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QUEM FOI JOHN HUSS?

John (ou Jan) Huss foi um dos procursores mais importantes da Reforma Protestante. Ele não
apenas foi grandemente usado na Boêmia para causar um rompimento com a igreja Católica, mas
também profetizou sobre o ministério de Lutero.

DO INTELECTUALISMO À FÉ
Em 1369, John Huss nasceu em uma pequena cidade da Boêmia (região entre o sul da Alemanha e o
oeste da República Tcheca), onde ele teve uma infância muito pobre.
Apesar da sua pobreza ele era um garoto brilhante e sonhava em ser um oficial da igreja Católica,
forma comum de ganhar dinheiro naquela época.

Seguindo seu sonho de um futuro financeiramente confortável, Huss entrou muito cedo, ainda
adolescente, para a universidade de Praga.

É dito que, enquanto entrava na universidade pela primeira vez, sua mãe o retirou para um lugar
afastado e orou por ele, para que Deus o fizesse um instrumento em suas mãos.

Talvez ela não tenha vivido para ver quão amplamente Deus responderia sua oração!

Durante seus anos de estudo Huss adquiriu dois bacharelados, em Letras e Teologia, e seu mestrado
em Teologia. Com o passar do tempo passou a se tornar um dos intelectuais mais respeitados de
Praga.

Durante seu tempo na universidade ele também fez um grande amigo, que é conhecido na história
como Jerônimo de Praga e era um pregador eloquente e viria a ser um grande complemento para o
seu ministério.

Certa vez, Jerônimo fez uma viagem para a Inglaterra e lá conheceu os materiais de John Wycliffe,
que o encantaram e, com o encorajamento da Rainha da Inglaterra, decidiu trazê-los consigo para
Praga.

Huss passou a estudar com muito desejo as obras de Wycliffe, que começaram a causar uma grande
impressão no seu espírito.
Ainda nesse mesmo contexto, dois pregadores vindos da Inglaterra, ao pregarem as doutrinas
reformadas de Wycliffe, foram silenciados pela igreja Católica, sendo proibidos de pregar
publicamente.

Como forma de protesto, foram até o centro da cidade e fizeram duas obras de arte. Uma com a
imagem do papa, em todo o luxo, ouro e glória humana. Outra, de Jesus assentado em um
jumentinho:

Estas imagens mexeram profundamente com o coração de John Huss, que já vinha sendo
despertado pelo Espírito através das obras de Wycliffe que sempre o levavam para a Palavra de
Deus.

A partir desse momento ele passou a repensar sua fé e seus objetivos, o que colocou um novo rumo
em seu ministério e sua vida.

PERSEGUIÇÃO E OPOSIÇÃO DA IGREJA CATÓLICA


Nesse período, ele pregava semanalmente na Capela Betel, em Praga. Foi do púlpito dessa pequena
capela que os ensinos reformados, agora iluminados e incendiados pelo Espírito Santo, começaram
a impactar o mundo.

Seu ensino se tornou tão conhecido que chegou aos ouvidos da igreja Católica em Roma e causou
tanto incômodo que o chamaram para uma audiência. A proposta era que seus ensinos fossem
avaliados por um juri que definiria se ele seria classificado ou não como herege, o que significaria
morte certa pra ele.

Huss, sabendo do risco, não compareceu. Entretanto, a igreja Católica realizou a audiência mesmo
na sua ausência, resultando em sua condenação como herege.
Nesse período, as autoridades religiosas estavam tão profundamente incomodadas que colocaram a
cidade de Praga sob um “interdito”, que na superstição católica significa que as portas do céu
estariam fechadas para as pessoas daquela cidade.

Essa estratégia funcionou e as pessoas de Praga expulsaram John Huss para reverter o “interdito”.

John Huss então se tornou um pregador itinerante, espalhando a verdade do evangelho


transformador de Cristo pelas cidades da Boêmia. Quanto mais a igreja Católica tentava silencia-lo,
mais seu ministério prosperava.

Depois de algum tempo, o “interdito” havia sido retirado de praga e Huss voltou para a Capela
Betel, pregando com ainda mais zelo, agora direcionando sua atenção contra a venda da salvação
por meio das indulgências.

