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Desempenho hidráulico do vertedor de um dique de enrocamento utilizando


modelo reduzido (Hydraulic performance of a rockfill dam spillway using a
physical model).

Conference Paper · September 2018

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6 authors, including:

Vinicius Galvao Aloysio Portugal Maia Saliba


Federal University of Minas Gerais Federal University of Minas Gerais
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Edna Viana
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IAHR AIIH
XXVIII CONGRESO LATINOAMERICANO DE HIDRÁULICA
BUENOS AIRES, ARGENTINA, SEPTIEMBRE DE 2018

DESEMPENHO HIDRÁULICO DO VERTEDOR DE UM DIQUE DE


ENROCAMENTO UTILIZANDO MODELO REDUZIDO

Livia Jacobini1, Vinícius Mendonça Galvão2, Daniel Tuler Passos3, Aloysio Portugal Maia
Saliba4, Edna Maria de Faria Viana5 e Jorge Luis Zegarra Tarqui6
1
Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SMARH) – EHR - UFMG, Brasil,
livia.jacobini@gmail.com
2
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Brasil, vmgalvao90@gmail.com
3
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Brasil, danieltpassos@gmail.com
4
Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos (EHR) – UFMG, Brasil, asaliba@ufmg.br
5
Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos (EHR) – UFMG, Brasil, ednamfv@ufmg.br
6
Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos (EHR) – UFMG, Brasil, jlztarqui@yahoo.com.br
Centro de Pesquisas Hidráulicas (CPH)-UFMG

RESUMO:

Os diques de enrocamento galgáveis são estruturas drenantes, geralmente utilizadas para


contenção de sedimentos de mineração, que possuem um rebaixamento na porção central do maciço
para passagem das cheias, ou seja, o sistema extravasor é incorporado no próprio dique. A estabilidade
deste tipo de estrutura depende da vazão de percolação; da vazão específica (vazão por unidade de
largura do vertedouro) de galgamento; do diâmetro e da densidade específica dos blocos; e da
inclinação do talude de jusante do maciço. Neste contexto, o objetivo deste trabalho é avaliar o
desempenho hidráulico de vertedores de diques homogêneos de enrocamento galgáveis, por meio de
modelo experimental. Os ensaios foram realizados em um canal existente no Centro de Pesquisas
Hidráulicas (CPH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para determinar a vazão
percolada entre os blocos e o valor máximo de vazão específica em que não ocorra danos à estrutura,
ou seja, não haja deslocamento expressivo de blocos.

ABSTRACT:

Overtopped rockfill dykes are hydraulic structures generally used to contain mining
sediments, which have a lowering in the central portion of the embankment for flooding, i.e. the
spillway is incorporated into the dam. The stability of this type of structure depends on seepage;
surface specific flow (flow per unit width of the spillway); diameter and specific density of the blocks;
downstream slope of the dyke. In this context, the objective of this study is to evaluate the hydraulic
performance of spillways of overtopped homogeneous rockfill dykes using a reduced model. The
tests were carried out in an existing channel at the Hydraulic Research Center (CPH) of the Federal
University of Minas Gerais (UFMG) to determine the seepage through the blocks and the maximum
value of specific flow that cause no damage to the structure, in other words, that does not produce
significant displacement of rock blocks.

