=2

, as ligações no secundário são a-b-c/c-b-a.

 Figura 20: Ligação de transformadores de grupos distintos e K diferente de zero.

TEORIA NA PRÁTICA
Suponha que dois transformadores elevadores de 500 kVA, 13,8/13,2 kV – 380/220 V estão em paralelo. Um dos transformadores foi ligado no tape de
13,8 kV e outro, por engano, em 13,2 kV. Calcule a corrente efetiva de circulação a vazio. Considere que a impedância dos transformadores é a
mesma e vale 4,5 %.

Veja a seguir a solução dessa questão:


MÃO NA MASSA

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 3

 Identificar as causas, necessidades e cálculos para a correção do fator de potência

INTRODUÇÃO
Causas, necessidades e cálculos para correção do fator de potência

Para prosseguirmos com o entendimento do conteúdo, primeiro é importante definir o que é o fator de potência e como ele é avaliado pela
distribuidora de energia elétrica.

AVALIADO PELA DISTRIBUIDORA


A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em sua Resolução Normativa nº 414, de 9 de setembro de 2010, estabeleceu que as distribuidoras
devem realizar a medição permanente do fator de potência com a finalidade de cobrança para determinadas unidades consumidoras. O grupo de
unidades consumidoras enquadradas nessa situação é composto por aquelas cujo fornecimento de energia apresenta tensão igual ou superior a 2,3
kV ou por aquelas que são atendidas a partir de um sistema subterrâneo de distribuição em tensão secundária.

FATOR DE POTÊNCIA
Antes de apresentar o conceito de fator de potência, relembre o comportamento da tensão e da corrente sobre diversos tipos de carga: resistiva,
indutiva e capacitiva.

Observe o caso de uma carga puramente resistiva.

 Figura 21: Gráfico de tensão e corrente x tempo em um resistor

Disso, temos

v(t) =  V m. cos(wt + ф )

Vm
i(t) =   .  cos(wt + ф )
R

Em que

v(t)

é a tensão sobre o resistor;

i(t)

, a corrente;

Vm

, o valor máximo de tensão; e

, o valor da resistência.

Agora observe o caso de uma carga puramente indutiva.


 Figura 22: Gráfico de tensão e corrente x tempo em um indutor

Disso, temos

v(t) =  V m. cos(wt + ф )

Vm
i(t) =   .  cos(wt + ф − 90°)
wL

Em que

v(t)

é a tensão sobre o indutor;

i(t)

, a corrente;

Vm

, o valor máximo de tensão; e

, o valor da indutância.

Por fim, observe o caso de uma carga puramente capacitiva.

 Figura 23: Gráfico de tensão e corrente x tempo em um capacitor

Disso, temos

v(t) =  V m. cos(wt + ф )
e

i(t) =  wC. V m.  cos(wt + ф + 90°)

Em que

v(t)

é a tensão sobre o capacitor;

i(t)

, a corrente;

Vm

, o valor máximo de tensão; e

, o valor da capacitância.

Comparando os gráficos, é possível notar que, no caso de carga indutiva, a corrente está atrasada em relação à tensão e, no caso de carga capacitiva,
a corrente está adiantada em relação à tensão.

Fisicamente, interpreta-se o fator de potência como sendo o cosseno do ângulo de defasagem entre a onda senoidal da corrente e da tensão.

Logo, nos casos em que a carga é puramente resistiva, o fator de potência é 1, já que não há defasagem entre as ondas de corrente e tensão.

F P =  COSΦ

, SE NÃO HÁ DEFASAGEM

Φ = 0O → FP = 1

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Matematicamente, o fator de potência é uma relação entre a componente ativa da potência e a potência total, também conhecida como potência
aparente, e pode ser descrito a partir do triângulo da figura a seguir:

 Figura 24: Triângulo de potências

P AT
FP =   =  COS Ф
P AP
, SENDO


2 2
P AP =   P AT + P RE

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Em que

P at

é a potência ativa;

P re

é a potência reativa;

P ap

é a potência aparente; e

FP

é o fator de potência.

Quanto maior for a componente ativa, ou seja, quanto mais próximo de 1 esteja o fator de potência, maior será a eficiência do sistema elétrico. Isso
ocorre porque a energia reativa não resulta em trabalho útil. Assim, é interessante que a maior parte da energia aparente, seja ativa (proveniente da
componente resistiva).

