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CDU: 552.574
Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br
ii
iii
DEDICATÓRIA
Agradeço a Deus, por me dar a força e a determinação necessárias para conquistar meus
objetivos.
A minha esposa Margareth, pelo companheirismo e pela compreensão de sempre.
Aos meus pais, Sebastião (in memorian) e Sebastiana, que não mediram esforços para que eu
chegasse até aqui.
Muito obrigado!
iv
AGRADECIMENTOS
v
Resumo
Uma marcha estável do alto-forno está bastante ligada à consistência das propriedades
químicas, físicas e metalúrgicas das suas matérias-primas, especialmente, do coque.
Consistência de propriedades corresponde a que o coque de alta qualidade carregado no alto-
forno apresente, portanto, ao longo do tempo, valores de umidade, cinza, enxofre, álcalis,
fósforo, tamanho, distribuição de tamanhos, resistência a frio e resistência após reação com
dispersão mínima em relação aos determinados como meta em termos de qualidade.
Este trabalho tem por objetivos comparar a qualidade do coque produzido industrialmente
entre os laboratórios do INCAR e ArcelorMittal Tubarão, correlacionar o coque produzido
industrialmente e em escala piloto e desenvolver modelos de previsão da qualidade do coque
baseados na caracterização tecnológica de carvões individuais e misturas industriais.
Sendo assim uma metodologia desenvolvida para caracterizar os carvões se torna uma
ferramenta importante na seleção de carvões e misturas de carvões para produção de coque
para alto-forno, visando estabilidade operacional com maior produtividade nos altos-fornos e
redução do custo do gusa, já que representa 30% do custo da placa ou 40% do gusa.
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Abstract
An stable operation of the blast furnace is strongly linked to the consistency of chemical,
physical and metallurgical properties of its raw-materials, specially of the coke. Properties
consistency means that the coke load to blast furnace presents, therefore, all the time, values
of moisture, ash, sulphur, alkalis, phosphorous, size, size distribution, cold strength and
strength after reaction with minimal dispersion in relation to the values determined as target in
terms of quality.
Our objectives is to compare the coke quality produced industrially in the laboratories of
INCAR (Instituto Nacional del Carbon-Oviedo/Spain) and ArcelorMittal Tubarão, correlating
the coke produced industrially and in pilot scale and to develop models to forecast the coke
quality based on the technological characterization of individual coals and industrial coal
blends.
So, a methodology developed to the characterization of the coals becomes an important tool in
coals selection and coal blends for the production of blast furnace coke, aiming to the
operational stability with higher productivity in the blast furnaces and the pig iron cost
reduction, since it represents 30% of the cost of the slab or 40% of the pig iron.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................1
2. OBJETIVOS.....................................................................................................................2
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................................3
3.3.5. A COQUEIFICAÇÃO..............................................................................................22
viii
4.1.2. ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA ..................................................................38
6. CONCLUSÕES ..............................................................................................................67
9. PUBLICAÇÕES .............................................................................................................72
ix
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 3.3.3 REFLETÂNCIA DOS CARVÕES COM O AUMENTO DOS RANK [9].
.............................................................................................................................................13
x
FIGURA 3.3.5.3. ISOTERMAS DE COQUEIFICAÇÃO[14], COM FOTO DE UM
FORNO COQUEIFICADO À DIREITA. .........................................................................26
xi
FIGURA 4.1.5.1 CURVAS CARACTERÍSTICAS DE UM GRÁFICO DE CONTROLE
DE UM ENSAIO EM FORNO PILOTO DE COQUEIFICAÇÃO DE UMA AMOSTRA
DE CARVÃO OU MISTURAS DE CARVÕES. ..............................................................41
FIGURA 5.1 COMPOSIÇÃO DAS MISTURAS DE “A” A “M” POR ORIGEM. ........51
xii
FIGURA 5.5 CORRELAÇÃO ENTRE O CSR DO COQUE PRODUZIDO
INDUSTRIALMENTE E ATRAVÉS DE FORNO PILOTO PARA AS MISTURAS DE
“A” A “O”. .........................................................................................................................58
xiii
LISTA DE TABELAS
xiv
TABELA 3.3.6.2 TESTES DE TAMBORAMENTO.......................................................30
xv
TABELA 5.2.2 MEDIDAS ESTATÍSTICAS DO MODELO PARA CRI. ......................66
xvi
1. Introdução
O desafio da produção de coque está em projetar misturas de carvões que produzam coque a
custo baixo e com elevada qualidade, a ArcelorMital Tubarão mede a qualidade do coque
através de dois indicadores DI15015 e CSR, e que assegurem o prolongamento da vida útil das
coquerias até pelo menos 53 anos. As exigências de qualidade do coque são cada vez mais
rígidas, a ArcelorMital Tubarão visa trabalhar com DI15015 acima de 85% e CSR acima
65,50%, já que o objetivo é aumentar a produtividade dos altos-fornos reduzindo o consumo
de coque e aumentando a taxa injeção de carvão pulverizado.
A etapa mais importante na produção de coque esta ligada à seleção dos carvões a partir de
dados dos fornecedores, as qualidades de carvão são determinadas geralmente com várias
técnicas analíticas.
Espera-se identificar das características intrínsecas dos carvões, tais como análises do rank e
composição maceral às propriedades relacionadas à reatividade e a resistência mecânica a frio
e a quente do coque. Espera-se também desenvolver metodologia de avaliação dos mesmos,
visando à criação de modelo de previsão da qualidade do coque.
1
2. Objetivos
2
3. Revisão Bibliográfica
3.1. Introdução
Tabela 3.1.1. Distribuição das reservas mundiais recuperáveis de carvão mineral no mundo
em 2006. [3]
Reservas Mundiais
Países
(Milhões de Toneladas)
EUA 246.643
Rússia 157.010
China 114.500
Índia 92.445
Austrália 78.500
África do Sul 48.750
Ucrânia 34.153
Cazaquistão 31.279
Brasil 10.113
Outros 95.671
Total 909.064
3
exportadores e importadores do mercado de carvão coqueificável, sendo que o volume
exportado pelos cinco maiores significou aproximadamente 99% das exportações de 2005.
Carvão Coqueificável
Exportação (Mt) Importação (Mt)
Austrália 125 Japão 63
Canadá 26 Coréia do Sul 21
EUA 26 Índia 20
Indonésia 19 Brasil 15
Rússia 12 China 7
A Figura 3.1.1 ilustra as reservas mundiais de carvão mineral no ano de 2002. No Brasil, as
principais reservas de carvão mineral estão localizadas no Sul do País, notadamente no Estado
do Rio Grande do Sul, que detém mais de 90% das reservas nacionais. No final de 2002, as
reservas nacionais de carvão giravam em torno de 12 bilhões de toneladas, o que corresponde
a mais de 50% das reservas sul-americanas e a 1,2% das reservas mundiais.
