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Gráfica - Camarate
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Jorge e o seu Dragão
A imaginação é uma espécie de rottweiler tramado de domesticar. Sobretudo porque
temos de ir passeá-la à rua e ela tem o dobro do nosso tamanho. É com este senão,
quase irrelevante, que o mundo também autoriza que os cães sejam o melhor amigo do
homem até que saia no jornal que um rottweiller arrastou o seu dono pela rua e mordeu
o rabo de um velhinho. Isto que dizer que a imaginação é mesmo bestial, excepto os
medos, as alucinações e as invejas que mordem os rabos dos velhinhos. Felizmente
temos os sonhos, os desejos, as fantasias, os amigos imaginários que chegam, quase
sempre bem, para eles.
A verdade é que foi com eles e com os nossos neurónios coloridos que mudámos o mun-
do. Se bem te lembras, foi assim que começámos a derrotar as sombras do quarto e sou-
bemos aí que estávamos talhados para vencer. Salvámos vinte vezes a rapariga mais
bonita da escola e escapámos por um triz. Vinte vezes prometemos não repetir aquele
salto arriscado no final do filme… e repetimos. Fizemos um risco no chão e dissemos
aos outros que agora era a sério. Montámos cabanas nas árvores, embrenhámo-nos na
floresta, prometemos voltar sozinhos e valentes.
Um cavaleiro e um dragão. Amigo, percebo bem o teu espanto por encontrares neste
livrinho amizades tão improváveis. Mas deixa-me lembrar-te que se há coisa menos
provável numa criança são as suas amizades. Por isso, é altura para lhes dizeres que os
maus, um dia, serão bons e os bons serão o máximo, que podem confiar apenas porque
lhes estamos a dizer que sim, que os sonhos e desejos fazem sempre sentido. Não foi
assim que o teu pai te ensinou que Deus existe, que pode tudo e é Bom? Digo-te agora,
já claramente a arriscar, que se o Dragão é fruto da imaginação do Jorge provavelmente
ambos são um só. Mas um Dragão é mau, dizes tu? Se são maus, são como os vilões
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da banda desenhada e ajudam as pessoas a definir os campos morais e assim são bons
porque participam amigavelmente na nossa formação de carácter.
(Já estás com a cabeça dentro da máquina de lavar? Não desligues já. Agora é que estás
pronto para perceber o resto do texto.)
Sei que foi a custo, com a sede e a fome dos grandes Raids, que me acompanhaste
até aqui. Mas afinal quem é este Dragão que não é um dragão e o Jorge que não é São
Jorge? O Dragão é mais que um produto da imaginação do Jorge: é o Jorge. Completa a
sua personalidade, às vezes a sua boa consciência e ajuda a explicar aos outros coisas
não tangíveis porque são nossas e não se explicam, não porque sejam grandes segre-
dos, mas porque não se entenderiam. Tecnicamente, as personagens como o Dragão
chamam-se Heróis Tandém. São, por exemplo, o Hobbes do Calvin ou o Woodstok do
Snoopy ou o Milú do Tintim ou ainda o Jolly Jumper do Lucky Luke e o nosso boneco
preferido para nós próprios. Aos olhos dos adultos não existem ou são meros bonecos.
Aos nossos olhos de criança vencem connosco todas as batalhas e fazem de nós os
fortes que somos. Compreendes agora o segredo? Fica entre nós…
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Por essa razão, os dirigentes que desenvolvem a sua acção pedagógica numa deter-
minada secção devem saber caracterizar globalmente os elementos dessa faixa etária,
reconhecendo sinais identificadores e característicos do seu nível de desenvolvimento,
para lhes poderem proporcionar experiências educativas enriquecedoras e estruturan-
tes.
No entanto, isto não é suficiente: é também necessário conhecer cada elemento indivi-
dualmente. Tal como dizia o nosso fundador, Baden-Powell, o dirigente deve conhecer
“todos em geral e cada um em particular”.
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Região de Aveiro
AS 6 ÁREAS DE DESENVOLVIMENTO
Desenvolvimento Físico
Por volta dos seis anos, começa um período de grande agitação física. Nesta fase, a
criança deseja expressar-se com o corpo, gostando de saltar e trepar. O jogo acaba
por ser, assim, o meio privilegiado de expressão e libertação de energia, permitindo o
desenvolvimento da habilidade motora. Nesta idade, no entanto, existe ainda alguma
dificuldade a nível da lateralidade (não estando completamente definida, há dificuldade
em reconhecer a direita e a esquerda) e da destreza das mãos e pontas dos dedos, pelo
que é importante serem desenvolvidas actividades manuais.
Cerca dos oito anos de idade, a energia na criança é inesgotável e ela começa a melho-
rar o seu desempenho a nível motor e a adquirir orientação espácio-temporal, melhoran-
do a sua noção de perspectiva e proporção do corpo humano.
Globalmente, o período entre os seis e os dez anos é ainda marcado pela consolidação
dos hábitos de higiene e por um aperfeiçoamento da autonomia nessas tarefas. Esta é,
por fim, uma fase em que a criança mostra grande interesse por temas sexuais, reve-
lando especial curiosidade sobre a relação entre os sexos, as diferenças anatómicas e
a reprodução.
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Desenvolvimento Afectivo
Entre os seis e os sete anos, a criança é muito espontânea e revela-se muito sensível à
humilhação e às repreensões. Como valoriza muito o adulto, não aprecia a sua censura
e pode mesmo fazer coisas contrariada, apenas com o intuito de agradar.
Desenvolvimento do Carácter
Relativamente aos adultos, a criança desta faixa etária estabelece relações de grande
6 proximidade com os mais velhos, que idealiza e vê como seus modelos, e pode ser
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muito influenciada por eles. Nesta etapa, o desenvolvimento moral constrói-se nas re-
lações interpessoais: boa conduta é a que agrada aos outros. A criança tenta, assim,
viver de acordo com o que as pessoas próximas esperam de si, necessitando da sua
aprovação.
Para além disto, desenvolve a sua consciência crítica e o sentido de justiça, na medida
em que dá valor ao que faz, gosta de ser reconhecida pelos outros e sabe distinguir o
bem e o mal, embora tendo por base as consequências das suas acções.
A estas características junta-se ainda uma grande sinceridade, que leva as crianças,
sobretudo as mais novas, a não ter pudores em revelar o que pensam.
A este nível, a vida em Alcateia deve levar os lobitos a construir a sua personalidade de forma coerente,
progressiva e desafiante, ajudando-os:
- a desenvolver a sua consciência crítica, nomeadamente através da avaliação das actividades e dos seus
comportamentos;
- a analisar os seus actos, tomando consciência das suas consequências e da necessidade de modificar com-
portamentos (através da recordação constante da Lei e Máximas, das conversas em Bando e em Conselho
de Alcateia, etc.);
- a respeitar a opinião alheia, aceitando pontos de vista diferentes.
Desenvolvimento Espiritual
A dimensão espiritual está relacionada com o significado da vida. Para além disso, não
se desenvolve de forma independente das relações que estabelecemos com os outros
e connosco mesmos, mas baseia-se na sociabilidade, inteligência e afectividade. Assim
sendo, e porque a vida da criança, nesta altura, gira muito à volta da família, é nela que
a imagem de Deus começa a tomar forma: é ao tomar consciência das imperfeições dos
pais que a criança começa a distingui-los de Deus.
Por volta dos seis e sete anos, e porque a capacidade de abstracção ainda não está
muito presente, Deus não é visto de forma simbólica. É, sim, olhado como um homem
grande e poderoso, com barbas brancas, o Criador do mundo que a criança conhece.
Mais próxima é a imagem de Jesus enquanto criança, que funciona como modelo a
seguir.
Depois, a partir dos oito anos, a presença divina personaliza-se e há uma valorização
moral do bem e do mal no seu comportamento e no dos outros. Surge ainda, de forma
marcada, a noção de justiça.
Desenvolvimento Intelectual
A criança de seis anos apresenta uma curiosidade activa, um imenso desejo de saber e
uma grande capacidade de observação dos detalhes. É nesta fase que aprende a ler e
a escrever, o que lhe dá um maior acesso à informação e lhe permite, sozinha, descobrir
mais coisas acerca de temas do seu interesse, como a vida dos animais e a Natureza
em geral. É também atraída por histórias e narrações. A este nível, a sua visão do mundo
é caracterizada por um objectivismo ingénuo, que a leva a ter dificuldade em separar de
forma clara o mundo real e a fantasia. Possui ainda desejo de se expressar de múltiplas
maneiras, mas ainda não consegue pôr em prática as suas ideias.
Cerca dos sete anos, a inteligência intuitiva sofre uma profunda transformação. A partir
daqui, a criança vai além das aparências e das observações fortuitas, passando a reflec-
tir e a tentar compreender a lógica dos objectos e dos acontecimentos. Começa assim a
sentir necessidade de organizar o real através das classificações, comparações e hierar-
quizações. Isto revela-se, por exemplo, no seu gosto por colecções.
Depois dos oito anos, continua a curiosidade insaciável em conhecer o mundo e a crian-
ça revela grande capacidade de memorização. Pouco a pouco, acaba por se tornar autó-
noma num grande número de tarefas rotineiras, muitas vezes exigindo fazê-las sozinha.
Desenvolvimento Social
A partir dos oito anos, ao superar o egocentrismo, a relação com o grupo começa a as-
sumir importância vital e torna-se necessária a existência de uma hierarquia e de papéis
bem definidos. A criança começa então a participar em jogos colectivos, com regras já
existentes e outras inventadas pelo grupo e que este faz cumprir. Esta experiência em
pequeno grupo é fundamental para a sua socialização e manter-se-á ao longo da sua
vida como experiência significativa de integração pessoal.
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No entanto, convém que os dirigentes tenham a noção de que, por norma, na Expedição
e na Comunidade encontram dois grupos distintos de rapazes e raparigas que diferem
muito entre si no que diz respeito à sua maturação e à sua maneira de ser, comportamen-
tos e expectativas. Assim sendo, e porque as necessidades de aperfeiçoamento pessoal
são distintas, devem ser diferentes as formas de actuação de um adulto em cada um dos
grupos.
AS 6 ÁREAS DE DESENVOLVIMENTO
Desenvolvimento Físico
Na Comunidade deve-se:
- fomentar um ambiente tranquilo e respeitador, que permita ajudar cada um conhecer e respeitar o seu
corpo, aceitando com serenidade as mudanças;
- estimular o respeito pelo outro sexo, valorizando as diferenças físicas existentes;
- desenvolver a aptidão corporal através de actividades estimulantes que desafiem a descoberta de novas
capacidades físicas.
Desenvolvimento Afectivo
A atenção que um adulto presta a um adolescente desta idade deve estar muito virada
para a compreensão destas emoções, dado que elas podem originar desequilíbrios a
nível de comportamentos.
Para além disto, surge a necessidade de estabelecer uma ligação afectiva com outra
pessoa. Este é, assim, o período da atracção, das grandes paixões e dos primeiros amo-
res (surge mais cedo nas raparigas).
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Claro que toda esta procura vem acompanhada de grandes períodos de instabilidade
emocional, com mudanças de humor súbitas – em que num momento é possível estar
muito bem, noutro em profunda tristeza e desânimo –, dado que há uma alternância entre
o que se sonha e aquilo que é possível. Os períodos de tristeza são, em geral, períodos
de isolamento.
Desenvolvimento do Carácter
Até aos 13 anos, a capacidade de reflectir sobre a sua própria opinião e a opinião dos
outros leva os adolescentes a questionar as orientações estabelecidas, sobretudo as do
núcleo familiar. Podemos falar, assim, do início de um período de oposição e rejeição de
ideias provenientes de figuras com quem antes havia uma identificação. Para além disto,
o adolescente desta idade consegue já descrever-se em termos de pensamentos inter-
nos, sentimentos, capacidades e atributos, demonstrando capacidade de auto-análise.
Para além disto, os esforços dirigem-se sobretudo para a procura de novos modelos de
comportamento (os modelos de identificação deixam, muitas vezes, de ser os pais para
serem outros adultos de referência ou os pares), o que pode produzir uma consequente
alteração do sistema de valores.
Por fim, o adolescente tem tendência a construir grandes sonhos e aspirações e a de-
senvolver sentimentos de invulnerabilidade. É frequente, a este nível, que o adolescente
se proponha a refazer a sociedade na qual é chamado a viver, não dando atenção a
potenciais situações de risco em que se pode colocar.
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Desenvolvimento Espiritual
Dos 11 aos 13 anos, surge uma maior preocupação com as questões morais e um melhor
entendimento destas. Assim, os princípios, deveres e responsabilidades éticas começam
a ser defendidos com esforço, sobretudo em momentos de grupo: os adolescentes to-
mam consciência de que todos devem seguir as mesmas leis e regras para manutenção
da harmonia e entendimento do grupo. Aceitam, assim, os princípios morais como meio
de partilha de direitos e responsabilidades com os outros. Contudo, esta situação, muitas
vezes, só é visível quando existe uma quebra no entendimento comum, em que se levan-
tam as típicas questões do “não é justo”, ou do “uns podem e outros não”.
A partir dos 14 anos, a simbologia, o interesse por outras vivências de Fé e por pro-
blemas éticos e de defesa de valores tornam-se marcos das vivências espirituais dos
adolescentes. Nesta fase, surge um interesse mais marcado por ideologias e religiões
diferentes da sua, que é acompanhado por alguma reserva na expressão de questões
espirituais e convicções da sua própria religião. Para além disto, começam a pôr-se em
causa as práticas religiosas da infância. Isto não invalida, contudo, o interesse por pro-
blemas éticos e ideológicos. Na verdade, por volta dos 15 anos, o adolescente começa
a apreciar a utilização de símbolos para expressar significados espirituais, é frequente-
mente radical na defesa de valores e chega a demonstrar, por vezes, capacidade de um
grande altruísmo. Tem, também, a noção de que é necessário estabelecer contratos e
seguir as mesmas 'leis' para haver entendimento no grupo.
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Desenvolvimento Intelectual
Pelos 11-13 anos surge a necessidade de produzir, de fazer coisas sozinho. Esta capa-
cidade para agir de forma concreta permite desenvolver sentimentos de competência e
valores próprios ('eu sou capaz', 'eu consigo') e é acompanhada pelo desenvolvimento
da capacidade de pensar de forma lógica sobre ideias e dados abstractos. Assim, e
embora o adolescente continue a precisar de estruturas e actividades delineadas passo-
a-passo (senão dispersa-se facilmente), consegue já descobrir soluções para problemas
apresentados apenas na teoria. Isto fá-lo desenvolver a apetência para a investigação
e aprendizagem de coisas novas, a que se associa, ainda, uma boa capacidade de me-
morização.
Na comunidade deve-se:
- encorajar a discussão de ideias, estimulando a exploração de diversas perspectivas, hipóteses e
soluções;
- estimular a reflexão pessoal sobre interesses, sonhos e capacidades.
Desenvolvimento Social
Um adolescente dos 11 aos 13 anos é, em geral, capaz de reflectir sobre os seus pró-
prios pensamentos e percebe que os outros fazem o mesmo. Nesta altura, começa a
procurar a sua própria conduta (questionando as regras da infância, que lhe impõem
uma conduta estabelecida por outros), mas, sempre que não consegue seguir o padrão
de conduta que escolheu, tem tendência a produzir sentimentos de culpa e recriminação
que o levam a tentar justificar o seu comportamento ou a tentar compensar alguém pelo
que fez de errado.
Perante isto, por norma, na interacção entre adolescentes de ambos os sexos, surgem
fronteiras físicas demarcadas. Em geral, ainda se definem por grupos separados por
género e por afinidade de interesses, existindo sempre uma certa rivalidade natural entre
sexos. Contudo, têm um gosto especial pelo trabalho em equipa (embora conservem
um espírito independente), pelo que conseguem muito bem desenvolver actividades em
conjunto, principalmente se à rivalidade se sobrepuser a necessidade de trabalhar em
conjunto para atingir um determinado fim. Quando assim acontece, desenvolvem rela-
ções de pares baseadas no respeito e apoio mútuos.
Por fim, este é, também, um período de reestruturação social, onde predomina a rebeldia
contra a autoridade estabelecida e se escuta melhor a opinião de alguém que é diferente.
Assim, podem surgir comportamentos negativos de inconformismo e de agressividade
para com os outros. Para além disso, os adolescentes podem ser extremamente críticos
e francos na expressão da sua opinião, sentindo, muitas vezes, que as suas experiências
são únicas e ninguém as pode compreender.
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Gonçalo Vieira
Esta faixa etária contempla estudantes do Ensino Superior e jovens que estão já a entrar
no mercado de trabalho. Os primeiros estão mais protegidos e vivem uma falsa indepen-
dência, pois, apesar de viverem sozinhos, ainda são sustentados e bastante apoiados
pelos pais. São, geralmente, mais individualistas e de espírito aberto, prontos para a mu-
dança. Ao invés, os segundos são, na sua maioria, mais maduros na maneira e pensar
e agir e estão mais presos a compromissos. No entanto, apesar das diferenças, muitas
coisas os unem.
AS 6 ÁREAS DE DESENVOLVIMENTO
Desenvolvimento Físico
A nível físico, os jovens atingem a sua maturação por volta dos 18 anos. São sexualmen-
te maduros e, nesta fase, o interesse sexual aumenta. Associado a esta maturação sexu-
al e ao aumento da liberdade, aumenta o risco de doenças sexualmente transmissíveis.
Note-se que, agora, homens e mulheres são fisicamente distintos e, nestas idades, as
diferenças estão totalmente estabelecidas, sendo eles maiores e mais fortes.
Nesta fase, é frequente os jovens começarem a andar mais de carro e transportes pú-
blicos, deixando de praticar desporto por começarem a trabalhar ou irem estudar para
longe da terra natal, o que agrava os riscos relacionados com o sedentarismo.
Para além disto, podem também surgir problemas relacionados com a má alimentação,
uma vez que muitos deles saem de casa e, por estarem sozinhos, começam a ter horá-
rios desregulados, acompanhados de 'saltos' de refeições ou 'noitadas' para estudar. Há
também mais probabilidade de vícios como o tabaco e a cafeína.
Desenvolvimento Afectivo
O jovem adulto está, progressivamente, a afastar-se dos pais, o que pode provocar pro-
blemas. Assim, por um lado, a saída de casa (para estudar ou definitiva) pode ser um
choque, pois, para além do conforto físico e psicológico que a casa dos pais oferece, os
contactos familiares tendem a ser menos frequentes, o que, quando o jovem está menos
bem, pode causar sofrimento, por não sentir o suporte imediato da família.
Por outro lado, o afastamento pode implicar também uma fase de conflito com os seus:
ao mesmo tempo que o jovem gosta do conforto familiar, sente-se também asfixiado por
ele, tentando e exigindo a sua cada vez maior autonomia.
Neste âmbito, os amigos e os pares assumem especial importância, quer para os mo-
mentos descontraídos, de festa e convívio, quer para os momentos de crise. Por estar
numa etapa mais madura da sua afectividade, onde surgem relacionamentos amorosos
mais sérios.
Esta pode ser uma etapa perigosa na vida do jovem, pois é uma fase de muita novidade
e muitas vezes as coisas não correm como tinha idealizado, deixando-o frustrado e me-
xendo com a sua auto-estima.
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Desenvolvimento do Carácter
Quando chega a esta faixa etária, o jovem já tem muito do seu carácter formado. No
entanto, esta nunca é uma construção fechada, podendo o jovem e o adulto desenvolver
algumas particularidades do seu carácter.
O que importa nesta fase é apoiar o jovem, de modo a que consolide o seu carácter
dentro do sistema de valores proposto pelo escutismo e ajudá-lo na caminhada para a
total autonomia, fazendo-o perceber que a responsabilidade é a expressão máxima da
liberdade de cada um.
Desenvolvimento Espiritual
Desenvolvimento Intelectual
Por volta dos 18 anos, os jovens começam a desenvolver um tipo de pensamento ade-
quado à complexidade da vida adulta. Curioso e ainda sem muitas responsabilidades a
nível financeiro e familiar, o jovem procura saber sobre temas que lhe interessam e ter
experiências diferentes, valorizando o seu crescimento pessoal. A este nível, as várias
experiências de vida vão sendo integradas, proporcionado ao jovem o conhecimento
necessário para a resolução dos problemas que vão surgindo, mesmo quando se depara
pela primeira vez com uma determinada situação.
Para além disto, começa a compreender e aceitar que o conhecimento e os valores são
relativos às pessoas e aos contextos, isto é, que o que é certo para uns pode ser apenas
provável para outros e altamente incerto para muitos.
Desenvolvimento Social
Nesta faixa etária, a vida social do jovem atinge o seu ponto mais agitado. Gosta de
sair de casa, passear, conhecer pessoas e fazer amigos. É uma etapa da vida onde os
jovens se envolvem em muitas causas sociais, agregando-se a associações e missões e
tornando-se mais activistas daquilo em que acreditam (principalmente os universitários,
pelo próprio meio em que estão inseridos).
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Tiago Vaz
Isto é alcançado:
tempo.
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...para que com o Ser, Saber e Agir se tornem homens e mulheres respon-
sáveis e membros activos de comunidades, na construção de um mundo
melhor.
Com esta proposta, o Corpo Nacional de Escutas (CNE) procura responder às necessi-
dades educativas das crianças e dos jovens, através dos Princípios e do Método escutis-
tas. Ao mesmo tempo, a proposta pretende ser referência para a acção continuada dos
animadores adultos e também um compromisso educativo perante a sociedade. Sendo
um documento aberto e dinâmico, a Proposta Educativa concretiza-se nas actividades
características do Movimento, que proporcionam a criação e/ou o desenvolvimento de
determinadas competências e características nas crianças, nos adolescentes e nos jo-
vens.
Ou ainda em:
num momento de formação da Equipa de Animação;
num jogo sobre valores;
num jogo sobre as qualidades individuais;
etc.
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Telma Domingues
São elas:
Incentiva o conhecimento e
Desenvolvimento físico
desenvolvimento do corpo. F
Desenvolvimento afectivo Favorece a equilibrada orientação dos
afectos e a valorização pessoal. A
Promove o aperfeiçoamento de valores
Desenvolvimento do carácter
e de atitudes e o ser mais. C
Desenvolvimento espiritual Aprofunda o sentido de Deus.
E
Desenvolvimento intelectual Fomenta a exploração e criatividade. I
Estimula o encontro, a partilha e o sen-
Desenvolvimento social
tido do outro. S
Cada trilho é constituído por um conjunto de objectivos educativos que têm em conta
as necessidades de crescimento e aspirações das crianças e dos jovens e procuram aju-
dá-los a desenvolver as suas capacidades [conhecimentos, competências e atitudes].
Neste sentido, foram criados objectivos educativos finais, que são os objectivos a
serem atingidos, em cada área, no final do percurso educativo (ou seja, à saída da IV
Secção). Para além destes, foram depois criados objectivos educativos de secção,
que constituem metas intermédias a serem cumpridas aquando da transição de uma
secção para a seguinte.
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Em cada secção, os elementos são chamados a escolher, para cada etapa de progres-
so, um trilho de cada área, em que encontram depois um conjunto de objectivos que
devem procurar atingir. Só se considera um trilho cumprido quando o elemento conse-
guiu crescer a ponto de cumprir todos os objectivos daquele trilho. Neste âmbito, a IV
Secção apresenta uma variação. De facto, apesar de os Trilhos Educativos continuarem
presentes nesta secção, estes não são utilizados no processo de escolha dos objectivos.
Ao invés, os caminheiros são convidados a escolher directamente os objectivos que pre-
tendem alcançar em determinado momento. Assim, aumenta-se a liberdade de escolha
do jovem e permite-se uma maior sintonia destas escolhas com o seu PPV. Devido à sua
maturidade, acredita-se que o caminheiro é capaz de escolher, em consciência, o seu
percurso, sem necessitar da estruturação que os trilhos oferecem.
Desenvolvimento Físico
Dimensão da personalidade: o corpo
Trilhos Educativos:
Desempenho [rentabilizar e desenvolver as suas capacidades, destreza física;
conhecer os seus limites]
I-F2. Conheço os II-F2. Aceito que o III-F2. Aceito as F-F2. Conhecer e aceitar o
principais órgãos do meu corpo está a características desenvolvimento e amadu-
meu corpo, sei onde mudar e respeito os próprias do meu recimento do seu corpo com
estão localizados e diferentes ritmos de corpo e respeito as naturalidade.
para que servem. desenvolvimento diferenças físicas
quando me compa- entre as pessoas. F-F3. Conhecer as caracte-
I-F3. Conheço as ro com os outros. rísticas fisiológicas do corpo
principais diferen- III-F3. Reconheço masculino e feminino e a sua
ças do corpo das II-F3. Conheço o que homens e relação com o comportamento
meninas e dos diferente ritmo de mulheres têm ca- e necessidades individuais.
meninos. crescimento dos racterísticas físicas
rapazes e raparigas diferentes e respeito
e respeito o espaço os comportamentos
próprio de cada um. e necessidades que
vão surgindo.
I-F4. Sei o que devo II-F4. Sei equili- III-F4. Faço F-F4. Cultivar um estilo de
e não devo comer brar as minhas escolhas saudáveis vida saudável e equilibrado –
e que tenho de actividades físicas a nível da minha alimentação, actividade física
descansar. com o descanso e alimentação, e repouso –, adaptado a cada
uma alimentação repouso e fase do seu desenvolvimento.
I-F5. Cuido do meu saudável. actividades físicas.
corpo e do meu F-F5. Cuidar e valorizar o
aspecto. II-F5. Esforço-me III-F5. Tomo as seu corpo de acordo com os
por ter bom aspecto medidas padrões de saúde, revelando
I-F6. Sei que há e tenho hábitos necessárias para aprumo.
comportamentos e regulares de higiene o meu bem-estar
produtos que me que contribuem físico e ando F-F6. Identificar e evitar, na
podem fazer mal. para a minha aprumado. vida quotidiana, os
saúde. comportamentos de risco
III-F6. Conheço relacionados com a segurança
II-F6. Identifico e os malefícios das física e consumo de
evito comporta- substâncias e substâncias.
mentos e substân- comportamentos de
cias prejudiciais à risco e evito-os
saúde.
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Desenvolvimento Afectivo
Dimensão da personalidade: os sentimentos e as emoções
Trilhos Educativos:
Relacionamento e sensibilidade [auto-expressão; intereducação; valorização
dos laços familiares; opção de vida; sentido do belo e do estético]
I-A5. Sou capaz de II-A5. Reconheço e III-A5. Ajo de forma F-A4. Ser capaz de identificar,
falar daquilo que exprimo as minhas ponderada e reflec- compreender e expressar as
sinto. emoções com tida, respeitando suas emoções, tendo em
naturalidade e sem os sentimentos dos conta o contexto e os
magoar os outros. outros. sentimentos dos outros.
III-A6. Reconheço
quando me excedo
e esforço-me por
corrigir o meu
comportamento.
I-A6. Sei quais são II-A6. Assumo as III-A7.Reconheço F-A5. Reconhecer e aceitar
as minhas minhas qualidades as características as características da sua
qualidades e os e defeitos. da minha persona- personalidade, mantendo uma
meus defeitos. lidade. atitude de aperfeiçoamento
II-A7. Reconheço constante.
I-A7. Esforço-me por os meus erros e III-A8.Reconhe-
ser melhor. procuro corrigi-los. ço que erro e F-A6. Valorizar as próprias
comprometo-me a capacidades, superando
I-A8. Esforço-me II-A8.Empenho-me melhorar as minhas limitações e adoptando uma
por fazer tudo, em ultrapassar as características atitude positiva perante a vida.
mesmo quando minhas menos positivas.
tenho medo ou acho dificuldades e
que não sou capaz. melhorar tudo o que III-A9. Aceito as
tenho de bom. minhas próprias li-
mitações, esforçan-
do-me sempre por
melhorar.
III-A10. Conheço
bem as minhas ca-
pacidades e invisto
no meu desenvolvi-
mento.
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Desenvolvimento do Carácter
Dimensão da personalidade: a atitude
Trilhos Educativos:
Autonomia [tornar-se independente; capacidade de optar; construir
o seu quadro de referências]
I-C1. Sei a Lei e II-C1. Conheço e III-C1. Escolho F-C1. Possuir e desenvolver
as Máximas da compreendo a Lei conscientemente as um quadro de valores que
Alcateia e percebo do Escuta e os minhas referências são fruto de uma opção
o que querem dizer. Princípios. e valores consciente.
fundamentais.
I-C2. Tenho em II-C2. Assumo as F-C2. Ser capaz de formular
conta a opinião dos minhas opiniões, III.C2. Sou capaz de e construir as suas próprias
mais velhos quando participando fazer opções e de opções, assumindo-as com
tomo decisões. activamente nas reconhecer as suas clareza.
decisões que me implicações.
I-C3. Participo em dizem respeito. F-C3. Mostrar-se responsável
actividades que me III-C3. Estabeleço pelo seu desenvolvimento,
ajudam a aprender II-C3. Escolho para mim, com colocando a si próprio
coisas novas. e participo em regularidade, metas objectivos de progressão
actividades que me a atingir em várias pessoal.
ajudam a crescer. áreas da minha
vida.
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manualdodirigente
I-C7. Defendo o que II-C7. Defendo as III-C8. Partilho e F-C7. Ser consistente e
me parece certo ideias e compor- defendo aquilo convicto na defesa das suas
de forma alegre e tamentos que me em que acredito ideias e valores.
calma. parecem correctos. de forma serena e
fundamentada. F-C8. Dar testemunho, agindo
I-C8. Mostro, pelas II-C8. Demonstro em coerência com o seu
III-C9. Ajo, em cada sistema de valores.
minhas acções, que os meus com-
dia, de acordo com
que conheço a Lei portamentos diários
as convicções e
e as Máximas da estão de acordo referências que vou
Alcateia. com a Lei do Escuta tomando para mim,
e os Princípios. tendo consciência
do testemunho que
36 dou aos outros
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Desenvolvimento Espiritual
Dimensão da personalidade: o sentido de Deus
Trilhos Educativos:
Descoberta [disponibilidade interior; interiorização progressiva;
buscado transcendente no específico cristão]
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I-E4. Sei que a II-E4. Sei que me III-E4. Vivo a oração F-E4. Aprofundar os hábitos
oração diária é a relaciono com Deus como parte do meu de oração pessoal e assumir-
maneira de eu falar sempre que faço quotidiano e partici- -se como membro activo da
com Jesus. oração pessoal e po nas celebrações Igreja na celebração comuni-
participo na oração comunitárias. tária.
I-E5. Imito Jesus, comunitária.
porque sei que Ele III-E5. Conheço a F-E5. Integrar na sua vida os
é um exemplo a II-E5. Integro-me perspectiva da Igre- valores do Evangelho, vivendo
seguir. cada vez mais na ja sobre os temas as propostas da Igreja.
minha comunidade principais a partir da
I-E6. Identifico dife- paroquial, através fundamentação F-E6. Conhecer as principais
rentes religiões. da catequese, cele- Bíblica. religiões distinguindo e valori-
brando os sacra- zando a identidade da Igreja
mentos que a Igreja III-E6. Aprofundo as Católica.
me propõe. razões da minha fé
no contacto com as
II-E6. Identifico as outras religiões.
principais diferen-
ças e semelhanças
entre as religiões.
38
manualdodirigente
Desenvolvimento Intelectual
Dimensão da personalidade: a inteligência
Trilhos Educativos:
Procura do conhecimento [desejo do saber; procura e selecção de informação;
iniciativa; auto-formação]
I-I1. Proponho à Al- II-I1. Procuro III-I1. Procuro sem- F-I1. Procurar de forma activa
cateia temas novos descobrir o mundo pre aumentar os e continuada novos saberes e
para pesquisar que me rodeia, a meus conhecimen- vivências, como forma de con-
partir das minhas tos, diversificando tribuir para o seu crescimento
I-I2. Sei onde procu- experiências. as vivências. pessoal.
rar e guardar novas
informações. II-I2. Conheço e III-I2. Sei onde pro- F-I2. Conhecer e utilizar
utilizo diferentes curar a informação formas adequadas de recolha
I-I3. Sou capaz de meios de recolha da e selecciono-a de e tratamento de informação
escolher o que mais informação. acordo com as e, dentro dessas, distinguir o
gostava de fazer e necessidades. essencial do acessório.
aprender. II-I3. Descubro as
minhas aptidões III-I3. Conheço as F-I3. Definir o seu itinerário de
e aprofundo os minhas aptidões, formação preocupando-se em
assuntos que me sou capaz de mantê-lo actualizado.
interessam e podem optar por uma área
ser úteis no futuro. profissional ou de
estudo e identificar
outros domínios de
interesse pessoal.
39
manualdodirigente
I-I4. Sou II-I4. Enfrento situa- III-I4. Sei avaliar as F-I4. Adaptar-se e superar
desembaraçado e ções novas usando experiências que novas situações,
uso as coisas que o que aprendi. vivo e utilizo o que avaliando-as à luz de
aprendo para aprendo de forma experiências anteriores e
resolver problemas. II-I5. Consigo criativa nas novas conhecimentos adquiridos.
identificar, de forma situações que
I-I5. Sei dizer organizada, as enfrento. F-I5. Analisar os problemas
quando há um causas de um de forma crítica, sugerindo
problema e o que é problema e propor III-I5. Analiso e aplicando estratégias de
preciso fazer para o soluções. problemas, resolução dos mesmos.
resolver. proponho soluções
e escolho a mais
adequada.
I-I6. Gosto de II-I6. Aceito desafios III-I6. Assumo o F-I6. Ser capaz de utilizar
imaginar e de fazer que me fazem ima- desafio de criar conhecimentos, percepções e
coisas novas. ginar e criar coisas ideias e projectos intuições na criação de novas
diferentes. inovadores em que ideias e obras, mantendo um
I-I7. Sou capaz relaciono os meus espírito aberto e inovador.
de apresentar e II-I7. Utilizo de conhecimentos e
explicar aquilo que modo criativo gostos. F-I7. Expressar ideias e
imagino. diferentes formas emoções de forma lógica
de expressar ideias III-I7. Apresento e criativa, adaptada ao[s]
e emoções. ideias e emoções destinatário[s] e utilizando os
de forma criativa, meios adequados.
explorando
diferentes técnicas
e meios e
adequando-as a
quem me dirijo.
40
manualdodirigente
Desenvolvimento Social
Dimensão da personalidade: a integração social
Trilhos Educativos:
Exercer activamente cidadania [direitos e deveres; tolerância social;
intervenção social]
I-S1. Conheço II-S1. Dou exemplo III-S1. Conheço os F-S1. Conhecer e exercer
as regras de boa de cumprimento meus deveres e os seus direitos e deveres
educação que me das regras de boa direitos e promovo enquanto cidadão.
fazem dar bem com convivência na que, à minha volta,
os outros. comunidade. os outros os F-S2. Participar activa e
conheçam. conscientemente nos vários
I-S2. Participo da II-S2. Descubro a espaços sociais onde se
melhor vontade em necessidade de III-S2. Participo insere, intervindo de uma
todas as actividades participar nos vários activamente nas forma informada, respeitadora
grupos onde me comunidades em e construtiva.
I-S3. Respeito integro. que me insiro, inter-
aquilo que é de vindo na promoção F-S3. Respeitar as regras
todos. II-S3. Cuido do que de causas comuns. democráticas e assumir como
é de todos. suas as decisões tomadas
I-S4. Não me III-S3. Quando colectivamente.
aborreço quando II-S4. Aceito as perco uma votação,
perco nas votações derrotas em todas aceito a decisão
e nos jogos. as situações, com e trabalho nesse
respeito e sem sentido.
desanimar.
41
manualdodirigente
I-S5. Procuro ser II-S5. Sou sensível III-S4. Identifico F-S4. Assumir que é parte da
útil aos outros no às situações de situações em que sociedade onde se insere,
meu dia-a-dia. necessidade no posso ser útil agindo numa perspectiva de
meio que me rodeia na resolução ou serviço libertador e de cons-
I-S6. Sou capaz de e procuro ser útil na minimização de um trução de futuro.
escutar e dar sua resolução. problema social.
importância às F-S5. Usar de empatia na
opiniões dos outros, II-S6. Sei manter III-S5. Participo, forma de comunicar com os
aguardando a um diálogo, sozinho ou em outros, demonstrando
minha vez de falar. apresentando os equipa, na tolerância e respeito perante
meus argumentos resolução ou outros pontos de vista.
com entusiasmo minimização de um
e ouvindo os dos problema social.
outros.
III-S6. Exponho
as minhas ideias,
respeitando e
valorizando as dos
outros.
I-S7. Sou capaz de II-S7. Reconheço III-S7. Valorizo as F-S6. Mostrar capacidade de
trabalhar com os as vantagens de diferentes relacionamento e trabalho em
outros. trabalhar em grupo funções no grupo equipa, contribuindo
e contribuo com e desempenho o activamente para o sucesso
I-S8. Sou amigo dos os meus conheci- melhor possível do colectivo através do de-
outros quando sou mentos e o meu aquelas que me são sempenho com competência
eu a mandar. trabalho. confiadas. do seu papel.
42
manualdodirigente
João Antunes
Consegue fazê-lo através do sistema criado por B.-P., entretanto apurado e aprofundado
durante quase um século, a que vulgarmente se dá o nome de Método Escutista. Este
método, a nossa forma de educar, é único e genial e tem dado provas disso mesmo ao
longo dos seus cem anos de existência. Sem ele, não se pode verdadeiramente fazer
Escutismo.
43
manualdodirigente
Neste sentido, vemos que o Método Escutista, a partir da forma natural como as crian-
ças, os adolescentes e os jovens se relacionam, permite explorar diferentes opções edu-
cativas, realçando o que eles aprendem uns com os outros e potenciando verdadeiras
experiências educativas, tais como:
Uma relação de confiança com alguém que educa, preparando, apoiando, acon-
selhando e encorajando.
Em cada secção, cada uma destas “Sete Maravilhas do Método Escutista” deverá ser
aplicada de modo distinto, de acordo com as características próprias de cada faixa etária
e tendo em conta o grau de autonomia, de maturidade e de responsabilidade de cada
criança, adolescente ou jovem.
Bibliografia:
Constituição da Organização Mundial do Movimento Escutista
As características essenciais do Escutismo. Documento de referência para apoio à elaboração do PEP (Plano Estratégico Participa-
46
manualdodirigente
João Lagartinho
Para cada Escuteiro e para a Unidade onde está inserido, a Lei do Escuta é um apelo
positivo a fazer melhor e a desenvolver-se a si próprio. Neste sentido, é um código de
vida intimamente ligado aos Princípios do Escutismo. Através desta proposta de vivência
concreta e de uma formulação positiva (e não de proibição) dos ideais, torna-se possível
ao Escuteiro perceber os valores propostos pelo Movimento Escutista para uma vida
rumo à felicidade e ao desenvolvimento de todo o potencial encerrado dentro de cada
um. Valor, neste sentido, é algo fundamental, valioso e estável que, para uma pessoa, in-
clui aquilo que são as coisas essenciais em que se deve acreditar e que têm importância
vital na sua forma de estar na vida.
A Promessa, por seu lado, é a resposta pessoal do jovem a este apelo. Assim, é uma
dádiva de si mesmo e implica um compromisso livremente aceite por rapazes e rapa-
rigas que se comprometem a fazer o seu melhor para viver de acordo com os valores
inscritos na Lei. Esta Promessa é feita perante os seus pares de forma a que simbolize
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manualdodirigente
48
manualdodirigente
I. A Lei e as Máximas
No livro da Selva, aprendemos que existe um “Povo sem lei”, desordeiro, preguiçoso,
sujo e sem regras, que vive a partir dos impulsos e dos interesses momentâneos. No
lado oposto, temos a vida da Alcateia, o “Povo Livre”, onde cada lobo conhece o seu
lugar e as regras de socialização e reconhece no velho lobo, Àquêlá, a autoridade moral
para guiar e proteger todos. Assim deve ser a vivência das nossas alcateias: temos de
reconhecer que cada animador adulto é um velho lobo e que e que os lobitos compreen-
dem e aceitam a sua orientação.
a criança. Depois surge “O lobito não se escuta a si próprio”, onde encontramos a va-
lorização da renúncia do lobito aos seus interesses pessoais em favor dos interesses e
necessidades do grupo (Alcateia). O lobito aprenderá que o facto de viver em Alcateia
fará com que tenha de abdicar dos seus pequenos egoísmos, fazendo grupo com todos
os outros lobitos.
O lobito entende e consegue viver a sua lei, pois esta encerra regras bem simples. No
entanto, precisa de mais algumas orientações que o guiem nas boas relações consigo
próprio e com a sociedade. É por isso que existem as 'Máximas':
E o lobito deve ouvir e ver não só por obediência ao que os mais velhos dizem, mas
também para entrar em intimidade e familiaridade com todo o ambiente que o rodeia. Por
outro lado, ouvir e ver é imprescindível para evitar que o mal aconteça ou pelo menos
para evitar distracções e acidentes. De facto, a vida na selva é plena de sons, cores
e sombras, tal como a vida nas “selvas” onde os nossos lobitos vivem e compete-nos
estar atentos para descobrirmos as suas maravilhas: quantas vezes, nas nossas activi-
dades, nos deitamos na relva, fechamos os olhos e entramos noutro mundo cheio de
novas sensações? Também o lobito terá de aprender a observar o meio que o rodeia,
interpretando-o.
3º O lobito é asseado.
Maugli teve a experiência de viver entre o “Povo sem lei”, os Banderlougues, nas “mora-
das frias”, e ficou perturbado com a desordem, sujidade e anarquia que se vivia naquele
local. Através desta Máxima, é pedido ao lobito que cuide da sua higiene pessoal, em
pequenos gestos: cara lavada, unhas cortadas e limpas, roupa asseada, cabelo lavado e
penteado, etc. Mas o seu asseio tem também de passar pelo arrumo e limpeza de tudo
o que diga respeito à vida da Alcateia: covil, tenda, campo, etc.
4º O lobito é verdadeiro.
Depois de Maugli ser resgatado do cativeiro dos Banderlougues, foi sincero e explicou a
Balu que toda aquela confusão se deveu à sua curiosidade e ao desrespeito pelos con-
selhos dos mais velhos. Seguindo o exemplo de Máugli, também o lobito deverá procurar
ser sempre verdadeiro, quer quando fez alguma coisa errada quer quando viu alguém
a fazer uma coisa errada. Implica, assim, ser fiel ao que realmente está a sentir e ser
honesto sobre o que pensa sobre uma situação ou pessoa. Desta forma, o lobito aprende
não apenas que é importante conquistar a confiança dos outros, mas também que é es-
sencial assumir a responsabilidade pelas suas atitudes, aceitando as consequências dos
seus actos.
5º O lobito é alegre.
A alegria faz com que cada um de nós seja mais feliz, encarando a vida com leveza e
sem fazer de cada contrariedade um pesadelo. De facto, rir, cantar, brincar são a receita
para uma vida plena, na medida em que nos ajudam a desenvolver o optimismo. As
crianças são, por natureza, alegres e, por isso, é essencial que os nossos lobitos desen-
volvam esta característica, aprendendo a não se deixarem abater pelas contrariedades.
De facto, manter a alegria passa por perceber que, na vida, há sempre uma solução ao
nosso alcance. Assim, a Alcateia será um espaço desejado, uma verdadeira 'Família
Feliz', onde se ensina o valor da alegria e a importância de nos esforçarmos por encarar
todas as situações com optimismo.
51
manualdodirigente
Neste processo, o dirigente deve ter a consciência clara de que está a trabalhar para
que, em cada lobito, se formem valores que irão nortear a sua vida futura e que são muito
mais facilmente inculcados agora do que mais tarde. Para que isto aconteça, não nos
podemos esquecer que o exemplo ocupa um lugar central na educação para os valo
res. Assim sendo, é essencial que o dirigente assuma como seus os valores que quer
transmitir e se esforce por os cumprir, procurando ser, realmente, um modelo a seguir.
E isto não se pode fazer apenas quando os elementos estão presentes, dado que não
sabemos quando poderão estar a ouvir-nos ou ver-nos.
De facto, não é coerente pedir-lhes respeito uns para com os outros, sinceridade, soli-
dariedade para com um elemento mais difícil ou paciência para com os desobedientes
quando os dirigentes não se falam, mentem, rejeitam algum elemento de forma ostensiva
ou se descontrolam quando lidam com o grupo. Educa mais quem apresenta um com-
portamento baseado no apoio mútuo, no reforço positivo, na coerência de atitudes, no
encorajamento perante o erro e o desânimo, na defesa de comportamentos saudáveis.
52
manualdodirigente
Boas práticas:
- Construir com os lobitos uma árvore (desenhada, cartolina, ramo seco, etc.) em cuja parte
superior estejam os artigos da Lei e, um pouco mais abaixo, as Máximas. Sempre que eles não cum-
pram uma Lei ou uma Máxima na Alcateia, o seu nome é colocado junto a essa Lei ou Máxima. Este
jogo tem o objectivo de levar cada lobito a lembrar-se de que tem de fazer uma boa acção para
que o nome dele saia da árvore, que podemos chamar “O arbusto das Moradas Frias”.
- Convidar um lobito, sempre que não cumpra a Lei ou as Máximas, a fazer uma pesquisa no Livro
da Selva sobre o momento em que também Máugli não as cumpriu, complementando-a, ou não, com
um desenho. Isto para que o lobito sinta que Maúgli também fazia traquinices e que por vezes
tinha de se sujeitar aos castigos de Bálu e Bàguirà.
- Construir, com os lobitos, um quadro com a Lei e as Máximas para valorizar e embelezar o
Covil.
- Incutir no Guia de Bando que, sempre que os lobitos do Bando não cumpram a Lei ou Máximas,
ele deve ser o primeiro a chamar-lhes atenção, para que sintam autoridade por parte do seu Guia,
respeitando-o, e aprendam a seguir os valores da Alcateia.
- Criar um cartão com várias boas acções diárias que o lobito se compromete a fazer. Depois,
os Pais vão assinando essas acções à medida que o lobito as vai cumprindo. Assim, vão-se ganhando
hábitos de boas práticas diárias.
- Convidar o Lobito a fazer um cartaz em A3 sobre a Lei e as Máximas que pode levar para a
sala de aula para explicar aos colegas. Normalmente existe mais do que um lobito na sala, pelo que
podem juntar-se e explicar aos colegas o que é a Alcateia e que Lei e Máximas tem. Esta acção
também pode ser feita na catequese. O animador terá de acertar estes pormenores com os
outros educadores, mas de forma que o Lobito não se aperceba. Esta acção funciona caso exis-
ta um conhecimento e um bom relacionamento com as outras estruturas locais.
