Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SALVADOR-BA
2013
1
CAROLINA DE SOUZA LEÃO MACIEIRA GESTER
SALVADOR-BA
2013
2
CAROLINA DE SOUZA LEÃO MACIEIRA GESTER
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________________
Profª. Dra. Cybèle Celestino Santiago (orientadora)
Doutora pela Universidade de Évora, Portugal
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – Universidade Federal da Bahia
__________________________________________________________________
Prof. Dr. Mário Mendonça de Oliveira
Título de Notório Saber em Arquitetura, Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – Universidade Federal da Bahia
___________________________________________________________________
Profª. Dra. Thais Alessandra de Bastos Caminha Sanjad
Doutora pela Universidade Federal do Pará, Brasil.
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – Universidade Federal do Pará
SALVADOR-BA
2013
3
AGRADECIMENTOS
Pai, agradeço por ter sido meu pai com toda força e essência da palavra, por
ter me incentivado, junto com a minha mãe, ir a busca dos meus sonhos. Hoje sei
que estás orgulhoso da minha conquista.
4
Obrigada aos amigos do LACORE, que estão sempre dispostos a contribuir,
nem que seja apenas com palavras de desespero. Com carinho especial, agradeço
às amigas Flávia Palácios e Juliana Fortes, com as quais muitas vezes dividi
experiências e compartilhei o mesmo teto de maneira muito divertida. À professora e
amiga, Rose Norat, o meu agradecimento pelas contribuições e incentivos.
5
RESUMO
7
ABSTRACT
In the city of Belém, floor tiles are present in several buildings, especially the ones
from the 40’s and 50’s, of the twentieth century, during its peak in production. This
construction material was applied in buildings of different social classes, and made
by local production. The decay of the floor tile fabrication occurred at the same time
in which new construction materials arrived in the city, such as “São Caetano” type.
Currently, in restorative interventions, original floor tiles are normally substituted for
other materials. In most of the cases, this occurs due to the lack of knowledge of
compatible restoration techniques. Floor tiles are composed of two main layers. The
first one is superficial and may be decorated and have relief made of pigmented
white cement. The second one is thicker and constituted by cement, sand, and
sometimes rock powder. Floor tiles are known for its performance against wear, to its
ease of maintenance, and presentation of different esthetic value, for being rustic and
elegant. This research aims to study floor tiles from the XX and XXI centuries in
Belém, in a historic and technological approach. This study was divided in three main
parts: 1) historical survey; 2) technological studies; 3) laboratorial investigation. The
first part covers research on floor tiles origin, typological evolution, production
technologies, and also conservation and restoration. Such information was found in
original sources, such as records from Pará’s State Governors, and catalogues of tile
manufacturers, among others. The second part consists in the investigation of floor
tiles production, with factories visiting in several cities, and interviews with heirs and
employees in factories. The last part covers the physical, mineralogical and chemical
characterization of floor tiles samples. First, the samples were mapped according to
weathering actions with the use of the software CorelDraw 15. The physical
characterization was divided into the following steps: 1) identification of the samples’
factory; 2) samples measurement; 3) evaluation of the colors on the sampling with
the use of a colorimeter; 4) water absorption tests; 5) density test with the use of
Hubbard’s picnometer; 6) hardness tests; 7) abrasion tests; 8) morphological
analysis, with the use of optical microscopy and Scanning Electron Microscope
(SEM); 9) probable trace analysis; 10) grains analysis. For mineralogical and
chemical characterization it was used X-Ray Diffraction (XRD) and X-Ray
Fluorescence (XRF), respectively. Through the historical and technological research
it was possible understanding the basis of floor tiles in Belém, and the occurrence of
8
several local factories in the nineteenth and twentieth centuries, such as A. Pinheiro
Filho e Cia, of great participation in the city’s production. Through the laboratorial
analysis it was possible to observe that the samples used in the research are square
shaped, varying from 15 to 20 centimeters. The samples are of low porosity, between
5 and 12%, and abrasion resistant. Microscope’s images show a homogenous
matrix, and particles with different shapes and sizes distributed along the sampling.
The colorimeter indicated variations in colors among the sampling. The chemical
analysis indicated mainly Ca, Si and Al, elements from the cement, and Fe, Mn and
Cu for the pigments used for coloring, for the colors yellow, brown and blue,
respectively. Elements such as Ti, Na and Cl are also present, suggesting the
addition of components that provide other functions or sample’s contamination. The
sand used is characterized by Si and O. Mineralogical analysis indicated larnite,
portlandite, calcite, biotite, and quartz. The results obtained on the research are
important for conservation and restoration of floor tiles: they improve technological
investigation for future interventions. The information acquired are also essential for
this construction material documentation, as subside for the safeguard of its
manufacturing techniques, as well as to understand its production, origin and use.
Key-words: Floor tiles in Belém; floor tiles history; floor tiles technology; floor tiles
characterization.
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Rua João Alfredo, a artéria comercial mais importante da cidade, em 1908. ....................... 19
Figura 2: Palacete Vitor Maria da Silva: (A) lavatório em porcelana decorada inglesa, (B) painel de
azulejos franceses da fábrica Choisy Le Roi, (C) forro em chapas metálicas decoradas e (D) ladrilhos
cerâmicos. ............................................................................................................................................. 20
Figura 3: Ladrilhos aplicados na parede do hall de entrada do Solar do Barão de Guajará em Belém.
............................................................................................................................................................... 21
Figura 4: Fábrica da Phebo em Belém ................................................................................................. 22
Figura 5: Seção transversal de ladrilho hidráulico que indica as camadas que o constituem. ............ 23
Figura 6: Sala de refeições do Instituto Lauro Sodré ............................................................................ 24
Figura 7: Comparação entre (A) mosaico de pedra e ladrilho hidráulico, (B) azulejo e ladrilho
hidráulico e (C) ladrilho cerâmico e ladrilho hidráulico. ........................................................................ 28
Figura 8: Exemplos de prensas mecânicas utilizadas para fabricação de ladrilhos hidráulicos: (A) de
mão, (B e C) prensa parafuso e (D) prensa hidráulica para fabricação de ladrilhos ............................ 30
Figura 9: Anúncio em periódico referente à premiação da fábrica Orsola, Solá e Compañia .............. 32
Figura 10: (A) Forma utilizada para a fabricação do ladrilho hidráulico de Gaudí e (B) o ladrilho
hidráulico pronto .................................................................................................................................... 33
Figura 11: Catálogo da fábrica Devesas contendo imagens de ladrilhos cerâmicos (A) e ladrilhos
hidráulicos (B)........................................................................................................................................ 34
Figura 12: Fábrica de Ladrilhos Lunardi & Machado, (A) antes e (B) depois de 1990 ......................... 37
Figura 13: Anúncio da Emanuele Cresta & Comp. no Almanak da Cidade de Minas .......................... 38
Figura 14: Fábrica de Mosaicos, uma das fábricas mais antigas de ladrilho hidráulico do Brasil ........ 39
Figura 15: Galpão de produção da fábrica Dalle Piagge. ..................................................................... 40
Figura 16: (A) Imagem da capa do catálogo da A. Pinheiro Filho e (B) artefatos de marmorite
produzidos por ela ................................................................................................................................. 43
Figura 17: Ladrilhos produzidos na A. Pinheiro Filho assentados na capela do Colégio Marista ........ 44
Figura 18: Anúncio da fábrica de ladrilhos e marmorite Hercules ........................................................ 46
Figura 19: Ladrilhos hidráulicos antigos aplicados atualmente em balcão de uma padaria em
Belém/PA............................................................................................................................................... 47
Figura 20: (A) Ladrilho hidráulico do Colégio Santo Antônio e (B) ladrilho cerâmico do Palacete do
Parque da Residência. .......................................................................................................................... 49
Figura 21: Variação de tonalidade de acordo com o cimento utilizado ................................................ 54
Figura 22: Fábrica de ladrilhos hidráulicos em atividade no final do séc. XIX ...................................... 56
Figura 23: Operário manuseando a prensa hidráulica. ......................................................................... 57
Figura 24: (A) Depósitos com as misturas de cimento branco com pigmentos a serem utilizados nos
ladrilhos hidráulicos, (B) derramamento da mistura no gabarito com o “calchalote”. ........................... 58
Figura 25: (A) Adição da massa de cimento e (B) ladrilho hidráulicos sendo pressionados. ............... 59
Figura 26: (A) Ladrilhos hidráulicos secando em estantes, (B) tanque onde os ladrilhos hidráulicos são
imersos para a cura e (C) resultado final. ............................................................................................. 60
Figura 27: Composição de ladrilhos hidráulicos (A) geométricos e (B) florais. .................................... 61
10
Figura 28: (A) faixas sendo utilizadas como moldura, (B) rodapé em faixa de ladrilho hidráulico. ...... 62
Figura 29: (A) ladrilhos hidráulicos sextavados e (B) composição de ladrilhos hidráulicos oitavados
com tozetos. .......................................................................................................................................... 63
Figura 30: Exemplo de padrões de ladrilhos hidráulicos semelhantes, porém com procedência
distinta. (A) Salvador Bulet y Cia, Barcelona-Espanha, (B) Procedência desconhecida e (C) Mosaic
del Sur, Málaga-Espanha. ..................................................................................................................... 64
Figura 31: Eflorescência salina nos ladrilhos da parede do Solar Barão de Guajará. ......................... 66
Figura 32: Piso em ladrilho hidráulico com fissuras devido à acomodação do terreno, na Farmácia
República (Belém/PA). .......................................................................................................................... 67
Figura 34: Piso em ladrilho hidráulico com fissuras decorrentes de processos de dilatação térmica, na
igreja de São Pedro dos Clérigos, em Salvador (BA). .......................................................................... 68
Figura 35: Remoção de ladrilho hidráulico de maneira imprópria, no antigo cinema de Cachoeira (BA).
