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Rio de Janeiro
Setembro de 2022
ESTUDO DA VARIABILIDADE DA RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DO REJEITO
PLÁSTICO DA BARRAGEM DE GERMANO POR MEIO DE ENSAIOS DE CAMPO
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Willy Alvarenga Lacerda, Ph.D.
________________________________________________
Prof. Leonardo De Bona Becker, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Fernando Schnaid, Ph.D.
________________________________________________
Prof. Leandro de Moura Costa Filho, Ph.D.
________________________________________________
Prof. Maria Claudia Barbosa, D.Sc.
SETEMBRO DE 2022
ii
Aguiar, Ana Luiza Salgueiro
iii
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Setembro/2022
iv
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
September/2022
Mining tailings may be divided in non-plastic (sand tailings) and plastic (fine
tailings, usually mixtures of silt and clay-sized particles). The understanding of the
behavior of these materials is a great geotechnical challenge because of their wide
variations in physical-chemical characteristics mineralogy. Sand tailings have been
widely studied in the last decades because they are often susceptible to liquefaction, and
they usually constitute the beach of the tailings dam which is the most important zone
for stability analysis in upstream dams. However, the study of the characteristics and the
strength of the plastic tailings is also important since layers of plastic tailings are
sometimes found in the midst of the sand tailings.
In this study, the normalized undrained strength ratio (su/σ’v) of plastic tailings
belonging to the Germano dam in Mariana, Brazil is studied. A criteria for their
identification was developed. Piezocone (CPTu) and Field Vane (FV) tests were
analyzed, and the water levels were scrutinized. Perched water tables and significant
vertical downward flows were found in some locations. A total of approximately 900
layers of plastic layers were analyzed. It was found that the su/σ’v histograms are well
fitted by lognormal distributions and the layer thickness influences the undrained
strength. Moreover, the strengths are relatively low (for example, su/σ’v = 0.11 on average
for plastic layers with thickness of 1.0 m or more).
v
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço ao meu marido, Yan, por todo amor e carinho, e por sempre
acreditar em mim e me incentivar ao longo desses 14 anos juntos.
Agradeço aos meus pais, Angela e Pedro, pelo apoio e dedicação para eu atingir
sempre todos os meus objetivos e por prezarem tanto pela minha felicidade.
Agradeço ao meu irmão, Guilherme, por todas as conversas e por ser um grande
companheiro e ouvinte para todas as ocasiões.
Agradeço aos meus irmãos de coração, Adriane e Helder, pela nossa grande sintonia
e amizade e por sempre torcerem por mim. Nossa amizade é para sempre.
Agradeço a minha afilhada Julia, que não importa qual seja o momento, tem uma
gigante capacidade de me fazer sorrir e me trazer muita alegria.
Agradeço aos meus amigos da graduação, que mesmo não compartilhando as aulas
comigo no mestrado, me ajudaram sendo sempre presentes e tornando a minha vida
mais leve.
Agradeço aos meus amigos da COBA, que acompanharam e torceram por mim ao
longo da dissertação.
Por fim, agradeço aos meus orientadores Leonardo De Bona Becker e Willy
Alvarenga Lacerda, por serem tão atenciosos e presentes, e por compartilharem seus
conhecimentos comigo.
vi
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11
4 METODOLOGIA................................................................................................ 25
5 ANÁLISE DE RESULTADOS............................................................................ 32
6 CONCLUSÕES ................................................................................................. 51
7 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 53
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.3 – Efeito das camadas de rejeito plástico gerando níveis d’água suspensos
(adaptado de ICOLD, 2001) ........................................................................................ 15
Figura 3.2 – Amostras de rejeito plástico da Unidade de Germano (a) amostra de rejeito
plástico remoldada; (b) amostra de rejeito plástico intacta (MORGENSTERN et al.,2016)
................................................................................................................................... 25
Figura 4.6 – CPTU GSCPT16-05 realizado na ilha de “pure slimes” pela ConeTec em
viii
2016 ........................................................................................................................... 30
Figura 4.8 – Cálculo de Ic para o CPTu realizado no dique no trabalho LIMA (2006) . 31
Figura 5.7 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
de rejeito plástico (845), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a mediana de
Nkt ............................................................................................................................... 45
Figura 5.8 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
fina de rejeito plástico (693), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a mediana
de Nkt .......................................................................................................................... 46
Figura 5.9 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
intermediária de rejeito plástico (99), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a
mediana de Nkt............................................................................................................ 47
Figura 5.10 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
espessa de rejeito plástico (53), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a
mediana de Nkt............................................................................................................ 48
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.2 – su/σ'v calculado para os rejeitos plásticos de Garfield, Utah do trabalho de
MC IVER (1961) ......................................................................................................... 19
Tabela 5.1 – Cálculo de Nkt dos ensaios de palheta realizados em rejeito plástico ..... 35
Tabela 5.2 – Impacto do uso de diferentes Nkts no cálculo da resistência não drenada
(su) no caso estudado ................................................................................................. 39
Tabela 5.5 – Média, mediana, moda, desvio padrão e coeficiente de variação da média
de su/σ'v para todas as camadas de rejeito plástico, descartando os 4 cm iniciais e finais
e adotando a mediana de Nkt ...................................................................................... 45
Tabela 5.6 – Média, mediana, moda, desvio padrão e coeficiente de variação da média
de su/σ'v para cada camada fina de rejeito plástico (até 0,5 m de espessura), descartando
os 4 cm iniciais e finais e adotando a mediana de Nkt ................................................. 46
Tabela 5.7 – Média, mediana, moda, desvio padrão e coeficiente de variação da média
de su/σ'v para cada camada intermediária de rejeito plástico (entre 0,5 m e 1,0 m de
espessura), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a mediana de Nkt ......... 47
Tabela 5.8 – Média, mediana, moda, desvio padrão e coeficiente de variação da média
de su/σ'v para cada camada espessa de rejeito plástico (superior a 1,0 m de espessura),
descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a mediana de Nkt............................. 48
Tabela 5.9 – Valores médios de su/σ'v encontrados nas análises adotando valores
diferentes de Nkt.......................................................................................................... 50
x
1 INTRODUÇÃO
Juntamente com essa grande quantidade de mineral extraído, são gerados também
os rejeitos da mineração, que resultam da última etapa do processo de beneficiamento
do minério bruto. Para a disposição dos rejeitos, as mineradoras do Brasil têm adotado
frequentemente a disposição hidráulica em lagos de rejeitos, que são dispostos em
forma de polpa, que consiste em uma mistura de água e sólidos transportada por meio
de tubulações, por gravidade ou bombeamento. Essa polpa é armazenada em
barragens que muitas vezes são construídas com vários alteamentos sobre os próprios
rejeitos já depositados. Observa-se, portanto, a importância de se conhecer o
comportamento desses materiais para prever o comportamento da barragem a curto e
longo prazo. (TELLES, 2017).
