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Material Teórico
O Surgimento da Psicologia da Saúde
Revisão Textual:
Prof. Dra. Selma Aparecida Cesarin
O Surgimento da Psicologia da Saúde
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Compreender o conceito de Saúde, como se desenvolveu ao longo
da História e como o conhecemos hoje;
· Conhecer as correntes de pensamento que perpassaram e perpassam
a formação e história da Psicologia da Saúde, ligadas à Medicina e
à Psicologia;
· Iniciar o contato com a prática do profissional da Psicologia da
Saúde, tendo vistas para relações com outras práticas das diversas
áreas do conhecimento.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE O Surgimento da Psicologia da Saúde
Se uma prática que privilegie a prevenção está ligada a aspectos que envolvem
políticas de Estado, hábitos cotidianos, diferentes campos do saber e da Saúde –
do corpo e da mente, qual é a articulação necessária para que isso possa se
tornar prática?
Um dos aspectos que dificultam muito a integralidade da Saúde em suas plenas condições
Explor
são as contradições sociais. Aqui está uma sugestão de filme que aborda a relação entre
Saúde e as contradições sociais vividas em nosso tempo. Chama-se “Eu, Daniel Blake”, do
cineasta britânico Ken Loach. Assista ao trailer em: https://goo.gl/1u41FW.
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A Saúde e A Doença Vistas Através
do Tempo
Se visitamos os diferentes momentos da História da Humanidade, perceberemos
que a Saúde já ocupou os lugares mais distintos nas culturas das civilizações de
nossa espécie, sendo sempre um centro de investigação, curiosidade e busca
pelos mecanismos de funcionamento do corpo e da relação de nosso corpo com
o ambiente. O que causam as doenças? Como se produz longevidade? Possuímos
existência para além da vida do corpo físico?
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UNIDADE O Surgimento da Psicologia da Saúde
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A Origem do Termo “Psicologia da Saúde” e
O Seu Nascimento como Área de Atuação
e Conhecimento
O fim da década de 1960 e a década de 1970 do século XX consistem em
um período de profundas transformações sociais, políticas e culturais. No Brasil
e no mundo, havia forte embate em torno a diferentes experiências. A ex União
Soviética ainda existia; é quando presenciamos as grandes movimentações de Maio
de 68 na França, quando pensadores de envergadura da estética, da política e da
filosofia despontam ou amadurecem seu pensamento e, no Brasil, um período de
embates também, em torno das posições políticas e do comportamento, na vigência
da ditadura civil-militar no país e no auge da censura, com a implementação do Ato
Institucional de nº 5 (AI5).
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UNIDADE O Surgimento da Psicologia da Saúde
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Os Aspectos Históricos da Formação da Área
A Psicologia da Saúde tem início em um grupo de pesquisa em 1970, na Ame-
rican Psychological Association (APA), tendo desdobramento prático da pesquisa
com a criação da divisão 38, chamada Health Psychology (Psicologia da Saúde).
Nesse período, várias revistas especializadas foram fundadas, como o British Journal
of Health Psychology (Reino Unido), a Revista de Psicologia de la Salud (Espanha) e a
Psicologia della Salutte (Itália).
Assim, essa denominação aponta para uma área que se utiliza do conhecimento
da Psicologia para os problemas da doença e da Saúde, o que decorre em problemas
ou inadequações no tratamento da atuação do psicólogo e em relação a esse campo
de conhecimento, na medida em que confunde e limita essa atuação. Termos como
“medicina comportamental”, “psicologia médica”, “medicina psicossomática”,
“psicologia hospitalar” são expressões dessas definições de campo, inadequadas,
de acordo com Bellar e Deardorff (1995, p.464 apud MIYAZAKI, DOMINGOS &
CABALLO, 2001).
“Essa situação se reflete na prática na forma de confusão quanto à
definição do papel profissional do psicólogo atuante na área da Saúde.
Nesse contexto, faz-se necessária uma explanação das definições de cada
teoria envolvida nessa problemática” (ALMEIDA & MALAGRIS, 2011).
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UNIDADE O Surgimento da Psicologia da Saúde
Até o final da década de 1970, como vimos, os psicólogos dos Estados Unidos
não se aproximaram das pesquisas e da prática profissional ligadas às doenças
físicas e à Saúde física.
A Medicina Psicossomática
A Medicina Psicossomática é uma especialidade médica responsável por
doenças determinadas por fatores emocionais, que podem ser compreendidas por
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ferramentas psicanalíticas, desde que tratados os conflitos inconscientes específicos
(EKSTERMAN, 1975).
A Psicologia Médica
A Psicologia Médica surge com a obra do psicanalista húngaro Pierre Schneider,
que propõe, a partir da vertente do inglês Balint, em 1971, como campo de
pesquisa que engloba a dimensão da relação entre paciente e médico. Trata-
se de uma subvertente da concepção psicossomática, em versão clínica, só que
com uma importante diferença. Propõe-se a combinar a visão psicossomática da
Medicina, como campo conceitual, e a Psicologia Médica, como campo de atuação
profissional, diferente da Psicossomática, que investiga as relações entre mente
e corpo com foco na patogenia. O foco da Psicologia Médica é a terapêutica
(MELLO FILHO, 1992).
A Medicina Comportamental
A Medicina Comportamental surge na década de 1970, como uma resposta
dada à divisão estabelecida entre mente e corpo pela corrente biomédica.
Os profissionais da Saúde, também insatisfeitos com o emprego das teorias
psicodinâmicas para a busca de causas psicológicas das doenças físicas pelos
adeptos da Medicina Psicossomática, lavram o termo Medicina Comportamental,
diferenciando-se da última. Sua prática buscava maior utilidade clínica, incorporando
a interdisciplinaridade como critério, integrando conhecimentos que pudessem
compreender mente e corpo de forma integrada.
A característica definidora fundamental da Medicina Comportamental
é a interdisciplinaridade, por se tratar de um conjunto integrado de
conhecimentos biopsicossociais relacionado com a Saúde e as doenças
físicas, ou seja, considera a Saúde e a doença estados multideterminados
por um amplo leque de variáveis, entre as quais se devem incluir as do
tipo somático ou biofísicas, as do tipo psicológico ou comportamentais
e as externas ou ambientais (CABALLO, 1996 apud ALMEIDA &
MALAGRIS, 2011).