............................................................................................................................................................... 68
Figura 37: Pisos desgastados por abrasão. .......................................................................................... 69
Figura 38: Piso com diferentes tipos de deposição: tinta, argamassa e poeira, na Farmácia República
(Belém, PA). .......................................................................................................................................... 69
Figura 33: Ladrilhos hidráulicos com lacunas, sendo (A) com preenchimento e (B) sem
preenchimento. ...................................................................................................................................... 70
Figura 36: Peça de ladrilho hidráulico apresentando sulco produzido por Makita. .............................. 71
Figura 39: Peças de ladrilho hidráulico apresentando mudança de cor. .............................................. 71
Figura 40: Piso da biblioteca do Colégio Nazaré (Belém, PA) com aspecto brilhoso. ......................... 72
Figura 42: (A) algas na superfície de ladrilhos hidráulicos, (B) plantas localizadas nas juntas. .......... 73
Figura 43: Excrementos de pombos depositados no piso. ................................................................... 74
Figura 44: (A) Pisos em ladrilhos hidráulicos com preenchimento de cimento e (B) e substituição. ... 75
Figura 45: (A) Antes e (B) depois da peça restaurada pelo IEPHA/MG ............................................... 77
Figura 46: Processo de aplicação de novos ladrilhos hidráulicos. (A) Piso em ladrilho hidráulico
apresentando lacuna, (B) contrapiso nivelado, (C) assentamento das réplicas e (D) resultado final .. 78
Figura 47: Piso coberto com papelão e gesso ...................................................................................... 79
Figura 48: Piso com a aplicação do emplasto ...................................................................................... 81
Figura 49: (A) Antes e (B) depois (B) da aplicação do ácido oxálico.................................................... 82
Figura 50: Peças de vidro com plotagem substituindo ladrilhos hidráulicos originais. ......................... 82
Figura 51: Aluna do CECI restaurando ladrilho hidráulico. ................................................................... 84
Figura 52: (A) área do piso, na qual já foram tiradas as peças originais, (B) ladrilhos originais
empilhados pós-remoção e (C) caixa contendo as peças de substituição. .......................................... 85
Figura 53: Piso apresentando ladrilhos novos e ladrilhos antigos. ....................................................... 86
Figura 54: Desenho esquemático da avaliação das dimensões dos ladrilhos hidráulicos. .................. 90
Figura 55: Espectrocolorímetro PANTONE COLORCUE e tabela de cores PANTONE...................... 90
Figura 56: (A) Corte da amostra e (B) pesagem em balança técnica (B). ............................................ 91
Figura 57: (A) Picnômetro de Hubbard cheio de mercúrio, (B) pesagem do picnômetro com mercúrio
em balança semi-analítica, (C) picnômetro com mercúrio e a amostra e (D) pesagem da amostra. .. 92
11
Figura 58: Equipamento para teste de abrasão: abrasímetro .............................................................. 93
Figura 59: Amostra dividida por camadas. ............................................................................................ 95
Figura 60: Ataque ácido às amostras. .................................................................................................. 95
Figura 61: Filtragem do material suspenso. .......................................................................................... 96
Figura 62: Difratômetro de Raios-X do Laboratório de Caracterização Mineral do Instituto de
Geociências da UFPA. .......................................................................................................................... 97
Figura 63: Metalizador do LABMEV do Instituto de Geociências da UFPA. ........................................ 98
Figura 64: Dimensionamento e configuração do tardoz das amostras. ............................................. 101
Figura 65: Imagem de MEV de seção transversal da amostra AM-4. ................................................ 103
Figura 66: Identificação das camadas na amostra AM-8. ................................................................... 104
Figura 67: Identificação das amostras de superfície lisa e das amostras de superfície áspera. ....... 104
Figura 68: Imagens de MEV identificando as características morfológicas dos ladrilhos de superfície
lisa. ...................................................................................................................................................... 106
Figura 69: Imagem de MEV da amostra AM-6. ................................................................................... 107
Figura 70: Imagem de MEV da amostra AM-7. ................................................................................... 108
Figura 71: Imagem de MEV da amostra AM-8. ................................................................................... 108
Figura 73: Separação das amostras por tipo de agregado. ................................................................ 112
Figura 74: Digrafograma da amostra AM-1. ........................................................................................ 113
Figura 75: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-1 ................................................. 114
Figura 76: Difratograma da amostra AM-2. ......................................................................................... 115
Figura 77: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-2. ................................................ 115
Figura 78: Difratograma da amostra AM-3. ......................................................................................... 116
Figura 79: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-3. ................................................ 116
Figura 80: Difratograma da amostra AM-4. ......................................................................................... 117
Figura 81: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-4. ................................................ 117
Figura 82: Difratograma representativo das amostras AM-5, AM-6, AM-7 e AM-8. ........................... 118
Figura 83: Caracterização química por MEV/SED das amostras AM-5, AM-6, AM-7 e AM-8. .......... 118
Figura 84: Difratograma da amostra AM-9R. ...................................................................................... 119
Figura 85: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-9R. ............................................. 119
Figura 86: Difratograma da amostra 10R. ........................................................................................... 120
Figura 87: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-10R. ........................................... 120
Figura 88: Difratograma da amostras AM-11R. .................................................................................. 121
Figura 89: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-11R. ........................................... 121
Figura 90: Difratograma da amostra AM-12R. .................................................................................... 122
Figura 91: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-12R. ........................................... 122
Figura 92: AM-1 com fragmentação total e parcial. ............................................................................ 124
Figura 93: Amostra AM-5 apresentando fissuras................................................................................ 125
Figura 94: Amostras AM-2 e AM-5 apresentando sujidade. ............................................................... 125
Figura 95: (A) Amostra AM-4 com deposição de pingos de tinta e (B) amostra AM-1 com deposição de
argamassa. .......................................................................................................................................... 126
12
Figura 96: Amostra AM-11R com eflorescência. ................................................................................ 126
Figura 97: Alteração cromática na amostra AM-7............................................................................... 127
Figura 98: Marca causada pela máquina de corte na amostra AM-11R. ........................................... 127
Figura 99: Imagem-resumo das etapas de caracterização, diagnóstico e intervenção. ..................... 136
13
LISTA DE TABELAS
14
LISTA DE SIGLAS
APD – Automatic Powder Diffraction
CECI – Centro de Estudos Avançados de Conservação Integrada
DRX – Difratometria de Raios-X
EDTA – Ácido etilenodiamino tetra-acético
FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
ICDD – Internacional Center for Diffraction Data
IEPHA/MG – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais
IG – UFPA – Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
LACORE – Laboratório de Conservação, Restauração e Reabilitação
LCM – Laboratório de Caracterização Mineral
MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura
MEV/SED – Microscopia Eletrônica de Varredura com sistema de energia dispersiva
NBR – Norma Brasileira
NOSELOUR – Nossa Senhora de Lourdes
NTPR – Núcleo de Tecnologia da Preservação e da Restauração
SCIAL – Sociedade de Construções e Indústrias Anexas
UFBA – Universidade Federal da Bahia
UFPA – Universidade Federal do Pará
15
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................... 27
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO.......................................................................... 27
2.1.1 Contexto internacional............................................................................ 27
2.1.2 Contexto nacional.................................................................................... 36
2.2 SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE LADRILHOS HIDRÁULICOS
E LARILHOS CERÂMICOS....................................................................... 49
2.3 PRODUÇÃO DE LADRILHOS HIDRÁULICOS.......................................... 51
2.3.1 Matéria-prima utilizada............................................................................ 51
2.3.2 Etapas da produção................................................................................. 55
2.4 VARIAÇÕES TIPOLÓGICAS..................................................................... 60
2.5 FATORES DE DEGRADAÇÃO.................................................................. 65
2.5.1 Agentes físicos......................................................................................... 65
2.5.2 Ataque químico........................................................................................ 72
2.5.3 Agentes biológicos.................................................................................. 72
2.6 TÉCNICAS JÁ USADAS EM CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE
LADRILHOS HIDRÁULICOS..................................................................... 74
3 MATERIAIS E MÉTODOS.........................................................................
88
5 CONCLUSÕES.......................................................................................... 129
7 ANEXOS.................................................................................................... 144
16
17
1 INTRODUÇÃO
1
BATES, Henry Walter. Um naturalista no rio Amazonas. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Ed.
da Universidade de São Paulo, 1979.
18
Figura 1: Rua João Alfredo, a artéria comercial mais importante da cidade, em 1908. Fonte:
Lemos, 1902 – 1909 .
2
As "puxadas" seguiam o modelo tradicional português, com ambientes anti-higiênicos, sem
ventilação e iluminação natural, e com ambientes que eram verdadeiras estufas, provocadas pela
colocação de extensos planos envidraçados.
19
A B
C D
Figura 2: Palacete Vitor Maria da Silva: (A) lavatório em porcelana decorada inglesa, (B) painel
de azulejos franceses da fábrica Choisy Le Roi, (C) forro em chapas metálicas decoradas e (D)
ladrilhos cerâmicos.
21
Figura 4: Fábrica da Phebo em Belém (Fonte: www.ibge.gov.br).
3
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9457: Ladrilhos hidráulicos –
Especificação. Rio de Janeiro, 1986.
22
Esta definição, porém, não está completamente correta, pois o ladrilho
hidráulico não pode ser tratado como uma placa de concreto, já que não apresenta
agregado graúdo em sua composição. Ele é uma placa de cimento.