53
manualdodirigente
II. A Promessa
Neste âmbito, é relativamente frequente encontrar lobitos que, embora não tenham
os requisitos básicos para fazer a sua promessa, acabam por a fazer apenas por uma
questão de calendário do Agrupamento. Esta situação deve ser evitada, na medida em
que muitas vezes premeia a preguiça e o desinteresse (não apeteceu ao lobito saber
de cor a Lei e as Máximas, embora queira o lenço, por exemplo). Para a evitar, é fun-
damental que o dirigente fale aos aspirantes e aos lobitos da importância da promessa,
evocando-a sempre que for necessário responsabilizar o lobito por alguma coisa que
faça. Neste sentido, afirmações como ‘Tu prometeste ser amigo de Jesus’ ou ‘Tu pro-
meteste cumprir a Lei da Alcateia’ ajudam o lobito a tomar consciência do valor e da
responsabilidade das suas acções.
54
manualdodirigente
“Entre todas as pessoas do mundo, vós sois aquela a quem ele prometeu
ser um bom lobito. Tomai pois a sério a vossa missão de Velho Lobo e dai
uma grande importância à Promessa que vos fazem esses pequeninos.”
A oração do lobito promove a identificação do lobito com a figura do Jesus Menino, para
quem é levado a olhar como exemplo a seguir. De facto, Jesus foi menino como todos
os nossos lobitos e também Ele foi descobrindo, à medida que foi crescendo, a grande
missão que Lhe estava reservada. Ao rezarem a oração do lobito, os lobitos entregam-
se totalmente a Jesus, compreendendo a importância de O imitar para crescer de forma
equilibrada e feliz.
Nesta oração, faz-se também referência à figura de Maria, mãe de Jesus e nossa mãe, a
quem os lobitos são levados a pedir a intercessão para crescer em graça e idade, como
também Jesus Menino cresceu: “enchendo-se de sabedoria, e a graça de Deus estava
com Ele.” (Lc 2, 40). Ao papel maternal de Maria, os lobitos, como crianças que são, são
particularmente sensíveis. Decidiu-se, por isso, recuperar a versão original da Oração do
Lobito, onde Maria surge como a “doce Mãe” de Jesus e de todos os homens:
55
manualdodirigente
A melhor forma de ensinar esta oração aos lobitos é rezá-la frequentemente, tal como se
reza o Pai Nosso ou a Avé-Maria. Pode rezar-se isoladamente ou a fechar uma oração
onde se cantou, fizeram petições, ou se leu uma passagem do Evangelho (ver, por exem-
plo, as passagens existentes no livro Trocado para Miúdos, 2009, Edições CNE).
Boas práticas:
-Construir, com os lobitos, um quadro com a Oração do Lobito para valorizar e embelezar o Covil.
-Construir com os lobitos uma pequena pagela com a Oração do Lobito e um desenho alusivo à mesma. Fazer
vários exemplares da pagela e oferecer um exemplar a cada lobito.
-Sugerir ao pais que rezem a Oração do Lobito com o seu filho ou filha à noite, ao deitar.
-Terminar sempre as orações que se façam em Alcateia com a Oração do Lobito.
Bibliografia:
BADEN-POWELL, R. S. S., Manual do Lobito. Edições CNE.
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manualdodirigente
I. A Lei
Para o Escuteiro do CNE, a Lei engloba os 10 Artigos da Lei, enunciados por B.-P., e os
3 Princípios do CNE.
Os Princípios
1. O Escuta orgulha-se da sua fé e por ela orienta toda a sua vida.
2. O Escuta é filho de Portugal e bom cidadão.
3. O dever do Escuta começa em casa.
A Lei
1. A honra do Escuta inspira confiança.
2. O Escuta é leal.
3. O Escuta é útil e pratica diariamente uma boa acção.
4. O Escuta é amigo de todos e irmão de todos os outros Escutas.
5. O Escuta é delicado e respeitador.
6. O Escuta protege as plantas e os animais.
7. O Escuta é obediente.
8. O Escuta tem sempre boa disposição de espírito.
9. O Escuta é sóbrio, económico e respeitador do bem alheio.
10. O Escuta é puro nos pensamentos, nas palavras e nas acções.
a) Os três Princípios
Os 3 Princípios do CNE focam três dimensões que o Movimento Escutista crê funda-
mentais para a vida do jovem. Segundo a WOSM (Organização Mundial do Movimento
Escutista), o Escuteiro deve viver segundo as seguintes dimensões: Deus, Outros e Eu.
1º Princípio: O Escuta orgulha-se da sua fé e por ela orienta toda a sua vida.
O primeiro Princípio do Escuta elege como ideal o compromisso com Deus, fonte de feli-
cidade. Esta dimensão espiritual está presente no Movimento Escutista desde o início.
Com a adesão a princípios espirituais, pretende-se que o Escuteiro assuma a sua fideli-
dade à Religião que professa, numa aceitação dos deveres que daí decorrem, vivendo a
alegria de integrar a Igreja de Jesus Cristo.
57
manualdodirigente
“Talvez não vejais bem como um simples rapazinho poderá ser útil à
Pátria, mas alistando- -se nos escuteiros e cumprindo a Lei escutista
todos os rapazes podem ser úteis. «A Pátria acima de mim» deve ser
a vossa divisa.”
B.-P., Escutismo para Rapazes (Palestra de Bivaque nº2)
Neste sentido, sentir-se filho de Portugal não é assumir nenhum tipo de nacionalismo.
Pensar na pátria é pensar no nosso próximo, é assumir responsabilidade na construção
de um país justo, economicamente equilibrado e onde a igualdade não é uma utopia. O
bom cidadão, assim, é aquele que contribui para o bem do país, servindo-o de todas as
formas possíveis. Isto implica usar com moderação os seus recursos naturais, cumprir
os deveres cívicos, contribuir para o desenvolvimento da sociedade e fomentar a solida-
riedade, entre muitas outras coisas.
No entanto, para que esta aprendizagem seja profícua é necessário que exista disponi-
bilidade para estar com os outros e partilhar sentimentos e acções.
Por isto, como já disse antes, o Céu não é qualquer coisa vaga, algures
lá em cima nos ares. Fica aqui mesmo na Terra, no teu próprio Lar. Não
depende da riqueza ou da posição, mas depende de ti criá-lo, a teu
modo, com o teu próprio cérebro, coração e mãos.”
B.-P., A Caminho do Triunfo
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manualdodirigente
HONRA
O Escuta orgulha-se da sua fé e por ela
CONFIANÇA
orienta toda a sua vida
SERVIÇO
CIDADANIA
O Escuta é filho de Portugal CUMPRIMENTO DO DEVER
e bom cidadão. SOLIDARIEDADE
DISPONIBILIDADE
A honra do Escuta inspira confiança, porque ele actua com honestidade em tudo o que
diz e faz. Os outros reconhecem no Escuteiro a sua honradez e confiam nele, porque
mostra e vive segundo esse valor.
Na prática, significa que o Escuteiro assume que a sua liberdade o leva a agir de forma
a nunca ser contrário à verdade, demonstrando a sua coerência de vida:
Aquilo em que acredito é aquilo que ponho em prática (tanto em público como
em privado);
O que eu penso e digo é o que eu faço;
O que eu digo é a verdade;
O que eu me comprometo a fazer, faço-o com seriedade.
59
manualdodirigente
2º O Escuta é leal.
Ser leal é assumir compromissos e cumprir a palavra dada, ser fiel às suas convicções
e franco para com todos, sabendo agir de acordo com a sua consciência. O Escuteiro
leal respeita as regras do jogo da vida, actuando com coerência e respeito por si mesmo
e pelos outros. Não faz batota, não engana, não atraiçoa, não desampara ninguém.
A boa-acção deve ser realizada de forma discreta e sem esperar recompensa. A humil-
dade de fazer o bem sem esperar elogios é essencial: é o que permite que seja o Amor
a guiar as nossas acções. E Amor é o que Deus espera de nós.
O que começa com uma pequena boa-acção diária acaba numa vida de serviço.
Ser amigo de todos implica ser capaz de se colocar no lugar do outro, actuando com
respeito e solidariedade perante as suas necessidades e diferenças e aprendendo a
perdoar.
O escuteiro tem que ser capaz de deixar cair medos, incompreensões e hostilidades,
60
manualdodirigente
pondo de lado reservas sem sentido relacionadas com raça, credo, sexo, cultura, classe
social, nacionalidade, etc. e mostrando sempre disponibilidade interior para aceitar como
possível amigo aquele que ainda lhe é desconhecido.
Ao ser escuteiro, o jovem sabe que está ligado a todos os escuteiros do mundo pelo
mesmo ideal, a mesma promessa e os mesmos valores, numa verdadeira fraternidade
global.
Esta consideração pela dignidade do outro traduz-se, na prática, pela delicadeza com
que tratamos os demais. O escuteiro deve comportar-se de forma amável, sensível e
afectuosa, mas não deve fazê-lo porque é bonito e fica bem: deve-o fazer sinceramente,
com o coração.
Ser delicado e respeitador é também não magoar os outros. O escuteiro não precisa de
chocar, melindrar, ou afrontar as outras pessoas para fazer ver e respeitar o seu ponto
de vista. Fá-lo de forma equilibrada e sem recurso à grosseria.
“Se desprezardes os outros rapazes, porque têm uma casa mais pobre
do que a vossa, não passais de presunçosos. Se odiardes os outros
rapazes, porque nasceram mais ricos do que vós, sois loucos.
Isto não se faz apenas com grandes gestos, mas começa com os pequenos. Assim, pe-
quenas acções também são capazes de mudar o mundo e ajudam a preservar a beleza
que Deus criou, para que todos usufruam dela.
7º O Escuta é obediente.
Todos os grupos possuem regras próprias, que os seus membros assumem como neces-
sárias para o bem-comum e que evitam a anarquia e o caos. E, se há regras informais,
outras são mais formais, como as leis, regulamentos, normas. Ser obediente não é mais
do que conhecer e perceber as regras e leis dos grupos a que se pertence, tomá-las
como suas e respeitá-las.
“Os Escuteiros desta [Patrulha] cumprem as suas ordens [do Guia], não
com receio de castigo (…), mas porque constituem um todo que joga
em conjunto e que apoia o seu Guia para honra e êxito da Patrulha.”
B.-P., Escutismo para Rapazes (Palestra de Bivaque nº4)
Por fim, há ainda duas ideias que devem ser trabalhadas no Escuteiro:
A autoridade não é mandar. Um bom líder não precisa ser ditador, os
outros seguem-no porque lhe reconhecem autoridade, sabem que estão
bem liderados, que o seu grupo vai bem e que podem aprender muito.
Em primeiro lugar, defende que todo o escuteiro deve ser sóbrio. Com isto, pretende-se
chamar a atenção para o equilíbrio que cada um deve ter na sua vida. Ser sóbrio significa
viver sem exageros, tanto a nível de pensamento como de acções. Assim, o escuteiro,
por um lado, esforça-se por conseguir o que quer e fica contente pelo que alcançou, não
tendo inveja dos outros se conseguiram mais ou melhor; por outro lado, procura ter uma
vida equilibrada, sem exageros, mostrando saber as coisas realmente importantes da
vida. Assim não desperdiça o seu tempo e vive mais.
Em segundo lugar, foca o controlo do dinheiro, dizendo que o escuteiro deve ser eco-
nómico. E ser económico não é ser “forreta”, mas sim fazer uma boa gestão do seu
dinheiro. Ou seja, o escuteiro não gasta tudo o que tem nem arranja dívidas, mas deve
ser capaz de fazer planos conscienciosos para o que possui, amealhando e gastando
apenas o que precisa.
É necessário que o escuteiro perceba que o que traz felicidade não é a fortuna, mas sim 63
manualdodirigente
o bom uso do que se tem, e que a satisfação advém de conseguir as coisas com o nosso
trabalho.
Por fim, este artigo aborda o respeito pelos bens dos outros. Quem é sóbrio e económico
valoriza o que faz e o que tem e, consequentemente, procede de igual forma para com
os outros. Assim, protege o que lhe emprestam como se fosse seu e restitui-o quando
já não precisa, devolve o que encontra ao seu legítimo dono, não rouba e não vandaliza
propriedade alheia.
Já a pureza nas palavras não se resume a evitar uma linguagem obscena ou agressiva,
mas implica também a capacidade de não usar as palavras como arma para ferir alguém
(com humilhações, mexericos, acusações sem fundamento ou ofensas).
Por fim, a pureza das acções impele o escuteiro a evitar todos os comportamentos poten-
cialmente prejudiciais para si e para os outros. As acções de cada escuteiro devem ser
de ajuda para com os outros, de delicadeza. Em cada gesto deve dar o melhor de si ao
mundo, sempre pautado pelo respeito que sente por si e pelos outros.
Resumindo, podemos considerar que os artigos da Lei do Escuta englobam vários va-
lores:
OBEDIÊNCIA, DISCIPLINA
O Escuta é obediente.
e HUMILDADE
O Escuta tem sempre
ALEGRIA, OPTIMISMO e ESPERANÇA
boa disposição de espírito
O Escuta é sóbrio, económico SOBRIEDADE, ECONOMIA
e respeitador do bem alheio. e HONESTIDADE
O Escuta é puro nos pensamentos,
PUREZA, INTEGRIDADE e RENÚNCIA
nas palavras e nas acções.
II. A Promessa
A Promessa Escutista
Prometo pela minha honra e com a graça de Deus, fazer todo o possível por:
Prometo,
Pela minha honra e com a graça de Deus,
Fazer todo o possível por:
compromisso de fazer todos os possíveis por os viver e aprofundar ao longo do seu cres-
cimento. E assume-o com a consciência de que se está a responsabilizar (pela minha
honra) e de que Deus o acompanha no seu esforço (e com a graça de Deus).
Isto não significa que os escuteiros não possam faltar ao prometido (“fazer todo o pos-
sível por” implica esforço pessoal, mas não garante sucesso). Só quem não conhece a
natureza humana poderá exigir ou esperar que não haja falhas. É aqui que o Dirigente
assume um papel basilar: sempre que necessário, compete-lhe relembrar aos seus ele-
mentos, com o máximo de clareza, a Promessa e o que ela significa, para os ajudar a
compreender a seriedade do compromisso que vão assumir. E caso verifique que os es-
cuteiros não assumem com responsabilidade a preparação para esse compromisso (ou
seja, logo à partida não fazem todos os possíveis por), não deve permitir facilitismos: o
lenço não é dado, é conquistado por aquele que, de facto, compreende que está a
assumir um compromisso e que trabalha para o poder fazer de forma consciente.
A Promessa é também um compromisso para com o país. Por isso, o escuteiro deve
cumprir os deveres de cidadania para com a sua pátria. Deve, assim, servir a terra em
que vive, assumindo o compromisso de salvaguardar a Natureza, de fomentar a justiça,
a paz, a solidariedade e de proteger e perpetuar as tradições históricas e culturais (idio-
ma, tradições, músicas tradicionais, etc.) que fazem parte da identidade do país a que
pertence.
“Em tudo o que fizerdes, pensai na vossa Pátria. Não gasteis todo o
vosso tempo e dinheiro apenas em vos divertirdes, mas pensai primeiro
como podereis contribuir para o bem comum.”
B.-P., Escutismo para Rapazes (Palestra de Bivaque nº2)
66
manualdodirigente
- Manter nos seus elementos o desejo de ser fiel ao seu compromisso, não per-
mitindo que se esqueçam dele.
- Sempre que possível deve relembrar aos seus escuteiros a sua Promessa,
levando-os a reflectir sobre aquilo a que se comprometeram e a analisar o seu
desempenho, crescimento e conduta individual.
67
manualdodirigente
Boa Prática:
Uma das alturas propícias para a reflexão sobre a Promessa é o momento em que noviços ou aspirantes se
preparam para ela. Ao incentivar os escuteiros mais velhos e investidos a acompanhar um noviço/aspirante na
sua preparação para este compromisso e ao convidá-los a renovar a sua Promessa, o Dirigente está também
a ajudá-los a crescer.
A Oração do Escuta foi criada a partir de um texto de Santo Inácio de Loyola, fundador
da Companhia de Jesus, e foi adaptada ao escutismo católico pelo Padre Jacques Sevin,
jesuíta francês, fundador da associação Scouts de France. É utilizada como a Oração do
Escuteiro em várias associações escutistas de todo o mundo.
A Oração do Escuta sintetiza dois aspectos essenciais da vida cristã, o Amor a Deus e o
Amor ao próximo:
Bibliografia:
BADEN-POWELL, R. S. S., Escutismo para Rapazes. Edições CNE.
69
manualdodirigente
I. Viver a Lei
No Escutismo para Rapazes, B.-P. diz-nos o seguinte sobre a Lei: “a lei do escuteiro
contém as regras que se aplicam aos escuteiros de todo o mundo, e que tu prometes
cumprir quando és admitido como escuteiro.” Mais à frente, diz B.-P. sobre a Promessa:
“esta promessa é muito difícil de cumprir, mas é muito séria e o rapaz não será escuteiro
se não fizer todo o possível por viver de harmonia com ela. Vês, portanto, que o escutis-
mo não é apenas divertimento, mas exige muito de ti, e eu sei que posso confiar em que
farás tudo quanto puderes para cumprires a promessa.”
Com estas reflexões, B.-P. lembra-nos, por um lado, a seriedade e dificuldade em cum-
prir a Lei e por outro a confiança em que o escuteiro fará tudo o que puder para cumprir
a Promessa. Com os exploradores deverá ser também essa a postura da Equipa de
Animação: por um lado, apresentar a Lei tal qual ela é, sem facilitismos, e, por outro, ter
(e demonstrar) sempre confiança em que o explorador se esforçará cada vez mais por
cumprir a Lei.
Para que seja mais fácil incutir os valores da Lei nos exploradores, que devem conhecer e entender todos
os seus artigos, há algumas boas práticas que se devem seguir:
- A Lei deverá estar presente na Base (se possível no Canto de Patrulha), de forma a que esteja sempre
visível.
- Os valores da Lei devem ser incutidos sobretudo com actividades e jogos, criando situações que levem o
explorador a vivenciar esses valores. De facto, o explorador aprende mais pela vivência ou experimentação do
que por reflexões ou conselhos directos. Assim, aprenderá mais depressa a importância do cantil se ficar
sem água num raide do que com uma palestra dada pelo chefe a propósito do cantil. Por essa razão, o mais
pequeno dos jogos permite viver valores como a fraternidade (sendo um jogo de equipa), a obediência (às
regras o jogo), a alegria (saber perder e saber ganhar), a lealdade (para com a sua equipa e os outros), etc.
Outras actividades, como a participação numa boa-acção colectiva, permitirão viver outros valores. O mesmo
acontece com a vida em Patrulha.
- O dirigente não deverá perder a oportunidade de realçar, de forma positiva, a vivência da Lei. Assim, o diri-
gente terá mais sucesso se realçar as vezes em que um escuteiro cumpre a Lei do que se chamar a atenção
sempre que este não a cumpre. Como dizia B.-P., “eu sei que posso confiar em que farás tudo para cumprires
a promessa”. Cada escuteiro deverá sentir esta confiança dos seus dirigentes e não o medo de ser castigado
caso não cumpra a Lei.
- Outra forma de transmitir os valores da Lei aos nossos exploradores, e sem a qual nenhuma outra terá
sucesso, é o nosso exemplo. O dirigente terá de ser sempre exemplo da Lei, não só quando está diante
dos exploradores, mas em todos os momentos da sua vida, incluindo na relação com os outros adultos do
Agrupamento. Assim, os exploradores terão de ver na equipa de animação a vivência dos valores que esta lhes
apresenta na Lei do Escuta. De facto, como poderá funcionar uma Patrulha se a Equipa de Animação não se
entende? Como irá reagir um Guia se o seu chefe não respeita os adultos com que trabalha?
70
manualdodirigente
Na Expedição, o explorador fará a sua Promessa de Escuta que irá renovando nas sec-
ções seguintes. A Promessa do Escuta, que torna escuteiro o rapaz ou rapariga, é uma
escolha reflectida que o explorador assume de forma pessoal, mesmo que a celebre
juntamente com outros exploradores da Expedição.
A Promessa será sempre indissociável da Lei do Escuta: cumpri-la é viver a Lei. Esta de-
cisão é feita de forma livre, não se tornando, portanto, uma prisão. A Promessa de Escuta
é um compromisso para a vida, como diz B.-P. na sua última mensagem “Estai preparados
desta maneira para viver e morrer felizes – apegai-vos sempre à vossa promessa escutista
– mesmo depois de já não serdes rapazes e Deus vos ajude a proceder assim.”
Para ajudar os exploradores a viverem a sua Promessa nada melhor do que o exemplo
da sua Equipa de Animação que, tal como em relação à Lei do Escuta, deve ver as coi-
sas sempre pelo lado positivo. De facto, a conduta alegre de quem cumpre a Promessa,
porque assim o quer e não porque alguém nos obriga, é o melhor exemplo para um
explorador.
Eis algumas boas práticas para ajudar os exploradores a viverem a Promessa de Escuta:
- O aspirante ou noviço deve saber o que se espera de um escuteiro antes de fazer a sua Promessa. Assim,
e ainda antes de decorar o cerimonial, deverá perceber o que ele significa. Para isso deve contar com a ajuda
da Equipa de Animação.
- A preparação da Promessa, assim como da Vigília, deverá ser feita de forma extremamente cuidada, para
dar a perceber ao futuro escuteiro a importância do momento que irá viver.
- As Promessas deverão ser momentos únicos, evitando repetições e rotinas. Neste sentido, os guiões a ser
preparados para a cerimónia deverão ter a data e os nomes dos que fazem a sua Promessa, evitando cópias
que passam de umas Promessas para outras.
- É importante que a Promessa de novas escuteiros seja celebrada por toda a família escutista. No entan-
to, o momento mais importante é o momento da Promessa e não qualquer festa que se lhe possa associar.
Tal como com todas as outras orações, não podemos falar da Oração do Escuta como
mais uma oração para ser decorada, apesar de se pretender que os exploradores a
aprendam e a memorizem. De facto, a Oração do Escuta deve ser vista como um pedido
a Deus para que Este nos ajude a cumprir a nossa Promessa. Deve por isso ser rezada
71
manualdodirigente
ou cantada sempre que queremos ter presente a vivência da Lei e da Promessa do Es-
cuta. E deve ser rezada com a calma necessária para que as palavras tenham sentido,
podendo até, se as circunstâncias o aconselharem, explicar-se o sentido das expressões
que juntas formam a oração. O que o dirigente não pode é deixar que a rotina se instale,
fazendo com que se reze a Oração do Escuta de forma “papagueada”, como quem diz
a tabuada.
Seguem-se algumas indicações para que a Oração do Escuta esteja sempre presente na vida da Expedição.
- A Oração do Escuta deverá estar presente na Base, tal como a Lei, os Princípios e a Promessa de Escuta.
Mais do que um elemento decorativo, deverá ser uma marca da nossa condição de escuteiros católicos.
- Sempre que seja rezada em Expedição, a Oração do Escuta deverá ser rezada por todos os exploradores.
Neste caso, o quadro presente na Base poderá ser uma ajuda. Como os exploradores nem sempre estão na
Base, poderá ser entregue a cada explorador uma pagela com a oração. Assim, sempre que for necessário,
todos a poderão rezar. E porque não desafiar cada explorador a fazer a sua própria pagela?
- A Oração do Escuta não é exclusiva do Corpo Nacional de Escutas. Muitos outros escuteiros católicos por
todo o mundo usam esta oração nas suas línguas. Descobrir a forma que a Oração do Escuta toma noutras
línguas, para além de ajudar a descobrir a dimensão internacional do Escutismo, poderá ajudar a perceber o
seu significado.
- Se a Oração do Escuta for usada em alguma cerimonial, como a Vigília antes das Promessas, não nos devemos
esquecer de incluir todo o seu texto no guião desse cerimonial.
Bibliografia:
NORMAND, Jean-Pierre, A Lei do Escuta – uma fonte viva, Edição do CNE.
PHILIPPS, Roland E., Cartas a um Guia de Patrulhas, Edição do CNE – Junta Regional de Braga.
72
manualdodirigente
I. Viver a Lei
De facto, a Lei do Escuta, para o pioneiro, é muito mais do que um conjunto de obriga-
ções que o “Ser escuteiro” implica. O pioneiro tem necessidade e deve ser estimulado a
encontrar o alcance pleno do decálogo da Lei, dos Princípios e também, em consequên-
cia, da Promessa. Perceber a que valores (universais) cada artigo da Lei está associado
acaba por ser, assim, não só uma boa prática, mas, acima de tudo, um elemento essen-
cial da vivência da Lei na Comunidade. Neste sentido, o papel do dirigente é fundamental
na promoção de uma descodificação aberta e de uma procura livre e participada da parte
do jovem, para que a adesão aos valores seja consciente e plena.
O animador adulto deverá, ainda, perceber que as directrizes seguintes são importantes
e funcionam como um auxílio à sua acção com o jovem:
b) Para um pioneiro, a Lei tem de ser compreendida para além do conjunto de obrigações
às quais o jovem tem de se submeter;
c) A Lei do Escuta tem uma formulação positiva e não proibitiva. Os artigos não deter-
minam um “não faças”, mas um “O escuta é…” Este aspecto é muito importante e está
patente na formulação essencial do escutismo desde a sua essência e fundação: “A Lei
do Escuta foi elaborada mais para o guiar nas suas acções do que para lhe reprimir os
defeitos” (in Auxiliar do Chefe Escuta, de B.-P.).
d) Esta formulação positiva da Lei do Escuta deve ser entendida como o fundamento
73
manualdodirigente
e) A Lei do Escuta não deve ser entendida como uma codificação para um jovem ser es-
cuteiro e enquanto é escuteiro, mas como um modelo de vida a que o jovem adere para
o futuro. A Lei do Escuta só será realmente útil se a sua adesão se verificar no futuro, na
idade adulta, e nas acções de quem, na sua formação, aderiu ao movimento escutista;
f) Como em tudo no escutismo, a Lei deve ser “descoberta” através da vida em grupo,
na Equipa e na Comunidade. Assim, ela tem de estar presente nas experiências diárias
dos jovens e nas actividades escutistas que a equipa e a Comunidade vivenciam – no
Empreendimento, portanto, e especialmente em momentos de avaliação;
Boas práticas:
nentes, culturas ou religiões. Numa exploração comparativa, o pioneiro pode ser convidado a reflectir sobre
formas diferentes de dizer, codificar e aceitar os mesmos valores por realidades diferentes.
- Textos de B.-P.:
Há um conjunto vasto de texto do fundador sobre a Lei do Escuta e os objectivos que preconiza. Na publi-
cação “O Rasto do Fundador”, por exemplo, há uma entrada sobre o assunto, que deve ser complementada
com tudo o que é citado sobre valores associados à lei.
O texto “Importância da Lei e da Promessa Escutistas para as necessidades educacionais actuais” – ‘Re-
levance of the Scout Law and Promise to current educational needs’ – é um texto do departamento de
Educação e Desenvolvimento do Bureau do Escutismo Mundial que está traduzido por Matilde Correia dos
Santos e disponível em www.caleidoscópio.online.pt
75
manualdodirigente
É por ser algo muito importante que é fundamental que esta 'adesão', esta resposta ao
Apelo que lhe foi feito quando entrou na Comunidade, seja feita de forma verdadeira,
sem pressões ou condicionalismos de qualquer espécie. Assim, o compromisso é feito
quando tem de ser feito, ao ritmo de cada pioneiro, que se deve comprometer de forma
completamente livre e voluntária. De facto, tem de ser o pioneiro a reconhecer que quer
fazer parte da Comunidade e assumir o compromisso de viver a Lei do Escuta perante a
sua família e a sua Comunidade.
Boas práticas:
76
manualdodirigente
- O momento da investidura
Há um momento no cerimonial tradicional da investidura do pioneiro em que o Chefe pergunta a todos os pio-
neiros se aceitam na Comunidade os jovens que ali estão, à sua frente. A resposta a esta questão deve ser
alvo de uma adesão e de um compromisso que os pioneiros já investidos devem compreender completamente.
Constitui boa prática que a resposta vá para além do que está escrito no ‘livro dos cerimoniais’ e possa ser
um texto que os pioneiros mais antigos recitam naquele momento, enriquecendo a cerimónia.
Com os mesmos objectivos, faz sentido que, quando os aspirantes e noviços estão a recitar a fórmula da
promessa, toda a Comunidade a proclame também, em voz alta, numa renovação colectiva e perpétua da
Promessa de Escuteiro.
- A renovação da Promessa
Constitui uma boa prática que, no ponto alto do empreendimento mais importante do ano, ou num momento
de particular importância e emotividade da vida da Comunidade, os pioneiros, em ambiente de oração e de
acção de graças, renovem a sua Promessa, recitando a sua fórmula, em saudação à bandeira e/ou em ambiente
de solenidade e celebração.
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manualdodirigente
Inspirada nos textos de Santo Inácio de Loyola, a Oração do Escuta é uma das mais be-
las peças da poética litúrgica que o património escutista católico encerra. Na sua versão
cantada, ou simplesmente no texto poético que a compõe – e cuja reflexão se propõe
acima –, é um fantástico ponto de partida para uma vivência enriquecedora do pioneiro
na sua fé e na comunhão com a sua Comunidade.
Neste âmbito, há vários documentos e ideias que podem ajudar os dirigentes da Equipa
de Animação da Comunidade no trabalho preparatório para realização de acções no
domínio da consciencialização dos pioneiros nesta matéria.
Boas práticas:
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manualdodirigente
Bibliografia:
BADEN-POWELL, R. S. S., Auxiliar do Chefe Escuta, Edições CNE.
BADEN-POWELL, R. S. S., Educação pelo Amor substitui Educação pelo Temor, Edições CNE.
SANTOS, Matilde Correia (trad.), Importância da Lei e da Promessa Escutistas para as necessidades educacionais actuais, Bureau
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manualdodirigente
A Promessa e a Lei Escutista são exigentes. Mas é dever do escuteiro “fazer todo o pos-
sível” para as cumprir. Não apenas quando dá jeito, quando é fácil, ou quando se está de
lenço ao pescoço… mas sempre!
Durante o seu percurso no escutismo, o jovem é muitas vezes solicitado para saber a Lei,
para cumprir a Lei, etc. Quando chega à IV secção essa insistência na Lei muitas vezes
desaparece. Isto acontece porque já são mais velhos e pensa-se que já a devem saber
de “cor e salteado”, porque se acha que já não é necessário andar sempre a relembrar a
Lei aos caminheiros, ou por qualquer outro motivo… Contudo, a verdade é que também
o caminheiro diz na sua Promessa que vai obedecer à Lei do Escuta. É conveniente, en-
tão, que seja relembrado de várias formas do que prometeu e que consiga perceber cada
artigo da lei à luz da sua idade, maturidade e vida, dentro e fora do escutismo.
Não é despropositado que a Lei do Escuta esteja afixada no Albergue. No entanto, se calhar, o poster com
os dez artigos da Lei ao fim de algum tempo torna-se hábito e deixa-se de reparar nele. Porque não fazer
uma coisa mais dinâmica?
Ex 3 – Carta de Clã
Pegando um pouco no exemplo anterior, ou fazendo de uma outra forma qualquer, procurar ter presente a
Lei do Escuta quando se elabora a Carta de Clã.
A Promessa de Escuteiro é difícil de cumprir para todos, desde os mais novos aos mais
velhos, não excluindo os dirigentes. Contudo, todos têm que se esforçar por a cumprir
80
manualdodirigente
e procurar ser exemplo a seguir. A este nível, a Equipa de Animação deve ser um pilar
forte e coeso e deve lembrar-se que, como nos disse B-P, “o exemplo não é uma forma
de educar, é a única”. Assim sendo, os dirigentes têm mais este incentivo para cumprir
da sua Promessa, pois não podem exigir aos escuteiros aquilo que eles próprios não são
capazes de dar.
Note-se que não é eficaz que a Equipa de Animação recorra à Lei e à Promessa apenas
quando pretende relembrar aos caminheiros os seus deveres. Deve, sim, relembrá-la
principalmente quando se pretende elogiar aqueles que se esforçam por a cumprir.
Convém também ter em conta que as actividades escutistas são, por excelência, o local
onde os caminheiros podem experimentar os valores da Lei e o que prometeram no seu
compromisso. Mas as actividades dos caminheiros não devem ser pensadas como um
casulo, “uma cena de escuteiros”, mas sim, e sempre, como exemplo para a vida, como
aprendizagem, como oportunidade, para os jovens crescerem e serem, na sua vida, no
seu dia a dia, aquilo que B-P um dia sonhou para eles: Cidadão conscientes e de vistas
largas!
Para um jovem nesta idade, muitas são as solicitações e muitas coisas estão agora a
revelar-se interessantes. O papel da Equipa de Animação pode parecer ingrato, nesta
luta desleal, mas na realidade não é. De facto, não há nada mais gratificante para uma
Equipa de Animação do que ver os frutos do seu trabalho representados na vida equili-
brada e baseada em valores positivos daqueles que os seguem.
Tal como a Promessa e a Lei, também a Oração do Escuta se reveste de uma exigência
e de uma beleza muitas vezes esquecidas na IV secção.
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manualdodirigente
Passado que está o tempo de a aprender, como acontece nos exploradores, e de achar
que 'não tem nada a ver', como pode acontecer nos pioneiros, a maturidade dos cami-
nheiros já permite que a assumam na sua vida, tal como os artigos da Lei e os Princípios.
De facto, não basta saber a oração e rezá-la de forma automática, sem olhar para o
sentido do que se diz. Uma oração é para ser rezada de forma consciente e pressupõe
que a pessoa que a reza esteja a sentir o que está a dizer.
Assim sendo, ao rezar a Oração do Escuta, o caminheiro deve ser levado a assumir-se
como adulto na fé, olhando Jesus Cristo não como um estranho, mas sim como um ideal,
o Homem-Novo… Por isso o trata por “Senhor Jesus”…
Para além disto, o que o caminheiro faz é pedir a Jesus que o ensine e ajude a cumprir a
sua promessa de estar sempre ao Serviço. Assim, e porque está consciente de que não
caminha sozinho e de que terá sempre que ser suficientemente humilde para aprender o
que os outros (e a vida) têm para lhe ensinar, o caminheiro pede “ensinai-me”.
Oração do Caminheiro
Senhor Jesus,
Que Vos apresentastes aos homens como um
caminho vivo,
Irradiando claridade que vem do alto:
Dignai-Vos ser
O meu guia e companheiro
Nos caminhos da vida,
Como um dia O fostes no caminho de Emaús;
Iluminai-me com o Vosso Espírito,
A fim de saber descobrir
O caminho do Vosso melhor serviço;
E que, alimentado com a Eucaristia,
Verdadeiro Pão de todos os Caminheiros,
Apesar das fadigas e das contradições da
jornada
Eu possa caminhar alegremente convosco
Em direcção ao Pai e aos irmãos
Ámen.
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manualdodirigente
Um caminheiro que queira viver a sua vida em pleno é de certeza espelho de felicidade.
Por isso, esta oração deve sempre acompanhá-lo, na medida em que é uma oração de
revelação, em que o caminheiro pede, para as suas obras, a companhia de Cristo, assu-
mindo que o caminho é vazio quando caminhamos sem Ele.
Perante isto, a Oração do caminheiro não pode passar indiferente na vida da secção. De
facto, ao desenvolver a sua identidade enquanto caminheiro, no seio da Tribo, do Clã, do
Agrupamento, do Movimento, não será difícil para o caminheiro fazer suas estas pala-
vras. Contudo, ao longo da sua caminhada no Clã, o caminheiro só a vai compreendendo
e dando sentido se a rezar conscientemente. De facto, e como já foi dito, uma oração não
é uma “lengalenga” e não deve ser dita só porque sim. Deve ser rezada e sentida!
Neste âmbito, a Equipa de Animação tem um papel fundamental, já que lhe compete mo-
tivar para a vivência destas duas orações e procurar aprofundar o seu sentido. De facto,
se os dirigentes não compreenderem o seu significado, dificilmente conseguirão que os
seus elementos o façam. Por outro lado, a Equipa de Animação deve ajudar a enquadrar
estas orações na vida do Clã e de cada caminheiro, dinamizando-as, com a ajuda de
caminheiros mais velhos, de modo a que elas façam parte da vivência na secção e não
se tornem mais um poster na parede do Albergue.
Boas práticas:
- Ter a Oração do Escuta e a Oração do Caminheiro impressa num local bem visível do Albergue.
- Começar ou terminar as reuniões de Tribo com uma destas Orações.
- Convidar alguém que desmonte a “Oração do Caminheiro” e que proporcione um espaço criativo de debate.
- Em Tribo ou em Clã, ir escolhendo uma frase de uma das orações e aprofundá-las ao longo de uma reunião
ou de uma actividade.
- Pedir aos Caminheiros que encontrem poesias ou músicas, mesmo do seu dia-a-dia, que lhes façam lembrar
a Oração do Escuta ou a Oração do Caminheiro e que criem com elas um momento de oração (para uma activi-
dade, reunião, Conselho de Agrupamento, etc.).
Bibliografia:
BADEN-POWELL, R. S. S., Auxiliar do Chefe Escuta, Edições CNE.
BADEN-POWELL, R. S. S., A Caminho do Triunfo, Edições CNE.
Celebrações do CNE, Edições CNE.
FORESTIER, M. D., Pela Educação à Liberdade, Edições CNE.
Mística e Simbologia do CNE, Edições CNE.
NORMAND, Jean-Pierre, A Lei do Escuta – uma fonte viva, Edições CNE.
O Rasto do Fundador, Edições CNE.
83
manualdodirigente
Gonçalo Vieira
Assim se sintetiza o Espírito escutista, que surge como ideal de vida a transmitir às
gerações mais novas. Para o conseguir, Baden-Powell cria um movimento baseado no
Jogo, onde abundam histórias, ambientes, pessoas/heróis, símbolos. Numa palavra: cria
um Imaginário.
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manualdodirigente
Este Imaginário não tem apenas uma intenção lúdica, de jogo. Busca também educar.
E esta intenção educativa faz despontar a Mística, que constitui a expressão do ideal
espiritual a transmitir, sendo como que a alma do jogo, aquilo que lhe dá sentido. Para
Baden-Powell, a transmissão de valores religiosos é essencial e um dos objectivos do
Movimento consiste em ajudar cada rapaz a aproximar-se de Deus e a esforçar-se por
cumprir a Sua vontade.
Neste sentido, e porque o CNE procura educar dentro dos valores da Igreja Católica, são
estes que dão forma à Mística que se procura desenvolver em cada secção.
O Escutismo propõe ainda um vasto enquadramento simbólico que visa exprimir o ideal
presente na Mística e no Imaginário de cada secção, com vista à sua mais profunda
vivência. Falamos a este nível, da simbologia escutista.
Santa Maria São Jorge São Nuno São Francisco São Tiago São Pedro São Paulo
Mãe dos Escutas de Santa Maria de Assis Maior
São patronos: Santa Maria, Mãe dos escutas; São Jorge, patrono mundial do Movimento
escutista; São Nuno de Santa Maria, patrono do CNE; e também São Francisco de Assis,
patrono dos lobitos; São Tiago Maior, patrono dos exploradores/moços; São Pedro, pa-
trono dos pioneiros/marinheiros; e São Paulo, patrono dos caminheiros/companheiros.
Para além dos patronos, cada secção pode ainda recorrer a modelos de vida e grandes
figuras históricas cuja vida também pode ser encarada como um exemplo. São, por isso,
referências a ter igualmente em conta, embora de forma distinta: os modelos de vida são
escolhidos para exprimir a diversidade de carismas e, também, para atender à especifi-
cidade de cada local, com as suas tradições religiosas; as grandes figuras históricas são
apresentadas no sentido de estimular o desenvolvimento dos talentos de cada um, mas
sem se apresentar aqui o todo da vida da pessoa.
A Mística do Programa Educativo do CNE assenta num esquema de quatro etapas, com
vista a uma formação humana e cristã integral, sólida e madura. Estas etapas são se-
quenciais – cada uma é trabalhada para uma secção, ainda que de forma não estanque
– e complementam-se (nenhuma vale por si mesma), na medida em que estão interli-
gadas e adquirem o seu pleno sentido na sobreposição das partes. Desenrolam-se na
87
manualdodirigente
Com o percurso sugerido, procura-se que o escuteiro compreenda que a sua vida tem
duas dimensões, uma sobrenatural (a realidade que nos transcende) e uma natural (a
realidade onde se vive), e que ambas se relacionam intimamente. Sendo Cristo – nas
palavras de H.Urs von Balthasar – “o abraço de Deus à humanidade”, Ele representa a
única possibilidade de o Homem entrar em comunhão com Deus, isto é, de o natural se
tornar sobrenatural. Só Cristo é o Caminho para chegar ao Pai. Por isso, em síntese,
todo o percurso proposto na Mística do CNE visa conduzir à comunhão mais perfeita
com o Senhor Jesus.
Nesta perspectiva, o itinerário proposto está sempre centrado em Cristo, pois tem no
Senhor o seu centro e fonte de irradiação de sentido.
JESUS CRISTO
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manualdodirigente
O Imaginário do Programa Educativo do CNE assume duas vertentes. Uma, mais sim-
ples, relaciona-se com a utilização de histórias criadas/adaptadas com cariz educativo
nos diversos projectos de cada secção (sempre que há uma Caçada, Aventura, Empre-
endimento ou Caminhada pode existir um imaginário específico para esse projecto).
Numa outra vertente, mais complexa, o Imaginário é, tal como a Mística, uma proposta
específica para cada secção e procura-se, através dele, transmitir valores específicos,
visando a formação humana dos elementos. Em cada secção, à excepção da Quarta,
este Imaginário “formal” deve ser trabalhado, sem prejuízo dos imaginários “informais” de
cada projecto específico. Assim:
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manualdodirigente
Vimos já (capítulo A.1) que a capacidade de abstracção própria de uma criança com
a idade de lobito não lhe permite compreender a realidade existencial de Deus, tanto
quanto é possível ao Homem compreender. Por esta razão, aos olhos dos lobitos, Deus
é representado, frequentemente através de alguns traços concretos (é, por norma, um
homem grande e poderoso, com barbas brancas). Mais próxima e mais concreta é a
imagem de Jesus, bastante mais fácil de compreender, dado o conhecimento que o
Novo Testamento oferece de alguns aspectos da sua dimensão humana. No entanto,
particularmente no âmbito da mística da Alcateia, não se devem excluir as menções a
Deus (Uno e Trino) como o Criador do mundo em que vivemos e de tudo o que dispomos
e é bonito.
Assim sendo, ao ver a beleza da Natureza (mares, rios, montanhas, vales, plantas, ani-
mais, etc.) e, sobretudo, a beleza do próprio ser humano, o lobito começa a descobrir Deus
como Pai. Este, Criador de tudo quanto existe, ama muito todos os seus filhos e quer que
todos sejam felizes. Para que isso aconteça, enviou ao mundo o seu próprio Filho: Jesus,
que começou por ser o «Menino Jesus». A Ele o lobito reza a sua oração e começa a ofe-
recer o coração, pedindo para que o encha de virtudes e ensine a imitá-Lo.
toda a Criação fala de Deus e as mais pequenas coisas podem ser caminho
para Ele;
Assis é uma pequena cidade que fica situada no norte de Itália. Foi nesta cidade
que nasceu Francisco, pelo ano de 1181. Seu pai era comerciante de tecidos e
queria que o filho se dedicasse ao mesmo ofício, mas Francisco preferia divertir-
se e desfrutar do mundo. Foi uma criança alegre, tinha muitos amigos, era de
trato amável, de profunda religiosidade e pureza. Já jovem, ouviu a voz de Deus
no seu coração, sentiu que Ele o chamava e convidava a um jogo maior, que
duraria toda a sua vida: procurar restaurar a Igreja de Jesus, que tinha muitos São Francisco
problemas. Francisco aceitou o convite, decidiu oferecer todas as suas coisas e de Assis
ser pobre, colocando toda a sua esperança em Deus a quem chamou “Pai-nosso
que estais nos céus”.
Agora ele é conhecido pelo seu amor à Natureza e aos homens, e pela simplicida-
de e humildade com que amava e ajudava a todos. Tinha uma maneira especial
de comunicar com os animais e era muito querido por todas as crianças. Tinha
sempre mensagens de paz e um sorriso para todos os que o rodeavam.
Aos 45 anos ficou muito doente e morreu na tarde do dia 3 de Outubro de 1226,
em Assis. Antes de morrer deixou esta mensagem: “Permanecei firmes no amor
de Deus e n'Ele perseverai até ao fim. Bem-aventurados os que perseverarem na
obra começada!”. Todos os anos, no dia 4 de Outubro, o mundo inteiro celebra a
entrada de São Francisco no céu.
Ao longo da sua vida e em cada uma das suas aventuras, Francisco de Assis
procurou ser sempre melhor. Ao recordar ou ao ler as suas histórias à Alcateia,
poderemos mostrar como ele conhecia e cuidava do seu corpo, porque sabia
que era Criação de Deus; tratava de solucionar os seus problemas, pois sentia a
alegria de viver e queria construir um mundo melhor. Era alegre e dizia sempre
a verdade, para cumprir as tarefas diárias com os seus amigos; sabia escutar e
dizia o que sentia, para ser mais feliz e conversar facilmente com o Pai do céu;
era muito amigo e ajudava sempre os outros, porque em cada pessoa encontrava
o seu próximo e a Cristo; aprendeu a conhecer a Deus e a amá-I’O como o seu
grande amigo.
São Francisco foi uma criança igual a todos os Lobitos: inquieto e travesso, umas
vezes portava-se bem mas outras vezes menos bem, mas foi sempre um bom
amigo, a ponto de ser amigo até daqueles que não conhecia, dos pobres e dos
doentes. Quando ouviu a voz de Jesus que o chamava para uma tarefa difícil,
teve dúvidas. Custou-lhe muito, mas por fim ganhou coragem e, atrevendo-se,
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manualdodirigente
entregou toda a sua vida a Jesus, o seu melhor amigo. Viveu segundo aquilo em
que acreditava.
Se algo distinguiu Francisco, acima de tudo, foi o seu desejo de dialogar muito
com Deus, na simplicidade e alegria, tal como era a sua vida, e fazer sempre a
Sua vontade para ser sempre melhor.
Fr. Albertino Rodrigues, OFM
Para que os lobitos aprendam com São Francisco de Assis a louvar o Criador é
preciso que:
Como modelos de vida, os lobitos podem ainda seguir o exemplo de Santa Clara de
Assis, que seguiu as pisadas de São Francisco na humildade e devoção a Deus, e dos
Beatos Francisco e Jacinta, meninos que assumiram plenamente a total confiança e
amor a Deus.
A animação da vivência cristã deve surgir com naturalidade, fazendo parte de toda a
vida da Alcateia e não de acções isoladas. Aliás esta inserção vai permitir que o lobito
compreenda que o verdadeiro sentido do catolicismo é o de ser vivido no dia-a-dia, na
Alcateia, na escola e, em casa, e vai também possibilitar ao dirigente, aproveitando as
características dessas idades, a transmissão deste verdadeiro sentido em Cristo através
da sua forma de estar na sociedade.