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UNIDADE O Surgimento da Psicologia da Saúde
A Psicologia Hospitalar
A Psicologia Hospitalar é outra vertente que precisamos abordar. Trata-se do
campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos relacionados ao
adoecer (SIMONETTI, 2004, p.15).
Importante! Importante!
Esse sentido se emprega à Medicina desde seus tempos mais antigos, enquanto
na Psicologia o sentido de clínica assumiu um significado distinto, tendo se
aproximado do sentido original apenas um século depois de seu uso na área.
“No final do século XIX, Witmer apresentou um novo método de
investigação e instrução que designou por Psicologia Clínica (GARFIELD,
1965). O termo clínico sublinhava a função prática do psicólogo em
oposição ao que era a atividade tradicional de então que era laboratorial.
Por essa altura, a expressão Psicologia Clínica é também utilizada por
Freud numa carta escrita a Fliess” (RIBEIRO, 2011).
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Com a obsolescência dos antigos hospitais psiquiátricos, que operavam sob um
modelo de internamento dos pacientes e com o avanço dos Sistemas de Saúde,
os antigos modelos foram dando espaço a serviços de psiquiátrica ligados a outros
serviços hospitalares, avançando o processo de desaparecimento dos hospitais
psiquiátricos. É nesse marco que surge a Psicologia da Saúde, quando os profissionais
atuantes nos antigos hospitais psiquiátricos passam a ser recrutados para o trabalho
em hospitais comuns, no auxílio e no acompanhamento de pessoas com doenças
físicas que geravam dificuldades de adaptação e aceitação (RIBEIRO, 2011).
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UNIDADE O Surgimento da Psicologia da Saúde
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
The practice of clinical health psychology
BELAR, C. D.; DEARDORFF, W. W.; KELLY, K. E. The practice of clinical
health psychology. New York: Pergamon Press, 1987.
Report of the national working conference on education and training in health psychology
OLBRISCH, M. E. et al. Report of the national working conference on
education and training in health psychology. Vol 40(9), Sep 1985, 1038-
1041. New York: American Psychologist, 1985.
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Referências
ALMEIDA, Raquel Ayres de.; MALAGRIS, Lucia Emmanoel Novaes. A prática da
psicologia da Saúde. Rev. SBPH, v.14. n.2, Rio de Janeiro, 2011.b
MILLON, T. On the nature of clinical health psychology. In: MILLON, T.; GREEN,
C.; MEAGHER, R. (edit.). Handbook of clinical health psychology. New York:
Plenum Press, 1982.
RIBEIRO, José Luís Pais. A Psicologia da Saúde. In: ALVES, Railda Fernades
(org.). Psicologia da Saúde: teoria, intervenção e pesquisa. Campina Grande:
EDUEPB, 2011.
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Psicologia da Saúde
Material Teórico
Saúde e Qualidade de Vida
Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
Saúde e Qualidade de Vida
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Introduzir a temática da integralidade em saúde e compreender a
importância das ações educativas em saúde. Conhecer um pouco
do surgimento do SUS no Brasil e sua relação com este projeto
de integralidade. Conhecer o conceito de qualidade de vida, seu
surgimento e os aspectos que o determinam.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Saúde e Qualidade de Vida
Quando se trata de uma visão ampla do bem-estar, está ligada não só à esfera
do corpo propriamente, mas também às dimensões física e psíquica do corpo, à
dimensão social e econômica. Há, ainda, outros centros conceituais com os quais
podemos e precisamos dialogar relacionando-os dentro dessa temática.
Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images
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A partir dos anos 1970, a ideia de promover a saúde surge como ponta de lança
da Saúde Pública, tornando-se, a partir de então, o seu modelo de atuação. O que
se entende por promoção de saúde é a formação da comunidade para a atuação
em prol de sua própria qualidade de vida, na melhoria das condições em que se
vive nessas espacialidades. Este processo se dá de forma coletiva, envolvendo os
diversos sujeitos, que são parte do próprio controle do processo mesmo, partindo
das noções de solidariedade, democracia, equidade e desenvolvimento. Devem ser
parceiros nessa empreitada os seguintes agentes: a comunidade em questão, a
família, o indivíduo e o Estado (MACHADO et al., 2007).
Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE Saúde e Qualidade de Vida
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É fundamental para a realização desse tipo de trabalho a lógica da operação em
equipe, importante de ser tratada desde o período de formação dos profissionais
da saúde. Daí a necessidade do trabalho em equipe, promovido a partir do diálogo
permanente entre diferentes profissionais da saúde (de distintas áreas), a fim de
promover uma assistência holística.
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UNIDADE Saúde e Qualidade de Vida
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O Conceito de Qualidade de Vida
e seu Surgimento
A primeira vez em que a expressão “qualidade de vida” foi usada era 1964, e
Lyndon Johnson, presidente dos Estados Unidos, a pronunciou, para declarar que
os objetivos de um país não pode estar mediado pelos balanços bancários, mas sim
através da qualidade de vida proporcionada às pessoas.
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UNIDADE Saúde e Qualidade de Vida
É por essa razão que uma avaliação da prosperidade feita de forma adequada
inclina-se à exigência da utilização dos indicadores de qualidade de vida e
sustentabilidade, além do desempenho econômico e seus indicadores próprios
(VEIGA, 2010, p.338).
“Medidas subjetivas de bem-estar fornecem informações-chave sobre
a qualidade de vida das pessoas. Por isso, as agências de estatística
precisarão pesquisar as avaliações que as pessoas fazem de sua vida, suas
experiências hedônicas e prioridades. Além disso, a qualidade de vida
também depende, é claro, das condições objetivas e das oportunidades.
Terão de melhorar as mensurações de oito dimensões cruciais: saúde,
educação, atividades pessoais, voz política, conexões sociais, condições
ambientais e insegurança (pessoal e econômica).” (VEIGA, 2010, p.338)
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A qualidade de vida vista sob a lente das contradições sociais
A maior parte da população do Brasil e do mundo vivem em condição de exclusão
social, tecendo uma complexa situação que não pode ser resolvida a partir de
políticas pontuais. Possui escala estrutural, demandando a articulação entre Estado
e Sociedade Civil na composição de estratégias macro e intersetoriais. As políticas
públicas de forma isolada são ineficientes, assim como as instâncias que gerem o
aparelho público (e também o privado). Este quadro gera a importância de que as
parcerias entre diferentes instâncias e instituições ocorram.