A grande diferença do ladrilho para outros revestimentos é que ele não tem
uma camada de pintura e nem possui impressão, mas sim uma camada decorada
por volta de 5 mm, o que garante a maior durabilidade da decoração (Figura 5).
Camada decorativa
Camada inferior
Figura 5: Seção transversal de ladrilho hidráulico que indica as camadas que o constituem.
4
Tardoz corresponde à face inferior do ladrilho.
5
ORTEGA, Carmen; LORA, Ana Mitila. El Mosaico Hidráulico: Arte em evolucioón. República
Dominicana: Grafisfon, 2008, p. 26.
23
Apesar da sua importância histórica e estética, o ladrilho hidráulico é
constantemente substituído por outro tipo de material nas intervenções em
edificações da cidade de Belém, por diversos motivos. Entre eles pode-se citar: 1) a
ideia equivocada da “volta ao original” na arquitetura religiosa, de modo a substituir o
ladrilho assentado posteriormente à construção por tijoleira atual, esta sem valor
histórico e estético; e 2) o nível de desgaste das peças aliado ao desconhecimento
dos meios técnicos adequados à sua conservação.
Outra edificação que teve seus ladrilhos removidos foi o Instituto Lauro Sodré,
atual Tribunal de Justiça do Estado. A edificação possuía uma grande variedade de
ladrilhos hidráulicos (Figura 6), provavelmente produzidos pela fábrica paraense A.
Pinheiro Filho e Cia Ltda. uma vez que todos estão no catálogo de produtos
cimentícios da referida indústria. Os ladrilhos foram substituídos por porcelanato, o
que contribuiu significativamente para a descaracterização da edificação.
Figura 6: Sala de refeições do Instituto Lauro Sodré (Fonte: Pará, SECULT, 1998).
24
Dessa maneira, o objetivo deste trabalho consiste em estudar o ladrilho
hidráulico, sob o viés histórico e tecnológico, da cidade de Belém de modo a traçar
subsídios para a sua conservação e restauração.
25
26
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
É comum no desenvolvimento de uma nova técnica que sua base esteja pautada
em técnicas antecedentes Observam-se também na técnica do ladrilho hidráulico
6
MACHADO, Luiz Gomes. Apresentação: texto para exposição “Se esta rua fosse minha”.
Museu da casa Brasileira. 2005. Disponível em: http://www.mcb.sp.gov.br.
7
NAVARRO, Mario Arturo Hernández. Puerto Rico Tile Designs. Pepinpress, 2012. p. 37.
8
JOYNT, Anna. Cuban Mortar Tiles. International Cooperation and Regeneration through the
Rediscovery of a Lost Craft. Havana: 2009. Faculty of Architecture, University of Havana, s/p.
27
elementos residuais de outros revestimentos precedentes, como dos azulejos, dos
ladrilhos cerâmicos e dos mosaicos.
A B C
Figura 7: Comparação entre (A) mosaico de pedra e ladrilho hidráulico, (B) azulejo e
ladrilho hidráulico e (C) ladrilho cerâmico e ladrilho hidráulico.
28
França
Na França, o ladrilho hidráulico surgiu por volta de 1850, logo depois da
implantação da primeira fábrica de cimento no país, chamada Guilhon & Barthelemy,
a qual foi responsável pela fabricação e exportação de peças, moldes e todos os
utensílios necessários para a fabricação do ladrilho hidráulico para outras partes do
mundo. Além desses materiais ela fornecia, também, um manual explicativo com os
procedimentos necessários para o processo de fabrico e com a sugestão de que
cada fabricante buscasse o desenvolvimento de suas peças, com desenhos
próprios, estimulando a variedade de novas padronagens que se identificassem com
seu local de origem9.
Foi na França que o ladrilho hidráulico passou por uma revolução em seu
processo de fabricação, impulsionando sua produção. A Guilhon & Barthelemy, já
referida, introduziu a prensa hidráulica no processo de fabricação do ladrilho
hidráulico, o que proporcionou melhor qualidade ao produto final, já que, com a nova
prensa, as peças eram comprimidas com maior homogeneidade.
9
ORTEGA, Carmen; LORA, Ana Mitila. El Mosaico Hidráulico: Arte em evolución. República
Dominicana: Grafisfon, 2008, p. 39-42.
29
A B
C D
Figura 8: Exemplos de prensas mecânicas utilizadas para fabricação de ladrilhos hidráulicos:
(A) de mão, (B e C) prensa parafuso e (D) prensa hidráulica para fabricação de ladrilhos.
Fontes: (A) http://ardecol.inforoutes.fr, (B) Autora, (C) Segurado, s/d, (D) Autora.
10
SEGURADO, João Emílio dos Santos. Biblioteca de instrução profissional: Materiais de
construção. Lisboa: Livraria Bertrand, 7ª ed., s/d, p. 152.
11
http://www.ipc.org.es/home.html.
30
de fabricação e introduzir e estimular o tema de propriedade dos desenhos. O uso
deste material expandiu-se assim pela Europa, Norte da África e América Latina.
Espanha
A origem do ladrilho hidráulico é discutida por vários autores e, por vezes,
atribuída à diferentes países da Europa. Navarro 13, cita a Espanha como o país que
primeiro desenvolveu este tipo de material, sendo que a cidade de Barcelona seria a
pioneira na produção, iniciada a partir de 1857. O auge das produções ocorreu
durante o Art Nouveau, em 1880, e alcançou o mercado internacional.
12
ORTEGA, Carmen; LORA, Ana Mitila. El Mosaico Hidráulico: Arte em evolución. República
Dominicana: Grafisfon, 2008, p. 44.
13
NAVARRO, Mário Arturo Hernádez. Havana tile designs. Singapura: Pepin Press, 2007, s/p.
31
Outras fábricas de grande reconhecimento na Espanha são as Orsola, Solá y
Compañia e a Garret, Rivet y Cia. A primeira destacou-se na exposição de
Barcelona em 1888, recebendo diploma de honra em Bruxelas, devido a seu
reconhecimento como maior produtora nacional e internacional, com grande
diversidade de modelos e ótima qualidade, enquanto a segunda caracterizava-se
como das mais tradicionais produtoras de ladrilhos hidráulicos no país14 (Figura 9 e
Anexo 1).
14
ORTEGA, Carmen; LORA, Ana Mitila. El Mosaico Hidráulico: Arte em evolución. República
Dominicana: Grafisfon, 2008.
32
A B
Figura 10: (A) Forma utilizada para a fabricação do ladrilho hidráulico de Gaudí e (B) o ladrilho
hidráulico pronto. Fonte:ORTEGA y LORA, 2008.
Portugal
Em 1910, a fábrica Devesas, famosa por fabricar azulejos, lançou um
catálogo contendo específicações e imagens dos produtos oferecidos pela mesma.
Entre esses materiais, estão os ladrilhos hidráulicos e os ladrilhos cerâmicos (Figura
11). Algumas fábricas de azulejos produziam também ladrilhos cerâmicos. Outro
exemplo é a fábrica Villeroy & Boch, na Alemanha. Em Portugal, até o presente
momento, ainda não foi encontrada referência de outra fábrica que trabalhasse
principalmente com peças cerâmicas, e que produzisse, também, ladrilhos
hidráulicos.
33
LADRILHOS CERÂMICOS LADRILHOS HIDRÁULICOS
Figura 11: Catálogo da fábrica Devesas contendo imagens de ladrilhos cerâmicos (A) e
ladrilhos hidráulicos (B). Fonte: Catálogo Devesas, 1910.
15
Sociedade de Construções e Industrias Anexas. Mosaicos Scial. Lisboa.
34
eram de Barcelona. O cimento utilizado na produção era importado da França:
Extra-Blanc LAFARGE e Gris LAFARGE. Os pigmentos também eram importados e
garantiam concentração nas cores empregadas.
América Latina
A vinda dos ladrilhos hidráulicos da Europa para a América aconteceu devido
à grande imigração espanhola, no final do século XIX e início do XX, quando os
imigrantes trouxeram suas culturas e experiências de um negócio rentável, com
grande potencial de produção. Além disso, em 1867, a empresa Garreta, Rivet y Cia,
de Barcelona, exibiu sua coleção na Exposition Universelle de Paris. A sua
popularização extravasou as fronteiras do continente europeu para as colônias16.
Cuba foi o primeiro país da América Latina a fabricar ladrilhos hidráulicos. Por
volta de 1884 e, em 1899, já contava com quatro fábricas17.
16
NAVARRO, Mario Arturo Hernández. Puerto Rico Tile Designs. Pepinpress, 2012. p. 37.
17
ORTEGA, Carmen; LORA, Ana Mitila. El Mosaico Hidráulico: Arte em evolucioón. República
Dominicana: Grafisfon, 2008, p. 49.
18
NAVARRO, Mário Arturo Hernádez. Havana tile designs. Singapura: Pepin Press, 2007, p. 27.
35
No México, os ladrilhos chegaram por influência italiana e espanhola. Em
1885, Eugenio Talleri, de origem italiana, começou a importar algumas peças de
Milão e, posteriormente, de Barcelona, passando, em 1896, a produzir seus próprios
ladrilhos hidráulicos.
Minas Gerais
A primeira fábrica de ladrilhos hidráulicos do Brasil foi fundada em Juiz de
Fora/MG, em 1889. Depois foi transferida para Belo Horizonte/MG, em 1896. O
fundador da fábrica foi o italiano Giovanni Lídio Lunardi, neto de Giovanni Lunardi,
que foi presidente sindical das Indústrias de Ladrilhos Hidráulicos e Produtores de
Cimento de Belo Horizonte.
36
A fábrica Lunardi & Machado era localizada na área comercial central da
capital mineira, na Rua Curitiba, 158, em uma área de quatro mil metros quadrados.
