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INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAJUVEVÊ

DISCIPLINA: Missão Integral da Igreja


PROFESSOR: Maurício – EAD
02/2022

DESAFIOS DA IGREJA CONTEMPORÂNEA EM RELAÇÃO À SUA MISSÃO


INTEGRAL
Miriam Garcia Sari Kovaski

RESUMO
O objetivo principal desta pesquisa é conceituar “Missão Integral”, sua
importância no decorrer da história da Igreja a partir do “Pacto de
Lausanne”, que aconteceu no ano de 1974 em Lausana, Suíçano
Congresso de Evangelização Mundial, grande marco para os cristãos
firmando o anuncio da tarefa de evangelização, onde a partir dele
reafirmara que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. e os
desafios da Igreja contemporânea em relação ao cumprimento à sua
Missão Integral.

Palavras Chave: Missão Integral-Reino de Deus- Ação social

INTRODUÇÃO
O presente trabalho de pesquisa bibliográfica tem por objetivo conceituar o
que é Missão Integral, reafirmar o propósito da Igreja contemporânea em levar
a Palavra de Deus para todos os povos por meio de uma Missão Integral, que
venha sensibilizar a sociedade contemporânea por meio de sua atuação a
serviço do Reino de Deus. Destacando a importância e a necessidade da
Igreja nos dias atuais apoiar suas bases cada vez mais nas Sagradas
Escrituras, interferindo no seu meio social por meio Missão, focado no ser
humano em todos seus

Miriam Garcia Sari Kovaski - 3º ano sábado


REFERENCIAL TEÓRICO
Por décadas na história da igreja brasileira, a igreja manteve-se afastada
da Missão Integral. Ficando isolada e não integrada à comunidade na qual está
verdadeiramente inserida. Construiu-se uma cultura cheia de preconceitos
onde muitos são discriminados
De acordo com Padilha,2009 a igreja que se compromete com a missão
integral entende que o seu propósito não é chegar a ser grande, rica ou
politicamente influente, mas sim encarnar os valores do reino de Deus e
manifestar o amor e a justiça, tanto em âmbito pessoal como em âmbito
comunitário.
Segundo Waldemar e Carlos (2006), missão é primariamente a missão
de Deus e que todas as ações emanam do envio pelo Pai e da igreja pelo
Filho, conforme atesta o Pacto de Lausanne.
A história do Movimento de Lausanne começou com uma amizade em
1955, o evangelista Billy Graham foi convidado para liderar uma missão na
Universidade de Cambridge com John Stott atuando como seu principal
assistente. Uma amizade que durou a vida toda, e que levaria ao lançamento
do Movimento de Lausanne.
“Billy Graham percebeu a necessidade de um congresso global para
reestruturar a missão cristã em um mundo com perturbações
políticas, econômicas, intelectuais e religiosas. Ele acreditava que isto
somente poderia acontecer se líderes de todas as partes do mundo
se unissem com “a tarefa em comum da evangelização total do
mundo.” (in Movimento de Lousanne)

De acordo com o trabalho de pesquisa realizado por Ronilda da Silva


Ferreira Coelho e Daiane Martins Batista, O Congresso de Evangelização
Mundial, realizado em 1974, foi um grande marco para os cristãos. Este
congresso atraiu a atenção de vários povos e denominações religiosas fazendo
deste evento um norte para apontar os desafios da Igreja na sociedade
contemporânea ressaltando a necessidade das missões no mundo.
Representantes da América do Sul como René Padilla, Orlando Costas
e Samuel Escobar, reafirmaram a relevância das missões e o papel que a
Igreja deve desempenhar com todas as pessoas do mundo, oferecendo a
integralidade do Reino para alcançar mais almas para o Senhor.
Em relação ao Pacto de Lausanne o Longuine Neto, 2002, cita que:
“O Pacto de Lausanne aborda os seguintes temas: propósito de
Deus; a autoridade e o poder da Bíblia; a unicidade e a
universalidade de Cristo; a natureza da evangelização; a
responsabilidade social cristã; a igreja e a evangelização; a
cooperação na evangelização; o esforço conjugado de igrejas na
evangelização; a urgência da tarefa evangelística; evangelização e
cultura; educação e liderança; conflito espiritual; liberdade e
perseguição; o poder do Espírito; e o retorno de Cristo ( LONGUINE
NETO, 2002. P. 76)

