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MÉTODOS E TÉCNICAS PARA CÁLCULO DA ESTABILIDADE DE TALUDES DE

ATERROS SANITÁRIOS
METHODS AND TECHNIQUES FOR CALCULATING THE STABILITY OF SLOPES IN
LANDFILLS

SILVA, Giovana de Oliveira1; SILVA, Tamiris Jennyfer Oliveira da2


Prof. Dr. Edgar Manuel Miranda Samudio – Universidade São Francisco
giovanaoliveiramail@gmail.com; tamiris_jennyfer@hotmail.com

RESUMO. O crescimento no consumo da população faz com que a geração de resíduos


sólidos produzido aumente consideravelmente, desta forma há escassez em encontrar áreas
adequadas para a disposição final desses resíduos, levando a administração pública a investir
nos aterros sanitários já existentes aumentando sua capacidade de carga para amenizar o
problema, fazendo com que seus taludes fiquem cada vez mais altos, o que alivia o problema
da elevada demanda, mas, por outro lado, condena a estabilidade do aterro acarretando em
escorregamentos e ruptura dos taludes de maciço de resíduos. Neste contexto, o presente
trabalho objetivou verificar diferentes métodos para cálculo de estabilidade de taludes em solo
e após encontrado um método que melhor se adeque a um aterro sanitário, aplica-se ao
cálculo de estabilidade de taludes de maciços de resíduos através da influência de parâmetros
dos resíduos sólidos. Para despeito da veracidade deste trabalho, foi utilizado como exemplo
dos cálculos a serem aplicados o aterro sanitário da cidade de Itapira – SP que se encontra em
fase de encerramento, assim necessitando de análise do fator de segurança da sua atual
geometria. Para realização da análise de estabilidade foi calculado o fator de segurança pelo
método de Hoek e Bray que é baseado no método de Bishop, o mesmo da maioria dos
programas de computação, onde foi utilizado ábaco para ruptura do tipo circular em talude
saturado. De forma geral, o estudo demonstra a importância da estimativa dos parâmetros de
resistência apresentados pelos resíduos sólidos velhos na determinação da estabilidade dos
taludes.

Palavras-chave: maciço, escorregamento, resíduos sólidos.

ABSTRACT. The increase in population consumption causes the considerably increasing of


generation of solid waste, thus there is a shortage in finding adequate areas for the final
disposal of the waste, leading the public administration to invest in existing landfills to
increase its carrying capacity for alleviating the problem, making its slopes higher and higher,
which relieves the problem of the high demand, but on the other hand, condemns the stability
of the landfill, leading to landslides slipping and rupture of the waste mass. In this context,
this work aimed to verify different methods for calculating the stability of slopes in soils and
after finding a method that best fits for a landfill, applied to the calculation of the stability of
slopes of waste masses through the influence of parameters of solid waste. In spite of the
veracity of this work, it was used as an example to be applied to the landfill of the city of
Itapira - SP, which is in the closing phase, therefore requiring analysis of the safety factor of
its current geometry. To perform the stability analysis, the safety factor was calculated by
Hoek and Bray’s method, which is based on Bishop’s method, the same as in most computer
programs, where an abacus was used for circular type rupture in saturated slope. In general,

1
the study demonstrates the importance of estimating the resistance parameters presented by
old solid residues in the determination of slope stability.

Keywords: massive, landslides, solid waste.

