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TÚNEIS

POLI-UFRJ
1o PERÍODO – 2017
ROGÉRIO CYRILLO GOMES

AULA 5 –TÚNEIS CONVENCIONAIS


MÉTODOS DE SUPORTE E PROJETO

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Recapitulando, NATM:

• Conceitos fundamentais:

1. O maciço é visto com elemento estrutural


2. Preservação da qualidade do maciço; aplicação
imediata do suporte
3. “afrouxamento” do maciço é prejudicial: perde
capacidade de auto-suporte e vira carregamento
4. Boa caracterização geológico-geotécnica
5. Parcialização adequada da seção de escavação
6. Utilização do suporte adequado no momento
certo
7. Eliminar vazios entre suporte e escavação
8. Instrumentar o túnel!

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PRINCÍPIOS DO NATM

Levam em consideração:

•Ao ser escavado, o maciço sofre deformações


•Estas deformações provocam redistribuições no
maciço, estabelecendo arqueamento no seu
entorno
•O arqueamento provê uma sustentação, reduzindo
a força necessária nos elementos de suporte
•Deformações devem ser controladas, evitando
deformações excessivas, que comprometem a
qualidade do maciço

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NATM:

•Em função das condições do maciço estudadas


previamente, prever:
• Tempo de auto-sustentação do maciço
• Parcialização da seção de escavação
• Deformações – túnel, terreno, estruturas
• Tipo de suporte
• Reforços necessários – externos e internos
• Passo de avanço
•Preservar a qualidade do maciço
•Observar, monitorar e adaptar durante execução

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AVANÇO:

•Atividades básicas:
• Tratamento prévio (se necessário)
• Escavação
• Instalação do suporte
• Remoção do material escavado

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AVANÇO:

•Em função do tipo de terreno:


• Avanço de 0,5 a 1,0m em maciços
incompetentes
• Avanço a fogo, pode variar de 1,5 a 4,0m, em
maciços mais competentes
• Repetindo, quanto pior o maciço:
• Menor deve ser a seção escavada
• Menores devem ser os avanços
• Mais rápida deve ser a colocação do suporte
• Deve-se avaliar necessidade de tratamentos
prévios

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AVANÇO:

•Seção plena
•Parcialização da seção:
• Abóbada e bancada ou rebaixo
• Galeria lateral (side drift)
• Escavação com núcleo central
• ver imagens na aula 2

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MÉTODOS DE ESCAVAÇÃO:

•Em função da qualidade do maciço:


• Martelos pneumáticos ou hidráulicos – em
rochas brandas, podem atingir produtividade
semelhante a D&B, evitando as vibrações
indesejadas
• Podem ser usados fogachos para “afrouxar”
o maciço

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MÉTODOS DE ESCAVAÇÃO:

• Martelos pneumáticos ou hidráulicos –


produtividades estimadas (exemplo: martelo
HM 2500 da Krupp Berco):

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MÉTODOS DE ESCAVAÇÃO:

• Retroescavadeiras – podem ter boa


produtividade em rochas brandas – RMR < 30;
• Caso encontrem intrusões de rochas mais
duras, ou para RMR de 30 a 60, pode-se usar
escarificadores;
• Cortadores rotativos hidráulicos – boom
cutters ou roadheaders - para rochas
fraturadas ou laminadas, resistência
moderada

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MÉTODOS DE ESCAVAÇÃO:

•Drill and Blast – escavação “a fogo”:


• Primeira utilização em 1627, numa mina de
prata na Eslováquia
• Vantajoso para:
• Túneis curtos
• Seções variáveis
• Rochas muito duras
• Perfuração e carregamento tomam mais
tempo
• Operações devem ser bem coordenadas para
tornar mais econômico o processo

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• Drill and blast - processo:
• Perfuração
• Carregamento
• Tamponamento
• Detonação
• Ventilação – gases e poeira
• Limpeza e bate-choco
• Retirada do material escavado
• Instalação do suporte

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Drill and blast:

•Perfuração:
• Diâmetro típico 40mm
• Produtividade: 3m/minuto
• Furos devem ser precisos: locação e direção
• Equipamento padrâo: jumbo com 2 a 6 lanças

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Drill and blast:

•Perfuração:

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Drill and blast:

•Perfuração:

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Drill and blast:

•Perfuração: Jumbo com 3 lanças

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•Perfuração:
• Cuidados: distância excessiva causa
problemas
• Erro de posicionamento
• Desvio devido à estrutura da rocha

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Carga e tamponamento:

•Para a explosão ser eficaz, os gases gerados não


podem escapar livremente
•O tamponamento represa esses gases, de forma
que transferem sua energia para a rocha ao invés
de escapar pela boca do furo
•A velocidade da detonação é “supersônica”; areia,
papelão e até cartuchos com água são suficientes;
•Em furos muito longos, a própria coluna de ar é
suficiente (se não estiverem carregados até
próximo da boca)
•Melhora a eficiência e ajuda a eliminar formação
de gases – melhora também as reações químicas
da detonação
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•Detonação:
• Reação de oxidação dos componentes;
oxigênio já presente nos explosivos
• Velocidade de detonação pode chegar até 8
km/s, dependendo da composição, tamanho,
tamponamento e idade do explosivo
• 1 kg de explosivo gera ~1m3 de “fumo” à
pressão atmosférica; no espaço limitado da
perfuração e com a alta velocidade de
liberação dos gases, a pressão exercida é
enorme

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• Detonação :
• Carga primária: detonadores elétricos,
iniciados por um cordel elétrico, podendo ter
um agente de retardo; estes tem o retardo
muito bem definido, para permitir detonações
espaçadas, e são colocados no fundo dos
furos; não tem capacidade para demolir a
rocha, apenas de iniciar os explosivos
principais
• Cordéis explosivos: tem um núcleo, ou
paredes interiores, com explosivos; a
detonação se propaga a uma velocidade de
quase 7 km/s; permitem detonar vários furos
com um único detonador elétrico

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• Detonação:
• A maior eficiência é quando se empurra a rocha a ser
escavada para uma superfície livre
• perfurações em forma de cone, para expulsar o núcleo
central, ou PILÃO, para a frente
• Perfurações paralelas ao eixo, furos de produção
• Furos de contorno com carga reduzida para formar a
superfície de escavação
• Furos de alívio, sem carga, para ajudar a fazer uma
superfície de corte mais bem acabada ou para ajudar a
formar o pilão

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•Detonação:
• Espaçamento e carga dos furos deve ser
ajustado ao tipo e estrutura da rocha
• Seqüência de perfuração auxiliada por
softwares para melhor produtividade
• Profundidade dos furos ligeiramente maior
que o avanço pretendido / conseguido
• Avanço, naturalmente, ajustado ao tipo e
estrutura da rocha

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•Vibrações – variam com:
• carga (kg de explosivo por m3 de rocha
escavada)
• Tipo e estrutura da rocha
• Distância ao ponto de medição

•Mais sobre escavação de rocha: “O ABC das Escavações


em Rocha”, José Lúcio Torres Geraldi
•Mais sobre vibrações adiante, quando falarmos de
Instrumentação.

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SUPORTES

CONCRETO PROJETADO:
• Aplicação rápida, sem formas
• Preenchimento dos vazios melhora contato solo-
estrutura

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CONCRETO PROJETADO:

• Características semelhantes ao concreto


moldado – módulo de Young um pouco menor
• Até 28 dias, resistências similares;
posteriormente, CP ganha resistência devido a
pós-hidratação – até 50% em dois anos

• Resistência do CP de pega rápida:

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Concreto Projetado: MÉTODOS DE APLICAÇÃO

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VIA SECA x VIA ÚMIDA

Via seca:
•Adição de água (e aditivo) ao concreto seco é
feita no mangote, junto do operador

Via úmida:
•Concreto já misturado é bombeado
•Mangueira mais pesada – muito usado com
27 robôs
Concreto projetado – aplicação

• Perdas – somando reflexão, preenchimento de


overbreaks, limpeza do equipamento, pode
chegar a 200%!