A fábrica possuía máquinas elétricas da fábrica francesa A. Guilhon et Fils, as quais
podiam produzir diariamente quatro mil ladrilhos hidráulicos de variadas cores e
desenhos. O maquinário da fábrica era composto por oito prensas hidráulicas, uma
bateria de bombas hidráulicas, um moinho para tintas e um britador, tudo acionado
por um motor inglês de vinte cavalos.
B
A
Figura 12: Fábrica de Ladrilhos Lunardi & Machado, (A) antes e (B) depois de 1990. Fonte:
LLOYD, 1913.
19
LLOYD, Reginald. Impressões do Brazil no Século Vinte. Londres: Lloyd's Greater Britain
Publishing Company, 1913, p. 765.
37
Quando da construção de Belo Horizonte, como a nova capital de Minas
Gerais, foram importados diversos materiais construtivos do Rio de Janeiro para as
obras. Na apresentação desses materiais eram utilizados catálogos de divulgação
dos produtos, como o caso da Emanuele Cresta & Comp, que, dentre diversos
materiais, fornecia também ladrilhos hidráulicos20 (Figura 13). Nesse período, as
fábricas A Predial, Antiga Fábrica e Empresa Industrial, atendiam a demanda local
por ladrilhos hidráulicos.
Figura 13: Anúncio da Emanuele Cresta & Comp. no Almanak da Cidade de Minas. Fonte: Lima,
1900.
Nas três primeiras décadas do século XX foram abertas mais duas fábricas, a
Indústria Nacional e a Fábrica de Ladrilhos e Oficina Artística de Mármore Lupini &
Comp.
20
CAMPOS, Cláudia Fátima. História do Ladrilho Hidráulico em Belo Horizonte. 2011.
Dissertação (Mestrado em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável) – Universidade Federal
de Minas Gerais, p. 94.
38
Na década de 1940 existiam seis fábricas de ladrilhos hidráulicos, em Minas
Gerais21.
Figura 14: Fábrica de Mosaicos, uma das fábricas mais antigas de ladrilho hidráulico do Brasil.
Fonte: www.fabricademosaicos.com.br.
21
CAMPOS, Cláudia Fátima. História do Ladrilho Hidráulico em Belo Horizonte. 2011.
Dissertação (Mestrado em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável) – Universidade Federal de
Minas Gerais, p. 94-95.
22
http://fabricademosaicos.com.br/
23
LEÓN, Zênia de. Pelotas: casarões contam sua história. 2ª edição. Editora: Dm. Hofstatter. 1º
Vol. 1993, p. 257.
39
em calçadas da cidade, reconhecendo esse instrumento de registro como um
importante passo para a preservação de bens culturais24.
São Paulo
Em São Paulo, a fábrica Dalle Piage, uma tradicional produtora de ladrilhos
hidráulicos, está em funcionamento desde 1922. Seu nome é inspirado em seu
fundador, o italiano Federico Dalle Piagge, um dos precursores da técnica no Brasil.
A fábrica Dalle Piagge, assim como diversas outras fábricas de ladrilhos hidráulicos,
passou por um período de estagnação entre 1960 e 2000, tendo sido fechada neste
período. Foi, entretanto, reaberta pela quarta geração da família em 2000.
Atualmente a Dalle Piagge é uma das fábricas mais importantes do país (Figura 15).
24
ZECHLINSKI, Ana Paula Polidori; ALMEIDA, Lílian Borges; OLIVEIRA, Ana Lúcia Costa. Ladrilho
hidráulico: tentativa de preservação. Revista de pesquisa & Pós-graduação. Ano 2, volume 2, nº 2.
Ouro Preto. 2000.
40
Maranhão
Os ladrilhos hidráulicos de São Luís começaram a ser importados de
Portugal, Inglaterra, França e outras países da Europa a partir do século XIX. Na
cidade, também foi desenvolvido um trabalho de pesquisa sobre o assunto,
abordando o contexto histórico e político-econômico da inserção do ladrilho
hidráulico na cidade, apontando algumas edificações históricas que possuem o
ladrilho hidráulico utilzado especialmente como revestimeento de pisos25.
Pará
Apesar de não ter sido encontrado, até o momento, registro algum
documental que comprove a importação de ladrilhos hidráulicos em Belém/PA,
possivelmente os primeiros exemplares da cidade foram importados da Europa,
especialmente da França, Portugal e Alemanha, seguindo a lógica da chegada de
praticamente todos os materiais construtivos utilizados na capital paraense no
apogeu da economia do látex da região, entre o final do século XIX e início do XX,
na Belle Epóque.
25
SILVA, Svetlana Maria Farias da. Ladrilhos de São Luís: reflexos estéticos de uma época. São
Luis: Secretaria de Estado da Cultura – SESC, 2005, p. 29.
41
material e ao preço final de revenda. Com a possibilidade de adquirir peças na
própria cidade ocorreu maior estímulo ao comércio de compra e venda desse
material.
A primeira fábrica em Belém deve ter sido a que foi fundada por Domingos
Acatauassú Nunes em sociedade com o alemão Guilherme Frederico Humdemark.
Segundo o senhor Nelson Vale, em entrevista concedida durante essa pesquisa em
2012, o seu avô, Guilherme Frederico Humdemark, foi o responsável pela chegada
da produção de ladrilhos hidráulicos em Belém. O relato, destaca que Guilherme
possuía o conhecimento da produção de ladrilhos hidráulicos trazido da Alemanha,
contudo não detinha recursos financeiros para montar uma fábrica própria.
42
Figura 16: (A) Imagem da capa do catálogo da A. Pinheiro Filho e (B) artefatos de marmorite
produzidos por ela. Fonte: Catalogo A. Pinheiro Filho e Cia Ltda, 1927.
26
Catálogo A. Pinheiro Filho e Cia Ltda, 1927.
43
A Figura 17 mostra a capela do colégio, com ladrilhos hidráulicos assentados
no piso e os modelos dos ladrilhos utilizados no catálogo da fábrica.
Figura 17: Ladrilhos produzidos na A. Pinheiro Filho assentados na capela do Colégio Marista.
Fonte: Catálogo da fábrica A. Pinheiro Filho e Cia Ltda, 1927.
José Viana garante que o material produzido por seu pai possuía ótima
qualidade e que o ladrilho era muito utilizado na época. O modelo mais procurado
pelo público era o tipo marmorizado, o qual imitava mármores, modelo que era
produzido exclusivamente pela NOSELOUR. As peças possuíam dimensões de
20cm x 20cm ou 30cm x 30cm, sendo que os maiores eram mais adequados para
assentamento em calçadas. Na face posterior, as peças possuíam um círculo como
sua marca.
45
públicas. Infelizmente, muitos desses pisos não existem mais devido a demolições e
reformas.
Figura 18: Anúncio da fábrica de ladrilhos e marmorite Hercules. Fonte: O liberal, 1943.
46
que o material tem sido substituído por outros tipos de revestimentos, também estão
sendo aplicados em diversas construções contemporâneas e até mobiliário.
Figura 19: Ladrilhos hidráulicos antigos aplicados atualmente em balcão de uma padaria em
Belém/PA.
47
A Ladrilharq funciona há 10 anos e pertence ao arquiteto Carlos Antônio
Barbosa da Silva, com escritório situado à Rua José Bonifácio, em Belém/PA,
enquanto sua produção concentra-se no município de Abaetetuba/PA.
48
2.2 SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE LADRILHOS HIDRÁULICOS E
CERÂMICOS
A B
Figura 20: (A) Ladrilho hidráulico do Colégio Santo Antônio e (B) ladrilho cerâmico do Palacete
do Parque da Residência.
A identificação dos ladrilhos do Palacete Pinho poderia ter sido feita ainda in
loco, utilizando ácido clorídrico (HCl), já que o ladrilho hidráulico é uma material
carbonático, o qual sofreria efervescência na presença do ácido, enquanto que o
ladrilho cerâmico não sofreria alteração alguma.
50
2.3 PRODUÇÃO DE LADRILHOS HIDRÁULICOS
Após isto, houve um desenvolvimento do material, cujo uso ganhou força, por
apresentar algumas vantagens com relação à cal.
27
http://www.abcp.org.br.
51
mistura rica em sílica, alumina e ferro que, após moída, é sujeita à calcinação a
uma temperatura da ordem dos 1400 a 1500 ºC28.
Sílica................................................................. 20 – 26 %
Alumina............................................................ 04 – 10 %
Óxido de Ferro................................................. 02 – 05 %
Cal.................................................................... 58 – 65 %
Magnésio.......................................................... 01 – 03 %
Anidrido Sulfúrico........................................... Traços – 02 %
Álcalis.............................................................. Traços – 03 %
28
VELHO, José Lopes. Mineralogia industrial. Princípios e aplicações. Lisboa: LIDEL, 2005, p.
520.
29
Sociedade de Construções e Indústrias Anexas. Mosaicos Scial. Lisboa.
30
CONCRETO: ensino, pesquisa e realizações, Vol.2 – Concreto Branco. Ed.Geraldo Cechella
Isaia – São Paulo: IBRACON, 2005. 2v.
52
Já o cimento branco estrutural teve o início da sua produção, em 1984, para
atender à demanda de construções mais arrojadas de concreto aparente, pré-
fabricados e pisos de alta resistência.
Pigmentos inorgânicos
As cores das pastas são obtidas com a adição de pigmentos. A qualidade do
pigmento está relacionada com o poder de dispersão e pigmentação, que é
fundamental para obter durabilidade e estabilidade de cores, ao longo dos anos,
diminuindo a manutenção e a intervenção32.
