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Doutrina Social da

Igreja

Primeira Parte
Capítulo 2
CAPÍTULO II: Missao da Igreja e Doutrina Social
◼ I. Evangelização e Doutrina Social
 a) A Igreja, morada de Deus com os homens
 b) Fecundar e fermentar com o Evangelho a sociedade
 c) Doutrina social, evangelização e promoção humana
 d) Direito e dever da Igreja
◼ II. A Natureza da Doutrina Social
 a) Um saber iluminado pela fé
 b) Em diálogo cordial com todo o saber
 c) Expressão do ministério de ensinamento da
 d) Por uma sociedade reconciliada na justiça e no amor
 e) Uma mensagem para os filhos da Igreja e para a humanidade
 f) No signo da continuidade e da renovação
◼ III. A Doutrina Social Do Nosso Tempo: Acenos Históricos.
 a) O início de um novo caminho
 b) Da «Rerum novarum» aos nossos dias
 c) À luz e sob o impulso do Evangelho
I. Evangelização e Doutrina Social
◼ a) A Igreja, morada de Deus com os homens
 A Igreja, partícipe das alegrias e esperanças....
 A Igreja é, na humanidade e no mundo, o sacramento do amor
de Deus e, por isso mesmo, da esperança maior, que ativa e
sustém todo autêntico projeto e empenho de libertação e
promoção humana.
 Único e irrepetível na sua individualidade, todo homem é um ser
aberto à relação com os outros na sociedade
 O bem comum que eles buscam e conseguem formando a
comunidade social é garantia do bem pessoal, familiar e
associativo.
◼ b) Fecundar e fermentar com o Evangelho a sociedade
◼ Com o seu ensinamento social a Igreja entende anunciar e atualizar o
Evangelho na complexa rede de relações sociais. Quer não só
alcançar ao homem na sociedade más fecundar e fermentar com o
Evangelho a mesma sociedade.
 A convivência social, com efeito, não raro determina a
qualidade da vida e, por conseguinte, as condições em que cada
homem e cada mulher se compreendem a si próprios e decidem
de si mesmos e da própria vocação.
 Efetivamente, a sociedade ― com tudo o que nela se realiza ―
diz respeito ao homem.
◼ Anunciando o Evangelho, «testemunha ao homem, em nome de
Cristo, sua dignidade própria e sua vocação à comunhão de pessoas;
ensina-lhe as exigências da justiça e da paz, de acordo com a
sabedoria divina». (CIC, 2419)
 “Assim é que A revelação cristã leva a uma compreensão mais
profunda das leis da vida social” (GS 23,1)
◼ A doutrina social é palavra que liberta. Tem a eficácia de verdade
e de graça do Espírito Santo, que penetra os corações, dispondo-os
a cultivar pensamentos e projetos de amor, de justiça, de liberdade
e de paz.
◼ Evangelizar o social é, pois, promover uma sociedade à medida
do homem porque à medida de Cristo
◼ A Igreja, com a sua doutrina social, não só não se afasta da própria
missão, mas lhe é rigorosamente fiel.
◼ A redenção realizada por Cristo e confiada à sua missão salvífica
é certamente de ordem sobrenatural. Esta dimensão não é
expressão limitativa, mas integral da salvação. O sobrenatural
não deve ser concebido como uma entidade ou um espaço que
começa onde termina o natural, mas como uma elevação deste,
de modo que nada da ordem da criação e do humano é alheio ou
excluído da ordem sobrenatural e teologal da fé e da graça, antes
aí é reconhecido, assumido e elevado
◼ A Redenção começa com a Encarnação, mediante a qual o Filho
de Deus assume tudo do homem, exceto o pecado,
◼ O homem todo — não uma alma separada ou um ser encerrado na
sua individualidade, mas a pessoa e a sociedade das pessoas —
fica implicado na economia salvífica do Evangelho
◼ Isto é particularmente verdadeiro numa época como a nossa,
caracterizada por uma crescente interdependência e por uma
mundialização das questões sociais.
c) Doutrina social, evangelização e promoção humana
◼ A doutrina social é parte integrante do ministério de evangelização
da Igreja
 nada é alheio à evangelização e esta não seria completa se não
levasse em conta o recíproco apelo que se continuamente se
fazem o Evangelho e a vida concreta, pessoal e social do
homem.
◼ A Igreja não se ocupa da vida em sociedade em todos os seus
aspectos, mas com a sua competência própria, que é a do
anúncio de Cristo Redentor:
 Isto quer dizer que a Igreja, com a sua doutrina social, não entra
em questões técnicas e não institui nem propõe sistemas ou
modelos de organização social: isto não faz parte da missão que
Cristo lhe confiou.
◼ A Igreja tem a competência que lhe vem do Evangelho: da
mensagem de libertação do homem anunciada e testemunhada
pelo Filho de Deus humanado.
d) Direito e dever da Igreja
◼ Com a sua doutrina social a Igreja «se propõe assistir o homem no
caminho da salvação»:
◼ A Igreja tem o direito de ser para o homem mestra de verdades da
fé: da verdade não só do dogma, mas também da moral que
dimana da mesma natureza humana e do Evangelho
 A palavra do Evangelho, não deve somente ser ouvida, mas
também posta em prática
◼ Este direito é, ao mesmo tempo, um dever
 De um lado não se deve atuar uma «redução errônea do fato
religioso à esfera exclusivamente privada»,
 De outro lado não se pode orientar a mensagem cristã a uma
salvação puramente ultraterrena, incapaz de iluminar a
presença sobre a terra.
◼ Pela relevância pública do Evangelho e da fé e pelos efeitos
perversos da injustiça, vale dizer, do pecado, a Igreja não pode ficar
indiferente às vicissitudes sociais:
 anunciar princípios morais mesmo referentes à ordem social,
 e pronunciar-se a respeito de qualquer questão humana,
enquanto o exigirem os direitos fundamentais da pessoa
humana ou a salvação das almas ».
II. A Natureza da Doutrina Social
a) Um saber iluminado pela fé
 Não foi pensada desde o princípio como um sistema
orgânico
 A doutrina social da Igreja pertence, não ao campo da
ideologia, mas ao «da teologia e precisamente da teologia
moral» (JP II, Solicitudo rei socialis, 41)
 É «a formulação acurada dos resultados de uma reflexão atenta
sobre as complexas realidades da existência do homem, na
sociedade e no contexto internacional, à luz da fé e da tradição
eclesial.” (S. Rei Soc. 41)