• Agregados: usualmente, pedrisco com diâmetro


máximo de 9,5mm e areia com módulo de finura
de 2,4 a 3,2 (soma %s retidas nas peneiras da série normal
/ 100)
• Agregado: d <= 1/3 da espessura da camada
• Cimento ARI
• Aditivos: aceleradores; finos para reduzir
reflexão; cuidado com impacto na resistência
final

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Concreto projetado – aplicação

• Aplicar a uma distância de 0,5 a 2,0m da parede


– típico, 1,5m
• Camadas de até 4cm nas paredes e 2 a 3cm na
abóbada
• Começar de baixo e subir
• Cuidado com “sombras” atrás da malha de aço

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Aplicação via úmida

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• Ensaios de controle: coleta em placa,
extração de amostras do revestimento
executado

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Vantagens do CP Via Seca:

• Máquinas menores e mais baratas


• Menor custo e manutenção (sem risco do
concreto endurecer dentro da máquina ou
mangueira)
• Parar e recomeçar é mais simples
• Lançamento a grandes distâncias (até 150m,
contra 30 do via úmida!) (wet mix teria grandes
perdas)
• Dosagem de aditivos mais precisa, pode ser
regulada “no bico”
• Idem para fator água-cimento, pode ser
regulado caso haja muita água na superfície a
ser projetada, p.ex.
• Com isso, melhora densidade do concreto
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Vantagens do CP Via Úmida:

• Produz menos poeira


• Menor reflexão (<10%, contra 10 a 35% nas
paredes e 20 a 50% no teto no caso do CP via
seca)
• Menor dispersão das propriedades do concreto
• Depende menos da experiência do aplicador

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CONCRETO PROJETADO

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CONCRETO PROJETADO
(Prof. Antonio Figueiredo)

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ARMAÇÃO do concreto projetado:

• Tela metálica – usual


• Fibras de aço
• Fibras sintéticas (polipropileno, etc.)

Obs: aumenta o uso de fibras sintéticas para


proteção contra incêndio

Fibras:
(+) colocação da tela leva tempo e expõe
trabalhadores a risco, já que é feita antes de
qualquer proteção (após “abater choco”)

(-) dificuldade de trabalhar com fibras: formam


nódulos, causam entupimento da tubulação de
36 lançamento
Fibras:

Permitem também reduzir o consumo de


concreto, já que a tela metálica não acompanha
as irregularidades da superfície escavada

As fibras conferem ao concreto uma maior


dutilidade: fissuras menores e mais bem
distribuídas que no concreto com malha

Com malha: projetado “de selagem”, colocação


da malha e tirantes e conclusão do projetado
Com fibras: ciclo único
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Vantagens das Fibras (Boletim Técnico da USP, 1997):

• Aumenta velocidade de execução, por eliminar


a instalação de tela e cambotas; reduz tempo e
mão de obra
• Eliminar cambotas confere maior
homogeneidade, reduzido a ocorrência de
vazamentos localizados
• As fibras reduzem a fissuração devido às
deformações iniciais d maciço
• A redução da fissuração aumenta a
durabilidade do revestimento
• A eliminação da tela e cambota reduz as perdas
por reflexão

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SUPORTES EM ROCHA E SOLO:
CAMBOTAS

• Perfis laminados ou treliças metálicas


formando um arco no contorno da
seção escavada

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Cambotas de vergalhões

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Cambotas:

• Montadas após lançamento da primeira camada


de concreto projetado (e tela, se for o caso), que
serve de proteção para a cambota metálica
• Partes pré-fabricadas são montadas e unidas in
loco

• Conferem maior capacidade de sustentação

• Usadas em rochas brandas, muito fraturadas ou


túneis em solo

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TIRANTES E CHUMBADORES

• CHUMBADORES: barras curtas, de colocação


rápida, passivos (rock bolts)

• TIRANTES: maior comprimento, ultrapassam a


camada protetora – o pré-tensionamento gera um
arco comprimido em volta do túnel, e o tirante
deve ser ancorado além deste arco

• Em geral, não se usam tirantes injetados:


dificuldades na instalação e tempo de pega da
calda de cimento

• Ancoragem mecânica x química (resina)


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TIRANTES E CHUMBADORES

• Função: evitar ruptura do maciço / face e queda


de blocos até que o revestimento final seja
instalado, de forma a evitar a desagregação e
perda de resistência do maciço e subsequentes
deformações excessivas

• Motivo: dificuldade de se definir a redistribuição


das cargas do suporte temporário para o
definitivo, comportamento quanto a fluência
(creep) e interação maciço x suporte x resistência
do suporte

• Acrescento: Chumbadores instalados sem


maiores preocupações com durabilidade (ex.:
43 resina x proteção anticorrosiva)
TIRANTES E CHUMBADORES