 ATENÇÃO

Para o consumidor, o ideal é que o fator de potência não apresente valores inferiores a 0,92. Caso esse limite seja ultrapassado, a distribuidora irá
efetuar a cobrança dos montantes de energia elétrica e demanda de potência reativa (indutiva ou capacitiva).

Por convenção de sinal, diz-se que a potência reativa indutiva é positiva e a potência reativa capacitiva, negativa.

 Figura 25: Triângulo de potências convencionado

A energia reativa indutiva serve para magnetizar bobinas de equipamentos. Em excesso, essa energia exige equipamentos mais robustos, de maior
capacidade, e ainda provoca queda de tensão e perdas de energia em forma de calor.

Observe os exemplos de triângulos de potência da Figura 26:


 Figura 26: Exemplos de triângulos de potências

Ambos representam sistemas que necessitam de 1000 W, mas um dos sistemas tem o fator de potência de 0,85 e o outro 0,92. O sistema com maior
energia reativa indutiva tem o menor fator de potência e exige potência aparente maior.

 SAIBA MAIS

Excesso de energia reativa capacitiva também é desfavorável, visto que provoca elevação da tensão. Em razão disso, a Resolução Normativa nº 414
da ANEEL estipula que, no período entre 23h30 e 06h30, momento de carga leve, as distribuidoras devem escolher um intervalo de 6 horas
consecutivas durante as quais será medido o fator de potência capacitivo. No restante do dia, é registrado o fator de potência indutivo. Assim, evita-se
a sobrecarga do sistema.

CAUSAS PARA O BAIXO FATOR DE POTÊNCIA


As principais causas para o baixo fator de potência são:

Transformadores e motores de indução trabalhando “a vazio” por longos períodos.

Transformadores e motores operando em carga leve, ou seja, superdimensionados.

Número elevado de motores de pequena potência.

Número elevado de lâmpadas de descarga (lâmpada fluorescente, de vapor de mercúrio ou de vapor de sódio), pois utilizam reatores de baixo fator de
potência.

Em instalações industriais, as consequências do baixo fator de potência são bem perceptíveis e provocam prejuízos financeiros: queima e redução da
vida útil de equipamentos elétricos — devido a variações de tensão; perda de energia elétrica — devido ao aquecimento dos condutores; e tarifas
exigidas pelas distribuidoras.

FORMAS DE FATURAMENTO DEVIDO AO BAIXO FATOR DE


POTÊNCIA
Até agora comentou-se que apenas as unidades com tensão igual ou superior a 2,3 kV são cobradas pelos montantes de energia elétrica e demanda
de potência reativa (indutiva ou capacitiva), quando obtêm baixo fator de potência na instalação, e que as distribuidoras escolhem um intervalo de 6
horas consecutivas, entre 23h30 e 06h30, durante as quais será medido o fator de potência capacitivo.

No entanto, é necessário atentar para as formas de faturamento. Há duas maneiras de verificação do fator de potência: mensal e horário.

FATURAMENTO HORÁRIO

Conforme o art. 96 da Resolução Normativa nº 414, as unidades consumidoras que possuem equipamento de medição apropriado têm os valores de
energia elétrica e demanda de potência reativas apurados em cada intervalo de uma hora, durante o período de faturamento.

FATURAMENTO MENSAL

Conforme o art. 97, as demais unidades têm os valores apurados apenas durante o período de faturamento, que é mensal.

MÉTODOS DE CÁLCULO DO FATOR DE POTÊNCIA


Para instalações em fase de projeto, o fator de potência será estimado considerando-se as cargas planejadas e o ciclo de operação de cada uma.

Nas instalações em operação, calcula-se o fator de potência utilizando-se os consumos mensais de energia ativa e reativa fornecidos pela
concessionária, ou calcula-se utilizando as demandas ativa e reativa de cada carga existente.

 ATENÇÃO

Quando o cálculo for realizado com os consumos mensais, pode haver sazonalidade nas atividades locais que interfiram expressivamente na variação
do fator de potência. O ideal é que sejam usados pelo menos seis meses como base de avaliação.