11
rejeito plástico, além de dificultar a drenagem do rejeito arenoso, também tem
coeficientes de adensamento mais baixos, podendo gerar excessos de poropressão que
demoram a dissipar, mesmo em velocidades de carregamento consideradas lentas para
o rejeito arenoso. Nessas situações, os parâmetros de resistência não drenada das
camadas de rejeito plástico são importantes para uma adequada análise de
estabilidade.
12
O capítulo 3 apresenta a área e o material utilizado na pesquisa.
2.1 INTRODUÇÃO
No processo da exploração do minério de ferro, o beneficiamento é a separação do
material extraído da mina entre minério, que seguirá para comercialização, e rejeitos.
Os rejeitos são materiais fabricados cujas propriedades dependem das características
de beneficiamento, do tipo de mineral lavrado e do modo de disposição final.
Normalmente, os rejeitos são transportados em tubulações na condição de uma polpa
fluida, utilizando técnicas de aterro hidráulico, até as barragens. O transporte do rejeito
pode ser feito por bombeamento ou por gravidade, quando a topografia do local de
disposição é favorável (RUSSO, 2007).
13
Figura 2.1 – Detalhamento de um hidrociclone (SOUZA JUNIOR et al. 2018)
14
disposição de rejeitos, tendo em vista que os alteamentos são realizados em cima dos
rejeitos depositados. Nesse método é fundamental que a fração mais grosseira do
rejeito seja depositada próxima à crista da barragem. Já a fração fina (rejeito plástico) é
lançada no reservatório formando, posteriormente, o lago (LIMA, 2006).
Figura 2.3 – Efeito das camadas de rejeito plástico gerando níveis d’água suspensos
(adaptado de ICOLD, 2001)
15
Com o exposto acima, percebe-se a importância de se identificar as camadas de
rejeito plástico e a definição da sua resistência não drenada para uma adequada análise
de estabilidade.
16
Tabela 2.1 – Características geotécnicas dos rejeitos plásticos
MC IVER ALMEIDA PENNA PENNA MORGENSTERN FERREIRA ROBERTSON et
Caracterização geotécnica LIMA (2006)
(1961) (2004) (2007) (2008) et al. (2016) (2016) al. (2019)
-
Argila (%) 27 24 30 27,8 43 22
-
Silte (%) 69 72 66 67,6 52 76,7 Aproximadamente
Granulometria 100% passante
-
Areia (%) 4 4 4 4,7 5 1,3 na #200
Pedregulho -
0 0 0 0 0 0
(%)
-
LL (%) 28 25 25 - - 24,1 -
Limites de
consistência -
LP (%) 22 17 16 - - 11,2 -
- 4 a 26 (média de
Índice de plasticidade (%) 6 9 9 - 7 - 11 12,9
18)
-
Densidade real dos grãos (Gs) 3,89 - 3,91 3,46 3,9 - 4,0 3,83 3,91 (3,61 - 4,32)
Mariana, Mariana, Mariana, Mariana, Brumadinho,
Localização Utah, EUA Mariana, Brasil Mariana, Brasil
Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil
0,08 – 0,13
0,14 (UU e
su/σ’v (tipo de ensaio) (UU e 0,09 (palheta) 0,11 – 0,22
mini-palheta)
palheta)
17
Conforme relatado por VICK (1992), MC IVER (1961) foi um dos primeiros autores a
considerar a resistência não drenada (su) dos rejeitos plásticos. MC IVER (1961)
estudou a resistência não drenada dos rejeitos plásticos de cobre baseado em ensaios
triaxiais UU e ensaios de palheta realizados em Garfield, Utah, EUA. A Figura 2.5
apresenta o gráfico de su x profundidade dos rejeitos plásticos obtido por MC IVER
(1961).
su (kPa)
0 5 10 15 20 25
0
2
Envoltória de resistência
4
Nível d'água
6
Profundidade abaixo do lago (m)
10
14
16
18
Tabela 2.2 – su/σ'v calculado para os rejeitos plásticos de Garfield, Utah do trabalho de
MC IVER (1961)
A partir da Tabela 2.2 é possível perceber que mesmo adotando o peso específico
mais baixo de 18 kN/m³, foi encontrada uma razão de resistência não drenada su/σ'v de
0,134, valor significativamente reduzido. Alguns autores (PENNA, 2007; VICK, 1992)
indicam que os rejeitos plásticos dos rejeitos poderiam ser considerados com
comportamento semelhante às argilas moles normalmente adensadas de depósitos
naturais. Em relação a resistência não drenada utilizando o trabalho de MC IVER (1961),
foram encontrados valores de su/σ'v menores do que os considerados para argilas moles
normalmente adensadas por certas correlações, por exemplo MESRI (1975) que indica
su/σ'v de 0,22. Entretanto, de acordo com PINTO (1992), esta correlação tende a
superestimar a resistência das argilas de baixa plasticidade, como apresentado por
SKEMPTON (1957) através da expressão su = 0,11 + 0,0037.IP(%).