Por meio desta citação pode-se entender a responsabilidade social da


igreja, quando o Pacto de Lausanne afirma a condição soberana de Deus
sobre a criação e a Sua justiça. O cristão deve partilhar desse sentimento e
lutar pela libertação dos desfavorecidos, humilhados e marginalizados, sem
distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade, pois todos
somos iguais e toda a humanidade foi criada a imagem e semelhança de Deus,
sendo o homem digno e merecedor de todo o respeito e admiração.
Segundo Grellert, o Brasil ainda está aprendendo a fazer Missão
Integral, pois ainda está em construção. O congresso marca “o compromisso
com o evangelho de Jesus Cristo, nosso salvador e Senhor. Mas também o
nosso amor por nossa terra, nossa gente e nossa cultura. O desejo de praticar
a missão integral nos une”. Depois de Lausanne, ficaram evidentes duas
maneiras de se entender a principal missão da igreja. Os mais conservadores
continuaram crendo que a evangelização é a principal tarefa da igreja, e outro
grupo “começou a trabalhar na direção de que não há prioridade na missão da
igreja [...] tanto a evangelização como a ação social se completam, sem uma
priorização entre elas.
De acordo com Bezerra, a missão integral da igreja está na proclamação
das boas novas de salvação, confrontando o pecado, as injustiças e toda forma
de opressão.
Portanto, quando o Evangelho de Cristo é aceito na íntegra, possui em si
mesmo, poder suficiente para transformar não somente o indivíduo, mas toda a
sociedade. Possuindo duas dimensões, a vertical, para com Deus e a
horizontal, para com o próximo.
A Bíblia fala “a serviço dos santos” (Romanos 15.25), para indicar a
tarefa social da igreja. Isto é tão verdade que Deus estabeleceu o serviço social
como um dos ministérios essenciais na vida da igreja local (Romanos 12.8 e
28).
A Palavra de Deus usa a expressão “privilégio de participar da assistência
dos santos” (II Coríntios 8.4), se refere ao ato do cristão repartir o que tem com
os demais irmãos, ajudando-os em suas necessidades. Em Hebreus 13.1-3, diz
que não podemos negligenciar, como igreja, a prática da hospitalidade, o
atendimento aos presos e aos que estão sendo maltratados. A omissão da
responsabilidade social é pecado.
A igreja brasileira mantendo-se afastada da missão integral, passou para
a sociedade uma imagem de que, a vida cristã é medíocre e não contribui com a
história humana assim, não fazendo falta para a sociedade civil.
Na situação atual, precisamos de alguns fundamentos praticados por
Jesus para poder superar as pressões e os modelos não cristãos que
prevalecem na sociedade moderna.
Cavalcanti diz: “Precisamos ter a Mente de Cristo; sua forma de pensar,
suas perspectivas em perceber a existência, sua maneira de ver as coisas,
prestar atenção aos seus sermões, meditar em suas palavras, relacionar seus
ensinamentos com a experiência diária”.
Quando um cristão começa a se relacionar com Deus passa a sentir a
necessidade dos carentes e oprimidos.
No que diz respeito ao Evangelho, quando este chega até o pobre,
produz libertação. Na verdade, esta é a grande proposta do Evangelho de
Jesus Cristo: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8.32).
A mensagem do reino deve ser para o porvir, e ao mesmo tempo
apresentar um projeto de vida e orientação sobre o que se deve fazer aqui.
As ações sociais da igreja não devem se limitar na distribuição de cestas
básicas e agasalhos, pois a médio e a longo prazo isso gera o clientelismo. A
igreja que pratica o Evangelho integral de Jesus deve ter também uma missão
integral voltada as pessoas devendo estar atentas as questões sociais, como:
saúde física, psicológica, moradia, saneamento básico, transporte mais barato,
liberdade de expressão, etc.
Cada igreja local deveria se tornar um polo de ação social na sua área de
influência. Os recursos humanos existem nas igrejas, o que falta é visão,
organização e ação prática. Se cada igreja local mapeasse as necessidades de
sua área de influência e apoiasse as entidades já existentes, ou criasse onde
não tem, o impacto social seria enorme e a história de nosso país seria outra.
De acordo com os comentários de Stott, 1984, sobre o Pacto de
Lousanne:
[...] todo Cristão, [em suma, a Igreja local como um todo], deve partilhar
dessa responsabilidade frente à sua Comunidade Local e lutar pela
libertação dos oprimidos e marginalizados, sem distinção de raça,
religião cor, cultura, classe social, sexo idade, pois toda a humanidade
é criada a imagem e semelhança de Deus, todos possuem dignidade
intrínseca. A responsabilidade social e o evangelismo fazem parte do
dever cristão; ambos configuram o agir da igreja na criação.
(STOTT,1984)

Entende-se que para a Missão Integral ocorrer faz-se necessário que a


Igreja tenha determinadas condições, ter a consciência da soberania de Deus
sobre a totalidade da vida, e não somente na vida religiosa como também
reconheça que a Igreja tem o propósito de colaborar na realização da missão
de Deus, e a missão de Deus é ver o ser humano como a plenitude de vida, e a
plenitude de vida está conectada com a satisfação de todas as necessidades
básicas do ser humano. A Igreja foi chamada para ser agente de transformação
da sociedade.
René Padilla (1992) acredita que um dos desafios da Igreja é o
desenvolvimento humano no contexto da justiça, ele acrescenta dizendo que
faltam modelos de missão plenamente adaptados a uma situação marcada por
uma distância abismal entre ricos e pobres. Para René Padilla (1992):
“nos países subdesenvolvidos é criar modelos de missão centrados
num estilo de vida profético, modelos que apontem para Jesus Cristo
como o Senhor da totalidade da vida, à universalidade da igreja e à
interdependência dos seres humanos no mundo” (Padilha,1992,
p.152).