INTRODUÇÃO

A população sempre enfrentou problemas com o excesso de lixo produzido, devido


principalmente ao aumento do consumo. Desta forma a disposição final adequada de resíduos
tem se tornado um desafio, visto que nem todos os municípios tem acesso a recursos para
atingir esse objetivo e acaba utilizando de vertedouros a céu aberto (lixões), mesmo que esteja
descrito na Lei 12.305/10 da Política Nacional de Resíduos Sólidos1 onde os mesmos
deveriam ser extintos até o fim do ano de 2014, o que não foi constatado até o final do ano de
2018.
A melhoria do saneamento básico implica diretamente na melhoria da qualidade de
vida e da saúde pública, destacando-se a queda da mortalidade infantil e redução de
afastamento no número de trabalhadores de seus postos de trabalho.
No Brasil persiste a utilização de vertedouros a céu aberto, porém a tecnologia mais
apropriada para disposição final de resíduos são os aterros sanitários, contudo não é a melhor
tecnologia, a mesma deveria fazer parte de um conjunto de unidades constituídas por coleta
seletiva, triagem, compostagem e incineração. O tipo de unidade a ser utilizada para
configurar o sistema dependerá do tamanho da população a ser atendida.
No país existem milhares de aterros sanitários que já ultrapassaram sua vida útil, e
continuam a ser utilizados, atingindo cotas superiores as de projeto provocando instabilidade
no maciço de resíduos levando ao seu deslizamento, como por exemplo, os aterros sanitários
de cidades do estado de São Paulo como Guarulhos, Itaquaquecetuba e Itapecerica da Serra.
O objetivo geral deste trabalho é verificar a aplicabilidade do método para cálculo de
estabilidade de taludes em solos de Hoek e Bray (1981) onde baseado no tipo de ruptura
circular possa ser adaptado para cálculo de estabilidade de taludes de maciço de resíduos,
desta forma, será considerado os parâmetros dos do lixo velho para a realização desta análise
de cálculo. A despeito da severidade das hipóteses impostas, o aterro controlado da cidade de
Itapira – SP que se encontra em fase de encerramento devido as suas condições atuais de uso,
será utilizado como exemplo da aplicabilidade do método.

1
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Política Nacional de Resíduos Sólidos. [S. l.], 2011.
Disponível em: http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos/politica-nacional-de-
residuos-solidos/contextos-e-principais-aspectos.html. Acesso em: 23 mar. 2019.
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Tipos de Escorregamentos de Taludes

Existem alguns tipos de escorregamentos que podem ocorrer em um talude, sendo


eles: Translacional, onde o escorregamento é raso e geralmente mobiliza espessuras de solo
da ordem de 1,0 a 2,0 metros e ocorrem nos solos superficiais, conforme esquema da figura 1
abaixo:

Figura 1: Esquema de escorregamento Translacional. Fonte: IPT 2019.

Rotacional ou circular, este é um escorregamento profundo que está associado a


presença de camadas de solo mais espessas, conforme esquema da figura 2 abaixo:

Figura 2: Esquema de escorregamento Circular ou Rotacional. Fonte: IPT 2019.

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Estruturado ou em cunha, este é condicionado a existência de estruturas geológicas
desfavoráveis a estabilidade do maciço (falhas, fraturas, juntas e foliações), conforme
esquema da figura 3 abaixo:

Figura 3: Esquema de escorregamento em Cunha ou Estruturado. Fonte: IPT 2019.

Para realização deste trabalho o escorregamento potencial a ser analisado para o aterro
sanitário será a circular, por se tratar do tipo de escorregamento mais comum em aterros
sanitários, baseado em métodos para cálculos de estabilidade de taludes de autores já
consagrados em mecânica dos solos. Esse método tem sido adaptado para cálculo de
estabilidade de maciço de resíduos em diversos projetos de aterros sanitários, como por
exemplo, os aterros de Ubatuba e de Bandeirantes situados no estado de São Paulo. Na
imagem 1 abaixo é possível observar um colapso ocorrido do aterro sanitário da cidade de
Guarulhos – SP, onde o escorregamento é do tipo circular:

Imagem 1: Exemplo de deslizamento circular ocorrido no Aterro Sanitário da cidade de Guarulhos - São Paulo.
Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br/ambiente/2019/04/depois-de-sofrer-com-deslizamento-bairro-de-
guarulhos-teme-ampliacao-de-aterro/.

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Monitoramento Geotécnico

Para o acompanhamento do comportamento de taludes, seja de corte ou aterro, ou


obras de estabilização, utiliza-se instrumentos a fim de auxiliarem nas principais grandezas a
serem medidas, sendo as pressões neutras e os deslocamentos verticais e horizontais. Para
aterros sanitários as principais instrumentações utilizadas são:

Marcos Superficiais: instrumentos incorporados ao aterro, superficialmente, que tem


como função servir como orientadores dos deslocamentos aos quais o aterro está sujeito,
sendo vertical ou horizontal. São constituídos de uma base de concreto e de um pino de
referência para as medições topográficas (conforme figura 4), além de receberem uma placa
de identificação para um melhor acompanhamento e registro da movimentação deste local.
Este monitoramento é realizado durante a revisão do aterro e após vinte anos.