A Figura 2.6 apresenta os resultados encontrados por PENNA (2007). Na Figura 2.6
19
também é apresentado o valor de su/σ'v de 0,143, encontrado utilizando a expressão de
SKEMPTON (1957). Essa expressão relaciona o índice de plasticidade (IP) das argilas
com a relação de su/σ'v. No caso do rejeito plástico de Germano, o índice de plasticidade
era de 9%.
20
Como apresentado no item 2.2, existem semelhanças entre o comportamento dos
rejeitos plásticos de rejeitos de minério e as argilas moles normalmente adensadas.
Ambas apresentam compressibilidade, plasticidade e coeficientes de adensamento na
mesma ordem de grandeza. Para identificação de camadas de argilas moles,
usualmente são observados baixos valores de qc e excessos de poropressão altos
durante a cravação do cone.
21
Figura 2.7 – Ábaco de ROBERTSON (1990) atualizado por ROBERTSON (2009)
(ROBERTSON, 2016)
𝑠 = [Equação 2.1]
Para solos muito moles, quando se tem incerteza na acurácia dos valores de qt, pode
ser feita a estimativa da resistência não drenada su a partir do excesso de poropressão
(∆𝑢) utilizando a expressão abaixo, onde 𝑢 é a poropressão inicial e 𝑢 é a poropressão
medida na base do cone:
∆
𝑠 = [Equação 2.2]
∆
∆𝑢 = 𝑢 − 𝑢 [Equação 2.3]
22
Segundo ROBERTSON E CABAL (2015), 𝑁∆ varia entre 4 e 10, sendo que a sua
expressão está associada a Nkt pela fórmula abaixo:
𝑁∆ = 𝐵 𝑁 [Equação 2.4]
∆
𝐵 = [Equação 2.6]
O valor da resistência não drenada obtida é afetado por diversos fatores, que incluem
a velocidade de carregamento, anisotropia, efeito da inserção da palheta no solo e efeito
do tempo. A combinação desses fatores pode levar à necessidade de correção do valor
de resistência obtida, conforme proposto por BJERRUM (1973):
23
Figura 2.8 – Fator de correção empírico da relação entre a resistência de ruptura
retroanalisada e o ensaio de palheta (SCHNAID, 2012)
Figura 3.2 – Amostras de rejeito plástico da Unidade de Germano (a) amostra de rejeito
plástico remoldada; (b) amostra de rejeito plástico intacta (MORGENSTERN et al.,2016)
4 METODOLOGIA
25
Figura 4.1 – Campanha de investigação da Fugro realizada entre Setembro de 2014 e
Março de 2015 (MORGENSTERN et al., 2016)
Figura 4.2 – Campanha de investigação da Fugro realizada entre Março de 2015 e Julho
de 2015 (MORGENSTERN et al., 2016)
26
Figura 4.3 – Campanha de investigação da ConeTec realizada entre Abril de 2016 e Maio
de 2016 (MORGENSTERN et al., 2016)
Quantidade de ensaios
Campanhas
Piezocone Palheta
Fugro Set/2014 a
23 217
Mar/2015
Fugro Mar/2015 a
25 167
Jul/2015
ConeTec Abr/2016
11 21
a Maio/2016
Total 59 405
27
somente em gráficos em PDF. Dessa forma, a primeira etapa necessária foi a coleta
dos dados a partir dos gráficos de resistência de ponta (qt), razão de atrito (Rf) e
poropressão (u) dos ensaios de piezocone. A resistência não drenada (su) obtida nos
ensaios de palheta foram coletados no gráfico de su vs. elevação apresentados pelo
painel.
A coleta desses dados foi realizada pelo programa Web Plot Digitizer em intervalos
de 2 cm. A Figura 4.4 apresenta um exemplo da coleta dos dados de qt realizada pelo
programa, em que os pontos em vermelho são os pontos do gráfico identificados a cada
2 cm.
29
Figura 4.6 – CPTU GSCPT16-05 realizado na ilha de “pure slimes” pela ConeTec em 2016
Nesse CPTu foi observado que o valor de qt na cota 913,5 m apresenta valores muito
baixos de resistência, que levariam a um valor de su próximo a 0. É possível que todo o
gráfico de resistência não drenada vs. profundidade esteja deslocado para a esquerda.
No entanto, mesmo que haja esse deslocamento, as taxas de crescimento da
resistência de ponta e da resistência não drenada não sofreriam alterações
significativas.
30
Nesse ensaio, entre as cotas 893 m e 895 m, é possível perceber que a resistência
de ponta do CPTu cai bruscamente e a poropressão, que antes estava coincidente com
a hidrostática, se mostrou com um excesso positivo. A razão de atrito não apresentou
nenhuma tendência diferente nessas cotas quando comparado com o restante do perfil.
Entre essas cotas, LIMA (2006) identificou nas coletas de material uma camada de
rejeito plástico puro (“chocolate”).
Figura 4.8 – Cálculo de Ic para o CPTu realizado no dique no trabalho LIMA (2006)
A partir do exposto acima, pode-se concluir que o piezocone é uma ferramenta eficaz
na identificação do perfil estratigráfico dos rejeitos da mineração.
Para a identificação das camadas de rejeito plástico, tem-se como critério observar
valores de Ic superiores a 2,95, valores baixos de resistência de ponta (nos casos
apresentados menores que 1 MPa) e excessos de poropressão positivos.