FATOR DE POTÊNCIA COM BASE NOS CONSUMOS MENSAIS DE


ENERGIA ATIVA E REATIVA
Suponha que uma instalação tenha um consumo razoavelmente constante ao longo do ano, que a medição do fator de potência seja mensal, e que as
últimas seis contas de energia vieram com os seguintes valores:

Mês/Ano Consumo ativo (kWh) Consumo reativo (kVArh)

Mai/20 3244 1924

Jun/20 3374 1912

Jul/20 3181 2054

Ago/20 3206 2157

Set/20 3150 2034

Out/20 3117 1931

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela 1: Exemplos de dados de consumo, ativo e reativo, medidos por concessionária. Fonte: EnsineMe

Primeiro calcula-se a média dos consumos.

O consumo ativo é:
3244 + 3374 + 3181 + 3206 + 3150 + 3117
C AT =     → C AT = 3212 KWH  E  O  REATIVO,   C RE =  
6

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Analogamente, na equação do fator de potência em relação às potências, o fator de potência é calculado por:

C AT 3212
FP =     → FP =     → F P =  0, 85

2 2 3212 2 +  2002 2
C AT + C RE √

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

FATOR DE POTÊNCIA COM BASE NAS DEMANDAS ATIVA E REATIVA


DE CADA CARGA
Suponha que uma instalação tenha os equipamentos e seus dados conforme tabela a seguir, que todos os dias do mês o uso das cargas é o mesmo,
e que a medição do fator de potência seja mensal.

Equipamento Potência ativa (kW) FP Potência reativa (kVAr) Potência aparente (kVA) Horas de uso diárias Quantidade (und)

Motor 2,74 0,75 2,42 3,66 24 4

Elevador 9,04 0,86 5,36 10,51 4 1

Ar condicionado 6,78 0,86 4,02 7,88 1 6

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela 2: Exemplos de dados de equipamentos em uma instalação. Fonte: EnsineMe

A partir destas informações, estima-se o consumo de energia reativa e ativa por mês. Por fim, calcula-se o fator de potência. Considere um mês com
30 dias.

Equipamento kWh/mês kVArh/mês

Motor 7891,2 6969,6

Elevador 1084,8 643,2

Ar condicionado 1220,4 723,6

TOTAL 10196,4 8336,4

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela 3: Cálculo dos consumos de energia ativa e reativa mensal. Fonte: EnsineMe
Então, o fator de potência total é:

C AT 10196, 4
FP =     → FP =     → F P =  0, 77

2 2 10196, 4 2 +  8336, 4 2
C AT + C RE √

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CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA


Sabendo que a potência reativa indutiva é positiva e a capacitiva é negativa, então, para um sistema com excesso de potência reativa indutiva, deve-
se injetar potência reativa capacitiva. Assim, o valor visto pelo sistema, da potência reativa indutiva, será menor.

Veja os triângulos de potência:

 Figura 27: Exemplos de triângulos de potências

Para que o primeiro triângulo torne-se igual ao segundo, é preciso haver uma carga de potência reativa capacitiva, cujo valor de potência reativa seja
igual à diferença da potência reativa indutiva atual e a desejada.

P RE . CAP =  P RE1 −  P RE2

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 ATENÇÃO

Nesse caso, seria necessária uma carga de potência reativa capacitiva de 193,73 VAr para corrigir o fator de potência de 0,85 para 0,92.

Existe uma forma de cálculo simplificada, em que a potência reativa capacitiva necessária é definida pela multiplicação da potência ativa do sistema
com um fator multiplicativo.

P RE =  P AT .   F

P RE =  1000 .  0, 194


P RE =  194 VAR

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Os fatores multiplicativos estão na tabela a seguir:

Fator de Potência Desejado


FP Atual
0.80 0.81 0.82 0.83 0.84 0.85 0.86 0.87 0.88 0.89 0.90 0.91 0.92

0.50 0.982 1.008 1.034 1.060 1.086 1.112 1.139 1.165 1.192 1.220 1.248 1.276 1.306

0.51 0.937 0.962 0.989 1.015 1.041 1.067 1.094 1.120 1.147 1.175 1.203 1.231 1.261
0.52 0.893 0.919 0.945 0.971 0.997 1.023 1.050 1.076 1.103 1.131 1.159 1.187 1.217
0.53 0.850 0.876 0.902 0.928 0.954 0.980 1.007 1.033 1.060 1.088 1.116 1.144 1.174
0.54 0.809 0.835 0.861 0.887 0.913 0.939 0.966 0.992 1.019 1.047 1.075 1.103 1.133
0.55 0.769 0.795 0.821 0.847 0.873 0.899 0.926 0.952 0.979 1.007 1.035 1.063 1.093