Mais uma vez a igreja apelou para a superstição, declarando um novo “interdito”, fazendo com que
Huss saísse mais uma vez da Capela Betel. Agora para nunca mais voltar.

SEU MARTÍRIO EM DEFESA DA VERDADE


Nessa época, havia uma grande confusão na igreja Católica, porque três homens diziam ser papas.

Por isso, foi organizado em 1415 o Concílio de Constança, com a finalidade de resolver a questão
da autoridade na igreja Católica.

Entretanto, o principal motivo do concílio era “limpar a igreja de heresias”. Foi nessa ocasião que
condenaram John Wycliffe à fogueira mesmo já estando morto (queimaram, então, seus ossos).
Também chamaram Huss, para prestar esclarecimentos.

Para garantir que Huss estivesse presente, a igreja Católica lhe ofereceu um Salvo Conduto (uma
garantia de que ele não seria preso ou morto). Mas ao chegar em Constança ele foi capturado,
algemado e lançado em uma masmorra. Haviam mentido para ele.
Depois de muitas semanas, enfraquecido e enfermo pelos sofrimentos na masmorra, foi levado a
julgamento para defender-se das acusações feitas contra ele para, por fim, ser condenado.

Quando oferecido a oportunidade de renunciar seu ensino, ele disse com muita simplicidade:
“Não posso. Apelo a Jesus Cristo, o único juiz que é poderoso e totalmente justo.”

Assim, o vestiram com uma roupa sacerdotal, zombaram dele e fizeram uma coroa de papel com
desenhos de demônios para o coroarem. Por fim, o levaram para o local onde seria queimado.

Mais uma vez disseram “retrate-se, renuncie seus ensinos e você sairá daqui caminhando”, ao que
ele respondeu:

De que erros eu me retrataria? Deus sabe que a evidência contra mim é falsa. Eu nunca pensei ou
preguei, exceto com a única intenção de, se possível, ganhar os homens dos seus pecados.

Uma das autoridades católicas bradou: “John Huss, nós, agora, entregamos tua alma ao diabo”,
mas ele disse:

“Senhor Jesus, em tuas mão eu entrego meu espírito, porque tu me redimiste.”

Um costume dos carrascos naquela época era acender o fogo por trás. Entretanto, Huss disse ao seu
executor:

Pode vir pela frente. Se estivesse com medo, não estaria aqui.

O nome Huss na língua Boêmia significa “ganso”. Então, quando acenderam a fogueira, ele
declarou:
Hoje vocês estão queimando um ganso. Mas em cem anos vocês se defrontarão com um cisne, e ele
vocês não poderão queimar.

Assim, em 1415, morria John Huss, queimado junto com seus livros, cantando um cântico que
dizia: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim”.

O LEGADO QUE NOS TOCA AINDA HOJE


Quero te convidar a pensar sobre suas últimas palavras. Porque quando olhamos para a história da
Igreja percebemos que, mais do que apenas um desejo no seu coração, ele estava fazendo uma
declaração profética:

No ano de 1517, literalmente cento e dois anos após a sua morte, um homem chamado Martinho
Lutero prega 95 teses contra as doutrinas da igreja Católica na porta da igreja do castelo de
Witemberg.

A igreja estava se deparando com um cisne que eles não poderiam queimar.

Esse aspecto profético da morte de Huss nos mostra que, muito mais do que um agir humano,
político, religioso, havia um agir de Deus. Poucos estiveram atentos e dispostos a dizer sim e pagar
o preço. Mas Deus usou poderosamente aqueles que fizeram.

Que muitos estejam atentos ao mover de Deus em nossos dias. Digamos sim ao seu chamado e
sejamos um canal de transformação. Huss nos ensina isso ainda hoje com seu exemplo.
Hoje sua estátua se levanta no mesmo lugar onde um dia ele foi queimado, nos lembrando das
palavras de Jesus, que disse:

“Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo,
disserem todo mal contra vós.”
Mateus 5:11

extraído do site - https://examinandoasescrituras.com/historia-da-igreja/quem-foi-john-huss/


01/07/2022 - 13:45h.

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