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SIMULAÇÃO NUMÉRICA DO ESCOAMENTO DE PALHA DE MILHO PRÉ

TRATADA EM GEOMETRIA CONVERGENTE-DIVERGENTE

Fábio Batista Fernandes Júnior

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de


Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do tı́tulo de
Engenheiro.

Orientadores: Professor Roney Leon Thompson


Professor XXXXX

Rio de Janeiro
Janeiro de 2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Departamento de Engenharia Mecânica


DEM/POLI/UFRJ

SIMULAÇÃO NUMÉRICA DO ESCOAMENTO DE PALHA DE MILHO PRÉ


TRATADA EM GEOMETRIA CONVERGENTE-DIVERGENTE

Fábio Batista Fernandes Júnior

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE


ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovada por:

Prof. Professor Roney Leon Thompson, D.Sc.

Prof. Professor XXXXX, Dr.-Ing.

Prof. , D.Sc.

Prof. , Ph.D.

Prof. , D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


JANEIRO DE 2023
Batista Fernandes Júnior, Fábio
Simulação numérica do escoamento de palha de milho pré
tratada em geometria convergente-divergente/ Fábio Batista
Fernandes Júnior. – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica,
2023.
XVI, 55 p.: il.; 29, 7cm.
Orientadores: Professor Roney Leon Thompson
Professor XXXXX
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de
Engenharia Mecânica, 2023.
Referências Bibliográficas: p. 38 – 40.
1. Palha de Milho. 2. Mecânica dos Fluidos. 3.
Herschel-Bulkey. I. Roney Leon Thompson, Professor et al..
II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso de
Engenharia Mecânica. III. Simulação numérica do escoamento
de palha de milho pré tratada em geometria convergente-
divergente.

iii
Glaube an deinen Traum. Aber
glaube stark.
Alles kann passieren.

iv
Agradecimentos

Deixo minha gratidão aos eternos sonhadores. Aqueles que não desistem. Aos que
abrem mão de diversas adversidades e enfrentam cada obstáculo para atingir o objetivo
final.
Agradeço a Deus por me dar o fôlego de vida a cada dia que passou. Não foi fácil viver
todos estes anos realizando um curso de excelência, apesar das dificuldades geográficas e
barreiras de horário enfrentados.
Ao esforço de toda minha famı́lia, que há decadas lutou pela garantia de uma educação
de qualidade e valorizou o conhecimento de cada filho.
Aos meus amigos, que me motivam, inspiram, ensinam, amam, instigam, criticam e
sonham grande comigo.
Ao apoio financeiro do Programa de Recursos Humanos da Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustı́veis – PRH-ANP, suportado com recursos prove-
nientes do investimento de empresas petrolı́feras qualificadas na Cláusula de P, DI da
Resolução ANP nº 50/2015, pelo incentivo que permitiu a capacitação neste tema e esti-
mula a pesquisa energética no cenário nacional.
À Enactus e ao Interpoli, atividades estudantis que me apresentaram universos intei-
ramente novos, acreditaram bastante em meu potencial durante todo o momento e me
forneceram experiências únicas, além de amizades eternas.
Ao CLAC e ao PROLEM , atividades estudantis que permitiram o meu aprendizado
das lı́nguas alemã e francesa.
À Transportadora Associada de Gás, empresa que me acolheu como estágiário e pro-
porciou, até agora, os melhores nuances que a engenharia poderia me fornecer.
Ao meu professor orientador Roney Thompson, que foi essencial para a garantia desse
tema e possui uma didática única.
Ao Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, que me for-

v
neceu toda a base para a engenharia mecânica industrial.
Finalmente, à Universidade Federal do Rio de Janeiro. O grande objetivo dos meus
sonhos de infância, local que me abraçou, me criou e hoje me entrega, ao mundo, como
Engenheiro Mecânico e, também, a alcunha de eterno filho da Minerva.

Figura 1: Apoiadores Financeiros deste Trabalho

vi
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico

SIMULAÇÃO NUMÉRICA DO ESCOAMENTO DE PALHA DE MILHO PRÉ


TRATADA EM GEOMETRIA CONVERGENTE-DIVERGENTE

Fábio Batista Fernandes Júnior

Janeiro/2023

Orientadores: Professor Roney Leon Thompson


Professor XXXXX

Programa: Engenharia Mecânica

O propósito principal deste trabalho é avaliar as caracterı́sticas de escoamento do ma-


terial biocombustı́vel feito através da palha de milho pré-tratada em um tubo selecionado -
caracterizando uma geometria convergente divergente - e efetuar uma simulação numérica
para análise das propriedades intesivas, extensivas do material e, outrossim, configurações
geradas através da fluidodinâmica computacional introduzida pelo softwares de código
Ansys Student, OpenFOAM e Paraview.

vii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Mechanical Engineer

NUMERICAL SIMULATION OF PRE-TREATED CORN HUSK FLOW IN


CONVERGING-DIVERGING GEOMETRY

Fábio Batista Fernandes Júnior

January/2023

Advisors: Professor Roney Leon Thompson


Professor XXXXX

Department: Mechanical Engineering

The main purpose of this work is to evaluate the flow characteristics of the biofuel
material made through pre-treated corn husks in a selected tube - characterizing a diver-
gent convergent geometry - to perform a numerical simulation analyzing the intensive and
extensive properties of the selected material. In addition, it also focuses on the configura-
tions generated through computational fluid dynamics introduced by the source softwares
Ansys Student, OpenFOAM and Paraview.

viii
Sumário

Lista de Figuras xii

Lista de Tabelas xiv

Lista de Sı́mbolos xv

1 Introdução 1
1.1 Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Premissas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.4 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.5 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.6 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.7 Limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.8 Organização da Tese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2 Revisão Bibliográfica 9
2.1 Descrição de Fluido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.1.1 Tensão de Cisalhamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.1.2 Deformação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.1.3 Viscosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.1.4 Lei de Newton da Viscosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.1.5 2ª Lei de Newton Expandida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 Fluidos Newtonianos Generalizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3 Fluidos Não Newtonianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.3.1 Lei de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

ix
2.3.2 Fluido Power Law . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.3.3 Fluido de Bingham . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.3.4 Fluido de Herschel-Bulkley . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.4 Tubo de Venturi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.4.1 Equação de Bernoulli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3 Fundamentação Teórica 20
3.1 Computational Fluid Dynamics - CFD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.2 Métodos Utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2.1 Simulação Computacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.3 Ansys Fluent . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.3.1 Geometria do Corpo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.3.2 Geração de Malha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.4 OpenFOAM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.4.1 Condições de Contorno - Comportamento Não Newtoniano . . . 27
3.4.2 Condições de Contorno - Comportamento Newtoniano . . . . . . 28
3.4.3 Controle do Tempo da Simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.5 Paraview . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

4 Resultados e Discussões 31
4.0.1 Palha de Milho Pré Tratada - Fluido Não Newtoniano . . . . . . . 31
4.0.2 Palha de Milho Pré Tratada - Fluido Newtoniano . . . . . . . . . 33

5 Conclusões 36

Referências Bibliográficas 38

A Código Fonte da Função nonNewtonianIcoFoam - Comportamento Não


Newtoniano 41

B Código Fonte da Função nonNewtonianIcoFoam - Comportamento Newtoni-


ano 43

C Código Fonte - Comportamento Não Newtoniano 45

D Código Fonte - Comportamento Newtoniano 47

x
E Código Fonte da Função de Herschel-Bulkley no OpenFOAM 48

F Código Fonte da Importação da Geometria 53

xi
Lista de Figuras

1 Apoiadores Financeiros deste Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vi

1.1 Retrato do Ciclo de Vida do Biocombustı́vel . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2.1 Comportamentos Sólido e Fluido sob Ação de Força . . . . . . . . . . . 10


2.2 Exemplo de Escoamento de Couette . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3 Taxa de Tensão vs. Taxa de Cisalhamento . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.4 Exemplo de Tubo de Venturi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3.1 Três Abordagens Básicas para Resolver Problemas de Fluidodinâmica ou


Transferência de Calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2 Página Inicial do Ambiente Ansys Workbench . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.3 Geometria formulada em duas dimensões . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.4 Geometria formulada em três dimensões . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.5 Exemplo de utilização da malha no Ansys . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.6 Exemplo de utilização da malha no Paraview . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.7 Página Inicial do Ambiente OpenFOAM no Terminal Ubuntu . . . . . . . 26
3.8 Página Inicial do Ambiente Paraview . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.9 Exemplo de Plotagem no Paraview . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