0.56 0.730 0.756 0.782 0.808 0.834 0.860 0.887 0.913 0.940 0.968 0.996 1.024 1.054
0.57 0.692 0.718 0.744 0.770 0.796 0.822 0.849 0.875 0.902 0.930 0.958 0.986 1.016
0.58 0.655 0.681 0.707 0.733 0.759 0.785 0.812 0.838 0.865 0.893 0.921 0.949 0.979
0.59 0.619 0.645 0.671 0.697 0.723 0.749 0.776 0.802 0.829 0.857 0.885 0.913 0.943
0.60 0.583 0.609 0.635 0.661 0.687 0.713 0.740 0.766 0.793 0.821 0.849 0.877 0.907

0.61 0.549 0.575 0.601 0.624 0.653 0.679 0.706 0.732 0.759 0.787 0.815 0.843 0.873
0.62 0.516 0.542 0.568 0.594 0.620 0.646 0.673 0.699 0.726 0.754 0.782 0.810 0.840
0.63 0.483 0.509 0.535 0.561 0.587 0.613 0.640 0.666 0.693 0.710 0.749 0.777 0.807
0.64 0.451 0.474 0.503 0.529 0.555 0.581 0.608 0.634 0.661 0.689 0.717 0.745 0.775
0.65 0.419 0.445 0.471 0.497 0.523 0.549 0.576 0.602 0.629 0.657 0.685 0.713 0.743

0.66 0.388 0.414 0.440 0.466 0.492 0.518 0.545 0.571 0.598 0.626 0.654 0.682 0.712
0.67 0.358 0.384 0.410 0.436 0.462 0.488 0.515 0.541 0.568 0.596 0.624 0.652 0.682
0.68 0.328 0.354 0.380 0.406 0.432 0.458 0.485 0.511 0.538 0.566 0.594 0.622 0.652
0.69 0.299 0.325 0.351 0.377 0.403 0.429 0.456 0.482 0.509 0.537 0.565 0.593 0.623
0.70 0.270 0.296 0.322 0.348 0.374 0.400 0.427 0.453 0.480 0.508 0.536 0.564 0.594

0.71 0.242 0.268 0.294 0.320 0.346 0.372 0.399 0.425 0.452 0.480 0.508 0.536 0.566
0.72 0.214 0.240 0.266 0.292 0.318 0.344 0.371 0.397 0.424 0.452 0.480 0.508 0.538
0.73 0.186 0.212 0.238 0.264 0.290 0.316 0.343 0.369 0.396 0.424 0.452 0.480 0.510
0.74 0.159 0.185 0.211 0.237 0.263 0.289 0.316 0.342 0.369 0.397 0.425 0.453 0.483
0.75 0.132 0.158 0.184 0.210 0.236 0.262 0.289 0.315 0.342 0.370 0.398 0.426 0.456

0.76 0.131 0.157 0.183 0.209 0.235 0.262 0.288 0.315 0.343 0.371 0.399 0.429
0.105
0.77 0.105 0.131 0.157 0.183 0.209 0.236 0.262 0.289 0.317 0.345 0.373 0.403
0.079
0.78 0.078 0.104 0.130 0.156 0.182 0.209 0.235 0.262 0.290 0.318 0.346 0.376
0.052
0.79 0.052 0.078 0.104 0.130 0.156 0.183 0.209 0.236 0.264 0.292 0.320 0.350
0.026
0.80 0.026 0.052 0.078 0.104 0.130 0.157 0.183 0.210 0.238 0.266 0.294 0.324

0.81 0.026 0.052 0.078 0.104 0.131 0.157 0.184 0.212 0.240 0.268 0.298
0.82 0.026 0.052 0.078 0.105 0.131 0.158 0.186 0.214 0.242 0.272
0.83 0.026 0.052 0.079 0.105 0.132 0.160 0.188 0.216 0.246
0.026
Fator de Potência Desejado
FP Atual
0.80 0.81 0.82 0.83 0.84 0.85 0.86 0.87 0.88 0.89 0.90 0.91 0.92