Quanto ao cálculo de Ic, vale ressaltar que a poropressão de equilíbrio tem uma
influência importante nos resultados. No item 5.2 serão discutidos os critérios
desenvolvidos para obtenção da poropressão de equilíbrio.
31
5 ANÁLISE DE RESULTADOS
No entanto, muitas vezes não são realizados ensaios de dissipação, e acaba sendo
utilizado ao longo de todo o perfil a poropressão hidrostática. No presente trabalho, para
grande parte dos ensaios CPTu estudados não havia ensaios de dissipação nem
instrumentação próxima que pudesse auxiliar na verificação do nível d’água. Com essa
limitação, se tornou necessária uma avaliação do nível d’água através do gráfico de
poropressão durante o ensaio.
LENÇOIS EMPOLEIRADOS:
No exemplo mostrado na Figura 5.1, vemos uma camada de rejeito plástico entre as
cotas 896,0 m e 897,5 m, com Ic ≥ 2,95, baixo valor de qt e excesso de poropressão
positivo. Após essa camada, os valores de Ic diminuem até a classificação de misturas
de areia e o valor de qt sobe, o que indica a presença de uma camada com
comportamento arenoso abaixo da cota 896,0 m.
32
Nesse piezocone foi identificado um nível d’água suspenso na camada de rejeito
plástico existente entre as cotas 896,0 m e 897,5 m e outro nível d’água começando na
cota 896,0 m. A linha em azul no gráfico de poropressão da Figura 5.1 apresenta a
poropressão inicial dessa configuração com lençol suspenso e possui gradiente de 9,81
kPa/m. A linha tracejada em preto apresenta o equívoco que seria cometido no cálculo
das poropressões abaixo da cota 896 m, caso o nível d’água suspenso acima desta cota
fosse confundido com uma hidrostática de validade geral.
Misturas de Areias
Misturas de Siltes
Argilas Orgânicas
Argilas
Areias
Cota (m)
Cota (m)
FLUXO VERTICAL:
Outro caso observado no presente trabalho se refere a uma situação de fluxo vertical.
O ensaio de piezocone GSCPT16-05 realizado na região de “pure slimes” é apresentado
na Figura 5.2.
33
sendo interrompido antes de dissipar todo o excesso de poropressão gerado. Os três
ensaios de dissipação envolvidos em vermelho foram os únicos que atingiram o
equilíbrio. Os ensaios de dissipação nas cotas 886,75 m e 891,75 m não atingiram o
equilíbrio, mas visivelmente chegaram mais perto de estabilizar, pois tiveram maior
tempo de duração (5100 s e 1300 s, respectivamente). Os demais ensaios tiveram em
média 300 s de duração.
Com isso, chega-se à conclusão que utilizar a hidrostática representada pela linha
tracejada seria um erro e levaria a superestimar tanto a poropressão quanto a razão
su/σ’v.
34
A fim de chegar em valores de Nkt representativos das camadas de rejeito plástico,
foram desconsiderados os ensaios de palheta nas seguintes situações:
Para esse trabalho foi considerado diretamente o valor de su obtido na palheta, pois
o índice de plasticidade (IP) do rejeito plástico da Barragem de Germano se encontra
entre 7% e 11%. Para este IP, o fator de correção µ do su obtido na palheta seria de
aproximadamente 1,1 segundo BJERRUM (1973) ou 0,98 segundo AZZOUZ et al.
(1983).
A Tabela 5.1 apresenta os valores encontrados de Nkt para cada palheta considerada.
Tabela 5.1 – Cálculo de Nkt dos ensaios de palheta realizados em rejeito plástico
Piezocone Palheta
Piezocone Cota (m) qt - σv0 Nkt
qt (kPa) σ v0 (kPa) su (kPa)
(kPa)
909,96 255,9 150,5 105,4 10,74 9,81
908,98 312,9 172,0 140,8 8,21 17,15
907,99 334,0 193,8 140,2 8,84 15,85
CPTU-GSCPT16-
905,97 436,7 238,3 198,4 13,26 14,96
05
891,00 1258,1 567,6 690,5 49,47 13,96
889,98 1090,3 590,0 500,2 48,00 10,42
889,00 1001,9 611,6 390,3 30,53 12,78
35
Piezocone Palheta
Piezocone Cota (m) qt - σv0 Nkt
qt (kPa) σ v0 (kPa) su (kPa)
(kPa)
CPTU-GSCPT16- 910,19 572,5 230,8 341,7 25,38 13,46
02B 881,96 1702,9 851,8 851,1 43,81 19,43
914,99 435,5 182,4 253,1 11,18 22,63
914,09 454,5 202,2 252,3 11,18 22,56
913,31 692,8 219,3 473,4 21,71 21,81
912,28 571,3 242,0 329,3 46,71 7,05
909,16 739,9 310,6 547,1 17,11 25,10 - 31,99*
CPTu-F40/89
908,30 819,5 329,6 489,9 28,29 17,32
907,29 725,2 351,8 373,4 53,95 6,92
906,07 1876,8 378,6 1498,1 14,47 103,51
905,17 1124,9 398,4 726,5 37,50 19,37
904,19 867,1 420,0 447,1 26,97 16,58
CPTu-F40/98 897,14 662,1 373,1 289,0 7,64 37,84
CPTu-F42/86 908,56 888,4 262,2 626,2 32,81 19,09