Boas práticas:
O desenvolvimento da Mística deve fazer-se nas diversas actividades, enriquecendo-as com valores e exem-
plos a seguir. Eis algumas sugestões:
- orações de louvor criadas pelos lobitos. Estas orações podem ter temas específicos (louvor à chuva, ao
calor, às árvores, etc.), de forma a exercitar a sua capacidade de contemplação da Natureza e a compreen-
são de que ela é dom de Deus;
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manualdodirigente
Bibliografia:
Florinhas de S. Francisco http://www.procasp.org.br/subcapitulo.php?cSubcap=58
VELOSO, Tiago M. P., Francisco de Assis, Homem da Natureza. Braga: Universidade Católica Portuguesa, 2009. In
http://www.passionista.org/livros/ecologia.pdf
http://www.servitasdefatima.org/Pages/Pastorinhos.aspx
O tema da selva não é importante por si próprio: o que nele conta é o significado que
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lhe dão os lobitos. É um imaginário em que se cria uma atmosfera na qual os objectivos
do lobitismo são mais facilmente transmitidos. Isto porque, na infância, a apreensão e
abstracção que a criança faz da realidade é ainda reduzida e por isso o recurso à fantasia
ajuda em muito a transmitir os valores que se pretende transmitir. Assim, quando o lobito
é confrontado com o símbolo da selva, sente esse símbolo não como uma ficção, mas
como um elemento que para ele tem valor de verdade e se reveste de um significado. É
por esta razão que, ao ouvir histórias, a criança se identifica com o herói e vive os sonhos
desse mesmo herói: ao conhecer a história de Máugli, o 'Menino-Lobo', o 'Cachorro
de Homem', a 'Rãzinha', o lobito sente-se também um Máugli, ora corajoso ora frágil,
sábio ou ignorante. E através das atitudes reveladas pelo Menino-Lobo, começa a tomar
resoluções, desenvolver valores, ultrapassar etapas e aprender a ajudar os outros.
Exemplo:
Diz-nos a história da Selva que o Cachorro de Homem desobedeceu às ordens de Bálu e se juntou aos
Bândarlougues, o que gerou grande confusão (A Caçada de Cá). Máugli acaba por se arrepender do seu
comportamento e aprende que deve ouvir os bichos da Selva.
Sempre que existir um lobito desobediente, o Àquêlá deve relembrar esta história. É mais fácil modi-
ficar o comportamento de um lobito usando o exemplo de Máugli (que para ele é um herói real) do que
chamá-lo para uma conversa ‘adulta’ em que se enumeram as razões por que ele se deve portar bem.
O Àquêlá deve também incutir a ideia de que é uma grande vergonha ter comportamentos próprios de
Bândarlougue. Como encaram a história da Selva como se fosse real, os lobitos detestam ser apelidados
de Bândarlougue.
Neste contexto, as diversas figuras que surgem no Livro da Selva revestem-se de espe-
cial importância. De facto, a História da Selva não é mais do que a descrição da socieda-
de humana: os animais simbolizam os defeitos e qualidades dos homens e representam
o contraste entre povos com estilos de vida ou formas de agir muito diferentes. E para
uma criança é bem mais fácil compreender a sociedade em que vive através de uma
história. Através dela, ela confronta-se com o Bem e o Mal e compreende mais facilmente
as situações construtivas e não construtivas com que nos defrontamos continuamente na
vida e por quais devemos optar.
Neste sentido, a Alcateia de Seiouni é uma sociedade reconhecida na Jangal pela sua
capacidade de organização. Os lobos constituem o Povo Livre: aquele que, porque
cumpre as leis instituídas, não ultrapassa os seus direitos nem prejudica ninguém. Nesta
sociedade, o pequeno Máugli aprende a ser livre por meio da solidariedade para com
a Alcateia e através do respeito à lei. De início, é acolhido pelos seus pais (Pai Lobo e
Racxa) e irmão lobito (Irmão Cinzento), que representam todos aqueles que são capa-
zes de amar incondicionalmente os outros, sem preocupações sobre raças. Para além
disto, é também protegido pelo Chefe da Alcateia (Àquêlá), que simboliza a liderança
serena e equilibrada, que não se atemoriza perante ameaças ou dúvidas. A sabedoria e
a bondade dos velhos lobos ensinam-no a distinguir os exemplos que deve imitar e a ter
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cuidado para não assumir atitudes que, na fábula, se atribuem à estupidez dos macacos
ou à maldade de Xer Cane.
De facto, em contraposição com esta sociedade organizada, cumpridora e solidária,
surgem os macacos – os Bândarlougues –, o Povo sem Lei: sem ordem, sem solida-
riedade, sem metas claras para alcançar e sem constância para chegar a elas, não se
pode ser livre, nem puro, nem bom. Ser Bândarlougue é, assim, espalhar boatos, fazer
barulho, sujar tudo, destruir, sem nunca pisar em terra firme, sem assumir uma respon-
sabilidade ou comprometer-se com qualquer projecto.
Xer Cane, o tigre, simboliza a maldade pura: ele representa aqueles seres que se regem
pela crueldade, cobiça, vaidade e frieza. Acompanha-o no Mal Tábàqui, o chacal lisonjei-
ro e cobarde, que ganha a vida a inventar histórias sobre os outros: simboliza a hipocrisia
e a tendência para o mexerico.
Os amigos e protectores de Máugli simbolizam, por sua vez, o Bem. Destacam-se, como
mais importantes:
Balu, o urso, ensina as Leis da Selva e as vozes dos animais: simboliza o co-
nhecimento, a ponderação, a tranquilidade e a benevolência que normalmente
os sábios possuem.
Cá, o pitão, de carácter inicialmente dúbio e esquivo, mas que se torna leal
amigo de Máugli e com ele ajuda a proteger a Jangal, representa todos aqueles
que, apesar de aparentarem não ser de confiança, acabam por se revelar leais
e amigos.
Hati, o elefante, é o guardião das memórias e dos valores. Simboliza, assim, to-
dos os que se preocupam em conservar as histórias passadas para retirar delas
ensinamentos para o futuro, ajudando o grupo a reger-se por valores.
Há outros nomes e outros símbolos associados à história de Máugli que também podem
ser explorados nas características que assumem na história. É o caso, por exemplo, de
Mangue (o morcego que espalha as notícias pela Selva), Tchil (o milhafre que vigia o
território), Rama (o chefe dos búfalos), Fao (o lobo que substitui Àquêlá na chefia da
Alcateia), etc.
vem constantemente. É o caso, entre outras, das palavras lobito, Alcateia, Covil, Grande
Uivo, Rocha do Conselho, Rocha da Paz, Caçada, Bando, Mastro de Honra (ou Totem),
Círculo do Conselho, Danças da Selva, Dentada (conhecimentos adquiridos pelos lobitos
que contribuem para a concretização do sistema de progresso ou insígnias de compe-
tência – usa-se a expressão: “O lobito deu uma dentada nas pistas”, por exemplo), Flor
Vermelha (nome dado ao Fogo de Conselho dos lobitos), etc..
Esses nomes e símbolos que têm origem da história do Povo Livre são reforçados por
outros que se originaram na tradição do Movimento escutista, tais como o uniforme, o
caderno de caça, o livro de ouro, o Conselho de Guias, o Conselho de Alcateia, o Con-
selho de Honra, a divisa, a Equipa de Animação, o patrono, a bandeirola, e o Guia da
Alcateia, por exemplo.
Também a cor amarela do lenço funciona como um símbolo na Alcateia: para além da
alegria, a cor do sol dourado relembra Jesus, amigo de todos os lobitos, que ilumina o
caminho de cada um e ajuda a crescer. O amarelo, assim, relembra ao lobito que deve
ser alegre e procurar imitar o exemplo de Jesus em cada momento da sua vida.
Bibliografia:
B.-P., Manual do Lobito, Edições CNE.
III. Cerimoniais
Grande Uivo, Círculo de Parada, danças da Selva, abertura e bênção da Flor Vermelha (Fogo de Conselho),
Vigília de Oração, Promessa, Investidura de Guias, Investidura de cargos, entrega de insígnias, etc.
Todos devem utilizar a linguagem e simbologia da Alcateia.
Estes cerimoniais, tal como todas as actividades que utilizam o método escutista, pos-
suem um cunho pedagógico que deve ser reforçado em todas as ocasiões. Para que isto
aconteça, os cerimoniais devem:
relacionadas com a mística e imaginário, etc.. Neste sentido, deve-se zelar pela
presença de símbolos e linguagem adequados à Alcateia. Isto permite que haja
um ambiente propício a que a mensagem seja de facto absorvida, na medida em
que os conteúdos possuem uma carga formativa. Sempre que possível, deve-
se utilizar a Natureza para realizar os cerimoniais, já que o ar livre é o espaço
privilegiado para as actividades escutistas).
Nem sempre os cerimoniais tradicionais dos Bandos (como a permissão para aceder ao Livro de Ouro)
possuem um fundo educativo ou ligado a valores. A este nível, é importante que o dirigente auxilie os
seus elementos a construir cerimoniais que veiculem valores. Para isso, deve procurar-se que haja refe-
rências ao lema do Bando e aos valores místicos da Secção, promovendo uma reflexão sobre os gestos,
as fórmulas e as acções desenvolvidas, no sentido de os levar a compreender o seu significado, riqueza
e validade.
Bibliografia:
B.-P., Manual do Lobito, Edições CNE.
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Sabemos que, ao longo da história de Israel, Deus concluiu várias vezes uma aliança
com o Seu povo, mas só Jesus Cristo vem estabelecer a “Nova e eterna Aliança”. O
explorador ainda não entende, naturalmente, todo o alcance desta Aliança em Cristo,
mas sente-se motivado a fazer caminho de descoberta. Por isso, começa por acolher o
desafio que Deus lhe coloca e, tal como o Povo Hebreu fez ao caminhar pelo deserto,
aceita partir em busca do cumprimento das promessas de Deus, isto é da Terra Prome-
tida onde “mana leite e mel”.
Deste modo, aprende, que, no estabelecimento da Aliança com o Seu Povo, Deus ofe-
rece a garantia da Sua protecção paternal e aponta-lhe o caminho da Terra Prometida.
Essa aliança é renovada em Jesus Cristo que Se torna, entre outras coisas, o exemplo
a seguir pelo explorador, dada a sua tendência a seguir heróis que se batem por causas
justas. Nas parábolas e nos milagres e em toda a vida de Jesus Cristo o explorador des-
cobre que Deus também quer fazer a Sua aliança com ele.
Assim, nesta etapa da sua vida, o explorador/moço descobre cada vez mais que Deus
está presente. Aceita o desafio de se pôr a caminho, acolhendo a aliança com Deus, tal
como o Povo do Antigo Testamento: é altura de novos caminhos, de novas formas de
viver e de se dar aos outros que só Deus pode ajudar a encontrar. Pelo caminho (ou seja,
ao longo da sua passagem pela secção), Deus revela-se, aumentando a sua fé, coragem
e audácia. Jesus é o seu maior e mais completo exemplo de vida.
O exemplo do patrono da 2ª secção, São Tiago (Maior), pode servir de estímulo a todos
a quantos têm a coragem de se pôr a caminho, para partilhar com outros a descoberta
que já fizeram.
Chamado por Cristo, São Tiago viu concretizadas as promessas de Deus ao seu
Povo, ao testemunhar o poder da Ressurreição de Cristo. A partir daí, fortaleci-
do pelo Espírito Santo, São Tiago assumiu a fé de forma destemida e aceitou
testemunhá-la até às últimas consequências (Act. 12,1-2). Sendo originário da
Galileia, São Tiago terá aceitado o desafio de partilhar com outros povos o tesou-
ro da fé: segundo a tradição, teria vindo até à Península Ibérica, para evangelizar,
tendo desenvolvido actividade sobretudo na Galiza e na zona hoje corresponden- São Tiago Maior
te a Aragão.
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Assim, São Tiago foi um autêntico explorador, na medida em que aceitou pôr-se
a caminho, guiado pela «estrela» da fé que o animava e fortalecido pelo desejo
insaciável de a dar a conhecer. Mesmo sem saber que dificuldades iria encontrar,
São Tiago partiu com o intuito de apontar, também aos outros, o caminho para a
«Terra Prometida»: o caminho para Deus.
Outros exemplos
Abraão
Abraão foi o primeiro patriarca do povo hebreu. Tendo recebido indicação de Deus,
deixou a sua cidade e dirigiu-se com a sua família para Canaã. Sendo já velho, e
não tendo um filho primogénito, Sara, sua esposa, concebeu por graça de Deus e
nasceu Isaac. Quando Isaac era ainda criança, Deus chamou Abraão e pediu que
ele levasse o seu filho ao alto do monte Moriah. A meio do caminho, Deus pediu
a Abraão que sacrificasse Isaac para mostrar o seu amor por Ele. Abraão não se
recusou em pegar num punhal, colocando-o sobre o seu filho. Deus então man-
dou um anjo para segurar o punho de Abraão, dizendo estar satisfeito com a sua
obediência. Em recompensa, Deus prometeu a Abraão que a sua descendência
seria tão numerosa como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar.
Moisés
Figura proeminente do Antigo Testamento, Moisés foi salvo das águas pela filha
do Faraó, sendo educado na corte. Após matar um feitor egípcio, foi obrigado a
exilar-se. Depois de encontrar Deus na sarça ardente, regressou do exílio para
libertar o seu povo da escravidão do Egipto e conduziu-o até às portas de Canaã,
a terra prometida por Deus a Abraão. Durante a longa jornada, atravessou o Mar
Vermelho e subiu ao Monte Sinai, onde recebeu as tábuas com os Mandamentos
da Lei de Deus. Guiou o seu povo durante 40 anos, atravessando o deserto, e
morreu depois de contemplar a Terra Prometida.
David
Tocou lira para acalmar o rei Saul, primeiro rei de Israel. Quando o exército filisteu
enfrentou os israelitas, um gigante chamado Golias desafiou o exército israelita
a enviar um homem para enfrentá-lo. Os israelitas tiveram medo de Golias, mas
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David decidiu enfrentá-lo e fê-lo munido apenas de uma funda e algumas pedras.
Logo no início do combate, David acertou com uma pedra na cabeça do gigante,
derrubando-o. Teve, então, de fugir para o deserto, por inveja do rei Saul. Com a
morte do rei, governou a tribo de Judá, tendo-se tornado o fundador de um estado
unificado e independente, que englobava todo o Israel. Apesar desse estado ter
subsistido pouco tempo, ficou para sempre na memória dos israelitas como um
tempo ideal.
Santo António
Santa Isabel, filha dos reis de Aragão, nasceu no ano de 1271. Era ainda muito jo-
vem quando foi dada em casamento ao rei D. Dinis. Dedicou-se de modo singular
à oração e às obras de misericórdia, tendo criado um hospital, uma casa de refú-
gio para mulheres e um orfanato. Procurou ser sempre instrumento de concórdia
entre todos e revelou uma exemplar perseverança e capacidade de sofrimento
num casamento que não a fez feliz. Depois da morte de seu marido, distribuiu os
seus bens pelos pobres e tomou o hábito da Ordem Terceira de São Francisco,
dedicando-se ao serviço de Deus e de todos os que dela precisaram. Morreu em
Estremoz, no ano 1336, quando mediava o acordo de paz entre seu filho e seu
genro. A sua festa litúrgica celebra-se a 4 de Julho, data da sua morte.
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Boas Práticas:
- exploração de histórias do Antigo Testamento ligadas à procura e descoberta da Terra Prometida;
- exploração de histórias ligadas à vida de Jesus Cristo que permitam a reflexão/interiorização de
atitudes e valores relacionados com as dificuldades que a descoberta de novos caminhos acarreta
(incompreensão, defesa da Verdade, procura do que está certo, etc.);
- exploração da mensagem contida nas parábolas e milagres de Jesus Cristo;
- decoração de espaços da secção com referências à simbologia, mística e imaginário da Expedição
- orações e cânticos criados pelos exploradores/moços. Estas orações podem apelar à reflexão sobre a
fé, a coragem para defender os seus próprios valores, a vontade de conhecer melhor Deus.
Bibliografia:
Bíblia Sagrada.
O imaginário da segunda secção gira à volta do Explorador, aquele que parte à aventura
da descoberta de novos mundos, que vai mais longe, mais além, aquele que descobre.
Logo no início do “Escutismo para Rapazes”, na Palestra de Bivaque nº1, B.-P. descreve-
-nos essa personagem do explorador em tempo de paz. Ao longo de todo o livro são mui-
tas as histórias e exemplos que B.-P. conta destes “verdadeiros homens em toda a acep-
ção da palavra”. O explorador aprendeu a viver na natureza, a amá-la e respeitá-la. É um
homem capaz de cuidar de si próprio e de ajudar os outros. Adapta-se ao meio ambiente
em que vive e tira dele o maior proveito. Os exploradores são mestres na exploração – a
arte de explorar. Como nos diz B.-P., é uma arte fácil de aprender, concluindo: “A melhor
maneira de aprender é entrar para os escuteiros”.
Para ajudar a viver este Imaginário, os exploradores podem ainda ser chamados a seguir
o exemplo de grandes exploradores como Fernão de Magalhães (1ª Circum-navegação
da Terra), Ernest Shackleton (explorador da Antártida), Neil Armstrong (1º homem na
Lua), Gago Coutinho e Sacadura Cabral (1ª travessia aérea do Atlântico Sul), Jacques
Cousteau (oceanógrafo), Dian Fossey (zoóloga, ficou célebre o seu trabalho com os
gorilas-da-montanha), Infante D. Henrique (o Navegador), Rosie Stancer (exploradora
do Ártico e da Antártida), etc.
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Para ajudar os exploradores a viver a Mística e o Imaginário, a 2ª secção terá como sím-
bolos a Flor-de-Lis, a Vara, o Chapéu, o Cantil e a Estrela.
Cor verde
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Para além de todos os símbolos já descritos, existem termos e nomenclaturas que ad-
quirem, na Expedição, uma dimensão e significado específicos. São termos que estão
intimamente ligados à secção e que a seguir se descrevem:
Explorador– adolescente que faz parte da 2ª secção do CNE. Tal como explica-
do acima, é aquele que parte à descoberta de novos mundos.
Moço– adolescente que faz parte da 2ª secção do CNE. Tal como explicado
acima, é aquele que parte à descoberta de novos mundos, usando o mar como
instrumento privilegiado de aprendizagem.
Base– Local de onde partem os moços quando saem. Serve de apoio, de porto
de abrigo, de ponto de partida e chegada das expedições.
1
Note-se que, aqui, Expedição tem o sentido de 'grupo de pessoas que se deslocam a um lugar para descobrir algo', sentido este
que é distinto de Expedição como 'viagem de descoberta empreendida por um grupo' – sentido com que Expedição é utilizada no
escutismo marítimo. Ambos os significados existem no dicionário e compete aos dirigentes explicar aos seus elementos que a riqueza
e diversidade da Língua Portuguesa nos permite utilizar uma palavra com vários sentidos.
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Boas práticas:
- Ter presentes os símbolos na Base e usá-los para distinguir o que diz respeito à secção dentro do
Agrupamento.
- Durante o “Apelo” (adesão formal aos exploradores), cada futuro explorador deve arranjar a sua vara
pessoal. Esta deverá tornar-se uma “obra de arte” ao longo da vivência na Expedição. No canto de Pa-
trulha construir um local apropriado para serem guardadas as varas pessoais de todos os elementos da
Patrulha.
- Ter na sede um canteiro com a flor-de-lis.
- Descobrir as diferentes formas da Flor-de-Lis das Associações Escutistas espalhadas pelo Mundo.
O resultado poderá dar um belo quadro para o canto de Patrulha. Poderá ser feito o mesmo usando
representações de mapas antigos onde figurem a rosa-dos-ventos e a flor-de-lis.
- Em raid, usar o cantil e o chapéu.
- Na sede e em acampamento, promover comportamentos que permitam gerir a água de forma mais
responsável.
- Descobrir nos Evangelhos o sentido de “água viva”.
- No acampamento, à noite, contemplar o céu estrelado, identificar várias constelações e usar o texto
bíblico com a referência às estrelas do céu e à descendência de Abraão (Gn. 22, 1-18).
- Descobrir e representar passagens bíblicas ligadas à descoberta da Terra Prometida onde estão
presentes símbolos dos exploradores. Eis alguns exemplos: a vara de Aarão transformada em serpente
diante do faraó; a vara de Aarão a florescer; as estrelas do céu e a descendência de Abraão; o toque da
vara de Moisés no rochedo, fazendo brotar água; David e a bilha (cantil) do rei Saul; o aparecimento das
estrelas no quarto dia da Criação; a estrela que guia os magos vindos do Oriente;…
Bibliografia:
Mística e Simbologia do CNE, Edições CNE.
III. Cerimoniais
Existem diversos cerimoniais escutistas que são veículo da mística e imaginário próprios
de cada secção: servem-se dos símbolos das secções e de linguagem tipicamente es-
cutista para marcarem e darem sentido a momentos marcantes da secção ou agrupa-
mento.
106
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A intenção pedagógica deste tipo de momentos deverá ser valorizada. Assim, pretende-
se que os cerimoniais sejam:
Surpresa! Não implica que os Cerimoniais mudem radicalmente a cada vez que
se realizam: é bom manter algumas tradições pois reforçam a coesão do grupo.
Mas convém não ceder às repetições que se podem tornar desmotivantes e
antiquadas. A revisão das dinâmicas e textos, dos símbolos, imagens e valores
explorados pode permitir modificar o que está desactualizado ou incoerente.
Nem sempre os cerimoniais tradicionais das Patrulhas (como a permissão para aceder
ao Livro de Ouro) possuem um fundo educativo ou ligado a valores. A este nível, é im-
portante que o dirigente auxilie os seus elementos a construir cerimoniais que veiculem
valores. Para isso, deve procurar-se que haja referências ao totem e ao lema da Patrulha
e aos valores místicos da Secção, promovendo uma reflexão sobre os gestos, as fórmu-
las e as acções desenvolvidas, no sentido de os levar a compreender o seu significado,
riqueza e validade.
Bibliografia:
Cerimoniais do CNE, Edições CNE.
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Depois da chegada à Terra Prometida, é Cristo quem estabelece a Nova e Eterna Aliança
e o início de um tempo novo para o Povo de Deus. Cristo, com palavras e obras, inaugura
na terra o Reino de Deus e institui a Sua Igreja para ser portadora desta novidade.
Pedra viva do Templo do Senhor, o pioneiro é chamado a assumir o seu lugar na cons-
trução dessa Igreja – de acordo com o pedido e sugerido por Cristo –, colocando os seus
talentos ao serviço da Comunidade e assumindo a tarefa de ser construtor de comunhão
e de sociedade.
Tal tarefa não é fácil: numa idade em que a dúvida se instala, o desafio é ajudar a que
o pioneiro/marinheiro seja capaz de ultrapassar as suas perplexidades, compreenda a
grandeza do amor de Deus e se assuma como cristão convicto e actuante.
Para facilitar a plena vivência da fé, o patrono da Terceira secção é São Pedro.
São Pedro
Apóstolo escolhido por Cristo para presidir à Igreja nascente, São Pedro (Galileia,
século I a.C. – Roma, 67 d.C.) é tão importante quanto humilde. Foi Deus quem
quis tornar forte o que antes era fraco e, apesar das limitações e debilidades hu-
manas deste Apóstolo, quis com ele empreender a obra grandiosa de construção
da Igreja de Cristo. Nesse sentido, São Pedro é pioneiro de um tempo novo, o São Pedro
tempo da vida «com Cristo», o tempo das primeiras comunidades que partilharam
os ensinamentos do Filho de Deus.
São Pedro é a rocha sobre a qual a Igreja se começou a erguer e, nesse sentido,
foi sobretudo construtor de comunidade. Em seu redor surgiram outros que, atra-
ídos pelo seu testemunho de vida descobriram a presença do Senhor Ressusci-
tado na Igreja, Seu Corpo.
Os pioneiros podem ainda ser chamados a seguir o exemplo de algumas figuras da Igre-
ja que serão também para eles modelos de vida: São João de Brito, Santa Teresinha do
Menino Jesus, Santa Catarina de Sena.
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Boas práticas:
Vários documentos:
Os evangelhos:
Os quatro evangelhos do Novo Testamento podem ser uma extraordinária ferramenta para aprofundar
e desenvolver a Mística dos pioneiros, nomeadamente explorando as histórias relacionadas com São
Pedro ou com Jesus ligadas à construção do Reino de Deus.
Bibliografia:
Mística e Simbologia do CNE, Edições CNE.
A Pedagogia da Fé no Escutismo, Edições CNE.
Cartões com Enquadramento Simbólico, Edições CNE.
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O imaginário da Secção gira todo à volta do pioneiro, aquele que, depois da descoberta
do mundo que o rodeia, é assolado por um sentimento de insatisfação, de um ímpeto de
fazer diferente, de mudar, de inovar, que o leva a soltar-se do que considera supérfluo
para pôr mãos à obra na construção e concretização do seu sonho, das suas ambições.
Nesta tarefa, preocupa-se em conhecer o que há, em saber o que já foi feito por outros,
em conhecer e melhorar as suas próprias capacidades, em adquirir as ferramentas de
que precisa.
O pioneiro vive sobre a máxima Saber, Querer e Agir, sendo fiel a si próprio e aos seus
sonhos.
Esta frase, esta máxima, apresenta-se ao pioneiro como o enaltecer das suas
próprias características. Do mesmo modo que o Papa João Paulo II, num discur-
so aos jovens, em 1985 dizia: «Jovens, sede jovens», esta máxima interpela o
pioneiro a ser pioneiro. E o pioneiro tem como características a ânsia de conheci-
mento e de respostas – muitas vezes no seu interior e no mundo que o rodeia –,
a vontade e a energia de inovar, de fazer diferente, e, por fim, a necessidade de
acção em todo o momento.
Para apoiar e ajudar na percepção do alcance do imaginário que lhe é proposto, o pio-
neiro pode ainda ser chamado a conhecer e a seguir o exemplo de Grandes Pioneiros da
História da Humanidade. Tomemos, a título de exemplo, nomes de personalidades como
Leonardo da Vinci, Padre António Vieira, Albert Einstein, Marie Curie, Florence Nightin-
gale ou Isadora Duncan, entre muitos outros.
Boas práticas:
Bibliografia:
Mística e Simbologia do CNE, Edições CNE.
O pioneiro que vive sobre a máxima Saber, Querer e Agir, sendo fiel a si próprio e aos
seus sonhos, facilmente se revê em símbolos como a Gota de Água, a Rosa-dos-Ventos,
a Machada e o Icthus (peixe, símbolo dos primeiros cristãos).
Para alguém que sente necessidade de mudar, de construir o seu espaço e o seu mundo
onde nada existe, estes símbolos apresentam-se como ferramentas de transformação:
A Gota de Água é símbolo da pureza que vem de Deus. É para nós, tam-
bém, o símbolo do próprio pioneiro, do jovem enquanto pessoa, indivíduo.
Procuramos que seja transparente — consigo próprio e com os outros. Que
seja alento e alimento para os que o rodeiam. Que consiga fazer parte de
um grupo, juntar-se a outras gotas e tornar-se torrente. Nesta individualidade
procuramos salientar o SABER. O saber-Ser, o saber-Estar, o saber-Fazer e
todos os outros saberes que vêm à tona, resultado do combate que o pioneiro
trava consigo próprio pela marca da individualidade. A Gota de Água torna-se,
portanto, um símbolo apropriado para utilizar perante as áreas de desenvolvi-
mento Intelectual, Espiritual e Afectivo.
o rumo certo, que esteja preparado para optar, para escolher… Que possa
falhar, errar, mas em segurança, e que aprenda, que tire das experiências
lições de vida. Que seja, de igual modo, portador de vontades, agregador de
desejos e de disponibilidade. Procuramos, com a Rosa dos Ventos, salientar o
QUERER. A importância da escolha, das suas consequências, mas, também,
a importância da vontade, da disponibilidade. A Rosa dos Ventos torna-se,
portanto, um símbolo apropriado para utilizar perante as áreas de desenvolvi-
mento Social, Afectivo e Espiritual.
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A cor azul não é, pelo menos formalmente, um símbolo. Mas sendo um sinal distintivo da
secção ao qual é atribuída uma justificação simbólica, temos de a ele fazer referência.
O azul dos pioneiros recorda – como é referido no momento da imposição do lenço,
logo após a promessa – “a imensidão do céu e a profundidade dos mares, simboliza a
grandeza do ideal 'sempre mais longe' no serviço do bem” que na promessa o pioneiro
promete viver.
Pioneiro é o adolescente jovem que integra a terceira secção no CNE. A razão de ser da
utilização desta palavra é amplamente explicada acima. Um conjunto de pioneiros, com
uma identidade própria, objectivos comuns e relações formais de co-responsabilidade
constitui uma Equipa, termo facilmente perceptível e enquadrável. No âmbito da ciência,
por exemplo, onde o objectivo é inovar, e onde há grandes pioneiros, o trabalho é feito
por equipas de investigação.
A palavra Comunidade, que designa o conjunto dos pioneiros e das suas Equipas numa
unidade, tem uma grande carga simbólica. Os pioneiros (aqueles que inovam, desbra-
vam, que se instalam, que constroem, que desenvolvem) na história e no quotidiano
organizam--se em comunidades. A comunidade dos primeiros cristãos, as comunidades
de pioneiros colonizadores nos novos territórios, a comunidade científica que engloba o
conjunto dos investigadores pioneiros, e, mais recentemente, as comunidades virtuais
que se criam na internet nas redes sociais e outras. São termos usados nestes contextos
e facilmente reconhecíveis por todos.
Para além disto, uma Comunidade de pioneiros procura ser uma "Sociedade", onde os
jovens ensaiam relações sociais e escolhas, têm vivências, experimentam em ambien-
te de perfeita segurança, planejam e desenvolvem em conjunto projectos organizados,
a que chamamos Empreendimentos. Uma sociedade/comunidade com "Identidade",
com "Paridade" (aspecto tão importante na relação educativa nos pioneiros) garante ao
pioneiro o lugar a salvo, o porto de abrigo que deve ser, também, o conjunto dos seus
amigos, das pessoas que o estimam e por quem ele sente estima. Faz sentido, assim,
ter um Abrigo como local, a sede, onde os pioneiros têm instalado o seu património. O
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abrigo é um termo associado à ideia de ter sido construído para proteger. Porto de abrigo
é, também, espaço de protecção e de serenidade.
O conjunto de marinheiros que aceita viver sob uma identidade própria, relações formais
de co-responsabilidade e objectivos comuns é uma Equipagem – termo sinónimo da
tripulação de uma embarcação. A palavra Frota – expressão de natureza náutica, en-
tendida como o conjunto de navios dispostos a navegar juntos – designa a Unidade dos
marinheiros e das suas Equipagens.
Boas práticas:
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“O nosso azul”
É um poema que foi escrito e utilizado como hino do Campo dos Pioneiros no XVIII Acampamento
Nacional do CNE, no Palheirão, em 1992, e simboliza bem o que pode ser uma forma interessante de
fazer chegar a simbologia aos pioneiros e trabalhar de forma criativa, com a música, por exemplo, esta
temática:
O NOSSO AZUL
(Hino dos Pioneiros no XVIII ACANAC)
Bibliografia:
Mística e Simbologia do CNE, Edições CNE.
Cartões com Enquadramento Simbólico, Edições CNE.
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III. Cerimoniais
Abertura e bênção do Fogo de Conselho, Vigília de Oração, Promessa, Investidura de Guias, Investidura
de cargos, Totemização, entrega de insígnias, Passagens de secção etc.
Todos possuem em comum o facto de utilizarem os símbolos das secções e linguagem tipicamente
escutista.
Os cerimoniais, tal como todas as actividades que utilizam o método escutista, possuem
um cunho pedagógico que deve ser reforçado em todas as ocasiões. Para que isto acon-
teça, os cerimoniais devem:
Estar envolvidos por um ambiente escutista, tanto a nível dos conteúdos (Leis,
exemplo de B.-P., patronos, etc.), como a nível da elaboração (cânticos, ima-
gens escutistas, etc.), o que implica desenvolver um ambiente “místico” (com
recurso a sons, imagens, etc.) que contribua para uma maior receptividade da
mensagem. Será indicado, sempre que possível, utilizar o espaço da Natureza
para as realizar (é preciso não esquecer que a Natureza é o espaço privilegiado
para todas as actividades escutistas);
Implicar uma participação activa dos escuteiros (não ficam apenas a ouvir), de
forma a que se sintam integrados na Unidade. Envolver directamente o grupo a
que se destina, recorrendo ao auxílio dos elementos e a alusões sobre as suas
características, induz a que todos se sintam envolvidos e motivados. Este envol-
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vimento deve implicar alguma flexibilidade, para que todos se sintam à vontade
para participar;
Bibliografia:
Cerimoniais do CNE, Edições CNE
Caminho a seguir, Edições CNE.
Maria Amélia Gama
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Com São Paulo como Patrono, o caminheiro aprende a dialogar com todas as pessoas,
no respeito pela diferença e pelo ritmo de cada um, mas afirmando a existência de um só
caminho para a salvação: Cristo Jesus. Sem medo de o afirmar, o caminheiro assume
o seu lugar activo na sociedade, procurando dar um contributo para que o Homem se
realize plenamente, de acordo com o projecto de Deus. A vida em Cristo, o Homem Novo,
é a meta para a qual caminha, até que possa dizer um dia, como São Paulo, «já não sou
eu que vivo; é Cristo que vive em mim» (Gal. 2,20).
Os caminheiros podem ainda ser chamados a seguir o exemplo de algumas figuras bíbli-
cas e santos que serão também, para eles, modelos de vida. Ex.: Abraão, Moisés, São
João Baptista, São João de Deus, Beata Teresa de Calcutá, Santa Teresa Benedita da
Cruz, Beato João Paulo II, Santo Inácio de Loyola,... A estas figuras da Igreja, juntam-se
ainda grandes personalidades da História, como Aristides Sousa Mendes, Aung San Suu
120
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Kyi, Wangari Maathai, Mahatma Ghandi, Martin Luther King e Nelson Mandela, entre
outros: são exemplo de grandes Caminheiros, que deixaram caminho a seguir pela vida
que viveram ou vivem.
É este, a meu ver, um passo decisivo para o nosso objectivo, que é promo-
ver, na terra, entre os homens, o estabelecimento do Reino de Deus, de Paz
e de Boa Vontade.»
B.-P. – A Caminho do Triunfo
Os caminheiros são ainda convidados a olhar para algumas passagens bíblicas de forma
especial, apesar de terem sempre o todo da Palavra de Deus como alimento de vida.
Uma é a passagem do Evangelho de São Lucas sobre o Caminho de Emaús (Lc. 24, 13-
35), uma das que melhor descreve o Caminheirismo, percurso de revelação, descoberta,
decisão e alegria, onde se propõe aos caminheiros que experimentem o verdadeiro sen-
tido de fazer caminho: descobrirem permanentemente o que os rodeia e, principalmente,
quem os rodeia. A exemplo de São Paulo, o desafio é Caminhar sem nunca desistir ou
parar, tentando perceber os sinais que, permanentemente, encontram no caminho.
Ser Bem-aventurado significa ser Feliz. Podemos afirmar sem receio que, as Bem-
-Aventuranças ensinam-nos um revolucionário caminho para a felicidade a que aspira todo
o ser humano. Não a felicidade como o mundo a vê e propõe – material e efémera –, mas
a verdadeira felicidade.
Nesta mensagem, Jesus ensina a maneira de vivermos para que o mundo seja um lugar
muito melhor para todos. E dá os critérios para podermos avaliar o que realmente tem
valor na vida.
Pobres em espírito são aqueles que, mesmo possuindo bens materiais, conseguem não
ter o coração preso a eles. Não quer dizer que a pobreza seja um bem ou que se tenha
que passar por ela para se poder ser feliz. O que Jesus anuncia é que somente aqueles
que por livre escolha não ficam presos ao material e se colocam à disposição dos outros,
alcançarão o Reino do Céus. Assim, quem é materialmente rico, atingiu uma posição
social de prestígio e se torna altivo, humilhando os menos afortunados e pensando ape-
nas em si, não caminha para a felicidade. Mas se põe as suas próprias capacidades e
dons ao serviço dos outros, se dá a sua disponibilidade a quem precisa de ajuda, então
é pobre em espírito.
Esta mensagem não é de resignação, mas de esperança: ninguém mais estará em situ-
ação de necessitado quando todos se tornarem pobres em espírito, colocando os dons
que receberam de Deus ao serviço dos irmãos.
Segundo o profeta Isaías, os que choram são aqueles que não têm uma casa onde habi-
tar, que não têm campos para cultivar, que experimentam uma dor profunda perante uma
sociedade dominada ainda pela injustiça e que estão insatisfeitos e esperam de Deus a
salvação. No entanto, quem acredita, não tem motivo para dor e lágrimas e será conso-
lado, pois a felicidade não está no que se possui, está no modo como se vive a vida.
são, assim, os que são pacientes, tolerantes e servos de todos; aqueles que confiam em
Deus e esperam a vinda do Seu reino; aqueles que, diante das injustiças, assumem as
suas convicções e não respondem do mesmo modo que são tratados.
Misericordiosos são aqueles que fazem obras de misericórdia. Os que não olham para
si, pondo-se ao serviço dos outros, os que se empenham para que as pessoas necessi-
tadas encontrem aquilo de que precisam. Por assim procederem, encontrarão a miseri-
córdia dos outros e de Deus.
Não tem coração puro aquele que serve dois senhores, que se guia pelo bem e pelo mal
conforme precisa, o que tem uma conduta que não está de acordo com a fé que professa.
Os puros de coração são aqueles que têm um comportamento ético conforme a vontade
de Deus, aqueles que têm um coração indiviso, os que não amam simultaneamente
Deus e os ídolos, mas que souberam escolher qual o verdadeiro caminho que leva à fe-
licidade. Os puros de coração são Bem-Aventurados porque é a eles, e somente a eles,
que é dado fazer uma profunda experiência de Deus.
Paz não significa somente ausência de guerras. Indica bem-estar, prosperidade, justiça,
saúde, alegria, harmonia com Deus, com os outros e consigo mesmo.
Bem-Aventurado é, sem dúvida, aquele que, sem recorrer à violência ou uso de armas,
se empenha com todas as forças para pôr fim às guerras e aos conflitos através do diá-
logo, da concórdia e da paz.
Os operadores da paz não são os que se resignam. São os que recusam o uso da violên-
cia para restabelecer a justiça, não se deixando levar pela ira e por sentimentos de ódio
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e de vingança. São aqueles que se empenham para que esta vida plena seja possível
para cada homem. A eles está reservada a mais linda das promessas: Deus considera-
-os seus filhos.
Jesus não glorifica a perseguição, nem considera os que sofrem mais importantes que
os outros. Declara que os que são perseguidos não são abandonados por Deus, mes-
mo que sejam abandonados pelo Homem. Assim, os que sofrem são felizes porque o
fazem pela sua fidelidade ao Senhor e a perseguição torna-se motivo de alegria porque
demonstra que foi feita a escolha certa, aquela que está de acordo com a sabedoria de
Deus. De facto, a única força capaz de romper a espiral de violência é a do amor e do
perdão.
Bibliografia:
SANTOS, Albertine et al., Onde moras? Uma história de encontro – Guia para a iniciação das crianças à fé cristã. Prior Velho:
Paulinas, 2006.
DUMAIS, Marcel, Sermão da Montanha. Lisboa: Difusora Bíblica, 1999.
As dimensões
Este itinerário tem assim quatro vertentes: é individual, mas também comunitário, está vi-
rado para o serviço aos outros e para o desafio do desconhecido. Essas quatro vertentes
estão presentes nas quatro dimensões em que o caminheiro vai crescendo:
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A Tribo é o espaço privilegiado para esta relação, já que é nela que se vive o
início da comunhão que se potencia depois na vivência em Clã.
Ser caminheiro é ser com (participar na Caminhada com os outros)… É ser Dis-
cípulo: no Caminho de Emaús, Cristo foi reconhecido pela fracção do pão…
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Ser caminheiro é ser para (tornar-se apto para a Missão)… É ser Testemunho:
no Caminho de Emaús, Cristo serviu os seus discípulos ao explicar-lhes as Es-
crituras…
Os símbolos
Estas quatro dimensões que o caminheiro vive na sua passagem pelo Clã, com vista a
preparar-se para a sua vida adulta, são coloridas por um certo número de sinais com
uma elevada carga simbólica: Vara bifurcada, Mochila, Pão, Evangelho, Tenda e Fogo.
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A linguagem simbólica
Clã foi desde sempre o nome atribuído por Baden-Powell à secção dos caminheiros; por
achar que estes deveriam ter laços fortes entre si, semelhantes aos laços familiares dos
clãs escoceses. Daí também considerar o Caminheirismo uma Fraternidade.
Na génese da sua definição, Tribo é o mesmo que 'Família' ou 'Clã'. No entanto, olhando
para a história da Igreja, encontramos as 12 Tribos de Israel que provinham do Clã de
Jacob. A maioria destas tribos eram nómadas, caminhantes sem morada permanente. É
esta a forma de estar que se espera das Tribos de caminheiros: que sejam despojadas
e estejam sempre prontas a partir para uma Caminhada, projecto planeado, organizado
e executado em conjunto.
À frente de cada Tribo está um Guia, ajudado pelo seu Subguia. Pretende-se que este ca-
minheiro lidere e seja Guia para os outros, não um chefe autoritário. Que seja um exemplo
a seguir, não só para a sua Tribo, mas em todos os contextos em que se insere.
A Companha é liderada por um Arrais. O arrais de um barco deve ser um guia, pessoa
que reúne consensos e cujo principal objectivo é levar a sua embarcação e os seus a
bom porto.
Tal como o Clã, a Comunidade abriga-se num Albergue, pois o seu lugar é a navegar,
apenas precisam de um local onde reabastecer, restaurar forçar e de onde partem para
outros destinos, destinos maiores.
Bibliografia:
SANTOS, Albertine et al., Onde moras? Uma história de encontro – Guia para a iniciação das crianças à fé cristã. Prior Velho:
Paulinas, 2006.
DUMAIS, Marcel, Sermão da Montanha. Lisboa: Difusora Bíblica, 1999.
II. Cerimoniais
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Apesar de o CNE ter proposto cerimoniais para vários momentos, é importante que não
se caia na monotonia. De início, as estratégias podem ser as mesmas, na medida em
que, assim, permitem a construção de uma tradição que reforça a unidade do Clã. Con-
tudo, se nunca se inovar, as cerimónias podem vir a tornar-se obsoletas e desmotivantes.
Assim sendo, importa, de vez em quando, rever as estratégias utilizadas (renovando
dinâmicas, símbolos, valores mencionados, etc.), para que se possa modificar dar nova
vida às cerimónias.
Partida
Note-se que a Partida não é para os que atingem os 22 anos, para os que querem sair
do CNE ou para os que vão ser Dirigentes… A Partida é um envio, é o reconhecimento
das vivências do caminheiro, por parte do Clã.
Assim sendo, não parte o que quer ir embora, mas sim o que é enviado. O caminheiro
que parte é aquele em que o Clã deposita a sua confiança, aquele que, ao longo da sua
caminhada na secção, provou viver plenamente os valores escutistas. Assim, é aquele
que é exemplo de vida no Homem Novo e que o Clã envia para o mundo por ser boa
semente.
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Senhor:
Ajuda-me a ser:
Bastante Homem, para saber Temer
Bastante Corajoso, para saber Vencer
Bastante Sincero, para a Deus Conhecer
Bastante Humilde, para a Deus Crer
Bastante Rico, para sempre Dar
Bastante Bom, para sempre Pedir
Bastante Enérgico, para sempre Exigir
Bastante Generoso, para sempre Perdoar
Bastante Forte, para sempre Ajudar
Bastante Recto, para sempre Guiar
Bastante Humano, para saber Amar
Bastante Cristão, para saber Viver e saber Morrer.
AMEN
Bibliografia:
Cerimoniais do CNE, Edições do CNE.
Sugestão:
Ler também “A Partida”, no capítulo do Sistema de Progresso deste manual.
Mafalda
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João Almeida
a) Um laboratório
Graças ao avanço da ciência e da técnica, é cada vez mais possível optimizar o conforto
de vida a todos os níveis (desde a mobilidade à climatização, passando pela comunica-
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manualdodirigente
ção, etc.), contrariando o ambiente natural, o que nos isola do resto da nossa 'casa', a
Natureza. Por esta razão, a vida ao ar livre permite-nos experimentar sensações diferen-
tes e desafia-nos a criar, com o que temos ao nosso alcance e sem destruir, o conforto
que nos é necessário (protecção da chuva, lume para cozinhar, técnicas de orientação,
etc.) para nos sentirmos parte integrante da Natureza. No fundo, para nos sentirmos em
casa.
Para além disto, o contacto com a Natureza incentiva a consciência crítica dos jovens
em relação à gestão dos recursos naturais que toda a comunidade tem ao seu dispor e
ajuda-os a integrarem-se e a considerarem-se parte dessa mesma comunidade. De fac-
to, ao observarem a forma cuidada ou descuidada como os outros cuidam da Natureza,
a criança, o adolescente e o jovem adquirem hábitos e comportamentos — de aplauso e
de censura em relação aos seus pares e aos mais velhos — que lhes dão uma espécie
de autoridade moral essencial.
Porquê um laboratório?
Porque possibilita o contacto real e físico com o mundo natural e as suas carac-
terísticas, entraves e obstáculos;
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manualdodirigente
O papel do dirigente
b) Um clube
Porquê um clube?
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manualdodirigente
O papel do dirigente
c) Um templo
A Natureza também deve ser, para crianças, adolescentes e jovens, um espaço de con-
templação e de deslumbramento, uma montra privilegiada para vivenciar Deus: de facto,
é o campo mais limpo e claro da Criação. Assim, todos devem ser convidados a descobrir
nela a beleza de toda a obra de Deus, as mais elementares intenções de sã convivência
e o poder do livre arbítrio dado por Deus ao Homem.
Porquê um templo?
Porque permite, através dos sentidos, da observação, pela razão e pela lógica,
a ligação a Deus;
Papel do dirigente
Neste domínio, seria importante que o dirigente entendesse que deve aproveitar o
ambiente natural como um espaço privilegiado para incentivar atitudes de oração,
através da contemplação e da reflexão sobre as maravilhas da Criação, auxilian-
do os seus elementos a compreender o tesouro que nos foi dado por Deus. Para
além disso, cumpre-lhe ainda incentivar, sempre que possível a partilha fraterna
dos dons de Deus em nós.
Bibliografia:
OPIE, Frank, Escuteiro Global: Um Escutismo para a Natureza e Ambiente. Tradução portuguesa e adaptação Ana Luísa Ramos e
Paula Almeida. Edições CNE, 2004.
WOSM/WWF, Ajuda a Salvar o Mundo. Edições CNE, 1990.