4.1 Distribuição de Pressão em Fluido de Herschel-Bulkley para t1 = 0.001s . 31


4.2 Distribuição de Pressão em Fluido de Herschel-Bulkley para t2 = 0.1s . . 32
4.3 Distribuição da Velocidade em Fluido de Herschel-Bulkley para t1 = 0.001s 32
4.4 Distribuição da Velocidade em Fluido de Herschel-Bulkley para t2 = 0.1s 33
4.5 Distribuição de Pressão em um Fluido Newtoniano para t1 = 0.001s . . . 34
4.6 Distribuição de Pressão em um Fluido Newtoniano para t2 = 0.1s . . . . . 34
4.7 Distribuição da Velocidade em um Fluido Newtoniano para t1 = 0.001s . 35

xii
4.8 Distribuição da Velocidade em um Fluido Newtoniano para t2 = 0.1s . . . 35

xiii
Lista de Tabelas

1.1 Tabela de Capı́tulos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

xiv
Lista de Sı́mbolos

H Altura Entre Duas Placas, p. 13

V Velocidade de Escoamento, p. 13

▽ Vetor Operador Diferencial, p. 12

γ̇ Taxa de Cisalhamento, p. 15

η Função de viscosidade, p. 16

µ Viscosidade Dinâmica, p. 15

ρ1 Massa Especı́fica do Fluido, p. 19

τxy Tensão de Cisalhamento, p. 17

τy Tensão Limite de Escoamento, p. 17

D Tensor Taxa de Deformação, p. 13

I Tensor Identidade, p. 15

L Tensor Gradiente de Velocidade, p. 13

T Tensor das Tensões Total, p. 15

W Parte Antissimétrica do Tensor Gradiente de Velocidade, p. 13

τ Parte Deviatórica do Tensor das Tensões, p. 15

tr Traço de Matriz, p. 12

Volume, p. 12

⃗A Vetor de Aceleração, p. 10

xv
⃗F Vetor de Força, p. 10

⃗eˆx Vetor Unitário em Coordenada Cilı́ndrica, p. 13

⃗î Vetor Unitário na Direção X, p. 13

⃗jˆ Vetor Unitário na Direção Y, p. 13

⃗k̂ Vetor Unitário na Direção Z, p. 13

⃗a Vetor de Aceleração, p. 12

⃗fb Vetor Força de Corpo, p. 12

⃗fb Vetor Força de Superfı́cie, p. 12

⃗f Vetor de Forças (dividido pelo volume), p. 12

⃗g Vetor de Aceleração da Gravidade, p. 12

dcel Tamanho Local dos Volumes da Malha, p. 29

k Parâmetro de Consistência, p. 15

n Índice adimensional de Power-Law, p. 16

p Pressão Mecânica, p. 15

vx Componente de Velocidade no Eixo X, p. 17

y Coordenada no Eixo Cartesiano XY, p. 17

xvi
Capı́tulo 1

Introdução

1.1 Problema
A ampliação da inserção de biocombustı́veis no setor de transportes é uma
contribuição relevante, necessária e, outrossim, uma das alternativas mais exequı́veis para
causar a redução da dependência da sociedade moderna em relação à energia fóssil.
Como análise disso, pode-se observar que em alguns paı́ses como o Brasil, Alemanha e
França, foi-se já iniciado o processo de introdução dos biocombustı́veis na cadeia produ-
tiva de fluidos combustı́veis, como alternativa aos métodos convencionais, objetivando,
até o fim do ano de 2050, uma maior redução nas emissões de carbono, cumprindo a
meta de neutralidade estabelecida na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças
Climáticas.
No Brasil, paı́s pioneiro em programas verdes, há uma crescente nos investimentos e
desenvolvimento de polı́ticas públicas destinadas ao desenvolvimento de pesquisas e in-
centivo de mercado [1].
Nesse sentido, vale a menção do próprio programa de Formação de Recursos Humanos da
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustı́veis - que é financiador desta
tese - como polı́tica incentivadora a este tema e ao alunato em geral.
Tendo uma perspectiva global, pode-se perceber que a ênfase de todo o processo é catali-
sar o desafio da transição atual do cenário energético mundial, onde economias baseadas
na emissão de carbono buscam neutralizar suas emissões o mais rápido possı́vel.

1
1.2 Objetivo
Nesse sentido, essa atual pesquisa ressalta a otimização do processo fluidodinâmico
envolvido de biomassa, posteriormente convertida em bioetanol, em uma geometria
convergente-divergente, especificamente, em uma geometria especı́fica, considerando
as condições dadas de limite de funcionamento do produto. Por conseguinte, o uso
da metodologia de simulação utilizada caracteriza-se como uma forma de projetar,
virtualmente, a execução deste evento mencionado, buscando a inserção e validação do
modelo proposto. Isso não só melhora a performance final, como também reduz custos,
já que o mı́nimo possı́vel de recursos será usado na fabricação do produto.

Outrossim, com a utilização de protótipos para testes e determinação de propriedades,


torna-se menos necessária a dependência de utilizar reatores finitos, rotores e reômetros
de mensuração, deixando também mais enxuto o tempo envolvido nos processos. Assim,
o novo desafio surge, também, em trabalhar com materiais viscoplásticos de natureza
não newtoniana. Portanto, o trabalho tem como seu objetivo principal fazer simulações
CFD (Computational Fluid Dynamics) utilizando materiais viscoplásticos com valores de
parâmetros compatı́veis aos da pasta de milho em uma geometria convergente-divergente.

Dessa forma, o trabalho em questão será realizado através do software de simulação


fluidodinâmica computacional OpenFOAM e contará com auxı́lio das plataformas Ansys
Fluent e Paraview, para, respectivamente, elaboração de malha e pós processamento de
informações. Assim, considera-se esta técnica bastante conveniente para que se possa
apresentar menores necessidades de custo e tempo associados ao estudo da determinação
de propriedades reológicas de um fluido, poupando o uso de reômetros de laboratórios,
design e extrusão de futuras geometrias de produtos. Dessa forma, espera-se apoiar,
também com este trabalho, diversos estudos correlacionados com biocombustı́veis que já
foram ou ainda estão sendo desenvolvidos, de modo que a transição energética mundial
seja feita de forma gradual, sem que haja qualquer falha na cadeia produtiva, evitando
possı́veis desabastecimentos energéticos no planeta.

2
1.3 Premissas
Do ponto de vista sustentável, o bioetanol deve ser produzido a partir de biomassa
secundária, derivada principalmente de resı́duos lignocelulósicos, com as vantagens de
aproveitar os resı́duos, por meio da recuperação de recursos através de processos fisico-
quı́micos, e evitar apenas o destino tradicional de biomassa, que seria o de consumação,
em sua forma primária, ou descarte em sua forma residual vegetal. Por conseguinte,
é importante mencionar que há quantidades significativas de resı́duos lignocelulósicos
disponı́veis em todo o mundo; entretanto, em particular, vale-se mencionar a palha de
milho.
O milho não é apenas a maior commodity agrı́cola do mundo, como é também signifi-
cantemente numeroso em termos de geração de palha. Portanto, a produção de bioetanol
à partir da palha de milho pode ser uma importante tecnologia a ser desenvolvida para a
produção de etanol como substituto da gasolina. Dessa forma, a premissa para a execução
do trabalho a seguir contará com a simulação dos dados de uma amostra de palha de milho
pré-tratada.
De acordo com a Revista Agropecuária, foi desenvolvido um Sistema de Plantio Di-
reto (SPD), visando a mitigação de riscos, como erosão. Neste sentido, é considerável
mencionar que considerando um aumento dos investimentos no setor, a demanda aumen-
tará. Ou seja, hoje em dia uma porção modesta de palha pode ser colhida de forma
sustentável à produção de biocombustı́vel em campos planos e altamente produtivos, para
que a erosão do campo esteja sob controle e as quantidades de colheita sejam cuidadosa-
mente limitadas.
Por outro lado, tanto com expansão da demanda, quanto em relação à remoção exces-
siva de palha (ou qualquer remoção em muitos hectares de milho) há a ascensão do dano
ao solo, da erosão, da poluição da água, da aplicação de nutrientes na matéria, e, também,
pode-se reduzir a quantidade de carbono sequestrada na matéria orgânica do solo. As-
sim, torna-se evidente que deve-se haver uma quantidade ótima de produção, sem que
haja o comprometimento do ecossistema local e que atenda às necessidades das polı́ticas
públicas de redução na emissão de carbono e investimento em energia limpa.

3
Figura 1.1: Retrato do Ciclo de Vida do Biocombustı́vel

[2]
Apesar de não ter correlação direta com o tema deste trabalho, seria interessante
desenvolver um estudo que assegure o potencial máximo de produção de sistemas de
plantação, controlando fatores externos como erosão e afins, estando voltados ao processo
e sua melhoria contı́nua.
Ainda neste cenário, nota-se que para realizar a conversão de biomassa em bioeta-
nol, diversas etapas deste processo relacionam os fluidos, que correspondem à substância
capaz de escoar ou fluir, principalmente em sentidos de viscosidade, tensão limite de ci-
salhamento e afins. Logo, sobre o comportamento deles, é importante mencionar que a
biomassa gerada pela palha de milho pré-tratada tem o comportamento de um fluido não
newtoniano e isso será detalhado conforme o andamento do trabalho. Contudo, ressalta-
se a grande e positiva influência exercida pelos fluidos não newtonianos, no que tange
ao processo de propriedades reológicas do escoamento, seja nos canais, motores, reato-
res ou quaisquer materiais com geometrias não tão usuais. Tendo os demais pontos em
vista, espera-se que a determinação do estudo do fluir da amostra selecionada seja bem
avaliado de acordo com a geometria escolhida.São também assumidas as premissas de
um escoamento subsônico isentrópico e regime de fluido incompressı́vel, por motivos de
simplificação dos cálculos.