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• Tocantins – Araguaia;
• Ocidental do Piauí;
• Meridional.
A produção de carvão brasileiro, minerado em 1999, atingiu 10,3 milhões de toneladas e 13,8
milhões no ano 2000, e o consumo concentrada na geração de termoeletricidade.
No ano de 1999 o Brasil importou 16,2 milhões de toneladas de carvão, destas 62% para uso
na siderurgia e 38,0% refere-se ao consumo de carvão energético para uso em usinas
termoelétricas e o restante para uso industrial, parte importada dos Estados Unidos (33%),
Austrália (31%), África do Sul (9%) e Canadá (8%), ao custo de US$ 600 milhões.
No entanto, os carvões de Santa Catarina possuem uma fração com boas características para
Coqueificação, têm alto teor de cinzas, e possui enxofre apenas aceitável, conforme Tabela
3.1.3. Na década de 90 a política de liberação da siderurgia do uso de carvão nacional tornou
a competição com outros mercados fornecedores inviável economicamente.
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Tabela 3.1.3 Composição química característica do carvão mineral nacional.
Composição (%)
Carbono 59,87
Hidrogênio 3,78
Oxigênio 7,01
Enxofre 2,51
Cinzas 26,83
Total 100
Os carvões do Paraná podem ser economicamente lavados até teores de cinzas inferiores a
10%, mas apresentam alto teor de enxofre, na faixa de 1,3%.
Os carvões do Rio Grande do Sul, mais diversificados entre si, têm pouco enxofre e alto teor
de cinzas; quanto às características plásticas, detectou-se apenas uma fração da mina do
Leão, com inchamento positivo.
6
suas limitações intrínsecas de qualidade e geologia das jazidas (baixos rank e grade, jazidas
pequenas, camadas finas e irregulares), com dificuldades sérias de obtenção de uma produção
em grande escala, a preços internacionalmente competitivos.
O carvão mineral é o mais abundante dos combustíveis fósseis, com reservas provadas da
ordem de 1 trilhão de toneladas, o suficiente para atender à demanda atual por mais de
duzentos anos, como indicado na Tabela 3.1.4, estimativa considerando o tempo que as
reservas durariam, sem novas descobertas e com o nível de produção de 2002.
Tabela 3.1.4 Reservas, produção e consumo de carvão mineral no mundo em 2002. [5]
Origem e formação do carvão sempre foram temas de estudos científicos e, mesmo, para
especulações por parte de geólogos, químicos e, até, de engenheiros metalurgistas das
grandes siderúrgicas a coque em todo o mundo. O clima, o tipo de vegetação e a área de
desenvolvimento da matéria vegetal foram os fatores que deram origem as características dos
carvões. Estas características dependem também das condições de deposição e das condições
geológicas. A evolução do carvão a partir de matéria vegetal iniciou-se por degradação em
ambiente aquático de estruturas celulares de matéria orgânica e vegetal por ação de fungos e
bactérias. Embora não existam evidências concretas da conversão de um componente em
7
outro, visto que os processos que originaram os carvões duraram milhões de anos, considera-
se que os carvões pertencem a uma série de combustíveis fósseis sólidos, que começa na
turfa e termina no antracito conforme é mostrado na Tabela 3.2.1. Nesta tabela mostra-se a
composição elementar de cada combustível na sua evolução geológica.
8
com o uso de microscopia óptica, seleciona os carvões de conformidade com o seu teor em
macerais reativos e inertes, já a capacidade de aglutinação, reológica, é medida através de
equipamentos específicos como mostrado na Figura 3.3.1, estes visam determinar a
capacidade de aglutinação de partículas de carvão no estágio plástico.
Os macerais dos grupos da vitrinita, reativos, tornam-se plásticos e atuam como material
ligante que envolve os constituintes inertes durante a carbonização. Os constituintes do grupo
da exinita tornam-se muito fluidos e se volatilizam mais que os constituintes dos outros
grupos. E, finalmente, os constituintes do grupo da inertita permanecem inalterados durante a
coqueificação exercendo um efeito depressivo sobre a fluidez, efeito este sendo mais
9
significativo quanto mais finamente estiverem britados. Se os grãos inertes se apresentarem
demasiadamente grossos, poderão causar centros de fissuração em função das diferentes
velocidades de contração que possuem em relação aos constituintes reativos. A fluidez o total
de inertes devem ser, portanto, bem dimensionados para cada índice de operação das baterias.
O carvão não é uma partícula uniforme, mas uma mistura de componentes uniformes
denominados macerais. Os macerais desempenham nos carvões papel similar aos minerais
nas rochas.
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Tabela 3.3.1 Classificação ASTM dos carvões por classe [7]
Características aglomerantes
(seco livre de cinzas)
aglomerante
I-Antracito
2. antracito 92 98 2 8 - -
3. semi-antracito 86 92 8 14 - -
Não
1. baixo volátil 78 88 14 22 - -
Comumente aglomerante
IV – Lignita III – Sub- II - Carvão Betuminoso
2. médio volátil 69 78 22 31 - -
3. alto volátil A - 69 31 - 14.000 -
4. alto volátil B - - - - 13.00 14.000
5. alto volátil C - - - - 11.500 13.000
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Figura 3.3.2 Variação dos parâmetros físicos e químicos com a classe do carvão.
Note as mudanças na matéria volátil e no poder calorífico e compare com a forma que elas
são utilizadas no estabelecimento do sistema de classificação da ASTM (Teichmuller, 1982).
O poder calorífico, o qual aumenta regularmente na parte inferior da tabela de classificação, e
atinge um patamar na classe de médio volátil, e logo após diminui ligeiramente.
Como uma regra geral, o conteúdo de voláteis diminui à medida que o nível na classe se
eleva. E por este motivo se tornou e ainda é um meio de classificação dos carvões apesar de
que melhores correlações entre as propriedades coqueificantes e os carvões podem ser
obtidas através da petrografia e plastometria. Como a maioria das propriedades dos carvões
não varia segundo as mesmas leis, para que possam ser obtidos valores comparáveis, o que se
faz é a determinação da classe do carvão sobre um mesmo maceral. E para o caso particular
do carvão, a classe é determinada sobre o maceral vitrinita, pelas seguintes razões: a vitrinita
é o maceral mais abundante e, em conseqüência, o mais representativo; suas propriedades
variam de modo contínuo durante a carbonificação, podendo ser observada ao microscópio
óptico em toda a escala de evolução. A Figura 3.3.2 mostra a faixa onde podem ser
encontrados os carvões para fabricação de coque para alto-forno, percebe-se também grande
correlação entre matéria volátil e reflectância para estes tipos de carvões.
12
Figura 3.3.3 Refletância dos carvões com o aumento dos rank[9].
