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Material Teórico
Ética e Bioética
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Ética e Bioética
• TIntrodução;
• Quando a Vida Começa e Quando Ela Acaba?;
• Do Mundo Herdado ao Mundo Legado como Herança.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Entender os desafios éticos contemporâneos relacionados ao mundo natural
e ao ser humano.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Ética e Bioética
Introdução
Nesta altura da disciplina, o estudante pode se perguntar a respeito da necessi-
dade de uma Bioética, uma vez que já temos uma longa tradição de estudos acerca
da moralidade e da ética.
A resposta com a qual nos alinhamos atribui à bioética não apenas um modismo
intelectual, ou uma justificativa quase corporativista para preservar o estudo da ética
junto aos cursos das áreas biológicas. Enfim, não é um tipo de case de marketing
com pesquisa acadêmica. Entendemos a bioética como uma face da ética mais
ampla, que está voltada para uma gama específica de situações-problema, as quais
são oriundas do grande avanço técnico de determinados campos do saber humano.
Num insight bastante jonasiano, “quanto maior o poder, maior a responsabilidade”.
No caso da bioética, alguns desses “poderes” se manifestaram principalmente no
caminhar do século XX e chamaram a atenção quanto à responsabilidade sobre os
mesmos. Isso conduziu alguns autores a pensarem a necessidade de a ética se voltar
com grande atenção para como ela afetava à vida.
Como bem lembra Pessini, o alemão Fritz Jahr (1895-1953) foi o primeiro autor
a utilizar a junção entre bios e ethos, muito embora o trabalho do teólogo germâ-
nico tenha ficado muito tempo obscuro, e o conceito ter sua paternidade atrelada
por bastante tempo ao trabalho de um renomado bioquímico chamado Van Rens-
selaer Potter (1911-2001). Apesar de ser interessante do ponto de vista da história
da ciência perscrutar a origem do termo bioética (PESSINI, 2013), neste momento,
daremos mais destaque ao próprio objeto da bioética que chamou a atenção de
vários autores de diferentes origens, como Fritz Jahr, Van R. Potter, Peter Singer, o
próprio Hans Jonas, entre outros.
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Figura 1 – Vida
Fonte: Getty Images
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UNIDADE Ética e Bioética
Como afirmamos antes, esses princípios são apenas alguns exemplos lógicos de
como a reflexão sobre o tema poderia se desenvolver. O estudante mais familiariza-
do sobre o tema identificaria grupos – ou a si mesmo – como estando mais próximo
desta ou daquela categoria. Também, como já foi dito, é bem possível visualizarmos
categorias híbridas.
Entendemos que esse é um debate que jamais terá uma única e definitiva respos-
ta. Não se trata de uma ausência de posição, mas de recuperar um pouco do prin-
cípio do relativismo sobre a questão da Verdade, como já havia na antiga Grécia.
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Figura 2 – Democracia
Fonte: Getty Images
Outras fontes de conflito ético, quando lidamos com o início da vida, ocorrem
“em laboratório”. As técnicas de inseminação artificial abrem o espaço para a cria-
ção de vida in vitro, ou seja, fora de um útero materno. Nesta mesma esteira, e
ainda mais polêmicas, estão as técnicas de clonagem. Se consideradas as chamadas
técnicas de clonagem terapêutica, em que há manipulação celular para fins tera-
pêuticos, mas sem a criação de embriões, não seriam, em princípio, caracterizadas
como uma variação de aborto, e não trariam consigo essa objeção ética. Todavia,
técnicas de clonagem reprodutiva, que se utilizam de um óvulo fecundado para,
no limite, produzir um clone humano, carregam uma avalanche de objeções do
ponto de vista ético (BRAGA JÚNIOR, 2016), sendo fortemente criticadas na De-
claração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos (1997):
Artigo 11 - Práticas contrárias à dignidade humana, tais como a clona-
gem de seres humanos, não devem ser permitidas. Estados e organiza-
ções internacionais competentes são chamados a cooperar na identifi-
cação de tais práticas e a tomar, em nível nacional ou internacional, as
medidas necessárias para assegurar o respeito aos princípios estabeleci-
dos na presente Declaração.
Fonte: https://bit.ly/2m8N6Vl
Esse mesmo choque de valores – talvez de maneira menos dramática, mas com
certeza menos midiática – se dá na discussão sobre o fim da vida.
É da natureza existencial do ser humano ter algum tipo de aflição frente à sua
própria finitude. Não é uma questão somente de a humanidade sonhar, ou não,
com a imortalidade, e sim, como essa aspiração ramifica em outra forma de enca-
rarmos nossa mortalidade.
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Grosso modo, na cultura ocidental, não temos uma preparação, nem do ponto
de vista de espiritual, ou mesmo psicológico, para o encerramento da vida. A pro-
ximidade com o acontecimento desperta ansiedade, medo e angústia. Tanto para
quem se aproxima do fim do ciclo, como para as pessoas que lhe são mais próxi-
mas, como familiares e amigos.
A leitura mais espiritual dos acontecimentos pode ser vista como mais recon-
fortante, visto que a tese central é de que a vida de fato não termina, e a morte é
apenas uma transição para um novo ciclo.
Muitos impasses podem surgir a partir desse ponto quando se analisa diferentes
concepções de valores sobre a existência ou não de um “pós-vida”, e que tipo de
“existência” seria essa.