4
1.4 Metodologia
Os grandes desafios deste trabalho estão conectados à simulação propriamente dita.
Dessa forma, foi utilizado, em um laptop de uso pessoal, cujo processador é 11th Gen In-
tel(R) Core(TM) i7-1165G7 @ 2.80GHz, com sistema operacional Windows, o programa
OpenFOAM na versão de 2019. Contudo, é imprescindı́vel mencionar que a instalação
do programa só se torna viável ao habilitar a funcionalidade de dual boot do Windows,
habilitando, assim, a rodar o sistema operacional também em Linux.
Após o processo de habilitação do programa, deve-se efetuar a instalação do pro-
grama Ubuntu 18.04 na máquina selecionada e inicializar o sistema operacional em Linux.
Tendo, como último passo, a instalação do programa OpenFOAM e seus complementos.
Pelo fato de ser um processo sem muita informação disponı́vel, foi necessário ter bastante
cautela e assumir riscos frente à integridade da máquina, portanto é indicado, se possı́vel,
utilizar um próprio computador no sistema Linux para evitar danos.
Resumidamente, espera-se criar, na etapa de Pré-Processamento, uma geometria se-
guindo os padrões convergentes-divergentes, utilizar as propriedades da palha de mi-
lho pré-tratada como inputs e estabelecer os números de elementos necessários para
determinação da malha utilizada. Em segundo plano, é necessário que, na Fase de Análise,
sejam aplicadas as condições de contorno, observando as soluções geradas pelo sistema
sobre o escoamento.
Posteriormente, será necessário o Pós-Processamento das Informações, que será ex-
posto no Capı́tulo 04 - Resultados e Discussões. Ademais, o processo de simulação será
exposto detalhadamente no Capı́tulo 03 - Fundamentação Teórica, desta tese, assim
como o código estará anexado.

1.5 Motivação
Como o petróleo é um recurso não renovável nos ecossistemas existentes, com alta
emissão de carbono,impactos ambientais negativos e expectativas iminentes de esgota-
mento, a busca por soluções alternativas, renováveis e sustentáveis torna-se cada vez
mais importante. Ao mesmo tempo, a sociedade atual ainda possui uma relação bastante
intrı́nseca com o petróleo como combustı́vel e seus derivados, sendo esses ainda cruci-
ais no papel da matriz energética mundial. Não obstante a isso, vê-se, a todo instante,

5
polı́ticas de incentivo ao uso de biocombustı́veis justamente para reduzir a relação tão in-
tensa já existente entre o petróleo e a sociedade, principalmente no panorama brasileiro.
Portanto, trabalhar com este tema é ter a certeza de possuir um papel ativo no processo de
transição energética, visando mitigar os impactos causados, desde o princı́pio, pela hu-
manidade, a fim de assegurar um futuro sustentável às próximas gerações, sem que haja
comprometimento dos demais recursos.

1.6 Justificativa
O argumento principal deste trabalho é viabilizar uma simulação computacional vol-
tada à determinação de propriedades reológicas e estudo do fluir da palha de milho pré-
tratada. Com tal procedimento sendo feito, a justificativa do projeto valida-se ao otimizar
a gestão do tempo e, também, poupar financeiramente o processo de colher uma amostra,
levar ao laboratório, avaliar as propriedades, preparar uma bancada de experimentos com
uma geometria manufaturada para, ao fim, obter as mesmas informações que serão obtidas
neste trabalho através do software de implementação de código aberto sobre fluidodina-
mica computacional, já sendo utilizado pelo mercado como ferramenta de validação de
experimentos. Além disso, trazer mais visibilidade aos recursos gratuitos disponı́veis ao
mercado e garantir um estudo sobre o escoamento em determinada geometria poderá ser
estratégico ao olhar de perspectiva futura do panorama energético renovável brasileiro.

1.7 Limites
A atual tese limita-se em relação a um refino mais robuscado da malha e
determinações computacionais que requerem maior potência, além de não efetuar a
comparação com uma bancada própria, pois seria um procedimento bastante custoso.
Além disso, duas problemáticas foram latentes: a demora na simulação do código, devido
à geometria complexa e computador limitado e também a tratativa de erros para execução
do código em estado satisfatório.
Nesse sentido, vale mencionar que apesar da malha refinada, uma das tratativas do
trabalho era executar, ainda mais, o refino, garantindo uma malha próxima à excelência.
Contudo, por motivos de limitações computacionais, ao tentar inserir uma malha demasi-

6
adamente detalhada na Ansys Fluent para caracterização da geometria, o aplicativo rodou
durante dias e não conseguiu concluir a elaboração da malha para a geometria elaborada.
Portanto, teve-se que escolher uma alternativa mais simples, porém também complexa,
para assegurar um bom resultado. Como consequência disso, apenas uma simulação do
projeto durou mais de 50 horas, visto a existência dos milhões números de elementos
propostos pela malha.

Contudo, a cada erro, seja de grafia, especificação ou condição de contorno, o aplica-


tivo não concluı́a a simulação. Ou seja, em alguns momentos, após 24 horas de código,
ele ainda apresentava problemas, tendo a necessidade de ser resetado. Por outro lado, a
máquina que roda o programa demanda bastante energia, então existe um tempo de auto-
nomia de bateria que é ideal para ficar conectado. Entretanto, ao ultrapassar o tempo deli-
mitado, a vida útil da bateria também começa a ser comprometida em prol da simulação.
Não obstante a isso, na etapa de pós processamento, em alguns casos a plotagem das
propriedades não era tão nı́tida. Portanto, foi necessário executar novamente os passos
anteriores, de forma que fosse possı́vel apresentar um resultado aceitável.

Por outro lado, o conhecimento difundido, principalmente em relação ao software


OpenFOAM ainda é muito limitado. Dessa forma, não é trivial obter as informações
de alteração de condições de contorno, especificidades de fluido, geometria, caso a ser
utilizado, malha e todos os demais parâmetros envolvidos no projeto. Tal argumentação
constata-se, também, pela existência de diversas empresas no mercado que se especiali-
zaram nesta plataforma, e, pela lógica capitalista, devem manter seus projetos em sigilo
para que o core business do negócio seja assegurado.

1.8 Organização da Tese


Esta tese está dividida de acordo com os seguintes capı́tulos:

7
Tabela 1.1: Tabela de Capı́tulos.

Número do Capı́tulo Tema


Capı́tulo 1 Introdução
Capı́tulo 2 Referência Bibliográfica
Capı́tulo 3 Fundamentação Teórica
Capı́tulo 4 Resultados e Discussões
Capı́tulo 5 Conclusão

8
Capı́tulo 2

Revisão Bibliográfica

Neste capı́tulo apresentam-se os principais conceitos sobre mecânica e classificação


dos fluidos, considerando escoamentos e geometrias especı́ficas. Ademais, é feita a
definição proposta de biocombustı́veis, em especı́fico, a biomassa gerada a partir da pa-
lha de milho pré-tratada hidrotermicamente visando à produção de etanol, como também
uma revisão dos conceitos principais de fluidodinâmica computacional e suas proprieda-
des para detalhamento das propriedades reológicas do material em análise.

2.1 Descrição de Fluido


Trazendo à tona a definição proposta por FOX, um fluido é caracterizado por ser uma
substância que se deforma continuamente sob a aplicação de uma tensão de cisalhamento
(tangencial), não importa quão pequena ela seja.
Assim, os fluidos compreendem as fases liquida e gasosa (ou de vapor) das formas
fı́sicas nas quais a matéria existe. Além disso, a distinção entre um fluido e o estado
sólido da matéria é clara quando você compara seus comportamentos.[3]
De acordo com BLAIR [4], E. C. Bingham conceituou o estudo baseado no fluir e na
deformação de matéria como reologia. Contudo, a definição do próprio Blair, em acordo
REINER (1967), conceituou-a como o estudo da deformação dos materiais, incluindo o
fluir.
Na reologia dos sólidos, a deformação elástica é o parâmetro mais importante ao passo
que na reologia dos fluidos o parâmetro de maior interesse deve ser a viscosidade (Diaz
et al, 2004). No entanto, certos materiais não podem ser diferenciados em sólidos ou

9
fluidos com clareza, de modo que a propriedade reológica de interesse nestes casos é a
viscoelasticidade. [5]
Dessa forma, torna-se evidente que a reologia dos fluidos está relacionada a um sis-
tema de forças que faz com os mesmos escoem. Portanto, para a compreensão deste
fenômeno, há a necessidade de se estudar o conceito de tensão, deformação e, por fim, de
viscosidade (Castro, 2007 apud Gal, 2016) [5].

Figura 2.1: Comportamentos Sólido e Fluido sob Ação de Força

[3]

2.1.1 Tensão de Cisalhamento

De acordo com a abordagem matemática de Newton, a força requerida por unidade


de área (F/A) para manter uma diferença de velocidade entre duas placas (dy/du) é direta-
mente proporcional ao gradiente de velocidade através do lı́quido. Assim, o coeficiente de
proporcionalidade é igual à viscosidade (µ). Por outro lado, a força por unidade de área
é conhecida como tensão de cisalhamento (τ) e o gradiente de velocidade é conhecido
como taxa de cisalhamento (γ̇) (Barnes et al., 1989 apud Ferreira et al., 2005).[6][7]
Assim, tem-se as seguintes equações elementares:

F
σ= (2.1)
A

dy
τ=µ (2.2)
du
E ao realizar a equivalência de equações, obtém-se:

dy τ
µ =τ = (2.3)
du γ̇

10
2.1.2 Deformação

Um corpo é dito tensionado ou deformado quando a posição relativa dos pontos em


seu interior é modificada. O deslocamento de cada ponto, por sua vez, é definido através
de um vetor que reflete a distância entre a sua localização inicial e final (Chou Pagano,
1967) apud [5]
No caso dos fluidos, classificados de acordo com a relação entre a tensão de cisa-
lhamento e a taxa de cisalhamento aplicada, a contribuição da deformação viscosa é de
fundamental importância (Fox McDonald, 1998).

2.1.3 Viscosidade

De acordo com Robert (H.R.G.K.) Hack, a viscosidade é a resistência à deformação


gradual de um meio e tem relação com a diferença nas taxas de tensão e cisalhamento de
um meio.