PALAVRAS CHAVES: diques de enrocamento galgáveis, modelo reduzido, mineração


INTRODUÇÃO

No Brasil, os tipos de barragens mais comuns, no que tange ao material de construção, são as
de concreto, terra e enrocamento.
As barragens de enrocamento geralmente são construídas com algum tipo de vedação, como
por exemplo um núcleo impermeável (argiloso ou asfáltico) ou o revestimento da face de montante
em concreto. Este tipo de estrutura pode atingir alturas da ordem de 300 m e inclinações do talude de
jusante mais íngremes, que variam de 1,2 a 1,6H:1,0V (Cruz et al., 2014).
Um caso particular de barragem em enrocamento, são os diques de enrocamento galgáveis,
que possuem um rebaixamento na porção central do maciço para passagem das cheias, ou seja, o
sistema extravasor é incorporado no próprio dique. Neste caso, estas estruturas são drenantes e não
possuem um núcleo impermeável. Estas estruturas são muito utilizadas na mineração brasileira para
contenção dos sedimentos gerados nas áreas de mineração durante o período chuvoso. Geralmente
possuem altura de 3 a 15 m, e inclinações de talude de jusante mais suaves, da ordem de 3,0H:1,0 V.
Os diques de enrocamento possuem a vantagem de reutilização dos blocos extraídos da lavra
do minério (itabirito, gnaisse, hematita, dentre outros), os quais seriam descartados em pilhas de
estéril, sendo uma alternativa construtiva na falta de material de empréstimo (escavações destinadas
à obtenção de volume de materiais necessários para aterros) para execução de dique em solo.
Adicionalmente, trazem o benefício de reduzir a área impactada e os custos referentes à área de
empréstimo e implantação de um extravasor em superfície. Estes diques também podem ser
executados em enrocamento proveniente de pedreiras, porém a custos mais elevados. A Figura 1
exibe um exemplo de dique em enrocamento galgável.

Figura 1.- Dique em enrocamento galgável.


Fonte: Samarco, 2017

Estes diques geralmente estão localizados a jusante de áreas de mineração com elevado
potencial de geração de sedimentos, sendo necessária a manutenção periódica de desassoreamento do
reservatório (Pinheiro, 2011). Todavia, estas estruturas são drenantes, o que facilita o desaguamento
nos períodos de seca para o processo de limpeza, e são executadas com uma camada de transição e/ou
geotêxtil posicionada no talude de montante para retenção dos sólidos.
Durante o assoreamento, ocorre uma diminuição da vazão percolada (infiltrada pelos blocos),
devido à colmatação da transição e, consequentemente, um aumento da vazão galgada. Na Figura 2
é indicado o fluxo de água considerando a estrutura operando com o reservatório limpo e assoreado.
Figura 2.- Funcionamento do dique para condição de reservatório limpo e assoreado.

Segundo Julien (2010), o fluxo ao redor das partículas exerce uma força de arraste que tende
a iniciar seu movimento. A força de resistência do material não coesivo ao deslocamento é o peso
aparente da partícula. Condições limiares ocorrem quando há um equilíbrio entre estas forças, sendo
que a razão entre elas define a tensão de cisalhamento adimensional (τ∗), denominada de parâmetro
de Shields. A variação deste parâmetro em função do diâmetro adimensionalizado das partículas é
mostrada na Figura 3.

Figura 3.- Diagrama de Shields modificado.


Fonte: Julien (2010)

Na Figura 3:
τ* é o parâmetro de Shields (adimensional);
τ0 é a tensão de cisalhamento imposta pelo escoamento (Pa);
γ é o peso específico (N/m³);
G é a massa específica dos grãos (adimensional);
ds é o diâmetro das partículas (m);
d* é diâmetro das partículas adimensionalizado;
d50 é o diâmetro equivalente à abertura da malha da peneira em que 50% do material peneirado
fica retido, também chamado de diâmetro mediano dos grãos; e
ν é viscosidade cinemática (m²/s).

O trabalho desenvolvido por Shields é muito utilizado para avaliação do transporte de