Figura 4: Marcos Superficiais. Fonte IPT, 2019.

Piezômetros: formado por um tubo de PVC vertical, parcialmente perfurado ou ligado


a uma pedra porosa que permite a água entrar ou sair livremente (conforme figura 5). Este
auxilia a medição das pressões internas do maciço.

Figura 5: Piezômetro. Fonte: IPT, 2019.

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Análise de Estabilidade

A análise de estabilidade de talude é um conjunto de procedimentos e cálculos


matemáticos destinados a determinar um parâmetro (FS – Fator de Segurança) que permita
quantificar se o talude encontra-se estável ou instável nas condições aos quais está submetido
(altura, inclinação e pressões).
O Fator de Segurança (FS) é estabelecido como sendo a relação entre os esforços
resistentes e os esforços atuantes na massa passível de sofrer deslizamento. Este fator é dado
pela seguinte fórmula:

FR = Forças de Resistência (coesão, ângulo de atrito) menos as pressões neutras;


FA = Forças atuantes (forças gravitacionais)

Como no Brasil não existem normas técnicas consagradas para o estudo de


estabilidade de taludes de maciços de resíduos sólidos urbanos de fácil aplicação à Aterros
Sanitários, neste trabalho foi utilizada como base a Norma Técnica NBR 11.682/09 que trata
sobre Estabilidade de Taludes em Solos. A mesma estabelece critérios e prevê níveis de
segurança desejado contra perda de vidas humanas e contra danos materiais e ambientais
devido a possíveis escorregamentos de maciços (ver Quadros 1, 2 e 3).
Quadro 1: Nível de segurança desejado contra perda de vidas humanas.
Nível de segurança Critérios
Áreas com intensa movimentação,
Alto concentração e permanência de pessoas.
Ferrovias e Rodovias de tráfego intenso.
Áreas e movimentação e permanência
Médio restritas de pessoas.
Ferrovias e Rodovias de tráfego moderado.
Áreas e movimentação e permanência
Baixo eventual de pessoas.
Ferrovias e Rodovias de tráfego reduzido.
Fonte: NBR 11.682/09.

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Quadro 2: Nível de segurança desejado contra danos materiais e ambientais.
Nível de segurança Critérios
Danos materiais: Locais próximos a propriedades de
alto valor histórico, social ou patrimonial, obras de
grande porte e áreas que afetem serviços essenciais.
Alto
Danos Ambientais: Locais sujeitos a acidentes
ambientais graves (faixa de dutos, barragens de rejeito,
fábricas de produtos tóxicos etc).
Danos Materiais: Locais próximos a propriedades de
valor moderado.
Médio
Danos Ambientais: Locais sujeitos a acidentes
ambientais moderados.
Danos Materiais: Locais próximos a propriedades de
valor reduzido.
Baixo
Danos Ambientais: Locais sujeitos a acidentes
ambientais reduzidos.
Fonte: NBR 11.682/09.

Quadro 3: Fator de Segurança Mínimo para Escorregamentos.

Nível de Segurança
Nível de Segurança Contra Danos a Vidas Humanas
Contra Danos Materiais
e ambientais
Alto Médio Baixo
Alto 1,5 1,5 1,4
Médio 1,5 1,4 1,3
Baixo 1,4 1,3 1,2
Fonte: NBR 11.682/09.

Para FS < 1,00: Talude instável. Caso o talude venha ser executado, sendo corte ou aterro,
com esse valor deverá sofre ruptura;
Para FS > 1,00: Condição estável. Quanto mais próximo de 1,00 for o fator de segurança,
mais precária e frágil será a condição de estabilidade do talude.
Para Fs >> 1,00: Condição estável. Quanto maior for o fator de segurança, menores serão as
possibilidades de o talude vir a sofrer ruptura.

Com base nessas tabelas apresentadas observa-se que o nível de segurança desejado
contra perdas de vidas humanas pode ser considerado médio por ser um aterro sanitário uma
área de movimentação e permanência restrita de pessoas. Em relação à segurança desejada
contra danos materiais e ambientais o nível de segurança pode ser considerado médio por ser
um local próximo de propriedades de valor reduzido e sujeito a acidentes ambientais
medianos (longe de cursos de águas e área de proteção ambiental e proteção permanente). Ao
entrar com esses critérios no quadro 3 resulta um fator de segurança mínimo para
escorregamento do maciço de 1,50, que será o valor limite que os resultados do cálculo para a
situação em que se encontram os taludes atualmente no aterro sanitário que está sendo
estudado.