2.1.4 Lei de Newton da Viscosidade

Por sua vez, caracteriza-se a adaptação da Equação 2.3 como a Lei de Newton da
Viscosidade, conforme sinalizado abaixo:

du
τ=µ (2.4)
dy
Segundo (HERMAN F. GEORGE, FARRUKH QURESHI, 2013), a lei de Newton
da viscosidade pode ser desenvolvida considerando o fluido em repouso entre dois pra-
tos paralelos. Como passo seguinte, uma força horizontal é aplicada no prato superior,
causando o cisalhamento do fluido entre os dois pratos. Assim, um gradiente de veloci-
dade será desenvolvido entre a camada superior e inferior do fluido. Posto isto, Newton
deduziu que o a tensão aplicada ao topo do prato superior (força/área) é proporcional ao
gradiente de velocidade (velocidade/espaço entre os pratos). [8]

2.1.5 2ª Lei de Newton Expandida

Trazendo à tona a segunda lei proposta por Isaac Newton, tem-se que:

∑ ⃗F = m⃗a (2.5)

11
Ao dividir a equação acima pelo volume v, tem-se que as seguintes equações são válidas:

∑ ⃗f = ρ⃗a (2.6)

Dv
∑ ⃗f = ρ⃗a = ρ Dt (2.7)

 
∂v ⃗
∑ ⃗f = ρ ∂t
+⃗v▽v (2.8)

Como decomposição da força f, ela é distribuida entre força de corpo e superfı́cie:

∑ ⃗f = ∑ ⃗fb⃗fs = ρ⃗g + ▽T (2.9)

Vale ressaltar que o tensor de tensões total equivale a equação abaixo, incluindo o tensor
extra de tensão.
T = −pI + τ (2.10)

Como premissa para prosseguimento dos cálculos, foi assumido o regime incompressı́vel
⃗ = 0.
neste trabalho, tanto na teoria, quanto na simulação. Assim, ▽v
Portanto, temos que a definição do tensor extra de tensão para fluidos newtonianos
ressalte o tensor de taxa de deformação e seja dada pela seguinte fórmula:

τ = −3p + 2µ tr(D) (2.11)

⃗ = 0, tem-se que:
Como ▽v

−1
p= tr(τ) (2.12)
3
Agora, para completar a equação, basta caracterizar o tensor T :

▽T = ▽p + µ▽2 v (2.13)

Logo, realizando a substituição da equação acima na expansão da 2ª lei de Newton, é


possı́vel obter o seguinte resultado final:
  

 ρ ∂v ⃗
+⃗v▽v = ▽p + µ▽2 v + ρg
 ∂t

(2.14)



 ⃗ =0
▽v

12
Através do sistema explicitado, a determinação, tanto da pressão, quanto da veloci-
dade, é viabilizada.
Como adendo à simplificação do problema, pode-se de determinar D empregando
hipóteses diretas do Escoamento de Couette - o caso mais simples existente, sendo linear,
plano, com velocidade V e altura H entre duas placas - e relações de simetria no tensor
gradiente de velocidade L.

Figura 2.2: Exemplo de Escoamento de Couette


[3]

Dessa forma, obtém-se, diretamente das hipóteses impostas por Couette.





 v = uî + v jˆ + zk̂



 y=H
(2.15)


 ⃗v = V eˆx



 z=0

Em sua forma primária, L é equivalente a:


 
∂u ∂u ∂u
 ∂x ∂x ∂z 
L =  ∂∂ xv ∂v ∂v  (2.16)

∂y ∂z 


∂w ∂w ∂w
∂x ∂y ∂z

e também existe a relação de simetria:

L = D +W (2.17)

Após aplicação das condições impostas e explicitadas, como o tensor está sendo
composto por sua parte simétrica (D) e assimétrica (D), tem-se o valor de L como:

13
 
0 V /H 0
 
L = 0
 
0 0
 
0 0 0
Com a relação de simetria proposta, obtém-se: (2.18)

   
0 1/2(V /H) 0 0 1/2(V /H) 0
   
L = 1/2(V /H) 0 + −1/2(V /H) (2.19)
   
0 0 0
   
0 0 0 0 0 0

2.2 Fluidos Newtonianos Generalizados


Existem vários fluidos não-Newtonianos associados a especı́ficos modelos fı́sicos,
mas estamos interessados apenas nos fluidos Newtonianos Generalizados, os quais se
obtém modificando de forma empı́rica o termo viscoso que deixa de ser constante e passa
a depender de algo com base em observações experimentais, por exemplo pode depender
da pressão, da temperatura ou da taxa de cisalhamento.[9]
De acordo com Hermany[10], a modificação proposta da lei de Newton substitui a
viscosidade constante por uma viscosidade que varia de acordo com o gradiente de velo-
cidades, ou seja, para a tensão cisalhante terı́amos a seguinte expressão:

du1
τ12 = η (2.20)
dx2
du1
onde η é uma função do gradiente de velocidades dx2 . [10]
Ademais, segundo Motta [11], a equação constitutiva para a parte deviatórica do tensor
das tensões τ um fluido newtoniano incompressı́vel é dada pela equação seguinte:

τ = 2µ(γ̇)D (2.21)

Tendo que o tensor D é a parte simétrica do gradiente de velocidade e µ(γ̇) é a função


de viscosidade dinâmica do fluido, que é função da temperatura e pressão, mas costuma
ser tratada como constante na maioria dos casos. [11]
Para assegurar a generalização da Equação 2.3, aplica-se o termo

14
Segundo Ramos, para muitos fluidos reais, a viscosidade do fluxo muda com a intensi-
dade da taxa de deformação. Assim, essa mudança da viscosidade pode ser muito intensa
em alguns fluidos e não pode ser ignorada. A maneira mais simples de modelar esse
comportamento é introduzir a viscosidade em função da taxa de cisalhamento. [9] Temos
assim, a seguinte equação para obtenção do tensor total de tensões (Tensor de Cauchy):

T = −pI + τ = −pI + 2µD (2.22)

onde -p é a pressão mecânica, T corresponde pelo tensor total de tensões.

2.3 Fluidos Não Newtonianos


Contudo, para fluidos não newtonianos, a Equação 2.3 não é válida, visto que não
existe relação de linearidade entre o tensor taxa de deformação e a função viscosidade.
Dessa forma, podemos caracterizá-los como uma negação das premissas do fluido newto-
niano, ressaltando pontos que asseguram sua configuração uma vez que sua viscosidade
dependa da taxa de deformação aplicada ou do tipo de escoamento aplicado. Assim, pode-
se afirmar que ao apresentar uma dessas duas premissas, o fluido confirma sua identidade
não newtoniana. Por outro lado, ainda que o fluido não apresente tais caracterı́sicas, não
se pode configurá-lo como newtoniano pela ausência de uma das duas manifestações.

2.3.1 Lei de Potência

Quando a função viscosidade da Equação 2.3 é dada pela seguinte equação:

µ(|γ̇|) = k |γ̇|n−1 (2.23)

Tem-se, de acordo com Ramos, o que se chama um modelo de lei de potência. Onde,
os parâmetros k e n são chamados de consistência e ı́ndice de fluxo (constantes positivas),
respectivamente se n = 1 na Equação (2.5), então o tensor de tensão de Cauchy (2.4)
corresponde ao comportamento Newtoniano com µ = k.[9]
Caso obtenha-se um valor de n < 1, tem-se um fluido com comportamento pseu-
doplástico ou shear-thinning (viscosidade diminui com o aumento da taxa de cisalha-
mento) e se n > 1, tem-se um fluido com o comportamento dilatante ou shear-thickening
(viscosidade aumenta com a taxa de cisalhamento).

15
Figura 2.3: Taxa de Tensão vs. Taxa de Cisalhamento

2.3.2 Fluido Power Law

Além de também ser conhecido como um fluido Ostwald-de Waele - um modelo


empı́rico com duas constantes a determinar, o padrão da função de viscosidade é dado
pela seguinte equação:
η(γ̇) = k γ̇ n−1 (2.24)

Os parâmetros reológicos da equação (2.6) são definidos como n sendo o ı́ndice adimen-
sional de power-law e o parâmetro em especı́fico que define o comportamento do fluido,
k sendo o parâmetro de consistência com unidade em [ kg
ms
n−2 ], γ̇ tendo sua caracterização

por ser a taxa de cisalhamento, e, η(γ̇) sendo definido, por sua vez, como a função de
viscosidade.
Segundo Motta[11], uma das oposições a este modelo é que ele não define a visco-
sidade quando a taxa de cisalhamento é nula. Porém, em diversos problemas, as regiões
do domı́nio onde as taxas de cisalhamentos são baixas têm menor importância. Além
disso, o modelo apresenta certa simplicidade, tendo soluções analı́ticas em escoamentos
viscométricos. É um dos modelos mais utilizados.

2.3.3 Fluido de Bingham

Os primeiros estudos sobre viscoplasticidade realizados por Bingham em 1922,


mostram que existe um valor residual para a tensão de cisalhamento – tensão limite
de escoamento – que precisa ser excedido para que o material apresente fluxo viscoso

16
[12]. A equação constitutiva mais elementar de uso comum que descreve um material
que escoa é o fluido de Bingham. O fluido de Bingham é geralmente definido em um
fluxo unidimensional totalmente desenvolvido no qual existe apenas um componente de
velocidade (vx ), uma função apenas da coordenada transversal (y), e a única tensão extra
diferente de zero é a tensão de cisalhamento (τxy ).[13]

Após exceder seu valor de tensão limite de escoamento (τy ), nota-se o comporta-
mento do fluido como puramente viscoso. Assim, tem-se que a equação da viscosidade é
dada por:

τxy = τy + µ γ̇, para τxy > τy (2.25)

γ̇ = 0, para τxy ≤ τy (2.26)

Onde γ̇ é a taxa de cisalhamento. Com essa equação, pode-se observar que a função
é contı́nua, garantindo que, no momento que o fluido atingir sua tensão de escoamento
limite (τy ), ele se comportará como uma reta, assim como os fluidos newtonianos quando
escoam. Tal comportamento endossa a premissa de que este é o material viscoplástico
mais simples.