sedimentos granulares em leitos fluviais, em que a declividade geralmente é suave. No presente
estudo, pretende-se avaliar a possibilidade de sua utilização para o movimento dos blocos dos diques
galgáveis, uma vez que os mecanismos de transporte são aparentemente similares, embora a
magnitude das velocidades de escoamento envolvidas seja significativamente diferente.
Segundo Toledo (1997), existem dois mecanismos principais de ruptura das barragens de
enrocamento, devido ao galgamento:
• Deslizamento em massa de uma parte do talude de jusante: a saturação da rocha leva a uma
redução de tensões efetivas que, somada à percolação, induz a formação de uma ruptura
abrupta e geralmente afeta toda a extensão da barragem. Este é o mecanismo de falha
predominante quando a inclinação do talude de jusante é muito íngreme (1,5H:1,0 V, por
exemplo);
• Arraste dos blocos e erosão progressiva do talude de jusante: o fluxo no pé da barragem arrasta
os blocos superficiais e leva à formação de canais no talude de jusante. Esta é a falha
predominante quando a inclinação do talude de jusante é mais suave, como por exemplo
3,0H:1,0V.
Estes dois mecanismos geralmente atuam de forma combinada, dependendo da evolução do
processo de falha.
Eletrobrás (2003) recomenda que, na fase de projeto básico, a dimensão dos blocos do
enrocamento de proteção para revestimento de canais ou para construção dos diques de fechamento
em água corrente (ensecadeiras) seja determinada a partir da formulação indicada por USACE (1977,
Equação 1). Para os casos mais complexos, a definição final do projeto essa publicação recomenda
confirmação em modelo reduzido.

𝛾𝑠 −𝛾𝑤 1/2
𝑣 = 𝑐 [2𝑔 ( )] (𝐷50 )1/2 [1]
𝛾𝑤

Em que:
v é a velocidade (m/s);
c é a constante de Isbash (0,86 para fluxos de alta turbulência e 1,20 para baixa turbulência);
γs é o peso específico dos blocos (kN/m³);
γw é o peso específico da água (kN/m³); e
D50 é o diâmetro mediano dos blocos (m).

Partindo-se desta formulação, a estabilidade dos blocos depende do seu diâmetro e da sua
densidade específica, bem como da velocidade, que por sua vez, está relacionada à vazão de
percolação; à vazão específica (vazão por unidade de largura do vertedouro) de galgamento e
inclinação do talude de jusante do maciço, para o caso dos diques galgáveis drenantes. Nesse caso,
admite-se que a região crítica de velocidade nestas estruturas é o pé do maciço.
Neste contexto, o objetivo deste estudo é avaliar o desempenho hidráulico de vertedores de
diques homogêneos de enrocamento galgáveis, por meio de modelo experimental.
Conforme citado por Saliba et al. (2017), os modelos reduzidos têm sido amplamente
utilizados na engenharia hidráulica desde o século XIX, época em que os modelos numéricos não
estavam disponíveis. Atualmente, os estudos estão focados nos modelos numéricos, os quais
evoluíram rapidamente e são capazes de resolver problemas tridimensionais, produzindo resultados
estáveis e consistentes. Todavia, é preciso calibrar e estimar parâmetros nos modelos numéricos, os
quais, geralmente não são obtidos em campo, sendo então necessária a realização de ensaios de
laboratório em escala reduzida.

DESCRIÇÃO DOS MODELOS

Para avaliar a estabilidade hidráulica de diques homogêneos em enrocamento, serão realizados


ensaios em dois canais existentes no Centro de Pesquisas Hidráulicas (CPH) da Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG).
O canal A possui fundo e paredes em acrílico e dimensões de 14 cm de base, 25 cm de altura
e aproximadamente 2,70 m de comprimento, sendo que vazão no modelo é regulada manualmente
por meio de uma válvula tipo gaveta.
O canal B é construído em vidro com dimensões de 40 cm de base, 48,5 cm altura e
aproximadamente 5,0 m de comprimento. A vazão afluente ao canal será regulada automaticamente
por um inversor de frequências.
Na Figura 4 são exibidos os aparatos experimentais destes canais.

(a)

(b)
Figura 4.- Arranjo geral do canal A (a) e do canal B (b).

Os diques serão construídos com brita 0, que apresenta peso específico de aproximadamente
26,5 kN/m³, e inclinação do talude de montante de 2,0H:1,0V, sendo que o dique do canal A terá
altura de 15 cm e serão utilizados blocos com diâmetro entre 2 e 8 mm, e o dique do canal B será
construído com altura de 30 cm e o diâmetro variando entre 4 e 16 mm.
A escolha do material e dos diâmetros foi realizada em função do material disponível no CPH
e devido ao fator de escala que será adotado nos modelos e às características e dimensões comumente
utilizadas nestes diques na mineração.