Analfabetismo e despolitização
Um dos aspectos importantes da consciência sobre a própria vida ou mesmo a
consciência dos grupos sociais sobre a sua condição dizem respeito à politização
ligada ao nível de instrução e acesso ao conhecimento dos códigos linguísticos.
A alienação à possibilidade de letramento aproxima as pessoas de uma realidade
de maior preconceito, hábitos que não promovem saúde e gestão coletiva dos
interesses etc.
Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE Saúde e Qualidade de Vida
Explor
Na pesquisa de campo e na ação realizada pelos autores (WIMMER et al., 2006, p.151),
uma metodologia e um plano de ação foram desenvolvidos, a fim de atingir os objetivos do
projeto. Que tal refletirmos sobre alguns passos para a formação de um projeto como este?
Vamos fazê-lo em 5 passos.
Primeiro: abordar o conjunto do núcleo familiar, com estímulo à participação dos membros,
de modo a criar uma experiência de toda a família.
Segundo: trabalhar no sentido da integração entre diferentes famílias através de ações
educativas e culturais em âmbito coletivo, possibilitando a formação e o envolvimento da
comunidade em questão.
Terceiro: criar espaços de lazer e convivência, no sentido de fortalecer o vínculo entre as
pessoas e as famílias, laço muito importante para o incentivo à participação, sobretudo nos
problemas enfrentados pela comunidade (desemprego, saneamento básico, entre outros
que influenciam diretamente na qualidade de vida)
Quarto: promover o debate com as famílias acerca dos fatores que interferem em sua
qualidade de vida e dos possíveis caminhos de organização interna para buscar alcançar
esses direitos junto a instituições responsáveis e o Estado.
Quinta: participar e facilitar a organização da comunidade para a formação de parcerias com
instituições de âmbito público e privado, a fim de promover desenvolvimento econômico e
social para o território e a comunidade.
Espero que tenha feito bom proveito do estudo! Caso tenha interesse em se apro-
fundar mais, busque as referências do material complementar. Até a próxima unidade!
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Qualidade de vida dos enfermeiros das equipes de saúde da família: a relação das variáveis sociodemográficas
FERNANDES, Janielle Silva; MIRANZI, Sybelle de Souza Castro; IWAMOTO, Helena
Hemiko; TAVARES, Darlene Mara dos Santos; SANTOS, Claudia Benedita dos.
Qualidade de vida dos enfermeiros das equipes de saúde da família: a relação das variáveis
sociodemográficas. Texto & Contexto - Enfermagem, v.19, n.3, p.434-442, 2010.
https://goo.gl/jwTDK5
Qualidade de vida de estudantes de enfermagem: a construção de um processo e intervenções
OLIVEIRA, Raquel Aparecida de; CIAMPONE, Maria Helena Trench. Qualidade de vida
de estudantes de enfermagem: a construção de um processo e intervenções. Revista da
Escola de Enfermagem da USP, v.42, n.1, p.57-65, 2008.
https://goo.gl/VFBnyc
Leitura
Reflexões de idosos participantes de grupos de promoção de saúde acerca do envelhecimento e da qualidade de vida.
CARVALHO, Antônio Carlos Duarte de; TAHAN, Jennifer. Reflexões de idosos
participantes de grupos de promoção de saúde acerca do envelhecimento e da
qualidade de vida. Saúde e Sociedade, v.19, n.4, p.878-888, 2010.
https://goo.gl/AHCgNE
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UNIDADE Saúde e Qualidade de Vida
Referências
CECCIM, R. B.; FERLA, A. A. Residência integrada em saúde: uma resposta
à formação e desenvolvimento profissional para a montagem do projeto de
integralidade da atenção à saúde. In: PINHEIRO, R.; MATTOS, R. A.; organizadores.
Construção da integralidade: cotidiano saberes e práticas em saúde. Rio de Janeiro:
IMS-UERJ/ABRAS-CO; 2003.
FLECK, M. P.; LEAL, O. F.; LOUZADA, S.; XAVIER, M.; CACHAMOVICH, E.;
VIEIRA, G. et al. Desenvolvimento da versão em português do instrumento de
avaliação de qualidade de vida da OMS (WHOQOL-100). Rev. Bras. Psiquiatr.
1999;21(1):21-8.
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Psicologia da Saúde
Material Teórico
O Normal e o Patológico – Aspectos do Funcionamento Psicológico
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
O Normal e o Patológico – Aspectos
do Funcionamento Psicológico
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Compreender os conceitos de normal e patológico, sua origem e seu
desenvolvimento ao longo da história da Humanidade.
· Conhecer aspectos da Psicologia e das Ciências Sociais acerca dos
conceitos de normalidade e patologia.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE O Normal e o Patológico – Aspectos do Funcionamento Psicológico
Existe um senso comum sobre a normalidade como algo estático, modelo a ser
seguido, uma espécie de perfeição essencial.
Será que é mesmo possível estabelecer um critério fixo de normalidade, que não
se transmuta ao longo do tempo e de acordo com a circunstância?
“Estamos mais preocupados em compreender a normalidade, em fixar o
seu conceito, do que propriamente em defini-la. Em sua essência complexa,
o problema seria prejudicado por uma definição que procurasse fixá-lo em
palavras, desde que se trata, na realidade, de um conceito essencialmente
dinâmico. Nessas condições, a definição não auxiliaria em nada a
compreensão do assunto. O que importa, sobretudo, é o conhecimento
dos fatores a tomar em consideração quando falamos em normalidade,
pois deles depende a limitação do conceito e a base de qualquer tentativa
definidora” (DOYLE, 1950).
normal. nor·mal adj m+f 1 Conforme a norma; regular: O juiz aplicou a sanção normal ao
Explor
caso. 2 Que é comum e que está presente na maioria dos casos; habitual, natural, usual:
“[…] essa dor que eu estou sentindo no braço não pode ser normal”(NR). 3 Tudo que é
permitido e aceito socialmente: Divorciar-se é prática bastante normal hoje em dia. 4 Diz-
se de pessoa que não tem defeitos ou problemas físicos ou mentais: um aluno normal. 5
PEDAG, OBSOL Diz-se de escola ou curso destinado a formar professores do antigo ensino
primário (atual primeiro ciclo do ensino fundamental). 6 GRÁF Diz-se de tipo redondo, com
largura padrão de corpo e fonte, e com peso comum entre o claro e o preto; regular. 7 QUÍM
Diz-se de composto cujo conjunto de átomos de carbono é ligado em cadeia aberta. Sf GEOM
Reta perpendicular a uma superfície ou curva. EXPRESSÕES Normal principal, GEOM: normal
a uma superfície contida no plano tangente. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES, ANTÔNIMO:
anômalo, anormal. ETIMOLOGIA lat normalis.