2.3.4 Fluido de Herschel-Bulkley

De acordo com Cervera e Moreno, no modelo plástico de Herschel-Bulkley combina-


se a tensão de fluxo e o potencial de carga. Neste modelo, a viscosidade aparente está
dada por:

τy
µ(γ̇) = k γ̇ n−1 + , para τ > τy (2.27)
γ̇
γ̇ = 0, para τ ≤ τy (2.28)

Assim como para o modelo de Bingham, os materiais de Herschel-Bulkley requerem uma


tensão de corte mı́nima,τy , para que o material flua.
Para nı́veis de tensão por cima da tensão de fluência, o material flui com uma relação
não linear de tensão-velocidade de deformação como um fluido pseudoplástico (n < 1)
ou dilatante (n > 1) determinado pelo expoente da lei de potência (n). Se n = 1, se tem o
fluido de Bingham como caso particular e o ı́ndice de consistência é igual à viscosidade

17
plástica do material k = µ0 . Se a tensão de fluxo é nula, τy = 0, recupera-se o potencial
de lei.[14]

2.4 Tubo de Venturi


Como premissa fundamental da definição de uma geometria convergente-divergente,
é posto que o escoamento seguirá as codições propostas por FOX[3]. Se a vazão for su-
ficientemente baixa, o escoamento será subsônico e essencialmente incompressı́vel em
todos os pontos sobre esta curva.
Nessas condições, o bocal C-D comportar-se-á como um venturi, com o escoamento ace-
lerando na parte convergente até que um ponto de velocidade máxima e pressão mı́nima
seja atingido na garganta, e desacelerando em seguida na parte divergente até a saı́da
do bocal. (Esse comportamento é descrito com exatidão pela equação de Bernoulli, Eq.
6.18.) [3]

Figura 2.4: Exemplo de Tubo de Venturi

[15]

2.4.1 Equação de Bernoulli

Segundo Cid e Correa, a equação representa uma aplicação do princı́pio de


conservação de energia para fluidos ideais, que nos possibilita relacionar a velocidade
do fluido com a pressão no mesmo. Inspirado na equação de Bernoulli, o fı́sico itali-
ano Giovanni Battista Venturi criou o tubo de Venturi, um aparato utilizado para obter a
velocidade do escoamento de um lı́quido incompressı́vel.[16]
No tubo um lı́quido atravessa uma região com maior seção transversal e em seguida
outra região de menor seção transversal. A partir da diferença de pressão entre as duas

18
regiões, aferida através do deslocamento de colunas do lı́quido, é possı́vel obter as velo-
cidades do lı́quido nas regiões.[16]
Assim, aplicando essa equação para duas regiões distintas de um tubo, por onde escoa
um fluido. Ademais, como resultado da equação, pode-se observar também que quanto
menor for a área de escoamento de um fluido, maior será a sua velocidade. Portanto, a
equação é formulada da seguinte forma:

1 1
p1 + ρgh1 + ρv21 = p2 + ρgh2 + ρv22 (2.29)
2 2

19
Capı́tulo 3

Fundamentação Teórica

3.1 Computational Fluid Dynamics - CFD


A dinâmica de fluidos computacional (CFD) usa computadores poderosos e ma-
temática aplicada para modelar situações de fluxo de fluido. O parâmetro de sucesso
é quão bem os resultados da simulação numérica concordam com o experimento em ca-
sos onde experimentos de laboratório cuidadosos podem ser estabelecidos, e quão bem as
simulações podem prever fenômenos altamente complexos que não podem ser isolados
no laboratório (Sethian, 1993, apud Xia, 2002). [17]
Como uma ciência em desenvolvimento, o CFD tem recebido ampla atenção em toda a
comunidade internacional desde o advento do computador digital. Desde o final da década
de 1960, houve um crescimento considerável no desenvolvimento e aplicação do cfd em
todos os aspectos da dinâmica dos fluidos (Parviz e John, 1997, apud Xia, 2002)[17]
O CFD também se tornou um dos três métodos básicos que pode ser utilizado para
resolver problemas de dinâmica dos fluı́dos ou transferência de calor. Como mostrado na
figura abaixo, cada abordagem é fortemente conectada uma na outra e não permanece só
ou em isolamento. Tradicionalmente, tanto os métodos experimentais, quanto analı́ticos,
vinham sendo utilizados para assistir engenheiros nos designs de equipamentos e pro-
cessos industriais envolvendo fluxo de fluido e transferência de calor. Com o avanço
da era digital, o aspecto numérico (computacional) surgiu como uma outra abordagem
viável.[18]

20
Figura 3.1: Três Abordagens Básicas para Resolver Problemas de Fluidodinâmica ou
Transferência de Calor

[18]

3.2 Métodos Utilizados

3.2.1 Simulação Computacional

Por se tratar de uma simulação, foi necessário contemplar todas as etapas da solução,
sendo elas: pré processamento, análise e pós processamento.Não obstante a isso, vale res-
saltar que a primeira etapa de tratamento será mais aproximada da solução por elementos
finitos e terá em seu core business o software Ansys Fluent. Por outro lado, as etapas
restantes serão trabalhadas nos princı́pios da fluidodinâmica computacional, tendo seus
resultados e propriedades tratados em softwares de código aberto, sendo esses o Open-
Foam e o ParaView.
Referente ao pré-processamento, tem-se a definição da geometria, assim como a do
elemento a ser utilizado - no caso, fluido - dos materiais, das condições de contorno e
também dos requerimentos para gerar a malha ideal.Como ferramentas de análise, tem-
se o software OpenFOAM versão 1812 que roda no sistema operacional Ubuntu 18.04.5
LTS, responsável pela solução numérica criada através das condições de contorno inseri-
das através das bibliotecas de funções já existentes no programa.
O último passo se dá no momento de pós processamento, onde pode-se notar os re-
sultados plotados, animações sobre o estudo do fluir no corpo, tabelas e insights obtidos

21
através de todo o processo de solução que foi implementado. Neste último passo, é de
suma importância garantir que as premissas utilizadas estejam coerentes com o que foi
inicialmente tratado no problema, de forma que o responsável pela simulação seja ca-
paz de enxergar, ou não, os progressos dos dados que foram tratados. Sendo assim, a
simulação executada deste trabalho teve o viés de aglutinar as três fases mais importantes
do processo e garantir um tratamento crı́tico sob a perspectiva da engenharia mecânica
frente a uma simulação computacional de fluidodinamica.

3.3 Ansys Fluent


Neste software foi elaborada a geometria e também a malha, visto que, referente ao
OpenFOAM, ele apresenta uma caracterı́stica mais visual e interativa para criação de ma-
lhar e geometrias. Assim, a geometria de um tubo convergente-divergente foi selecionada
e os passos aqui elaborados se referem ao processo anterior de soluções das equações.

Figura 3.2: Página Inicial do Ambiente Ansys Workbench

3.3.1 Geometria do Corpo

Tendo em vista a proposição convergente-divergente do material, foi elaborada uma


geometria, através do programa Ansys Fluent 2022 R2 Student, selecionando o módulo
DesignModeler. Nesse sentido, houve a determinação de retas e o estabelecimento de

22
vértices buscando garantir a integridade do rascunho e coerência matemática de seu mo-
delo. Como forma de validação, escolheu-se o plano XY como base de elaboração, e ,
por isso, tornou-se necessário ajustar às dimensões reais, angulações e também relações
geométricas entre os itens do objeto que foi projetado. Ao selecionar uma geometria que
comportava o que foi imaginado, o resultado foi bastante satisfatório.

Figura 3.3: Geometria formulada em duas dimensões

Tendo em vista a conclusão, com sucesso, dos passos posteriores, o passo final desta
seção é de extrudar o objeto desenhado. Nesse sentido, vale ressaltar que foi realizada
uma extrusão bidirecional, assegurando a mesma diferença de altura em relação à linha
média do corpo.
Após extrusão da Figura acima, obteve-se como resultado a figura abaixo:

Figura 3.4: Geometria formulada em três dimensões

23
3.3.2 Geração de Malha

No que tange à geração da malha, após a criação a geometria, o próprio software esta-
belece uma coonfiguração default. Contudo, foi necessário alterar, logo de inı́cio, a ordem
do elemento da malha interna para 0,25 metros. Ao executar este passo, obteve-se uma
malha com números de 1.190.400 elementos e 1.230.309 nós. Dessa forma, pode-se per-
ceber, conforme figura abaixo, o bom ajuste da malha selecionada. Ademais, no Apêndice
F é capaz de observar o código e o resultado desta importação de malha diretamente no
OpenFOAM.

Figura 3.5: Exemplo de utilização da malha no Ansys

24
Figura 3.6: Exemplo de utilização da malha no Paraview

Após este processo, é necessário salvar o arquivo da malha e exportá-lo, considerando


que o arquivo esteja coerente ao ASCII (Código Padrão Americano para o Intercâmbio
de Informação).Além disso, pode-se perceber que a malha foi aproveitada em sua tota-
lidade ao OpenFOAM, e, consequentemente, Paraview. As caracterı́sticas da malha são
exatamente iguais.