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Métodos de Cálculo do Fator de Segurança

Considere um talude de resíduos onde o maciço é submetido a três campos de força


diferentes: forças devido ao escoamento da água, força devido ao cisalhamento e força devido
ao peso dos materiais que o compõem, com isso para que se estude a estabilidade dos taludes
é necessário que estas três forças estejam em equilíbrio já que o peso dos materiais e o
escoamento de água somado a gravidade levam ao deslizamento do talude.
Para a realização dos cálculos deve-se considerar o tipo de ruptura potencial esperada
e assim escolher o método mais adequado a ser utilizado. A figura 6 mostra possíveis tipos de
ruptura em taludes:

Figura 6: Tipos de Ruptura em taludes. Fonte IPT 2019.

Na literatura é possível encontrar alguns autores como os indicados no quadro 4


abaixo, que ao longo do tempo desenvolveram métodos para cálculo de Estabilidade de
Taludes de Solos baseados nos tipos de ruptura conforme apresentado na Figura 6
anteriormente. Deste modo o objetivo deste trabalho é utilizar um método existente para fazer
o cálculo de estabilidade de talude do Aterro Municipal de Itapira – SP levando em
consideração uma possível ruptura circular, por ser o tipo mais recorrente em deslizamentos
de aterros sanitários.

Quadro 4: Resumo dos tipos de ruptura conforme cada autor.


Métodos Ano Tipos de Ruptura
Fellenius 1936 Circular
Bishop 1955 Circular
Spencer 1967 Circular
Janbu 1973 Qualquer
Culmann 1875 Plana
Hoek e Bray 1981 Circular
Fonte: Alberto Pio Fiori – Fundamentos de mecânica dos solos e das rochas.

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O cálculo de estabilidade para o Aterro Municipal de Itapira será baseado no método
proposto por Hoek e Bray (1981) para ruptura circular de um talude. Este método permite
calcular o fator de segurança e as propriedades físico mecânicas mais comuns de um maciço
de resíduos, levando em consideração as condições extremas que geralmente estão
submetidos os aterros sanitários quando ocorrem seu colapso.
Para utilização dos ábacos de Hoek e Bray (1981), procede-se da seguinte maneira
(conforme figura 5):
a) Adota-se as condições de água subterrânea supostamente existente no talude e
escolhe-se o ábaco adequado, no caso o talude está saturado e submetido a forte
recarga;
b) Calcula-se o adimensional C/y*H*tg ϕ e entrar no ábaco;
c) Seguir a linha radial do valor encontrado no item b, até sua interseção com a curva
que corresponde ao ângulo de inclinação a do talude;
d) Achar o valor correspondente de tg ϕ/ F, ou C /y*H*(Fs) e calcula-se o fator de
segurança Fs.

Figura 7: Sequência para determinação do ábaco de ruptura circular na determinação do fator de segurança.
Fonte: Hoek e Bray 1981 apud Fiori 2015.

Os ábacos a serem considerados para o cálculo do fator de segurança serão aqueles em


que o talude se encontra em três condições, sendo elas:
a) Completamente drenado (ábaco A): onde não ocorreu nenhuma porção de chuva em
determinado período, sendo este a determinação de uma condição mínima do fator de
segurança;
b) Medianamente drenado (ábaco C): onde ocorreu um determinado período de chuva, o
nível d’água no interior do talude não está perturbado, sendo este a determinação de
condição média do fator de segurança;
c) Completamente saturado (ábaco E): onde ocorreu intensa chuva em um determinado
período e o nível de água no interior do talude está saturado, sendo este a
determinação de uma condição extrema do fator de segurança, geralmente ocorrendo
colapso do talude.

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Figura 8: Ábaco A – talude drenado. Ábaco C – talude com nível de água não perturbado, situado a 4 vezes a
altura do talude. Ábaco E - talude saturado submetido a forte recarga. Fonte: Hoek e Bray 1981 apud Fiori 2015.