CENÁRIOS DE SIMULAÇÃO

Na Tabela 1 são apresentados os cenários que serão simulados nos canais A e B, os quais
foram definidos visando avaliar a influência de alguns parâmetros na estabilidade hidráulica dos
diques homogêneos de enrocamento galgáveis, a saber: inclinação do talude de jusante; assoreamento
do paramento de montante e a compactação realizada durante a construção da estrutura.
Tabela 1.- Cenários a serem simulados nos modelos físicos reduzidos
Inclinação do talude de
Ensaio Cenário Assoreamento Compactação dos blocos
jusante

1 A-I Sem compactação e blocos secos

Sem assoreamento.
2 A-II Compactação com blocos secos
Vazão máxima percolada
3,0H:1,0V
3 A-III Compactação com blocos úmidos

4 A-IV Totalmente assoreado Situação crítica de compactação

Sem assoreamento.
5 A-V
Vazão máxima percolada
4,0H:1,0V Situação crítica
6 A-VI Totalmente assoreado

7, 8 e 9 B-I 3,0H:1,0V Situação crítica Situação crítica

10, 11 e 12 B-II 4,0H:1,0V Situação crítica Situação crítica

Os ensaios do Cenário A serão realizados uma única vez, enquanto os ensaios do Cenário B
serão repetidos 3 vezes. Nesse momento, apenas os resultados dos ensaios do Cenário A estão
disponíveis. Os ensaios foram realizados para definir a metodologia de ensaio e algumas variáveis do
aparato experimental, as quais são listadas a seguir:
• Cenários a serem ensaiados;
• Material e diâmetro dos blocos a serem utilizados na construção dos diques;
• Metodologia de construção dos diques, no que se refere à compactação, umidade e
assoreamento do reservatório;
• Hidrograma de simulação;
• Vazão percolada quando o dique não está assoreado;
• Medições a serem realizadas e instrumentos a serem utilizados em cada simulação;
• Determinação do critério para definição de estabilidade hidráulica do dique.

A partir das definições obtidas nos ensaios do Cenário A, serão realizados os ensaios do
Cenário B em escalas maiores e repetindo 3 vezes cada simulação.

ETAPAS DOS ENSAIOS

As etapas dos ensaios são descritas nos itens a seguir.

Etapa 1: Análise Granulométrica

A análise granulométrica dos blocos de brita foi realizada por meio de peneiramento manual,
utilizando-se as peneiras com aberturas normalizadas de 16, 8; 4; 3,35 e 2 mm, as quais estão
disponíveis no CPH.
A partir da massa percentual acumulada que passa em cada peneira foi elaborada a curva
granulométrica e determinado o diâmetro mediano (D50) do material a ser utilizado na construção dos
diques.
Etapa 2: Construção do Maciço do Dique

Durante a construção dos diques de enrocamento galgáveis, geralmente os blocos são


dispostos com tratores de esteira e escavadeiras, sem um controle técnico construtivo. Para
representar esta situação, os diques do experimento serão construídos conforme indicado na Figura
5.

Figura 5.- Construção do dique sem compactação.

Todavia, as barragens de enrocamento convencionais (com impermeabilização do núcleo ou


talude de montante) são executadas com controle da compactação e da umidade (CRUZ et al., 2014).
Para avaliar os efeitos da compactação na estabilidade hidráulica da estrutura, a construção do maciço
do dique no laboratório será realizada por meio da formação de camadas e passagem de rolo de aço,
conforme apresentado na Figura 6.

(a) (b)
Figura 6.- Construção do dique com compactação.

Para representar o assoreamento do reservatório e a interrupção do fluxo pelo talude de


montante, este paramento será impermeabilizado com um material, a ser definido, como por exemplo
argila ou massa de modelar.