Patológico pa·to·ló·gi·co adj 1 MED Relativo à patologia. 2 Que denota doença; doentio,
mórbido. ETIMOLOGIA der de patologia+ico2, como fr pathologique.
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O que é importante deixar claro é a relatividade da normalidade, que representa
realidades distintas e contingenciais, que fazem com que a sua representação seja
diferente em casos distintos, de acordo com a perspectiva pela qual enxergamos.
Depois dessa lógica mais dinâmica ter começado a fazer parte do pensamento
e da psicologia normal e patológica, as investigações e os diagnósticos não se
restringem mais apenas à aparência dos comportamentos, que passam a se
contrapor à separação artificial entre normalidade e anormalidade psicológicas.
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UNIDADE O Normal e o Patológico – Aspectos do Funcionamento Psicológico
Abordando os Critérios
Vejamos alguns diferentes critérios para as áreas do conhecimento, com as quais
a Psicologia não coincide, necessariamente:
Critério Normativo Homem normal como tipo perfeito, como um modelo de representação.
Critério Sociológico Homem que melhor representa a sua cultura, de acordo com o espírito de seu tempo.
Critério Médico-Legal Homem capaz de guiar suas ações de modo civilizado e que pode ser responsável por suas atitudes.
A difusão das noções travadas por Freud e pela Psicanálise imputou ao conceito
de normalidade psicológica a necessidade de muito cuidado na abordagem, muitas
vezes tratada entre aspas: a “normalidade”. Trataremos posteriormente mais sobre
a abordagem da Psicanálise acerca do tema.
O filme “Método Perigoso” (2011), do diretor David Cronenberg, mostra como a relação entre
Explor
Carl Jung e Sigmund Freud faz nascer a Psicanálise. Aborda a intensa e polêmica relação da
dupla com a paciente Sabina Spielrein.
Veja o trailer em: https://youtu.be/n_kfCljrmtY
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Qual é a Origem das Ideias de
Normalidade e Patologia?
Na História das Ciências e da Humanidade, em diferentes civilizações, a
necessidade de definir o homem normal esteve presente em muitos momentos,
senão em quase todos.
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UNIDADE O Normal e o Patológico – Aspectos do Funcionamento Psicológico
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Caso o ideal fosse um grupo social, voltaríamos à noção da norma
estatística, já que todos teriam de enquadrar-se no modelo de tal grupo;
caso o sistema de valores ideal fosse pessoal, cada indivíduo possuiria
sua própria definição de normalidade, o que torna inútil o conceito”
(AJURIAGUERRA; MARCELLI, 1986 apud DELATORRE et al.).
Os Aspectos Constitutivos da
Normalidade Psicológica
Ao tentar sintetizar o conceito de normalidade, devemos levar em conta os
diferentes aspectos da vida psicológica, considerando estruturas que são parte da
estrutura emocional, afetiva e social.
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UNIDADE O Normal e o Patológico – Aspectos do Funcionamento Psicológico
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Explor
Émile Durkheim é um dos grandes nomes
das Ciências Sociais. Nascido na França, em
1858, foi um dos criadores da Disciplina
Sociológica. Em sua vida, escreveu sobre
a organização social, a relação entre indi-
víduo e Sociedade e os mecanismos por
meio dos quais a Sociedade se organiza e
os comportamentos humanos são desen-
hados. Suas obras mais conhecidas são As
regras do método sociológico (1895) e Figura 2 – Émile Durkheim
Da divisão do Trabalho Social (1893). Fonte: emiledurkheim.org
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UNIDADE O Normal e o Patológico – Aspectos do Funcionamento Psicológico
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Considerações Finais
Como pudemos estudar, as teorias positivistas de Comte e Durkheim se base-
aram fundamentalmente na Biologia para compreender a noção de normalidade
e patologia.
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UNIDADE O Normal e o Patológico – Aspectos do Funcionamento Psicológico
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
A Infância Normal e Patológica: Determinantes do Desenvolvimento
FREUD, A. A infância normal e patológica: determinantes do desenvolvimento. 3.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1895.
Individualismo e Cultura: Notas para uma Análise Antropológica da Sociedade Contemporânea
VELHO, G. Individualismo e Cultura: notas para uma análise antropológica da so-
ciedade contemporânea. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
Educação Especial
FONSECA, V. de. Educação Especial. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
O Conceito de Indivíduo Saudável
WINNICOTT, D. W. O Conceito de Indivíduo Saudável. In: Tudo começa em casa.
São Paulo: Martins Fontes, 1967. p. 3-22.
18
Referências
AJURIAGUERRA, J.; MARCELLI, D. Manual de Psicopatologia Infantil. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1986.
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Psicologia da Saúde
Material Teórico
As Dimensões Subjetivas no Processo Saúde-Doença
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
As Dimensões Subjetivas no Processo
Saúde-Doença
• Introdução
• A Doença
• A Saúde
• A Dimensão Social do Processo Saúde-Doença
• A Perspectiva Biopsicossocial e os Aspectos Subjetivos
• Humanização, Cuidado e a Dimensão Subjetiva
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· A partir das conceituações trabalhadas nas unidades anteriores, re-
tomando um pouco a saúde e a doença, compreender a perspectiva
Biopsicossocial da saúde e doença. Abordar a dimensão social do
processo saúde-doença. Se aproximar da concepção humanizadora,
sob uma perspectiva que leva em conta a dimensão subjetiva do
processo saúde-doença.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE As Dimensões Subjetivas no Processo Saúde-Doença
Introdução
Ao longo das três primeiras unidades, trabalhamos com conceitos que pudessem
dar uma dimensão ampla do que seja a saúde, bem como da área da qual estamos
tratando nessa nossa disciplina. Em todo momento, a busca foi de integrar as
diferentes esferas da vida humana para compreendermos o escopo da saúde, em
suas múltiplas dimensões, e a partir de quais abordagens e metodologias a ciência
trabalha sobre ela.