De acordo com a Figura 3.3.2 os carvões coqueificáveis estão entre 0,7 a 1,6% de refletância
o que corresponde a voláteis entre 16 e 35% de voláteis.
De forma sucinta, o carvão mineral pode ser definido como uma rocha sedimentar composta
principalmente de macerais, minerais e de água inclusa em poros. São originados de restos de
diferentes órgãos e tecidos de plantas e suas propriedades físicas e químicas variam conforme
a carbonização se processa. Os macerais se comportam de forma similar aos minerais nas
rochas inorgânicas. Os carvões contém, em diferentes proporções, matéria mineral e
macerais, os quais levam ao conceito de caracterização de carvões de acordo com os seus
tipos. A classe do carvão e o tipo de carvão podem ser considerados como componentes
independentes e fundamentais na classificação dos carvões [10].
Somente carvões que ocorrem em um particular rank pode produzir coque, como citado
13
acima. O maceral vitrinita apresenta grande quantidade de ligações de Van der Waals
Hidrogênio/Carbono que são mais fracas que as ligações oxigênio/carbono que ocorrem em
carvões de baixo rank. A esta característica está correlacionada a existência de
comportamento plástico sob aquecimento destes tipos de carvões.
Exinita – também conhecida como liptinita. É formada principalmente pela exina dos esporos
e polens que é a membrana protetora, mecânica e quimicamente muito resistente, protegendo
as células germinais dos vegetais. É o maceral que possui os maiores teores de hidrogênio
alifático, de matéria volátil e poder calorífico. A exinita tem menor densidade e grau de
aromaticidade. Ela mostra a maior intensidade de inchamento e produz os carvões
devolatilizados mais porosos. Formam esse grupo de macerais: a Esporinita, a Cutinita, a
Alginita, a Resinita e a Liptodetrinita. Esses compostos são identificados pela forma e cor.
Em luz refletida, a Exinita, em geral, tende para a tonalidade preta, podendo apresentar
variantes de marrom, castanho escuro, castanho avermelhado, conforme a natureza do carvão
a que pertence.
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Vitrinita – também conhecida como humenita, é de longe o mais abundante dos três
macerais. Ela mostra propriedades intermediárias entre os outros dois tipos de macerais
acima. Esse grupo de maceral é formado pela Telinita, Colinita e Vitrodetrinita que são
caracterizadas por sua estrutura, conforme a tonalidade da cor cinza.
Á medida em que o carvão vai se formando, os três tipos de macerais se tornam mais ricos
em carbono. A Figura 3.3.1.1 mostra o caminho de coalificação das exinitas, vitrinitas,
inertinitas e suas derivativas em termos das relações hidrogenio/carbono e oxigênio/carbono.
15
Figura 3.3.1.1 Diagrama de Van Krevelen mostrando o caminho de coalificação da exinita,
inertinita e vitrinita. Modificado de Tissot e Welt (1987).
16
carbono. Neste momento, grande quantidade de hidrogênio é liberada como metano,
enquanto que os hidrocarbonetos aromáticos são formados. A exinita não se modifica
significativamente até a condição de sub-betuminoso. Nos limites de carvão sub-betuminoso
a exinita entra em outro estagio marcado pela redução nos voláteis e aumento no teor de
carbono. Na classe de carvão betuminoso médio volátil, a exinita entra em um terceiro
estagio marcado pela redução do hidrogênio e dos voláteis. Na classe de carvão baixo volátil
a exinita assume as propriedades ópticas e químicas da vitrinita. A inertinita não sofre
modificação significativa neste processo. Ela é rica em carbono e contem uma elevada
proporção de hidrocarbonetos aromáticos e portanto sofre muito pouca alteração. À medida
que a coalificação continua, o oxigênio e o hidrogênio remanescentes são eliminados e o teor
de carbono se eleva.
Figura 3.3.1.2 Modelo de Asada para DI15015 baseado nas relações atômicas de hidrogênio e
carbono e oxigênio e carbono [11].
17
3.3.2. Constituição Macroscópica dos Carvões.
O macerais são os componentes básicos dos carvões. Entretanto, eles não ocorrem
isoladamente, apresentando-se associados uns aos outros e com quantidades variáveis de
matéria mineral. Essas associações são quase sempre distinguíveis a olho nu e são
responsáveis pela estrutura estriada dos carvões. São denominadas, de modo genérico, de
litotipos e microlitotipos conforme possam ou não ser distinguidos a olho nu e são utilizadas,
frequentemente, na descrição do comportamento de carvões do ponto de vista físico,
associada ao seu comportamento no tratamento mecânico, concentração, exploração.
Durênio – designa os leitos caracterizados pelo brilho fosco e pela cor que varia de cinza a
marrom escura. E muito duro e seus leitos são particularmente coerentes e as fissuras que o
percorrem são muito finas e bastante raras. O exame microscópico revela que é constituído
por associações de macerais ricas em exinita e em inertinita.
Clarênio – designa todos os leitos que apresentam aspecto entre o do vitrênio e o durênio. É
constituído por bandas brilhantes e foscas, finamente estratificadas e de espessura inferior a
3mm. É o componente mais freqüente, e o exame microscópico revela que é, constituído por
proporções variáveis de macerais dos grupos da vitrinita, exinita e inertinita.
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Tabela 3.3.2.1 Principais características dos litotipos.
Litotipos Características
Vitrênio - espessura 3 a 5mm;
- friável;
- macerais muito ricos em vitrinita;
Durênio - cor que varia de cinza a marrom escura;
- muito duro;
- macerais ricos em exinita e em inertinita;
Clarênio - aspecto entre o do vitrênio e o durênio;
- espessura inferior a 3mm;
- constituído por proporções variáveis de vitrinita, exinita e inertinita;
Fusênio - grande friabilidade;
- grande quantidade de substâncias minerais.
Figura 3.3.2.1 mostra uma seqüência de fotomicrografias dos principais grupos de macerais
e submacerais encontrados o carvão.
Além dos componentes orgânicos, os carvões apresentam também associados ou não aos
primeiros, quantidade variável de matéria mineral. Ela pode ocorrer finamente disseminada
na massa de carvão ou em partes discretas, algumas identificáveis a olho nu. Entretanto para
o caso da siderurgia interessa apenas aquelas disseminadas microscopicamente e que não são
removidas no beneficiamento do carvão minerado e irão constituir as cinzas do carvão
comercializado.
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Figura 3.3.2.1. Macerais e submacerais de carvão. [Chave: superior esquerdo: vitrinita;
superior direito: esporinita; intermediário superior esquerdo: cutinita; intermediário superior
direito: resinita; intermediário inferior esquerdo: semifusinita; intermediário inferior direito:
fusinita; inferior esquerdo: micrinita e inferior direito: esclerotinita[12]]
Há uma ligação importante entre a estrutura microscópica dos carvões betuminosos e certas
propriedades físicas e químicas desse combustível fóssil, dai as possibilidades de aplicação
prática da petrografia do carvão nos ramos da produção de coque, da mineração, da
lavabilidade e da combustão.