918,13 293,3 43,8 249,5 18,72 13,33
CPTu-F42/86A 909,12 711,8 242,0 469,8 14,29 32,89
900,15 835,6 439,3 396,2 16,26 24,37
902,49 583,9 262,9 321,0 13,64 23,54
901,47 551,1 285,3 323,5 10,74 24,74 - 30,11*
900,47 585,7 307,3 278,3 25,21 11,04
899,46 695,9 329,6 366,3 18,60 19,70
CPTu-F42/98 898,49 704,7 350,9 353,7 22,73 15,56
897,48 779,2 373,1 406,1 26,86 15,12
896,49 1000,6 394,9 605,7 38,02 15,93
895,49 909,0 416,9 492,1 23,55 20,89
894,47 810,2 439,3 441,2 12,81 28,95 - 34,44*
CPTu-F43/85A 918,65 359,8 43,3 316,5 19,26 16,43
912,12 366,7 43,1 323,5 8,30 38,99
909,11 208,8 109,3 99,5 6,22 15,98
905,13 443,7 196,9 246,8 17,43 14,16
CPTu-F43/97 904,12 469,7 219,1 250,6 12,45 20,13
902,12 532,0 263,1 268,9 12,45 21,60
900,11 607,7 307,3 300,4 19,92 15,08
895,14 815,1 416,7 398,4 15,35 25,95
905,48 665,5 219,1 556,2 13,51 33,03 - 41,16*
CPTu-F46/92 902,47 613,4 285,3 328,1 13,85 23,69
899,47 856,4 351,3 505,0 19,59 25,77
36
Piezocone Palheta
Piezocone Cota (m) qt - σv0 Nkt
qt (kPa) σ v0 (kPa) su (kPa)
(kPa)
CPTu-F48/90 906,82 487,9 175,1 312,8 11,11 28,15
CPTu-F03 911,40 419,9 220,0 199,9 23,79 8,40
918,51 119,2 20,9 98,3 4,12 23,88
CPTu-F05
913,52 297,3 130,7 277,3 7,26 22,93 - 38,18*
915,66 277,9 85,4 192,5 1,08 178,54
907,67 542,0 261,1 280,9 12,40 22,65
905,66 629,2 305,4 323,9 5,93 54,62
904,67 689,1 327,1 362,0 9,70 37,31
903,65 752,6 349,6 403,1 21,02 19,17
CPTu-F07
902,68 711,0 370,9 340,1 18,33 18,56
901,66 804,1 393,4 410,8 22,64 18,14
900,67 783,1 415,1 367,9 21,56 17,06
899,66 715,8 437,4 278,4 18,33 15,19
898,64 741,7 459,8 281,9 18,33 15,38
916,04 90,4 65,1 25,2 1,19 21,19
915,04 147,7 87,1 60,6 3,16 19,19
CPTu-F14
914,04 468,3 109,1 359,2 27,44 13,09
909,04 659,2 219,1 440,1 22,19 19,84
910,69 91,8 64,9 26,9 4,61 5,84
909,70 358,9 86,7 272,2 10,53 25,86
907,67 436,1 131,3 304,7 10,53 28,95
900,68 469,0 285,1 375,8 8,55 21,5 - 43,94*
CPTu-F21
898,70 579,5 328,7 250,8 8,55 29,33
897,71 952,9 350,5 602,5 40,13 15,01
896,69 1851,2 372,9 1478,3 22,37 66,09
895,68 2316,9 395,1 1921,8 69,08 27,82
* Os valores de qt são a média desses valores na cota dos ensaios de palheta ± 6,5 cm. Em
alguns casos percebeu-se que alterações de até 6 cm no valor da cota, provocavam grande
variação do Nkt. Acredita-se que isso se deve a imprecisões no registro das cotas dos ensaios.
Tendo em vista que as camadas de rejeito plástico possuem qt muito inferior à areia, e que o Nkt
é proporcional ao qt, foram adotados os valores mais baixos de qt nessa faixa de variação.
Como é possível observar na Tabela 5.1, existem valores bem destoantes dos
indicados na bibliografia mencionada, que podem levar a valores de média
superestimados ou subestimados. Com o objetivo de identificar os valores destoantes e
37
excluir valores que possam ser provenientes de erros de ensaios, foi feito também um
estudo dos “outliers” a partir da construção do “boxplot” dos 70 valores de Nkt obtidos.
A Figura 5.3 apresenta o “boxplot” dos valores encontrados de Nkt. São indicados os
“outliers”, o limite superior (LS), limite inferior (LI), primeiro quartil (Q1), segundo quartil
ou mediana (Q2) e o terceiro quartil (Q3). As definições desses parâmetros são
apresentadas abaixo:
Primeiro quartil (Q1): 25% dos dados são menores que ou iguais a este valor;
Segundo quartil (Q2): A mediana. 50% dos dados são menores que ou iguais a este
valor;
Terceiro quartil (Q3): 75% dos dados são menores que ou iguais a este valor;
Limite inferior (LI): LI = Q1 – 1,5dq;
Limite superior (LS): LS = Q1 + 1,5dq.
38
Desconsiderando os valores identificados como “outliers”, foram considerados 67
valores de Nkt, ou seja, foram descartados 3 valores de Nkt (54,6, 66,1 e 153,2). Com os
67 valores de Nkt foi feito o histograma, que é uma distribuição de frequências desses
valores. A partir desse histograma foi observado que os valores de Nkt poderiam ser
melhor representados por uma distribuição triangular ou log-normal. A Figura 5.4
apresenta a distribuição triangular ajustada aos valores de Nkt.
Com esse resultado, foi feito um estudo de qual o melhor Nkt a ser adotado no cálculo
da resistência não drenada do rejeito plástico para cada piezocone e qual o impacto que
teria nesses valores.