31
MEHTA, P. K. MONTEIRO, Paulo J. M. Estrutura, Propriedades e Materiais. São Paulo: PINI,
1994.
32
VOTORANTIM CIMENTOS. Apostila Cimento Votoran Branco. s/p.
53
Os pigmentos utilizados são à base de óxidos. O óxido de ferro preto (Fe 3O4)
garante a cor preta, o óxido de ferro amarelo (α-FeOOH), a cor amarela, o óxido de
ferro vermelho (α-Fe2O3), a cor vermelha, o óxido de cromo (Cr2O3), o verde e o
óxido de cobalto (Co(Al,Cr)2O4), a cor azul.
CIMENTO CINZA
CIMENTO BRANCO
CIMENTO CINZA
CIMENTO BRANCO
Figura 21: Variação de tonalidade de acordo com o cimento utilizado. Fonte: Votorantim
cimentos.
A areia utilizada deve estar seca e ser bem fina. Na camada de decoração,
não é utilizado o pó de pedra, somente a areia, a qual é ainda mais fina que a
utilizada no suporte. Devido à utilização do cimento branco na camada decorada, a
54
areia também deve possuir cor clara, pois os agregados possuem influência direta
na coloração do cimento.
Água
Com relação à água utilizada na produção dos ladrilhos hidráulicos, ela deve
ser analisada em dois aspectos: quantidade e qualidade.
A qualidade da água também deve ser observada, posto que esta deve ser
limpa, ou seja, livre de impurezas orgânicas e de substâncias prejudiciais.
33
VELHO, José Lopes. Mineralogia industrial. Princípios e aplicações. Lisboa: LIDEL, 2005, p.
178.
55
Desde o início da produção de ladrilhos hidráulicos, até a atualidade, os
mesmos foram fabricados de maneira semi-artesanal, por mestres ladrilheiros. O
termo “semi-artesanal” é aplicado devido ao fato de a produção ser feita
manualmente, porém com auxílio de máquina: a prensa.
Figura 22: Fábrica de ladrilhos hidráulicos em atividade no final do séc. XIX. Fonte:
www.byggogbevar.no.
Atualmente, a fábrica Dalle Piagge está fazendo um teste com uma prensa
hidráulica. A ideia é verificar a eficiência da máquina e a qualidade do material
produzido por ela. Nesta fase de experiência, estão sendo produzidos apenas
ladrilhos hidráulicos simples, lisos e sem decoração (Figura 23).
56
Figura 23: Operário manuseando a prensa hidráulica.
57
A
B
Figura 24: (A) Depósitos com as misturas de cimento branco com pigmentos a serem
utilizados nos ladrilhos hidráulicos, (B) derramamento da mistura no gabarito com o
“calchalote”.
58
A
B
Figura 25: (A) Adição da massa de cimento e (B) ladrilho hidráulicos sendo pressionados.
59
B
C
Figura 26: (A) Ladrilhos hidráulicos secando em estantes, (B) tanque onde os ladrilhos
hidráulicos são imersos para a cura e (C) resultado final.
60
O desenho geométrico, normalmente, apresenta pouca variação de cor,
exibindo duas ou três cores. Já o floral, possibilita mais cores em sua composição, e
quanto mais complexo o seu desenho, mais cores podem lhe ser aplicadas. Essa
variação de desenhos e cores, muitas vezes, implica valores adicionados ao custo
final da peça, pois quanto maior a quantidade de cores utilizadas em um ladrilho,
mais caro ele é, devido aos pigmentos e ao trabalho dispensado (Figura 27).
A B
Figura 27: Composição de ladrilhos hidráulicos (A) geométricos e (B) florais.
São bem comuns os pisos em ladrilho hidráulico que imitam tapetes. Quando
isso acontece, os ladrilhos localizados no centro são chamados de “centro” e os da
borda são chamados de “faixas”.
61
CENTRO
CANTO DE FAIXA
FAIXA
B
Figura 28: (A) faixas sendo utilizadas como moldura, (B) rodapé em faixa de ladrilho hidráulico.
34
Sociedade de Construções e Indústrias Anexas. Catálogo de Mosaicos Scial. Lisboa, s/a, s/p.
62
hidráulicos retangulares são utilizados em faixas e os sextavados, assim como
oitavados são sempre de centro.
TOZETO
Figura 29: (A) ladrilhos hidráulicos sextavados e (B) composição de ladrilhos hidráulicos
oitavados com tozetos.
35
JOYNT, Anna. Cuban Mortar Tiles. International Cooperation and Regeneration through the
Rediscovery of a Lost Craft. Havana: 2009. Faculty of Architecture, University of Havana, s/p.
63
encontrados ladrilhos hidráulicos tão semelhantes em lugares, até mesmo países,
diferentes, demonstrando o quão internacionais e difundidos foram esses elementos
construtivos.
A B
C
Figura 30: Exemplo de padrões de ladrilhos hidráulicos semelhantes, porém com procedência
distinta. (A) Salvador Bulet y Cia, Barcelona-Espanha, (B) Procedência desconhecida e (C)
Mosaic del Sur, Málaga-Espanha.
64
2.5 FATORES DE DEGRADAÇÃO
Cristalização de sais
A cristalização de sais solúveis, como cloretos, sulfatos e nitratos, leva ao
aparecimento de eflorescências e subflorescências, que também podem ser
provenientes da cristalização de sais menos solúveis, como o carbonato de cálcio
(CaCO3), o sulfato de bário (BaSO4), ou mesmo a sílica amorfa (SiO2.nH2O)38. Os
sais podem ter origem na argamassa de assentamento, na alvenaria, no solo, no ar
(aerossol salino), de material orgânico e até mesmo do próprio material, já que o
36
TORRACA, Giorgio. Porous Building Materials: materials science for architectural
conservation. Roma, Third Edition, 1988.
37
ICOMOS – International Council on Monuments and Sites. Illustrated glossary on stone
deterioration patterns. Champigni/ Marne, França, 2008.
38
ICOMOS – International Council on Monuments and Sites. op.cit.
65
sulfato de cálcio está presente no cimento utilizado no ladrilho hidráulico 39. As
eflorescências possuem aspecto esbranquiçado, em pó ou cristais, sobre a
superfície. São mal coesas, ou seja, fracamente ligadas ao material (Figura 31),
porém quando ocorrem dentro da porosidade do material (subflorescência), podem
levar à ruptura.
Figura 31: Eflorescência salina nos ladrilhos da parede do Solar Barão de Guajará.
39
TORRACA, Giorgio, op. cit.
66
A Figura 32 mostra um trecho de piso pavimentado com ladrilhos hidráulicos.
As fissuras e as lacunas indicadas são resultantes de processos de acomodação do
terreno da edificação.
Figura 32: Piso em ladrilho hidráulico com fissuras devido à acomodação do terreno, na
Farmácia República (Belém/PA).
Dilatação térmica
Pode ser ocasionada por fenômenos de mudanças de temperatura devido a
agentes climáticos, ciclos de calor e frio e por incêndio, ou pela insuficiência ou
ausência de juntas de dilatação.
67
Figura 33: Piso em ladrilho hidráulico com fissuras decorrentes de processos de dilatação
térmica, na igreja de São Pedro dos Clérigos, em Salvador (BA).
Abrasão
Erosão devido ao desgaste por meio de atrito. No caso dos ladrilhos
hidráulicos, a abrasão é mais percebida quando atinge a camada inferior. O
desgaste é percebido com mais facilidade após a perda da camada decorativa ou,
68
no caso dos ladrilhos com ranhuras na superfície, quando estes perdem a textura.
Geralmente são mais comuns nas áreas com maior tráfego de pessoas (Figura 35).
Figura 36: Piso com diferentes tipos de deposição: tinta, argamassa e poeira, na Farmácia
República (Belém, PA).
69
Quando ocorre a acumulação coerente dos materiais na superfície, podendo
ser uma evolução de depósitos e de sujidades, temos a crosta. Uma crosta pode
incluir depósitos exógenos em combinação com materiais derivados do material. A
crosta negra é a mais comum entre as crostas, geralmente se desenvolve em áreas
protegidas da chuva ou do escoamento de água no ambiente urbano.
Lacuna
Corresponde a áreas com ausência de ladrilhos ou parte dele. Ela pode estar
ou não preenchida com outro material (Figura 37).
A B
Figura 37: Ladrilhos hidráulicos com lacunas, sendo (A) com preenchimento e (B) sem
preenchimento.
Fragmentação
Sulco e ranhura
Perda de material superficial e em linha. Pode ser decorrente da perda de
material devido ação de ferramenta de corte (Figura 38) ou devido à ação de algum
objeto pontiagudo em atrito com a superfície do ladrilho.
70
Figura 38: Peça de ladrilho hidráulico apresentando sulco produzido por Makita.
Descoloração
Mudança de cor, alteração cromática. Pode ter “ganho” de cor
(escurecimento) ou branqueamento. A Figura 39 mostra a diferença entre peças do
mesmo padrão com e sem processos de mudanças cromáticas.
Aspecto brilhoso
71
Figura 40: Piso da biblioteca do Colégio Nazaré (Belém, PA) com aspecto brilhoso.
72
capazes de produzir seu próprio alimento e dependem da composição do material
para se alimentar.
A B
Figura 41: (A) algas na superfície de ladrilhos hidráulicos, (B) plantas localizadas nas juntas.
40
Caneva, Giulia; NUGARI, Maria Pia & SALVADORI, Ornella. Biology in the Conservation of
Works of art. Roma: Internacional Center for the Study of the Preservation and the Restoration of
Cultural Property, 1991.