20
forte plasticidade, resultado da grande quantidade de ligações de Van der Walls relativamente
fracas entre hidrogênio e oxigênio existentes neste grupo de maceral.
A inertinita é a fração mais densa e a menos rica em matérias voláteis, tem alto valor de
carbono e baixo teor de hidrogênio. Não tem poder coqueificante, mas na fabricação do coque
desempenha papel importante para controlar, nas misturas a coqueificar, pois existe uma forte
percepção que, para uma dada classe de carvão, tem uma relação ótima de componentes
fusíveis e infusíveis para se obter a maximização da resistência do coque.
Certamente que a aplicação prática mais desenvolvida da petrografia dos carvões está na
previsão das propriedades coqueificantes de misturas de carvões.
21
3.3.4. Comportamento dos Macerais durante a Coqueificação
3.3.5. A Coqueificação
Neste processo o carvão atinge o estado plástico e dilata para finalmente solidificar-se, sendo
que este mecanismo não é ainda completamente conhecido, portanto sendo campo aberto às
pesquisas.
22
O estado plástico do carvão segundo alguns autores é um processo puramente físico,
correspondendo a fusão de um material termoplástico, e, portanto independente da pirólise.
Este fato foi comprovado experimentalmente, verificando-se a reversibilidade do processo
neste estágio.
O estado plástico depende quase que inteiramente da composição petrográfica, sendo tanto
menor quanto maior a porcentagem de vitrinita do carvão, Figura 3.3.5.1 mostra curvas de
fluidez e matéria volátil para vários carvões. A temperatura de amolecimento seria então
independente da temperatura de inicio da decomposição térmica (Habermehl et al, 1963).
Figura 3.3.5.1 Variação da máxima fluidez para diversas matérias voláteis de carvões.
23
Já a dilatação é causada principalmente pela resistência oferecida à liberação dos gases, a
ressolidificação é a conseqüência da volatilização e decomposição dos produtos fluídos.
Após a ressolidificação, a massa residual sofre ainda uma perda em peso e aumento na
densidade o que provoca sua contração.
Ta Ti Tm Tv Tr
Onde:
24
• Tv - temperatura de desvolatização máxima;
• Tr – temperatura de ressolidificação.
Na prática, o carvão carregado em uma célula de uma bateria de fornos de coque entra em
contacto com as duas paredes aquecidas e o calor é transmitido, por condução, para o centro
da carga, conforme mostrado na Figura 3.3.5.3 onde se pode ver na foto do forno
coqueificado a linha central do encontro das isotermas. De cada parede surgem duas
superfícies planas isotérmicas que caminham para o centro da carga, a primeira delas
representada pela temperatura “Ta” e a outra, mais próxima da parede, pela temperatura "Tr".
25
Figura 3.3.5.3. Isotermas de coqueificação[14], com foto de um forno coqueificado à direita.
A velocidade de avanço das isotermas, no seu caminho desde a parede dos fornos até o centro
da carga constitui o "coking-rate" e a coqueificação está terminada com o encontro destas
duas frentes plásticas. O tempo total para a coqueificação de uma carga nos fornos industriais
varia de 13 a 24 horas sendo função essencialmente da largura do forno, temperatura de
operação e densidade da carga de carvão.
Figura 3.3.5.4 Vista superior das Baterias de fornos de coque da ArcelorMittal Tubarão a
esquerda e desenho esquemático de uma bateria convencional a direita.
26
3.3.5.1. Novas Tecnologias de Fabricação de Coque
27
Tabela 3.3.5.1.1 Comparativo entre a qualidade do coque produzido pelo processo heat
recovery e coquerias convencionais.
Diversos métodos foram desenvolvidos na Rússia, EUA, Europa e Japão para previsão de
índices de resistência mecânica baseando-se nos resultados de: análise petrográfica, análises
estatísticas de dados industriais e/ou coqueificação em escala piloto, alguns são apresentados
na Tabela 3.3.6.1. Os métodos inicialmente propostos foram desenvolvidos para carvões do
hemisfério norte e não podem ser aplicados com suficiente precisão para carvões do
hemisfério sul, particularmente, de altos teores de inertes. Os métodos de previsão de
resistência podem ser divididos em dois grandes grupos: um com métodos em que se faz a
previsão do valor de um índice de resistência e outro com métodos que definem uma "janela
de propriedades aglutinantes" para as misturas que originam índices de resistência iguais ou
superiores ao mínimo exigido.
28
Tabela 3.3.6.1 Métodos de previsão de resistência do coque[16].
A maioria destes modelos foi criada entre 1950 e 1970, para as condições especificas do
mercado de carvão existente, período em que o maior exportador era o Americano, atualmente
o maior exportador mundial de carvões coquei ficáveis é a Austrália. Na Europa, exceto na
Rússia e os países do Leste Europeu não existem minas em condições econômicas de
exploração, mesmo assim as condições de extração no Leste Europeu são cada vez mais caras
devido a baixa disponibilidade de carvões de boa qualidade e a profundidade das minas. Com
isto, apenas as siderúrgicas americanas, que recebem incentivos para utilizar 100% de carvões
locais, segue os modelos de previsão de resistência mecânica ASTM. Mesmo assim pode-se
ver que existem diferentes métodos para prever o mesmo parâmetro de qualidade do coque a
partir das mesmas características dos carvões, isto porque fatores como a preparação da
mistura e peculiaridades das baterias também interferem no resultado da qualidade do coque
produzido. Para os demais paises, apenas MOF é ainda utilizado como referência, já que este
não se baseia em indicadores de qualidade dos carvões, mas em uma janela de Coqueificação
limitada por uma faixa da refletância da vitrinita e fluidez máxima dos carvões individuais.
29
A resistência mecânica do coque a frio é definida como sendo a sua capacidade em resistir à
fragmentação por solicitações mecânicas, impacto e/ou abrasão, em um tambor rotativo.
Determina-se a extensão de sua redução granulométrica após ser submetido a um número fixo
de revoluções em tambor de características padronizadas.
Dimensões do Tambor (m) 1,0 x 1,0 1,0 x 1,0 1,5 x 1,5 0,914 x 0,457
Os resultados dos testes de tamboramento podem ser expressos de duas formas: um que
considera a quantidade de finos produzidos e que corresponde a resistência a abrasão
representados pelos símbolos M10, I20 e I10 e o outro expressando a quantidade de coque
graúdo remanescente do tamboramento, indicando a resistência ao impacto e abrasão
representados pelos símbolos M40, I40, DI 3015, DI 15015 e Estabilidade ASTM.