136
manualdodirigente
A Alcateia vive, à partida, no meio da Natureza, tão simplesmente porque todo o seu ima-
ginário se desenrola aí: somos lobos a viver em comunidade, como na Selva de Seiouni
Máugli também viveu. Assim sendo, cativar o lobito para o contacto com a Natureza é
uma tarefa particularmente fácil: basta relatar as aventuras que Máugli viveu na Selva
e o que aprendeu no contacto com os outros animais. Para além disto, qualquer lobito
saudável gosta de estar ao ar livre, a correr, a esconder-se, a saltar poças, etc., embora
não se baste a si próprio. Tendo isto em conta, é fundamental que o dirigente promova
a vida ao ar livre em todas as actividades, usando-a como ferramenta para desenvolver
cada lobito em diversas vertentes.
De acordo com isto, o contacto com a Natureza é uma ferramenta única para o correcto
desenvolvimento sensorial do lobito, uma vez que favorece a interacção com as coi-
sas reais (feitas de matéria concreta). Esta interacção não é em nada substituível pelas
imagens dos videojogos, mesmo quando simulam movimentos reais. De facto, apenas
o contacto com a realidade das coisas provoca sensações e estímulos que permitem
desenvolver realmente o lobito: através de um videojogo, uma criança pode desenvolver
toda a destreza ao nível dos 10 dedos da mão, mas nunca ao nível das pernas como se-
ria se de facto tivesse que saltar na realidade (que lhe permite ainda sentir coisas como
a respiração acelerada, o bater do coração, o vento na cara ao correr, etc.).
Para além disto, é neste contacto real com a Natureza que o lobito vai tomando consci-
ência das suas características, apercebendo-se da sua fragilidade e da necessidade de
a proteger de comportamento pouco ecológicos. De facto, o contacto com a Natureza
só será pedagogicamente vantajoso se conseguirmos tomar consciência da forma como
interferimos com o ambiente. Neste sentido, se soubermos a razão por que plantas e ani-
mais vivem em determinados locais e quais as suas características e hábitos poderemos
ajudar a proteger a vida selvagem. Da mesma forma, se soubermos o que sucede a des-
perdícios como resíduos domésticos ou químicos industriais, podemos tomar medidas
que ajudem a tornar a Terra mais limpa.
Tendo em conta a curiosidade e energia tão próprias dos lobitos, compete ao dirigente
ajudar os lobitos a desenvolverem-se através do ar livre, programando actividades que
os estimulem a desvendar os segredos da Natureza, a descobrir a riqueza da interacção
com ela e a adquirir consciência da sua responsabilidade ecológica. Assim, deve criar
actividades de descoberta que proporcionem aos lobitos conhecimentos úteis e diver-
tidos sobre as plantas e os animais da sua região, por exemplo, e incentivar os seus
elementos a assumir comportamentos saudáveis e de defesa da Natureza. Duas coisas
não deve esquecer:
conhecer é muito importante, dado que só se pode amar e proteger aquilo que
realmente se conhece;
138
manualdodirigente
- Fazer a separação de lixos em Alcateia e incentivar o mesmo em casa de cada lobito (pode-se fazer
um concurso sobre isto, por exemplo);
- Reaproveitar objectos, reciclando-os (por exemplo, aproveitar materiais usados para prendas, cons-
trução de um pórtico num acampamento ou decoração do Covil);
- Visitar centros de conservação da Natureza (neste âmbito, e porque vivemos em Alcateia, é de espe-
cial interesse saber como vive e podemos proteger o lobo ibérico);
- Investigar a vida de alguns animais e plantas da sua região;
- Realizar actividades de desenvolvimentos dos sentidos (por exemplo, distinguir diferentes cheiros
de plantas, reconhecer árvores pelo toque, identificar alimentos variados pelo paladar, aprender a
reconhecer o piar de várias aves, construir um herbário fotográfico, etc.);
- Fazer uma reportagem fotográfica sobre comportamentos muito ou pouco ecológicos da comunida-
de em que o Agrupamento está inserido.
Ao contactar com o meio natural, ao "brincar na Selva", pomos o lobito em contacto com
uma parte de si próprio que não atinge através de palavras ou conceitos. De facto, quan-
do falamos da Selva ao lobito, quando imaginariamente o colocamos lá e ele aprende a
viver nela, conseguimos uni-lo ao seu "eu", ao seu subconsciente, tão importante como o
seu próprio ser, tão precioso como a própria Vida. E é neste subconsciente que, através
do contacto com a Natureza, o lobito vai começando a compreender algumas das suas
características e aprende instintivamente como se organiza o mundo e como devemos
viver em sociedade. A este nível, coisas tão simples como observar um formigueiro ou
cuidar de uma planta permitem que o lobito compreenda que tudo na Natureza obedece
a uma certa ordem e a regras que, quando não respeitadas, arrastam consigo a destrui-
ção.
E, se isto acontece com os animais, também acontece com os homens. Por essa razão,
a vida ao ar livre permite que o lobito aprenda também a estar com os outros e se ha-
bitue a relacionar-se positivamente com os seus pares, contando com eles para vencer
desafios e dificuldades. É o começo da vivência em grupo, que tem muita importância a
este nível: no ambiente de ar livre, a interacção com os pares promove a vontade de en-
contrar e conhecer coisas novas da realidade e potencia as descobertas. Assim sendo,
a Natureza é um local cheio de novidades e surpresas que em muito favorece a vivência
em grupo.
Neste sentido, quando jogamos a "estar na Selva" com os lobitos, quando lhes contamos
uma história dela, quando lhes descrevemos a Selva com todas as suas maravilhas e
com todos os seus perigos, quando despertamos a sua imaginação a propósito de todos
os seus recursos inacessíveis ou quando os levamos a investigar como é a vida natural,
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saibamos que, ainda que não o compreendam, eles se sentem ligados tanto a uma di-
mensão pessoal, a eles próprios, como a uma dimensão universal, a um valor comum.
Já não estamos a brincar: tocamos algo que tem valor de realidade, ensinamo-los a
conhecerem-se e a conhecer os outros.
A este nível, o dirigente deve promover actividades que ajudem os lobitos a compreender
que também são responsáveis, a nível individual, pela conservação da Natureza e que o
trabalho conjunto com os outros lobitos permite conhecer novas realidades e ultrapassar
dificuldades, embora exija regras para ser proveitoso. Assim, deve criar actividades ao ar
livre que levem os lobitos a descobrir como se organiza a Natureza, o que cada um pode
fazer para a proteger e como se trabalha em grupo (mais especificamente, em Bando).
- Investigar como se organizam os animais, verificando como é a sua vida em comunidade (lobos, formigas,
abelhas, elefantes, baleias, etc.);
- Plantar uma árvore e cuidar dela em Bando;
- Procurar, em Bando, soluções para resolver problemas ecológicos simples da sua comunidade (por exem-
plo, elaborar cartazes de sensibilização ecológica, investigar onde é que deveriam existir caixotes do
lixo e informar as autoridades competentes, etc.);
- Estimular boas práticas ambientais que demonstram respeito pela comunidade: não deitar papéis para
o chão, separar os lixos, arrumar as suas coisas adequadamente, etc.;
- Proteger pequenas árvores existentes no local de acampamento, para que não sejam destruídas
(colocando, por exemplo, uma cerca de paus ou pedras à sua volta para formar um pequeno canteiro).
Para uma criança, é bem mais fácil compreender a sociedade através de uma história.
No caso dos lobitos, e como já vimos, a Selva - o ar livre - é o símbolo de aventura e de
mistério, o lugar onde existem animais selvagens, tesouros imensos, raças desconhe-
cidas, lugares onde viveram os primeiros homens e onde ele gostaria de viver. Assim,
quando levamos a criança a brincar na Natureza, a descobri-la, a conhecê-la, a respeitá-
la, levamo-la a descobrir-se a si próprio, aos outros e também a Deus.
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De facto, a vida ao ar livre constitui uma ocasião privilegiada para se implementar a Ani-
mação da Fé, na medida em que permite um contacto muito próximo com inúmeras ma-
ravilhas de Deus que os lobitos, donos de sensibilidade estética, conseguem perceber,
respeitar e admirar. Neste sentido, é possível ajudar os lobitos a sentir que a Natureza,
com toda a sua beleza, é um presente de Deus para os homens e que, sem ela, não seria
possível viver neste planeta. Por essa razão, devemos não apenas agradecer ao Criador
pela sua existência, mas também respeitá-la, amá-la e protegê-la.
Neste âmbito, é importante também a figura de São Francisco de Assis, padroeiro dos
lobitos e, porventura, o primeiro e um dos maiores ambientalistas da história da Humani-
dade. De facto, uma das características mais próprias de São Francisco é precisamente
o seu amor pela Natureza e há várias histórias – como a do Lobo de Gúbio – que o
atestam. De igual forma, os Pastorinhos de Fátima também podem ser evocados, so-
bretudo o pequeno Francisco, considerado muito sensível à Natureza e apaixonado por
animais.
Perante tudo isto, o dirigente deve aproveitar todos os momentos vividos ao ar livre para,
sempre que se propiciar, chamar a atenção para a beleza da Criação, presente de Deus.
Note-se que, para o fazer, deve ele próprio ser sensível ao que vai encontrando em cada
momento: uma pedra brilhante, um ninho com ovos, o som de um riacho, etc.. Tudo deve
servir para ajudar o lobito a contemplar e respeitar a Natureza, a reconhecer Deus naqui-
lo que o rodeia e a agradecer-Lhe pelo que criou.
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- Contar passagens da vida de São Francisco de Assis e dos Pastorinhos de Fátima onde há contacto
e cuidado com a Natureza;
- Incentivar uma oração espontânea sobre a Natureza;
- Explorar o Cântico das Criaturas (ou Cântico do Irmão Sol, atribuído a São Francisco de Assis) atra-
vés de um jogral, uma canção ou um cartaz construído pelos lobitos;
- Elaborar jogos de contemplação da Natureza (procurar sinais de Deus na Natureza – coisas bonitas
que vão encontrando, por exemplo; ao amanhecer tentar perceber o que estarão a dizer os pássaros
uns para os outros ao acordar; observar as estrelas, uma noite; etc.).
Bibliografia:
OPIE, Frank, Escuteiro Global: Um Escutismo para a Natureza e Ambiente. Tradução portuguesa e adaptação Ana Luísa Ramos e
Paula Almeida, Edições CNE.
Ajuda a salvar o Mundo, Edições CNE.
FITZSIMONS, Cecilia, 50 Actividades para Miúdos, Editorial Caminho.
FRUTOS, José et. al., Sendas Ecológicas: para a descoberta do ambiente, Edições Salesianas.
LONG, William J., Northern Trails, Boston: Ginn & Company, 1905, in http://ia331303.us.archive.org/0/items/northerntrailsso00longia-
la/northerntrailsso00longiala.pdf (em inglês)
VÁRIOS, Os Bem-Aventurados Francisco e Jacinta. Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 2002.
VELOSO, Tiago M. P., Francisco de Assis, Homem da Natureza. Braga: Universidade Católica Portuguesa, 2009.
In http://www.passionista.org/livros/ecologia.pdf
GONÇALVES, Joaquim C., 'S. Francisco de Assis e a ecologia.' In Dois mil anos: vidas e percursos. Lisboa, Edições Didaskalia,
2001: 159-180.
http://www.servitasdefatima.org/Pages/Pastorinhos.aspx
http://www.criancaenatureza.pt/scid/webnature/default.asp
142
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Estas actividades devem estar previstas na Aventura e serão, em muitos casos, a sua
grande actividade. De facto, é na Natureza que os exploradores melhor desenvolvem
as relações entre todos os elementos da Patrulha, já que é em campo que esta é cons-
tantemente colocada perante novos desafios. Para que estas actividades se possam
realizar com sucesso, os exploradores, em Patrulha, deverão ter conhecimentos das téc-
nicas que os ajudarão a desenvencilharem-se em campo. Neste sentido, técnicas como
pioneirismo, campismo, orientação, cozinha, socorrismo, etc. devem ser praticadas de
forma a que, quando chegar a grande actividade, esta seja uma festa e não um contínuo
desenrolar de queixumes e lamentações.
Para que as actividades decorram da melhor forma e ajudem a Patrulha a criar e desenvolver laços for-
tes de união, há algumas boas práticas que podemos desenvolver:
2. Existência de prémios
Criar um clima de competição sadia é uma forma de levar as Patrulhas a um maior empenho na vida em
campo. Neste âmbito, podem ser criados prémios como, por exemplo, “o melhor campo” ou “a melhor co-
zinha”.
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B.-P. diz-nos que “a Patrulha é sempre a unidade em Escutismo, quer para o trabalho quer para os jogos,
para a disciplina ou para o dever” (Auxiliar do Chefe Escuta). Neste sentido, os acampamentos devem
ser organizados por Patrulha, devendo cada uma ter o seu campo, com as suas tendas, a sua cozinha.
Para além disto, todas as actividades em campo deverão ser efectuadas também por Patrulha: jogar,
cozinhar, tomar as refeições ou lavar a louça devem ser momentos em que a Patrulha, estando junta,
se torna mais unida e mais eficiente.
Nesta área, a Equipa de Animação terá de ter uma particular atenção na preparação e
enriquecimento da Aventura. No entanto há oportunidades que não se preparam e, por
isso, os dirigentes devem estar atentos a pormenores que possam passar despercebi-
dos: a flor que nasceu no meio das pedras ou aquele pinheiro que teimou em crescer em
cima de uma rocha, um céu estrelado ou um pôr-do-sol na praia, o regato que canta por
entre as pedras ou o Sol que desponta no alto da montanha, o céu estrelado ou o Sol
depois de uma chuvada, o pássaro que canta empoleirado numa árvore ou o esquilo que
salta de ramo em ramo. Eis momentos que temos de saber aproveitar para aproximar o
explorador do Criador.
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A oração não pode ser encarada como uma rotina ou obrigação. Assim, uma oração da noite enquanto se
observa um céu estrelado ou uma oração da manhã no cimo de um monte, ao romper da aurora, são exem-
plos de como a Natureza pode ajudar a tornar diferentes estes momentos.
Bibliografia:
BADEN-POWELL, Robert, Escutismo para Rapazes, Edições CNE.
OPIE, Frank, Escuteiro Global: Um Escutismo para a Natureza e Ambiente. Edições CNE, 2004.
WOSM/WWF, Ajuda a Salvar o Mundo. Edições CNE, 1990.
Gonçalo Vieira
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A Comunidade dos pioneiros deve ter a preocupação de procurar ter no seu seio pessoas
sensíveis à preservação do Planeta Terra e de todos os seus ecossistemas, especial-
mente dos que lhe são mais próximos e onde a sua acção possa ser mais bem aprovei-
tada. De facto, pessoas sensíveis têm comportamentos diários de responsabilidade e
coerência capazes de fazer a diferença e de inovar – como é timbre de todo o pioneiro.
Não é difícil para um pioneiro perceber que o ambiente natural tem um manancial enor-
me de oportunidades através das quais ele pode crescer e saber mais sobre a razão
de ser das coisas e do impacto das nossas acções. É fundamental, por isso, que todos
os Empreendimentos da Comunidade, sejam capazes de acrescentar alguma coisa ao
conhecimento da história natural e das ciências da Terra e da Vida – directa ou indirec-
tamente. A observação e análise crítica da vida natural, a preservação de espécies e
de ecossistemas, o estar em contacto com a Natureza em estado puro é, então, muito
importante.
Boas práticas:
- O Abrigo eco-responsável
A primeira casa (os gregos chamavam-lhe oikos, que deu origem a eco, como em ecologia) da Comunidade
dos pioneiros é o Abrigo. Fará, por isso, sentido que seja nele que se tomem as primeiras medidas de
preservação do planeta. E haverá, certamente, muito a fazer: um uso responsável da energia, com a
utilização de lâmpadas de baixo consumo, ou a possibilidade de recurso exclusivo a energias renováveis, a
separação de lixos, o reaproveitamento de objectos e materiais como o papel (reciclagem) são apenas
alguns exemplos.
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- Vários documentos:
- O Papalagui
Tuiavii, chefe da tribo Tiavéa, nos Mares do Sul, depois de ter visitado a Europa, explica aos seus con-
terrâneos os hábitos, usos e costumes do homem ocidental, a quem chama ‘Papalagui’ (branco, estran-
geiro). O choque entre as duas culturas, nomeadamente no que toca à relação com a Natureza, é grande
e Tuiavii descreve-o. O livro faz parte do Plano Nacional de Leitura para o terceiro ciclo do ensino
básico.
- Carta de Aalborg
Este documento, assinado em 1994, em Aalborg, na Dinamarca, pelos representantes das cidades euro-
peias, está relacionado com a sustentabilidade do planeta e é essencial para compreender a necessidade
de promover comportamentos, a nível local, para a preservação do planeta. A Carta de Aalborg é a base
para a Agenda 21 local, no seguimento do projecto de Agenda 21 das Nações Unidas.
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Bibliografia:
OPIE, Frank, Escuteiro Global: Um Escutismo para a Natureza e Ambiente. Tradução portuguesa e adaptação Ana Luísa Ramos e
Paula Almeida, Edições CNE.
Ajuda a salvar o Mundo, Edições CNE.
FITZSIMONS, Cecilia, 50 Actividades para Miúdos, Editorial Caminho.
FRUTOS, José et. al., Sendas Ecológicas: para a descoberta do ambiente, Edições Salesianas.
Boas práticas:
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- Vários documentos:
Bibliografia:
OPIE, Frank, Escuteiro Global: Um Escutismo para a Natureza e Ambiente. Tradução portuguesa e adaptação Ana Luísa Ramos e
Paula Almeida, Edições CNE.
BADEN-POWELL, Robert, Mil e uma actividades para escuteiros, Edições CNE.
BADEN-POWELL, Robert, Escutismo para Rapazes, Edições CNE.
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Boas práticas:
- Oração de contemplação
As maravilhas e a beleza (ou não) do que a Natureza oferece são uma oportunidade educativa – que
não se ensaia e que depende muito da sensibilidade do próprio dirigente -que se pode aproveitar para
incentivar os pioneiros a agradecer a Deus. Seja a beleza das flores, dos verdes, do perfume no ar, do
sol (no fundo aquilo que torna especial o lugar de acolhimento, por mais singelo que seja), tudo pode ser
utilizado. Quando, num raide, os pioneiros chegaram ao cume de uma montanha, podemos incentivá-los a
contemplar e agradecer. Não se diz com isto que o dirigente deve acompanhar os pioneiros em todos os
momentos de um raide. Contudo, no material que produz – mensagens, caderno de caça, etc. – é conve-
niente deixar sempre um convite à contemplação e louvor a Deus.
- Os ciclos e Deus
Em Portugal, o Sol nasce e põe-se todos os dias. A Lua tem ciclos mensais de que muitas vezes não
damos conta, mas nos acompanham, influenciando-nos e influenciando a Natureza. Procurar admirar
estes fenómenos, em contexto de actividade escutista, e aproveitá-los para criar momentos de es-
piritualidade no meio do quotidiano ou para fazer uma oração da manhã ou da noite, por exemplo, pode
ser interessante e uma boa oportunidade pedagógica de crescimento.
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Bibliografia:
OPIE, Frank, Escuteiro Global: Um Escutismo para a Natureza e Ambiente. Tradução portuguesa e adaptação Ana Luísa Ramos e
Paula Almeida, Edições CNE.
A Pedagogia da Fé no Escutismo, Edições CNE.
Gonçalo Vieira
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A vida ao ar livre é uma das vertentes que mais identifica o escutismo e a vivência na IV
secção não escapa a esta característica. Aliás, B.-P. disse-nos que os caminheiros eram
a fraternidade do Ar Livre e do Serviço. De facto, para o fundador, o contacto com a Na-
tureza tinha que fazer parte da formação de jovens saudáveis e felizes. E, na verdade,
todos os caminheiros que experimentam este contacto, desenvolvendo as suas activi-
dades na Natureza, sabem o quanto é especial esta vivência: ela fá-los sentir pequenos
perante a obra de Deus, mas gigantes por fazerem parte desta maravilha em que nada
foi deixado ao acaso.
Neste âmbito, não é apenas fundamental que todos, sem excepção, estejam alerta para
esta realidade: é igualmente importante que se disponham a fazer a sua parte para
deixar o mundo um pouco melhor do que o encontraram.Assim, não se espera que os
caminheiros tenham apenas uma atitude de respeito para com a Obra da Criação. Ob-
servando a Lei – nomeadamente o artigo “O Escuta protege as plantas e os animais” –,
espera-se que manifestem a atitude proactiva de tentar perceber os ecossistemas, de
procurar saber o que fazer, de ajudar a educar as gerações mais novas e de demonstrar
comportamentos adequados, de modo a diminuir a pegada ecológica de cada um.
Note-se que a Equipa de Animação deve ter consciência de que é exemplo, pelo que é
a ela que compete, em primeiro lugar, demonstrar comportamentos equilibrados (como
implementar medidas de redução de energia, de vigilância a nível do impacto ambiental,
etc.). De facto, não basta mostrar e promover o que se deve fazer: é preciso viver isso
com os caminheiros.
Não se é caminheiro apenas quando se está em actividade, por isso pode-se fazer muita coisa, todos
os dias, para melhorar a vida do planeta e para adquirir consciência de que é preciso contribuir para isso.
Assim, a nível individual, pode-se:
- Preferir transportes públicos e combinar boleias, sempre que possível, em vez de cada um levar o seu
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carro vazio;
- Minimizar o uso de sacos de plástico;
- Reduzir o consumo de água;
- Utilizar lâmpadas económicas;
- Desligar aparelhos eléctricos e lâmpadas quando possível;
- Reciclar, reduzir e reutilizar;
-.. …
E na vida em Clã?
Perante isto, e com o cansaço acumulado, é fácil surgirem discussões. Contudo, é mais
comum todos estes obstáculos abrirem a mente e ajudarem o grupo a sentir-se mais uni-
do e coeso, dado que o esforço em conjunto ajuda a perceber que, se todos trabalharem
para o mesmo, é mais fácil alcançar os objectivos propostos. Esta é a razão pela qual o
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jogo escutista, vivido ao ar livre,é uma escola de vida. De facto, é óptimo para a coesão
das Tribos e para a vida do Clã e este benefício é reconhecido até por quem não é escu-
teiro: não é à toa que as grandes empresas recorrem a práticas “outdoor” para reforçar a
coesão entre as equipas dos seus colaboradores.
Note-se que não são só os objectivos a atingir ou as dificuldades que unem as pessoas:
acima de tudo, é o próprio contexto – a Natureza – que incentiva a coesão. De facto,
quando só se leva o essencial na mochila, é necessário contar com os outros e unir
esforços para arranjar estratégias, poder seguir caminho e atingir os objectivos de cada
um e da Tribo. Assim sendo, todas as situações que surgem fomentam a criatividade e
a união do grupo.
Neste âmbito, a Equipa de Animação deve orientar o Clã nas actividades ao ar livre, so-
bretudo para que nestas se promova a coesão e haja segurança. É também importante
que os Dirigentes vivam estas actividades: o ar livre não é só uma coisa para caminhei-
ros, deve ser partilhado com os seus irmãos mais velhos. No entanto, este acompa-
nhamento deve salvaguardar sempre o espaço da Tribo e do Clã, pois os caminheiros
também precisam de estar sozinhos com os seus pares.
- As Tribos podem preparar momentos diferentes das actividades, para poderem surpreender os ou-
tros caminheiros.
- Deve existir a preocupação de conhecer os locais onde as actividades vão decorrer, para que se possa
prever o melhor possível o que vai acontecer e proceder às adaptações necessárias.
- A Equipa de Animação deve ser capaz de proporcionar, no jogo escutista e em contacto com a Natu-
reza, momentos capazes de contribuir para a coesão das Tribos e do Clã.
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Uma das coisas mais importantes que a vida ao ar livre proporciona é o encontro com
o nosso ser mais íntimo e a proximidade com toda a obra de Deus, que acaba por nos
deixar mais próximos Dele. Assim, e embora a vida ao ar livre seja a marca do escutismo,
ela é, acima de tudo, um meio privilegiado de estar com Deus, cuja presença se encon-
tra em cada flor, na água corrente, numa borboleta, num prado, nas montanhas, etc.
Um momento propício para este encontro é a noite: quando se está na Natureza, ela
acaba por ter um impacto diferente e pode ser aproveitada de modo a proporcionar mo-
mentos de convívio, reflexão, de avaliação e até de relaxamento. De facto, quem nunca
sentiu especial ao olhar o céu estrelado? Quem não fez as sua reflexões mais profundas
em redor de uma fogueira? Quem nunca se sentiu mais acompanhado do que nunca,
mesmo quando estava sozinho numa caminhada nocturna?
- Iniciar a actividade durante a noite, com uma pequena caminhada e algumas reflexões que preparem
o dia seguinte.
- Pernoitar num locar e ver como ele parece diferente no outro dia de manhã.
- Procurar que o Fogo de Conselho seja um espaço de conversa, reflexão e avaliação.
- Preparar momentos de oração que explorem a noite e os seus elementos.
- Chamar a atenção dos seus caminheiros para a beleza de cada paisagem, colocando-os em sintonia com
Deus Criador.
Bibliografia:
http://portal.icnb.pt
www.quercus.pt
www.lpn.pt
OPIE, Frank, Escuteiro Global: Um Escutismo para a Natureza e Ambiente. Edições CNE, 2004.
WOSM/WWF, Ajuda a Salvar o Mundo. Edições CNE, 1990.
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A 'Educação pela Acção' é uma das características do Método Escutista. Poderia, até,
dizer-se que – ao contrário da Educação formal que é ministrada nas escolas e apoiada
por outros agentes de Educação – o Escutismo fornece ao escuteiro as ferramentas para
que o jovem possa formar-se, auto-educar-se, no sentido de se tornar um membro activo
e responsável na sua comunidade.
Apesar de o exemplo ser aquilo a que B.-P. chamou “a única forma de educar”, isto não
significa que ele eduque apenas através da explicação teórica de “como é que se deve
fazer” ou do “ver fazer”. Pelo contrário, no Escutismo, para aprender é necessário experi-
mentar, sentir, estar nas situações. Isto porque a aprendizagem é um processo dinâmico
e activo e o exemplo dos dirigentes deve estar impregnado deste dinamismo.
Desde sempre, então, que o Aprender Fazendo reflecte a visão do Escutismo como
método educativo activo para crianças e jovens. Estes possuem, naturalmente, desejo
de aventuras, de desafios e de acção e as actividades escutistas devem conter oportu-
nidades de satisfazer esses anseios, permitindo-lhes descobrir, experimentar e explorar
novos mundos, com vista ao seu próprio desenvolvimento.
Esta 'Educação pela Acção' deve-se fazer em todos os momentos que a experiência
escutista proporciona: reuniões semanais, actividades de campo ou de sede, acampa-
mentos, jogos diversos, encontros de Núcleo, de Região ou nacionais. Para além disto,
acontece não só na hora da acção, mas desde o início, na própria preparação das ac-
tividades, e atendendo ao grau de autonomia de cada um. Neste âmbito, com a correc-
ta aplicação do Aprender Fazendo, a criança ou jovem envolve-se verdadeiramente na
realização das tarefas e projectos, assume responsabilidades e desempenha diferentes
papéis, percebendo assim o sentido das coisas que foi aprendendo. Desta forma não
se centra apenas no desenvolvimento de habilidades mais práticas ou 'manuais', o que
possibilita a descoberta de facetas da sua personalidade que, de outra maneira, poderia
até não vir a descobrir.
Este elemento do método preconiza, assim, a adopção de uma atitude activa da criança
e do jovem relativamente a tudo aquilo que lhe diga respeito ao longo da vida, relacionan-
do-se com a constante descoberta das capacidades próprias em diferentes contextos e a
sua correcta utilização em prol de si mesmo e da sua comunidade.
I. O valor do jogo
Crianças, jovens e adultos gostam de jogar. De facto, o ser humano é um ser lúdico,
que espontaneamente se organiza para jogar a qualquer coisa, desde o mais simples
ao mais elaborado e complexo jogo. Neste âmbito, para concretizar a sua intenção edu-
cativa, o Escutismo apoia-se no jogo social espontâneo, ou seja, no dinamismo natural
das crianças e jovens, que, neste gosto pelo jogo, descobrem espontaneamente a ne-
cessidade de se organizar, de criar e respeitar regras sociais, de colaborar entre si e de
interiorizar os valores do grupo
Ao observar estas características, Baden-Powell compreendeu que o jogo era uma ex-
celente ferramenta pedagógica e adoptou-o como base do trabalho. Deu origem, assim,
ao 'jogo escutista', composto também ele por elementos essenciais:
Acção: implica sempre uma actividade cujas características devem ser pensa-
das e preparadas – é o caso do projecto da secção: Caçada, Aventura, Empre-
endimento, Caminhada;
Regras: para além das regras específicas do jogo, baseia-se sempre no estrito
cumprimento da Lei (que se juntam os Princípios, Máximas dos lobitos e Pro-
messa), interiorizada, aprofundada e enriquecida com novas regras, de activi-
dade em actividade;
Papéis: exige que cada elemento tenha uma tarefa específica que é da sua res-
ponsabilidade (por exemplo, os cargos e funções – guia, cozinheiro, secretário,
etc.).
Todos estes elementos ajudam o dirigente a educar melhor os seus elementos. De facto,
o jogo escutista permite desenvolver, em cada um, por exemplo, a cidadania, a solida-
riedade e a responsabilidade. De facto, através dele cada elemento exercita as capaci-
dades necessárias ao seu desenvolvimento integral (autodisciplina, vida em sociedade,
afectividade, criatividade, valores morais, espírito de equipa, etc.) e é levado a compre-
ender que o bem-estar do grupo depende do cumprimento das tarefas individuais e do
respeito pelas normas, fazendo-o perceber que estamos inseridos numa sociedade em
que todos têm direitos e deveres e que a partilha e a entreajuda são essenciais.
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Atendendo ao efeito que se pretende que as actividades tenham nos jovens é absoluta-
mente fundamental ter em atenção o seguinte:
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Cada grupo tem as suas actividades específicas, que podem variar de secção
para secção ou em termos de tempo, espaço ou grau de autonomia e desenvol-
vimento dos elementos. De facto, um acampamento de lobitos não pode ter os
mesmos tempos de um acampamento de pioneiros. Já um raide de caminheiros,
por exemplo, permite um grau de autonomia maior por parte das tribos do que
um de exploradores. É importante, a este nível, que a Equipa de Animação tenha
consciência das características da secção que lidera e das especificidades do
grupo, para que todas as actividades realizadas sejam adequadas e contribuam,
de facto, para o crescimento de cada elemento.
Entre as actividades típicas de cada secção, encontramos uma grande actividade que,
pela necessidade de planeamento, organização e valor educativo necessita de ser ex-
plorada com mais detalhe. Falamos do Projecto, cuja metodologia é aplicada em todas
se secções.
1. Pedagogia do Projecto
Quando alguém, certo dia, terá perguntado a B.-P. o que deveria fazer com os
rapazes, o velho general terá respondido: “Pergunta-lhes!” (“Ask the boy”). Esta
é, até hoje, uma frase idiomática, um mote, uma inspiração para o dirigente, no
trabalho que lhe compete a nível do “Aprender Fazendo”.
O que é um Projecto?
Um projecto escutista:
3. As Fases do Projecto
2ª Fase: Preparação
Após a escolha, o projecto é depois enriquecido pelo Conselho de Guias. Este enrique-
cimento deve conter o seguinte:
3ª Fase: Realização
Nesta fase é a altura de viver o projecto e deve ser feito tudo o que foi preparado: ac-
ções, acampamentos, jogos, visitas, construções, actividades artísticas (como cantar e
representar).
4ª Fase: Avaliação
Esta é uma fase importantíssima, em que se procura “extrair o sumo” ao que se viveu.
Deve ser feita:
Pelo Conselho de Guias;
Pela Alcateia/Expedição/Comunidade/Clã;
Pelos Bandos/Patrulhas/Equipas/Tribos.
Consiste na análise do que foi realizado, procurando perceber como correram as diver-
sas actividades e o que se atingiu, em termos educativos (o que se adquiriu). Deve ainda
contemplar os seguintes aspectos essenciais:
Deve ser feita em vários momentos – 'a quente' (logo no fim do projecto) e al-
gum tempo mais tarde (para proporcionar uma reflexão mais detalhada e menos
emotiva);
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Deve ser feita de forma criativa, para que todos se sintam motivados em parti-
cipar;
Deve avaliar várias coisas:O que correu bem? Que erros se cometeram? Que
objectivos não se alcançaram? Porquê? Que fazer para que esses aspectos me-
nos positivos sejam ultrapassados na próxima Aventura? Que sugestões para
o futuro (para os projectos seguintes, para os próximos objectivos educativos a
atingir, etc.)?;
Deve reconhecer o progresso feito a nível do alcance de objectivos educativos
e insígnias de especialidade.
Bibliografia:
BADEN-POWELL, Robert, Auxiliar do Chefe-Escuta, Edições CNE.
BADEN-POWELL, Robert, Escutismo para Rapazes, Edições CNE.
BADEN-POWELL, R. S. S., Mil e uma Actividades para Escuteiros, Edições CNE.
SCOUTS DE FRANCE, Baden-Powell hoje – Pistas para um Educador no Escutismo, Edições CNE.
SCOUTS DE FRANCE, A Pedagogia do Projecto (Colecção Manual do Dirigente n.º 1), Edições CNE.
WIERTSEMA, Huberta, 100 Jogos de Movimento. Porto: Edições ASA, 2003.
SEQUEIRA, Luís e DINIS, Alfredo O., Vamos Jogar – Manual de Jogos. Braga: Editorial A.O., 1989.
164
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Os lobitos, pela idade que têm, são ávidos de histórias, de novas descobertas e brinca-
deiras. De facto, duas das características fundamentais das crianças na idade dos lobitos
são a imaginação e o gosto pelo jogo, dois elementos fundamentais nas actividades
escutistas.
Por outro lado, há que ter em atenção que a imaginação é uma das grandes responsá-
veis pelo sucesso de uma actividade. Assim, é responsabilidade da Equipa de Animação
não deixar esmorecer o entusiasmo. De facto, o lobito, na sua sede de aprender, passa
rapidamente de um interesse para outro, não conseguindo estar muito tempo a fazer a
mesma coisa (se tal acontecer, corre-se o risco de ele nada fazer ou de não fazer senão
metade, porque se aborrece). Por tudo isto, é fundamental que a Equipa de Animação
prepare actividades variadas e estimulantes e as viva com entusiasmo e empenho, en-
carnando verdadeiramente o espírito da Selva. Para além disto, é importante que vá
introduzindo inovações, sobretudo em actividades repetitivas: elas permitem a fuga à
rotina e mantêm aceso o interesse e a vontade de aprender dos lobitos.
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As actividades da Alcateia
I. As Reuniões de Alcateia
Compete à Equipa de Animação a tarefa de saber dosear a forma e o ritmo das activida-
des próprias da secção que se propõe desenvolver e que podem ser de diversos tipos:
A pesca;
O jornal;
Os correios;
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O mercado;
O trânsito;
As plantas.
Neste caso, todas as actividades da reunião terão um elo de ligação que é o tema e que
pode ser enriquecido pelo trabalho dos Bandos, devendo ter sempre em conta a impor-
tância do jogo. A duração máxima para estas reuniões com tema é de duas reuniões,
sendo aconselhável, no entanto, um só tema para uma reunião.
Uma reunião de Alcateia pode ter, por exemplo, o esquema seguinte, que não é uma
“receita” para todas as reuniões, mas pode servir de orientação:
5º Jogo 15 min.
7º Avaliação 2 a 5 min.
A Caçada
É desejável que a Alcateia faça uma Caçada por trimestre em que participe toda a Alca-
teia e em cuja preparação colaborem todos os Bandos. Neste âmbito, é importante que
haja respeito pelo método do projecto, em todas as suas fases, para que cada lobito te-
nha um papel activo na escolha, preparação e realização das actividades que ele próprio
desenvolve e se sinta cada vez mais útil no seio da Família Feliz em que está inserido – a
Alcateia. Neste sentido, há que respeitar a existência dos seguintes elementos:
Plano comum que deve ter em conta características dos lobitos como a idade, o
desenvolvimento psicológico, o progresso e a coesão da própria Alcateia.
Tarefas específicas para cada lobito: ter funções específicas permite que o lobito
contribua "Da Melhor Vontade" e com toda a sua alegria e coragem para o êxito
da Caçada, o que o ajuda a sentir-se importante e feliz.
A preparação da Caçada, ainda que esta seja muito simples, obedece sempre a regras
e momentos, como vimos na introdução geral deste capítulo. Da mesma maneira, imagi-
nário e acção exigem sempre uma preparação. Vejamos agora algumas características
específicas do método do projecto na Alcateia.
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Ao desenvolver uma Caçada, o lobito não actua sozinho, mas sim em grupo, des-
de a preparação até à realização o que lhe permite, pouco a pouco, ir conseguin-
do maiores relações de cooperação e de socialização no grupo que integra.
Para que os lobitos possam sugerir coisas interessantes, compete à Equipa de Animação
fazer uma preparação que motive cada um a contribuir com boas sugestões. Assim, nes-
ta fase, a Equipa de Animação já deve ter ideias concretas sobre o que pretende para ser
possível, em Conselho de Guias, direccionar as ideias dos lobitos. É importante, assim,
que lance um tema, dando ideias sobre o imaginário a tratar. O lobito, como qualquer
outra criança é dotado do instinto do maravilhoso e entusiasma-se com toda a acção que
tenha um centro de interesse onde ele possa encarnar o papel de determinado perso-
nagem (cavaleiro, índio, herói, santo...). Assim, o lançamento de um tema, que depois
irá converter-se numa história, ajuda-o a entusiasmar-se e a imaginar o que gostaria de
fazer.
De seguida, o tema é apresentado ao Conselho de Alcateia, que é, sem dúvida, o mais
importante ponto de partida para uma Caçada, pois é aqui que são tomadas as grandes
decisões. Por esta razão, a Equipa de Animação deve preocupar-se em criar bons ima-
ginários e apresentá-los de forma atractiva, podendo recorrer a técnicas como cartazes,
fotografias, postais, filmes, diaporamas, saídas (visitas ao campo, cidade, etc.), jogos,
leituras, dramatizações, etc.
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Uma vez introduzido um tema a toda a Alcateia, compete aos Bandos apresentar su-
gestões sobre o que gostariam de fazer. Neste sentido, a Equipa de Animação pode dar
pistas: O que queremos fazer? Como vamos fazer? Porque é que queremos fazer isto?
E onde?
Depois, cada Bando reúne e prepara a sua proposta, competindo a cada Guia de Bando
ou outro elemento registar todas as ideias. Após este momento, a Alcateia volta a reu-
nir para que cada Bando exponha as suas ideias de forma criativa (podem recorrer a
cartazes, canções, peças de teatro, fotografias, mapas, etc.). Note-se que quanto mais
interessante for uma apresentação, mais hipóteses terá de ser escolhida pelos outros
lobitos. Por essa razão, os dirigentes devem acompanhar de perto a sua preparação,
incentivando os lobitos a usar toda a criatividade que conseguirem. À medida que cada
exposição é feita, num quadro apropriado vão-se registando todas as sugestões: assim,
no fim, todos sabem o que cada Bando sugeriu.
2ª Fase: Preparação
ginário for bem explorado, cada lobito tem a possibilidade de desenvolver capacidades e
de satisfazer necessidades e desejos que, por qualquer motivo, na vida real lhe estavam
vedados. Assim, os temas a desenvolver devem implicar acções em que o imaginário
seja bem realçado, dando oportunidade a que a Caçada vá de encontro à fantasia das
crianças.
Onde.
Conforme as acções a desenvolver, vão surgir tarefas que os lobitos poderão realizar.
Compete ao Conselho de Guias defini-las e distribui-las, sempre sob a direcção da Equi-
pa de Animação. Cada Bando responsabilizar-se-á pela tarefa ou tarefas que tiver de
desempenhar e, dentro do Bando, cada lobito, individualmente, terá de assumir alguma
responsabilidade.
Eis algumas tarefas que os lobitos podem desempenhar, dentro de uma Caçada:
- Preparação do espaço onde vão ser realizadas as Caçadas;
- Fabrico de disfarces, trajes e outro vestuário adequado à acção (em ateliers);
- Fabrico dos mais variados utensílios e objectos a utilizar na Caçada;
- Criação de poemas e canções relacionadas com o imaginário da Caçada;
- Preparação de um atelier (pelos lobitos mais velhos) onde se ensinam aos mais novos algumas técnicas
escutistas (danças, nós, pistas, códigos, etc.).
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3ª Fase: Realização
Nesta fase, cada lobito e/ou Bando deverá pôr em prática as tarefas pelas quais ficou
responsabilizado, competindo aos Guias, e na medida do possível, coordenar os traba-
lhos dos Bandos.
Neste processo, a Equipa de Animação deve ser entusiasta, incitando cada lobito
à descoberta, despertando-lhe a curiosidade e tornando-o desejoso de saber.
Mas, no momento de dificuldades, é também quem anima e ajuda a ultrapassar
os obstáculos.
Depois de realizadas todas as tarefas, a Caçada deve terminar numa actividade de cam-
po, festa (pais, amigos, lares, hospitais, etc.), acampamento ou celebração onde se põe
em prática o que se aprendeu e planeou através da realização de actividades como as
que se seguem:
E, como cada lobito deu o seu melhor na preparação, agora esforçar-se-á por desempe-
nhar o seu papel, contribuindo assim para que esta festa decorra no melhor ambiente,
onde reine a alegria, boa disposição e o espírito de entreajuda.
4ª Fase: Avaliação
Logo a seguir à acção – é importante que cada lobito, no momento em que ainda
se encontra sob os efeitos da Caçada (positivos ou negativos) manifeste a sua
opinião;
Num Conselho de Alcateia, passados alguns dias, destinado a esse fim – esta
avaliação da Caçada é indispensável.
Quer num quer noutro momento, é importante que o lobito, individualmente, em Bando e/
ou Alcateia faça uma pequena reflexão sobre:
Esta reflexão não tem de ser escrita nem necessita de ser um momento aborrecido ou
constrangedor para o lobito. Assim, compete à Equipa de Animação usar meios criativos
para que a avaliação seja espontânea e verdadeira e não dar oportunidade aos lobitos
de fazerem críticas destrutivas (relativas a um ou outro lobito que por acaso não desem-
penhou tão bem o seu papel), que podem provocar consequências nefastas.
Bibliografia:
Alaiii, Edições CNE.
BADEN-POWELL, Robert, Manual do Lobito, Edições CNE.
Jogos para lobitos, Edições CNE.
O acampamento de lobitos, Edições CNE.
Flor de Lis – órgão oficial do CNE.
SCOUTS DE FRANCE, A Pedagogia do Projecto (Colecção Manual do Dirigente n.º 1), Edições CNE. 173
manualdodirigente
“Os rapazes chegam a ver aventuras até mesmo num charco de água
suja.”
“A imaginação leva o rapaz através da pradaria e dos mares. No Es-
cutismo, ele sente-se parente do pele-vermelha, do pioneiro e do ser-
tanejo.”
Auxiliar do Chefe Escuta, Baden-Powell
I. As Actividades da II Secção
Abertura - Marca o início da actividade. Deve ser simples e breve, mas não
rotineira. As Patrulhas podem formar dando o seu Grito, a que se segue, por
exemplo, uma mensagem do Chefe de Expedição ou a apresentação de alguém
que, naquela reunião em particular, irá ajudar a Expedição em determinado as-
sunto. Deve fazer-se também uma oração, que é responsabilidade da Patrulha
encarregada da animação. Este momento transmite dignidade, é um incentivo à
disciplina e à coesão e predispõe para as tarefas a desempenhar.
174
manualdodirigente
Tempo de trabalho – Tempo para tratar das tarefas da Patrulha, de acordo com
a fase do projecto em curso. Assim, poderá ser uma Reunião de Patrulha para
idealizar a proposta da Patrulha, ou para desempenhar alguma tarefa atribuída
à Patrulha na preparação da Aventura. Poderá ainda ser um momento para os
responsáveis pelos ateliers se reunirem de acordo com as tarefas distribuídas ou
ainda um momento em que os titulares dos cargos da Patrulha desempenham
os seus trabalhos (por exemplo, os Cozinheiros de Patrulha definem a ementa
do próximo acampamento, o Guarda-Material verifica o estado do material de
campo da Patrulha, etc.).
Tempo de jogar – O jogo pode servir para motivar os exploradores para o que
se irá passar a seguir, para sedimentar conhecimentos adquiridos, para gas-
tar energias ou para ajudar a retomar a atenção para os trabalhos seguintes
(por exemplo, pode-se fazer uma corrida de cavaletes depois de a Patrulha ter
aprendido as ligações).
Fecho – Tal como no início, também no final deverá haver uma breve cerimó-
nia que encerra a reunião. Deverá ter as mesmas características da abertura,
incluindo ainda uma breve avaliação. Poderão ser incluídos avisos ou recomen-
dações, lembrando as tarefas a desempenhar até à próxima reunião (por exem-
plo, saber os horários dos transportes para o local da próxima actividade), Os
exploradores deverão ser motivados a porem em prática, fora da vivência em
Unidade, a Lei, a Promessa e os Princípios do Escuta.
175
manualdodirigente
1º Abertura 5 min.
2º Jogo/canção 2 a 5 min.
4º Jogo 15 min.
6º Jogo 20 min.
7º Avaliação 2 a 5 min.
8º Fecho 2 a 5 min.
Assim sendo, o jogo permite ao explorador enriquecer, pouco a pouco, a sua persona-
lidade, através de experiências sempre novas, de situações diferentes e de funções di-
versas. Para além disto, ajuda-o também a descobrir o mundo que o rodeia, os objectos,
176
manualdodirigente
Uma Aventura, enquanto projecto da II secção, decorre em períodos até 3 meses e deve
ser orientada de acordo com os objectivos definidos para o ano pelo Agrupamento e pelo
Plano Anual da Unidade, aprovado em Conselho de Guias.
Primordial é ainda que a Equipa de Animação seja capaz de efectuar as suas “ausências
pedagógicas”, isto é, que permita que os exploradores, as Patrulhas e a Expedição se-
jam cada vez mais autónomos, cada vez mais auto-suficientes. Contudo, tudo isto deve
decorrer num ambiente seguro, ou seja, onde se pode errar. De facto, é importante que
os elementos experimentem, que façam, que se enganem, que errem: é normal, é salutar
e é educativo! Recordemos, a este nível, as palavras do nosso fundador: “Quem nunca
errou, nunca fez nada!”
177
manualdodirigente
tal, torna-se necessário que a Equipa de Animação tenha sempre presente que
a animação da vida da Expedição não se faz de improviso e que o dia-a-dia da
Expedição tem de estar integrado na Aventura em curso, permitindo desenvolver
os objectivos definidos no Plano Anual.
• Para que se possa estabelecer uma relação educativa que dê frutos, é necessá-
rio que se crie um clima de confiança mútua entre a Equipa de Animação e cada
um dos exploradores.