Para o cálculo do fator de segurança utilizando o método escolhido, serão utilizados os


parâmetros como intercepto de coesão, ângulo de atrito e peso específico para lixo velho,
conforme apresentado no quadro 5 a seguir:

Quadro 5: Parâmetros adotados para material.


Ângulo de atrito
Intercepto de
(resistência ao Peso Específico
Material Coesão
cisalhamento em (kN/m³)
(Kpa)
graus)
Lixo novo 5 10 10
Lixo velho (superior
10 20 14
a 8 anos)
Solo da Fundação
(residual de 14 30 18
Gnaisse)
Fonte: SAMUDIO (2016).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Visando uma melhor caracterização geotécnica, o IPT (2014) realizou uma série de
sondagens no local onde opera o aterro. As profundidades das sondagens vão de 1,70 metros
(S-3) a 30,00 metros (S-10), que foram finalizadas quando não era mais possível penetração,
de acordo com descrito na Norma NRB 6484 (ABNT, 2001). As 12 perfurações executadas
totalizaram 193,68 metros de investigação, obtendo como resultado a seguinte descrição:

“As sondagens apresentaram índice NSPT crescente com a profundidade,


com alguns “picos” de resistência mais elevada, provavelmente decorrente
de núcleos mais resistentes da rocha de origem. Na maioria dessas
perfurações foi atingido o nível d’água (NA), tendo sido descritos os
seguintes horizontes predominantes nas amostras: Silte areno argiloso; Areia
silto argilosa e Silte argilo arenoso.” (IPT, 2014)

Para a análise de estabilidade do maciço de resíduos ser realizada, foi necessário o


projeto geométrico do local, que foi realizado pela empresa COAMI – Consultoria Ambiental
e Mineração LTDA, deste projeto geométrico foram escolhidos os perfis A2, B1, B2 e T1
(apresentados nas figuras 9, 10 e 11 abaixo) por apresentarem a situação mais crítica do
maciço, sendo o talude em qualquer local da hipotenusa que apresente uma inclinação elevada
em relação ao perfil do maciço.

Figura 9: Perfil A2. Fonte: COAMI.

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Figura 10: Perfis B1 e B2. Fonte: COAMI.

Figura 11: Perfis B1 e B2. Fonte: COAMI.

Para efetuar essa análise foram utilizados os ábacos de Hoek e Bray (1977),
elaborados com base no método de Bishop, o mesmo da maioria dos programas de
computação. Os gráficos citados anteriormente foram escolhidos por corresponderem às três

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condições seguintes: Situação mais crítica (talude saturado submetido a forte recarga),
situação intermediária (Nível da água não perturbado 4x altura do talude a partir do pé) e
Situação menos crítica (talude drenado).
Para avaliar as condições locais e garantir a estabilidade satisfatória ao aterro sanitário,
foi efetuada uma análise supondo que o talude mais alto e mais íngreme de acordo com o
projeto geométrico, estivesse no mínimo em estado de equilíbrio, isto é, com coeficiente de
segurança igual a 1,5 (um e meio) e considerando o maciço formado por resíduos velhos
acima de 8 anos, conforme cálculos apresentados nas tabelas 1, 2 e 3 a seguir:

Tabela 1: Resultados para o fator de segurança baseados no ábaco A, para talude


completamente drenado – condição mínima.
DECLIVIDADES MICRO
PERFIL A SER (Considerando banquetas sucessivas)
ANALIZADO Inclinação Altura H C/(y*H* tg ϕ.)
Tan ϕ./Fs F.S.
(Graus) (m) Entrada ábaco
A2 68 15,86 0,123 0,68 0.53
B1 77 12,81 0,153 0,71 0,51
B2 75 27,54 0,071 0,99 0,37
T1 54 9,47 0,207 0,42 0,87
Fonte: Próprio autor.

Tabela 2: Resultados para o fator de segurança baseados no ábaco C, para talude com nível
de água mão perturbado, situado a 4 vezes a altura do talude – condição média.
DECLIVIDADES MICRO
PERFIL A SER (Considerando banquetas sucessivas)
ANALIZADO Inclinação Altura H C/(y*H* tg ϕ.)
Tan ϕ./Fs F.S.
(Graus) (m) Entrada ábaco
A2 68 15,86 0,123 0,72 0,50
B1 77 12,81 0,153 0,78 0,47
B2 75 27,54 0,071 1,05 0,35
T1 54 9,47 0,207 0,44 0,83
Fonte: Próprio autor.