73
A biodegradação também é considerada um fenômeno físico, devido à
instalação de plantas cujas raízes deformam (ou quebram) pisos e paredes; e
químico devido à ação de ácidos orgânicos a partir da decomposição da matéria
orgânica e do excremento de animais (Figura 42).
74
A B
Figura 43: (A) Pisos em ladrilhos hidráulicos com preenchimento de cimento e (B) e
substituição.
75
O problema da manutenção dos pisos em ladrilho hidráulico consiste na falta
de fornecimento de novos ladrilhos hidráulicos, ou pela ausência de fábricas locais,
ou pelo preço elevado das peças. Apesar de não concordar com a substituição do
ladrilho hidráulico original, Joynt41 sugere que os ladrilhos hidráulicos em mau
estado de conservação sejam substituídos por réplicas.
41
JOYNT, Anna. Cuban Mortar Tiles. International Cooperation and Regeneration through the
Rediscovery of a Lost Craft. Havana: Faculty of Architecture, University of Havana, 2009 p. sn.
42
IEPHA/MG, Ministério do trabalho da Itália. Restauração de cerâmicas e materiais pétreos. Belo
Horizonte, 2001, p. 34-35.
43
Massa plástica de marca italiana.
76
A B
Figura 44: (A) Antes e (B) depois da peça restaurada pelo IEPHA/MG. Fonte: IEPHA, 2001.
44
http://www.oldcrafttiles.com/
77
A B
C D
Figura 45: Processo de aplicação de novos ladrilhos hidráulicos. (A) Piso em ladrilho
hidráulico apresentando lacuna, (B) contrapiso nivelado, (C) assentamento das réplicas e (D)
resultado final. Fonte: http://www.mosaicoart.es/restauracion_baldosa_hidraulica_1.html.
O site da fábrica MosaicoArt45 sugere que o piso deve ser polido por meio de
uma máquina especial, de acordo com as diferentes necessidades de cada área.
Uma vez que os ladrilhos hidráulicos estejam devidamente secos, deve ser aplicado
fluorsilicato de alumínio [(Al(F,OH))2SiO4], diluído, para dar um acabamento
brilhante. Isso também ofereceria uma sensação de piso liso, tornando-o resistente e
devolvendo-lhe as cores originais. Imediatamente, o selante deve ser aplicado para
dar o acabamento escolhido. Quando as peças estiverem secas e limpas dos
processos anteriores, deve ser aplicado, cuidadosamente, um revestimento
impermeabilizante para assegurar a proteção completa do ladrilho hidráulico.
45
http://www.mosaicoart.es/
78
apresenta um exemplo de intervenção em piso de ladrilhos hidráulicos. O piso da
Sala do Instrumento era formado por uma laje apoiada por vigas metálicas, revestida
com ladrilhos hidráulicos.
Figura 46: Piso coberto com papelão e gesso. Fonte: RESENDE e GRANATO, 2007.
46
RESENDE, Ive Luciana C. da Costa; GRANATO, Marcus. Técnicas empregadas na restauração
da Sala do Instrumento do Pavilhão do Círculo Meridiano Gautier – Museu de Astronomia e
Ciências afins/ RJ. Revista Brasileira de Arqueometria, Restauração e Conservação. Vol 1, No 5.
AERPA, 2007, p. 222.
47
RESENDE, Ive Luciana C. da Costa; GRANATO, Marcus. loc. cit, p. 222.
79
Nesse relato, nota-se que determinados cuidados e não foram observados
durante o processo. Sabe-se que uma obra de restauro exige cuidados ainda
maiores que uma obra nova. Os ladrilhos hidráulicos, nesse caso, não poderiam ter
sido assentados antes da finalização da cobertura, até porque sequer receberam a
camada de proteção eficiente que pudesse assegurar, ou melhorar, sua resistência
às intempéries.
Para reparar as manchas encontradas nas peças, foi feito teste preliminar
com a solução de EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético – C10H16N2O8),
bicarbonato de sódio (NaHCO3) e bicarbonato de amônio [(NH4)2CO3], que produziu
resultados animadores, porém, na prática, ao ser aplicada em toda a extensão de
piso afetada, não houve resultado satisfatório. As manchas provocadas pela
aderência parcial do emplastro provocaram outras manchas com o efeito de onda.
Não significa que o método tenha sido impróprio, entretanto, requer uma
execução mais cautelosa, respeitando o acúmulo de sujidade impregnada em cada
ladrilho hidráulico, individualmente48 (Figura 47).
48
RESENDE, Ive Luciana C. da Costa; GRANATO, Marcus. Técnicas empregadas na restauração
da Sala do instrumento do Pavilhão do Círculo Meridiano Gautier – Museu de Astronomia e
Ciências afins/ RJ. Revista Brasileira de Arqueometria, Restauração e Conservação. Vol 1, No 5.
AERPA, 2007
80
Figura 47: Piso com a aplicação do emplasto. Fonte: RESENDE e GRANATO, 2007.
49
OLIVEIRA, Mário Mendonça de. Tecnologia da conservação e da restauração: materiais e
estruturas: um roteiro de estudos. 3ª ed. Salvador: EDUFBA, 2006. p. 102.
50
RESENDE, Ive Luciana C. da Costa; GRANATO, Marcus. Técnicas empregadas na restauração
da sala do instrumento do Pavilhão do círculo meridiano gautier – Museu de Astronomia e
Ciências Afins/ RJ. Revista Brasileira de Arqueometria, Restauração e Conservação. Vol 1, No 5.
AERPA, 2007, p. 223.
81
A B
Figura 48: (A) Antes e (B) depois (B) da aplicação do ácido oxálico. Fonte: RESENDE e
GRANATO, 2007.
Figura 49: Peças de vidro com plotagem substituindo ladrilhos hidráulicos originais. Fonte:
CAMPOS, 2011.
51
CAMPOS, Cláudia Fátima. História do Ladrilho Hidráulico em Belo Horizonte. 2011.
Dissertação (Mestrado em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável) – Universidade Federal de
Minas Gerais, p. 166.
82
Vale ressaltar que essa técnica não é adequada quando usada em
pavimentações, pois as peças em vidro depois de assentadas apresentaram
arranhões e desgaste da plotagem com pouco tempo de uso.
52
IPHAN. Manual de Conservação Preventiva para Edificações. Brasília: MINC;
IPHAN/Monumenta, 2006, p. 35.
83
Figura 50: Aluna do CECI restaurando ladrilho hidráulico. Fonte: http://www.ceci-
br.org/ceci/br/pesquisa/lcp-m/of-mosaicos.html.
53
Centro de Estudos Avançados de Conservação Integrada. Oficina de mosaicos e ladrilhos
hidráulicos. Disponível em: www.ceci-br.org.
54
http://www.ornatos.com.br.
84
Atualmente, o Solar Barão do Guajará sede do Instituto Histórico e Geográfico
do Pará, está passando por uma obra de restauro e antigos ladrilhos hidráulicos,
aplicados no piso da edificação, também estão sendo substituídos por novos. Foi
contratada uma empresa paulista para a produção das novas peças com o mesmo
padrão de decoração (Figura 51).
B
Figura 51: (A) área do piso, na qual já foram tiradas as peças originais, (B) ladrilhos originais
empilhados pós-remoção e (C) caixa contendo as peças de substituição.
A Figura 52 mostra uma área com peças originais e com peças novas. O
contraste é feito pela coloração diferenciada entre as peças. Foi adicionada,
também, uma peça com padrão diferente da paginação da área.
85
NOVO
ANTIGO
86
87
3 MATERIAIS E MÉTODOS
1) Caracterização física
Quando à caracterização física, as análises realizadas foram: 1)
Dimensionamento com o auxílio de paquímetro digital e régua de 30 cm; 2)
Identificação das cores utilizadas na decoração das amostras; 3) Ensaio de
absorção total em água; 4) Ensaio de densidade pelo picnômetro de Hubbard; 5)
Ensaio de dureza; 6) Teste de abrasão; 7) Análise morfológica por meio de
microscópio ótico e por microscópio eletrônico de varredura (MEV) do Instituto de
89
Geociências da UFPA; 8) Análise de traço provável por meio de ataque ácido; e 9)
Granulometria.
Dimensionamento
O dimensionamento das arestas foi feito com auxílio de paquímetro digital e
régua de 30 centímetros. As medidas foram lidas em milímetros (Figura 53).
B
A
Figura 53: Desenho esquemático da avaliação das dimensões dos ladrilhos hidráulicos.
Análise morfológica
90
Para analisar as amostras, foram preparadas seções polidas de fragmento
transversal de todas as amostras, as quais foram polidas com a sequência de lixas
de 400, 600, 1200 e 1400 mesh, com polimento final feito com veludo e pasta
diamantada.
A B
Figura 55: (A) Corte da amostra e (B) pesagem em balança técnica (B).
91
Foi feito o cálculo de absorção total em água, de acordo com a equação:
Ab = Mu – Ms x 100
Ms
Onde:
Ab = Absorção de água (%)
Mu = Massa úmida (g)
Ms = Massa seca (g)
Massa unitária
A B
C D
Figura 56: (A) Picnômetro de Hubbard cheio de mercúrio, (B) pesagem do picnômetro com
mercúrio em balança semi-analítica, (C) picnômetro com mercúrio e a amostra e (D) pesagem
da amostra.
92
Por último, foi feito o cálculo para a determinação da massa unitária.
Pa = M3 x 13,60
M1 - M2 + M3
Onde:
Pa = Massa unitária da amostra (g/cm³)
M1 = Massa do picnômetro cheio de mercúrio (g)
M2 = Massa do picnômetro cheio de mercúrio + amostra (g)
M3 = Massa da amostra seca (g)
13,60 = Massa específica do mercúrio (g/cm³)
Resistência à abrasão
O ensaio de abrasão foi realizado com o abrasímetro, que foi desenvolvido no
NTPR, assim como o procedimento do ensaio, tendo por base um equipamento
similar desenvolvido na Itália (Figura 57).