Etapa 3: Determinação da Vazão Percolada pelo Maciço

A vazão percolada pelo maciço será determinada por meio da medição da vazão bombeada
para o canal, quando o nível do reservatório estiver na mesma elevação da crista do dique. Os canais
de testes são dotados de medidores de vazão eletromagnéticos para este fim.
Etapa 4: Determinação da Vazão Específica Limite

Robinson et al. (1998) e Baptista e Coelho (2016) recomendam que os canais revestidos em
enrocamento sejam executados com uma espessura equivalente a 2 vezes o diâmetro mediano (D50)
dos blocos. Neste sentido, definiu-se que a vazão específica limite, será aquela em que o deslocamento
de blocos atinge este limite de espessura.
Para permitir a identificação desta camada foi realizada a pintura dos blocos, conforme
exibido na Figura 7. Foram utilizadas 4 faixas, de cores diferentes para permitir a visualização dos
locais onde ocorre deslocamento dos blocos.

(a) (b)
Figura 7.- Camada de blocos pintadas, referente a 2xD50. Vista da ombreira esquerda (a) e vista de
cima (b).

Para o dique com inclinação de jusante de 3,0H:1,0V, será realizado o acréscimo gradual da
vazão, conforme hidrograma apresentado na Figura 8. Este hidrograma foi definido a partir dos
ensaios preliminares realizados até o momento. Foi verificado que são necessários aproximadamente
10 minutos para estabilizar o nível de água no reservatório e 10 minutos após esta estabilização para
realizar as observações e medições necessárias.

4,50
4,00
3,50
3,00
q (L/s.m)

2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
20 40 60 80 100 120 140 160 180
t (min)

Figura 8.- Hidrograma de simulação – Talude 3,0H:1,0V.

A cada intervalo de tempo de 20 minutos, o ensaio é interrompido para verificar se o


deslocamento de blocos atingiu a camada de enrocamento sem cores.

Etapa 5: Medições

Para a vazão específica limite do sistema extravasor do dique de cada cenário, serão realizadas
as seguintes medições: profundidade no reservatório, na crista e em determinadas seções do talude de
jusante do dique e a jusante da estrutura; medidas de lâmina de água no pé do talude (Canal A) e
mapeamento dos campos de velocidade com o uso de anemômetro Doppler (Canal B).
ANÁLISE DOS RESULTADOS

Curva granulométrica

Na Figura 9 é exibida a curva granulométrica obtida por meio do peneiramento do material


que será utilizado para a construção do dique no canal A.

Figura 9.- Curva granulométrica – Dique do canal A.

Ensaios Hidráulicos

Dos ensaios realizados até o momento, a vazão percolada para o cenário A-I foi de
aproximadamente 0,37 L/s (2,64 L/s.m) no canal A. Os ensaios serão realizados novamente para
confirmar este valor.
Na Figura 10 e Figura 11 são apresentados os resultados de uma simulação para o cenário A-
I, considerando vazão de 0,40 L/s (2,85 L/s.m) e 0,55 L/s (3,93 L/s.m), respectivamente.

Figura 10.- Cenário A-I – Vista do talude de jusante - Q = 0,40 L/s.


Figura 11.- Cenário A-I – Vista do talude de jusante - Q = 0,55 L/s.

Observa-se na Figura 11 que o deslocamento de blocos se iniciou no pé do talude de jusante


(faixa branca) e avança até atingir a faixa vermelha e resultar na ruptura completa do maciço.
Para as próximas etapas serão simulados valores intermediários de vazões para estabelecer a
vazão limite em que não ocorre danos na estrutura e serão realizadas as medidas de profundidade e
mapeamento dos campos de velocidade com o uso de anemômetro Doppler.
Ressalta-se que será verificado se o escoamento é turbulento rugoso, em que a faixa do número
de Reynolds é elevada e o efeito do atrito é preponderantemente influenciado pelo tamanho dos
blocos, visto que a ruptura da subcamada limite laminar torna as tensões tangenciais viscosas
negligenciáveis (PORTO, 2006).