30
mostrou que o CSR apresentava alguma influência no desempenho do alto-forno (a
permeabilidade da carga é melhorada com o aumento do CSR). Kojima e Sakurai mostraram
que não apenas a resistência a frio do coque podia ser prevista a partir da petrografia de
carvão, mas também o CSR a partir do volume de inertes e da refletância média (Ro). A
Figura 3.3.7.1 mostra as curvas usadas por Kojima para a previsão de CSR.
Figura 3.3.7.1 Relação da resistência após reação (CSR) e teor de inerte maceral.
Como pode ser observado no gráfico, a faixa ótima de inertes macerais dos carvões está entre
20 e 30%, e reflectância média entre 1,1 a 1,4%. Com isto limita-se a utilização de carvões do
hemisfério sul e carvões alto voláteis com reflectância media abaixo de 1% e baixo voláteis
com reflectância acima 1,4%. A maioria dos primeiros modelos formulados estão mais
31
ligados a origem dos carvões e ao seu nível de exportação e consumo destes materiais, que
basicamente na década de 60 eram americanos ou europeus. Após estudos de Canadenses e
Australianos, estes verificaram que a composição química da cinza pode ser mais importante
no controle de CRI que o rank, acelerando a taxa de reação de diferentes rank de carvões em
presença de CO2, Price et Al sugerem o diagrama mostrado na Figura 3.3.7.3. A Figura
3.3.7.2 mostra que para carvões Australianos, embora estes apresentem mais inertes macerais
possuem CSR mais elevados que os carvões Americanos.
Figura 3.3.7.2 Relação da resistência após reação (CSR) e a resistência mecânica a frio
(DI3015) .
32
Figura 3.3.7.3 Relação da basicidade da cinza de carvões Canadenses e CSR para uma dada
refletância.
Pearson, afirma que os testes de CSR (norma ASTM) e DI (norma JIS) tem comportamento
similar com referencia a petrografia e rank. E observando a Figura 3.3.7.2 pode ser visto que
estes não tem correlação entre si. E também pode ser notado que para carvões coquei ficáveis
(hard coking coals) os carvões Canadenses e Australianos tem melhores valores de CSR[17].
33
Figura 3.3.7.4 Reprodução do diagrama original de MOF mostrando a relação entre fluidez e
rank (reflectância) e a janela onde podem ser obtidos valores de DI 3015 entre 90 e 92%.
Os modelos tão diferentes embora tenham características em comum so podem ser explicados
pela origem, os carvões do Canada são do período Cretácio, são carvões de água doce e
formados pela pressão de depósitos de água doce que tinham volumes e pressão menores do
que os dos oceanos. São mais novos 150 milhões de anos que os carvões Americanos. Dessa
forma, o comportamento desses carvões é completamente diferente dos carvões americanos.
Os carvões americanos são carvões de água salgada. Formados pela pressão dos oceanos há
350 milhões de anos e foram muito mais pressionados e compactados pelos oceanos e muito
mais velhos em sua idade geológica que os demais. Os carvões do Canadá não respondem da
mesma maneira aos requerimentos da coqueificação como os carvões Americanos que são
muito mais antigos. Os carvões do Canadá tem que ser trabalhados com outros carvões de
maior poder coqueificante, como o fazem para os carvões Australianos. Os carvões
Australianos e Europeus (Polônia) são do Período Pretácio e foram formados há 280 milhões
de anos.
34
As usinas brasileiras, evitaram por anos comprar carvão do Canadá por serem muito
diferentes dos carvões Americanos. É bom lembrar que há 40 anos atrás o mundo só
consumia o carvão Norte-Americano e mesmo os carvões Australianos foram submetidos a
estudos por anos e anos até serem aprovados na produção de coque para altos-fornos.
35
4. Procedimentos Experimentais
Para realizar a caracterização dos carvões individuais e das misturas de carvões se tomaram
amostras representativas de aproximadamente 1.000kg, que são subdivididas em diferentes
subamostras. Uma das subamostras de aproximadamente 2kg está dividida em duas partes,
uma para a determinação da umidade e granulometria. A outra parte de tamanho adequado
para realizar análise imediata (tamanho da partícula <0.212mm); para determinar a fluidez
Gieseler (tamanho da partícula <0.425mm); análises petrográficas (tamanho da partícula <1
mm). E amostras de cerca de 300kg são utilizadas para carbonização em forno de
parede móvel em escala piloto.
Para o coque foram coletadas amostras de cerca de 100kg, e realizadas análises conforme as
normas JIS-2151 e ASTM D5341.
36
A Figura 4.1 mostra o fluxograma dos procedimentos experimentais.
37
Figura 4.1.1.1 LECO SC 132 um instrumento utilizado para medir o teor de enxofre total de
amostras sólidas e líquidas.
38
Figura 4.1.2.1 Vista Frontal do equipamento TA Instruments SDT 2960.
39
• ? T: range plástico ou intervalo de fluidez, que é definido como a diferença entre a
temperatura de resolidificação e a temperatura de amolecimento (Ts-Tr).
40
Os ensaios de carbonização foram realizados em um forno de parede móvel de 250kg de carga
marca Carbolite.
Este forno possui uma ampla câmara regulável entre 205 e 560mm, de forma que é possível
variar o volume e o peso nominal da carga em função da largura utilizada, enquanto as outras
dimensões são fixas. A largura utilizada nos ensaios de carbonização foram de 469mm. As
dimensões do forno são: comprimento entre portas 935mm, altura no ponto de nivelamento a
840mm e altura da abóbada a 1015mm.
Para cada ensaio de carbonização foram utilizados cerca de 300kg de amostra. A temperatura
no momento do enfornamento é de 880°C. A partir daí o aquecimento prossegue a taxa de
14°C/h até atingir a temperatura máxima de 1200°C entre 18 e 19h após o enfornamento,
momento em que a temperatura do centro da carga atinge aproximadamente 1000°C, como
mostrado na Figura 4.1.5.1.
41
A força exercida pela carga durante a coqueificação é registrada pelo movimento da parede
móvel sobre um transdutor de pressão. Geralmente, não se expressa como força, mas como
pressão média exercida sobre a parede do forno. O forno também possui sistema para detectar
a alteração do nível de carga e registradores gráficos para acompanhar a evolução da
temperatura, pressão e deslocamento da parede móvel. A Figura 4.1.5.2 mostra o esquema
simplificado do forno piloto.
A Figura 4.1.5.3 mostra a vista lateral do forno onde foram carbonizadas todas as amostras
de carvões individuais e misturas de carvões.
42
Figura 4.1.5.3 Vista lateral do forno piloto de coqueificação.
Para a realização este estudo foi construído e posto em operação um equipamento para
determinação da resistência mecânica a frio de acordo com a norma JIS-2151.