0.84 0.053 0.079 0.106 0.134 0.162 0.190 0.220


0.85 0.027 0.053 0.080 0.108 0.136 0.164 0.194

0.86 0.137 0.167


0.109
0.87 0.081 0.111 0.141
0.053 0.083
0.88 0.026 0.055 0.084 0.114
0.027 0.056
0.89 0.028 0.056 0.086
0.028
0.90 0.028 0.058

0.91
0.92
0.93 0.030
0.94
0.95

0.96
0.97
0.98
0.99

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela 4: Fatores multiplicativos. Fonte: WEG. Manual para correção do fator de potência

TEORIA NA PRÁTICA
Em uma fábrica, é cobrado um valor referente à energia reativa indutiva na conta de energia da unidade. A seguir estão descritos os valores de
consumo ativo e consumo reativo do último ano.

Mês/Ano Consumo ativo (kWh) Consumo reativo (kVArh)

Nov/19 3085 1992

Dez/19 3053 1811

Jan/20 2168 963

Fev/20 2301 1045

Mar/20 2214 821

Abr/20 2149 525

Mai/20 2244 924

Jun/20 2374 912


Mês/Ano Consumo ativo (kWh) Consumo reativo (kVArh)

Jul/20 3181 2054

Ago/20 3206 2154

Set/20 3150 2034

Out/20 3117 1931

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

Como solução, será instalada uma carga de potência reativa capacitiva na entrada de energia da unidade. Calcule a potência reativa da carga, de
forma que não haja cobrança por consumo reativo em nenhum momento do ano.

Veja a seguir a solução dessa questão:

MÃO NA MASSA

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 4

 Empregar formas de correção de fator de potência e esquemas de ligação com uso de banco de capacitores
INTRODUÇÃO
Formas de correção de fator de potência e esquemas de ligação com o uso de banco de capacitores

Como visto no módulo anterior, o baixo fator de potência causa prejuízos financeiros e aos equipamentos. Além do uso de cargas que compensam o
excesso de potência reativa, existem outras medidas que podem ser tomadas em uma instalação.

CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA


A primeira medida a ser tomada a fim de corrigir o baixo fator de potência é levantar suas causas.

Se houver transformadores e motores trabalhando a vazio ou em carga leve por longos períodos, pode ser realizado um planejamento operativo
dos equipamentos. Ao estabelecer turnos de operação para cada equipamento, é possível obter melhor aproveitamento deles.

Outra solução para esse caso é a troca dos transformadores e motores por equipamentos dimensionados adequadamente às instalações.

Quando houver um número elevado de lâmpadas de descarga, é indicada a otimização do uso racional de energia ou a substituição do material.
Se as medidas sugeridas não forem suficientes e o fator de potência se mantiver abaixo do desejável, é indicado o uso de banco de capacitores.

BANCOS DE CAPACITORES FIXOS E AUTOMÁTICOS


Existem bancos de capacitores fixos e automáticos.

BANCOS DE CAPACITORES FIXOS

Os bancos de capacitores fixos são compostos por um conjunto de capacitores que oferecem uma quantidade de energia reativa capacitiva
praticamente constante. A desvantagem desse tipo de banco de capacitores é que ele deve ser monitorado, visto que, no período de carga leve, pode
provocar baixo fator de potência por gerar demanda de potência reativa capacitiva excessiva para a carga indutiva presente. Nessas situações, pode-
se desligar o banco de capacitores.


BANCOS DE CAPACITORES AUTOMÁTICOS

Os bancos de capacitores automáticos oferecem a compensação do fator de potência conforme a flutuação da carga. À medida que o fator de potência
varia, o controlador faz o chaveamento, manipulando os capacitores do conjunto e alterando a quantidade de elementos em operação. A desvantagem
desse tipo de banco de capacitores é seu custo em relação ao banco fixo.
APLICAÇÃO DOS CAPACITORES
Os capacitores podem ser instalados para atuar junto a uma carga específica ou para atender a um grupo de carga. Também podem ser instalados em
série ou em paralelo com as cargas desejadas, assim como podemos discutir a função dos bancos de capacitores de acordo com os diferentes níveis
de tensão de um sistema elétrico: baixa, média e alta tensão.