As Fases da Aventura
178
manualdodirigente
Só depois deverão ser privilegiadas as Reuniões de Patrulha por forma a que estas
possam idealizar não só o seu projecto, mas também a forma de o apresentarem à
Expedição. Este é o momento para cada uma para criar e apresentar o seu projecto à
Expedição, pondo em prática as mais diversas técnicas para o apresentar de uma forma
atractiva e inovadora.
Tudo o que ficar definido – actividades, ateliers, tarefas, etc.,não esquecendo os recur-
sos necessários – deve constar do Painel de Aventura, onde se colocam todas as infor-
mações relevantes à aventura que se está a viver:
Nome;
Lema;
Data de realização;
Local;
Objectivos;
Actividades (à medida que vão sendo realizadas).
Para além disto, a Aventura deve comportar tarefas relacionadas com ateliers e também
tarefas específicas destinadas a cada Patrulha e a cada explorador, bem como a imple-
mentação dos Cargos e das Funções de Patrulha.
Na última fase, a da avaliação, é preciso ver o que marcou e ganhou raízes nos explora-
dores depois da Aventura. Esta avaliação é muito importante e deve ser feita pela Expe-
dição e Patrulhas, em momentos variados: uma avaliação a quente, no final da Aventura
e antes de regressar à Base, e em outro momento, mais a frio (na semana seguinte,
durante a primeira reunião da Expedição pós-Aventura, por exemplo).
181
manualdodirigente
Bibliografia:
BADEN-POWELL, Robert, Mil e uma Actividades para escuteiros. Edições CNE.
FARIA, Manuel, Jogos para exploradores, Edições CNE.
FITZSIMONS, Cecilia, 50 Actividades para Miúdos, Editorial Caminho.
Flor de Lis – órgão oficial do CNE.
Nós e as construções. Edições CNE.
Nós e os Nós. Edições CNE.
OPPIE, Frankie, Escuteiro Global. Edições CNE.
SCOUTS DE FRANCE, A Pedagogia do Projecto (Colecção Manual do Dirigente n.º 1), Edições CNE.
WOSM/WWF, Ajuda a Salvar o Mundo, Edições CNE.
Gonçalo Vieira
182
manualdodirigente
Nas reuniões semanais deve haver lugar tanto para o jogo como para a técnica escutista.
Pode pensar-se que o jogo escutista está mais vocacionado para os exploradores ou lobi-
tos do que para os pioneiros. Não será, de todo, assim. De facto, para os pioneiros, o jogo
é, acima de tudo, uma oportunidade pedagógica assente na pedagogia da valorização do
esforço de cooperação e que permite ao jovem testar em segurança os seus limites, as
suas capacidades e potencialidades e, na continuação, avaliá-las e aumentá-las.
O papel do dirigente, nos jogos escutista da Comunidade, passa pela orientação para
que o jogo seja motivador e motor de aprendizagem. Nesse âmbito, a sua presença
torna-se imprescindível. Assim sendo, o dirigente não pode assumir o papel de simples
árbitro, mas deverá olhar para ele como uma importante componente educativa para o
pioneiro.
Boa prática:
O jogo para os pioneiros será necessariamente diferente do que se pratica nas outras secções, mas,
embora os elementos fundamentais sejam os mesmos, deve haver, uma adequação à idade. Por outro
lado, eles próprios têm noção exacta do tipo de jogos que preferem e têm autonomia suficiente para
contribuírem para a preparação desses jogos. Jogos de destreza física e de estratégia intelectual
estão, por norma, entre os preferidos.
Por seu turno, a técnica escutista é o elemento mais facilmente ligado ao 'Aprender Fa-
zendo', pela componente de habilidade manual que encerra. Este é um elemento muito
importante da pedagogia escutista e deve estar presente em toda a acção que o método
promove e proporciona.
Nos pioneiros, a secção em que a mística passa pela edificação da Igreja Nascente, em
que o imaginário se relaciona com a construção das primeiras comunidades cristãs, em
que um dos símbolos é a machada, a técnica torna-se, assim, um elemento central e que
importa valorizar. Assim sendo, o trabalho com os pioneiros tem, necessariamente, uma
forte incidência no domínio da técnica escutista, que deve ser aprofundada, em ateliês
dos Empreendimentos, nos acampamentos, nos raides, nos jogos, em toda a vida em
campo e na natureza.
Boa prática:
A técnica escutista está em todo lado na acção escutista e não é pelo facto de não haver provas
de natureza técnica que ela deixa de existir. Interessa, pois, que o animador adulto tenha perfeita
consciência de quais devem ser os conhecimentos técnicos mínimos que o pioneiro precisa de dominar.
Constitui, portanto, uma boa prática, que a Direcção do Agrupamento produza um documento que
possa estabelecer quais são os aspectos técnicos que a Alcateia e a Expedição procurarão fomentar,
de modo a que não se repitam nem se antecipem conhecimentos e competências que depois se mostrem
desajustadas.
Note-se que estes conhecimentos e competências podem ser diferentes de realidade para realidade.
De facto, num certo Agrupamento, localizado num determinado meio (com características sociais e
sociológicas próprias), os escuteiros podem dominar alguns aspectos técnicos de vida ao ar livre que não
serão tão habituais noutro Agrupamento.
Boa prática:
É importante que um cartaz com o esquema das diversas fases do empreendimento esteja afixado em
local de destaque no Abrigo (ou no Canto da Equipa). De facto, a familiaridade dos pioneiros com o es-
quema das fases do empreendimento vai ajudar muito o jovem na sua vida futura: o método do projecto
é uma forma de organização de actividades adaptável a todas as realidades (escola, vida profissional,
projectos pessoais) e conhecê-lo e interiorizá-lo pode revelar-se importante no “mundo real”.
185
manualdodirigente
Boa prática:
No início de cada ano escutista, a Equipa de Animação deve procurar munir-se de toda a informação pos-
sível para planificar da melhor maneira os meses que se seguem. Neste sentido, deve procurar saber, em
concreto, as datas do calendário escolar dos pioneiros (com especificidades como períodos escolares e
exames nacionais/provas de acesso) e as datas das actividades escutistas de relevo (de Agrupamento,
Núcleo, regionais e nacionais, que por vezes exigem actividades/jogos de preparação).
Para além disto, deve ter em conta os Planos Trienais que o Agrupamento, o Núcleo, a Região ou a Junta
Central podem ter preparado (têm objectivos sequenciais, envolvimento temático estruturado no
sentido de “dar sentido ao caminho” de cada escuteiro, Equipa, Comunidade e Agrupamento). De facto,
faz todo o sentido que, a par da planificação das actividades no tempo, haja a preocupação de saber
que propostas nos fazem as estruturas dos níveis superiores em cada ano. Todos ganham com esse
esforço e essa coerência.
Apesar de este momento de motivação ocorrer, por norma, no Conselho de Guias, tal
não é obrigatório: a motivação pode ser feita através de um jogo, de uma pequena acti-
vidade realizada na reunião semanal ou de uma conversa dos Chefe de Comunidade a
toda a Comunidade, no início ou no final da reunião semanal. O que se pretende é que
o dirigente crie condições que possibilitem, favoreçam e estimulem a iniciativa e a criati-
vidade de cada um dos elementos (ajudando-os a sonhar, a optar, a ser criativos). Para
isto, tem de ter consciência de que o seu exemplo, dinamismo e entusiasmo contribuem
positivamente para animar e motivar os pioneiros.
186
manualdodirigente
Boas práticas:
- O papel do Guia no momento da Motivação
O Guia é um importante agente de motivação, pelo que é importante que o seu papel seja valorizado por
parte da Equipa de Animação, que deve respeitar o seu papel e as deliberações tomadas nos diferentes
conselhos.
- O teu progresso é o nosso progresso
Em cada fase do Empreendimento, a Equipa de Animação deve ter em conta que o elemento central
do Projecto é o crescimento do pioneiro e que todas as actividades devem ter esse objectivo. Neste
âmbito, é também importante que os pioneiros tenham consciência de que as actividades de um em-
preendimento são oportunidades pedagógicas ideais para a concretização e validação dos objectivos
educativos do seu progresso pessoal. Esta informação deve ser dada aos pioneiros no momento da
motivação para que se sintam estimulados a incluir, num empreendimento, as acções concretas com que
se comprometeram no seu progresso pessoal.
- “Guiai… não empurrai!” (B.-P.)
O processo de motivação não é uma ‘ordem’ da Equipa de Animação para que se prepare um determinado
empreendimento nem implica a indução de ideias por parte da Equipa de Animação. Assim sendo, os diri-
gentes devem estimular a criatividade dos pioneiros sem darem sugestões pré-concebidas (a menos que
isso tenha, de facto, relevância pedagógica e seja feito com esse objectivo). Para além disto, devem ter
atenção o grau de autonomia que devem respeitar para que o crescimento dos pioneiros seja feito em
“aprender fazendo” e não em “obedecendo”.
Note-se que a proposta de cada Equipa deve ser o mais concreta e completa possível,
contemplando objectivos, o modo como são concretizados (acções concretas, activida-
des a realizar) e os aspectos logísticos a ter em conta (custo das actividades, formas de
financiamento, transporte, locais de pernoita etc.). Interessa ainda que a proposta seja
apresentada da forma mais atractiva possível, para aumentar as possibilidades de ser
escolhida.
Boas práticas:
- Ajudar a conceber
Este momento de concepção é feito exclusivamente pelos pioneiros, mas o dirigente deve mostrar-se
atento e disponível para ajudar a conceber bons projectos. Note-se, contudo, que não interessa que
intervenha sem ser solicitado.
- Usar ferramentas
A Comunidade pode ter, no Abrigo, ferramentas que podem apoiar as Equipas na concepção da sua pro-
posta: um mapa de Portugal com as redes de transportes, documentos sobre parques escutistas ou
naturais, maravilhas da Natureza, património histórico ou cultural, etc. Para além disto, pode também
usar-se a internet, criando uma lista de ligações úteis de parques escutistas, comboios, parques na-
turais, câmara municipais, entre outros. Por fim, também podem servir de apoio e inspiração livros de
receitas, fórmulas de capitação alimentar, cartazes de antigos empreendimentos e fotografias e
relatórios de actividades passadas.
- Ser eficaz
Os pioneiros podem conseguir uma apresentação atraente recorrendo a meios tecnológicos, peças tea-
trais, um jogo, etc. Faz sentido que sejam incentivados a abandonar a estratégia do cartaz de carto-
lina, usando a sua criatividade para fazerem com que os outros “se liguem” ao projecto da sua Equipa.
Todo este processo termina com a escolha de uma das propostas, momento importante
para a formação da cidadania a nível do que é decisão democrática. Assim, depois de
apresentadas as propostas, deve haver um espaço para que se possa fazer perguntas
sobre elas (para tirar dúvidas ou explicitar algum aspecto), a que se segue a votação.
Aqui, cada pioneiro vota na proposta que mais lhe agrada e a proposta mais votada pas-
sa a ser o Empreendimento da Comunidade.
Para que uma Equipa ganhe é preciso que todas as outras percam, mas perder não é fá-
cil. Nestes momentos de frustração e desapontamento perante uma derrota na votação,
o papel da Equipa de Animação é de particular relevância: compete-lhe ensinar a perder.
Esta pedagogia da derrota passa por ensinar os pioneiros a perceber o que correu mal
188
manualdodirigente
(para não repetirem o mesmo erro numa próxima ocasião) e por procurar incentivá-los
a participar na fase de enriquecimento, integrando algumas das suas sugestões na pro-
posta vencedora.
Feito esse trabalho em Equipa, o Conselho de Guias reúne para definir concretamente
as características do Empreendimento. Após este enriquecimento, cabe-lhe definir os
passos seguintes até à realização de cada uma das diferentes actividades. Nesse senti-
do, é sua tarefa o planeamento das medidas a tomar e da estratégia a seguir.
Boas práticas:
- Comissões técnicas
O Conselho de Guias, no planeamento e organização das actividades, pode determinar a criação de Co-
missões Técnicas, pequenos grupos compostos por elementos de diferentes Equipas da Comunidade
que se agrupam com uma missão específica (cada elemento só deve participar numa, para que todos
possam experimentar e crescer). Podem constituir-se comissões técnicas para a animação de um
acampamento(animação de todos os momentos comuns e de oração da actividade), organização logística
da actividade (condições para acampar, transportes, etc.), finanças, saúde e alimentação, contactos
e relações públicas, etc.
Os elementos que formam as Comissões Técnicas devem definir um responsável para cada Comissão
(que tem assento no Conselho de Guias, sempre que necessário) e podem procurar formação na área
que estão a tratar, assim como promover essa mesma formação na Comunidade, através, por exemplo,
de ateliês.
Os dados acerca da Comissão Técnica são colocados no Painel do Empreendimento, para que toda a
Comunidade possa acompanhar a sua evolução.
- Atribuição de funções
Durante a organização e a realização de um Empreendimento específico, pode surgir a necessidade
de realizar tarefas que impliquem o exercício de funções (responsabilidades temporárias atribuídas
a cada elemento e que são diferentes dos cargos – ver capítulo do Sistema de Patrulhas para mais
informações). Assim, por exemplo, num Empreendimento que contemple um acampamento, poderá haver
a necessidade de existirem um ou mais cozinheiros, encarregados pelas compras e abastecimentos, ou
financeiros ou socorristas, etc.
É importante incentivar a atribuição de funções, na medida em que o seu desempenho permite que os
pioneiros experimentem novas realidades, podendo descobrir talentos e gostos escondidos (por exem-
plo, um secretário que nunca teve o cargo de animador pode, num acampamento, cumprir essa função).
- Painel do Empreendimento
Todas as acções deve estar inscritas no Painel do Empreendimento, registo público do dia-a-dia do
Empreendimento: o nome do projecto, o lema, os objectivos, cada uma das actividades – com as respecti-
vas datas, locais e as fotografias das já realizadas –, e, ainda a composição das comissões técnicas – a sua
constituição, tarefas e missões –, os ateliês preparatórios, bem como espaço para informações comuns,
e as listas dos afazeres e tarefas.
Assim se expõem todas as informações relevantes acerca do projecto que se está a viver, o que é fac-
tor de motivação para os pioneiros, que observam a evolução do que estão a realizar.
Boa prática:
Pese embora alguma adaptação ou alteração, deve procurar-se que as actividades de um Empreendi-
mento sejam realizadas e vividas o mais próximo possível do que foi idealizado e organizado. Assim sendo,
e mesmo que, na hora da verdade, se pense que se poderia ter feito tudo de modo diferente, é impor-
tante que se realize o que foi planeado e organizado, para que não haja desmotivação por parte dos
pioneiros, que certamente prepararam tudo com entusiasmo.
Há inúmeros métodos que se podem utilizar, conforme o tipo de avaliação que se pre-
tende: conversa informal, placard de avaliação, preenchimento de um formulário, etc. O
dirigente deve conhecer estas diferentes formas para poder utilizar a que mais se adequa
à vida da Comunidade num determinado momento. Neste âmbito, importa que procure
verificar pontos específicos que podem ser úteis para crescimento da Comunidade ou
para a elaboração de novos projectos. Deve, assim, zelar para que a avaliação permita
a recolha de sugestões futuras.
É nesta fase também que a Comunidade celebra a sua evolução, partilhando as vivên-
cias que a enriqueceram e registando o progresso alcançado pelos seus elementos. As-
sim, este deve ser um momento em que não só se recorda o que correu menos bem, mas
também se ajuda os pioneiros a sentir orgulho pelo que fizeram e alcançaram – mesmo
que o que tenha acontecido não tenha sido um rotundo sucesso. O que é importante é
que conseguiram completar o tríodo: “Saber, Querer e Agir!”.
Boa prática:
- Registo da Avaliação
Tanto os pioneiros como a Equipa de Animação devem fazer um registo da avaliação da actividade, atra-
vés de relatórios, do registo no Painel do Empreendimento ou no Livro de Ouro da Equipa, no Diário de
Vivências dos pioneiros, etc. Este registo poderá servir de guia durante a organização de actividades
futuras, evitando que se repitam os mesmos erros.
- Celebrar O final do Empreendimento pode ser marcado por uma festa, um jantar, uma exposição de
fotografias, a exibição de um filme com os melhores momentos e a história do Empreendimento.
191
manualdodirigente
Bibliografia:
BADEN-POWELL, R. S. S., Mil e uma Actividades para escuteiros, Edições CNE.
Flor de Lis – órgão oficial do CNE.
Nós e os Nós, Edições CNE.
Nós e as construções, Edições CNE.
OPPIE, Frankie, Escuteiro Global, Edições CNE.
SCOUTS DE FRANCE, A Pedagogia do Projecto (Colecção Manual do Dirigente n.º 1), Edições CNE.
SCOUTS DE FRANCE, O Empreendimento (Colecção Manual do Dirigente n.º 10), Edições CNE.
WOSM/WWF, Ajuda a Salvar o Mundo, Edições CNE.
Joana Martins
192
manualdodirigente
I. Actividades da IV Secção
A aprendizagem pela acção motiva os jovens, pois eles estão a fazer coisas reais e úteis
enquanto interiorizam, de forma natural, todas as descobertas, tornando-se mais conhe-
cedores de variados temas, ganhando novas habilidades e adquirindo novas atitudes
(Conhecimentos, Competências e Atitudes). Ao experimentarem, conseguem perceber
para que tarefas estão mais aptos e também melhorar o que fazem menos bem. É tam-
bém uma forma de descobrirem novos interesses e talentos.
193
manualdodirigente
Uma vez que se pretende que as actividades sejam pedagógicas e contribuam para o
desenvolvimento pessoal do jovem, tendo um efeito importante e positivo neles, é crucial
que as mesmas sejam programadas, seleccionadas e desenvolvidas da melhor forma.
O facto de se preparar uma actividade “em cima do joelho” pode implicar improvisos que
tenham consequências nefastas na experiência dos caminheiros.
A inovação é algo extremamente importante nas actividades. Por isso é tão importante
avaliar: só assim se pode ter sempre presente a questão “onde é que se pode melho-
194
manualdodirigente
rar?” e se pode ir introduzindo variáveis que tornem as actividades mais atractivas, tendo
sempre em atenção que elas, por serem “originais”, não podem deixar de ser escutistas
e devem ser impregnadas dos seus valores e métodos.
Outra coisa que a Equipa de Animação deve ter sempre presente, é que os Clãs não são
sempre iguais e que o grupo de jovens que tem à sua frente muda de ano para ano. Daí
ser tão importante adaptar o modo de trabalhar, actividades, timings, etc. ao grupo que
se tem “aqui e agora”, pois o que resulta com uns, pode não resultar com outros.
-Actividades de campo: descida de rio (jangada, canoa, a pé…), raide de sobrevivência, hike, acampamentos,
limpeza de matas/florestas/praias, vigilância de matas, protecção a espécies protegidas
-Actividades sociais: animação de tempos litúrgicos (Natal, Páscoa, etc.) ou festas (para doentes e/ou
idosos, por exemplo), colaboração em campanhas de solidariedade (Banco Alimentar, recolha de brinque-
dos, etc.), organização de actividades culturais, peddy-papers, etc.
A idade dos caminheiros permite-lhes o alcance de uma maior autonomia, que lhes pro-
porciona uma acção mais ousada e com resultados mais visíveis face ao trabalho de-
senvolvido.
Os caminheiros são curiosos e ousados, querem saber mais, fazer mais e diferente. Não
querem estagnar, investem na sua evolução enquanto pessoas, gostam da novidade e
querem conhecer o mundo, as pessoas, os lugares e as ideias. Procuram vivências dife-
rentes, procuram viajar, principalmente para o estrangeiro e com isso apreendem novos
conhecimentos e pontos de vista… É assim que se definem como Homens, cidadãos do
Mundo!
Uma Caminhada é premiada pela ousadia. Ter um projecto assumido por todos, que
conte com o empenho de todo o Clã, é um sucesso com toda a certeza. Os projectos
dos caminheiros são bastante ousados e, se estes os conseguirem executar, estarão
sem dúvida no caminho certo, provando que conseguiram apostar em algo importante e
adequado à realidade do Clã.
195
manualdodirigente
Para elaborar uma Caminhada é importante estar ciente dos passos do Método de Pro-
jecto anteriormente descritos.
As Caminhadas do Clã devem evoluir de umas para as outras, não esquecendo que,
quando se parte para uma nova Caminhada, temos sempre experiências (positivas e
negativas) vividas anteriormente que nos condicionam. Isso é bom, pois permite que o
Clã cresça e se desenvolva.
Na Caminhada é imprescindível:
- Viver em Clã, logo viver em Tribo: respeitar a Carta de Clã;
- Assumir responsabilidades;
- Descobrir-se, progredindo pessoalmente com o apoio dos outros;
- Abrir-se ao mundo: agir no seio da sociedade, ou seja, não só em prol de cada
um, ou do Clã, mas agir para a comunidade;
- Cultivar o espírito de Serviço.
da Caminhada. Este último passo faz-se, por norma, em Conselho de Guias, mas, se o
Clã entender que é preferível, pode optar por enriquecer a Caminhada no Conselho de
Clã (pode-se proceder assim se daí não resultar grande confusão e poucas decisões).
Participar na Caminhada
Neste âmbito, por vezes será necessário realizar tarefas que ninguém, à partida, quer
fazer, mas que são necessárias para a realização da Caminhada. Neste momento, é im-
portante ajudar os caminheiros a perceber que não podem esquecer que a Caminhada
é uma construção de todos e que, por vezes, têm de se fazer coisas de que se gosta
menos para que o Projecto funcione e ande para a frente. De facto, a Caminhada só será
197
manualdodirigente
Para além das diferentes tarefas a realizar, durante a Caminhada, podem ainda formar-
-se “Comissões Técnicas”, pequenos grupos formados por elementos de diferentes Tri-
bos que se agrupam com uma missão específica dentro da Caminhada. A formação de
Comissões Técnicas durante as Caminhadas não é obrigatória, mas elas são um bom
modo de trabalhar e de ajudar os caminheiros a desenvolver algumas valências menos
trabalhadas. Estas Comissões têm características específicas:
Deve ser definido um responsável de cada Comissão, que deve estar presente
no Conselho de Guias aquando do enriquecimento da Caminhada.
O Caminho não será sempre direito: a Caminhada terá altos e baixos, curvas e
contra-curvas, até mesmo paragens que a tornam desencorajante. Mas estes
momentos fazem parte da Caminhada e ultrapassá-los fortalecerá todos e tor-
nará o Clã mais unido. Assim sendo, é importante que os caminheiros estejam
preparados para algum desaire do caminho. Nestas situações, o papel da Equi-
pa de Animação é fundamental, competindo-lhe sempre motivar, desmistificar o
problema e ajudar os caminheiros a procurar as suas próprias soluções. Não se
pretende que seja a Equipa de Animação a fazer e a andar com a Caminhada
para a frente, mas que ela seja capaz de pôr os caminheiros ‘a mexer’ quando
desanimam.
Duração da Caminhada
Permite deixar livre o mês de Janeiro, altura em que é frequente abandono das
actividades escutistas (por ser um mês de exames e entrega de trabalhos para
quem está no Ensino Superior). Não havendo responsabilidades a cumprir nesta
altura, depois desta época os caminheiros, que realizaram e avaliaram já uma
primeira Caminhada, voltam cheios de vontade para uma segunda, em vez de
haver um interregno na Caminhada anual, faltas constantes e um grande espa-
çamento temporal entre actividades da mesma Caminhada (perdendo-se o fio
condutor que deve ter).
Boa prática:
Fazer mais do que uma Caminhada por ano, seguindo sempre todas as fases do Método Projecto, por-
que é mais motivador:
- em Caminhadas mais curtas, é possível ver mais depressa os resultados, o que torna as actividades mais
aliciantes para os caminheiros;
- há pouco tempo para levar a cabo as Caminhadas, pelo que os caminheiros são obrigados a manter-se
activos, não deixando para depois o que é necessário fazer agora.
Bibliografia:
BADEN-POWELL, R. S. S., Mil e uma Actividades para escuteiros, Edições CNE.
Flor de Lis – órgão oficial do CNE.
Nós e os Nós, Edições CNE.
Nós e as construções, Edições CNE.
OPPIE, Frankie, Escuteiro Global, Edições CNE.
SCOUTS DE FRANCE, A Pedagogia do Projecto (Colecção Manual do Dirigente n.º 1), Edições CNE.
WOSM/WWF, Ajuda a Salvar o Mundo, Edições CNE.
200
manualdodirigente
Tiago Pereira
O Sistema de Patrulhas ajuda a dar forma ao método de educação natural e não for-
mal pensado por B.-P., na medida em que induz cada elemento a desenvolver-se pelo
contacto natural com os outros. Assim, este sistema permite que haja, nas Unidades e,
por conseguinte, em todo o Escutismo, um verdadeiro esforço de cooperação: cada ele-
mento cresce com os outros e entre eles e, pela vivência conjunta e pela prática da Lei
do Escuta, aprende que o seu valor individual deve estar sempre ao serviço do Bando/
Patrulha/Equipa/Tribo e, consequentemente, da Unidade, sendo que cada um trabalha
segundo as suas forças e recebe segundo as suas necessidades.
Assim sendo, a Patrulha surge como uma micro-sociedade, um grupo de rapazes e ra-
parigas que estão unidos por ideais e objectivos comuns, são regidos por uma mesma
lei – a Lei do Escuta – e vivem juntos experiências inesquecíveis. E, ao assumir a respon-
sabilidade de determinadas tarefas no seio do Bando/Patrulha/Equipa/Tribo – essenciais
para o sucesso das actividades –, cada elemento é levado a renunciar ao seu egocentris-
mo e a aprofundar o seu sentido de responsabilidade e solidariedade. Para além disto,
a criação de hábitos de divisão de tarefas e bens permite ainda a promoção de valores
como o da liderança responsável, da democracia e do trabalho em equipa, unindo os
elementos num ideal comum, repleto de camaradagem, cumplicidade e amizade.
Bibliografia:
PHILIPPS, Roland, O Sistema de Patrulhas, Edições CNE.
BADEN-POWELL, Robert, Escutismo para Rapazes, Edições CNE.
SCOUTS DE FRANCE, Baden-Powell Hoje – Pistas para um educador no Escutismo, Edições CNE.
202
manualdodirigente
II. ORGANIZAÇÃO
203
manualdodirigente
I. O Sistema de Bandos
a) Características gerais
Os nomes dos Bandos seguem uma ordem fixa: se a Alcateia só tiver dois Ban-
dos, estes devem ter como nome Bando Branco e Bando Cinzento. Ao terceiro
Bando criado chamar-se-á Preto, o quarto será o Castanho e o quinto será o
Ruivo.
b) Número de elementos
A experiência recomenda que cada Bando deve ter entre 5 a 7 lobitos, por uma questão
de funcionamento. De facto, e dada a pouca autonomia dos lobitos, um Bando com
apenas 4 elementos poderia prejudicar o normal funcionamento das actividades (seriam
muito poucos nos jogos, ficariam sobrecarregados em termos dos cargos a desempe-
nhar, etc.). Por outro lado, um Bando com 8 elementos torna a tarefa do Guia muito difícil
de realizar, correndo-se o risco de ser o dirigente a substituí-lo nessa tarefa. Na verdade,
um Guia de Bando tem pouca autonomia e ter tantos elementos a seu cargo implica uma
204
manualdodirigente
Ao formar Bandos, os dirigentes têm de ter em conta sobretudo dois parâmetros: o gé-
nero e a idade.
Sabemos que, na idade dos lobitos, nem sempre é fácil pôr meninos e meninas a traba-
lhar em conjunto, mas esta situação é necessária não apenas porque espelha a socie-
dade a que pertencemos (onde homens e mulheres partilham vivências), mas também
porque ensina as crianças a partilhar e a respeitar o outro. De facto, viver, aprender e
brincar em conjunto com o outro género permite que as crianças exercitem o respeito, a
solidariedade, a tolerância, a partilha, etc.
De facto, e ainda que a heterogeneidade de idades possa criar obstáculos (pode haver
uma grande diferença de interesses ou maturidade), a sua existência pode trazer enor-
mes benefícios:
205
manualdodirigente
Permite o acompanhamento dos mais novos por parte dos mais velhos, que,
ao partilharem o seu conhecimento (ensinando e orientando), desenvolvem o
sentido de solidariedade, tolerância e paciência.
Os Bandos horizontais, ou seja, com lobitos todos da mesma idade e na mesma fase
de desenvolvimento, devem ser evitados. Assim, esta situação só deve ser utilizada em
casos da mais absoluta necessidade. De facto, e ainda que este tipo de Bandos facilite a
integração dos elementos (partilham interesses, gostam das mesmas brincadeiras, etc.),
possui grandes desvantagens:
Na formação dos Bandos, para além do género e da idade, é importante que a Equipa
de Animação tenha em conta critérios como a fase de desenvolvimento das crianças,
empatias e afinidades, proximidade familiar entre elas, laços de amizade, etc. Assim, e
embora a integração na Alcateia seja facilitada pelo facto de as crianças se aproxima-
rem umas das outras de forma espontânea e informal, criando facilmente relações de
amizade, nunca a formação dos Bandos deve ser deixada ao critério delas, porque isso
facilmente conduziria a Bandos desiguais (os mais velhos, os amigos, os irmãos têm
tendência natural para se juntarem). Tendo isto em conta, a distribuição de novos lobitos
pelos Bandos é sempre da responsabilidade da Equipa de Animação.
Depois de formados os Bandos, a Equipa de Animação pode constituí-los, em Alcateia, usando o jogo, o
que, para além de tornar este momento dinâmico e divertido, permite criar nos lobitos a ideia de que,
de alguma forma, contribuíram para esta formação. Eis algumas sugestões:
- Espalhar, por um terreno, fitinhas da cor dos Bandos com o nome de cada lobito. Cada um tem de pro-
curar a fita com o seu nome e deve-se juntar aos elementos que possuem a mesma cor. Ganha o Bando
que primeiro ficar completo.
- Fazer uma pista em que são deixadas mensagens que permitem que os lobitos vão completando os
Bandos (por exemplo, a primeira mensagem pode dizer quem são os guias, a segunda pode dizer que as-
pirantes estão em que Bando, etc.).
- Dar aos lobitos um conjunto de frases que dão indicações precisas sobre quem se deve juntar a quem
(por exemplo, a única lobita que usa tranças deve juntar-se ao único lobito com óculos, etc.)
206
manualdodirigente
Para que este espírito de corpo exista, se forme ou cresça, pode recorrer-se a duas
estratégias:
Eis algumas das ferramentas pedagógicas que se usam para a promoção do Espírito de
Bando e Alcateia:
Canto do Bando
Canto, no Covil, que pertence exclusivamente ao Bando e é da sua responsabilidade.
Só o Bando e a chefia podem aceder a este lugar, que pode estar organizado e deco-
207
manualdodirigente
rado ao gosto dos lobitos (deve-se zelar para que esteja asseado e em ordem). Pode
incluir espaços variados: local de arrumação de materiais (cordas, material escolar, etc.),
quadros variados (de nós, de sinais de pista, de presenças, com colecções), decoração
relacionada com a história da Selva, etc.
Bandeirola
Vara com uma bandeirola em tecido branco, debruado a amarelo, com a cabeça de lobo
desenhada, da cor do Bando. Cada Bando é identificado através de uma vara destas,
que fica guardada num lugar especial no canto do Bando. Sempre que o Bando sai em
actividade, acompanha-o, devendo ser transportada pelo Guia (pode ser transportada
pelo subguia se o Guia estiver incumbido de outras tarefas ou não participar na activi-
dade).
Livro de Ouro
Caderno onde se registam as actividades e acontecimentos marcantes da vida da Alca-
teia, sendo um depósito da história da Unidade. Guarda ainda os nomes dos lobitos que
passaram pela Alcateia, as competências obtidas, etc., através de textos, fotografias e
desenhos. Por fim, aqui se registam também as tradições ou hábitos da Alcateia. Por ser
um 'tesouro', só deve ser aberto de forma cerimoniosa.
Totem pessoal
Seguindo a tradição dos Peles-Vermelhas, tornou-se hábito cada escuteiro adoptar um
totem pessoal, um nome de um animal que personifica as características do escuteiro e
com o qual ele se identifica ou cujas capacidades gostava de ter. É seguido de um adjec-
tivo que deve ser uma característica do escuteiro ou algo que pretenda conquistar.
A nível deste assunto, há divergências de actuação, pelo que exploraremos aqui as três
estratégias que normalmente se usam:
a) Umas Alcateias optam por não utilizar o totem pessoal, deixando o seu uso para a
Expedição. Desta maneira, reforçam o imaginário da 2ª secção, permitindo que os lobitos
desejem novas experiências (BP, aliás, dizia que não se devia dar aos lobitos ferramen-
tas próprias para exploradores);
c) Outras Alcateias utilizam o Totem pessoal, levando cada lobito a escolher um animal
com o qual se identifique ou que goste particularmente, bem como, uma característica
pessoal inata à criança (ex. Lobo distraído, Golfinho Brincalhão, Pantera atento). Assim
se procura levar a Alcateia perceber que todos são diferentes, mas de uma forma positi-
va, ou seja, não existem características boas nem más, mas sim diferentes.
Saudação
A saudação dos lobitos difere da dos escuteiros por usar dois dedos abertos, que repre-
sentam os artigos da Lei do Lobito e as orelhas do lobo, quando está atento. Assim se
relaciona este símbolo com o imaginário da secção e se reforça a coesão por se tratar
de um 'sinal secreto' (B.-P., Manual do Lobito, 23), cujo significado só os lobitos conhe-
cem. Os membros da Equipa de Animação da Alcateia usam a saudação normal, salvo
quando saúdam os lobitos, situação em que, por razões de ordem educativa, utilizarão a
saudação específica da I Secção.
Cerimoniais e formaturas
Na Alcateia há cerimoniais e formaturas específicos que ajudam a criar o sentido de
corpo. Para além da Promessa, que segue um cerimonial próprio e diferente do das
outras secções (ver livro de cerimoniais do CNE ), existem o Grande Uivo, do Círculo de
Conselho e do Círculo de Parada. Eis as suas características gerais:
GRANDE UIVO
É a saudação colectiva que os lobitos fazem habitualmente aos seus Chefes ou a um
visitante. Executa-se da seguinte maneira:
a) Por ordem de Àquêlá, o Guia designado pelo Conselho de Guias, ou na falta deste, o
Guia mais antigo (ou outro Guia) gritará com tom agudo e prolongado: «A-la-iii...»;
209
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b) Ao ouvir este grito, todos os Lobitos, correndo e uivando "Hiauuu" formam o Círculo
de Parada em torno de Àquêlá, por Bandos, ficando cada Guia à direita do seu Bando
e os Bandos à esquerda uns dos outros pela ordem seguinte: branco, cinzento, preto,
castanho e ruivo;
c) Formando o Círculo, ao grito de "Àquêlá" soltado pelo Guia designado, todos os lobitos
se acocoram, ficando com os calcanhares unidos e levantados, joelhos afastados, pon-
tas dos dedos em apoio no solo. Imitam assim a posição do Lobo sentado. A face deve
estar erguida para o Chefe fitando-o com satisfação;
d) Logo que tomam esta posição os lobitos gritam a plenos pulmões, uníssona e pausa-
damente: "Àquêlá! Serei melhor! melhor! melhor!";
e) Ao gritar "melhor" pela terceira vez, todos se levantam num movimento rápido e si-
multâneo, ficando bem direitos, com as mãos aos lados da cabeça, em saudação dupla,
imitando as orelhas de um Lobo;
g) Num grito prolongado, todos respondem: "Sim... (e baixando o braço esquerdo) cov,
cov, cov, cov! (com vontade)". E baixando o braço direito, ficam em sentido, aguardando
as ordens de Àquêlá.
CÍRCULO DE CONSELHO
É formado pelos lobitos, colocados na mesma disposição do Grande Uivo, e deve
ter de cinco a sete passos de diâmetro, consoante o número de lobitos. O local que
Àquêlá ocupa no centro do Círculo denomina-se Rocha do Conselho e é demarcado
por um pequeno círculo de pedras ou de giz traçado no solo. Os lobitos formam o
Círculo do Conselho para receber instruções ou ouvir belas histórias contadas por
Àquêlá.
O Guia de Bando designado orientará a formação do Círculo de Conselho, procedendo
como nas alíneas a) e b) do Grande Uivo. À voz de "lobitos! Formar Conselho", dada pelo
Chefe de Alcateia, os lobitos dão um a dois passos para o centro do Círculo.
CÍRCULO DE PARADA
O Círculo de Parada destina-se à execução das Danças da Selva, de certos jogos e ce-
rimónias e forma-se como se descreve nas alíneas a) e b) do Grande Uivo.
210
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“Já vedes que numa Alcateia cada lobo tem o seu ofício. (...). Eis, pois,
em resumo, o dever principal dum Escuta: desempenhar o seu papel
naquilo que lhe compete.”
Baden-Powell, Manual do Lobito, 32
Será esse um dos grandes objectivos da metodologia do Sistema de Bandos: que cada
lobito cresça consciente do seu valor e do seu lugar na sociedade, tendo sempre por
base a alegria, o respeito pelos outros, a partilha e a fraternidade. Assim, é-lhe proporcio-
nado um crescimento e uma valorização pessoal que servirão de pilares para a vida.
a) O Cargo
Dentro do Bando, é conveniente que todos possuam um cargo, na medida em que este
constitui uma forma de motivar a participação do escuteiro e de desenvolver o seu senti-
do de responsabilidade individual e de utilidade para o bem-estar dos outros.
CARGO
Por cargo, entende-se a responsabilidade que é atribuída a cada elemento de for-
ma fixa e estável ao longo de, pelo menos, seis meses (socorrista, tesoureiro, ani-
mador, etc.). O exercício de um cargo implica o uso da insígnia correspondente.
Dentro do Bando, é conveniente que todos possuam um cargo, já que, através dele, po-
demos motivar os lobitos e ajudá-los a desenvolver o seu sentido de responsabilidade.
211
manualdodirigente
Note-se, contudo, que cada lobito não deve desempenhar mais do que um cargo de cada
vez, para que não fique sobrecarregado. A única excepção é o subguia que, por ser, na
maioria da vezes, um adjunto, pode ter uma outra responsabilidade, só sua.
Estes cargos devem ser rotativos, para que cada lobito possa crescer em diversas áreas
de desenvolvimento. Assim, não é aconselhável que um lobito desempenhe sempre o
mesmo cargo ao longo dos anos que permanece na Alcateia.
- pode haver necessidade de organizar ateliers ou criar actividades específicas para cada cargo, para
que os lobitos possam desenvolver ao máximo as suas capacidades, aprendendo mais sobre as suas res-
ponsabilidades e pondo em prática as tarefas que lhes competem (um lobito que não possa exercer o
seu cargo em nenhuma circunstância facilmente se desinteressa, a este nível);
- há que avaliar as reais capacidades de cada lobito, sob pena de algum poder ficar frustrado ou começar
a rejeitar as tarefas que lhe foram atribuídas (por exemplo, um lobito muito tímido pode ter grandes
dificuldades em exercer o cargo de animador).
212
manualdodirigente
Cargos básicos
1. Guia
O cargo de Guia é muito importante na Alcateia, na medida em que permite que a lideran-
ça comece a ser treinada desde a infância. Note-se, contudo, que os lobitos demonstram
muitas dificuldades neste domínio, pelo que devem ser constantemente ajudados pelos
dirigentes, que devem estar presentes em todos os momentos.
213
manualdodirigente
Quem dirige o Bando não é o chefe, mas sim o Guia. Há que resistir à tentação
de substituir o Guia nas tarefas de liderança quando se verifica que ele tem difi-
culdades a este nível. Compete ao dirigente estar presente e ensiná-lo a liderar
(dando-lhe sugestões, por exemplo), mas não o substituindo. Esta formação
pode ter momentos próprios, na medida em que podem ser criados ateliês ou
discutidos assuntos específicos no Conselho de Guias (por exemplo, como se
deve portar um Guia, como ajudar os mais novos, etc.).
O Guia de Alcateia
Sempre que a Equipa de Animação julgar necessário, pode ser nomeado um Guia de Al-
cateia, que deve ser eleito entre os Guias. Este cargo é exercido durante o ano escutista
em que o Guia é eleito, mas pode terminar se o lobito assim entender ou se Conselho
de Guias o decidir. A existência deste Guia pode revelar-se interessante, na medida em
que pode permitir à Equipa de Animação exercitar de forma especial a liderança com
algum lobito.
2. SubGuia
O Guia tem por braço direito o Subguia, que o auxilia e substitui em caso de ausência.
Esta responsabilidade reveste-se, assim, de especial importância, na medida em que um
lobito que a tenha deve estar atento à evolução do Bando e desenvolver as suas capa-
cidades de liderança, que pode ter de usar a qualquer momento. Contudo, e como este
214
manualdodirigente
cargo não implica uma responsabilização constante, o lobito que o desempenha pode
acumulá-lo com outro cargo dentro do Bando.
Para que Guia e Subguia consigam trabalhar em conjunto, devem conhecer-se bem.
Isto implica que o Subguia deve ser escolhido pelo Guia, que terá tendência a escolher
alguém com quem tem afinidades. Note-se, contudo, que tanto o Bando como os dirigen-
tes devem dar a sua opinião acerca desta escolha.
3. Secretário/cronista
É o especialista do Bando na área da documentação e da comunicação básica. Tem
como principais tarefas:
4. Tesoureiro
É o especialista do Bando na área económica. Tem como principais tarefas:
5. Guarda de material
É o responsável pela conservação do seu material e equipamento. Tem como principais
tarefas:
215
manualdodirigente
Cargos complementares
1. Animador
É o responsável por ajudar o Bando em todos os momentos de animação. Tem como
principais tarefas:
2. Socorrista/Botica
É o responsável pela saúde do Bando. Tem como principais tarefas:
3. Intendente
É o especialista do Bando na área gastronómica. Tem como principais tarefas:
4. Informático
É o especialista de comunicação e procura de informação do Bando. Tem como princi-
pais tarefas:
216
manualdodirigente
b) A Função
Durante uma Caçada, pode surgir necessidade de realizar tarefas específicas que impli-
quem o exercício de funções.
FUNÇÃO
Por função entende-se uma responsabilidade temporária que é atribuída a cada
lobito. Assim, por exemplo, numa Caçada que contemple um acampamento, pode
haver necessidade de existir um ou mais guardas de material, socorristas, etc.
É possível que cada lobito desempenhe mais do que uma função (o guarda de
material pode ser também o encarregado das construções, o animador pode ser
também treinador, etc.). O exercício de uma função não é acompanhado pelo uso
de uma insígnia.
FUNÇÃO ÁREA PRINCIPAL OUTRAS ÁREAS BREVE DESCRIÇÃO DAS SUAS TAREFAS
Trata do painel da caçada, regista o que vai
Secretário Intelectual Carácter, Social acontecendo e prepara um resumo do que
aconteceu para a avaliação.
Documenta uma actividade através de um texto
e/ou fotografias ou desenhos.
Repórter Intelectual Carácter, Social
Coordena um jornal de parede ou de papel do
Bando.
Estabelece contactos com outros Bandos, sec-
Relações ções, grupos, agrupamentos, entidades, etc.,
Intelectual Carácter, Social
públicas na companhia (ou com aviso prévio) dos diri-
gentes.
Participa na orçamentação da actividade, aju-
Tesoureiro Intelectual Carácter, Social dando a controlar contas e pagamentos, para
depois poder informar o tesoureiro do Bando..
217
manualdodirigente
FUNÇÃO ÁREA PRINCIPAL OUTRAS ÁREAS BREVE DESCRIÇÃO DAS SUAS TAREFAS
Prepara a lista de material que o Bando leva
para uma actividade, tentando com isso iden-
tificar falhas. Em campo é o responsável pelo
Guarda de
Intelectual Carácter, Físico estaleiro de material e por alertar todos os lo-
material
bitos do Bando para os cuidados a ter com a
utilização do equipamento e para a segurança
dos elementos.
Memoriza poemas, músicas, danças e/ou gri-
Carácter, Social, tos de animação para poder animar momentos
Animador Espiritual
Afectivo dinâmicos e de reflexão e oração da Alcateia
ou o Bando.
Procura pesquisar formas de apresentação
dramática e coordena as apresentações na
Saltimbanco Afectivo Carácter, Social Flor Vermelha (Fogo de Conselho), sendo o
responsável por verificar as vestes e outros
elementos cénicos.
É o responsável pela mala de primeiros so-
corros do Bando, procurando verificar onde
está o material que deve ter, se este está bem
Carácter, Social, guardado e qual o seu prazo de validade.
Socorrista Físico
Intelectual Deve saber para que serve cada objecto e o
seu modo de aplicação (por exemplo, como se
usa um termómetro), informando-se quando
não sabe.
Ajuda os dirigentes a tratar do lixo e verifica se
os outros lobitos do Bando são responsáveis a
Ambientalista Social Carácter
nível dos cuidados ambientais (se não deixam
lixo espalhado, se protegem as plantas, etc.).
Ajuda a programar as compras alimentares
para uma actividade, informando-se sobre os
Intendente Intelectual Carácter, Físico melhores locais de compra e preços. Distribui
ingredientes pelos elementos do Bando, nas
saídas em que cada um leva o seu almoço.
Faz pesquisas sobre construções simples que
o Bando pode ajudar a fazer.
Encarre- Ajuda os dirigentes a analisar as condições
gado das Intelectual Carácter, Físico físicas do local das actividades, para ver onde
construções se devem montar as construções.
Coordena algumas montagens (tendas, por
exemplo). ens (tendas, por exemplo).do.
Ajuda a elaborar e organizar documentos in-
formáticos (por exemplo, listas de material)
necessários para a actividade.
Informático Intelectual Carácter
Ajuda a enriquecer os conteúdos do site de
Agrupamento/Alcateia ou um jornal de pare-
de.
Ajuda os dirigentes na cozinha, preparando
Carácter, alguns alimentos.
Cozinheiro Físico
Intelectual Colaborar com a construção da ementa para
a Actividade.
Conhece vários jogos que se podem fazer em
Carácter,
Treinador Físico qualquer altura.
Intelectual
Ajuda a orientar a ginástica matinal.
Ajuda a coordenar os meios de transporte para
o local.
Explorador Intelectual Carácter, Físico Ajuda os dirigentes a analisar as condições do
local da actividade em coordenação com o en-
carregado de construções.
É o principal responsável pela descodificação
Descodifica
Intelectual Carácter, Físico de mensagens, nas actividades. Inventa novos
-dor
códigos.
Ajuda a definir trajectos a seguir, incluindo pa-
ragens para descanso e alimentação.
Navegador Intelectual Carácter, Físico
Conhece bem os sinais de pista e ajuda a
orientar o Bando.