CONCLUSÕES

Para os ensaios realizados até o momento foi construído um dique com brita 0 (D50 = 5,35
mm), altura de 15 cm, inclinação do talude de montante de 2,0H:1,0V e de jusante de 3,0H:1,0V,
considerando o reservatório sem assoreamento e maciço sem compactação e blocos secos.
Resultados obtidos de forma preliminar apontaram a vazão percolada de aproximadamente
0,37 L/s (2,64 L/s.m). Os ensaios serão realizados novamente para confirmar este valor. A vazão
máxima em que não ocorre danos na estrutura está entre 0,40 L/s (2,85 L/s.m) e 0,55 L/s (3,93 L/s.m).
Para as próximas etapas serão simulados valores intermediários de vazões para estabelecer a vazão
limite em que não ocorre danos na estrutura e serão realizadas as medidas de profundidade e
mapeamento dos campos de velocidade com o uso de anemômetro Doppler.
Será calculado o número de Reynolds, verificando-se se o escoamento é turbulento rugoso e
o efeito do atrito é preponderantemente influenciado pelo tamanho dos blocos, sendo predominante
as forças gravitacionais. Neste caso, os resultados serão convertidos em ábacos ou planilhas para uso
em situações de projeto de diques com geometria típica de estruturas dessa natureza, utilizando-se a
semelhança pelo número de Froude.

AGRADECIMENTOS

Os autores manifestam seus agradecimentos à UFMG, à ANEEL, à CEMIG, à


ELETROBRAS-FURNAS, à FAPEMIG, ao CNPq e à CAPES pelo suporte financeiro para a
realização desse trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Baptista, M. B.; Coelho, M. M. L. P. (2016). Fundamentos de engenharia hidráulica. 4 ed. Belo


Horizonte: Editora UFMG. 477p.
Cruz, P.T.; Materón, B.; Freitas, M. (2014). Barragens de enrocamento com face de concreto. 2ed.
São Paulo: Oficina de Textos. 359 p.
ELETROBRÁS - Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (2003). Critérios de projeto civil de usinas
hidrelétricas.
Julien, P. Y. (2010). Erosion and Sedimentation. 2. ed. New York: Cambridge University Press.
PINHEIRO, M.C. (2011). Diretrizes para elaboração de estudos hidrológicos e dimensionamentos
hidráulicos em obras de mineração. 1 ed. Porto Alegre: ABRH. 308 p.
Porto, R. M. (2006). Hidráulica Básica. 4 ed. São Carlos: EESC/USP. 519 p.
Robinson, K.M.; Rice, C.E.; Kadavy, K.C. (1998). “Design of rock chutes”. American Society of
Agricultural Engineers, v. 41, n. 3, p. 621-626.
Saliba, A.P.M.; Viana, E. M. F.; Tarqui, J. L. Z.; Martinez, C. B.; Costa, M. E. F.; Ferreira
Júnior, A. G. (2017). “Novos materiais e técnicas para construção de modelos reduzidos”. In: THE
12th LATIN-AMERICAN CONGRESS ON ELECTRICITY GENERATION AND TRANSMISSION –
CLAGTEE. Mar del Plata. Anais.
SAMARCO MINERAÇÃO S.A. (2017). Como a Samarco pretende voltar a operar -
Licenciamento Operacional Corretivo do Complexo de Germano. Agosto de 2017. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=2g3V19dkk2I. Acessado em 10/03/2018.
Toledo, M.A. (1997). Presas de escollera sometidas a sobrevertido. Estudio del movimento del agua
a traves de la escollera y de la estabilidad frente al deslizamiento en masa. 441 f. Tesis (Doctor
Ingeniero de Caminos, Canales y Puertos) - Departamento de Ingeniería Civil: Hidráulica y
Energética, Universidad Politécnica de Madrid, Madrid, España.
USACE - UNITED STATES ARMY CORPS OF ENGINEERS. (1977). Corps of Engineers
Hydraulic Design Criteria, Volume 2. Army Engineer Waterways Experiment Station Vicksburg MS.
Defense Technical Information Center. 171 p.

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