BANCO DE CAPACITORES EM DERIVAÇÃO OU EM SÉRIE


PONTO DE INSTALAÇÃO DO BANCO DE CAPACITORES

BANCO DE CAPACITORES EM DERIVAÇÃO OU EM SÉRIE

O banco de capacitores em série regula a tensão do sistema implementando uma compensação de tensão em linhas de transmissão submetidas a
elevadas quedas de tensão. Por isso, esses bancos são empregados em linhas de transmissão radiais, que alimentam cargas com baixo fator de
potência. Portanto, empregam-se os bancos de capacitores em derivação ou paralelo com a referida carga para correção do fator de potência.

PONTO DE INSTALAÇÃO DO BANCO DE CAPACITORES

Observe uma instalação que é atendida em média tensão. Nela, há três locais possíveis de aplicação: entre a medição e o primário do transformador
de potência, no secundário do transformador de potência ou no ponto de concentração de carga causadora de energia reativa indutiva em excesso.

Tanto no primário quanto no secundário do transformador de potência a carga vista é a mesma, são casos de correção de grupo de carga. No entanto,
as desvantagens de se utilizar no primário está no custo mais elevado para instalação e a não liberação de carga do transformador.

No ponto de concentração de carga específica, o banco de capacitores deve ser instalado de forma que a chave de comando da carga também seja
capaz de comandar o funcionamento do banco.

Observamos, na prática, que o mais comum é o emprego do banco no secundário do transformador de potência junto ao barramento do Quadro Geral
de Força. Ainda assim, uma melhor solução é realizar a correção combinando vários bancos de capacitores da seguinte forma:

Motores de 10 cv ou mais, corrige-se localmente.

Motores com menos de 10 cv, corrige-se por grupo.

Circuitos de iluminação com lâmpadas de descarga, corrige-se na entrada da rede.

No secundário do transformador, instala-se um banco automático de pequena potência para compensação final.

INFORMAÇÕES NOS DADOS DE PLACA DADOS DOS MOTORES


Muitas vezes, os dados de placa dos motores, informam a potência mecânica.

Quando for corrigir o fator de potência desses equipamentos, fique atento, pois os cálculos são realizados com a potência elétrica. Lembre-se de que o
rendimento apresentado na placa é para o motor funcionando a plena carga.

Além disso, a quantidade de carga a que está submetido o motor também altera a potência ativa requerida por ele.

Resumindo, a potência elétrica de um motor é:

%CARGA . P MEC
P EL =
Η
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Em que

P mec

é a potência mecânica,

%carga

é o quanto da capacidade do motor está sendo utilizada,

é o rendimento do motor de acordo com a carga aplicada ao eixo.

DIMENSIONAMENTO DE BANCO DE CAPACITORES


Observe o triângulo de potências elétricas a seguir, que resume uma instalação.

 Figura 28: Exemplo de triângulo de potências com fator de 0,85.

Suponhamos que se deseja que o novo fator de potência dessa instalação seja 0,92.

 Figura 29: Exemplo de triângulo de potências com fator de 0,92.

Note que a potência ativa do sistema se mantém a mesma, no entanto será alterado o fator de potência. Para isso, o banco de capacitores deve
fornecer uma potência reativa capacitiva que corresponde à diferença das potências reativas das duas situações.

Logo, primeiro calcula-se a potência aparente de cada situação:

F P1 = 0, 85 E P AT = 1000 W

P AT P AT
F P1 =   →  P AP1 =  
P AP1 F P1

P AP1 = 1176, 47 VA

F P2 = 0, 92 E P AT = 1000 W
P AT P AT
F P2 =   →  P AP2 =  
P AP2 F P2

P AP2 = 1086, 96 VA

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Na sequência, calculam-se as potências reativas:

√ √
2 2 2 2
P AP =   P AT + P RE  →  P RE =   P AP − P AT


2 2
P RE1 =   P AP1 − P AT

P RE1 = 619, 74 VAR


2 2
P RE2 =   P AP2 − P AT

P RE2 = 426, 01 VAR

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Então, o banco de capacitores deverá fornecer:

P RE1 − P RE2 = 193, 73 VAR

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Dentre os valores comerciais de capacitores, escolhe-se aquele que melhor atender. Além da potência nominal do capacitor, deve-se atentar para os
dados de tensão nominal, número de fases e frequência nominal. Também se escolhe a seção transversal do cabo a ser utilizado na instalação e suas
proteções, fusível e chave.