3.4 OpenFOAM
De acordo com Jasak apud. Motta [11], o OPENFOAM (Open Field Operation
and Manipulation) é uma biblioteca orientada a objeto para Mecânica do Contı́nuo
Computacional, que busca facilidade de implementação de novos modelos, para que
os mesmos possam ser validados experimentalmente e sua performance avaliada em
aplicações industriais. Como um sistema autônomo, o OpenFOAM fornece componentes
para manipulação da malha, sistemas lineares, suporte para solucionadores, operadores
para discretização e modelos fı́sicos na forma de uma biblioteca, que é acessı́vel por
diferentes solucionadores e permite que eles interajam entre si. Adicionalmente, etapas
como pré-processamento, aquisição de dados e manipulação da malha também são
contempladas neste software.

25
Figura 3.7: Página Inicial do Ambiente OpenFOAM no Terminal Ubuntu

Para resolver equações diferenciais parciais, o OpenFOAM precisa transformá-las


em sistemas algébricos, o que significa que elas devem ser discretizadas. Como resultado
desse sistema algébrico, localizações predeterminadas no domı́nio são retornadas com
os valores das equações diferenciais resolvidas. Antes de discretizar as equações, o
domı́nio precisa ser dividido em um número finito de volumes de controle. Usando esta
discretização espacial, o sistema matemático é resolvido exatamente no centróide de cada
célula da malha para retornar os valores das variáveis de campo. Dessa maneira, não é
necessário limitar o número de lados em cada elemento da malha.[19]

Ademais, é válido ressaltar que um grande desafio do atual trabalho, neste soft-
ware, foi alcançar à fluência para a execução de simulações que contemplassem o ponto
de vista da resolução de um problema particular, possuindo condições diferentes das
resoluções padrões já implementadas.
Ao acessar, no diretório do Ubuntu, o OpenFOAM, o processo inicial a ser executado
foi a importação da geometria já tendo sua malha aplicada, visto que foi gerada no passo
anterior através do Ansys Fluent.
A simulação começa após a execução de alguns comandos, como ”sudo su- res-
ponsável por garantir acesso a todos os usuários da máquina em que o programa está
sendo rodado. É, além disso, uma atividade de mitigação de riscos bastante válida,
visto que o software precisa ter uma visão transversal de todos os componentes de uma

26
máquina.

Após rodar o primeiro comando, é necessário inserir a senha previamente configu-


rada para poder dar prosseguimento ao processo. Posteriormente, após o primeiro
comando, é indicável que o usuário saiba, com exatidão, o endereço dos arquivos insta-
lados na própria máquina. O caminho é necessário para ser implementado no segundo
comando, ”cd”, sendo esta uma ordem necessária para acessar a pasta de tutoriais de
escoamentos incompressı́veis do aplicativo. No caso deste trabalho, foi necessário usar
a função ”pisoFoam”como padrão para elaboração das demais funções e adequação da
geometria. O motivo da escolha se deu pelos parâmetros já implementados nessa função,
sendo mais triviais de serem alterados.

Depois do acesso ao diretório das pastas, é indicável que seja utilizado o comando
”ls”para visualização de todos os arquivos e pastas do projeto. É indicável que o arquivo
contendo a malha esteja no mesmo local que as pastas padrão do OpenFOAM (0, system
e constant) para a determinada função.
Seguindo a utilização da ordem acima, sendo possı́vel encontrar o arquivo de malha,
é necessário importá-la através do comando ”fluent3DMeshToFoam nomedamalha.msh”.
Após validação deste modelo, o solver começará a rodar suas primeiras caracterizações,
garantindo a importação da malha.
Como próximo passo, é necessário que todas os arquivos em doc.x nas pastas padrão
sejam conferidos e tenham a mesma nomenclatura em relação às faces nomeadas. A não
execução deste passo pode causar restrição futura no código.

3.4.1 Condições de Contorno - Comportamento Não Newtoniano

Como o foco do trabalho é garantir o escoamento de um biocombustı́vel com carac-


terı́sticas não newtonianas, foi selecionada uma amostra de palha de milho pré-tratada,
com dados de pós processamento fı́sico em um reômetro. De acordo como Russ et al, as
demais propriedades de tal material já foram avaliadas fisicamente no reômetro Physica
MCR 300 - reômetro compacto modular da Anton Paar (Ashland, Virgı́nia, Estados
Unidos da América - 2014), serão de acordo com o modelo de Herschel Bulkley e seus
valores são [20]:

27
• τy = 60Pa; k = 2.4kg.m−1 s−1 e n = 0.715[20]

Uma vez que os parâmetros da equação (2.24) já foram contemplados com os dados
acima, o modelo foi selecionado para ser o fluido de referência pela equação e utilização
no solver.
Para adicionar as configurações do fluido Herschel Bulkey no software, foi necessário
alterar o documento do próprio aplicativo, através do diretório da máquina, na pasta
viscosityModels,localizada na pasta de TransportModels, inserindo informações sobre
o modelo, colocando os dados propostos e também solicitar a própria função para
funcionamento no código. O que foi feito nesta parte pode ser visto no Apêndice A.

Tendo executado como sucesso os passos anteriores, basta selecionar o comando


”nonNewtonianIcoFoam”e esperar a convergência dos dados. Após horas de simulação,
será possı́vel salvar os resultados da simulação utilizando o comando ”touch re-
sults.foam”. Assim, tem-se o arquivo pronto para exportação e pós-processamento no
Paraview. Este tutorial pode ser observado também no Apêndice C

3.4.2 Condições de Contorno - Comportamento Newtoniano

O mesmo processo explicitado acima com um fluido newtoniano que possui as


mesmas caracterı́sticas do que foi utilizado. Assim, os inputs utilizados foram:

• τy = 0Pa; k = 2.4kg.m−1 s−1 e n = 0.715.

Pela equação (2.24), nota-se que com essess valores já se pode obter uma relação
newtoniana. Houve diferença no resultado, que será explicitado no próximo capı́tulo.
Este tutorial pode ser observado também nos Apêndice B e Apêndice D.

3.4.3 Controle do Tempo da Simulação

O passo de tempo utilizado na discretização temporal precisa ser estritamente


controlado. Isso ocorre pois a equação para a saturação que é resolvida no simulador é

28
explı́cita, ou seja, grandes passos de tempo podem ocasionar instabilidades numéricas
(JASAK, 2009) apud (SARCINELLI, 2021) [21][19].

• Número de Courant
u
Co = max( )∆T (3.1)
dcel
O número de Courant é a maneira mais simples de calcular o passo de tempo, e consiste da
razão entre a distância percorrida pelo escoamento em um passo de tempo e o tamanho da
célula. O valor considerado é sempre o máximo no domı́nio, ou seja, precisa ser calculado
para cada célula individualmente (JASAK, 1996) apud (SARCINELLI, 2021)[21][19].
Como output do solver, o número de Courant médio obtido entre as simulações foi de
0.000516.

3.5 Paraview
De acordo com Ahrens et al[22], o Paraview é uma ferramenta para os cientistas vi-
sualizarem e analisarem conjuntos de dados extremamente grandes. A ferramenta for-
nece uma interface gráfica do usuário para a criação e execução dinâmica de tarefas de
visualização. ParaView de forma transparente suporta a visualização e renderização de
grandes conjuntos de dados executando esses programas em paralelo em máquinas de
memória compartilhada ou distribuı́da.

Figura 3.8: Página Inicial do Ambiente Paraview

29
Dessa forma, como ferramenta final de pós-processamento - uma vez que os dados
tenham chegado à convergência no último passo - torna-se necessário selecionar os ar-
quivos a serem analisados, e, após isso, ler, analisar e plotar as variáveis de pressão e
velocidade que foram calculadas através do OpenFOAM.

Figura 3.9: Exemplo de Plotagem no Paraview

Ao executar esta parte do código, basta selecionar os arquivos gerados pelo solver em
extensão ”.foam”e ”.msh”. Dessa maneira, será possı́vel observar os resultados de acordo
com a variável selecionada. Ao seguir os passos acima, é possı́vel começar a avaliar os
resultados.

30
Capı́tulo 4

Resultados e Discussões

A estratégia determinada neste trabalho é para efetuar a comparação entre o escoa-


mento de um fluido não newtoniano e outro newtoniano. Dessa forma, serão apresenta-
dos os valores, em primeiro plano, do fluir da palha de milho pré-tratada na geometria
convergente-divergente em seu comportamento do modelo de Herschel-Bulkley.

4.0.1 Palha de Milho Pré Tratada - Fluido Não Newtoniano

A metodologia utilizada para a análise foi separada em 3 momentos, sendo esses t1 =


0.001s (inicial) e t2 = 0.1s (final). Ademais,as propriedades plotadas foram pressão e
velocidade.
Como avaliação do campo de pressão na geometria, tem-se que:

Figura 4.1: Distribuição de Pressão em Fluido de Herschel-Bulkley para t1 = 0.001s

31
Figura 4.2: Distribuição de Pressão em Fluido de Herschel-Bulkley para t2 = 0.1s

Em geral, pode-se observar uma maior pressurização no momento inicial e a seguinte


despressurização do material conforme o escoamento avança. Dessa forma, constata-se a
premissa de Bernoulli, visto que se a velocidade de uma partı́cula de um fluido aumenta
enquanto ela se escoa ao longo de uma linha de corrente, a pressão do fluido deve diminuir
e vice-versa.
Como avaliação do campo de velocidade na geometria, tem-se que:

Figura 4.3: Distribuição da Velocidade em Fluido de Herschel-Bulkley para t1 = 0.001s

32
Figura 4.4: Distribuição da Velocidade em Fluido de Herschel-Bulkley para t2 = 0.1s

De forma geral, a avaliação da velocidade manteve-se fiel à proposição de Bernoulli,


não tendo alterações substanciais e garantindo a maior velocidade no pescoço da geome-
tria, ou seja, na área com menor seção transversal. Portanto, ao aumentar a velocidade,
há a redução de pressão. Isso fica evidente com as imagens acima.