Figura 57: Equipamento para teste de abrasão: abrasímetro. Fonte: MAYAN, 2004.
Para cada amostra foi necessário um corpo de prova com dimensões 5,0 cm
x 5,0 cm. Os corpos de prova foram colocados em estufa, a 70 ºC, por um período
de vinte quatro horas. Após este período, as amostras são esfriadas em dessecador,
pesadas e, posteriormente, ensaiadas. O ensaio consiste em submeter as amostras
a um processo de desgaste em um intervalo de 30 a 40 segundos sob um
carregamento de 2Kg, sendo que, neste período, deve ser passado um metro de lixa
de 120 mesh.
93
Depois de realizado o ensaio, as amostras foram devidamente limpas e
novamente pesadas. Coletados os dados, foi calculada a média percentual do
desgaste das amostras.
Os resultados deste ensaio não definem o traço utilizado nas amostras já que,
o cimento (ligante) não possui características iguais ás da cal. A cal utilizada na
argamassa é completamente decomposta na presença de HCl, enquanto que o
cimento é apenas parcialmente decomposto, já que não é completamente
carbonático.
Dessa maneira, o ensaio foi realizado para obter resultados que possam
servir de comparação entre as amostras selecionadas, podendo apresentar
informações sobre diferentes ou semelhantes composições utilizadas. Este ensaio
foi realizado apenas para a análise da composição da camada inferior das amostras.
55
TEUTONICO, Jeanne Marie. A laboratory manual for architectural conservators. Roma:
Internacional Center for the Study of the Preservation and Restoration of Cultural Property, 1988.
94
Figura 58: Amostra dividida por camadas.
95
Para a separação dos finos, foi adicionada água deionizada sobre o material e
feita a agitação do béquer para deixar as partículas finas em suspensão. Assim, foi
despejado o líquido sobre o papel filtro (previamente pesado), tendo-se cuidado para
que as partículas maiores não se misturassem com as finas. Esta etapa foi repetida
até que a água de lavagem saísse limpa (Figura 60).
2) Caracterização mineralógica
As análises mineralógicas foram realizadas por Difração de Raios-X (DRX),
pelo método de pó, no laboratório de raios-X do Instituto de Geociências da
Universidade Federal do Pará (IG/UFPA), utilizando o difratômetro modelo X’PERT
PRO MPD (PW 3040/60) da PANalytical. O intervalo de varredura contínua utilizado
foi de 5 a 65º 2θ (Figura 61).
96
Figura 61: Difratômetro de Raios-X do Laboratório de Caracterização Mineral do Instituto de
Geociências da UFPA.
3) Caracterização química
A caracterização química das amostras foi realizada por meio da
Espectrometria de Fluorescência de Raios-X, no Laboratório de Caracterização
Mineral (LCM) da UFPA. Foi utilizado o espectrômetro WDS sequencial, modelo
Axios Minerals da, marca PANalytical, com tubo de raios-X cerâmico, anodo ródio
Rh e máximo nível de potência 2,4KW.
Antes da preparação das pastilhas foi feita a etapa de perda ao fogo, a qual
consiste na pesagem do material antes e depois de uma queima a 70ºC. Assim, foi
verificada a diferença em sua massa quando submetida à temperatura.
97
A caracterização química também foi realizada por meio de microscópio
eletrônico de varredura com sistema de energia dispersiva (MEV/SED). Pôde-se
fazer uma avaliação semi-quantitativa dos compostos químicos presentes na parte
decorativa e no tardoz dos ladrilhos hidráulicos. As análises de MEV/SED foram
realizadas no equipamento da marca LEO, modelo 1430 VP, o mesmo utilizado na
análise física, pertencente ao Instituto de Geociências da UFPA.
98
99
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
100
ONP
101
PANTONE. Nesses casos, optou-se pela escolha do tom mais próximo, apenas para
dar um ideia.
Tabela 2: Classificação das cores da decoração dos ladrilhos hidráulicos de acordo com a
referência PANTONE.
AMOSTRAS REFERÊNCIA PANTONE
AM-1
473 U 4965 U
AM-5
7506 U 1817 U
AM-6
181 U 5493 U
AM-7
1817 U
AM-8
102
Em geral, a camada de decoração, de acordo com o MEV, apresenta grãos
menores, arredondados e angulosos, em menor quantidade, enquanto que a
camada inferior possui grãos maiores, de formatos diferentes, principalmente
angulosos, a exemplo da amostra AM-4 (Figura 64).
CAMADA CAMADA DE
INFERIOR DECORAÇÃO
103
Camada de decoração
Zona de interseção
Camada de suporte
Figura 65: Identificação das camadas na amostra AM-8.
AM-9R
AM-10R AM-11R AM-12R
SUPERFÍCIE ÁSPERA
104
Apesar da semelhança, as camadas de decoração das amostras possuem
variações quanto à concentração e tipos de grãos. Nas amostras com superfície lisa,
os grãos se distribuem uniformemente na matriz cimentícia.
105
AM-1 AM-4
Decoração
Decoração
AM-5 AM-9R
Decoração
Decoração
AM-11R AM-12R
Decoração
Decoração
Figura 67: Imagens de MEV identificando as características morfológicas dos ladrilhos de superfície lisa.
106
Na amostra AM-6, por exemplo, os grãos são maiores e predominantemente
angulosos, em comparação às demais amostras. Os mesmos estão em menor
quantidade, e por isso mais dispersos. Neste caso, a característica dos grãos da
areia utilizada influencia diretamente no aspecto áspero da superfície do material.
Ainda nesta amostra é possível verificar diversas microfissuras, que se espalham de
maneira aleatória em toda a amostra, indicando assim a ocorrência de retração do
material (Figura 68).
AM-6
Decoração
107
AM-7 Área alterada
Decoração
A amostra AM-8 também possui camada de decoração com aspecto liso, com
grãos pequenos e ausência de poros visíveis à ampliação utilizada. Isto indica que a
característica áspera provém apenas das ranhuras produzidas no momento de sua
fabricação (Figura 70).
AM-8
Decoração
108
Para melhor conhecimento sobre a composição das amostras utilizadas,
foram verificados os traços prováveis das camadas de substrato das amostras.
A partir tabela 3 é possível perceber que os traços para estas camadas são
bastante semelhantes. As amostras possuem dosagens maiores de areia (grossos)
do que de finos (elementos do cimento). Os traços encontrados são,
aproximadamente, de 1:3, usuais para argamassas de cimento.
A relação de cheios e vazios das amostras foi verificada por meio das
análises de absorção total de água (%) e massa unitária (c/m³) pelo picnômetro de
Hubbard. Por meio desses ensaios, foi observado que as amostras possuem de 5,17
a 13,34 % de poros acessíveis, e as massas específicas variam entre 1,85 e
2,17g/m³.
56
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9457: Ladrilhos hidráulicos –
Especificação. Rio de Janeiro, 1986.
109
Tabela 4: Absorção total em água e massa unitária das amostras
ABSORÇÃO TOTAL MASSA UNITÁRIA
AMOSTRAS
EM ÁGUA (%) g/cm³
AM-1 6,09 2,14
AM-2 8,82 2,15
AM-3 5,33 2,17
AM-4 12,96 1,90
AM-5 7,20 2,13
AM-6 5,17 2,17
AM-7 10,02 2,06
AM-8 13,34 1.98
AM-9R 10,30 2,07
AM-10R 12,66 1,85
AM-11R 8,50 2,13
AM-12R 10,40 2,12
Abaixo de 8% Acima de 8%
Este teste mostrou, também, que há uma relação entre o desgaste das peças
e a textura da superfície das mesmas. Os ladrilhos hidráulicos que possuem
superfície áspera obtiveram maior perda em seu material. Das cinco amostras mais
desgastadas, quatro são de superfície áspera.
110
Para efeito de comparação, foi verificado que as amostras de ladrilhos
hidráulicos possuem resultados semelhantes às amostras de rochas ornamentais. O
desgaste das rochas ornamentais varia entre 0,01% à 0,06%. As amostras
verificadas foram: Calcário de Carnaíba Preto (CCP), Calcário de Carnaíba Branco
(CCB), Calcário de Carnaíba Rosa (CCR), Nero Marquina Nacional (NM), Bege
Bahia (BB), Mármore Branco Nacional (BN), Arabescato (AR), Arenito (AT), o
Mármore Rosa de Camacã (MRC) e Mármore Verde Jaspe (VJ) ( Tabela 6).
Quartzo, albita,
AM-1
AM-2
Calcita,
Quartzo Calcita biotita e
portlandita
microclínio
Quartzo,
AM-5
AM-3
Quartzo,
AM-6
AM-4
Quartzo, biotita,
AM-7
Quartzo, biotita e
Calcita Quartzo Calcita
albita
AM-11R
Quartzo, albita,
Calcita biotita, cordierita e
ortoclásio
AM-12R
Quartzo,
Calcita
muscovita e albita
112
A amostra AM-1 apresenta calcita, portlandita e quartzo em sua composição
mineralógica. A presença da portlandita mostra que a amostra ainda não foi
completamente carbonatada. Por meio do MEV/SED, é possível identificar grãos de
quartzo na amostra pela presença o Si e do O, nas áreas de tom cinza escuro.