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manualdodirigente
O desempenho de uma função pode ser feito pelo lobito que detém o cargo relacionado
com ela (por exemplo, o tesoureiro pode ser o financeiro, o cozinheiro pode ser o inten-
dente, etc.), mas esta situação não é obrigatória (o tesoureiro do Bando pode, numa
actividade, ter a função de cozinheiro, por exemplo). No entanto, isto não significa que
o detentor do cargo fique sem responsabilidade: um tesoureiro de Bando tem sempre a
obrigação de ajudar o lobito que vai desempenhar a função de financeiro e de controlar,
com a ajuda dos dirigentes, o que vai acontecendo.
Funções (lista apenas Secretário, repórter, financeiro, guarda do material, animador, sal-
ilustrativa) timbanco, cozinheiro, ambientalista, socorrista, intendente, informá-
tico, encarregado das construções, treinador, explorador, navega-
dor, etc.
219
manualdodirigente
À frente de cada Alcateia está sempre um Chefe de Unidade, o seu Adjunto e outros
instrutores necessários (que podem ser dirigentes ou candidatos a dirigente). Atendendo
a que as Unidades são mistas, é fundamental que a Equipa de Animação também o seja,
não só porque é importante que seja representativa da sociedade em que a Unidade se
insere, que representa, mas também porque podem ocorrer situações em que a presen-
ça de um único género crie algum desconforto nos lobitos.
Para além disto, todos terão nomes dos animais da história de Máugli, no «Livro da Sel-
va» de Rudyard Kipling, devendo ser tratados pelos lobitos por esses nomes (na Alcateia
não há homens, só animais, pelo que não faz sentido usar nomes de homem).
- Nenhum dirigente pode assumir o nome de Máugli (os lobitos identificam-se com
o Menino-Lobo, querendo ser como ele, pelo que não faz sentido esta figura ser
associada a um dirigente).
Atendendo à idade dos lobitos, ainda pouco autónomos, a Equipa de Animação tem
competências bastante alargadas e uma responsabilidade acrescida.
220
manualdodirigente
Elaborar o plano educativo anual da Alcateia, tendo em conta outros planos (de
Agrupamento, Regional, de Núcleo, Nacional).
Procurar ter uma relação pessoal com cada lobito de forma a conhecer as cir-
cunstâncias da sua vida e cultivar o conhecimento próximo de cada um para
poder desenvolver e potenciar as suas qualidades e capacidades.
Orientar cada lobito a nível de todas as tarefas que lhe competem, desde as
inerentes ao seu cargo/função, até às mais rotineiras (como vestir/despir, arru-
mar saco-cama, etc.), para que adquiram mais autonomia (pode ser necessá-
rio integrar estes ensinamentos no plano educativo da Alcateia: só depois de
aprenderem as coisas rotineiras e simples é que os lobitos deverão avançar
para tarefas mais escutistas).
221
manualdodirigente
Tanto nas reuniões com tema como nas reuniões de preparação de Caçadas (ver ca-
pítulo 'aprender fazendo’), há espaço para diversos tipos de encontro entre lobitos. Em
actividades ao ar livre, o espaço preferencial, mas, também, na sede, na intimidade do
Bando ou entre a Alcateia. Falamos, aqui, das reuniões de Bando e dos Conselhos de
Guias e de Alcateia, momentos importantes de crescimento.
a) Reunião de Bando
Uma reunião de Bando deve ter, no máximo, 20 minutos e é nela que o Guia conversa
com o Bando sobre os assuntos do Conselho de Guias: promessas, actividades, projec-
tos, angariações de fundos, etc. Também pode ser usada para preparar as propostas
do Bando para as Caçadas ou para realizar um ateliê. Assim se estimula o diálogo, a
cooperação e responsabilidade, a auto-gestão, a organização, a participação de todos e
a capacidade crítica.
b) Conselho de Guias
Tal como nas outras secções, o Conselho de Guias reveste-se de especial importância
na Alcateia, já que é o órgão consultivo que, sob a coordenação de Àquêlá, orienta a vida
da Alcateia, competindo-lhe:
222
manualdodirigente
Fixar os critérios para a escolha do Guia de Bando que orienta o Grande Uivo,
o Círculo de Conselho e o Círculo de Parada.
Este Conselho é formado por um número variável de membros, devendo ter-se em aten-
ção a constituição da Alcateia. Nele têm assento sempre a Equipa de Animação e os
Guias, mas, se os Bandos forem apenas dois ou três, os Subguias também poderão
participar.
Quem preside ao Conselho de Guias é Àquêlá, mas deve procurar que o Guia
de Alcateia, se existir, o auxilie na coordenação dos trabalhos. Note-se que, para
garantir uma boa reunião, é essencial que a Equipa de Animação a prepare con-
venientemente.
A sua periodicidade deve ser estipulada pelo próprio Conselho. No entanto, seria dese-
jável que fosse semanal (diária, em campo), devendo ocorrer meia hora antes ou depois
da reunião da Alcateia, para evitar que esta última seja prejudicada pela ausência de
dirigentes e Guias. Se for antes, servirá sobretudo para preparar actividades; se for de-
pois, deve servir para avaliar o que foi feito. Eis um possível horário para um Conselho
de Guias:
5 minutos Informações
c) Conselho de Alcateia
O Conselho de Alcateia é o órgão deliberativo máximo da Alcateia, tendo, por isso, muita
importância. De facto, aqui tomam-se todas as decisões sobre a Alcateia (como a esco-
lha da Caçada). É realizado sempre que necessário (para escolher e avaliar as Caçadas,
quando é necessário analisar o trabalho dos Bandos, receber novos elementos, etc.) e
nele têm assento todos os lobitos e a Equipa de Animação, sendo que todos podem dar
a sua opinião. Assim se estimula a vivência comunitária e o sentido de participação de-
mocrática e se desenvolve a capacidade crítica e de avaliação e o respeito pelas ideias
e opiniões alheias.
V. Sede
Embora o território do Bando deva ser a Natureza, nem sempre é possível estar sempre
em contacto com ela. Deve existir, assim, um local de reunião da Alcateia, o Covil, que
deverá ser, tanto quanto possível, um espaço próprio decorado de acordo com o imagi-
nário da História da Selva, incluindo representação dos animais da Selva. Este ambiente
de selva é fundamental, na medida em que permite o envolvimento do lobito na mística
e imaginário da Secção.
No Covil, deve haver lugar para os cantos dos Bandos, espaço exclusivo para a chefia
(estante, armário, baú), espaço comum para reuniões de Conselhos de Alcateia, de
Guias e de Equipa de Animação. Para além disto, convém que tenha espaço para o To-
tem da Alcateia, Rocha do Conselho e oratório e cartazes para o progresso individual, o
plano anual, a Lei e as Máximas do lobito, imagem de Baden-Powell, etc.
224
manualdodirigente
Na vida da Alcateia os lugares, os espaços, os momentos devem estar associados a locais da Jangal onde
têm lugar momentos importantes da vida de Máugli, da Alcateia de Seiôuni, e de todos os animais. O Covil
pode, assim, assemelharse a um local onde existem os diversos espaços da Selva:
- A Rocha do Conselho é o círculo que marca o espaço onde toda a Alcateia se reúne para tomar as
decisões importantes. Na Rocha do Conselho posiciona-se Àquêlá e à volta dele, em círculo de Conselho,
está toda a Alcateia. É neste espaço que têm lugar as reuniões do Conselho de Alcateia.
- A Rocha da Paz é local de paz entre todo: na Alcateia, pode marcar o sítio onde os lobitos vão re-
solver os seus problemas uns com os outros, sendo, assim o local da reconciliação. Pode também ser o
oratório.
As Moradas Frias, local onde não há lei, pode ser o nome dado ao local do castigo na Alcateia: é aquele
sítio para onde ninguém quer ir porque é sinónimo de ser um Bândarlougue.
- A Aldeia dos Homens é o espaço exterior ao Covil. É um sítio desconhecido, potencialmente perigoso a
que os lobitos vão tendo cada vez mais acesso à medida que vão crescendo.
Bibliografia:
Alaiii, Edições CNE.
BADEN-POWELL, R. S. S., Manual do Lobito. Edições CNE.
BARCLAY, Vera, Sabedoria da Selva. Edições CNE.
Cadernos de Função, Edições CNE.
Celebrações do CNE, Edições CNE.
PHILIPS, Roland, O sistema de patrulhas, Edições CNE.
Regulamentos do CNE
THURMAN, John, O conselho de guias, Edições CNE.
Miguel Lontro
225
manualdodirigente
I. Constituição
a) Nome
No CNE a designação 'Patrulha' é diferente em cada uma das secções para que esteja
mais de acordo com o enquadramento simbólico adoptado para cada secção.
Ao conjunto formado por estes pequenos grupos, a que se junta a Equipa de Animação,
chamamos, genericamente, Unidade.
226
manualdodirigente
Neste sentido, qualquer escolha deve ser consciente e pensada e deve ser justificada
à Comunidade e à Equipa de Animação, referindo-se as qualidades do Patrono e as
características que os pioneiros poderão imitar. Para a escolha de nomes apropria-
dos, há listas de sugestões no sítio oficial do CNE.
As Tribos são um pequeno grupo de elementos que partilha ideais, tradições e respon-
sabilidades, criando, a partir daí, uma identidade própria. Esta identidade passa pela
existência de um Patrono– nome de um santo da Igreja (como Santa Zita), benemérito
da Humanidade (Jean Henri Dunant, por exemplo) ou herói nacional (como Aristides
de Sousa Mendes), escolhido pela Tribo – que as identifica e que as distingue dentro
do Clã. Este Patrono deve ter características com as quais a Tribo se identifique e cuja
vida conheça, revelando-se um exemplo que os caminheiros procuram seguir. Para a
escolha de nomes apropriados, há listas de sugestões no sítio oficial do CNE.
227
manualdodirigente
b) Número de elementos
Muito embora não se possa definir o número ideal de elementos de uma Patrulha, Equipa
ou Tribo, a experiência recomenda que esse número esteja compreendido entre 5 a 8
elementos. Isto por uma questão de funcionamento – a quantidade de tarefas a realizar
por Patrulhas/Equipas/Tribos exige um número mínimo de elementos e não permite, por
outro lado, que eles sejam muitos –, mas, também, por uma questão de convenção –
para melhor funcionamento e harmonização colectiva.
Note-se, contudo, que, apesar desta adaptação natural, a distribuição de novos elemen-
tos pelas Patrulhas/Equipas/Tribos é sempre da responsabilidade da Equipa de Anima-
ção, ouvido o Conselho de Guias, na medida em que é ela que tem noção clara das
características e necessidades da Unidade e de cada elemento, em particular.
Para formar as Patrulhas/Equipas/Tribos, por que não recorrer a um jogo? Eis um exemplo:
Depois de observado o grupo, a Equipa de Animação forma as Patrulhas/Equipas/Tribos, mas não informa
a Unidade sobre isto. Apresenta-lhe, sim, um conjunto de critérios que é preciso cumprir para formar
as Patrulhas/Equipas/Tribos (por exemplo, critérios de idade e género, interesses, características
físicas, etc.). Estes critérios induzem os elementos a escolher-se uns aos outros, de acordo com a
formação inicial da Equipa de Animação, na medida em que são exclusivos (por exemplo, uma Patrulha é
formada a partir de características únicas: o único rapaz de olhos azuis + o único rapaz que anda na
banda + a única rapariga que anda no ballet, etc.).
Isto permite que a Equipa de Animação determine a formação das Patrulhas/Equipas/Tribos, mas que
os elementos pensem que tiveram um papel nessa formação.
228
manualdodirigente
O género
A idade
229
manualdodirigente
Compete aos elementos mais velhos, olhados como exemplo a seguir, ensinar
e orientar os mais novos e dar testemunho dos costumes que vão sendo cons-
truídos no seio da Patrulha/Equipa/Tribo. Assim se estimula a solidariedade e se
mantêm as tradições, que vão permitir a conservação da memória colectiva e a
formação de espírito de corpo ao longo da vida.
d) O espírito de Patrulha/Equipa/Tribo
São várias as imagens que podem utilizar-se para ilustrar a valia pedagógica e o que se
entende por “espírito de Patrulha/Equipa/Tribo”, ou aquilo que vulgarmente se chama de
“espírito de corpo” – a rede de identidades, de cumplicidades, de hábitos e tradições que
dão coerência e são factor de unificação dos elementos de um determinado grupo.
Pode dizer-se que uma Patrulha/Equipa/Tribo se assemelha a um corpo humano: cada
órgão e cada membro tem a sua função e todos funcionam para o mesmo objectivo, mas,
se um deles adoece, todo o corpo sofre com isso e deixa de funcionar perfeitamente. São
Paulo, na Carta aos Romanos (Rm 12, 3-8), utiliza exactamente essa imagem.
O mesmo se passa com uma Patrulha/Equipa/Tribo que não tenha espírito de corpo:
se os seus elementos não sentem que funcionam como um corpo, que pertencem a um
230
manualdodirigente
Para que esse espírito de corpo exista, se forme ou cresça, pode recorrer-se a dois tipos
de acções:
- Totem ou Patrono
Totem é o animal que cada Patrulha escolhe para lhe servir de identificação, como
vimos anteriormente. O Patrono, por seu lado, é a individualidade escolhida por
Equipas ou Tribos como exemplo a seguir, pelas suas características de vida.
Tanto num caso como no outro, o conhecimento aprofundado das características
e qualidades que vão servir de exemplo aos escuteiros reforça o espírito de cor-
po: todos partilham de um ideal de vida a seguir que é comum a toda a Patrulha/
Equipa/Tribo.
- Divisa ou Lema
Frase escolhida de acordo com o nome da Patrulha e da Equipa. No caso dos ex-
ploradores, deverá fazer referência às características mais evidentes do Totem,
funcionando como um objectivo que a Patrulha pretende alcançar (por exemplo,
a Patrulha Puma poderá ter como divisa ‘Com as quatro patas a correr, o nosso
destino é vencer!’). Nos pioneiros, a Divisa ou Lema deve procurar ser um mote
de vida do Patrono (por exemplo, a Equipa de Gago Coutinho poderia ter como
divisa ‘Mais longe e mais alto!’).
- Grito
do pelo Guia para informar que a Patrulha está pronta para ouvir e se apresen-
tar. Salientava B.-P., no Escutismo para Rapazes, que “nenhum Escuteiro poderá
servir-se do grito de Patrulha que não seja a sua”.
- Bandeirola
- Livro de Ouro
- Totens pessoais
- Canto de Patrulha/Equipa/Tribo
Nos exploradores, pode ainda ter um nome associado ao totem – ‘Ninho do Cor-
vo’, ‘Ramo da Serpente’, ‘Covil do Lobo’, ‘Toca da Raposa’, etc.
- Quadro Inter-patrulhas/Inter-equipas
233
manualdodirigente
Ricardo Perna
Bibliografia:
Regulamento Geral do CNE
Mística e Simbologia do CNE, Edições CNE.
BADEN-POWELL, Robert, Escutismo para Rapazes, Edições CNE.
PHILIPS, Roland, O Sistema de Patrulhas, Edições CNE.
SCOUTS DE FRANCE, Baden-Powell Hoje, Edições CNE.
“Por ele cada rapaz é levado a ver que tem uma responsabilidade indi-
vidual para bem da sua Patrulha.”
Aids.WB.4
a) O Cargo
Dentro da Patrulha/Equipa/Tribo, é conveniente que todos possuam um cargo, na medi-
da em que este constitui uma forma de motivar o escuteiro a participar nas actividades
do grupo e a desenvolver o seu sentido de responsabilidade individual e de utilidade
para o bem-estar dos outros. Neste sentido, é importante que haja um conjunto variado
de cargos, por forma a satisfazer as necessidades dos grupos e os interesses e aptidões
de todos os escuteiros.
Conceito de CARGO
Sugestão:
O exercício de um cargo privilegia sempre o crescimento numa determinada área de desenvolvimento (ser
Guia, por exemplo, potencia o crescimento sobretudo a nível da gestão, liderança, etc.), podendo ainda
potenciar o aperfeiçoamento de outras áreas. Nesta medida, o cargo é uma ferramenta pedagógica
específica que a Equipa de Animação poderá utilizar para desenvolver em cada elemento aspectos
específicos. Assim sendo, pode dar a um escuteiro, tendo em atenção as suas capacidades e desenvol-
vimento, um cargo que o possa incentivar a desenvolver determinadas características e competências
numa área em que pode revelar dificuldades.
Guia,
Subguia,
Secretário/Cronista,
Tesoureiro,
Guarda de material.
235
manualdodirigente
Animador,
Socorrista/Botica,
Intendente
Informático.
Os cargos devem ser exercidos de forma rotativa, para que os escuteiros am-
pliem os seus conhecimentos e competências nas diversas áreas de desenvol-
vimento.
Sugestão:
A Equipa de Animação deverá considerar a oportunidade de organizar ateliês para cada cargo, recor-
rendo, por exemplo, aos elementos que desempenharam esses mesmos cargos no ano anterior, a outros
dirigentes, pais, etc. As actividades da secção devem também contemplar a possibilidade de explorar as
diversas tarefas inerentes a cada cargo (podem até ser criadas actividades específicas para apro-
fundar cada um).
Cargos básicos
1.Guia
236
manualdodirigente
O cargo de Guia é muito importante, pela capacidade de liderança que implica. De facto,
numa Unidade onde é correctamente implementado o Sistema de Patrulhas, o dirigente
tem no Guia um grande aliado na condução do grupo: ele actua como intermediário en-
tre a Equipa de Animação e os restantes escuteiros e é a ele que compete (e nunca ao
dirigente) a liderança da Patrulha/Equipa/Tribo.
Boa prática:
Quando necessita de dar uma ordem ou informação, o dirigente deve sempre comunicá-la aos Guias para
que estes a façam chegar aos elementos da Patrulha/Equipa/Tribo. Nunca deve falar para a Unidade
como se todos fossem iguais: se o fizer, que valor dá aos Guias?
Ao Guia compete:
O 'poder' que o cargo de Guia tem atrai, por norma, todos os elementos de Patrulha/Equi-
pa/Tribo, que assim aspiram a vir a exercer tarefas contínuas de liderança. No entanto,
e pelas consequências negativas que uma má escolha acarreta, há que ter especial
atenção à sua eleição, que deve ser secreta. De facto, um mau Guia, incapaz de liderar,
de assumir a Lei ou de assumir responsabilidades, dá origem a Patrulhas/Equipas/Tribos
fracas, desorganizadas ou que não conhecem o valor do espírito de corpo. Para evitar
más lideranças, o chefe deve promover momentos de formação para os seus Guias.
Estes momentos podem passar por encontros de formação específica para Guias ou
podem surgir nos Conselhos de Guias.
Para além do Guia de Patrulha/Equipa/Tribo, a Unidade ainda pode ter um guia de Expe-
dição, Comunidade ou de Clã (adiante designado Guia de Unidade) que deve ser eleito,
de entre os Guias, por voto secreto individual e em Conselho da Unidade. O seu mandato
termina no final do ano escutista em foi eleito, mas pode ser interrompido por decisão do
próprio ou por determinação do Conselho de Guias.
Apesar de a sua existência não ser obrigatória, o Guia da Unidade é uma mais valia para
a Equipa de Animação, uma vez que exerce funções de liderança e aconselhamento:
coopera com todos os Guias na interpretação das dificuldades e valências de cada um
dos elementos, actua como elo de ligação entre os escuteiros e a Equipa de Animação
e representa toda a Unidade. Por esta razão, deve revelar capacidades de liderança e
organização, sendo um exemplo a seguir para os outros, tanto na sua postura, como no
seu progresso pessoal.
2.Subguia
O Guia é acompanhado, na sua função de liderança, pelo Subguia, um elemento da
Patrulha/Equipa/Tribo que o co-adjuva e substitui em caso de ausência. Esta função
reveste-se, assim, de especial importância.
Para que entre Guia e Subguia haja um espírito forte de união e cooperação, é essencial
que ambos se conheçam bem. Por essa razão, o Subguia não deve resultar de uma im-
posição do dirigente ou de uma eleição da Patrulha/Equipa/Tribo: deve, sim, ser uma es-
colha pessoal do Guia, que tende naturalmente a seleccionar um amigo ou um elemento
com quem tem afinidades. Assim se promove a complementaridade e interajuda.
3.Secretário/Cronista
É o especialista na área da comunicação escrita, oral e audiovisual. Terá como principais
atribuições:
239
manualdodirigente
4. Tesoureiro
É o especialista na área da intervenção económica. Terá como principais atribuições:
5. Guarda de material
É o perito na conservação do material da Patrulha/Equipa/Tribo. Terá como principais
atribuições:
Inventariar o material;
Controlar as saídas de material de Patrulha/Equipa/Tribo;
Zelar pelo bom estado de conservação do material;
Prever o material necessário para as actividades;
Requisitar o material para as actividades de Patrulha/Equipa/Tribo.
Cargos complementares
1. Animador
É o guardião das tradições da Patrulha/Equipa/Tribo. Tem como principais atribuições:
2. Socorrista/Botica
É o técnico de saúde da Patrulha/Equipa/Tribo. Terá como principais atribuições:
3. Intendente
É o especialista na área gastronómica. Terá como principais atribuições:
4.Informático
É o especialista no relacionamento com pessoas e entidades exteriores. Terá como prin-
cipais atribuições:
Auxiliar o Secretário a estabelecer contactos, nos mais diversos níveis com en-
tidades exteriores;
Pesquisar e compilar, em formato electrónico, informação relativa a locais de
realização de actividades (informação histórica, cultural), mantendo um ficheiro
actualizado;
Manter informações sobre a Patrulha/Equipa/Tribo na Internet, sob supervisão
do dirigente (site de Patrulha/Equipa/Tribo, Blog, correio electrónico, etc.);
Gerir os ficheiros informáticos usados (documentos, imagens, cartazes, fotogra-
fias, etc.), em colaboração estreita com o Secretário/Cronista e o Tesoureiro da
Patrulha/Equipa/Tribo.
Em resumo:
Distribuição dos cargos Pelo Guia eleito. Recomenda-se um cargo por jovem, e todos
os jovens têm de ter um cargo.
b) A Função
Conceito de FUNÇÃO
Também elas, à semelhança dos cargos, estão intimamente ligadas a determinadas áre-
as de desenvolvimento, podendo ser usadas como ferramentas de auxílio à progressão
de cada elemento.
Da mesma forma que um Guia de Patrulha/Equipa/Tribo não pode acumular outros car-
gos, também ninguém pode ter a função de Guia.
242
manualdodirigente
Note-se que a existência de funções implica que o detentor de um cargo pode optar
por assumir uma função (com características e tarefas diferentes das do seu cargo)
numa actividade específica. Contudo, isto não diminui as suas responsabilidades:
se alguém assumir a função de realizar as suas tarefas, ele, como detentor do
cargo, deve vigiar o que é feito. Por exemplo: o João tem o cargo de Tesoureiro e
pediu para ter a função de Socorrista num acampamento. A Luísa, por seu lado,
pediu para ter a função de Tesoureira nessa mesma actividade. Como o detentor
do cargo de Tesoureiro é o João, ele deve zelar para que o trabalho da Luísa seja
bem feito nessa actividade. Assim, compete-lhe ajudá-la (caso ela não saiba o que
fazer) e, no fim da actividade, deve reunir com ela para analisar o orçamento feito,
avaliar as necessidades de fundos e receber e conferir as contas.
Nesta dinâmica, não se prevê que o exercício de uma função seja acompanhado pelo
uso de qualquer insígnia correspondente.
Boa prática:
Para que cada um saiba exactamente o que fazer e quando fazer, o dirigente pode sugerir aos seus
Guias a elaboração de escalas de serviço nas actividades que o justificarem. Esta ferramenta permite
aumentar a eficácia de Patrulha/Equipa/Tribo (cada um tem noção exacta da sua responsabilidade) e
ajuda a reforçar o espírito de corpo, já que todos se sentem a contribuir para o bem do grupo.
244
manualdodirigente
Em resumo:
a) Constituição
A dimensão das Equipas de Animação dependerá do efectivo da Unidade, bem como das
idades dos elementos que compõem essa mesma Unidade. Contudo, deve haver sem-
pre um Chefe de Unidade, que pode ser coadjuvado por um Chefe de Unidade Adjunto,
Instrutores e Candidatos a Dirigente.
Na Expedição, aconselha-se a que haja um animador adulto por cada Patrulha, in-
cluindo o próprio Chefe de Expedição. Assim, para um grupo com 4 Patrulhas devem
existir 4 dirigentes. Nos casos em que não é possível cumprir esta indicação, a Equipa
de Animação deve ter, no mínimo, Chefe de Unidade e um outro elemento adjunto
(investido ou em formação).
245
manualdodirigente
b) Competências
Por isso, para que os objectivos traçados sejam alcançados e para que se tenha uma
Unidade motivada, é importante que a Equipa de Animação reúna com frequência, não
permitindo que vigore o improviso (que deve surgir apenas numa situação inesperada e
não ser a regra).
O espírito de corpo;
O sentido de auto-gestão;
O diálogo e a cooperação;
A capacidade avaliativa;
Esta reunião pode ter uma duração variável, na medida em que pode ocupar todo o
tempo do encontro semanal da Unidade ou apenas uma parte dele, dando espaço para
actividades em comum de toda a Secção, como orações, instrução, jogos entre todas as
Patrulhas/Equipas/Tribos ou Conselhos de Unidade e de Guias.
b) Conselho de Guias
Enquanto órgão permanente que orienta a vida da Secção (sob a coordenação do Chefe
de Unidade), este conselho é o elemento mais importante do Sistema de Patrulhas e tem
um grande valor pedagógico, na medida em que permite desenvolver o sentido de chefia,
organização e responsabilidade e promove o diálogo e a cooperação, estimulando ainda
a autonomia e a liberdade.
Aqui, mais que nunca, o Guia marca a sua posição de responsável de Patrulha/Equipa/
Tribo, competindo-lhe fazer valer os interesses, projectos e realizações dela e receber
indicações e advertências a respeito da mesma.
Boa prática:
O Chefe de Unidade pode propor ao Conselho de Guias a elaboração de um Regulamento de Funcionamen-
to (Regimento) do Conselho, que deverá ser simples, mas deve espelhar as competências e funções de
cada membro (por exemplo, quem redige as actas). Para além disto, deve estabelecer a periodicidade e
horário do conselho, em que suporte são registadas as actas, o que acontece em caso de votações com
empates e/ou falta de membros, etc.
Além da vantagem organizativa e da implementação de normas de funcionamento, este documento
contribuirá também para reforçar a importância do Conselho e de quem nele tem assento.
1. Constituição
O Conselho de Guias é composto pelos Guias de Patrulha/Equipa/Tribo e pelo Chefe de
Unidade, competindo a sua gestão ao Guia da Unidade. Não havendo este cargo, a ta-
refa caberá a quem o Conselho definir: geralmente é ao Guia mais antigo, mas pode ser
rotativa (passando todos os guias pela experiência de gerir o Conselho de Guias).
Boa prática:
Porque não “converter” o Conselho de Guias num jantar em casa do Chefe de Unidade? Este momento de
maior intimidade trará inúmeros benefícios: a informalidade, a cumplicidade, a confiança, a aproximação
entre dirigente e Guias e uma mais fácil partilha de vivências, segredos, preocupações, etc.
2. Tarefas:
3. Periodicidade
A periodicidade deverá ser estipulada pelo próprio conselho. Todavia, sugere-se uma
regularidade semanal, que se deve converter em diária quando a Unidade está em
campo.
Eis um exemplo dos diversos momentos que podem ser incluídos num Conselho de
Guias:
É ainda importante e fundamental perceber que o Chefe de Unidade não tem voto no
Conselho de Guias, mas que isto não implica qualquer diminuição da sua responsabi-
lidade pedagógica naquele órgão: ainda que o Chefe de Unidade não tenha direito de
voto, tem direito de veto. No entanto este é um direito que só deve ser usado em última
instância e em casos manifestos de incumprimento das tarefas e funções do Conselho
de Guias.
De facto, um Conselho de Guias onde um Chefe tenha que exercer o direito de veto
sobre uma decisão é indicador de que algo está mal na Unidade!
c) O Conselho de Lei
251
manualdodirigente
1. Constituição e tarefas
O Conselho de Lei é formado pela Equipa de Animação, Guias e elementos implicados
no caso a tratar. Podem ainda ser chamadas outras pessoas para ajudar (Chefe de Agru-
pamento, Assistente, testemunhas, etc.). Quando se junta, compete-lhe:
Ouvir os implicados;
1. Constituição e tarefas
Este Conselho é fundamentalmente deliberativo e engloba toda a Unidade, que se re-
úne sempre que necessário (para escolher ou avaliar um projecto, analisar o trabalho
de Patrulha/Equipa/Tribo, etc.) com o propósito de conversar sobre a vida do grupo, de
reconhecer o progresso de cada escuteiro realizado ao longo do projecto, de atribuir
distinções e prémios e de escolher um projecto para realizar.
O sentido de auto-gestão;
Escolher o Projecto de Secção (um voto por cada elemento), depois de cada Patrulha/
Equipa/Tribo, através do seu representante, publicitar as vantagens e qualidades da sua
proposta e de se colocar à disposição para esclarecer dúvidas;
Avaliar os Projectos;
253
manualdodirigente
V. Sede
Cantos de Patrulha/Equipa/Tribo;
Oratório;
Para além disto, convém que tenha espaço para o painel do Projecto de Secção e di-
versos quadros, como um quadro do progresso (onde é registado o progresso de cada
elemento), ordens de serviço, pontuação inter-Patrulha/Equipa/Tribo, escalas de serviço
para tarefas comuns. Pode haver também lugar para quadros decorativos (sistema de
progresso, uniforme, Baden-Powell, Lei e Princípios, sinais de pista, etc.).
Bibliografia:
Cadernos de Função, Edições CNE.
Regulamentos do CNE.
254
manualdodirigente
A progressão pessoal tem por objectivo essencial ajudar cada criança ou jovem a en-
volver--se de forma consciente e activa no seu próprio desenvolvimento. Desta forma,
aprende a comprometer-se verdadeiramente com o seu crescimento, condição essencial
para a sua educação.
Importa, no entanto, perceber que não se pretende criar indivíduos perfeitos ou servir de
base para estimular qualquer tipo de individualismo. De facto, o objectivo do Escutismo é
formar cidadãos conscientes e preocupados tanto com o seu próprio bem-estar e desen-
volvimento como com o dos demais.
Para o conseguir, procura-se que cada criança ou jovem, através do sistema de pro-
gresso, atinja os objectivos educativos da Secção em que se insere (adquirindo, assim,
conhecimentos, competências e atitudes). Esta maravilha do Método Escutista, então,
guia-o no seu percurso de desenvolvimento, sem o forçar a escolher caminhos pré-
-determinados. É, sim, uma oportunidade de aprofundamento de habilidades próprias,
valorização pessoal ou até mesmo de descoberta vocacional que impulsiona crianças e
jovens a adquirir “rotinas” de análise e planeamento da sua vida.
Desta forma pode ser um excelente auxiliar para ajudar cada indivíduo a alcançar todo o
potencial encerrado dentro de si, levando-o a ser e fazer melhor.
Bibliografia:
BADEN-POWELL, Robert, O Rasto do Fundador, Edições CNE.
256
manualdodirigente
Durante a sua passagem pela Alcateia, os lobitos vivem alguns momentos importantes:
primeiro, passam por um processo de integração – que envolve um diagnóstico inicial e
uma etapa de adesão à secção, que culmina com a Promessa – e depois entram num
processo de vivência, onde percorrem as diferentes etapas de progresso até à saída
da secção, que culmina com a passagem para a II Secção. De seguida, descrever-se-á
cada uma destas fases e as suas características principais.
I. A integração na Secção
a) O Diagnóstico inicial
Esta fase de diagnóstico é muito importante para o que sucede depois da Promessa. De
facto, depois dela, o lobito vai ter de escolher, com os Velhos Lobos, os trilhos em que vai
evoluir e esta escolha tem de ter em consideração as suas necessidades de desenvolvi-
mento, que só conhecemos se fizermos um diagnóstico profundo do elemento.
257
manualdodirigente
No diagnóstico inicial, a Equipa de Animação deve promover actividades variadas que permitam saber con-
cretamente quais são as características da criança que chega. Estas actividades podem passar por:
·-observar a criança em dinâmicas e jogos variados, pensados especificamente para o efeito: este tipo
de actividade constitui uma excelente oportunidade para conhecer e testar comportamentos e é a
melhor forma de observar e conhecer sem que a criança se aperceba.
·-conversar informalmente com os Pais e com a própria criança: esta conversa permite aos dirigentes
conhecer melhor os lobitos e pode ajudá-los a definir prioridades a nível do projecto de progressão in-
dividual de cada um e das formas como ele será implementado. Para além disto, ajuda os pais a reflectir
sobre o desenvolvimento do seu filho ou filha e, para a criança, é uma experiência para se conhecer melhor
e ver reconhecido o seu valor.
·-conversar com outros agentes educativos que podem ter informações importantes (catequistas,
professores, etc.).
Todas estas observações podem ser registadas numa folha própria onde se mencionam as informações
recolhidas nas diversas conversas e também os conhecimentos, comportamentos e atitudes que o
lobito revela em cada reunião (pode-se fazer o registo de acontecimentos e atitudes que ilustrem o
que se atingiu). Esta folha pode tomar muitas formas (no anexo 1 – Apoio ao registo de CCAs - lobitos –
apresenta-se um exemplo) e pode ser descritiva (com explicações detalhadas) ou valorativa (ter alíneas
em que se avalia, por exemplo, de 1 a 4 – de não adquirido a totalmente adquirido). Para além disto, pode
tanto ser usada no diagnóstico inicial como ao longo do percurso do lobito, para avaliar o seu progresso.
258
manualdodirigente
Note-se que:
1. Se um lobito for colocado na primeira etapa por ter apenas um trilho ou dois
completos, é aconselhável que escolha outros seis trilhos (um de cada área) para
esta etapa e deixe de lado – para reavaliação na etapa seguinte – os trilhos que
aparentemente já completou
259
manualdodirigente
Esquema 1
RESUMO- SECÇÃO I
260
manualdodirigente
b) A etapa de Adesão
Quando dá início à sua adesão à Alcateia, o aspirante a lobito recebe uma insíg-
nia de adesão e passa a chamar-se “Pata-Tenra”.
Para além de tudo isto, durante a adesão o aspirante toma conhecimento das áreas de
desenvolvimento (“os Bichos da Selva que lhe vão ensinar coisas”) e dos trilhos educa-
tivos (“trilhos da Selva por onde ele vai andar”) do sistema de progresso. Nos lobitos, as
áreas de desenvolvimento e os trilhos educativos estão recodificadas de forma a estarem
mais próximos do imaginário dos lobitos. Assim, a cada área está associado um perso-
nagem da história da Selva e cada trilho está convertido numa acção que esse animal
desempenha, como se vê no quadro seguinte:
Relacionamento e
Equilíbrio emocional Auto-estima
sensibilidade
Afectivo Racxa Racxa defende Máugli Racxa ama Máugli
Racxa acolhe
de Xer Cane como ele é
Máugli no Covil
Autonomia Coerência
Responsabilidade Bálu
Carácter Balú Bàlu ensina a Bálu orgulha-se de
ajuda a cumprir a Lei
Lei da Selva Máugli
Serviço
Descoberta Vivência
Máugli aprende com
Espiritual Hathi Halthi conta a Hathi guarda toda a
Halthi a Sabedoria da
história de Tha Sabedoria da Selva
Selva
Desempenho
Auto-conhecimento Bem-estar físico
Físico Cá Cá defende Màugli
Cá muda de pele Máugli brinca com Cá
dos Bândarlougues
Procura do conheci- Resolução de Expressão/Comuni-
mento problemas cação
Intelectual Bàguirà
Màugli e Bàguirà Bàguirà responsabiliza Bàguirà defende Máugli
caçam juntos Máugli na Rocha do Conselho
Exercício activo da
cidadania Cooperação e Interacção
Social Àquêlà Àquêlà orienta as solidariedade Àquêlà ajuda Máugli a
reuniões na Rocha do Àquêlà ajuda Fao guiar os búfalos
Conselho
c) A Promessa
A Promessa deve ser preparada com todo o cuidado e, com base em dinâmicas
propostas, o seu sentido e importância deve ser explicado ao aspirante, para que
este possa tomar consciência do valor deste compromisso, fortalecendo a sua
decisão de aderir ou não à Alcateia.
Validação da Promessa
Neste processo, o papel dos pares, ou seja, dos Guias, no acompanhamento e avalia-
ção do progresso pessoal dos seus elementos é bastante importante. De facto, é no
Conselho de Guias que se verifica como está a decorrer a fase de adesão dos aspiran-
tes, nomeadamente a nível da vivência no Bando, na Alcateia e nas actividades típicas.
Depois de tudo avaliado, e caso se conclua que o aspirante está pronto para fazer a
sua Promessa, os Guias elaboram uma proposta que deve ser validada por todos em
Conselho de Alcateia.
262
manualdodirigente
Depois de tudo estar decidido, a Promessa deve ser marcada no máximo até 2 meses
a seguir à decisão de adesão. Note-se que, apesar de ela ser agora individualizada, os
aspirantes podem assumir o seu compromisso em conjunto, caso haja vários que tenham
visto ser validada a sua decisão dentro do mesmo tempo.
a) As Etapas de Progresso
Durante a fase de adesão, o lobito deve conhecer e preparar a forma como se vai desen-
rolar o seu progresso a partir da Promessa. Assim, através do diálogo, e tendo em conta
o diagnóstico inicial, a Equipa de Animação tem de o ajudar a escolher o seu primeiro
percurso de progresso.
No caso dos lobitos, os nomes das etapas de progresso são “Lobo Valente”, “Lobo Cor-
tês” e “Lobo Amigo”. Tal como as áreas de desenvolvimento, estes nomes também estão
associadas ao imaginário da secção: utilizou-se linguagem concreta e com uma sim-
bologia própria (Pata-Tenra, por exemplo), valores (como a Amizade) e ensinamentos
presentes na História da Selva.
263
manualdodirigente
O início de uma nova pista arrasta consigo, por norma, o medo do desconhecido. Na
idade dos lobitos, este desconhecido toma diversas formas: são os chefes que não co-
nhecem, as primeiras noites de acampamento, um grupo de crianças desconhecido,
espaços novos, etc. Mas o lobito deve ser semelhante a Máugli: ele, que representa
todos os lobitos, encara pela primeira vez a Selva com toda a sua coragem. Assim, não
manifesta nenhum medo, antes enfrenta a nova realidade de cabeça erguida.
264
manualdodirigente
Alaiii
Na última etapa da vida na Alcateia, o lobito é chamado a ajudar os Velhos Lobos a aju-
dar a instruir os mais novos. É agora, mais do que nunca, um modelo para os restantes
e deve ser um exemplo de amizade. Assim, deve ser capaz de perdoar, em vez de se
mostrar vingativo, ressentido ou rancoroso; e deve ser capaz de ajudar os que mais
265
manualdodirigente
necessitam, mesmo que não goste muito deles: é que não é fácil ensinar os mais novos,
que ainda não conhecem os caminhos da Jangal e a Lei do Povo Livre. É preciso muita
paciência e brandura para ajudar Àquêlá e ensinar os faltosos, mas um lobito é sempre
um irmão, nunca um inimigo, e os mais fortes protegem sempre os mais fracos. Também
aqui é chamado a seguir o exemplo do Menino-Lobo: é a amizade, o amor e a gratidão
que estão presentes quando Máugli protege a Alcateia e, mais tarde, quando abandona
a Aldeia dos Homens.
266
manualdodirigente
b) Os Objectivos Educativos
Progredir significa, neste âmbito, atingir objectivos em campos que a criança ainda não
evoluiu e não aprofundar indefinidamente conhecimentos, competências e atitudes já
dominados. Por exemplo: se se percebe que um lobito já cumpre tudo o que está dentro
de um objectivo, então este último é dado como atingido e o progresso passará por tentar
atingir outros objectivos, ainda não cumpridos.
Em cada etapa de progresso, o lobito tem de procurar evoluir em todas as 6 áreas de de-
senvolvimento. Para isso, vai trabalhar em 6 trilhos, um de cada área, procurando atingir
os objectivos presentes neles.
Note-se que compete a cada lobito, em primeiro lugar, a construção das suas etapas de
progresso, na medida em que deve seleccionar um trilho de cada uma das diferentes
áreas de desenvolvimento em cada etapa. Contudo, não pode estar sozinho neste pro-
cesso de decisão. Pelo contrário, deve ser ajudado pelos dirigentes, na medida em que,
pela idade que tem, é frequente não conseguir tomar decisões ou escolher o que mais
lhe convém. Neste processo, então, o Àquêlá (ou outro dirigente) desempenha um papel
importante:
267
manualdodirigente
É de esperar e de desejar que a maioria dos lobitos atinja o fim do sistema de progresso,
ou seja, que à data de saída da Alcateia a maioria tenha conseguido completar todos os
trilhos. No entanto, pode haver lobitos que não completam todos os trilhos da Alca-
teia antes de passar de Secção (isto pode acontecer tanto com lobitos que estão desde
os 6 anos na Alcateia, como com os que entraram com 9). Nesse caso, os trilhos não al-
cançados nos lobitos não transitam nem se acumulam com os trilhos dos exploradores.
Perante esta situação, o Àquêlá deve informar o Chefe da Expedição acerca da situação
destes lobitos, explicando que objectivos/trilhos ficaram por atingir e porquê. Assim se
identificam as dificuldades de desenvolvimento desses lobitos. Depois disto, o Chefe da
Expedição deve acompanhar com especial cuidado escolha dos primeiros trilhos destes
novos exploradores: o ideal será que as áreas/trilhos mais frágeis sejam os primeiros a
ser trabalhados, para que as dificuldades não se aprofundem.
c) As Oportunidades Educativas
As actividades
Para atingir os objectivos de cada etapa, os lobitos têm de realizar algumas actividades
que lhe permitem crescer e desenvolver-se. A essas actividades, que permitem à criança
viver experiências enriquecedoras e desenvolver-se, chamamos oportunidades educa-
tivas. Dado que todo o meio ambiente é potencialmente um campo de aprendizagem,
elas não surgem apenas no Covil, mas podem também surgir na escola, catequese,
associações desportivas ou artísticas, etc., porque em todos estes planos há espaço
para o desenvolvimento de conhecimentos, competências e atitudes. Assim, todas as
actividades que os lobitos fazem dentro e fora da Alcateia (jogos, saídas, vivência de
grupo, família ou escola, técnicas, etc.) são oportunidades educativas, na medida em
que podem ajudar a alcançar os objectivos educativos da Secção.
268
manualdodirigente
Cargos e funções
Para além das actividades, o desempenho de um cargo ou função no Bando ou numa
Caçada também é uma oportunidade educativa, na medida em que o exercício destas
tarefas específicas permite ajudar os lobitos a crescer nas diversas áreas de desenvolvi-
mento. O quadro seguinte demonstra precisamente as áreas que mais facilmente podem
ser desenvolvidas pelo desempenho de um determinado cargo ou função:
Especialidades
Também as especialidades, quando trabalhadas e aplicadas na vida quotidiana dos Ban-
dos, permitem desenvolver aptidões, pelo que também elas constituem oportunidades
educativas. O trabalho neste âmbito pode e deve iniciar-se a partir do momento em que
o lobito realiza a sua Promessa e entra nas etapas de progresso.
d) Avaliação
A avaliação dos conhecimentos, competências e atitudes que os lobitos vão manifestan-
do e adquirindo não depende de provas que eles realizem em determinado momento. De
facto, e como é suposto que tudo o que eles fazem, dentro e fora da Alcateia, seja olhado
como oportunidade educativa que contribui para o seu desenvolvimento, há que observar
e avaliar o que se passa em outros ambientes educativos (como a família, a escola, o
clube desportivo, etc.).
Esta avaliação, e posterior validação de objectivos educativos concluídos, deve ser reali-
zada pelos dirigentes de forma contínua e durante um percurso prolongado de tempo, ao
longo da vivência escutista do lobito. Isto implica dois tipos de relação:
A avaliação do lobito, tal como no diagnóstico inicial, passa por uma ligação es-
treita entre o dirigente e os pais, para que seja possível receber informações
sobre o comportamento do lobito em casa a partir da observação feita por estes.
De igual forma, a avaliação do progresso pessoal também poderá ser realizada
com a ajuda de professores, catequistas, etc.
2. uma relação muito próxima com o lobito, com quem deve conversar frequen-
temente sobre os conhecimentos, competências e atitudes que este adquiriu,
para verificar se um objectivo educativo está concluído, se o lobito deverá
esforçar-se mais para o concluir e se tem consciência de que está a evoluir.
Esta relação mais personalizada com cada um dos lobitos implica uma boa orga-
nização por parte da Equipa de Animação: cada dirigente deve estar incumbido
de se relacionar de forma mais próxima com um determinado número de lobitos
(preferencialmente 1 por bando, ficando o Àquêlá de fora), de modo a que todos
possam ser devidamente acompanhados no seu desenvolvimento pessoal.
Para além desta avaliação por parte dos dirigentes e da consciencialização por parte do
lobito (tem de perceber que evoluiu), também o Conselho de Guias é chamado a avaliar
270 os elementos.
manualdodirigente
e) O Reconhecimento
Este reconhecimento não será registado num cartão de progresso, mas sim no Caderno
de Caça do lobito (é um suporte ao progresso e um diário de registo da aprendizagem e
vivências na Alcateia), que conterá uma página destacada com uma ilustração relaciona-
da com a história da Selva e contendo as personagens associadas às áreas educativas.
À medida que os lobitos concluam os objectivos de um determinado trilho, é-lhes entre-
gue um autocolante para que seja colado nesse mapa da selva.
Quando o lobito terminar a sua última etapa (isto significa que tem de completar todos os
objectivos educativos da I Secção), irá receber a Anilha de Mérito com o símbolo da Sec-
ção (a cabeça de lobo), de forma a ser reconhecida a conclusão do seu percurso educa-
tivo na Alcateia. A anilha pode ser usada até ao momento da promessa de explorador.
271
manualdodirigente
A Passagem
No início do ano escutista seguinte, o lobito passará definitivamente para a II Secção.
Este momento nem sempre é de festa para os lobitos: muitos há que temem deixar a
Família Feliz. Neste âmbito, a serenidade e optimismo dos Velhos Lobos é muito impor-
tante, assim como a segurança que demonstram. Fundamental é também deixar a porta
aberta, ou seja, explicar aos lobitos de que podem sempre vir visitar a Alcateia, para
matar saudades, e que todos ficarão felizes se eles vierem ao Covil de vez em quando.
“Bálu interrompeu-os:
- Eu ensinei-te a Lei. Compete-me falar – disse – e, embora não possa
agora ver os Rochedos à minha frente, vejo longe. Rãzinha, segue a tua
própria pista, faz o teu covil com o teu próprio Sangue, a tua Alcateia, a
tua Gente. Mas quando houver necessidade de pata, dente, e olho ou
de recado levado rapidamente de noite, lembra-te, Senhor da Selva, a
Selva está às tuas ordens.”