No cálculo da resistência não drenada (su), utilizar a média, mediana ou moda bruta
do Nkt leva a diferentes probabilidades de estar subestimando ou superestimando o valor
de su. No caso estudado, ocorreria o apresentado na Tabela 5.2:
Média 20,06
Nkt menores que a média 37
% Nkt menores que a média 55% de chance de subestimar su usando a média
% Nkt maiores que a média 45% de chance de superestimar su usando a média
39
Mediana 19,37
Nkt menores que a mediana 33
% Nkt menores que a mediana 50% de chance de subestimar su usando a mediana
% Nkt maiores que a mediana 50% de chance de superestimar su usando a mediana
Como apresentado no item 2.4, existem faixas usuais em que se espera obter os
valores de Nkt, que se encontra normalmente entre 10 e 18. MORGENSTERN et al.
(2016) utilizou um valor de Nkt de 20 para a obtenção da resistência não drenada dos
rejeitos da Barragem de Germano. Como no presente trabalho existiam valores de Nkt
elevados, foi feito um cálculo considerando o descarte dos valores de Nkt acima de 24.
O Apêndice B apresenta a distribuição, os valores de média, mediana e moda e a
influência de utilizar esses valores considerando esse descarte. A média e a mediana
sofreram grande redução e ficaram aproximadamente iguais, com valores de 16,81 e
16,82, respectivamente. Já o valor de moda permaneceu praticamente o mesmo, igual
a 15,99. Percebe-se que com esse descarte os valores de média, mediana e moda se
tornaram mais próximos, o que leva a menores diferenças de influência de utilização de
cada um deles. Entretanto, a distribuição adquiriu um formato irregular e com cauda
para a esquerda, indicando que esse descarte arbitrário afetou os resultados.
Outro ponto que vale a pena destacar é que, no caso estudado, utilizar a expressão
para obter Nkt em função de Bq levaria a valores muito inferiores em relação aos
encontrados a partir dos ensaios de palheta. Os excessos de poropressão obtidos são
sempre positivos, o que leva a valores de Bq maiores que 0 e baixos valores de Nkt. Por
exemplo, valores de Bq entre 0,5 e 1,0 levam a valores de Nkt entre 12,8 e 10, o que não
encontra respaldo nos ensaios de palheta.
Como dito anteriormente, existem ensaios de piezocone junto aos quais foram
realizados diversos ensaios de palheta e outros em que nenhuma palheta foi executada.
No próximo item deste trabalho, serão realizadas as abordagens apresentadas abaixo
para o cálculo de su:
40
a) será considerada a moda de todos os valores de Nkt apresentados na Tabela 5.2
(Nkt = 16,20) em todos os ensaios CPTu.
b) será considerada a mediana de todos os valores de Nkt apresentados na Tabela
5.2 (Nkt = 19,37) em todos os ensaios CPTu.
c) será considerada a média de todos os valores de Nkt apresentados na Tabela 5.2
(Nkt = 20,06) em todos os ensaios CPTu.
d) será utilizada a média geral (Nkt = 20,06) para os CPTu que não tiveram ensaios
de palheta próximos. Para os CPTu junto aos quais foram realizados pelo menos
3 ensaios de palheta, será considerada a média dos valores de Nkt próximos.
41
Os cenários analisados estão listados a seguir:
42
Figura 5.5 – Histograma e distribuição lognormal de todos os valores de su/σ'v (17900)
adotando a mediana de Nkt
n 17.900
Média 0,199
Mediana 0,147
Moda 0,076
Desvio padrão 0,150
Coeficiente de variação 76%
43
Tabela 5.4 – Média, mediana, moda, desvio padrão e coeficiente de variação
considerando os valores de su/σ'v descartando os 4 cm iniciais e finais de cada
camada adotando a mediana de Nkt
n 13.934
Média 0,149
Mediana 0,108
Moda 0,068
Desvio padrão 0,111
Coeficiente de variação 75%
Representando-se cada camada de rejeito plástico pelo valor médio de suas medidas
de su/σ'v essa distorção é eliminada, como pode ser observado na Figura 5.7. Essa figura
apresenta o histograma com a distribuição de probabilidade lognormal e a Tabela 5.5
apresenta a média, mediana, moda, desvio padrão e coeficiente de variação dos valores
médios de su/σ'v encontrados para cada camada de rejeito plástico, descartando os 4
cm iniciais e finais.
44
Figura 5.7 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
de rejeito plástico (845), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a mediana de
Nkt
n 845
Média 0,223
Mediana 0,207
Moda 0,159
Desvio padrão 0,099
Coeficiente de variação 45%
Ao longo dos CPTus analisados foram encontradas 693 camadas de rejeito plástico
com espessura até 0,5 m (camadas finas). Como os valores das fronteiras foram
descartados, camadas com espessuras de 8 cm foram descartadas por inteiro. Nessa
avaliação dos valores de su/σ'v por espessura de camada foi considerada a média obtida
em cada camada.
45
Figura 5.8 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
fina de rejeito plástico (693), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a mediana
de Nkt
n 693
Média 0,240
Mediana 0,233
Moda 0,182
Desvio padrão 0,097
Coeficiente de variação 40%
Figura 5.9 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
intermediária de rejeito plástico (99), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a
mediana de Nkt
n 99
Média 0,166
Mediana 0,148
Moda 0,129
Desvio padrão 0,078
Coeficiente de variação 47%
n 53
Média 0,110
Mediana 0,107
Moda 0,097
Desvio padrão 0,032
Coeficiente de variação 29%
48
na estatística, o coeficiente de variação de 29% se enquadraria em uma dispersão
relativa média, pois se encontra entre 15% e 30% (WITTE e WITTE, 2017).
49
corresponde a uma diferença máxima de 2,72%. Essa constatação está de acordo com
o que já vinha sendo observado a respeito das camadas espessas serem mais
homogêneas em relação às mais finas.
Tabela 5.9 – Valores médios de su/σ'v encontrados nas análises adotando valores
diferentes de Nkt
É importante destacar que esses valores baixos encontrados para su/σ’v não estão
de acordo com a expressão teórica deduzida para ensaios triaxiais, relacionando su/σ’v
com K0, Af e ϕ’ (FERNANDES, 2016).