Tabela 3: Resultados para o fator de segurança baseados no ábaco E, para talude saturado
submetido a forte recarga– condição máxima.
DECLIVIDADES MICRO
PERFIL A SER (Considerando banquetas sucessivas)
ANALIZADO Inclinação Altura H C/(y*H* tg ϕ.)
Tan ϕ./Fs F.S.
(Graus) (m) Entrada ábaco
A2 68 15,86 0,123 0,86 0,42
B1 77 12,81 0,153 0,89 O,41
B2 75 27,54 0,071 1,51 0,24
T1 54 9,47 0,207 0,56 0,65
Fonte: Próprio autor.

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CONCLUSÃO

De acordo com os resultados obtidos, observa-se que do ponto de vista microscópico,


isto é, considerando banquetas sucessivas do maciço de resíduos, os perfis A2, B1, B2 e T1
analisados se encontram abaixo do valor exigido pela norma NBR 11.682/09, ou seja, inferior
a 1,50 que é o valor mínimo recomentado visando o nível aceitável para proteção de bens
materiais, ambientais e vidas humanas. Para esta condição de talude saturado submetido a
forte recarga, o Aterro Sanitário pode ser classificado na categoria de nível de alerta máxima,
portando caso haja ocorrências de chuvas intensas e de longa duração o maciço de resíduos
pode vir a entrar em colapso naqueles taludes mais inclinados que foram apresentados.
Os resultados apresentados acima permitem concluir que deve ser projetado e
implantado na condição de urgência um adequado sistema de drenagem de águas superficiais
(ver esquema na figura 12 abaixo), de líquidos percolados e de gases para aliviar as forças
oriundas dessas pressões. Também é recomendado executar diques de terra escalonados nos
pés dos taludes críticos para que atuem como muros de contenção.

Figura 12: Esquema de sistema de drenagem profunda. Fonte: Vinicius Araújo.

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REFERÊNCIAS

ABNT. NBR 6484: Solo - Sondagens de simples reconhecimento com SPT - Método de
ensaio. Fevereiro, 2001.
ABNT. NBR 11682: Estabilidade de encostas. Setembro, 2009.
ARAÚJO, Vinicius. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Projeto De Estabilização De
Taludes E Estruturas De Contenção Englobando Dimensionamento Geotécnico E
Estrutural. 2013. 89 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Superior) - Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.
CÂMARA MUNICIPAL DE ITAPIRA. Dados de Itapira. Itapira, São Paulo, 2018.
Disponível em: www.camaraitapira.sp.gov.br/itapira=dados. Acesso em: 19 mai. 2019.
COAMI, Consultoria Ambiental e de Mineração ltda. Projeto de Encerramento e
Regularização do Aterro Sanitário de Itapira. Socorro, São Paulo, 2019.
FIORI, Alberto Pio ; CARMIGNANI, Luigi. Fundamentos de mecânica dos solos e das
rochas: aplicações na estabilidade de taludes. São Paulo: Oficina de Textos, 2015.
IBGE. Cidades e Estados. [S. l.], 2018. Disponível em: www.ibge.gov.br/cidades-e-
estados/sp/itapira.html?. Acesso em: 20 mai. 2019.
IBGE. Panorama das Cidades. [S. l.], 2018. Disponível em:
cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/itapira/panorama. Acesso em: 19 mai. 2019.
IPT. Relatório Técnico 137171-205 9 de maio de 2014. Itapira, São Paulo, 2014.
PLATAFORMA PRÓ MUNICÍPIOS, 2019, Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Curso
Básico de Estabilização de Taludes [...]. São Paulo: [s. n.], 2019. Tema: Curso Básico de
Estabilização de Taludes.
SUSTEN CENTRISTA, Soluções Ambientais, Projeto Executivo do Novo Aterro Sanitário
de Itapira. Socorro, São Paulo, 2017.
SILVA, B V da. Estabilidade de taludes de aterros não controlados de resíduos.
Dissertação de Mestrado em Geotecnia, Faculdade de Ciencias e Tecnologia, Universidade
Nova de Lisboa (FCT/UNL), Portugal, 2014.

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