CAPACITÂNCIA DE UM CAPACITOR EM ΜF
A capacitância de um capacitor, em µF, é dada pela equação:

1000. P C
C=  , 
2
2Π. F. V N
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Na qual

Pc

é a potência do capacitor em kVAr;

, a frequência nominal em Hz; e

Vn

, a tensão nominal em kV.

Normalmente, em rede de tensão até 660 V, as células trifásicas não ultrapassam 50 kVAr, e as células monofásicas, 30 kVAr. Os capacitores para
tensões de 2,2 kV até 25 kV são monofásicos e têm potências comercialmente padronizadas.

ESQUEMAS DE LIGAÇÃO
Os bancos de capacitores, formados por grupos de células capacitivas montadas em série ou paralelas, podem ser conectados à rede de várias
maneiras.

Os principais esquemas de ligação dos capacitores são estrela aterrada ou isolada, delta e dupla estrela isolada.

Os critérios para a escolha do esquema são o aterramento do sistema, a tensão de operação à qual cada célula estará submetida, a existência ou não
dos fusíveis e a proteção utilizada.

 Figura 30: Esquema de ligação de banco de capacitores estrela aterrada.

Estrela aterrada

As células podem ser conectadas em série ou em paralelo. Esse arranjo tem como vantagem o custo inferior — se comparado com outros —, ocupar
apenas uma pequena área, ser autoprotegido contra descargas atmosféricas, não exigir proteção de para-raios e ter baixa impedância para a terra —
logo, também podem ser usados como filtros harmônicos.

Para que todas as vantagens sejam aproveitadas, só deve ser empregado em sistemas cujo neutro esteja realmente aterrado.

 Figura 31: Esquema de ligação de banco de capacitores estrela isolada.

Estrela isolada

As células podem ser conectadas em série ou em paralelo. Esse arranjo tem como vantagem não permitir a circulação de corrente de defeito e não ter
circulação de correntes harmônicas de terceira ordem. Não é recomendado para bancos de capacitores que serão empregados em tensão elevada,
acima de 13,8 kV, por questões financeiras quando comparado a outros arranjos.
 Figura 32: Esquema de ligação de banco de capacitores delta.

Delta

As células podem ser conectadas em série ou em paralelo. Esse arranjo tem como vantagem não permitir a circulação de correntes harmônicas. É
recomendado para uso em redes com tensão inferior a 2.400 V e exige alto custo para proteção.

 Figura 33: Esquema de ligação de banco de capacitores dupla estrela isolada.

Dupla estrela isolada

Esse arranjo tem como vantagem não permitir a circulação de correntes harmônicas de terceira ordem. É recomendado para uso em bancos de
grande capacidade, pois é necessário um elevado número de células capacitivas, o que faz com que o banco ocupe uma grande área.

EQUIPAMENTOS DE MANOBRA DE BANCOS DE CAPACITORES


A ligação ou o desligamento de um banco de capacitores são momentos críticos para as instalações, visto que provocam mudança repentina nas
condições do circuito a que estão acoplados, causando um transitório elétrico.

A instalação vê a ligação de um banco de capacitores como um curto-circuito, exigindo que as proteções do banco sejam mais robustas. O
desligamento é uma manobra menos brusca, interferindo pouco nas condições de operação dos equipamentos de comando.

De forma geral, a NBR 5060 estabelece que a corrente dos elementos de proteção deve ser no mínimo 1,3 vezes a corrente do banco de capacitores.

Em bancos aplicados a redes primárias, é habitual o uso de disjuntores a SF6, disjuntores a vácuo, disjuntores a óleo e chaves a óleo.

Os bancos ligados às redes secundárias empregam chaves seccionadores, contactores magnéticos ou disjuntores. Quando as proteções forem
dimensionadas, elas devem satisfazer às seguintes condições:

CONDIÇÃO 01
As chaves seccionadoras tripolares devem ser do tipo abertura em carga e sua corrente mínima conforme a equação:

I CS ≥ 1, 35.I BC,

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Na qual

I cs

é a corrente da chave seccionadora e


I bc

do banco de capacitores.