( )
= [Equação 5.1]
Tendo em vista que estes valores de resistência estão abaixo do esperado, foram
avaliadas possíveis explicações. Por exemplo, a possibilidade desses valores
corresponderem a resistência liquefeita do material. No entanto, os rejeitos plásticos
avaliados possuem aproximadamente 100% passante na peneira 200, coeficiente de
adensamento em torno de 10-6 m²/s e, no ensaio de piezocone, exibem classificação de
“clay-behavior”, segundo classificação de ROBERTSON (2010;2016), com Ic superior a
2,95, não sendo de esperar que sejam suscetíveis à liquefação.
Outra possível explicação para valores reduzidos de su/σ’v seria uma eventual
superestimativa de σ’v, que poderia acontecer por superestimativa do valor do peso
específico ou na subestimativa dos valores de poropressão inicial.
A poropressão inicial adotada nos ensaios de piezocone foi avaliada caso a caso,
com a devida consideração em casos de lençóis suspensos e fluxo vertical. Com essa
reinterpretação, foram encontrados valores mais baixos de poropressão inicial em
relação aos apresentados no trabalho de MORGENSTERN et al. (2016), que levaram a
valores mais baixos de su/σ’v. No entanto, como mostrado em detalhes no item 5.1, as
poropressões iniciais calculadas são mais coerentes com o que está sendo observado
no ensaio em conjunto (gráficos de qt, Rf e Ic). Além disso, mesmo se fosse adotada a
hidrostática apresentada por MORGENSTERN et al. (2016), os valores de su/σ’v
continuariam fora da faixa esperada. Por exemplo, o ensaio GSCPT16-05 realizado na
ilha de “pure slimes” apresentou um valor de su/σ’v médio de 0,076 considerando o fluxo
vertical verificado pelos ensaios de dissipação e 0,111 considerando a hidrostática a
partir da cota 914 (ver Figura 5.2).
6 CONCLUSÕES
No presente trabalho foi estudada a resistência não drenada (su) dos rejeitos
plásticos presentes nos rejeitos de minério de ferro da Barragem de Germano, em
Mariana – MG, utilizando como base os ensaios de piezocone e palheta apresentados
no relatório de MORGENSTERN et al. (2016). Para a identificação das camadas de
rejeito plástico, foi utilizado como critério materiais com valores de Ic (ROBERTSON,
2009; 2016) superiores a 2,95, valores baixos de resistência de ponta e excessos de
poropressão positivos.
51
Durante a pesquisa, foi observado que, além de existir pouca bibliografia sobre os
parâmetros de resistência dos rejeitos plásticos, é comum considerar os mesmos
parâmetros de resistência para o rejeito plástico e o rejeito arenoso nas análises de
estabilidade (CARRIER, 1991; MORGENSTERN et al., 2016; ROBERTSON et al. 2019).
Essa consideração não parece adequada neste caso, tendo em vista que seus
comportamentos e valores são distintos.
52
su/σ’v = 0,240 e as camadas intermediárias 0,166. As camadas de rejeito plástico finas
e intermediárias apresentaram coeficientes de variação similares, da ordem de 40%.
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56
APÊNDICE A – GRÁFICOS DE POROPRESSÃO DOS ENSAIOS DE
PIEZOCONE QUE TIVERAM O NÍVEL D’ÁGUA REINTERPRETADO
57
Figura A.2 – Gráfico de poropressão do CPTu F42/86
58
Figura A.3 – Gráfico de poropressão do CPTu F42/86A
59
Figura A.4 – Gráfico de poropressão do CPTu F42/98
60
Figura A.5 – Gráfico de poropressão do CPTu F43/97
61
Figura A.6 – Gráfico de poropressão do CPTu F46/92
62
Figura A.7 – Gráfico de poropressão do CPTu F10
63
Figura A.8 – Gráfico de poropressão do CPTu F14
64
Figura A.9 – Gráfico de poropressão do CPTu F16
65
Figura A.10 – Gráfico de poropressão do CPTu F17
66
Figura A.11 – Gráfico de poropressão do CPTu F19
67
Figura A.12 – Gráfico de poropressão do CPTu F20
68
Figura A.13 – Gráfico de poropressão do CPTu F21
69
Figura A.14 – Gráfico de poropressão do CPTu F23
70
Figura A.15 – Gráfico de poropressão do CPTu F24
71
Figura A.16 – Gráfico de poropressão do CPTu F25
72
Figura A.17 – Gráfico de poropressão do CPTu F27
73
Figura A.18 – Gráfico de poropressão do CPTu F30
74
APÊNDICE B – CÁLCULO DE Nkt DESCARTANDO OS VALORES
SUPERIORES A 24
Nkt total 50
Média 16,81
Nkt menores que a média 25
% Nkt menores que a média 50% de chance de subestimar su usando a média
% Nkt maiores que a média 50% de chance de superestimar su usando a média
Mediana 16,82
Nkt menores que a mediana 25
% Nkt menores que a mediana 50% de chance de subestimar su usando a mediana
de chance de superestimar su usando a
% Nkt maiores que a mediana 50% mediana
Moda 15,99
Nkt menores que a moda 23
% Nkt menores que a moda 46% de chance de subestimar su usando a moda
% Nkt maiores que a moda 54% de chance de superestimar su usando a moda
75
APÊNDICE C – CÁLCULO DE su /σ'v ADOTANDO A MÉDIA GERAL DE Nkt,
MÉDIA GERAL E ESPECÍFICA DE Nkt E MODA DE Nkt
n 17.900
Média 0,193
Mediana 0,142
Moda 0,074
Desvio padrão 0,146
Coeficiente de variação 76%
76
Figura C.2 – Histograma e distribuição lognormal dos valores de su/σ'v descartando os 4
cm iniciais e finais de cada camada (13934) adotando a média geral de Nkt
n 13.934
Média 0,144
Mediana 0,105
Moda 0,066
Desvio padrão 0,108
Coeficiente de variação 75%
Figura C.3 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
de rejeito plástico (845), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a média geral
de Nkt
77