A Doença
Quando vivenciamos a condição da doença, ou nos deparamos com um ente
querido ou paciente em estado de enfermidade, o que nos alerta à sua situação
não é seu estado clínico, seus exames; ao menos não imediatamente. A vivência
da doença está vinculada diretamente às sensações e sentimentos causados àquela
pessoa, como o mal-estar, a tristeza, a fraqueza física, a impotência diante do limite
do próprio corpo.
8
Poderíamos citar exemplos longamente. Para Brêtas e Gamba (2006), é a
expressão de sentimentos e valores que nos permitem a mediação com a doença
do outro, é através disso que a doença se expressa. A mesma doença acomete de
formas muito distintas pessoas diferentes, que lidam com a doença e sentem os
seus sintomas a partir de suas particularidades fisiológicas e subjetivas.
“O conhecimento clínico pretende balizar a aplicação apropriada do
conhecimento e da tecnologia, o que implica que seja formulado nesses
termos. No entanto, do ponto de vista do bem-estar individual e do
desempenho social, a percepção individual sobre a saúde é que conta
(EVANS; STODDART, 1990).” (OLIVEIRA; EGRY, 2000)
A Saúde
Diferentemente da doença, a saúde passa despercebida. É aquela velha história
de que percebemos o quanto estávamos bem quando ficamos tristes, ou adoecemos.
Enquanto estamos bem, a vida corre normalmente e nós não vertemos atenção a
isso, simplesmente vivemos. A atenção à saúde, se não é minuciosa e permanente,
perde de vista os pequenos sinais dados de incômodo do corpo, de que exageramos,
de que estamos indo além de nossos limites, ou ainda de que é hora de dar uma
pausa. Comumente, é na hora da doença em que a saúde vira pauta.
“A saúde é silenciosa. (...) É uma experiência de vida, vivenciada no âmago
do corpo individual. Ouvir o próprio corpo é uma boa estratégia para
assegurar a saúde com qualidade, pois não existe um limite preciso entre
a saúde e a doença, mas uma relação de reciprocidade entre ambas; entre
a normalidade e a patologia, na qual os mesmos fatores que permitem ao
homem viver (alimento, água, ar, clima, habitação, trabalho, tecnologia,
relações familiares e sociais) podem causar doenças. Essa relação é
demarcada pela forma de vida dos seres humanos, pelos determinantes
biológicos, psicológicos e sociais.” (VIANNA, s/d, p.77)
9
9
UNIDADE As Dimensões Subjetivas no Processo Saúde-Doença
A saúde, desse modo, se apresenta como algo que o ser humano consome,
de certa forma administra – sem o controle total dela, obviamente, sendo que a
reversibilidade dos processos não é possível. Ainda que com resultantes de cura,
o corpo vai se transformando ao longo dos processos de saúde de doença, se
tornando sempre diferente daquele que era antes. (BRÊTAS e GAMBA, 2006)
10
Não temos exata clareza de como os processos sociais se transformam
em biológicos, ou o inverso, mas esta relação sem dúvida abre caminhos para
investigação. Podemos levar em conta a complexidade da relação entre saúde e
doenças e os processos de contradição social, compreendendo aspectos como a
vulnerabilidade, interação entre os grupos/indivíduos e seus meios histórico, de
ambiência, social, cultural.
“Desse modo, podemos aprofundar a compreensão de que qualquer
evento ou processo social, para representar uma fonte potencial de
risco para a saúde, necessita estar em ressonância com a estrutura
epidemiológica dos coletivos humanos. Não se trata exclusivamente
da ação externa de um elemento ambiental agressivo, nem da reação
internalizada de um hóspede susceptível, mas sim de um sistema
complexo (totalizado, interativo, processual) de efeitos patológicos.
E no arcabouço da proposta de influência dos determinantes sociais
na situação de saúde de indivíduos e populações está a necessidade
do combate às iniquidades em saúde por eles geradas”. (BARBOSA e
COSTA, 2013)
Iniquidade – Aquilo que é iníquo, contrário à equidade. A equidade define aquilo que
Explor
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11
UNIDADE As Dimensões Subjetivas no Processo Saúde-Doença
A Perspectiva Biopsicossocial
e os Aspectos Subjetivos
A perspectiva Biopsicossocial, ou da Produção Social de saúde, é fruto de uma
reforma sanitária no Brasil. Esta vertente abre diálogo entre o campo da saúde e a
subjetividade, sob a ótica da psicologia histórico-cultural.
12
Trocando ideias...Importante!
Na verdade, esta hierarquização antecede a criação do SUS, sendo implantada pelo Con-
selho Consultivo da Administração de Saúde Previdenciária (Conasp) em 1982. O nível
primário de atenção, ou atenção básica, seria a porta de entrada ao sistema, responsável
pela prevenção e os cuidados básicos em saúde; o nível secundário de atenção consiste
na assistência especializada, nos ambulatórios de especialidades; e finalmente, o nível
terciário que responde pelas ações mais complexas na rede hospitalar.
13
13
UNIDADE As Dimensões Subjetivas no Processo Saúde-Doença
Humanização, Cuidado e a
Dimensão Subjetiva
A formação dos profissionais que vão atuar em equipe, sob a perspectiva
Biopsicossocial no processo saúde-doença é fundamental, na medida em que
determina que sob tipo de abordagem estes profissionais vão atuar, se conseguirão
integrar-se a outros profissionais e dividir com eles o trabalho de atendimento e
acompanhamento. Para tanto, a estruturação curricular dos cursos de saúde desde
essa perspectiva é fundamental, bem como uma ideia de formação continuada.