 Sua finalidade principal é:


◼ interpretar estas realidades, examinando a sua
conformidade ou desconformidade com as linhas do
ensinamento do Evangelho sobre o homem
◼ orientar o comportamento cristão».
◼ Três níveis do ensinamento teológico-moral:
 o nível fundante das motivações;
 o diretivo das normas do viver social;
 o deliberativo da consciência
◼ Tem seu fundamento essencial na Revelação bíblica e na
Tradição da Igreja
 Interage eficazmente com a razão e vale-se de todos os
contributos que esta lhe oferece.
 A fé e a razão constituem as duas vias cognoscitivas da
doutrina social (Compendio DSI Nº 75)
– Fontes: A Revelação
A natureza humana
 O mistério de Cristo ilumina o mistério do homem
b) Em diálogo cordial com todo o saber
◼ Se vale de todos os contributos cognoscitivos, qualquer que
seja o saber donde provenham, e tem uma importante
dimensão interdisciplinar:
 Filosofia: para uma correta compreensão de conceitos
basilares
 Ciências humanas e sociais
◼ Para compreender melhor a sociedade
◼ Falar aos homens do próprio tempo de modo convincente
◼ Encarnar na consciência e na sensibilidade social do nosso
tempo a palavra de Deus
c) Expressão do ministério de ensinamento da Igreja
◼ É doutrina da comunidade inteira da Igreja – sacerdotes
religioso e leigos
◼ Contributos multíplices assumidos, interpretados e unificados
pelo Magistério, que promulga o ensinamento social como
doutrina da Igreja.
 Magistério universal do Papa e do Concilio integrado pelo
Magistério episcopal:
◼ que especifica, traduz e atualiza o seu ensino na concretude
e peculiaridade das múltiplas e diferentes situações locais.
 É parte do ensinamento moral da Igreja
d) Por uma sociedade reconciliada na justiça e no amor
◼ A Igreja se preocupa com a vida humana na sociedade, ciente
de que da qualidade da experiência social, ou seja, das
relações de justiça e de amor que a tecem, depende de modo
decisivo a tutela e a promoção das pessoas, para as quais toda
comunidade è constituída.
◼ Uma função de anúncio mas também de denúncia
 Anúncio do que a Igreja tem de próprio: «uma visão global do
homem e da humanidade».
◼ Não só no nível dos princípios, mas também prático
◼ significados, valores e critérios de juízo
◼ normas e as diretrizes de ação