4.0.2 Palha de Milho Pré Tratada - Fluido Newtoniano

Nesta parte da simulação, foi utilizado o parâmetro que torna encaixa o fluido de
Herschel-Bulkley no padrão newtoniano, ou seja, γ̇ = 0. Assim, é possı́vel obter um
fluido com comportamento newtoniano que possua as mesmas caracterı́sticas outrora es-
pecificadas.
Como avaliação do campo de pressão na geometria, tem-se que:

33
Figura 4.5: Distribuição de Pressão em um Fluido Newtoniano para t1 = 0.001s

Figura 4.6: Distribuição de Pressão em um Fluido Newtoniano para t2 = 0.1s

Constata-se que referente à pressão não newtoniana, este modelo se comportou de


maneira distinta. Tal fato é notório e ocorrido graças à diferença de τy imposta como
condição de contorno no problema. A diferença de 60 Pa à 0 Pa configura um comporta-
mento diferente no fluido, fazendo com que o primeiro caso buscasse mais rapidamente o
alı́vio de pressões na determinada geometria.
Por outro lado, como avaliação do campo de velocidade na geometria, tem-se que:

34
Figura 4.7: Distribuição da Velocidade em um Fluido Newtoniano para t1 = 0.001s

Figura 4.8: Distribuição da Velocidade em um Fluido Newtoniano para t2 = 0.1s

Com isso, pode-se afirmar que o comportamento de velocidades, independentemente


dos fluidos, é semelhante e garante o funcionamento das premissas já mencionadas no
trabalho.

35
Capı́tulo 5

Conclusões

Neste trabalho foi exposta a importante motivação que impulsiona os estudos de


alternativas energéticas buscando a neutralidade de emissões de carbono. Neste sentido,
os fenômenos de escoamentos de materiais biorrenováveis foram verificados e também
foi feita uma revisão da literatura com trabalhos importantes a respeito do assunto, prin-
cipalmente tratando das especificidades fluı́dicas, modelos e propriedades termofı́sicas
do material em questão.

Também foi abordada a metodologia do trabalho, onde são apresentados os princi-


pais softwares que compõem o processo de simulação, englobando todas as etapas. Para
isso, foi feita uma breve descrição sobre as plataformas Ansys Fluent, OpenFOAM,
Paraview e o solver implementado que foi usado para gerar os resultados apresentados.
Um modelo de equação não newtoniano foi proposto para calcular p e U caracterı́sticos
do escoamento do fluido selecionado em suas duas hipóteses, uma newtoniana e outra
não newtoniana.

Diversas simulações foram realizadas, sendo que muitas delas possuı́am erros após
dias de processamento, o que tornou o resultado difı́cil de ser obtido. Contudo, o solver
foi capaz de fornecer as caracterı́sticas do escoamento para ambos os casos selecionados,
a fim de comparar a influência do parâmetro de tensão entre eles.

Tornou-se evidente, portanto, que a principal diferença obtida entre o escoa-


mento de um fluido, com as mesmas caracterı́sticas do que as foram neste trabalho

36
selecionadas[20], será retratada pela diferença de comportamento mediante à pressão.
Sendo assim, o fluido não newtoniano buscará o alı́vio de pressões de maneira mais
rápida que o newtoniano. Outrossim, conclusões tangentes à geometria também foram
observadas, como, por exemplo, a necessidade de redução do diâmetro selecionado para
aumento da velocidade do escoamento, a ausência de refluxo e, dependendo da seleção
do material, buscar uma matéria-prima que tenha resistência tanto referente à tensão de
escoamento maior do que a imposta no próprio fluido.

Dessa forma, no panorama atual, onde se enxerga, cada vez mais, a necessidade de
investimentos em biocombustı́veis, incluindo a biomassa, é evidente que o escoamento
em configurações como a imposta no trabalho serão cada vez mais usuais. Por outro lado,
é necessário garantir que, para benefı́cio do mercado, o fluido mantenha caracterı́sticas
comerciáveis, como os fluidos newtonianos que já predominam no mercado, como a
gasolina - fluido newtoniano, considerando condições normais.

Para trabalhos futuros, algumas sugestões são:

• Alterar a geometria do domı́nio;

• Usar outros modelos de fluidos não newtonianos;

• Simular outros exemplos de biomassa.

37
Referências Bibliográficas

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para a transição”, urlDisponı́vel em: https://epbr.com.br/
aumento-de-biodiesel-no-curto-prazo-sera-desafio-para-transicao/.
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odiesel com todas as etapas de uso esboçam diagrama”, url-
Disponı́vel em: https://www.istockphoto.com/br/vetor/
explicao-do-ciclo-de-vida-do-combustvel-de-biodiesel-com-todas-as-etapas-d
Acesso em: 08 de janeiro 2023, february 2022.

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Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Civil, v. 1, pp. 22–
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38
[8] GEORGE, H. F., . Q. F., “ewton’s Law of Viscosity, Newtonian and Non-Newtonian
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[9] RAMOS, A. C. D., “Modelos unidimensionais para fluidos Newtonianos e Newtoni-


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DE FLUIDOS VISCOPLÁSTICOS ATRAVÉS DE UMA EXPANSÃO SE-
GUIDA DE UMA CONTRAÇÃO AXISSIMÉTRICA”, Dissertação para
obtenção do Tı́tulo de Mestre em Engenharia, pp. 2416–2420, 2012.

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sos de Reservatórios Petrolı́feros com o Objetivo do Aumento de sua permea-
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DE UM MÓDULO PARA ENSAIO DE RESISTÊNCIA À CAVITAÇÃO”,
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lizando Arduino e sensor de pressão”, Revista Brasileira de Ensino de Fı́sica,
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food industry: a review”, Computers and Electronics in Agriculture, v. 34,
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Practical Approach”, Butterworth-Heinemann - Elsevier, v. 3, pp. 1–10, 2018.

39
[19] AMARAL SARCINELLI GARCIA, F., “Análise da robustez de um simulador de
fluidodinâmica computacional para escoamento bifásico e compressı́vel em
meios porosos”, Projeto de Graduação - UFRJ/ Escola Politécnica/Curso de
Engenharia Mecânica, v. 1, pp. 19–100, 2021.

[20] RUSS, D. C., THOMAS, J. M. D., MILLER, Q. S., et al., “Predicting Power for a
Scaled-up Non-Newtonian Biomass Slurry”, Chemical Engineering & Tech-
nology, v. 38, n. 1, pp. 53–60, 2015.

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cations to fluid flows.” 1996.

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eigenvalue problem”, Quart. Appl. Math., v. 9, pp. 17–29, 1951.

[24] SANTOS, P. R. M., “Análise da robustez de um simulador de fluidodinâmica


computacional para escoamento bifásico e compressı́vel em meios porosos”,
Dissertação (Mestrado) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, v. 1,
pp. 19–100, 2019.

[25] LANCZOS, C., “An iteration method for the solution of the eigenvalue problem
of linear differential and integral operators”, J. Research Nat. Bur. Standards,
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Navier-Stokes Em Uma Formulação Penalizada De Elementos Finitos”, Pro-
jeto de Graduação - UFRJ/ Escola Politécnica/Curso de Engenharia Curso
de Engenharia Naval e Oceânica, v. 1, pp. 1, 2016.

40
Apêndice A

Código Fonte da Função


nonNewtonianIcoFoam -
Comportamento Não Newtoniano

/*--------------------------------*- C++
-*----------------------------------*\
| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: v2212 |
| \\ / A nd | Website: www.openfoam.com |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format ascii;
class dictionary;
object transportProperties;
}
// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
* * //

transportModel HerschelBulkley;

41
CrossPowerLawCoeffs
{
nu0 0.01;
nuInf 10;
m 0.4;
n 3;
}

BirdCarreauCoeffs
{
nu0 1e-06;
nuInf 1e-06;
k 0;
n 1;
}

HerschelBulkleyCoeffs
{
##Ao selecionar os parmetros de tau0=60 Pa, k=2.49 {Pa.s^{n}} e n=0.715,
obtivemos a modelagem de uma funo no newtoniana, visto que no existe
uma relao linear entre tenso e deformao no fluido especificado.
{
tau0 60;
k 2.49;
n 0.715;
}
//
*************************************************************************
//

42
Apêndice B

Código Fonte da Função


nonNewtonianIcoFoam -
Comportamento Newtoniano

/*--------------------------------*- C++
-*----------------------------------*\
| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: v2212 |
| \\ / A nd | Website: www.openfoam.com |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format ascii;
class dictionary;
object transportProperties;
}
// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
* * //

transportModel HerschelBulkley;

43
CrossPowerLawCoeffs
{
nu0 0.01;
nuInf 10;
m 0.4;
n 3;
}

BirdCarreauCoeffs
{
nu0 1e-06;
nuInf 1e-06;
k 0;
n 1;
}

HerschelBulkleyCoeffs
##Ao alterar os parmetros de tau0=0 e n=1, obtivemos a modelagem de uma
funo newtoniana, visto que existe uma relao linear entre tenso e
deformao no fluido especificado. Nesse sentido, mantivemos o valor de
k, visto que o fluido selecionado era o mesmo para ambas situaes.
{
tau0 0;
k 2.49;
n 1;
}
//
*************************************************************************
//