(ALMEIDA e FERRAZ apud PEREIRA, 2011)
Existe hoje um projeto para as políticas públicas desde esta perspectiva, chamada
Política Nacional de Humanização (PNH), conhecida também como HumanizaSUS
(BRASIL, 2004). Trata-se de um planejamento para o alcance de maior qualificação dos
profissionais para a atenção aos processos de saúde-doença. Atua a partir de um projeto
de corresponsabilidade, qualificação dos vínculos interprofissionais, e destes na relação
com os usuários para promover saúde (DIMENSTEIN apud PEGORARO, 2011).
Para saber mais, acesse: https://goo.gl/MAbGP9
14
ser cuidado como um ser único, que tem uma história, uma visão de
mundo, uma maneira de entender, sentir, se relacionar e se expressar,
inclusive suas dores. Nessa concepção, a rede de interações e significados
a ela atribuídos é constituinte de identidades e construtora de saberes,
sentidos e olhares sobre a saúde e o adoecer. Também nesta concepção, a
subjetividade torna-se alvo de investimento e transformação do cuidado.”
(PEGORARO et al, 2011)
Straus (2014), estudioso com formação em psicologia positiva, aborda sobre o poder
da situação social. Segundo o autor, “para muitos adolescentes (assim com adultos
jovens), os comportamentos de saúde costumam ser reações a situações sociais, em
vez de situações planejadas racionalmente. Eles bebem porque seus amigos bebem,
não porque tenham tomado uma decisão consciente de que gostam de álcool.”
15
15
UNIDADE As Dimensões Subjetivas no Processo Saúde-Doença
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Physis: Revista de Saúde Coletiva
BUSS, PM; PELLEGRINI FILHO, A. A saúde e seus determinantes sociais. Physis
[periódico na internet] 2007
Disponível em: https://goo.gl/WeSEuS
Livros
Determinação social da saúde
BARBOSA, IR.; COSTA, IC. Determinação social da saúde. In: Proposição para o
Debate. 1º Simpósio de Políticas e Saúde do Cebes; Niterói: 2009.
La salud-enfermedad como proceso social
LAURELL, AC. La salud-enfermedad como proceso social. Revista Latinoamericana
de Salud. 1982; 2:7-25.
16
Referências
AYRES, J.R.C.M. Sujeito, intersubjetividade e práticas em saúde. Ciência e
Saúde Coletiva, v. 6, n. 1, p. 63-72, 2001.
EVANS, R.G.; STODDART G.L. Producing health, consuming health care. In:
Evans R.G., Barer M.L., Marmor, T. R., editors. Why are people healthy and
others not: the determinants of health of populations. p. 41-64. New York:
Walter de Gruyter, 1994.
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17
Psicologia da Saúde
Material Teórico
Boas Práticas em Saúde; Políticas em Saúde e SUS
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Boas Práticas em saúde; Políticas
em Saúde e SUS
• Indtrodução
• A regulamentação das Boas Práticas em Saúde no Brasil
• Boas Práticas no Contexto das Organizações de Saúde
• O Acolhimento Como Boa Prática
• A Disponibilidade para a Escuta – Ativa, Qualificada e Resolutiva
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Compreender o que significa Boas Práticas em saúde. Conhecer a
regulamentação das Boas Práticas em saúde no Brasil, estabelecida
pela ANVISA. Compreender como a regulamentação se relaciona
e se aplica nas realidades específicas, em suas particularidades.
Compreender a dimensão do diálogo e do acolhimento como boa
prática em saúde.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Boas Práticas em Saúde; Políticas em Saúde e SUS
Introdução
Nas últimas unidades tratamos de expor os conceitos de saúde e doença, os
aspectos que envolvem o processo que constitui saúde e doença e as vertentes e
abordagens de diferentes áreas e teorias. Gostaríamos, neste momento, de tratar
um pouco do que sejam boas práticas em saúde e relacioná-las às políticas públicas
e ao surgimento/funcionamento do Sistema Único de Saúde no Brasil, o SUS.
Figura 1
8
A regulamentação das Boas Práticas em
Saúde no Brasil
Para adentrarmos ao nosso tema em termos teóricos, é fundamental que
tomemos conhecimento da regulamentação das boas práticas em saúde no Brasil.
Em 25 de novembro de 2011, a diretoria colegiada da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou o Regulamento Técnico que determinou
os Requisitos de Boas Práticas para o funcionamento de Serviços de Saúde. O
regulamento técnico em questão se fundamenta na humanização, atenção e gestão
– bases sobre as quais viemos trabalhando os conceitos de saúde e doença –, na
qualificação dos profissionais e das práticas, bem como na redução e no controle
de riscos aos usuários e ao meio ambiente (ANVISA, 2011, p.1)
9
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UNIDADE Boas Práticas em Saúde; Políticas em Saúde e SUS
Para implementar ações de saúde, é preciso ter como norte um resultado positivo,
a partir do uso de procedimentos, técnicas e metodologias. Sempre se almeja
o dispêndio de menos recursos possíveis com a finalidade de um atendimento
satisfatório e eficaz. Como cada campo de atuação demanda especificidades, é
fundamental a atenção de adequação desses métodos e procedimentos às diferentes
condições, realidades e necessidades.
10
Entende-se que ações e serviços de saúde devem estar adaptados às
circunstâncias locais, à população para a qual se destina, aos recursos
disponíveis e aos atores participantes. Assim, as boas práticas no campo
da saúde incluem, na sua formulação e desenvolvimento, além dos
fundamentos teóricos (evidências científicas), a compreensão do ambiente
e do contexto no qual se localizam. Levam em conta, também, as crenças,
os valores e princípios éticos daqueles que constroem e dos que são alvo
das ações e serviços, focando na promoção e melhoria das condições de
vida e saúde da população (GUERRERO et al., 2013, p.133)
Alguns aspectos que podem promover vínculo com os usuários, importantes para uma
Explor
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11
UNIDADE Boas Práticas em Saúde; Políticas em Saúde e SUS
Explor
Você conhece Nise da Silveira? Foi uma alagoana nascida em Maceió em 1905, renomada
psiquiatra e terapeuta junguiana, conhecida por sua força e enfrentamento a práticas
violentas – como a lobotomia e o uso abusivo de química com os usuários – no tratamento
de pessoas esquizofrênicas e com outras doenças psíquicas.