Sendo assim, a missão da Igreja é uma extensão da missão de Jesus,


pois a missão não existe para que a Igreja tenha uma atividade, e sim, a Igreja
existe por causa da missão de Cristo que é trazer as “Boas Notícias” a todos
moradores da terra:
“O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para
evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do
coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos
cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do
Senhor” (Bíblia NT Lucas. 4:18-19).

As boas obras não são um acréscimo da missão da Igreja, mas parte


fundamental na integralidade da demonstração presente do Reino de Deus.

CONCLUSÃO
No decorrer deste trabalho de pesquisa bibliográfica pode-se perceber
que a Igreja está em constante mudança, assim como os contextos no qual a
mesma está inserida, porém os desafios e possibilidades também exigem da
Igreja respostas de acordo com às mudanças sociais contemporâneas.
O plano de Deus inclui a redenção da vida em todas as suas dimensões
(corpo, alma e espírito). O reino de Deus se preocupa com a harmonia em toda a
sua vida.
. O Reino de Deus é, uma realidade presente e uma promessa que será
cumprida no futuro. O Reino tem a ver com o poder de Deus por meio do qual
“os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos
ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o
evangelho” (Bíblia, NT, Mateus. 11:5).
Assim, o grande desafio da igreja contemporânea em relação a missão
integral na sociedade é proclamar o Senhor Jesus como único Senhor e
Salvador, trazendo o homem a reconciliação com Deus, consigo mesmo e com o
próximo, realizando as boas obras que Deus preparou, assim como Jesus o fez.
Para que haja um mover na justiça social através da Igreja, é necessário
que a mesma viva o Evangelho em sua plenitude que resume no amor
incondicional. Pois quando a Igreja vive no amor de Cristo, suas ações sociais
são consequências deste amor
Além disso, há muitas igrejas que praticam sem necessariamente usar a
expressão para referir-se ao que estão fazendo. O que aconteceu nos últimos
anos foi uma recuperação da perspectiva bíblica segundo a qual não basta
falar do amor de Deus em Cristo Jesus: é preciso vivê-lo e demonstrá-lo
através de ações.
“De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem
obras? Acaso a fé pode salvá-lo? e um irmão ou irmã estiver
necessitando de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe
disser: "Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se", sem,
porém, lhe dar nada, de que adianta isso? Assim também a fé, por si
só, se não for acompanhada de obras, está morta. Mas alguém dirá:
"Você tem fé; eu tenho obras". Mostre-me a sua fé sem obras, e eu
mostrarei a minha fé pelas obras. Você crê que existe um só Deus?
Muito bem! Até mesmo os demônios creem - e tremem!0Insensato!
Quer certificar-se de que a fé sem obras é inútil? Não foi Abraão,
nosso antepassado, justificado por obras, quando ofereceu seu filho
Isaque sobre o altar? Você pode ver que tanto a fé como as obras
estavam atuando juntas, e a fé foi aperfeiçoada pelas obras.” (BÍBLIA
NT, Tiago 2:14-22)
Referência Bibliográfica
"AQUINO, Rodrigo Bibo. Missão integral em poucas palavras. Joinville:
BTBooks, 2013."
BEZERRA, M.C.: Missão integral da igreja. ITQ, 2011.
COELHO, Ronilda da Silva Ferreira, IGREJAS CONTEMPORÂNEAS:
PRÁTICAS E DESAFIOS PARA UMA MISSÃO INTEGRAL TCC
https://repositorio.uninter.com/bitstream/handle/1/345/TCC-RONILDA
FERNANDES, Eliziana da Costa, Ação Social Qual a Responsabilidade da
Igreja Local TCC de Bacharelado em Teologia apresentado à Faculdade de
Teologia Integral FATIN , Kindleunlimited
FERREIRA, Adair. °A evangelização a partir de Lausanne – Uma
abordagem Sócio-Espiritual 1ª.Edição,Pancas Espírito Santo ,2018.
LONGUINI NETO, Luis. O novo rosto da missão: os movimentos
ecumênico e evangelical no protestantismo latino-americano. Viçosa:
Ultimato, 2002.
PACTO DE LAUSANNE. O Movimento de Lausanne. Disponível em: <
https://www.lausanne.org/pt-br/recursos-multimidia-pt-br/o-movimento-de-
lausana-eo-evangelicalismo-global-distintivos-teologicos-e-impacto-
missiologico> .Acesso em 07 fevereiro 2022
PADILHA, RENE. O QUE É MISSÃO INTEGRAL Minas Gerais: Ultimato,
2009
STOTT,John John Stott comenta o Pacto de Lausanne: uma exposição e
comentário. São Paulo: ABU, 1984. Série Lausanne
Sites
https://bibotalk.com/textos/missaointegral.pdf
https://lausanne.org/pt-br/billy-graham-e-john-stott

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