O Segundo Livro da Selva, Correrias da Primavera, pp. 202
Apesar de tudo isto, é possível que algum receio ainda se mantenha. Por essa razão, a
cerimónia de passagem é muito importante, na medida em que é um momento que, se
mal concretizado, pode marcar negativamente o lobito, prejudicando a sua integração e
a sua progressão. Neste sentido, é essencial conceder dignidade e profundidade a este
cerimonial, zelando para que marque, de forma positiva, todos os que passam.
No caso dos lobitos, será interessante criar um cerimonial de passagem de secção, onde esteja paten-
te o imaginário da Selva. Por exemplo, na passagem da I para a II, porque não criar um cerimonial que
assente na ida de Máugli para a Aldeia dos Homens? Neste processo, o trabalho conjunto das Equipas de
Animação intervenientes é fundamental.
272
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Quando passa para a II Secção, o lobito vai passar por novo processo de diag-
nóstico, agora levado a cabo pela Equipa de Animação da Expedição. Este
trabalho deve ser precedido por uma conversa entre o Àquêlá e o Chefe da
Expedição, no sentido de identificar as áreas em que o noviço tem mais dificul-
dades e de compreender as particularidades de cada lobito que vai passar.
É também este o momento para conversar com mais profundidade sobre aque-
les lobitos que não completaram o sistema de progresso e apresentam, por isso,
algumas lacunas a nível do seu desenvolvimento.
Ricardo Perna
273
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I. Integração
Qual o objectivo?
O objectivo é promover uma aproximação entre a Expedição e os lobitos que irão passar
para os exploradores. Deverá funcionar como “quebra-gelo”, ajudando os lobitos a estar
mais à vontade entre aqueles que os irão receber. Permitirá a integração mais fácil, a
partir do momento da efectiva passagem e do início do Apelo (adesão formal).
Os Guias das Patrulhas deverão convidar os lobitos que irão passar de secção
para participarem numa (ou em mais que uma) actividade sua, para conhecerem
as Patrulhas, os Guias, a Equipa de Animação, a Base e o tipo de Aventuras que
o esperam no ano seguinte. Tudo informalmente, sem pressões. A ideia é ir obser-
vando, sem participação activa, em termos de tarefas ou responsabilidades.
274
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b)Diagnóstico inicial
Qual o objectivo?
Esta abordagem inicial é essencial para a posterior escolha dos trilhos. A escolha deverá
ter em conta as necessidades de desenvolvimento do adolescente e deverá incentivar-se
a escolha de trilhos onde o desenvolvimento seja premente. Ou seja, deve-se motivar
para a escolha do que faz o elemento crescer em detrimento do que é facilmente atingí-
vel. Claro que a vontade de progredir rapidamente poderá dificultar este trabalho. Mas se
ambicionamos o cumprimento de todos os objectivos devemos ajudar o elemento a per-
ceber o que deverá trabalhar em cada momento. Há que procurar o equilíbrio na escolha
275
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entre o que é fácil e o que é necessário para cada fase de crescimento e o diagnóstico
inicial é importante para se detectarem questões a valorizar.
Não cumpre todos os trilhos educativos dos exploradores e fica como aspirante
276
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Se não alcançou todos os trilhos da Expedição, é provável que o aspirante já não tenha
tempo para o conseguir antes de passar de secção. Nesse sentido, o Chefe de Expedi-
ção deverá informar o Chefe de Comunidade das necessidades de desenvolvimento em
áreas específicas. Na nova secção o chefe deverá ter em consideração estas necessida-
des no percurso individual do jovem. Atenção que os trilhos não alcançados nos explo-
radores não transitam e acumulam com os trilhos dos pioneiros – apenas são tidas em
consideração as necessidades na escolha dos primeiros trilhos na Comunidade. Ou seja,
ao passar de secção, o jovem tem perante si apenas os trilhos referentes à 3ª secção.
Neste contexto, é sempre necessário reflectir também sobre qual a secção em que o
elemento melhor se poderá integra. Se tiver sido trazido por um amigo dos pioneiros, por
exemplo, poderá ser aconselhável ficar nos pioneiros e não nos exploradores.
277
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Esquema 2
RESUMO- SECÇÃO II
278
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Na vida há algo que nos chama a deixar o mundo um pouco melhor do que o encontrá-
mos. Este é o apelo à força da vida, à solidariedade, à vontade, à educação e à entrea-
juda. Um apelo que vem de cima, que vem do alto…
279
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Qual o objectivo?
Durante este período pretende-se que o elemento (noviço ou aspirante) tome consciên-
cia do funcionamento da unidade, das actividades típicas, mística, simbologia e do que
se espera de um explorador. É com base nessa tomada de consciência individual que se
pretende que o noviço/aspirante tome, por si, a decisão de aderir ou não à Expedição.
O explorador tem no seu Caderno de Descobertas uma série de questões que o podem orientar nesta
fase.
Deve-se tentar encontrar um equilíbrio entre o que é aprendido pela investigação pessoal
motivada pela curiosidade própria de um explorador que quer aderir à Expedição e a
aprendizagem feita nas actividades. A Equipa de Animação poderá, por exemplo, abor-
dar alguns destes temas em jogos que prepare.
Como já referido, nesta fase o noviço/aspirante deverá ter contacto com as áreas de
desenvolvimento e trilhos que terá que escolher.
Nos exploradores, os trilhos educativos estão recodificados de forma a serem mais facil-
mente compreendidos, como se segue:
280
manualdodirigente
Pretende-se ainda que nesta fase de adesão, o noviço/aspirante contacte e reflicta sobre
o compromisso que deverá assumir formalmente na sua Promessa. Com base em di-
nâmicas propostas, deverá progressivamente aprofundar o sentido deste compromisso,
valorizando e fortalecendo a sua decisão de aderir ou não à Expedição.
Após decidir que quer aderir à Expedição, o elemento terá que o comunicar. A decisão
deverá ser validada por:
Nestes momentos, deverá haver uma validação da reunião das condições particulares
de adesão, nomeadamente no que toca à vivência na Patrulha, na Expedição e na acti-
vidade típica.
Aconselha-se que o Conselho de Guias vá acompanhando a evolução dos noviços/aspi-
rantes de forma a poder decidir conscientemente.
281
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d)Compromisso
Estando a criança no centro da acção pedagógica, deverá ser a criança a reconhecer
que gosta de estar na Expedição e que quer fazer a sua Promessa.
II. Vivência
a)Etapas de progresso
No caso dos exploradores, os nomes das etapas de progresso são:
Iª Etapa – Aliança
O nó de escota representa muito mais que um
simples nó. Representa um nó entre duas par-
tes, distintas na sua essência mas que procu-
ram firmeza na união.
2ª Etapa – Rumo
O rumo de um escuteiro é o caminho do bem.
Tem uma direcção e, mais que isso, um senti-
do. Tem rumo, rumo que permite avançar sem
medo mas com cautela e olhar de frente o ho-
rizonte.
3ª Etapa - Descoberta.
Descobrir o caminho a seguir nem sempre é
fácil. Requer maturidade, empenho, persistên-
cia. Passa também por uma reflexão interior de
como Ele está sempre presente na nossa vida,
pois essa é sem dúvida a nossa maior desco-
berta.
282
manualdodirigente
Por exemplo, nesta proposta, pretende-se que o jovem seja capaz de jogar um jogo em
equipa. Se ele já pratica regularmente um desporto de equipa, o objectivo está cumprido.
O progresso será então tentar desenvolver outras atitudes que levem a atingir outros
objectivos.
283
manualdodirigente
Isto implica que não há etapas definidas. Que sabermos que um explorador está na etapa
Rumo não nos dá informação sobre os objectivos que já tem atingidos. Sabemos que já
cumpriu um trilho de cada área e que está na segunda etapa. Mas um outro elemento que
esteja na etapa Rumo pode-se ter proposto a fazer trilhos completamente diferentes.
Como já foi referido na parte do diagnóstico inicial, a escolha de trilhos deverá ter
em conta as necessidades de desenvolvimento da criança e deverá ser incen-
tivada a escolha de trilhos onde o desenvolvimento seja premente. Daí falar-se
também em Negociação. Ou seja, a Equipa de Animação deve motivar para a es-
colha do que faz o elemento crescer (em termos de conhecimento, competência
e atitudes) em detrimento do que é facilmente atingível.
Como boa prática, sugere-se que, após a escolha dos trilhos, o explorador seja incen-
tivado a definir acções concretas que o ajudem a atingir os objectivos que compõem
esse trilho. Não se trata de algo imediato: cumprir a acção/ atingir o objectivo. No en-
tanto, facilita a compreensão do objectivo e do que se pretende por parte do explorador.
Deste modo poderá no seu dia-a-dia e na vivência das aventuras trabalhar activamente
para atingir os objectivos. Estas acções concretas serão parte das do que chamamos de
Oportunidades Educativas.
c)Oportunidades Educativas
O explorador progride através de oportunidades educativas que o nosso método, com as
suas 7 maravilhas, oferece. Abandona-se assim o conceito de prova, obrigatória, faculta-
tiva, opcional ou de qualquer outra ordem.
Assim, em vez de se dizer que “o explorador prestou provas“ porque realizou determina-
da acção, faz sentido dizer-se que “o explorador deu provas de” (porque isso foi obser-
vado em conhecimentos, competências e atitudes).
284
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Como exemplo, poderemos ter um explorador, nadador de competição, que nada facil-
mente 100 metros sem necessitar de se desenvolver ou esforçar para isso. No entanto,
para outro explorador, apenas o aprender a nadar, o esforço e o ultrapassar de receios
pode permitir caminhar na validação de trilhos. Assim, não são as acções mas sim o que
elas significam para cada elemento em termos de crescimento que devem ser valoriza-
das.
É importante colocar ao explorador o desafio de aplicar as suas capacidades na sua vida
em Patrulha e na Expedição. Só assim o seu desenvolvimento pessoal será partilhado
com os outros, permitindo uma aprendizagem de todos.
Cargos e Funções
Assumir e desempenhar correctamente um cargo no seio da Patrulha ou ter determinada
função na Aventura constitui uma oportunidade educativa para progredir. Isto porque o
seu exercício privilegia o crescimento em determinadas áreas de desenvolvimento.
285
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Especialidades
O desenvolvimento de aptidões em determinadas áreas e a sua aplicação na vida da
Patrulha privilegia o crescimento em determinadas áreas de desenvolvimento. Assim, as
especialidades constituem também uma oportunidade educativa para progredir.
O trabalho nas especialidades pode e deve iniciar-se logo após a Promessa de explora-
dor e escolha dos seis trilhos, ou seja, logo que se inicia a fase de vivência – Etapa da
Aliança.
d)Avaliação
Como fazer?
A avaliação dos objectivos educativos implica a observação contínua do progresso do
explorador durante um período prolongado de tempo. Isto porque, como já foi referido,
não se pode controlar o progresso com um exame ou prova.
Quem participa?
É na vida da Patrulha que se vão debatendo os conhecimentos, comportamentos e ati-
tudes que cada explorador vai adquirindo e que poderão ser indícios de que um determi-
nado trilho poderá estar concluído.
286
manualdodirigente
Partindo da ideia de que tudo o que os exploradores fazem dentro e fora dos escuteiros
pode constituir uma oportunidade educativa, contribuindo para o seu desenvolvimento,
temos que passar a considerar outros “agentes” na avaliação: pais, professores, etc…
No entanto, mesmo esta avaliação terá que ser validada pelo processo descrito.
Quando fazer?
A avaliação dos objectivos deverá basear-se na observação contínua do progresso do
explorador.
e)Relação Educativa
O dirigente e o explorador
O novo sistema de progresso, baseando-se numa escolha individualizada de trilhos irá im-
plicar uma relação mais personalizada com cada um dos elementos. Desde o diagnóstico
inicial à observação de conhecimentos, competências e atitudes e à sua avaliação, são
muitos os momentos que permitem um conhecimento mais profundo dos elementos.
Este acompanhamento (com excepção do diagnóstico inicial que deverá ter a participa-
ção do Chefe de Expedição) deverá ser feito por cada um dos elementos da Equipa de
Animação em relação a um determinado número de exploradores – preferencialmente 1
por Patrulha. 287
manualdodirigente
f)Reconhecimento
Caderno de Descobertas
O Caderno de Descobertas será utilizado na função de registo do progresso individual.
Para além disso, servirá também como diário de vivências pessoais na Expedição e
compêndio de informações relevantes para o explorador.
Poderá ser feito por Expedição, distinguindo as Patrulhas por cores, por exemplo. Cada
Patrulha poderá também manter esse registo.
Vara
Recomenda-se também que cada explorador seja incentivado a ter uma vara (valorizan-
do--se a simbologia) que será trabalhada por ele com elementos decorativos feitos por
ele e que marcam o culminar de cada trilho educativo.
Anilha
Quando o explorador terminar a sua última etapa, ou seja, completar todos os objectivos
educativos definidos para a II Secção, irá receber a Anilha de Mérito com o símbolo da
Secção, de forma a ser reconhecido que completou a totalidade do percurso educativo
proposto aos exploradores. A anilha pode ser usada até ao momento da promessa de
pioneiro.
psicológica e que os desajustamentos que daí advêm podem justificar uma deficiente
integração.
O Chefe de Expedição terá que estar atento a estas questões para não correr o
risco de falhar a Proposta Educativa do Escutismo. Um explorador não deverá
passar para os pioneiros apenas porque atingiu a idade de passar: será neces-
sário que estejam reunidas as condições para que essa passagem corresponda
de facto às exigências de período de maturidade diferente. Deverá por isso haver
bom senso e alguma flexibilidade na idade de passagem sob pena de se perde-
rem escuteiros.
Cerimonial de passagem
A expectativa no momento das passagens e o receio que muitos dos jovens sentem
nesta altura perante a mudança, poderá causar um friozinho na barriga aos intervenien-
tes. Esta cerimónia é, também por isto, muito importante e a forma como o elemento se
despede da antiga secção e é recebido na nova por marcar desde logo positiva ou nega-
tivamente a mudança que se está a dar na sua vida enquanto escuteiro.
289
manualdodirigente
I. Integração
Qual o objectivo?
A Adesão Informal é, acima de tudo, uma boa prática, cujo propósito é fomentar a aproxi-
mação entre a Comunidade e os exploradores que irão passar de secção, para os pionei-
ros. A Adesão Informal tem o objectivo de funcionar como uma espécie de “quebra-gelo”,
no sentido de auxiliar os exploradores a integrarem-se num novo grupo e se aproxima-
rem dos que os irão receber. Esta prática permitirá uma integração mais facilitada, a par-
tir do momento da efectiva passagem para a Comunidade e do início do Desprendimento
(adesão formal).
Importa não perder de vista que o objectivo da Adesão Informal é motivar o explorador
para a vida na Comunidade e evitar que um ambiente novo e, aparente e eventualmente,
hostil o possa afastar.
Estes encontros/actividades devem ser vividos de modo informal, sem pressões. A ideia
é permitir que os exploradores possam observar, sem uma participação activa, com ta-
refas ou responsabilidades.
Nesta fase final do ano escutista, na recta final da actividade nos exploradores, o jovem
continua a pertencer à Expedição de modo pleno e sem reservas a viver todas e comple-
tamente as dinâmicas da sua secção.
Boas práticas:
- Preparar a Adesão Informal de modo concertado
O convite formal para o explorador participar na actividade/encontro com a Comunidade é feito pelos
Guias das Equipas. No entanto, interessa não esquecer que tudo deve ser combinado entre as Equipas
de Animação – eventualmente, até, em sede de Direcção de Agrupamento – de forma a não perturbar
o trabalho em cada uma das secções do Agrupamento e o envolvimento dos escuteiros na secção que
continua a ser a sua até à Adesão Formal.
O Chefe da Comunidade tem de se preocupar com a Adesão Informal dos exploradores que vai receber,
mas, também com a Adesão Informal dos seus pioneiros ao Clã, sendo certo que, alguns destes poderão
mesmo ser Guias das Equipas da Comunidade.
O envolvimento do explorador na sua Expedição e do pioneiro na Comunidade não podem ser prejudicados
nem minimizados ou relativizados de forma alguma na adesão informal à Comunidade e ao Clã, respec-
tivamente.
b)Diagnóstico inicial
Qual o objectivo?
As pessoas – crianças, adolescentes ou jovens –, mesmo que com a mesma idade, são
todas diferentes. Factores como o nível de maturidade, o contexto escolar e familiar, as
aptidões e gostos, as dificuldades e medos, o desenvolvimento físico e anatómico, con-
dicionam, de sobremaneira, cada indivíduo nas suas características.
Esta necessidade vai exigir que a Equipa de Animação procure conhecer cada um dos
elementos da Comunidade – e aqui falamos de todos, mesmo – de forma a facilitar
a adequação de actividades, experiências, conhecimentos e atitudes a um desenvolvi-
mento pessoal harmonioso, ajudando os pioneiros a atingirem em pleno os objectivos
educativos que a associação estabelece para a III secção.
291
manualdodirigente
Boas práticas:
Acções que podem ajudar no Diagnóstico inicial
- Diálogo formal com os Encarregados de Educação – por que entrou nos escuteiros? Qual a relação com
a escola? Tem algum problema que devamos conhecer? Alguma limitação ou medo? Etc..
- Conversa, mesmo que informal, com outros agentes de Educação do adolescente com quem o Chefe
de Comunidade possa ter proximidade (especialmente nas comunidades locais pequenas e médias), como
professores, treinadores de alguma actividade desportiva, catequistas, etc..
- Partilha de informações com o Chefe de Expedição (no caso de ser noviço).
- Observação atenta nas primeiras actividades (como se relaciona com os elementos? E com a Equipa de
Animação? Como reage a regras? Costuma estar atento? Etc..)
- Promoção e realização de jogos ou dinâmicas especificas para observar comportamentos, conheci-
mentos e atitudes.
- Conversa com o próprio jovem sobre os seus interesses (curriculares, extra-curriculares, vocacionais,
de diversão e lazer), preferências (na escola, na internet, na sociedade), gostos de naturezas diversas
(musicais, cinematográficos, desportivos etc), relação com autoridade (pais, professores, familiares
mais velhos), relação com os outros (amizades, grupos informais), experiência escutista – quando existe
– (percurso, actividades marcantes, pessoas que marcaram), etc..
- Conversa com outros elementos da Comunidade – Guias, pioneiros mais velhos, eventuais colegas (no
caso de ser aspirante com mais idade, com 16 ou 17 anos).
292
manualdodirigente
Pelo menos dois trilhos de cada área de desenvolvimento e, nalgumas áreas, até
três trilhos validados – será colocado na 3.ª etapa – Construção;
Não esquecer que o aspirante só completa uma etapa se tiver validados um trilho
de cada uma das áreas de desenvolvimento pessoal.
294
manualdodirigente
O jovem não tem todos objectivos dos trilhos educativos dos pioneiros valida-
dos. Neste caso concreto, ingressa na Comunidade, como aspirante a pioneiro,
iniciando a sua adesão, fazendo a sua promessa e sendo colocado na etapa
de progresso de acordo com os trilhos já alcançados (tal como explicado acima
noreconhecimento do progresso pessoal).
Neste segundo caso, importa ter atenção o facto de, dada a sua idade, o jovem já não
ter, na Comunidade, tempo suficiente para conseguir validar todos os objectivos educati-
vos da secção. Acontecendo, deve o Chefe da Comunidade informar o Chefe de Clã da
situação e das necessidades “prementes” de desenvolvimento em áreas específicas. Na
nova secção o chefe deve procurar ter essa informação, e essas necessidades, em conta
no apoio e auxilio ao definir do percurso individual do jovem.
Lembre-se, no entanto, que com isto não se está a dizer que, no Clã, deve este escu-
teiro procurar validar objectivos educativos da III Secção. Os trilhos não alcançados nos
pioneiros não transitam nem os seus objectivos devem ser acumulados aos trilhos dos
caminheiros. O que se pretende é que as necessidades prementes do jovem sejam tidas
em consideração quando este escolhe os primeiros objectivos do seu progresso no Clã.
Dito de outra forma, no Clã ao jovem são apresentados os objectivos educativos finais da
associação, e apenas esses.
Sublinha-se a necessidade de a avaliação neste caso concreto ser feita, de modo con-
certado, com as chefias da Comunidade e do Clã. A decisão sobre em que secção deve
ser ingressar um jovem de 17 anos deve, ainda, ter em conta outros pressupostos, para
além do diagnóstico inicial quanto a conhecimentos, competências e atitudes coinciden-
tes com objectivos educativos. Se o jovem que ingressa tiver “sido trazido” por um amigo
pioneiro, por exemplo, poderá ser aconselhável fique nos pioneiros e não nos caminhei-
ros. Ou se tiver vindo com um caminheiro, será conveniente que ingresse no Clã e não
na Comunidade.
295
manualdodirigente
Esquema 3
RESUMO- SECÇÃO III
296
manualdodirigente
Boas práticas:
Um registo clássico e simples que é facilmente preenchido. Em vez de o registo ser feito na
dicotomia sim/não, poderá ter uma avaliação quantitativa, numérica, por exemplo de 1 a 4 (de não
adquirido a totalmente adquirido), acompanhada do registo de acontecimentos e atitudes que
exemplifiquem.
2A entrevista/conversa do elemento com o Chefe de Comunidade é uma boa oportunidade privi-
legiada para conhecer melhor aquele escuteiro. Para o adolescente será um momento memorável,
sem, no entanto, dever ser encarado como uma prova oral. Faz sentido que pese embora dever
ser profícuo seja, de algum modo, informal. É uma oportunidade para validar trilhos, mas também
para definir prioridades, dar corpo a projectos individuais (dentro e fora do escutismo) e formas
de os implementar.
3O Jogo. Os jogos escutistas e as dinâmicas de grupo como experiencias de aprendizagem activa,
constituem oportunidade por excelência de nos testarmos, conhecer e dar a conhecer. Ver
recursos: www.cne-escutismo.pt
A existência da boa prática Adesão Informal não exclui, nem tão pouco esvazia, o valor
pedagógico e a importância para os escuteiros, para a secção e para o agrupamento,
da Adesão Formal, do ritual – cheio de sentido comunitário e de tradição escutista – das
'Passagens'.
Boas práticas:
- A importância do ritual da ‘Passagem’
Os rituais e os momentos de vida comunitária da secção e do agrupamento com aspectos de cerimónia
e, de algum modo, ritualizados, são muito importantes e uma grande oportunidade pedagógica. Para além
do aspecto identitário e de fomento do espírito de corpo, estes cerimoniais permitem aos escuteiros
a tomada de consciência do agrupamento e do futuro.
Não é de somenos importância um explorador tomar consciência do progresso e do processo de cresci-
mento que vai ter de fazer até passar para os caminheiros. É uma grande oportunidade pedagógica, um
importante factor de motivação, o acolhimento feito pelos pioneiros mais velhos ao noviço acabado de
entrar na Comunidade que, por sua vez, dentro de momentos passam para o Clã.
297
manualdodirigente
A cerimónia de passagem assume assim grande relevância e a forma como o elemento vai ser recebido na
secção seguinte pode marcar positiva ou negativamente a sua integração e consequentemente a sua
progressão.
Será então importante conceder dignidade e profundidade ao cerimonial, tornando esta data um mo-
mento marcante na vida de um escuteiro.
E porque não criar cerimoniais de passagem de secção, onde esteja patente a mística de ambas as sec-
ções? O trabalho conjunto das diversas Equipas de Animação intervenientes é fundamental!
A Adesão do adolescente à Comunidade – seja ele noviço ou aspirante, tenha que idade
tiver – é um processo muito importante, e essencial para uma vivência plena do método
escutista e do seu crescimento individual no movimento e, especificamente, na secção.
Na III secção, esta fase, entre o Ritual da Passagem e a Cerimónia de Compromisso
(Promessa para os noviços e Investidura para os aspirantes), tem o nome de Despren-
dimento.
- Desprendimento
298
manualdodirigente
Depois do ritual da passagem dos aspirantes e da entrada dos noviços cada adolescente
recebe a primeira de quatro partes da sua insígnia de progresso. Numa demonstração
clara ao jovem e à Comunidade de que o progresso daquele começou imediatamente
após a sua entrada na secção e de que o “Desprendimento” é (em sentido objectivo e
metafórico) parte integrante desse progresso.
Como fazer?
Durante o Desprendimento pretende-se que o noviço/aspirante tenha contacto e se inte-
gre no quotidiano da secção, fazendo parte de uma Equipa.
Noviço é nome dado ao adolescente que já fez a promessa de escuteiro nos explo-
radores e que, chegado aos 14 anos, passa para a Comunidade dos pioneiros;
Durante o tempo da Adesão, no contacto com os seus pares, com o método e com o
universo escutista, o adolescente deverá adquirir um conjunto de competências, conhe-
cimentos e atitudes que, uma vez verificados, lhe permitirão aderir, através do compro-
misso, ao movimento (no caso dos aspirantes) ou, apenas, à Comunidade (no caso dos
noviços).
A fase de Adesão, o Desprendimento, é uma fase de vivência – e não, tão só, de forma-
ção ou observação – pelo que o adolescente, não podendo viver um Empreendimento
completo (no caso de este ser anual, por exemplo), deve envolver-se, ou ter participado,
nalgumas fases do projecto. Do mesmo modo, o adolescente deve ter participado várias
actividades – acampamentos, raids, bivaques – de forma a conviver de perto com a apli-
cação do método a uma actividade típica da secção.
299
manualdodirigente
A presente lista de questões consta do Diário de Vivências (na parte “O que se espera de mim?”) e
constituem um modelo de orientação no sentido de harmonização de critérios.
No caso dos aspirantes, a adesão deverá incluir, ainda, no campo do conhecer, a or-
ganização do agrupamento e o domínio prático de técnica escutista. Neste sentido, é
imprescindível que, antes da Promessa, o aspirante/noviço já domine alguma técnica
escutista.
300
manualdodirigente
Não se pode esperar que o noviço/aspirante consiga, apenas pela investigação pessoal
motivada pela curiosidade própria, adquirir todos os conhecimentos tidos como essen-
ciais. No mesmo sentido, nem todos os aspectos da técnica poderão ser completamente
adquiridos nas actividades. O trabalho da Equipa de Animação em jogos e no enriqueci-
mento do empreendimento, nesse sentido, podem revelar-se fundamentais.
É, também, nesta fase inicial, na adesão que o noviço/aspirante deverá escolher os tri-
lhos, das seis áreas de desenvolvimento, da etapa que iniciará logo após o compromisso.
Mas deverá ir mais além e definir, já nesta altura, antes de fazer a sua promessa/inves-
tidura, as acções concretas que pretende levar a cabo na etapa seguinte para validação
dos objectivos e dos trilhos escolhidos.
Poderá acontecer que, especialmente no caso dos noviços, se dê o caso de todos, num
determinado momento, movidos por uma espécie de “efeito de massas”, declarem, ao
mesmo tempo, a sua vontade em fazer o compromisso. Não será de todo anormal se
houver, entre eles, laços que perduram ou que se estabeleceram durante a adesão.
Importa, no entanto, que seja promovida a ideia de que a decisão é pessoal, e que as
especificidades de cada individuo – tanto no que são as suas características como no
que foi a sua prestação/ participação/integração durante a adesão, como no que são os
seus conhecimentos – são valorizadas neste momento.
302
manualdodirigente
d)Compromisso
Conforme foi referido supra, estando o adolescente no centro da acção pedagógica, de-
verá ser ele próprio a reconhecer a sua aptidão para fazer parte da Comunidade e fazer
a sua Promessa/Investidura.
O noviço/aspirante informa a sua Equipa e ao seu Guia que quer aderir à Comunidade
e se sente pronto, ponderadas todas as consequências, para fazer a sua Promessa/In-
vestidura. O procedimento segue, depois com a Equipa, a pronunciar-se e, concordando,
é o Guia que leva o assunto ao Conselho de Guias – onde a Equipa de Animação tem
assento – que a deve validar. A decisão deve, ainda, e logo a seguir, ser validada no
Conselho de Comunidade, onde está, também, a Equipa de Animação.
Uma vez mais importa salientar que a Equipa de Animação tem obrigação de, nos fóruns
próprios, exercer, com sentido pedagógico, a sua acção de concordância ou discordân-
cia/veto, sobre a Promessa/Investidura. As posições da Equipa de Animação têm de ser,
sempre, devidamente fundamentadas.
Um escuteiro faz a sua Promessa apenas uma vez. Sempre que muda de secção
e renova o seu compromisso faz a sua Investidura.
303
manualdodirigente
Boas práticas:
- Valorização do Compromisso
O Compromisso, momento marcante na vida de qualquer escuteiro é algo que deve ser valorizado.
- A cerimónia do Compromisso pode ter aspectos de individualização, relacionados com a vivência do
jovem na secção ou com as suas características pessoais.
- A chamada para a cerimónia pode passar a ser feita com o jovem a aproximar-se do Chefe da Co-
munidade, no altar, saudá-lo e declarar qualquer coisa do tipo: “Chefe, é minha vontade tornar-me
Pioneiro!”.
II. Vivência
a)Etapas de progresso
1ª Etapa- Conhecimento
2ª Etapa- Vontade
304
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3ª Etapa- Construção
Os nomes das etapas estão intimamente ligados à máxima do pioneiro: “Saber, Querer
e Agir”. Esta máxima tem uma graduação, uma espécie de precedências, que impelem
para a lógica progressiva e de evolução da personalidade humana.
Procura-se, assim, que o compromisso assumido pelo jovem no momento em que faz a
promessa de adesão ao ideal do pioneiro se associe à progressão nos Conhecimentos,
Competências e Atitudes (CCA), que o levam a atingir os objectivos educativos da Sec-
ção. Objectivos educativos de secção que estão associados em trilhos em cada uma das
seis áreas de desenvolvimento.
Para mais fácil memorização das seis áreas de desenvolvimento considere-se o acróstico:
FACEIS
F – FISICO
A – AFECTIVO
C – CARÁCTER
E – ESPIRITUAL
I – INTELECTUAL
S – SOCIAL
Importa que o pioneiro, em cada etapa, progrida, através de acções concretas – espe-
cialmente em ambiente escutista, mas não só –, no sentido de validar todos os objectivos
de seis trilhos, um de cada uma das seis áreas de desenvolvimento.
No final de três etapas estarão validados todos os objectivos de todos os trilhos das seis
áreas de desenvolvimento.
306
manualdodirigente
b) O processo
i. A escolha / negociação
Com este figurino é fácil perceber que, respeitada a estrutura, dois escuteiros na mesma
etapa poderão ter trilhos distintos, logo objectivos diferentes a superar.
Quer isto dizer que cada pioneiro constrói a sua etapa de progresso, seleccionando, indi-
vidualmente, um trilho de cada uma das diferentes áreas de desenvolvimento.
Termos a informação de que um pioneiro está na etapa Vontade não nos permite saber
quais os trilhos que validou na primeira etapa, quais os que escolheu para a etapa em
que está, nem quais os que lhe restam para a terceira etapa.
Assim, o progresso é construído pelo próprio pioneiro, naturalmente que com o apoio do
Chefe da Comunidade e do Guia da sua Equipa. Chefe de Comunidade e o Guia desem-
penham, então, um papel importante neste domínio, a três níveis:
Como já foi referido na parte do diagnóstico inicial, a escolha de trilhos deverá ter em
conta as necessidades de desenvolvimento do adolescente e deverá ser incentivada a
escolha de trilhos onde o desenvolvimento seja premente.
O pioneiro faz as suas escolhas e deve ter o Chefe da Comunidade como um parceiro
que o auxilia no seu percurso. Parceiro a quem apresenta “a sua proposta” e de quem
recebe conselho e opinião. Esta conversa, esta negociação é fundamental para o su-
cesso do progresso do jovem. Não há qualquer espécie de contrapartida e o Chefe da
Comunidade deve ser um apoio e procurar respeitar a autonomia do jovem.
Estas acções concretas que o pioneiro identifica para cada um dos objectivos dos trilhos
que escolheu poderão consubstanciar-se, preferencialmente, em actividades no ambien-
te escutista, mas não só: também no dia-a-dia, na escola, nos seus hobbies desportivos
ou de lazer, no que são os seus interesses. O Chefe da Comunidade deverá verificar
esses conhecimentos, competências e atitudes não havendo necessidade de o pioneiro
as repetir.
Assim, em vez de se dizer que “o pioneiro prestou provas” porque realizou determinada
acção, faz sentido dizer-se que “o pioneiro deu provas de crescimento em” (porque isso
foi observado no crescimento em termos de conhecimentos, competências e atitudes).
Cargos e Funções
Assumir e desempenhar correctamente um cargo no seio da Equipa ou ter determinada
função no Empreendimento constitui uma oportunidade educativa para progredir. Isto
porque o seu exercício privilegia o crescimento em determinadas áreas de desenvolvi-
mento.
Especialidades
O desenvolvimento de aptidões em determinadas áreas e a sua aplicação na vida da
Equipa privilegia o crescimento em determinadas áreas de desenvolvimento. Assim, as
especialidades constituem também uma oportunidade educativa para progredir.
O trabalho nas especialidades pode e deve iniciar-se logo após a Promessa e escolha
dos seis trilhos, ou seja, logo que se inicia a fase de vivência – Etapa do Conhecimento.
A validação
Depois do pioneiro reconhecer em si próprio os CCA relativos a um determinado ob-
jectivo de um trilho por si escolhido para a etapa em que se encontra, manifesta essa
informação à sua Equipa, que deve pronunciar-se sobre o assunto. Esta é a validação
pelos pares, que prossegue com a validação pelo Conselho de Guias que reconhecerá,
se for caso disso, que o pioneiro deu mostras de que tem aquele objectivo educativo
alcançado.
309
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A Equipa de Animação, que tem assento no Conselho de Guias, manifestará a sua opi-
nião concordante ou discordante/veto – sempre pedagogicamente fundamentada. Esta
será a última palavra para a validação e que deve ser anunciada no Conselho da Comu-
nidade.
Estudo de caso:
- Se a Equipa de Animação considera que o objectivo/trilho não deve ser validado e o Conselho de Guias
achar que sim?
A palavra final cabe sempre à Equipa de Animação. A posição da Equipa de Animação deve ser fundamenta-
da e explicada ao Conselho de Guias, à Equipa e ao pioneiro visado tendo em atenção todos os preceitos
pedagogicamente relevantes.
- Se a Equipa de Animação considera que o objectivo/trilho deve ser validado e o Conselho de Guias ou a
Equipa acharem que não?
O Chefe da Comunidade deve procurar perceber o que se passa. Deve procurar saber que motivos levam
a Equipa ou o Conselho de Guias a tomarem essa posição. Perceber se é um problema pessoal, de sobre-
valorização ou má interpretação dos objectivos educativos ou se há alguma informação acrescida que
a chefia não dispõe.
Também nesta situação, a sensibilidade pedagógica do adulto deve intervir no sentido de repor a nor-
malidade e o bom-senso.
310
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Partindo da ideia de que tudo o que os pioneiros fazem dentro e fora dos escuteiros pode
constituir uma oportunidade educativa, contribuindo para o seu desenvolvimento, temos
que passar a considerar outros “agentes” na avaliação: pais, professores, etc… No en-
tanto, mesmo esta avaliação terá que ser validada pelo processo descrito.
O dirigente e o pioneiro
O sistema de progresso, baseando-se numa escolha individualizada de trilhos, irá impli-
car uma relação mais personalizada com cada um dos elementos. Desde o diagnóstico
inicial à observação de conhecimentos, competências e atitudes e à sua avaliação, são
muitos os momentos que permitirão um conhecimento mais profundo dos elementos.
v. Reconhecimento
Diário de Vivências:
O Diário de Vivências é o que na tradição escutista se chama um caderno de caça do
311
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pioneiro. O Diário de Vivências tem um caderno comum, vendido no DMF e para down-
load no sitio do CNE, e separatas para os pioneiros acrescentarem o que entenderem
por conveniente. Nesse caderno comum, consta um espaço que poderá ser utilizado na
função de registo do progresso individual. Para além disso, servirá também como diário
de vivências pessoais na Comunidade e compêndio de informações relevantes para o
pioneiro.
Anilha de Mérito
Quando o pioneiro terminar todos os objectivos da III secção, (todos trilhos de todas as
áreas de desenvolvimento) e concluir, portanto, a sua última etapa, receberá uma 'Anilha
de Mérito' com o símbolo da Secção, de forma a ser reconhecido por toda a associação
como tendo completado a totalidade do percurso educativo proposto aos pioneiros. A
anilha poderá ser usada até ao momento da promessa de caminheiro.
O objectivo é promover uma aproximação aos caminheiros, que funcione como “quebra-
-gelo” e que ajude a colocar os pioneiros que passam para os caminheiros mais à-von-
tade, promovendo uma integração mais fácil, a partir do momento da efectiva passagem
e do início da adesão formal.
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Cerimonial de passagem
A expectativa no momento das passagens e o receio que muitos dos jovens sentem nes-
ta altura perante a mudança, dá um carácter muito importante a esta cerimónia.
Esta cerimónia é também muito importante pela forma de como o elemento se despede
da antiga secção e é recebido na nova, podendo marcar desde logo positiva ou negativa-
mente a mudança que se está a dar na sua vida enquanto escuteiro.
Bibliografia:
Proposta Educativa do CNE – Edições CNE
A Pedagogia do Projecto – Colecção Manual do Dirigente n.º 1 – Tradução dos Scout de France – Edições CNE
O Empreendimento – Colecção Manual do Dirigente n.º 10 – Tradução dos Scout de France – Edições CNE
Flor de Lis – Dossiês sobre Programa Educativo do CNE – órgão oficial do CNE
Flor de Lis – Textos sobre Fase Piloto (Boas Práticas) do Projecto RAP – órgão oficial do CNE
313
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I. Integração
a) A Adesão
1. A Adesão informal ao Clã
A Adesão Informal procura familiarizar o noviço com o Clã e deverá iniciar-se no último
trimestre da vivência escutista na Comunidade dos pioneiros. Durante este período, o
jovem continua a ser pioneiro, a pertencer e a viver em pleno as dinâmicas da Comu-
nidade. O que se pretende é uma aproximação suave ao Clã e não um afastamento da
Comunidade de onde faz parte.
314
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O objectivo é promover uma aproximação aos caminheiros que funcione como “quebra-
-gelo” e que ajude a colocar os pioneiros que passam para a IV Secção mais à-vontade,
promovendo uma integração mais fácil, quando chegarem ao Clã e iniciarem a sua Ade-
são Formal.
Durante esta fase, pretende-se que os pioneiros que vão passar para o Clã no ano es-
cutista seguinte sejam convidados pelos Guias de Tribo a participar numa actividade, de
modo informal e sem fazer parte da sua organização, para que se possam inteirar da di-
nâmica do Clã e conhecer as Tribos, os seus Guias, a Equipa de Animação e o Albergue.
Tudo informalmente, sem pressões. A ideia é ir observando, sem participação activa em
termos de tarefas ou responsabilidades.
Adesão Informal:
- Surge no último trimestre em que os pioneiros estão na Comunidade;
- É uma aproximação e não uma passagem antecipada;
- É apenas para os pioneiros que vão passar de secção no ano escutista seguin-
te;
- Implica a participação esporádica numa actividade/ saída/ reunião no Albergue;
- Os pioneiros não devem fazer parte da Caminhada (decidir, organizar, etc.);
- Por participarem numa actividade do Clã, os pioneiros não deixam de estar in-
tegrados na Comunidade.
A Adesão Formal ao Clã tem início quando o noviço/aspirante chega realmente ao Clã e
prolonga-se até à Promessa. A esta etapa de adesão chama-se Etapa Caminho. Nesta
altura, o noviço/ aspirante é acolhido pelo Clã e faz a sua integração pouco a pouco, à
medida que vai conhecendo melhor as pessoas, as Tribos, preceitos, costumes, etc.
É durante esta fase que a Equipa de Animação deve proceder ao diagnóstico inicial do
noviço/ aspirante.
Todos os jovens que chegam ao Clã são diferentes em diversos aspectos: idade, con-
textos familiares, escolares e profissionais, níveis de desenvolvimento, aptidões, dificul-
dades, entre muitas outras coisas. Desta forma, poderão estar em graus de maturida-
de e autonomia diferentes. Será papel do Chefe de Clã e da sua Equipa de Animação
promover o desenvolvimento harmonioso dos seus elementos (mesmo quando partem
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O resultado prático deste processo de Diagnóstico Inicial vai ser utilizado quando o
Chefe de Clã for negociar com o caminheiro o conjunto de objectivos educativos que
constituirá a sua etapa de progresso. Isto significa que o Chefe de Clã não precisa de
despender demasiada energia no início deste processo, tentando fechar um diagnóstico
numa semana ou duas porque, no caso dos caminheiros, tem até 9 meses (tempo máxi-
mo para eles aderirem ao Clã) para “afinar” este diagnóstico, completando-o, revendo-o,
modificando-o, etc.
Contudo, esta fase do Diagnóstico Inicial é crucial para a escolha posterior dos objecti-
vos educativos, uma vez que as opções do jovem devem ter em consideração as suas
necessidades e lacunas de desenvolvimento. De facto, o aspirante/noviço deverá ser
incentivado a escolher em primeiro lugar os objectivos que sente que terão que ser mais
bem trabalhados, concretizando-os em várias acções práticas na parte aberta no seu
PPV.
Os noviços e os aspirantes com 18 anos vão sempre para a 1ª etapa. Mesmo que
Chefe de Clã e noviço/aspirante considerem que já existem objectivos fechados
em número suficiente para completar a 1ª Etapa, esses objectivos devem ser
“reservados” e avaliados mais tarde, no final da 1ª etapa. O noviço/aspirante,
deve escolher para a sua 1ª etapa um conjunto de objectivos educativos que,
decididamente, não foram atingidos.
Este diagnóstico mais formal irá servir para reconhecer - depois da sua fase de
adesão - que objectivos educativos ele já detém e que equivalência será atribuí-
da em termos de etapa de progresso.
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Envolvimento de diversas pessoas: Chefe de Comunidade do ano anterior (no caso dos no-
viços), o próprio (aspirante/noviço), Chefe de Clã/ Equipa de Animação, Caminheiro mais velho e
experiente escolhido pelo aspirante/noviço, pais e amigos do jovem, etc.
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Esquema 4
RESUMO- SECÇÃO IV
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Conhecimentos:
- Conhecer a organização do Clã e das Tribos, assim como as suas tradições
e funcionamento.
- Conhecer a mística e enquadramento simbólico da IV Secção.
- Conhecer os percursos de vida e exemplo que constituem para o Caminheiro o
Patrono da IV Secção (São Paulo) e o Patrono do seu Clã.
- Ler o Livro «A Caminho do Triunfo», escrito por B.-P. para os jovens caminheiros
e que ainda hoje é uma referência para o caminheirismo, pela sua actualidade.
- Conhecer os Objectivos Educativos que são propostos para a IV secção.
- Saber o que é e qual a importância do PPV.
Vivências:
- Participar no quotidiano da Tribo e do Clã, dentro do sistema de patrulhas.
- Participar activamente na Caminhada. O objectivo é que conviva de perto com
a aplicação do método projecto numa actividade típica do Clã.
- Promover um debate ou dinâmica sobre o livro «A Caminho do Triunfo», com
o Clã ou Tribo, de modo a tirar dúvidas e apresentar a sua perspectiva da leitura
que fez.
- Fazer o PPV.
Conhecimentos:
- Organização do Agrupamento.
- Vida e mensagem de Baden-Powell.
- Domínio prático de técnica escutista e pioneirismo.
É, também, durante a etapa Caminho, que o noviço/aspirante começa a pensar nos ob-
jectivos educativos que vai escolher para atingir no primeiro ano de vivência do sistema
de progresso – Etapa Comunidade.
De facto, será nesta fase que o aspirante/noviço irá conhecer o que se espera dele
quando se tornar caminheiro. Com o apoio do Chefe de Clã e de um caminheiro mais
experiente (escolhido pelo noviço/aspirante), e tendo em conta o diagnóstico inicial, o
caminheiro irá escolher o seu percurso de progresso. Neste âmbito, e após a selecção
de 2 a 3 objectivos educativos de cada área de desenvolvimento, o noviço/aspirante
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deve começar a concretizar o que vai fazer para conseguir atingir os objectivos a que se
propôs, assim como as datas limite para o fazer.
3. O Compromisso - Promessa
Sempre com o objectivo de colocar o jovem no centro da acção pedagógica, deverá ser
em primeiro lugar o jovem a reconhecer que quer pertencer ao Clã e que está apto a
fazer a sua promessa – a assumir o seu compromisso perante o Clã.
Cada jovem necessitará de tempo diferenciado para tomar a sua decisão de aderir. As-
sim sendo, a duração da etapa Caminho deverá ser adaptada ao noviço/aspirante, em-
bora não deva ultrapassar os 9 meses. Quando a Equipa de Animação nota atraso na
adesão de um noviço/aspirante, deve avaliar o que se passa, incentivá-lo a completar a
etapa Caminho e ajudá-lo nas dificuldades. Não se deve “dar” a Promessa só para que o
jovem não fique atrasado em relação aos outros, ou porque todos vão fazê-la.
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II. Vivência
1) Adesão - Caminho
É nesta fase que o noviço/aspirante inicia o seu
caminho no Clã e enceta essa grande aventu-
ra de querer tornar-se caminheiro e caminhar
para o Homem-Novo. Inicia também o caminho
rumo à Partida.
O Caminho significa então, a abertura, a lar-
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FÍSICO 6 ob je ctivos
AF ECTIVO 6 ob je ctivos
CARÁ CTER 8 ob je ctivos
ESPIRITUAL 8 ob je ctivos
INTELECTUAL 7 ob je ctivos
SOCIAL 7 ob je ctivos
Para progredir, o caminheiro tem de escolher, em cada uma das 3 etapas de progresso
da secção, vários objectivos a atingir, contemplando todas as áreas de desenvolvimento.
Assim sendo, um caminheiro constrói cada etapa de progresso seleccionando 2 a
3 objectivos educativos de cada uma das diferentes áreas de desenvolvimento.
Como esta escolha é individual, outro caminheiro pode escolher objectivos distintos para
completar a mesma etapa.
Exemplo:
Físico
- Identificar e evitar, na vida quotidiana, os comportamentos de risco relacionados
com a segurança física e consumo de substâncias.
- Conhecer e aceitar o desenvolvimento e amadurecimento do seu corpo com na-
turalidade.
Afectivo
- Valorizar e demonstrar sensibilidade nas suas relações afectivas, de modo conse-
quente com a opção de vida assumida.
- Respeitar a existência de várias sensibilidades estéticas e artísticas, formando a
sua opinião com sentido crítico.
Carácter
- Ser capaz de formular e construir as suas próprias opções, assumindo-as com
clareza.
- Mostrar-se responsável pelo seu desenvolvimento, colocando a si próprio objecti-
vos de progressão pessoal.
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Espiritual
- Conhecer e compreender o modo como Deus se deu a conhecer à humanidade,
propondo-lhe um Projecto de Felicidade Plena (História da Salvação).