• São considerados suportes TEMPORÁRIOS

• Maidl et al cita casos de chumbadores já


considerados como parte do suporte definitivo

• Considerar um certo grau de melhoria do maciço


– aumento da coesão ou módulo de Young
considerado no projeto

• “Ground Anchors”: incluem


• Rock bolts – tirantes (ativos)
• Rock nails – chumbadores (passivos)
• Strand anchors – cabos de ancoragem
• Tunnel anchors in loose ground – tirantes ou
grampos em solo
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Comportamento mecânico dos tirantes

Cisalhamento Tensionamento Posição otimizada

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Tipos de tirantes

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Tipos de tirantes

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Tipos de tirantes

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Tipos de tirantes

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Tipos de tirantes

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Tipos de tirantes

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Pré-tensionamento:

•Macacos – complicado!
•Torquímetro muito usado para o pré-
tensionamento – rápido
•Ensaios de arrancamento – usualmente, 5 a 10%
das peças

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Seqüência de instalação
• Selagem (CP)
• Tirantes
• Malha
• Placas
• Cambotas
• CP 2ª fase

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Tirantes:

− Sistemáticos: projetados em função da classe do


maciço
− Eventuais ou localizados: definidos após a
escavação, para conter lascas ou blocos
instáveis

− Sistemáticos: sendo s o vão (largura), a altura da


rocha que carrega o revestimento (rock load
height) é dada por

− O comprimento dos chumbadores (L) é o menor


valor entre s/3 e ht/2
− O espaçamento entre chumbadores é de 0,65 a
0,85 L
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TRATAMENTO PRÉVIO DO MACIÇO:
ENFILAGENS

− Tubos metálicos com 100mm cravados sub-


horizontalmente no maciço a partir da face de
escavação
− Comprimento 10 a 12m, sendo 8ª 9 efetivos e a
sobra, o transpasse

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Enfilagens

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CCPH
“enfilagens de bulbo contínuo”

− “colunas” de CCP (menor pressão de injeção que


o jet grouting)
− Diâmetro de 30 a 40cm
− Podem ter tubo metálico para enrijecimento

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CCPH

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CONSOLIDAÇÃO DA ABÓBADA POR JG

− colunas de jet grouting executadas a partir da


superfície

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CONSOLIDAÇÃO DA ABÓBADA POR JG

− Processo executivo

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“ARCO CELULAR” (Lunardi)

• Abertura de poço para emboque


• Construção da primeira longarina de apoio
• Cravação dos tubos
• Escavação sob o arco construído

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INJEÇÕES

− Injeções de calda de cimento com tubos


manchetados
− Pode-se acrescentar barras de aço
− Pressões controladas para evitar ruptura do
maciço

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DRENAGEM

− Perfuração de drenos a partir da face de escavação


− Drenos apontados para a frente, para melhorar
estabilidade durante o avanço

− Pode-se usar:
− DHP - rebaixamento por gravidade
− Ponteiras a vácuo
− Poços profundos com bombas submersas

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DRENAGEM

− DHP – ou não “H”...

64
DRENAGEM

− Ponteiras a vácuo (inclinar para a frente!)

65
DRENAGEM

− Poços profundos com bombas submersas

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CONGELAMENTO

− Ponteiras cravadas injetando hidrogênio líquido


− Processo caro, empregado em situações de
dificuldade especial
− Pode-se cravar as ponteiras a partir da superfície
do terreno, de uma galeria (obras a grandes
profundidades) ou da própria frente de escavação

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AGULHAMENTO

− Barras cravadas na frente de escavação ou acima


dela (emboques)
− Reforço do terreno tipo “soil nailing”
− Barras de fibra de vidro

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Escavação com PRÉ-CORTE (PERFOREX)

− Corte com cerca de 10cm na mesma forma da


abóbada
− Corte contínuo, preenchido com concreto
projetado
− Arco deproteção forado antes da escavação

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Referências:

• Kolymbas, Tunnel and Tunneling Mechanics


• Maidl, Thewes e Maidl, Handbook of Tunnel
Engineering
• Seminar on Conventional Tunneling, SP, 2013
• Mecânica das Rochas: Obras Subterrâneas, A.
Assis
• Figueiredo, Antonio e Helene, Paulo: Concreto
Projetado com Fibras de Aço para Túneis -
Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP
BT/PCC/181, 1997

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