O tambor de DI (norma JIS), é feito em chapa de aço com espessura entre 6 e 9mm, diâmetro
interno de 1500mm, largura de 1500mm cilíndrico com 6 aletas de 250mm de largura, e 9mm
de espessura, como mostrado na Figura 4.1.6.1. O tambor é acionado por conjunto moto-
redutor de velocidade fixa, de forma a se obter 15 rpm e dispõe de um contador de giros, que
desliga o equipamento ao serem concluídos os 150 giros, durante 10 minutos. O tambor de
DI fica enclausurado para abafamento de ruídos durante a operação, como mostra a Figura
43
4.1.6.2.
Figura 4.1.6.1 Detalhes do tambor usado para determinação da resistência mecânica a frio
(DI).
44
Figura 4.1.6.2. Vista frontal do tambor para ensaio DI.
Neste ensaio obtém-se o índice de reatividade CRI (Coke Reactivity Index) e outro que reflete
a resistência mecânica do coque após reação CSR (Coke Strength after Reaction). O
equipamento utilizado para determinação do CRI constitui-se de um forno elétrico, quadro de
controle e computador, conforme mostrado na Figura 4.1.7.1.
Para a determinação da reatividade ao CO2 (CRI) se utiliza uma amostra de coque de 200±1g,
previamente secada a 150°C durante 2 horas, com tamanho entre 19 e 22,4mm. Antes de
45
iniciar o ensaio, passa-se uma corrente de N2 a vazão de 5l/min durante 5 minutos no interior
do cadinho. Sem interromper o fluxo de N2 carrega-se o cadinho com a amostra de coque.
46
Figura 4.1.7.2 Esquema simplificado do equipamento utilizado para determinar a reatividade
do coque após reação (CSR).
O índice de reatividade CRI é definido como o percentual de massa perdida durante o ensaio
por adição de CO2 nas condições estabelecidas.
47
Figura 4.1.7.3 Gráfico de controle de temperatura de uma amostra de coque durante ensaio de
reatividade – CRI (ASTM D5341).
48
5. Resultados e Discussão.
49
Tabela 5.1 Análises imediatas e enxofre dos carvões individuais.
Matéria
Cinza Enxofre
Carvão Origem Volátil
(%) (%)
(%)
a Estados Unidos 4,90 18,72 0,78
b Austrália 8,90 28,76 0,44
c Austrália 7,70 29,25 0,98
d Austrália 8,45 12,83 0,32
e Austrália 6,96 22,12 0,57
f Estados Unidos 6,60 19,16 0,74
g Canadá 9,71 23,96 0,39
h Canadá 9,30 26,57 0,51
i Austrália 9,20 20,81 0,63
j Austrália 8,60 26,15 0,56
k Estados Unidos 9,40 21,19 1,30
l Estados Unidos 5,80 35,77 0,90
m Austrália 6,82 34,66 0,54
n Colômbia 7,22 38,89 0,82
o Austrália 8,20 26,14 0,53
p Colômbia 8,60 25,49 0,69
q Austrália 8,70 28,48 0,80
r Austrália 9,29 35,55 0,52
s Polônia 6,60 27,52 0,58
t Estados Unidos 7,90 25,52 1,23
u Austrália 10,90 22,93 0,68
50
Tabela 5.2 Composição das misturas testadas.
Misturas
Carvão A B C D E F G H I J K L M N 0
Participação (%)
a 18,0 16,2 26,0 26,0 26,0 22,0 18,0 5,0 15,0 23,3 23,0 15,0 26,0
b 8,0 8,0 12,0 4,0 7,0
c 16,0 18,0 10,0 10,0
d 4,5 8,0
e 13,6 3,0
f 4,0 11,0 20,0 18,0 6,0
g 30,0 20,0 17,5 20,0 21,0
h 19,0 26,4 19,0 20,2 3,0 30,0 18,0
i 7,7 4,0 11,0 3,0 13,3
j 16,4 10,0 20,0 21,0 18,0 30,0 8,0 25,0 25,0 5,0 18,0
k 8,0 8,5 9,5 6,0 6,0 11,0 2,7 3,0
l 7,5 2,9 8,0 10,0 10,0 8,0 9,0 13,0 7,0
m 7,5 11,5 13,5 15,5
n 3,0 3,0 3,5 3,6
o 20,0 3,0 9,0 14,0
p 15,5 10,0 11,0 10,0 10,0 10,0 17,5 6,0 7,5
q 18,4 10,0 10,0 3,0 9,2 23,0 16,5
r 3,0
s 7,3 3,0 10,0 10,0 6,0 10,0
t 6,8 20,0 9,0 8,0 6,0 19,3 19,9
u 10,8 3,0 3,0
Total (%) 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Foram enviadas amostras de coque para serem analisadas no INCAR e comparadas com as
análises realizadas do coque da mesma mistura na ArcelorMittal Tubarão, e determinados os
índices de DI15015 e CRI/CSR.
51
A caracterização do coque industrial produzido na ArcelorMittal Tubarão e analisado no
INCAR apresentaram pequenas diferenças no DI15015, sendo inferiores a um ponto na maioria
dos coques, conforme mostrado na Tabela 5.2 e Figura 5.1. Uma das exceções que merece
mencionar é o coque da mistura “M”, com uma diferença de 2.2 pontos percentuais.
Tabela 5.3 Comparativo entre os resultados de DI15015 coque produzido industrialmente nas
Baterias de Fornos de Coque da ArcelorMittal Tubarão e analisado no INCAR.
52
Resistência Mecânica a Frio - DI 150/15
Figura 5.2 Comparativo entre os resultados de DI15015 coque produzido industrialmente nas
Baterias de Fornos de Coque da ArcelorMittal Tubarão e analisado no INCAR.
53
Tabela 5.4 Comparativo entre os resultados de CRI e CSR do coque analisados na
ArcelorMittal Tubarão e no INCAR.
54
Resistência Após Reação - CSR
CSR (% ) 80,0
60,0
40,0
20,0
-
(20,0)
A B C D E F G H I J K L M N O
INCAR 66,5 63,7 65,2 62,5 66,5 67,5 64,4 65,6 67,6 64,5 66,0 65,8 59,7 61,6 62,5
ArcelorMittal Tubarão 66,7 66,7 67,0 66,6 66,2 66,6 66,0 66,2 65,7 66,3 66,1 65,8 66,0 66,5 66,7
Diferença (%) -0,2 -3,0 -1,8 -4,1 0,3 0,9 -1,6 -0,6 1,9 -1,8 -0,1 0,0 -6,3 -4,9 -4,2
55
Os parâmetros de qualidade do coque produzidos em forno piloto de coqueificação de 300kg
de capacidade a partir de amostras de carvões individuais e misturas industriais são mostrados
na Tabela 5.5.