44
Apêndice C

Código Fonte - Comportamento Não


Newtoniano

fabiujunior@LAPTOP-SS1CG9PP:~$ sudo su
root@LAPTOP-SS1CG9PP:/usr/lib/openfoam/openfoam2212/tutorials/incompressible/pisoFoam/
custom
root@LAPTOP-SS1CG9PP:/usr/lib/openfoam/openfoam2212/tutorials/incompressible/pisoFoam/LES/
custom cd
root@LAPTOP-SS1CG9PP:/usr/lib/openfoam/openfoam2212/tutorials/incompressible/pisoFoam/LES/
custom# ls
0 0.008 0.016 0.024 0.032 0.04 0.048 0.056 0.064 0.072 0.08
0.088 0.096 results.foam
0.001 0.009 0.017 0.025 0.033 0.041 0.049 0.057 0.065 0.073 0.081
0.089 0.097 system
0.002 0.01 0.018 0.026 0.034 0.042 0.05 0.058 0.066 0.074 0.082
0.09 0.098
0.003 0.011 0.019 0.027 0.035 0.043 0.051 0.059 0.067 0.075 0.083
0.091 0.099
0.004 0.012 0.02 0.028 0.036 0.044 0.052 0.06 0.068 0.076 0.084
0.092 0.1
0.005 0.013 0.021 0.029 0.037 0.045 0.053 0.061 0.069 0.077 0.085
0.093 constant
0.006 0.014 0.022 0.03 0.038 0.046 0.054 0.062 0.07 0.078 0.086
0.094 mesh.msh

45
0.007 0.015 0.023 0.031 0.039 0.047 0.055 0.063 0.071 0.079 0.087
0.095 postProcessing
root@LAPTOP-SS1CG9PP:/usr/lib/openfoam/openfoam2212/tutorials/incompressible/pisoFoam/LES/
custom#
root@LAPTOP-SS1CG9PP:/usr/lib/openfoam/openfoam2212/tutorials/incompressible/pisoFoam/
LES/custom# fluent3DMeshToFoam mesh.msh
nonNewtonianIcoFoam
touch results.foam

46
Apêndice D

Código Fonte - Comportamento


Newtoniano

fabiujunior@LAPTOP-SS1CG9PP:~$ sudo su
root@LAPTOP-SS1CG9PP:~# cd
/usr/lib/openfoam/openfoam2212/tutorials/incompressible/pisoFoam/LES/
nncuston
root@LAPTOP-SS1CG9PP:/usr/lib/openfoam/openfoam2212/tutorials/incompressible/pisoFoam/LES/
nncuston# ls
0 0.002 0.004 0.006 0.008 0.01 mesh.msh postProcessing
0.001 0.003 0.005 0.007 0.009 constant nnresul.foam system
root@LAPTOP-SS1CG9PP:/usr/lib/openfoam/openfoam2212/tutorials/incompressible/pisoFoam/LES/
nncuston# fluent3DMeshToFoam mesh.msh
nonNewtonianIcoFoam
touch nnresul.foam

47
Apêndice E

Código Fonte da Função de


Herschel-Bulkley no OpenFOAM

/*---------------------------------------------------------------------------*\
========= |
\\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox
\\ / O peration |
\\ / A nd | www.openfoam.com
\\/ M anipulation |
-------------------------------------------------------------------------------
Copyright (C) 2011-2017 OpenFOAM Foundation
Copyright (C) 2017 OpenCFD Ltd.
-------------------------------------------------------------------------------
License
This file is part of OpenFOAM.

OpenFOAM is free software: you can redistribute it and/or modify it


under the terms of the GNU General Public License as published by
the Free Software Foundation, either version 3 of the License, or
(at your option) any later version.

OpenFOAM is distributed in the hope that it will be useful, but


WITHOUT
ANY WARRANTY; without even the implied warranty of MERCHANTABILITY or

48
FITNESS FOR A PARTICULAR PURPOSE. See the GNU General Public License
for more details.

You should have received a copy of the GNU General Public License
along with OpenFOAM. If not, see <http://www.gnu.org/licenses/>.

\*---------------------------------------------------------------------------*/

#include "HerschelBulkley.H"
#include "addToRunTimeSelectionTable.H"
#include "surfaceFields.H"

// * * * * * * * * * * * * * * Static Data Members * * * * * * * * * * *


* * //

namespace Foam
{
namespace viscosityModels
{
defineTypeNameAndDebug(HerschelBulkley, 0);

addToRunTimeSelectionTable
(
viscosityModel,
HerschelBulkley,
dictionary
);
}
}

// * * * * * * * * * * * * Protected Member Functions * * * * * * * * * *


* * //

49
Foam::tmp<Foam::volScalarField>
Foam::viscosityModels::HerschelBulkley::calcNu() const
{
dimensionedScalar tone("tone", dimTime, 1.0);
dimensionedScalar rtone("rtone", dimless/dimTime, 1.0);

tmp<volScalarField> sr(strainRate());

return
(
min
(
nu0_,
(tau0_ + k_*rtone*pow(tone*sr(), n_))
/(max(sr(), dimensionedScalar ("VSMALL", dimless/dimTime,
VSMALL)))
)
);
}

// * * * * * * * * * * * * * * * * Constructors * * * * * * * * * * * * *
* //

Foam::viscosityModels::HerschelBulkley::HerschelBulkley
(
const word& name,
const dictionary& viscosityProperties,
const volVectorField& U,
const surfaceScalarField& phi
)
:
viscosityModel(name, viscosityProperties, U, phi),
HerschelBulkleyCoeffs_

50
(
viscosityProperties.optionalSubDict(typeName + "Coeffs")
),
k_("k", dimViscosity, HerschelBulkleyCoeffs_),
n_("n", dimless, HerschelBulkleyCoeffs_),
tau0_("tau0", dimViscosity/dimTime, HerschelBulkleyCoeffs_),
nu0_("nu0", dimViscosity, HerschelBulkleyCoeffs_),
nu_
(
IOobject
(
name,
U_.time().timeName(),
U_.db(),
IOobject::NO_READ,
IOobject::AUTO_WRITE
),
calcNu()
)
{}

// * * * * * * * * * * * * * * Member Functions * * * * * * * * * * * * *
* //

bool Foam::viscosityModels::HerschelBulkley::read
(
const dictionary& viscosityProperties
)
{
viscosityModel::read(viscosityProperties);

HerschelBulkleyCoeffs_ =
viscosityProperties.optionalSubDict(typeName + "Coeffs");

51
HerschelBulkleyCoeffs_.readEntry("k", k_);
HerschelBulkleyCoeffs_.readEntry("n", n_);
HerschelBulkleyCoeffs_.readEntry("tau0", tau0_);
HerschelBulkleyCoeffs_.readEntry("nu0", nu0_);

return true;
}

//
*************************************************************************
//

52
Apêndice F

Código Fonte da Importação da


Geometria

root@LAPTOP-SS1CG9PP:/usr/lib/openfoam/openfoam2212/tutorials/incompressible/pisoFoam/LES/
fluent3DMeshToFoam mesh.msh
/*---------------------------------------------------------------------------*\
| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 2212 |
| \\ / A nd | Website: www.openfoam.com |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
Build : _fd8c5e00-20221221 OPENFOAM=2212 version=2212
Arch : "LSB;label=32;scalar=64"
Exec : fluent3DMeshToFoam mesh.msh
Date : Jan 08 2023
Time : 13:58:55
Host : LAPTOP-SS1CG9PP
PID : 672
I/O : uncollated
Case :
/usr/lib/openfoam/openfoam2212/tutorials/incompressible/pisoFoam/LES/custom
nProcs : 1
trapFpe: Floating point exception trapping enabled (FOAM_SIGFPE).

53
fileModificationChecking : Monitoring run-time modified files using
timeStampMaster (fileModificationSkew 5, maxFileModificationPolls 20)
allowSystemOperations : Allowing user-supplied system call operations

// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
* * //
Create time

Dimension of grid: 3
Number of points: 1230309
Number of faces: 3610720
Number of cells: 1190400
PointGroup: 3 start: 0 end: 1151266. Reading points...done.
PointGroup: 4 start: 1151267 end: 1230308. Reading points...done.
FaceGroup: 1 start: 0 end: 3531679. Reading uniform faces...done.
FaceGroup: 5 start: 3531680 end: 3536479. Reading uniform faces...done.
FaceGroup: 6 start: 3536480 end: 3541279. Reading uniform faces...done.
FaceGroup: 7 start: 3541280 end: 3610719. Reading uniform faces...done.
CellGroup: 2 start: 0 end: 1190399 type: 1
Zone: 1 name: interior-solid type: interior. Reading zone data...done.
Zone: 2 name: solid type: fluid. Reading zone data...done.
Zone: 5 name: outlet type: pressure-outlet. Reading zone data...done.
Zone: 6 name: inlet type: velocity-inlet. Reading zone data...done.
Zone: 7 name: wall type: wall. Reading zone data...done.

FINISHED LEXING

Creating patch 0 for zone: 5 name: outlet type: pressure-outlet


Creating patch 1 for zone: 6 name: inlet type: velocity-inlet
Creating patch 2 for zone: 7 name: wall type: wall
Creating cellZone 0 name: solid type: fluid
Creating faceZone 0 name: interior-solid type: interior
faceZone from Fluent indices: 0 to: 3531679 type: interior
patch 0 from Fluent indices: 3531680 to: 3536479 type: pressure-outlet

54
patch 1 from Fluent indices: 3536480 to: 3541279 type: velocity-inlet
patch 2 from Fluent indices: 3541280 to: 3610719 type: wall

Writing mesh to
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