Sugerimos que assista ao filme feito sobre o seu trabalho no Centro Psiquiátrico Pedro II, no
Rio de Janeiro, quando se vale fortemente do que falamos aqui sobre acolhimento, diálogo
e escuta. Desenvolveu trabalho importantíssimo no campo da terapia ocupacional neste
hospital, sendo parte fundamental da criação de um centro interno ao hospital de produção
de artes plásticas.
Figura 2
Filme: Nise – O coração da loucura, dirigido por Roberto Berliner, 2016.
Há ainda um outro filme, documentário, que trata do trabalho, vida e obra de Nise da
Silveira, que pode ser visto no Youtube.
Filme: Nise da Silveira – Posfácio: Imagens do Inconsciente, direção de Leon Hirzman, 1986-
2014.
Disponível em: https://youtu.be/EDg0zjMe4nA
12
Se o espaço onde se promove a saúde, a cura, o acompanhamento é repleto
de diálogo, é reconhecido e identificado pelas partes como local de encontro,
acontece o que a Antropologia chama da demanda pelo exercício de alteridade,
do reconhecimento do outro, suas particularidades, sua experiência e seus
conhecimentos (CAVALCANTE FILHO, 2009, p. 316)
estudos da linguagem. Trata-se da natureza do que constitui o outro, o seu universo que é
alheio. Pode se referir ao outro no sentido individual ou enquanto grupo. Delimita-se a partir
do contato com o outro, na medida em que – em sentido filosófico – o “eu” só é possível em
contato com o outro – sabemos o que somos a partir da relação com o outro.
13
13
UNIDADE Boas Práticas em Saúde; Políticas em Saúde e SUS
Lembre-se das atividades do curso que devem ser realizadas. E qualquer dúvida,
recorra ao tutor!
Bons estudos!
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão E Emoção
Santos M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo, 2002.
Leitura
Guia para a Documentação e Partilha das “Melhores Práticas” em Programas de Saúde
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Guia para a Documentação e
Partilha das “Melhores Práticas” em Programas de Saúde. Escritório Regional Africano
Brazzaville: OMS, 2008.
https://goo.gl/T984Z
15
15
UNIDADE Boas Práticas em Saúde; Políticas em Saúde e SUS
Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Resolução da
Diretoria Colegiada – RDC n. 63 de 25 de novembro de 2011.
16
Psicologia da Saúde
Material Teórico
Interdisciplinaridade no trabalho em equipes – o trabalho e os
trabalhadores em Saúde
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Interdisciplinaridade no trabalho em
equipes – o trabalho e os trabalhadores
em Saúde
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Compreender o contexto de formação de equipes em saúde, os critérios
e as dinâmicas possíveis e a importância da interdisciplinaridade
nessa formação. Trabalhar temas da vida profissional na área
da saúde hoje vinculadas à questão da interdisciplinaridade e da
formação de equipes, resgatando o debate feito em outras unidades
acerca da importância do diálogo, da dimensão do acolhimento e da
relação ética entre profissionais e usuários.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Interdisciplinaridade no trabalho em equipes –
o trabalho e os trabalhadores em Saúde
Interdisciplinaridade no trabalho em
equipes – o trabalho e os trabalhadores em
Saúde
Estamos dando início à última unidade da disciplina de Psicologia da Saúde. Até
aqui, conversamos a respeito de uma série de conceitos e de linhas de pesquisa
dessa área, de modo que pudemos ter contato com as principais discussões do
campo, a fim de contribuir para a sua formação como profissional da saúde. Ao
longo das cinco últimas unidades, tratamos em vários momentos da importância
da composição de equipes multidisciplinares de trabalho em saúde, sua forma de
atuação e a relação entre os integrantes dessas equipes.
Gostaríamos agora de aumentar as lentes para olhar mais de perto essa questão
tão importante: o trabalho em equipe. Esse é tão caro ao projeto de saúde
pública do país e também para aquilo que estamos construindo como abordagem
contemporânea, integrada, com práticas humanizadoras e universalizantes. Além
do trabalho em equipe, trataremos um pouco da dimensão do trabalho em saúde:
quais são as questões de ser trabalhador dessa área?
Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images
8
A origem do trabalho em equipe em saúde
A noção de trabalho em equipe surge a partir da combinação entre três fatores,
fundamentalmente. O primeiro deles é a ideia de integração, a partir dos preceitos
encampados pela medicina preventiva da década de 1950, a medicina comunitária
da década de 1960 e os programas de extensão de cobertura implementados no
Brasil na década de 1970. O segundo diz respeito às mudanças na abordagem
do processo saúde-doença, que vão desde uma perspectiva de causa única àquela
concepção, que já tratamos anteriormente, que considera os múltiplos fatores que
influenciam a saúde e a doença – nos âmbitos biológicos, psíquicos e sociais. Por
fim, o terceiro diz respeito às alterações na abordagem e nos processos de trabalho,
buscando a ampliação da intervenção e a redefinição do campo a partir do uso de
novas tecnologias (PEDUZZI, 2009, p. 1).
Nos Estados Unidos, nos anos 1950, algumas mudanças foram implementadas
na prática médica que redefiniram o papel do médico no atendimento, surgindo
pela primeira vez a perspectiva do trabalho em equipe multiprofissional liderada
pelo médico (AROUCA, 2003; SILVA, 2003 apud PEDUZZI, p. 1). A medicina
preventiva passou a ser trabalhada em outras especialidades, transformando, como
vimos anteriormente, a visão do processo saúde-doença com a relocalização desses
dois aspectos da vida, um relacionado ao equilíbrio e o outro à interação com o
ambiente. O conceito global e multicausal de saúde – que considera o bem-estar
físico, mental e social – foi assumido pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
em 1946.
Talvez você esteja se perguntando o que a pluralidade nas equipes tem a ver com
isso. Ao considerar a importância dessas três dimensões fundamentais da saúde – a
que denominamos em unidades passadas de abordagem Biopsicossocial –, torna-se
fundamental que profissionais que atuam sobre cada uma dessas especificidades,
que determinam o equilíbrio e o cuidado com as consequências da relação com o
indivíduo (ou de grupos sociais) e com o ambiente, sejam parte de uma equipe. Essa
equipe deve trabalhar de forma integrada e ser preparada para atuar conjuntamen-
te, em cooperação.