Tabela 5.5 Resultados de DI15015, CRI e CSR das amostras de carvões individuais e misturas
industriais testados em forno piloto de coqueificação.
Carbonizações em
Forno piloto de DI 15015 CRI CSR
coqueificação (%) (%) (%)
a 79,3 46,4 42,8
b 73,8 42,3 34,6
c 83,0 30,1 51,0
f 76,3 43,0 39,5
Carvões Individuais
56
Comparando-se os resultados das Tabelas 5.2 a 5.5, pode se perceber que os resultados de
qualidade do coque em escala piloto são sempre inferiores aos obtidos em escala industrial.
Os fatores que podem levar a estas diferenças podem ser:
• a densidade de carregamento da mistura de carvões que afeta a porosidade do coque;
• o regime de aquecimento, variadas condições de temperatura, os combustíveis para
aquecimento das câmaras de coqueificação industrial. A reatividade do coque diminui
quando se aumenta a temperatura de coqueificação e numa menor proporção quando
se aumenta o tempo de super coqueificação. Baterias de fornos de coque
convencionais atingem temperaturas entre 200 e 300°C superiores a fornos pilotos de
coqueificação;
• as diferenças de qualidade do coque ao longo do comprimento e largura do forno. O
craqueamento de vapores de alcatrão durante a coqueficação produz um depósito
superficial de carbono pirolítico pouco reativo, que pode obstruir parte da porosidade
do coque. Os depósitos são tanto maiores quanto maior é a altura dos fornos de
coqueficação.
• a qualidade e quantidade do coque produzido;
• praticas de estabilização.
Pode-se observar nas Figuras 5.4 e 5.5, as baixas correlações entre os parâmetros do coque
produzido industrialmente e os parâmetros do coque produzido em forno piloto.
88
DI 150/15 Industrial (%)
R2 = 0,0002
86
84
82
75 77 79 81 83
DI 150/15 Forno Piloto (%)
Figura 5.4 Correlação entre o DI15015 do coque produzido industrialmente e através de forno
piloto para as misturas de “A” a “O”.
57
Qualidade do Coque CSR
68
CSR Industrial (%) R2 = 0,1632
66
64
62
60
58
40 45 50 55 60
CSR Forno Piloto (%)
Figura 5.5 Correlação entre o CSR do coque produzido industrialmente e através de forno
piloto para as misturas de “A” a “O”.
Observa-se que o DI15015 e o CSR do coque produzidos em forno piloto são inferiores em
comparação com os mesmos parâmetros produzidos industrialmente, sendo a diferença média
de 5,9% em DI15015 e 12,5% em CSR. Estas diferenças podem ser atribuídas ao regime de
aquecimento, as baterias de fornos de coque podem atingir até 1.300°C contra
aproximadamente 1.050°C para o forno piloto, e a erros experimentais acumulados.
Sem exceção, os coques obtidos em escala de forno piloto são mais reativos e menos
resistentes mecanicamente que os industriais. Apesar de não encontrada correlação entre
forno piloto e resultados industriais nesta base de dados, os resultados da qualidade do coque
do forno piloto do INCAR estão coerentes com os do forno piloto da ArcelorMittal Tubarão.
E estes testes podem ser usados como gabarito para a previsão da qualidade do coque das
misturas industrias a serem enfornadas, já que podemos adotar as diferenças encontradas entre
os resultados industrias e piloto como referência, ou seja para resultados do forno piloto para
a resistência mecânica a frio podemos considerar um ganho de qualidade em escala industrial
de 6 pontos percentuais no DI15015 e de 12 pontos percentuais com relação a resistência após
reação CSR.
Sendo assim a partir dos valores experimentais de DI, CRI e CSR de carvões individuais que
formam parte das misturas é possível estimar com razoável grau de acerto estes parâmetros
58
para misturas complexas indústrias. Portanto, justifica-se a investigação de quais parâmetros
dos carvões individuais podem explicar a qualidade do coque em forno piloto. A seguir
baseado nas caracterizações dos carvões individuais e misturas se correlacionará com a
qualidade do coque de forno piloto.
Os resultados das análises imediatas e de enxofre dos carvões individuais e de enxofre são
mostrados na Tabela 5.5.
59
Tabela 5.6 Resultados das análises imediatas e de enxofre dos carvões individuais e misturas
de carvões.
Os resultados das análises do ensaio de fluidez Gieseler dos carvões individuais e de enxofre
são mostrados na Tabela 5.7.
60
Tabela 5.7 Resultados das análises de plasticidade dos carvões individuais e misturas de
carvões.
61
Tabela 5.8 Resultados de basicidade da cinza dos carvões individuais e misturas de carvões.
h 0,09
i 0,13
j 0,06
k 0,22
l 0,16
o 0,13
p 0,19
q 0,15
s 0,23
t 0,23
A 0,21
B 0,20
C 0,22
D 0,25
E 0,24
Misturas de carvões
F 0,19
G 0,17
H 0,15
I 0,21
J 0,23
K 0,23
L 0,23
M 0,24
N 0,22
O 0,22
Baseado nos resultados dos coques de forno piloto e nas análises das amostras de carvões
individuais e misturas, como mostrado nas Tabelas 5.4 a 5.8, e levando em consideração os
parâmetros comuns dos modelos de previsão da qualidade do coque mostrado na Tabela
62
3.3.6.1 foram testados, a partir da análise de regressão linear múltipla, os dados levantados, o
que levou ao desenvolvimento de modelos de previsão da qualidade do coque.
5.1. Modelo de Previsão do Índice de Resistência Mecânica a Frio (DI 15015 ) do Coque de
Forno Piloto.
Tf − Ts
DI15150 = Interseção + a × Cinza + b × MVolátil + c × S + d × log( MF ) + e × + f × BCinza
Tr − Ts
(5.1.1)
Admitindo, que mesmo assim, ainda pudéssemos adotar um modelo de previsão baseado
apenas em matéria volátil e log(MF), teríamos a Equação 5.1.2 onde os coeficientes “a” e “b“
e as demais medidas estatísticas são apresentados na Tabela 5.1.2.
63
DI15150 = Interseção + a × MatériaVolátil + b × log(MF ) (5.1.2)
150
Tabela 5.1.2 Medidas estatísticas do modelo para DI 15 utilizando as variáveis matéria
volátil e log(MF).
DI 150/15
DI 150/15 Forno Piloto (%)
84,0
82,0
R2 = 0,5176
80,0
78,0
76,0
74,0
72,0
75 76 77 78 79 80 81 82 83
DI 150/15 Previsto (%)
Figura 5.1.1 Correlação entre o DI 15015 do coque de forno piloto e a estimativa pelo modelo
baseado em matéria volátil e log(MF).