Neste caso, a técnica moderna nos colocou diante de escolhas que não seriam
claramente possíveis séculos atrás, a saber, é dado ao sujeito contemporâneo uma
“escolha” de como morrer.
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Estas escolhas se alinham em campos opostos: de um lado, a eutanásia, do ou-
tro, a distanásia, no centro da disputa, o sofrimento humano na sua proximidade
com o evento da morte.
Como nos lembra Pessini, o termo eutanásia pode ser considerado como mais co-
nhecido do público em geral, ao contrário da distanásia, que é um termo mais “con-
finado” aos técnicos da área da saúde. Exatamente por conta deste “confinamento”
é que iremos começar por ele, segundo a definição articulada pelo próprio Pessini:
O que entender por distanásia? [...] é interessante registrar que o dicioná-
rio Aurélio conceitue como “...morte lenta, ansiosa e com muito sofri-
mento”. Trata-se de um neologismo, de origem grega. O prefixo grego
dys tem o significado de “ato defeituoso”, portanto a distanásia significa
prolongamento exagerado da agonia, sofrimento e morte de um pacien-
te. O termo também pode ser empregado como sinônimo de tratamento
fútil, inútil [grifo nosso]. Trata-se da atitude médica que, visando salva
a vida do paciente terminal, submete-o a grande sofrimento. (RUIZ; TIT-
TANEGRO, 2007 p. 161)
Quando o paciente está consciente, diante desse quadro, e após toda a assistên-
cia médica (incluindo psicológica e espiritual) pode acontecer de o paciente com-
preender que chegou o momento de “descansar” enquanto está consciente para
decidir. A sociedade pode lhe negar essa assistência final?
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dispomos de um consenso sobre o tema, até por que, se houvesse consenso, o de-
bate não seria necessário. Dessas discussões, surgiram novas perspectivas que têm
mobilizado especialistas de diferentes campos de atuação, tais como a economia,
biologia, ecologia, engenharia, química, sociologia, entre outros, todos ao redor de
uma ideia bastante contemporânea: o desenvolvimento sustentável.
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Em sua mais atualizada versão, temos a Agenda 2030 que consiste em “Um Plano de Ação
Explor
Essa proposta de ação das nações unidas tem 17 metas principais para que
possamos alcançar esse tipo de desenvolvimento social, econômico e ambiental,
conforme a figura 5:
Figura 5
Fonte: agenda2030.org
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uma necessidade tanto de concisão como de didática, comentaremos apenas al-
guns dos objetivos propostos.
• Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para
todos (ODS6);
• Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à ener-
gia para todos (ODS7);
• Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis (ODS12);
• Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos mari-
nhos para o desenvolvimento sustentável (ODS14);
• Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres,
gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e rever-
ter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade (ODS15).
Todos esses objetivos se entrelaçam uns com os outros. De fato, eles também
estão conectados aos objetivos socioeconômicos, contudo, esses objetivos em espe-
cífico denotam uma relação ética particular que transcende a preocupação imediata
com ações que são próximas dentro do espaço e do tempo.
Esses objetivos (destacados neste texto) requerem tanto uma preocupação cien-
tífica, enquanto princípio de precaução – ou seja, o que fazer para não prejudicar
esse tipo de meta – como também, um desprendimento ético voltado para o futuro,
pois são metas que buscaremos alcançar em 2030, e são portadoras de efeitos pe-
renes que se estendem às gerações ainda não nascidas.
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UNIDADE Ética e Bioética
Enfim, que todos os esforços da bioética sejam direcionados naquilo que é apli-
cado a uma dimensão intra-humana, a saber, seu corpo, sua fisiologia, seu nasci-
mento e sua morte; ou, em uma dimensão extra-humana: a fauna, a flora, o ecos-
sistema como um todo, devendo ser permanentemente colocados em discussão.
Pois, nenhum parâmetro ético, isoladamente, dá conta de todas as questões que
se apresentam em nossa contemporaneidade, e ainda teremos uma infinidade de
outras questões que surgirão na medida em que os poderes humanos de interferir
com sua própria humanidade ou com o mundo ao nosso redor vão se expandindo.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Fundamentos da Ética
BRAGA JUNIOR, A. D. Fundamentos da ética. - Curitiba: InterSaberes, 2016. (e-book).
Homo Ecologicus: Ética, Educação Ambiental e Práticas Vitais
PELIZZOLI, Marcelo L. Homo ecologicus: ética, educação ambiental e práticas vitais.
- Caxias do Sul, RS: Educs, 2011. (e-book).
Bioética: Uma Diversidade Temática
RUIZ, C. R, TITTANEGRO, R. Bioética: uma diversidade temática. - 1 ed. - São
Caetano do Sul, SP: Difusão Editora, 2007. (e-book).
Bioética
VEATCH, R. M. Bioética; tradução Daniel Vieira; revisão técnica Gisele Joana
Gobbetti. - 3ª. ed. - São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. (e-book).
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Referências
BRAGA JUNIOR, A. D. Fundamentos da ética. Curitiba: InterSaberes, 2016.
Sites visitados
<http://www.agenda2030.org.br/sobre/>
<http://www.revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/
view/541/527>
<https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/>
<https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000122990_por>
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