Tabela C.3 – Média, mediana, moda, desvio padrão e coeficiente de variação da
média de su/σ'v para todas as camadas de rejeito plástico, descartando os 4 cm iniciais
e finais (845) e adotando a média geral de Nkt
n 845
Média 0,217
Mediana 0,201
Moda 0,179
Desvio padrão 0,103
Coeficiente de variação 47%
Figura C.4 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
fina de rejeito plástico (693), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a média
geral de Nkt
n 693
Média 0,232
Mediana 0,225
Moda 0,183
Desvio padrão 0,094
Coeficiente de variação 40%
78
Figura C.5 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
intermediária de rejeito plástico (99), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a
média geral de Nkt
n 99
Média 0,161
Mediana 0,143
Moda 0,125
Desvio padrão 0,075
Coeficiente de variação 47%
79
Figura C.6 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
espessa de rejeito plástico (53), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a média
geral de Nkt
n 53
Média 0,107
Mediana 0,104
Moda 0,095
Desvio padrão 0,031
Coeficiente de variação 29%
80
- Resultados de su/σ'v adotando a média geral de todos os valores de Nkt
apresentados na Tabela 5.2 (Nkt = 20,06) para os CPTus com menos de 3 ensaios
de palheta e o Nkt médio específico para CPTus com 3 ensaios de palheta ou mais:
n 17.900
Média 0,195
Mediana 0,142
Moda 0,089
Desvio padrão 0,145
Coeficiente de variação 75%
81
Figura C.8 – Histograma e distribuição lognormal dos valores de su/σ'v descartando os 4
cm iniciais e finais de cada camada (13934) adotando a média geral e específica de Nkt
n 13.934
Média 0,146
Mediana 0,106
Moda 0,079
Desvio padrão 0,104
Coeficiente de variação 71%
Figura C.9 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
de rejeito plástico (845), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a média geral e
específica de Nkt
82
Tabela C.9 – Média, mediana, moda, desvio padrão e coeficiente de variação da
média de su/σ'v para todas as camadas de rejeito plástico (845), descartando os 4 cm
iniciais e finais e adotando a média geral e específica de Nkt
n 845
Média 0,215
Mediana 0,199
Moda 0,177
Desvio padrão 0,097
Coeficiente de variação 45%
Figura C.10 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
fina de rejeito plástico (693), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a média
geral e específica de Nkt
n 693
Média 0,231
Mediana 0,222
Moda 0,177
Desvio padrão 0,095
Coeficiente de variação 41%
83
Figura C.11 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
intermediária de rejeito plástico (99), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a
média geral e específica de Nkt
n 99
Média 0,160
Mediana 0,143
Moda 0,130
Desvio padrão 0,079
Coeficiente de variação 49%
Figura C.12 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
espessa de rejeito plástico (53), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a média
geral e específica de Nkt
84
Tabela C.12 – Média, mediana, moda, desvio padrão e coeficiente de variação da
média de su/σ'v para cada camada espessa de rejeito plástico (53), descartando os 4
cm iniciais e finais e adotando a média geral e específica de Nkt
n 53
Média 0,108
Mediana 0,106
Moda 0,097
Desvio padrão 0,029
Coeficiente de variação 27%
85
- Resultados de su/σ'v adotando a moda de todos os valores de Nkt apresentados
na Tabela 5.2 (Nkt = 16,20) em todos os ensaios CPTu:
n 17.900
Média 0,238
Mediana 0,176
Moda 0,091
Desvio padrão 0,180
Coeficiente de variação 76%
86
Figura C.14 – Histograma e distribuição lognormal dos valores de su/σ'v descartando os
4 cm iniciais e finais de cada camada (13934) adotando a moda de Nkt
n 13.934
Média 0,178
Mediana 0,129
Moda 0,081
Desvio padrão 0,130
Coeficiente de variação 73%
Figura C.15 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
de rejeito plástico (845), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a moda de Nkt
87
Tabela C.15 – Média, mediana, moda, desvio padrão e coeficiente de variação da
média de su/σ'v para todas as camadas de rejeito plástico (845), descartando os 4 cm
iniciais e finais e adotando a moda de Nkt
n 845
Média 0,267
Mediana 0,248
Moda bruta 0,217
Desvio padrão 0,119
Coeficiente de variação 44%
Figura C.16 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
fina de rejeito plástico (693), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a moda de
Nkt
n 693
Média 0,288
Mediana 0,278
Moda 0,222
Desvio padrão 0,126
Coeficiente de variação 44%
88
Figura C.17 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
intermediária de rejeito plástico (99), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a
moda de Nkt
n 99
Média 0,199
Mediana 0,177
Moda 0,154
Desvio padrão 0,093
Coeficiente de variação 47%
Figura C.18 – Histograma e distribuição lognormal da média de su/σ'v para cada camada
espessa de rejeito plástico (53), descartando os 4 cm iniciais e finais e adotando a moda
de Nkt
89
Tabela C.18 – Média, mediana, moda, desvio padrão e coeficiente de variação da
média de su/σ'v para cada camada espessa de rejeito plástico (53), descartando os 4
cm iniciais e finais e adotando a moda de Nkt
n 53
Média 0,132
Mediana 0,127
Moda 0,116
Desvio padrão 0,038
Coeficiente de variação 29%
90