Q
C – Calcita
P – Portlandita
Q – Quartzo
Q
Q
Q
C Q Q Q Q
Q Q Q
C Q
P P
C
113
Figura 73: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-1
B C – Calcita
Q Q – Quartzo
A – Albita
B – Biotita
M – Microclínio
A
M
C
Q
Q
A Q
A C C C Q Q
A
C
Q
114
Figura 74: Difratograma da amostra AM-2.
115
Q C – Calcita
Q – Quartzo
M – Microclínio
P – Perovskita
Q
C
Q
M Q Q
Q Q
QQ Q Q
C CP C C CC
C C Q
116
Q
C – Calcita
Q – Quartzo
B
O – Ortoclásio
Co – Cordierita
B – Biotita
Q Q Q
Co Q
O Co QC Q
C CC
C O OO
C C
1
2
117
quartzo, enquanto a amostra AM-7 apresenta também o mineral portlandita. As
Figura 80 e Figura 81 mostram gráficos representativos dessas amostras.
Q
C – Calcita
Q – Quartzo
P – Portlandita
C Q
Q C Q
Q Q
P Q Q Q
C P C Q CC Q Q
C C
Figura 80: Difratograma representativo das amostras AM-5, AM-6, AM-7 e AM-8.
Figura 81: Caracterização química por MEV/SED das amostras AM-5, AM-6, AM-7 e AM-8.
118
A amostra AM-9R possui calcita, quartzo, biotita, microclínio e ortoclásio. Os
espectros de MEV/SED apontam indícios de elementos do cimento e o quartzo
(Figura 82 eFigura 83).
Q C – Calcita
Q – Quartzo
B – Biotita
M – Microclínio
O – Ortoclásio
O
B
O
Q
C
Q
Q Q Q
O Q Q
CM O Q MQ Q
O C CC C Q
C
119
A Figura 84 mostra o difratograma e os espectros da amostra 10R. Estão
presentes os minerais calcita, quartzo, biotita e albita. Os espectros dos pontos 1 e 3
indicam elementos dos agregados albita e quartzo e o espectro 2 resulta da
composição do cimento (Figura 85).
Q
Calcita
Quartzo
Biotita
Albita
C
A
B
Q
Q Q
Q
A A Q Q
AC A C C CC
Q
Q Q
C
Q
120
A amostra AM-11R é constituída de calcita, quartzo, biotita, albita, cordierita e
ortoclásio. Como já foi dito, a calcita é um mineral do cimento que indica que o
material foi carbonatado. Os demais minerais identificados são de procedência do pó
de granito constituinte do agregado (Figura 86 eFigura 87).
B C – Calcita
Q – Quartzo
B – Biotita
A – Albita
Q Co – Cordierita
O – Ortoclasio
A
Co
Q C
A Co C C C
AC A OO
A QC C Q Q
B
121
Há na amostra AM-12 calcita, quartzo, albita e muscovita (Figura 88). Os
espectros de MEV/SED indicam a presença dos elementos químicos constituintes
desses minerais (Figura 89).
C – Calcita
Q Q – Quartzo
A – Albita
M – Muscovita
A
M
C
Q
Q
Q
Q Q
A AC Q
M A Q C Q
C Q M C Q
Q
122
A análise química por fluorescência de raios-X complementa os resultados de
análise química pontual de MEV/SED. Identificou-se que as amostras são
constituídas principalmente por SiO2, CaO e Al2O3, em quantidade elevada em
relação aos demais óxidos analisados. Importante destacar que essa análise foi
realizada, também, apenas para a camada inferior das amostras, portanto, os
elementos cromóforos não foram identificados (Tabela 7).
A partir do que foi visto no item 2.5, foi possível identificar as patologias
presentes na amostragem de ladrilhos hidráulicos da presente pesquisa. As
patologias encontradas foram: lacuna, fragmentação, sujidade, deposição,
cristalização de sais, corrosão, fissura, alteração cromática e sulcos.
123
As amostras AM-1e AM-6 encontram-se em fragmentos. As duas amostras
estão em cinco pedaços e cada uma apresenta ainda áreas com fragmentação
parcial. Normalmente, a camada de decoração é mais atingida que a camada
inferior, na fragmentação parcial. As amostras AM-5 e AM-8 também apresentam
áreas fragmentadas parcialmente (Figura 90).
Fragmentação
parcial
124
Figura 91: Amostra AM-5 apresentando fissuras.
125
A B
Figura 93: (A) Amostra AM-4 com deposição de pingos de tinta e (B) amostra AM-1 com
deposição de argamassa.
Com base na análise morfológica do material, por meio das imagens de MEV,
foram identificadas alterações na superfície da amostra AM-7. Foi verificado que a
mesma sofreu uma dissolução em sua superfície. Provavelmente a dissolução
possui origem em reações químicas que atacaram os carbonatos, resultando na
aspereza do material.
126
A AM-7 apresenta, também, alteração cromática. Esta alteração tende à cor
vermelha e está localizada em uma das bordas da peça. Provavelmente esta
alteração está relacionada à influência de outro material, de cor avermelhada, que
esteve em sua proximidade por algum período (Figura 95).
127
128
5 CONCLUSÕES
130
No contexto microscópico, as imagens de MEV possibilitaram perceber que a
camada de decoração e a camada inferior possuem conformações diferenciadas.
Consequentemente, cada camada se comporta de maneira diferente. Por isso, é
destacada a importância da metodologia de caracterização individual de cada
camada.
Foi verificado que o aspecto liso ou áspero da superfície das amostras pode
não ser resultado da proporção entre os diversos componentes utilizados: as
amostras que possuem superfície lisa nem sempre possuem menos agregado que
as de superfície áspera. Estas características podem estar mais relacionadas ao
tamanho e ao formato dos grãos do que à quantidade contida na amostra.
131
Em comparação com outros tipos de revestimentos, principalmente os
cerâmicos, os ladrilhos hidráulicos mostram-se mais porosos. Porém, deve ser
levado em consideração que, na maioria das vezes, os ladrilhos hidráulicos estão
acompanhados por uma camada de resina aplicada pelos usuários, responsável
pela proteção da superfície do material, diminuindo a influência da água.
Quanto mais antigo for o ladrilho hidráulico, mas resistente ele é, devido à sua
hidraulicidade. A sua resistência aumenta com o tempo, pois a umidade natural e a
proveniente de lavagens favorecem, consideravelmente, seu endurecimento e
carbonatação.
132
é importante para reconhecer as alterações, mas, também, entender seus motivos e
proveniências.
133
coloração da decoração da peça, resultando em cor esbranquiçada; e ácido
muriático (HCl diluído), pois decompõe os carbonatos presentes no cimento.
134
Para colagem de fragmentos em que é possível o encaixe, ainda que com
pequenas falhas, o cimento pode ser utilizado, pois possibilita melhor acabamento.
Em contrapartida, quando os fragmentos apresentarem junção perfeita, a cola epóxi
é mais indicada, já que é mais resistente e permite aplicação com pouca espessura.
A pesquisa pode ser utilizada como base para trabalhos futuros, tanto pela
contribuição histórica quanto tecnológica. Testes e avaliações das intervenções
indicadas podem ser realizados para verificação da eficiência das técnicas
propostas.
135
Figura 97: Imagem-resumo das etapas de caracterização, diagnóstico e intervenção.
136
137
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CANEVA, Giulia; NUGARI, Maria Pia & SALVADORI, Ornella. Biology in the
Conservation of Works of art. Roma: Internacional Center for the Study of the
Preservation and the Restoration of Cultural Property, 1991.
138
Centro de Estudos Avançados de Conservação Integrada. Oficina de mosaicos e
ladrilhos hidráulicos. Disponível em: http://www.ceci-br.org/. Acesso em: janeiro de
2012.
LEÓN, Zênia de. Pelotas: casarões contam sua história. 2ª edição. Pelotas: Dm.
Hofstâtter. 1º Vol. 1993.
NAVARRO, Mário Arturo Hernádez. Havana tile designs. Singapura: Pepin Press,
2007.
NAVARRO, Mario Arturo Hernández. Purto Rico Tile Designs. Pepinpress, 2012.
140
RESENDE, Ive Luciana C. da Costa; GRANATO, Marcus. Técnicas empregadas
na restauração da sala do instrumento do Pavilhão do círculo meridiano
Gautier – Museu de Astronomia e Ciências afins/ RJ. Revista Brasileira de
Arqueometria, Restauração e Conservação. Vol 1, Nº 5. AERPA, 2007
SILVA, Svetlana Maria Farias da. Ladrilhos de São Luis: reflexos estéticos de
uma época. São Luis: Secretaria de Estado da Cultura – SESC, 2005.
ZECHLINSKI, Ana Paula Polidori; ALMEIDA, Lílian Borges; OLIVEIRA, Ana Lúcia
Costa. Ladrilho hidráulico: tentativa de preservação. Revista da pesquisa & Pós-
graduação. Ano 2, volume 2, nº 2. Ouro Preto. 2000.
OUTRAS REFERÊNCIAS
http://www.byggogbevar.no/pusse-opp-gamle-hus/interioer/artikler-
interioer/historiske-fliser.aspx, acessado em novembro de 2011.
http://www.fabricademosaicos.com.br, acessados em: outubro de 2010.
http://www.fcr.org.br/impressao.htm?noticia=965, acessado em 22 de junho de 2012.
141
http://www.ipc.org.es/guia_colocacion/info_tec_colocacion/los_materiales/pav_hidrau
lico.html, acessado em: novembro de 2011.
http://www.mosaicoart.es/restauracion_baldosa_hidraulica_1.html, acessado em:
janeiro de 2012.
http://www.ornatos.com.br/website/index.php?option=com_content&view=category&l
ayout=blog&id=36&Itemid=64
142
143
7 ANEXOS
144