[...] a ideia de equipe de saúde aparece respaldada principalmente pela
noção de atenção integral ao paciente, tendo em conta os aspectos
preventivos, curativos e de reabilitação que deveriam ser contemplados
a partir dos conceitos de processo saúde-doença, de história natural das
doenças e da estratégia de integração. Porém, mantém-se a centralidade
do trabalho médico, em torno do qual outros trabalhos especializados se
agregam (PEDUZZI, 2009, p. 1).
9
9
UNIDADE Interdisciplinaridade no trabalho em equipes –
o trabalho e os trabalhadores em Saúde
Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images
Para essa transformação e ampliação das áreas que se integraram ao trabalho nas
equipes, foi necessária uma readequação do que se entendia pela prática médica,
que passa a estar mediada pelo trabalho conjunto aos profissionais das equipes.
O processo de divisão de trabalho por meio do qual se dá essa distribuição
de tarefas ocorre no interior de um processo social de mudanças
da concepção de saúde e doença, já referido anteriormente, que é
acompanhado de alterações introduzidas nos processos de trabalho e no
modelo assistencial (PEDUZZI, 2009, p. 1).
10
A partir da década de 1980, essa tendência começou a ser suplantada, com
o aumento do número de profissionais qualificados – sobretudo da área da
Enfermagem – e a presença mais substancial de profissionais de outras áreas não-
médicas, o que possibilitava que equipes de fato fossem constituídas em nível mais
interessante e complexo (MACHADO et al., 1992 apud PEDUZZI, 2009, p.1)
Em 1986, foi realizada a VIII Conferência Nacional de Saúde, que dá o pontapé e indica
a necessidade de uma reforma sanitária no país. Nessa conferência, um dos aspectos
ressaltados diz respeito à equipe de saúde e sua importância como unidade produtiva
em saúde, substituindo o trabalho individual e independente de cada profissional em
sua especialidade. Para mais informações, acesse o relatório final no link abaixo:
https://goo.gl/rVjBW8
Figura 3 – VIII Conferência Nacional de Saúde, que redefiniu bases importantes sobre
as quais trabalhamos até hoje, a partir de uma reforma sanitária no país
Fonte: Wikimedia Commons
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UNIDADE Interdisciplinaridade no trabalho em equipes –
o trabalho e os trabalhadores em Saúde
Alienação: Ao buscar no dicionário, percebemos que de modo geral o que expressa o sentido
Explor
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da comunicação, fundamentalmente. Vejamos que existe uma tipologia no trabalho
em equipe que não constitui forma única e desprovida de transformação ao longo
do tempo; ao contrário, em contato com a realidade, vai se mudando.
Várias podem ser as perguntas a fazer para cada tipo de organização de equipe,
sobre a sua dinâmica de comunicação, sua composição, se existe hierarquia interna,
de que modo se organiza o trabalho e as especialidades, se existe autonomia
profissional dentro de uma lógica interdependente e se existe a busca de um projeto
de assistência comum aos profissionais.
Para Campos (1997, p.32), o trabalho em equipe em saúde deve ser gerenciado
a partir dos conceitos de campo e núcleo de competências e responsabilidades.
13
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UNIDADE Interdisciplinaridade no trabalho em equipes –
o trabalho e os trabalhadores em Saúde
De que maneira essas equipes devem ser compostas, de acordo com o autor?
São três os critérios, sendo eles: o objetivo da unidade de saúde, as características
territoriais ou locais e os recursos disponíveis para tanto. Dessa forma, cada equipe
seria responsável por um conjunto pré-delimitado de pessoas, contando com
especialistas reunidos em uma equipe matriz. As equipes matriciais dão apoio a
outras equipes de referência de locais específicos (para um conjunto de equipes de
referência), com característica multiprofissional.
• Objetivo das equipes de referência: elaborar e aplicar os projetos terapêu-
ticos individuais;
• Diretrizes para aplicação do objetivo: estabelecer vínculo terapêutico, ges-
tão colegiada e transdisciplinaridade nas equipes.
Os autores variam no uso das denominações inter, trans e multi, disciplinar e profis-
sional. Você pode encontrar na literatura os termos: multidisciplinar, transdiscipli-
nar, interdisciplinarm multiprofissional etc. Variações que convergem na compreen-
são/concepção de modo geral.
14
saúde-doença ao longo da história. Perceber que como todos os fenômenos
humanos, a saúde não está alheia à história, suas transformações e às questões
relevantes a cada tempo/momento.
Foi ótimo caminhar com você até aqui! Esperamos que tenha feito bom proveito
e que os conhecimentos trabalhados contribuam para a sua formação profissional,
ética e humana. Não se esqueça de realizar as atividades propostas e recorrer aos
tutores quando houver dúvidas, indagações ou questionamentos.
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UNIDADE Interdisciplinaridade no trabalho em equipes –
o trabalho e os trabalhadores em Saúde
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Relatório Final da VIII Conferência Nacional de Saúde
https://goo.gl/rVjBW8
Trabalho em equipe: o significado atribuído por profissionais da estratégia de saúde da família
NAVARRO, A. S. S.; GUIMARÃES, R. L. S.; GARANHANI, M. L. Trabalho em
equipe: o significado atribuído por profissionais da estratégia de saúde da família.
Revista Mineira de Enfermagem. 2013.
https://goo.gl/7wVK86
Saúde mental e trabalho interdisciplinar: a experiência do “Cândido Ferreira” em Campinas
QUEIROZ, M. S; DELAMUTA, L. A. Saúde mental e trabalho interdisciplinar:
a experiência do “Cândido Ferreira” em Campinas. Ciênc. saúde coletiva, Rio de
Janeiro, v.16, n. 8, ago. 2011.
https://goo.gl/uGK0aP
16
Referências
CAMPOS, G.S.W. Subjetividade e administração de pessoal: considerações
sobre modos de gerencial trabalho em equipe de saúde. In: ONOKO, R.; MERHY,
E. E. (org.). Agir em Saúde: um desafio para o público. São Paulo/Buenos Aires:
Hucitec/Lugar Editorial, 1997.
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