 Dever de denúncia em presença do pecado: é o pecado de


injustiça e de violência que de vário modo atravessa a sociedade e
nela toma corpo.
◼ Questões sociais: opressões e desequilíbrios que conturbam as
sociedades envolvendo inteiras categorias de pessoas e amplas
áreas geográficas
◼ O intento da doutrina social da Igreja é de ordem religiosa e moral.
e) Uma mensagem para os filhos da Igreja e para a
humanidade
◼ A primeira destinatária da doutrina social é a comunidade
eclesial
◼ Também é dirigida a todos os homens de boa vontade
 Em nome do homem, da sua dignidade uma e única, e da sua
tutela e promoção na sociedade
 em nome do único Deus, Criador e fim último do homem,
f) No signo da continuidade e da renovação
◼ Continuidade de um ensinamento que se remonta aos valores
universais que derivam da Revelação e da natureza humana
◼ Renovação: no seu constante voltar-se à história, deixando-se
interpelar pelos eventos que nela se produzem, a doutrina social da
Igreja manifesta uma capacidade de contínua renovação
III. A Doutrina Social do Nosso Tempo: Acenos Históricos
a) O início de um novo caminho
◼ A frase “Doutrina Social” é de Pio XI na “Quadragesimo anno”
(1931).
◼ Refere-se ao corpus doutrinal referente à sociedade que, a
partir da Encíclica “Rerum Novarum” de Leão XIII (1891), se
desenvolveu na Igreja através do Magistério dos Papas e dos
Bispos em comunhão com eles - mas que tem seus raízes na
Sagrada Escritura, no Padres e nos doutores da Idade Media.
◼ Os eventos econômicos do século XIX ligados à revolução
industrial tiveram conseqüências sociais, políticas e culturais
que subverteram a organização da sociedade levantando
graves problemas de justiça particularmente a “Questão
operária”.
 Criou-se uma situação nova (= “Rerum novarum”) onde a Igreja
sentiu a necessidade de um novo tipo de intervenção – um ensino
social
b) Da «Rerum novarum» aos nossos dias
◼ Leão XIII:
 “Rerum Novarum” - 15 Maio 1891- Questão operária
◼ Pio XI:
 “Quadragesimo anno” 1931 - crise econômico de 1929
 “Non abbiamo bisogno” 1931 - contra fascismo italiano
 “Mit brennender Sorge” 1937 – contra o Reich Germânico
 “Divini Redemptoris” 1937 – contra comunismo ateu
◼ Pio XII:
 Radio mensagens natalinas
◼ João XXIII:
 “Mater et Magistra” 1961 – Comunidade e socialização
 “Pacem in Terris” 1963 – bem comum universal
◼ Concilio Vaticano II:
 “Gaudium et Spes 1965 – Igreja solidária com mundo
 “Dignitatis humanae” 1965 – direito à liberdade religiosa
◼ Paulo VI:
 “Populorum Progressio” 1967 – Sobre o desenvolvimento
 Pontifícia Comissão “Justitia et Pax” 1967
 “Octogesima adveniens” 1971 – sociedade pós-industrial
◼ João Paulo II:
 “Laborem Exercens” 1981 – Sobre o trabalho humano
 “Solicitudo rei socialis” 1987 - Um Desenvolvimento digno
 “Centesimus annus” 1991 – Solidariedade
c) À luz e sob o impulso do Evangelho
◼ Esta doutrina foi animada por intentos não teoréticos mas
pastorais
◼ Um esforço de propor à comunidade cristã e a todos:
 Principios fundamentais
 Critérios universais
 Orientações idôneas
◼ Para sugerir as opções de fundo e a práxis coerente
para cada situação concreta
◼ A Igreja preocupada diante das repercussões das mutações
sociais sobre as pessoas, num ambiente no qual:
 Se procura com afã uma organização temporal mais
perfeita,
 Sem que o crescimento espiritual progrida ao mesmo
tempo
 Busca levar os homens a um desenvolvimento integral

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