CONDIÇÃO 02
Os contactores magnéticos são utilizados para manobras a distância e sua corrente mínima conforme a equação:

I CM ≥ 1, 5.I BC,

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Na qual

I cm

é a corrente do contactor magnético e

I bc

do banco de capacitores.

CONDIÇÃO 03
Os disjuntores devem ter a corrente ajustada em:

I D ≥ 1, 35.I BC,

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Em que

Id

é a corrente de ajuste da unidade térmica e

I bc

do banco de capacitores.

 SAIBA MAIS

Nos casos de correção de fator de potência individual de motores, o ideal é que a máquina e o banco sejam escolhidos juntos. Devido à necessidade
de energia reativa do motor, o banco deve corrigir no máximo 90 % do fator.

A potência máxima trifásica do banco de capacitores fica limitada a uma relação que depende da tensão nominal entre fases do motor e de sua
corrente nominal.

P C ≤ 0, 42.V M. I M

, SENDO

PC
EM

VAR

VM

EM

IM

EM

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TEORIA NA PRÁTICA
Em uma instalação, há um quadro de distribuição de energia no qual estão alocados apenas circuitos de iluminação. Esses circuitos de iluminação
alimentam 10.000 lâmpadas Led 6 W com fator de potência 0,55. Como início de um projeto de melhoria na instalação, revolve-se trocar três quartos
das lâmpadas por outras de mesma potência, mas com fator de potência 0,80.

Considere a tensão entre fases do circuito sendo 220 V e que foi instalado um banco de capacitores para corrigir o fator de potência desse circuito
para 0,92. Qual é o valor da corrente nominal do disjuntor que manobra o banco?

Veja a seguir a solução dessa questão:

MÃO NA MASSA

VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aprendemos sobre os tipos de transformadores, suas características gerais, suas finalidades e como escolher o equipamento correto.

Apresentamos os esquemas de ligação dos enrolamentos dos transformadores e o uso desses equipamentos em paralelo.

Vimos as causas e necessidades relativas ao fator de potência de equipamentos e instalações, assim como as ações e métodos de correção do fator,
além dos esquemas de ligação quando há uso de banco de capacitores.

 PODCAST

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
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FRIEDENBERG, L. E.; SANTANA, R. M. C. Propriedades de óleos isolantes de transformadores e a proteção do meio ambiente. In: IX Simpósio
Internacional de Qualidade Ambiental, 19-21 de maio de 2014.

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ. Fator de potência: em busca da eficiência energética nas instalações elétricas. Copel Distribuição.
Consultado em meio eletrônico em: 22 nov. 2020.

MAMEDE FILHO, J. Manual de equipamentos elétricos. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.

MERLIN, V. MANUTENÇÃO DE CABINE. Transformadores – Conceitos preliminares. Manutenção de Cabine. Publicado em: 12 nov. 2019.

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP. Conversão Eletromecânica de Energia – Parte 3. e-Disciplinas USP. Consultado em meio eletrônico em:
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP. Correção do fator de potência em sistemas industriais. Feis Unesp. Consultado em meio
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS. Transitórios devido ao chaveamento de bancos de capacitores no sistema
elétrico de potência. LUME Repositório Digital. Consultado em meio eletrônico em: 10 nov. 2020.

WEG. Manual para correção do fator de potência. Manuais. Consultado em meio eletrônico em: 19 nov. 2020.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, pesquise:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 5282:1998 - Capacitores de potência em derivação para sistema de tensão nominal
acima de 1 000 V. Rio de Janeiro: ABNT, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5356-1:2007. Versão Corrigida: 2010  - Transformadores de Potência - Parte 1:
Generalidades. Rio de Janeiro: ABNT, 2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 5060:2010 - Guia para instalação e operação de capacitores de potência –
Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 5356-7:2017 – Transformadores de potência - Parte 7: Guia de carregamento para
transformadores imersos em líquido isolante. Rio de Janeiro: ABNT, 2017.

BRASIL. Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Resolução Normativa nº 414, de 9 de setembro de 2010. Estabelece as Condições Gerais
de Fornecimento de Energia Elétrica de forma atualizada e consolidada. Brasília, DF: ANEEL, 9 set. 2010.

CONTEUDISTA
Rafaela Furtado Teixeira

 CURRÍCULO LATTES

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