64
5.2. Modelo de Previsão do Índice de Reatividade (CRI) do Coque de Forno Piloto.
Como já comentado por vários autores, Valia, Loison e outros, e mostrado pelos dados
levantados existe uma forte correlação entre CSR e CRI, como pode ser visto na Tabela
5.2.1.
Tabela 5.2.1 Medidas estatísticas do modelo para CSR previsto a partir do CRI
A título de ilustração a Figura 5.2.1 mostra a relação entre CSR previsto pelo modelo acima e
o CSR obtido em forno piloto, onde a abscissa e calculada utilizando-se a Equação 5.2.1.
CSR
80
R2 = 0,7642
CSR Forno Piloto (%)
70
60
50
40
30
20
10
10 20 30 40 50 60 70 80
CSR Previsto (%)
Figura 5.2.1 Correlação entre CSR previsto a partir do CRI e o CSR obtido em forno piloto.
65
Sendo assim, de fato, precisa-se de um modelo que possa prever a reatividade do coque
150
(CRI). Analogamente ao desenvolvido para previsão de DI 15 usa-se as Tabela 5.4 a 5.7
como base para a formulação de um modelo de previsão para CRI, e uma vez que a relação
para CSR para a nossa base de dados é conhecida e é apresentada na Tabela 5.2.1.
A Equação 5.2.2 obtida pela aplicação de modelo de regressão linear múltipla para a predição
do CRI do coque, onde os coeficientes de “a” a “f” e as demais medidas estatísticas esta
mostrada na Tabela 5.2.2, para o conjunto de dados estudados, não satisfez as exigências
estatísticas, pode-se ver pelo “valor-P”, que apenas as variáveis cinza e log(MF) tem
significância estatística para este modelo.
Tf − Ts
CRI = Interseção + a × Cinza + b × MVolátil + c × S + d × log( MF ) + e × + f × BCinza
Tr − Ts
(5.2.2)
66
6. Conclusões
Comprovada a existência de relação entre o CRI e CSR dos resultados de forno piloto de
coqueificação, e que o fator de determinação para a base de dados estudada é de 76,42%.
Não foi possível estabelecer, a partir da base de dados estudada, a aditividade da qualidade do
coque, ou seja, não se pode desprezar as interações entre carvões para matrizes complexas de
misturas de carvões.
67
7. Sugestões para Trabalhos Futuros
Baseado na correlação encontrada entre CRI e CSR, desta base de dados, e a combinação de
pirólise/gaseificação em termobalanças (TGA), o aprofundamento neste estudo pode levar ao
desenvolvimento de uma metodologia simples e rápida para analisar a reatividade dos carvões
e assim predizer o CSR do coque a ser produzido com a combinação dos resultados dos
carvões individuais.
68
8. Referências Bibliográficas
3. WORLD ENERGY COUNCIL. Proved recoverable coal reserves: the top ten countries.
2007 Survey of Energy Resources, Londres, 2007. p.1-600. Disponível
em:<http://www.worldenergy.org/documents/ser2007_final_online_version_1.pdf>. Acesso
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4. WORLD COAL INSTITUTE. Coal and steel facts 2007 edition with 2005 and 2006 data.
Coal Facts 2007, Londres, fevereiro, 2007. p.1-2. Disponível em:<
http://www.worldcoal.org/assets_cm/files/PDF/fact_card07.pdf >. Acesso em: 05/08/2008.
6. GOMES, A. P. et. al. Carvão Fóssil. Estudos Avançados, Porto Alegre. p.89-106.
Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/ea/v12n33/v12n33a06.pdf>. Acesso em:
04/07/2008.
69
9. LOISON, Roger et al. Coal in General. In: LOISON, Roger et al. Coke Quality and
Production. Paris: Butterworth, 1989. p.1-58.
10. NAHUYS, J.; DUARTE, N. M. Petrografia de Carvão e Suas Aplicações. In: Programa
de Educação Continuada. Rio de Janeiro: ABQUIM, 1980. p.319-329.
11. REIFENSTEIN, Adrian. Ultimate Analysis and Coke Quality Prediction. In:
REIFENSTEIN, Adrian. Review of Coke Quality Prediction Models. Brisbane,
Australia:ACIRL Pty Ltd, 2005. p.38-47.
12. ULHÔA, Murilo B. Petrografia de Carvão. In: ULHÔA, Murilo B. Carvão Aplicado à
Fabricação de Coque de Alto Forno. São Paulo: ABM, 2003. p.79-101
13. LOISON, Roger et al. Fundamentals of Carbonization. In: LOISON, Roger et al. Coke
Quality and Production. Paris: Butterworth, 1989. p.59-116.
15. VALIA, Hardarshan S.; ELLIS Allen R. Non-Recovery Operating Practices From
Around the World. In: The Iron & Steel Technology Conference and Exposition, 2008,
Pittburgh, EUA. AisTech, 2008. p.1-21.
16. ULHÔA, Murilo B. Modelos de Previsão de Resistência do Coque. In: ULHÔA, Murilo
B. Carvão Aplicado à Fabricação de Coque de Alto Forno. São Paulo: ABM, 2003. p.200-
212.
17. RYAN, Barry D.; PRICE, John T. The Predicted Coke Strngth After Values of British
Columbia Coals, With Comparisons to International Coals. 1992. 10 folhas. Artigo técnico –
Canada Centre for Mineral and Energy Technology, Canada, 1992.
18. REIFENSTEIN, Adrian. Gieseler Plastometer and Coke Quality Prediction. In:
REIFENSTEIN, Adrian. Review of Coke Quality Prediction Models. Brisbane,
Australia:ACIRL Pty Ltd, 2005. p.38-47.
70
19. ARENDT, P; ORYWAL, F. CSR Round robin in Germany. In: European Cokemaking
Committee. Linz, Austria: DMT, 1995. 8 folhas.
71
9. Publicações
A ser apresentado no “3rd International Meeting on Ironmaking-22nd till 26th Sept 2008,
São Luís-MA”
Autores:
Odilon José da Silva – Mestrando em Engenharia de Materais – REDEMAT, Ouro Preto,
Minas Gerais, Brazil.
Poliana Cristina Araújo – Estudante de Graduação na Escola de Minas, Ouro Preto, Minas
Gerais, Brazil.
Nayara Franciele Silva - Estudante de Graduação na Escola de Minas, Ouro Preto, Minas
Gerais, Brazil.
Fernando Bueno Guerra - Estudante de Graduação na Escola de Minas, Ouro Preto, Minas
Gerais, Brazil.
Paulo Santos Assis – Professor Titular na Escola de Minas, Ouro Preto, Minas Gerais, Brazil
72
ANEXO 1. Medidas Estatísticas
73
(3) Teste F, a análise de variância é outra forma de verificar se o modelo é ou não adequado.
Valores altos de F favorecem que pelo menos uma das variáveis explicativas (independentes)
contribuem significativamente para o modelo.
74