- Conhecer as principais religiões distinguindo e valorizando a identidade da Igreja
Católica.
Intelectual
- Definir o seu itinerário de formação preocupando-se em mantê-lo actualizado.
- Adaptar-se e superar novas situações, avaliando-as à luz de experiências anterio-
res e conhecimentos adquiridos.
- Procurar de forma activa e continuada novos saberes e vivências, como forma de
contribuir para o seu crescimento pessoal.
Social
- Mostrar capacidade de relacionamento e trabalho em equipa, contribuindo activa-
mente para o sucesso do colectivo através do desempenho com competência do
seu papel.
- Usar de empatia na forma de comunicar com os outros, demonstrando tolerância
e respeito perante outros pontos de vista.
- Conhecer e exercer os seus direitos e deveres enquanto cidadão.
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Para fechar a Etapa 1 – Comunidade - tem ainda de alcançar 2 objectivos (pelo menos)
de cada uma das outras 3 áreas restantes. (marcado com , o que ela escolheu atingir,
para completar a Etapa).
Caso tenha, pelo menos, 12 objectivos alcançados (pelo menos 2 em cada área de de-
senvolvimento), passa para a 2ª etapa – Serviço – e escolhe pelo menos mais 12 objecti-
vos (pelo menos 2 de cada área de desenvolvimento) para completar esta 2ª etapa.
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Esta não deve ser apenas entregue ao caminheiro, mas sim, envolvida numa cerimónia,
ou momento mais solene. Deste modo, por um lado, está-se a dignificar e a dar como
exemplo aquele caminheiro empenhado que completou o seu progresso. Por outro, está-
-se a dar um incentivo a todos os outros caminheiros que, certamente, terão mais uma
motivação para completar o seu sistema de progresso pessoal.
No nosso sistema de progresso faz sentido dizer-se que “o caminheiro deu provas de”
(porque isso foi observado em conhecimentos, competências e atitudes) em vez de “o
caminheiro prestou provas” (porque realizou uma determinada acção prevista num sis-
tema de progresso com provas especificadas). Neste sentido, o progresso não se faz
através de provas específicas e idênticas (obrigatórias ou facultativas, opcionais ou de
qualquer outra ordem) para todos, mas através de oportunidades educativas – activida-
des e acções – que o nosso método, com as suas 7 maravilhas, oferece. Os caminheiros
podem ainda adquirir conhecimentos, competências e atitudes na sua vivência escolar,
catequética, nos clubes a que pertençam, equipas de outros organismos, etc., dado que
também aqui realizam actividades que podem contribuir para alcançarem objectivos edu-
cativos. A ideia é o chefe de Clã verificar esses conhecimentos, competências e atitudes,
sem que o caminheiro tenha que os repetir, necessariamente.
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Note-se que, a este nível, não existe uma relação directa entre a realização de uma
oportunidade e o alcançar de um objectivo educativo. É através da avaliação do desen-
volvimento do jovem – e não da realização ou não da oportunidade educativa – que se
pode comprovar a aquisição de novos conhecimentos, competências ou atitudes. Se
esta aquisição não se verificar ou não for satisfatória, poderá ser necessário escolher
novas oportunidades educativas para o caminheiro.
O PPV deverá ter uma parte aberta, que deve conter os objectivos educativos que o
caminheiro que escolheu para atingir na etapa do sistema de progresso em que se en-
contra, assim como as oportunidades educativas (acções concretas) para os alcançar e
respectivas datas em que prevê tê-los atingido. Essa parte é partilhada com a Tribo e
com o Chefe de Clã e deve estar exposta no Albergue.
A importância da partilha e exposição dos objectivos educativos escolhidos por cada um,
prende-se com a possibilidade da Equipa de Animação e todo o Clã poderem e deverem
incentivar a ajudar os seus elementos a progredir.
Será, também, com base nessa partilha da parte aberta do PPV que a Carta de Clã deve
ser construída.
Para além disto, o PPV conterá ainda uma parte fechada, em que devem constar os
objectivos pessoais e íntimos do caminheiro, projectos, sonhos, assim como os passos
para os concretizar e as datas em que espera realizá-los. A parte fechada é partilhável
ou não, no entanto, é aconselhável que o caminheiro partilhe o seu PPV (parte fechada)
com alguém mais velho e mais experiente, que o possa ajudar e orientar, preferencial-
mente, o Chefe de Clã.
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Este trabalho nas especialidades pode e deve iniciar-se a partir do momento em que
começa a fase da vivência, isto é, logo após o jovem ter realizado a sua Promessa.
4) Avaliação
Neste sentido, há que ter em conta que a avaliação dos conhecimentos, competências
e atitudes adquiridas e validação de objectivos educativos concluídos deve ser feita de
forma contínua, ao longo da vivência escutista do jovem.
Note-se que, num sistema orientado por objectivos educativos, estes não podem ser
controlados como se fossem “provas” ou “exames”. A avaliação tem que ser feita me-
diante a observação do progresso dos jovens durante um percurso prolongado de tempo.
Quando o progresso for observado no jovem e avaliados pelo próprio, pelos “pares” e
pela Equipa de Animação, o Conselho de Guias poderá reconhecer que o caminheiro
alcançou aquele objectivo educativo.
nado objectivo, o Guia apresenta esse caso no Conselho de Guias seguinte, sendo o as-
sunto debatido entre os Guias. No caso de Tribos isoladas (quando só há uma Tribo, por
haver menos de 10 caminheiros), o assunto é debatido em Tribo e com o Chefe de Clã.
d)O Desafio
No último ano, e quando estiver na etapa Partida, o caminheiro deve ser incentivado a
comprometer-se com uma causa pessoal, que envolva uma acção mais continuada no
tempo (mínimo de 3 meses). Essa acção deve privilegiar um esforço de cooperação ou
de voluntariado com uma instituição ou organização escolhida pelo caminheiro o que po-
derá implicar uma menor participação do caminheiro na vida do Clã e da sua Tribo e não
deve ser penalizado por isso. De facto, deverá ser realizada preferencialmente fora do
Agrupamento, embora seja possível que ocorra dentro dele. No entanto, é mais enrique-
cedor o Desafio ser realizado noutro ambiente, não se resumindo a uma Comissão de
Serviço numa Secção, já que isto pode torná-lo redutor. O objectivo do Desafio é permitir
que o caminheiro faça do Servir o seu lema, de forma ambiciosa e individual. Estando na
última etapa do sistema de progresso e, provavelmente, no seu último ano no Clã, está
a preparar-se activamente para a Cerimónia da Partida. Assim sendo, este ano, o cami-
nheiro deve, cada vez mais, transpor o que aprendeu e cresceu no Clã para a sua vida
pessoal, fora do Movimento. O caminheiro deve tentar provar ao Clã que merece receber
a Cerimónia da Partida, pois é um exemplo a seguir na sociedade.
Este Desafio deve ser apresentado e partilhado no Clã, na medida em que o caminheiro
332
manualdodirigente
deve ir dando testemunho da sua experiência. Todo o Clã é incentivado a crescer com
esta experiência de um dos seus elementos.
Para o caminheiro, o Desafio constitui uma excelente oportunidade concluir o seu pro-
gresso.
Quando o caminheiro termina a sua última etapa, ou seja, quando completa todos os
objectivos educativos definidos para a IV Secção (objectivos educativos finais), estará
pronto para fazer a sua Partida do Clã, reconhecendo-se assim que completou a totali-
dade do percurso educativo proposto aos Escuteiros do CNE.
Tal como a Promessa, a partida não se “dá”. O caminheiro tem que a merecer. Tem que
ser o tal exemplo de Homem que a sociedade precisa.
Se ao longo de todo o seu percurso no Clã, o caminheiro não se envolveu no seu pro-
gresso pessoal, se não contribuiu para a vida da Tribo e do Clã, se não participou e não
cresceu, então, o Clã não lhe deve dar a Partida, pois não será este o exemplo de cida-
dão descomprometido e pouco envolvido que quer enviar para a sociedade. O facto de
atingir 22 anos, não dá “direito” á Partida, apenas diz que é hora e sair do Clã.
É preciso marcar a diferença entre sair do Clã (porque desistiu, porque atingiu a idade,
etc…) e Partir do Clã, ou seja, ser enviado para a sociedade pelos seus pares, porque o
consideram exemplo a seguir.
333
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Lobitos
NOME
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
F3.Conheço as principais
diferenças do corpo das meninas e
dos meninos.
334
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Lobitos
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
335
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Lobitos
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
336
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Lobitos
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
337
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Lobitos
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
338
Ligação entre o imaginário e os trilhos e objectivos educativos da Alcateia
Cá, a pitão a quem os Bândarlougues chamam 'minhoca amarela sem pernas', é um dos
animais da Selva com mais destreza física: para ela, praticamente não há obstáculos.
Embora possua um carácter dúbio, acaba, no Livro da Selva, por se tornar profundamen-
te amiga de Máugli. Conhece-o quando luta para o salvar do rapto dos Bândarlougues
(1), satisfaz-lhe a curiosidade quanto às suas transformações físicas (2) e acaba por
brincar frequentemente com ele, auxiliando-o a desenvolver a sua agilidade e a manter
comportamentos saudáveis (3).
F1. Participo em actividades físicas que me ajudam a ser mais ágil e habilidoso.
F2. Conheço os principais órgãos do meu corpo, sei onde estão localizados e para que servem.
F3. Conheço as principais diferenças do corpo das meninas e dos meninos.
F4. Sei o que devo e não devo comer e que tenho de descansar.
F5. Cuido do meu corpo e do meu aspecto.
F6. Sei que há comportamentos e produtos que me podem fazer mal.
Na idade dos lobitos, a família (e sobretudo os educadores, por norma os pais) desempe-
nha um papel fulcral. Por essa razão, optámos nesta área por uma das figuras parentais
que surge no Livro da Selva: Racxa, a Mãe Loba, que adopta Máugli incondicionalmente,
mostrando como podemos dar-nos bem mesmo com os que são diferentes (1), defen-
dendo-o de Xer Cane (2) e amando-o com todo o seu coração (3).
340
Ligação entre o imaginário e os trilhos e objectivos educativos da Alcateia
341
Ligação entre o imaginário e os trilhos e objectivos educativos da Alcateia
C4. Cumpro as tarefas que me são dadas, porque sei que isso é importante para todos.
C5. Não desisto, mesmo quando as tarefas são difíceis.
C6. Reconheço que as minhas acções têm consequências.
– Nada! Não há de quê. O rapaz lembrou-se da palavra-mestra. Eu não podia fazer outra
coisa. – E Tchill subiu às voltas para o seu poiso.
– Não se esqueceu de se servir da língua – disse Bálu, com um risinho de orgulho. –
Imagine-se uma pessoa tão jovem a lembrar-se da palavra-mestra das aves enquanto o
arrastavam através das árvores!”
Hati, o elefante, é, no Livro da Selva, o animal que domina todos os conhecimentos so-
bre a Jangal, sendo respeitado por todos por ser sensato e bom conselheiro. Ele é o fiel
depositário de toda a Sabedoria da Selva, que apresenta nas histórias maravilhosas que
conta e que permitem aos bichos compreender o mundo e sentir-se uma família unida.
Uma delas é da criação de tudo o que existe e da forma como a selva é uma família (1). A
Sabedoria da Selva está ainda repleta de valores morais (que o lobito descobre à medida
que aprofunda o conhecimento sobre Jesus) ligados ao bem e à tolerância (2). São todos
estes ensinamentos que Hati transmite a todos os bichos e a Máugli, para que em cada
dia respeitem o mundo em que vivem e compreendam o que é, de facto, importante (3).
moradores da Selva nada sabiam do Homem, mas viviam na Selva juntos, formando um
só povo.”
A caçada de Cá, 49
“O calor continuava e devorava toda a humidade, até que por fim o canal maior do Uein-
ganga era o único que levava um fiozinho de água entre as suas margens mortas; e
quando o elefante bravo, Hati, que vive cem anos e mais, viu aparecer, precisamente no
meio do rio, uma crista de rocha extensa, magra e azul, sabia que estava a ver a Rocha
da Paz, e, sem mais delongas, ergueu a tromba e proclamou a Trégua da Sede (…). Pela
Lei da Selva é réu de morte quem matar nos bebedouros logo que se tenha declarado
a Trégua da Sede. (…) Os moradores da Selva aproximavam-se, famintos e exaustos,
do rio sumido – tigre, urso, veado, búfalo e porco, todos em conjunto, bebiam das águas
conspurcadas (…).
– Homem! – disse Xer Cane tranquilamente. – Matei um, há uma hora. (…) Tinha esse
direito na minha noite, como sabes, ó Hati. – Xer Cane falava quase cortesmente.
– Sei, sim – respondeu Hati; e após breve pausa: – Já saciaste a sede? (…) Então vai-te.
O rio é para beber e não para conspurcar. Ninguém senão o Tigre Coxo seria capaz de
se gabar do seu direito nesta época em que todos nós sofremos. (…)
– Qual é o direito de Xer Cane, ó Hati? [– perguntou Máugli.] (…)
– É uma história velha – disse Hati –, uma história mais velha que a Selva (…).
Hati avançou até lhe dar a água pelos joelhos no pego do Penedo da Paz. Embora ma-
gro, enrugado e de presas amarelas, tinha o ar do que a Selva via nele – o seu senhor.”
oculta armadilha, do pau voador e da mosca mordente que saiu do fumo branco (Hati
referia-se à espingarda), e Flor Rubra que nos faz fugir para campo aberto (…). E só
quando paira um grande Medo sobre todos, como agora, podemos nós, os da Selva,
desprezar os nossos pequenos medos, e reunir-nos num só lugar, como agora. (…)
– É só por uma noite que o Homem teme o Tigre? – perguntou Máugli.
– Só durante uma noite – disse Hati.
– Mas eu.. nós, toda a Selva sabe que Xer Cane mata Homem duas e três vezes numa
lua.
– Assim é. Então ele salta-lhe de trás e volta a cabeça para o lado, porque está cheio de
medo. Se o Homem o fitasse, ele fugiria. (…)
– Oh! – disse Máugli para consigo, virando-se na água. – Agora vejo a razão por que Xer
Cane me mandou olhar para ele! De nada lhe valeu, pois não conseguiu aguentar-me o
olhar (…).
– Os homens sabem desta história? – perguntou.
– Ninguém sabe senão os Tigres e nós, os Elefantes… os descendentes de Tha. Agora
vós, os da beira da água, a ouvistes, e tenho dito.
Hati mergulhou a tromba na água em sinal de ponto final.”
I4. Sou desembaraçado e uso as coisas que aprendo para resolver problemas.
I5. Sei dizer quando há um problema e o que é preciso fazer para o resolver.
Àquêlà, o Lobo Solitário que chefia a Alcateia de Seiôuni, é, para Máugli, o exemplo do
guia. De facto, ele consegue orientar de forma correcta e respeitosa as reuniões na Ro-
cha do Conselho (1) e sabe discernir como pode ser útil: quando, já velho, é obrigado a
ceder o seu lugar de chefe da Alcateia a outro, tem humildade suficiente para ficar e aju-
dar Fao, que agora é o responsável pelo Povo Livre (2); quando Máugli mata Xer Cane,
ele desempenha na perfeição as tarefas que Máugli guardou para ele, não impondo
ditatorialmente a sua autoridade (3).
S1. Conheço as regras de boa educação que me fazem dar bem com os outros.
S2. Participo da melhor vontade em todas as actividades.
S3. Respeito aquilo que é de todos.
S4. Não me aborreço quando perco nas votações e nos jogos.
347
Ligação entre o imaginário e os trilhos e objectivos educativos da Alcateia
348
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Exploradores
NOME
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
Físico - Desempenho
F1. Pratico actividades físicas em
que testo as minhas capacidades
e torno-me mais ágil, flexível e
desembaraçado.
Físico - Auto-conhecimento
F2. Aceito que o meu corpo está
a mudar e respeito os diferentes
ritmos de desenvolvimento quando
me comparo com os outros.
F3. Conheço o diferente ritmo de
crescimento dos rapazes e rapari-
gas e respeito o espaço próprio de
cada um.
349
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Exploradores
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
Afectivo - Auto-estima
A6. Assumo as minhas qualidades
e defeitos.
Carácter - Autonomia
C1. Conheço e compreendo a Lei do
Escuta e os Princípios.
Carácter - Responsabilidade
C4. Desempenho o papel que me é
atribuído dentro dos grupos a que
pertenço com responsabilidade e
empenho.
350
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Exploradores
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
Carácter - Coerência
C7. Defendo as ideias e comporta-
mentos que me parecem correctos.
Espiritual - Descoberta
Espiritual - Aprofundamento
E4. Sei que me relaciono com Deus
sempre que faço oração pessoal e
participo na oração comunitária.
Espiritual - Serviço
E7. Cuido e protejo a
Natureza, consciente de que isso é
importante para a vida das pessoas.
351
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Exploradores
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
352
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Exploradores
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
353
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Pioneiros
NOME
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
Físico - Desempenho
F1. Testo de forma responsável
os limites do meu corpo e pratico
actividades físicas que me permitem
conseguir um desenvolvimento
equilibrado.
Físico - Auto-conhecimento
F2. Aceito as características próprias
do meu corpo e respeito as diferen-
ças físicas entre as pessoas.
354
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Pioneiros
NOME
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
Afectivo - Auto-estima
A7. Reconheço as características da
minha personalidade.
355
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Pioneiros
NOME
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
Carácter - Autonomia
C1. Escolho conscientemente as
minhas referências e valores
fundamentais.
Carácter - Responsabilidade
Carácter - Coerência
C8. Partilho e defendo aquilo em
que acredito de forma serena e
fundamentada.
356
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Pioneiros
NOME
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
Espiritual - Descoberta
E1. Conheço e compreendo a vida
dos profetas.
Espiritual - Aprofundamento
E4. Vivo a oração como parte do
meu quotidiano e participo nas
celebrações comunitárias.
Espiritual - Serviço
E7. Defendo a vida humana como
um valor absoluto.
357
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Pioneiros
NOME
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
358
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Pioneiros
NOME
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
359
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Caminheiros
NOME
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
Físico - Desempenho
F1. Praticar actividade física que
promova o desenvolvimento e
manutenção da agilidade, flexibilida-
de e destreza de forma adequada à
sua idade, capacidade e limitações.
Físico - Auto-conhecimento
F2. Conhecer e aceitar o desenvol-
vimento e amadurecimento do seu
corpo com naturalidade.
360
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Caminheiros
NOME
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
Afectivo - Auto-estima
A5. Reconhecer e aceitar as ca-
racterísticas da sua personalidade,
mantendo uma atitude de aperfeiço-
amento constante.
361
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Caminheiros
NOME
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
Carácter - Autonomia
C1. Possuir e desenvolver um
quadro de valores que são fruto de
uma opção consciente.
Carácter - Responsabilidade
Carácter - Coerência
F-C7. Ser consistente e convicto na
defesa das suas ideias e valores.
362
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Caminheiros
NOME
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
Espiritual - Descoberta
E1. Conhecer e compreender o
modo como Deus se deu a conhecer
à humanidade, propondo-lhe um
Projecto de Felicidade Plena
[História da Salvação].
Espiritual - Aprofundamento
E4. Aprofundar os hábitos de oração
pessoal e assumir-se como membro
activo da
Igreja na celebração comunitária.
Espiritual - Serviço
E7. Testemunhar que a presença
de Deus no mundo dignifica a vida
humana e a Natureza.
363
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Caminheiros
NOME
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
364
Folha de apoio ao registo de conhecimentos,
competências e atitudes – Caminheiros
NOME
Reconhecimento
Área/Trilho/Objectivo Conhecimento, Competência, Atitude pelo Conselho
de Guias
365
manualdodirigente
Manuel Madeira
Ser adulto no escutismo não pode resultar apenas do voluntarismo, nem ser encarado
como algo apenas acessível a alguns escolhidos. Deve, pelo contrário, resultar de um
encontro entre uma intenção voluntária do próprio e o cumprimento de requisitos estabe-
lecidos pela associação. Este encontro terá de se consubstanciar num compromisso que
envolve formação contínua ao longo do ciclo de vida na associação.
367
manualdodirigente
PLANEAR
Organizar a unidade, garantindo o bom funcionamento de todos os elementos do
método e a sua ligação à realidade local;
Garantir o equilíbrio na organização e composição da unidade, especialmente
nos momentos de entrada e saída de elementos.
ANIMAR
MOTIVAR
GERAR COMPROMISSOS
369
manualdodirigente
De uma forma resumida, estas atribuições e formas de actuação do dirigente podem ser
esquematizadas, como um “8”, em que o “educar” – o seu papel, a sua vocação e missão
– se perspectiva quer do ponto de vista das suas funções – “o quê…” – como das suas
formas de actuação – “como”.
370
manualdodirigente
371
manualdodirigente
Para que a influência positiva se registe não basta que o dirigente tenha um comporta-
mento exemplar. É também necessário que conheça os seus elementos, que crie com
eles relações de proximidade e afinidade, para que consiga perceber quais as áreas
onde a sua influência pode ser mais positiva. Interessa, assim, ser amigo, o 'irmão mais
velho' que observa e ajuda.
372
manualdodirigente
Neste sentido, a forma como cada dirigente interage com os jovens, isto é, o seu estilo de
animação, revela-se um assunto importante no âmbito a interacção educativa, na medida
em que há um estilo de animação próprio na relação escutista que se estabelece entre
o adulto e os seus elementos. Este estilo de animação é o democrático ou participativo:
através dele, o dirigente deixa aos seus elementos o máximo de espaço para imaginar,
decidir, planear, concretizar, avaliar e celebrar (facultando-lhes o ambiente necessário
para que possam viver e jogar o jogo escutista), evitando ser autoritário, directivo ou
super--protector. Na realidade, uma estrutura rígida e pré-determinada e uma atitude
dirigista impossibilitam que os escuteiros exerçam a sua liberdade e desenvolvam a sua
autonomia – o jogo escutista não é, assim, possível.
Note-se, porém, que o contrário também não é positivo. De facto, o dirigente não pode
dar aos seus elementos todo o espaço, pois a falta de enquadramento e de referências
impede igualmente o jogo, que não pode existir sem regras. Assim sendo, o estilo de-
mocrático não representa nem implica assim, para o dirigente, qualquer demissão da
sua dimensão adulta e educativa: o dirigente não é o amigalhaço do escuteiro, o amigo
da sua idade. É, sim, o seu amigo adulto, que sabe misturar-se com ele, mas nunca se
confunde no seu papel de educador.
Pretende-se, então, que o dirigente garanta aos seus elementos um espaço de liberdade
e iniciativa, mas onde exista um enquadramento e as regras sejam estabelecidas, conhe-
cidas e respeitadas por todos. De facto, só um espaço com todas estas características
permite jogar o jogo escutista.
Isto não significa, contudo, que toda a acção esteja concentrada no dirigente. Na rea-
lidade, no escutismo, pretende-se que a acção pedagógica esteja centrada no próprio
escuteiro, que é chamado a ser protagonista do seu auto-desenvolvimento. Neste sen-
tido, e embora o dirigente seja chamado a liderar e a assegurar um ambiente seguro,
sadio e harmonioso, baseado nos ideais e valores do escutismo, a sua intervenção deve
ir diminuindo à medida que a idade e maturidade dos elementos aumenta. De facto, se
a finalidade do escutismo é que o escuteiro desenvolva a sua autonomia, o papel do
dirigente não pode ser senão o da promoção dessa autonomia, que se deve reforçar ao
longo do percurso educativo do jovem através das secções.
373
manualdodirigente
Isto não significa, porém, que a ausência não seja, também ela, pedagógica. De facto,
se a presença do adulto é fundamental no escutismo, a ausência também o pode ser,
na medida em que assim se dá espaço aos elementos para que possam crescer e de-
senvolver a sua autonomia. Todavia, estas ausências – mesmo físicas, não apenas das
reuniões, mas também das próprias actividades – que devem estar de acordo com a
idade e maturidade dos elementos: se com os lobitos pode ser o jogo de pista vigiado à
distância, com os exploradores já são etapas do raid; nos pioneiros alarga-se o âmbito
da autonomia e nos caminheiros pode até – se assim for considerado adequado – haver
uma total ausência (mas não desconhecimento ou falta de informação) do dirigente, por
exemplo. Estas ausências não se assumem, assim, como um vazio, mas possuem uma
intencionalidade pedagógica.
Neste âmbito, há que não esquecer que é necessário cuidar, em todas as iniciativas e
actividades, do bem-estar físico, psicológico e anímico dos elementos, devendo o olhar
atento do dirigente recair sobre aspectos como a higiene, a alimentação, o descanso ou
a saúde. Para além disto, deve zelar para que sejam cumpridas as normas de segurança
legais ou em vigor na associação e excluídos comportamentos e opções que acarretam
riscos inrrazoáveis e/ou não devidamente acautelados. Note-se que, em termos de res-
ponsabilidade jurídica, os jovens se encontram confiados aos adultos que os acompa-
nham e que são responsáveis por tudo o que acontece. Compete-lhes, assim, a perma-
nente avaliação e gestão do risco, tendo em consideração que a segurança adequada
de uma actividade não pode implicar negligência facilitista nem deve permitir excessos
de zelo que impeçam a concretização do que foi projectado.
375
manualdodirigente
376
manualdodirigente
No caso da 1ª secção, o envolvimento dos lobitos nas suas actividades está limitado
pelo desenvolvimento físico e psicológico que eles possuem. De facto, por muito que o
dirigente gostasse de dar aos Bandos autonomia e responsabilidade, nem sempre isto é
praticável, dado que as crianças ainda não conseguem, em muitos casos, valer-se a si
mesmas. Assim sendo, nesta secção a intervenção do dirigente assume-se de especial
importância e são dele, sempre, a palavra e responsabilidade últimas. Esta é a secção
onde esta intervenção é mais notória.
Nota-se claramente, pela análise do quadro da página 373, que o espaço de autonomia
e a liberdade concedida aos lobitos não é muito grande. De facto, numa Alcateia, o en-
volvimento e participação dos lobitos na organização de uma actividade é, naturalmente,
limitado. O risco é ser nulo, o que desvirtuaria por completo o espírito do lobitismo. Por
isso, cumpre ao dirigente criar espaço para que o envolvimento possa ter lugar, estimular
a que a participação aconteça e torná-la fonte de desenvolvimento pessoal.
Por outro lado, e porque a segurança é algo de que o lobito nem sempre tem noção, cabe
ao dirigente velar pela mesma, ensinando-o a tomar atenção e a precaver riscos. Vencer
medos e inseguranças, próprios da idade ou associados à infantilidade, é um desafio
para o lobito e para o dirigente e deve ser encarado sem aventureirismos, insensibilidade
ou pieguice.
Isto não significa, contudo, que não possam existir alguns momentos de ausência peda-
gógica. No entanto, esta ausência é muito limitada. No caso da Alcateia, pode ser o jogo
de pista, um raid ou uma reunião de Bando vigiados à distância (há sempre presença do
dirigente, mas ele pode não intervir, mantendo-se à distância).
377
manualdodirigente
Sabemos que a intervenção do dirigente deve ir diminuindo à medida que a idade e ma-
turidade dos elementos aumenta. É o que se mostra no quadro da página 373.
Ao dirigente compete ensinar cada um deles a chefiar de forma eficaz e organizada a sua
Patrulha (local, por excelência, de idealização, escolha e planeamento de actividades),
zelando pelo cumprimento da Lei do Escuta. De facto, na Expedição a Patrulha deve
ser estimulada e orientada a ser o viveiro da autonomia dos exploradores e a fonte das
actividades que estes começam a idealizar, a escolher, a planear.
A ausência pedagógica, neste âmbito, passa por permitir que as Patrulhas desenvolvam
de forma autónoma algumas das suas actividades, sem que haja intervenção ou controlo
directo da chefia. É por isso que algumas etapas de raids ou uma actividade de angaria-
ção de fundos podem ser feitas sem que os dirigentes acompanhem a Patrulha em todos
os momentos.
Jamborre da Madeira
379
manualdodirigente
Uma das características do Método Escutista é o envolvimento dos pioneiros nas acti-
vidades que desenvolvem. Este envolvimento é fundamental e imprescindível para que
haja um correcto desenvolvimento a nível da autonomia e da responsabilidade do pionei-
ro. É importante ter também em conta que esta participação, como em tudo o que diz res-
peito à vida da Unidade, deve ser feita de acordo com o estádio de desenvolvimento e de
autonomia dos elementos. Neste domínio, o dirigente deve assumir as suas responsabi-
lidades e ter noção de que tem, sempre, a última palavra em tudo o que é organizado.
Com isto não queremos dizer que cabe ao dirigente organizar tudo e colocar o pioneiro
numa posição de mero utilizador. Ao pioneiro tem de ser reconhecida autonomia e, de fac-
to, ela deverá estar num nível considerável, como observamos no quadro da página 373.
Pela análise do quadro, nota-se claramente que a vida de uma Comunidade, onde os
pioneiros interagem e as Equipas funcionam como pequenas estruturas, é marcada por
uma forte autonomia. O 'espaço de actuação' dos pioneiros e o grau de liberdade que
lhes é concedido são bastante alargados. Ao pioneiro cabe reconhecer isso e correspon-
der com uma contribuição activa, empenhada e permanente no planeamento, organiza-
ção e na concretização de todas as actividades da Unidade.
Para que isto se verifique, a intervenção do dirigente nas actividades é menor do que
nas secções anteriores e deve progressivamente focalizar-se não na organização e pla-
neamento das actividades, mas sim no seu enriquecimento, na análise e discussão dos
métodos de planeamento, dos métodos de organização e de avaliação que são usados
pelos elementos.
Boas práticas:
- Auto-avaliação constante
Perguntar: “Até que ponto a minha acção na organização das actividades não está a anular o Guia?” Esta
deve ser uma pergunta que o dirigente deve fazer permanentemente no âmbito das reuniões e avalia-
ções da equipa de animação. Só uma auto-avaliação honesta pode levar ao crescimento.
Para além disto, o escutismo, pelas suas actividades, é uma espécie de micro-sociedade
– uma vez que pode apresentar-se como uma sociedade em miniatura – na qual os
jovens podem experimentar, construir com arrojo, intervir, transformar em segurança e
testar as suas capacidades e talentos que vão levar para a vida fora, protegidos das
consequências do fracasso no mundo real. O escutismo é, portanto, ambiente seguro
para arriscar.
Esta segurança é garantida pelo dirigente, que deve manter-se alerta para os riscos das
actividades escutistas que são desenvolvidas pela Comunidade e também para os riscos
a que os pioneiros estão expostos na sua vida quotidiana de adolescentes e jovens. Ao
dirigente cumpre, ainda, ajudar os pioneiros a reflectir sobre a temática do risco e da
segurança nas actividades e nas suas próprias vidas.
Interessa que o dirigente seja amigo e não ‘general’, aquele que ordena ou que
é respeitado pelo temor. Mas o dirigente amigo não se confunde com o amigo da
escola, com o amigalhaço: ao ser amigo, tem de saber misturar-se com os jovens,
sem nunca se deixar confundir com eles, e não se demite da sua qualidade de
adulto e de educador. O dirigente é, assim, um amigo adulto que tem consciência
de que o equilíbrio é a chave de ouro na relação educativa escutista entre jovens
e adultos.
Boas práticas:
O Conselho de Guias, bem como o Conselho de Comunidade, são momentos privilegiados para que a presen-
ça efectiva e eficaz do dirigente, como garante da segurança e de proximidade, se faça notar. Estes
Conselhos devem ser ocasiões de partilha, onde a colaboração e orientação do dirigente é fundamental
para chamar a atenção, fornecer elementos de análise, formar e auxiliar na procura de soluções, analisar
a presença ou ausência de responsabilidade perante compromissos e valores escutistas e cristãos.
- Conhecer os escuteiros
Pode parecer uma frase feita, mas o dirigente deve conhecer os seus escuteiros para além do que são
relações formais entre educador e educando. Se o pioneiro joga futebol, faz sentido que o dirigente
lhe vá perguntando como está a correr o campeonato. Se o pioneiro está envolvido num grupo de teatro
ou numa banda de música, não custa ir perguntando quando é o próximo espectáculo e, eventualmente,
até ir assistir. Perguntar aos pioneiros o que sugerem para compra de um presente a um familiar da sua
idade mostra vontade de proximidade, mostra respeito e valorização pela sua opinião.
382
manualdodirigente
Ausência pedagógica?
Sabemos que o método escutista educa para a Paz, para a liberdade e para a responsa-
bilidade, que é crescente porque é conquistada e retribuída com mais liberdade. De fac-
to, no ambiente educativo escutista, um aumento de liberdade pressupõe igual aumento
de responsabilidade, pessoal e de grupo.
É esta responsabilidade que deve ser ensinada e pedida aos pioneiros em momentos de
ausência pedagógica do dirigente (num raide ou outra actividade exterior, por exemplo,
as Equipas podem ir sem acompanhamento de um adulto).
Vimos já que o papel do dirigente não é o de Guia e que uma Equipa deve funcionar
autonomamente sob a liderança do Guia e numa cooperação de responsabilidades e
vantagens da parte de todos os elementos da Equipa. Assim, ao dirigente não cabe estar
em todos os momentos com os pioneiros, que precisam de espaço para interagir como
Equipa – com sucessos e fracassos, avanços e recuos, são eles que vão fortalecer a
Equipa. O dirigente deve ter a preocupação de não intervir e de, por vezes, não estar
presente para que os jovens possam crescer. A isso se chama ausência pedagógica e
ela ajuda a crescer nos raides, numa actividade exterior, mas também nas reuniões se-
manais no abrigo, ou nas tarefas quotidianas da Equipa.
Boas práticas:
É uma boa prática experimentar, de vez em quando, qual é a reacção dos pioneiros se em vez de encon-
trarem o chefe num local combinado, encontrarem uma mensagem com uma tarefa. Como se organizam
para cumprir essa tarefa.
383
manualdodirigente
Assim sendo, o que se pretende é que exista, por ser característica fundamental de um
Clã, uma autonomia acompanhada: os caminheiros – jovens adultos – interagem e
vivem comunitariamente em Tribos independentes, competindo ao dirigente acompanhá-
-las, através da supervisão do trabalho autónomo em que se envolvem. Para além disto,
o cerne da intervenção do dirigente nas caminhadas do Clã implica o aperfeiçoamento de
técnicas de planeamento, organização e avaliação, o aconselhamento experiente, o en-
riquecimento técnico das actividades, a orientação na prevenção de riscos e o estímulo
à participação, à iniciativa e à transformação de sonhos em projectos, não esquecendo a
valorização dos valores escutistas e cristãos.
Para além disto, uma quase autonomia na avaliação e na precaução do risco é o que
se espera que caracterize os caminheiros, pelo que o dirigente deve ter aqui um papel
subsidiário, embora não possa estar alheio a estes assuntos. Assim, compete-lhe estar
atento para poder, se necessário, recordar, habilitar, orientar ou intervir.
Por fim, caso se note que o Clã possui já uma autonomia madura e responsável, pode até
considerar-se adequado que o dirigente não esteja presente num hike ou num acampa-
mento de Tribo. Note-se, contudo, que isto não implica ignorância ou falta de conhe-
cimento acerca do que sucede nessas actividades. Estas ausências nunca podem
assumir-se como um vazio (vão sozinhos porque sim), mas devem ter sempre subjacente
uma intencionalidade pedagógica (vão sozinhos porque se pretende que consigam ou
atinjam algo).
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C.7.2. – A Coeducação
O que é a Coeducação?
Para que haja desenvolvimento e para que este seja equilibrado, o processo educativo
deve visar a heterogeneidade e o contacto com a diferença, sendo que na diversidade se
encontra não a desigualdade mas sim a verdadeira riqueza do mundo.
As unidades devem ser coeducativas desde os escuteiros que a compõem até às Equi-
pas de Animação. Devem estar preparadas para trabalhar a diversidade seja ela ao nível
do género, da cultura, da forma física ou outra, proporcionando educação com vista à
construção de uma sociedade mais multicultural e tolerante.
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386
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I. Introdução
Hoje em dia as NEE são encaradas de uma perspectiva inclusiva mas nem sempre foi
assim: há cerca de 50 anos estas crianças/jovens ficavam em casa com familiares ou
eram institucionalizadas em escolas de ensino especial sem que houvesse qualquer
posição legal que os enquadrasse.
O conceito de inclusão tem vindo a evoluir no sentido de nos tornar conscientes das
diferenças entre os seres humanos e da necessidade de promover o desenvolvimento e
bem-estar das pessoas com deficiência ou quaisquer condições especiais, dando-lhes o
direito à igualdade de oportunidades e de participação activa na sociedade.
387
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O CNE, enquanto associação educativa, não se pode apartar dos paradigmas actuais de
inclusão, sendo necessário um grande esforço para fazer acompanhar a evolução social
e educativa a este nível.
Em termos formais existem dois documentos que nos dão indicação de como agir com
crianças e jovens com NEE: a Conferência Mundial do Escutismo de Paris (1990) e o Re-
gulamento Geral do CNE. Entre outras coisas, chamam-nos a atenção para o seguinte:
Estas são as linhas que nos permitem afirmar que o escutismo é para todos e, nesse
sentido, a inclusão de crianças e jovens com NEE é um dever que o CNE deve cumprir
com responsabilidade e bom senso.
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Entende-se que uma criança/ jovem tem Necessidades Educativas Especiais (NEE)
quando, comparativamente com os seus pares, apresenta dificuldades significativamen-
te maiores para aprender ou manifesta algum problema de ordem física, sensorial, inte-
lectual, emocional ou social, ou uma combinação destas problemáticas, a que os meios
educativos existentes não conseguem responder, sendo necessário recorrer a adapta-
ções de recursos ou a condições de aprendizagem adaptadas. Estas dificuldades podem
manifestar-se temporária ou permanentemente.
Embora tenhamos consciência de que cada caso é um caso e nada pode ser visto de
forma taxativa, importa conhecer os tipos de NEE que podem surgir assim como conhe-
cer a sua classificação.
Muitas vezes, conscientes de que o escutismo é para todos, forçamo-nos a aceitar crian-
ças e jovens com NEE sem fazermos uma análise dos nossos recursos, correndo o risco
de seguir numa direcção oposta à inclusão.
Desta forma, a decisão de admitir uma criança/jovem com NEE cabe à direcção do agru-
pamento, mais do que ao chefe de unidade, uma vez que é a direcção do agrupamento
que pode e deve responsabilizar-se pelo percurso escutista desse elemento até à data
da sua partida; por isso a admissão de uma criança/jovem com NEE deve ser pondera-
da tendo em conta os recursos humanos e físicos existentes no agrupamento a curto e
médio prazo.
Caso não reúna o mínimo de condições para receber uma criança/jovem com NEE, a
direcção do agrupamento não deve aceitar a sua inscrição. No entanto não deve deixar
de encaminhar a família para outro agrupamento mais próximo que reúna condições,
fazendo contacto prévio com o mesmo.
.
389
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Antes de mais, importa salientar que a ideia da inclusão no escutismo assenta em cinco
princípios básicos:
Para que haja um verdadeiro processo de inclusão no escutismo, importa não esquecer
que antes de nos centrarmos na criança/jovem com NEE temos de aceitar a diferença
como parte de nós mesmos, seguindo a premissa de que “somos todos diferentes”.
Isto significa que incluir implica muito mais que apenas ter um elemento com NEE no
agrupamento. De facto, implica:
Conhecê-lo
Aceitá-lo
Fazê-lo participante activo na vida do grupo
Ajudá-lo a ser o principal agente do seu desenvolvimento
Importa dizer que incluir crianças com NEE não significa centrar a animação nelas (es-
quecendo as outras), mas sim criar estratégias que permitam a participação de todos
sem excepção, mediante as capacidades de cada um. No fundo, pretende-se que haja,
em todo o processo de inclusão, um equilíbrio justo que permita que todos cresçam
harmoniosamente.
Inclusão de Aspirantes
Com todos estes passos, pretende-se que o Chefe de Unidade fique a conhecer generi-
camente as características do diagnóstico do elemento e especificamente as caracterís-
ticas individuais da criança/jovem, tendo em conta áreas importantes como a autonomia,
particularidades do comportamento, cuidados específicos a ter, medicação a tomar e
efeitos da mesma, etc.
Inclusão de Noviços
Escolha do Bando/Patrulha/Equipa/Tribo
Atribuição de cargos
Distribuição de funções e tarefas
Gestão da EA
Adaptação do espaço do covil/base/abrigo/albergue, se necessário
Adaptação do sistema de progresso
Tão desafiante quanto aceitar um elemento com NEE é preparar o grupo para a sua
inclusão. Neste sentido, os escuteiros devem ser ajudados a tomar consciência de si pró-
prios e das diferenças entre todos. Também é importante que experimentem as dificulda-
des de pessoas com necessidades especiais, de modo a que o grupo aceite a diferença
de forma positiva e reconheça os talentos de uns e de outros. Só assim se derrubam
barreiras e preconceitos - sem a aceitação de todos não é possível incluir!
O método escutista, pela forma como possibilita trabalhar com crianças e jovens, permite
por si só a inclusão de crianças/jovens com NEE, sendo fulcral, para estes elementos, a
delineação de objectivos ao longo de todo o seu percurso escutista (exactamente como
deve acontecer para os restantes elementos). Para isso, é necessário que os dirigentes,
adultos responsáveis e pares ultrapassem as barreiras impostas pelo preconceito e acre-
ditem que estes elementos não só têm lugar no escutismo, como também têm talentos
que importa aprofundar e desenvolver através da sua participação activa no agrupamen-
to e na comunidade em que se inserem.
lidade interior para aceitar este desafio que poderá ou não ser maior que com qualquer
outra criança ou jovem. É necessário estar atento, disponível e alerta… em suma, ser
Baden-Powell
Existem alguns sites institucionais que podem ajudar na recolha de mais informação acerca deste assunto:
Instituto Nacional para a Reabilitação: http://www.inr.pt/ (através deste site podem não nó recolher diversas informações, como pedir
Fenacerci: http://www.fenacerci.pt/
Raríssimas: http://www.rarissimas.pt/
Maria Helena Andersen
392
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Henry Bissonnier
A chegada de uma criança com Necessidades Educativas Especiais (NEE) à Alcateia al-
tera sempre a sua dinâmica, na medida em que é necessário ter em conta uma realidade
diferente e que exige uma atenção particular por parte dos dirigentes. Contudo, o ideal é
que, depois da fase inicial de adaptação da criança com NEE, a dinâmica do grupo volte
ao que seria de se esperar.
Para que o processo ocorra de forma tranquila e eficaz, há um primeiro passo a dar:
assumir que o respeito pelas características de cada um é o ponto de partida para a
aceitação da diferença.
Aceitar a diferença implica reconhecer que todos somos diferentes, temos pontos fortes
e fracos e somos melhores numas coisas e piores noutras. Para tal, é necessário que os
lobitos sejam ajudados a tomar consciência das suas capacidades e limitações, de modo
a que cada um possa reconhecer e assumir um papel importante no bando e na Alcateia,
sendo igualmente capaz de aceitar o papel dos outros, mesmo que tenham característi-
cas individuais diferentes.
Assim é importante que os lobitos aprendam que, este novo elemento é uma criança
como eles, que quer ser escuteira e que devem ajudá-la sem a protegerem em demasia
ou a porem de lado nas brincadeiras.
393
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Boas práticas:
Utilizar histórias bem conhecidas das crianças para trabalhar o tema da diferença de uma forma posi-
tiva em caçadas ou jogos.
A primeira será a de Máugli, que é marcadamente uma história sobre a diferença: o Menino-Lobo é, no fim
de contas, diferente dos lobos – move-se e alimenta-se de maneira distinta – e os Lobitos conseguirão
(num jogo, por exemplo) nomear estas diferenças e explicar como Máugli podia fazer coisas que os ou-
tros não conseguiam e era, por isso, importante para a Alcateia.
Happy Feet, a história de Mumble, um pinguim que gostava de dançar;
O Pequeno Nemo, que tinha uma barbatana maior que outra e que quis provar que nadava tão bem como
os outros peixes;
Ratatui, ratinho que, em vez de comer do lixo como os outros ratos, quis ser cozinheiro.
Elaborar ateliers de descoberta de características individuais que podem incluir a construção de uma
galeria de fotografias com os elementos da Alcateia (com fotografias, desenhos e descrição das par-
ticularidades e qualidades de cada lobito) ou o desenho das silhuetas dos lobitos em papel cenário (pe-
dindo a um lobito que identifique o lobito que foi desenhado) para mostrar que, no fundo, as diferenças
entre as pessoas são mínimas. Posteriormente, os lobitos podem decorar a sua própria silhueta ou as
dos outros lobitos, fazendo-se depois uma exposição de silhuetas.
Sistema de Patrulhas
A escolha do Bando em que se vai incluir o lobito com NEE é possivelmente o passo mais
importante a dar e por isso deve ser bem ponderado tendo em conta diversos factores:
A liderança: o Guia do Bando deve ter perfil para ter um elemento diferente no
Bando.
Os elementos mais velhos do Bando devem ser elementos responsáveis que
ajudem o lobito com NEE sem o superprotegerem.
394
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A idade dos elementos do Bando, no sentido de garantir que o lobito com NEE
possa acompanhar pelo menos um elemento do Bando aquando a passagem de
secção.
Para participar activamente na vida de Bando, o lobito com NEE deve ter um cargo para
o qual consiga realizar as tarefas inerentes ao mesmo. Assim, no caso de crianças com
deficiência mental ou défices cognitivos pode optar-se por criar um cargo com menos
responsabilidade, mas que seja importante para o Bando. No caso de uma criança com
deficiência motora, devem adaptar-se os meios necessários de modo a permitir ao lobito
desempenhar as suas tarefas, por exemplo, escrita no computador se for secretário.
O papel do Guia de Bando é para este elemento igual ao que desempenha para os ou-
tros elementos, não devendo ser dada responsabilidade adicional específica em relação
ao lobito com NEE. Contudo deve ser sensibilizado para as dificuldades do seu elemento
e ajudado a lidar com a diferença dentro do Bando. De facto existem momentos em que
o Bando fica sozinho e é importante que o Guia esteja consciente do que deve fazer em
algumas situações, nomeadamente chamar um adulto quando necessário.
Sistema de Progresso
O processo de base para a aplicação do sistema de progresso é igual para o lobito com
NEE, podendo diferir nalguns pontos atendendo ao tipo de dificuldades existentes.
Antes de mais, é importante relembrar que não devemos partir do princípio que o lobito
não conseguirá fazer isto ou aquilo, principalmente quando existem défices cognitivos.
Neste caso, não podemos recorrer ao facilitismo de atribuir insígnias de progresso só
porque o elemento está lá e ia ficar triste se não as recebesse como os outros. Para me-
recer fazer a Promessa, e receber as suas etapas de progresso é importante que o lobito,
independentemente das suas dificuldades, sinta que a sua conquista dependeu do seu
esforço e aprendizagem. É de lembrar que também isto é uma forma de discriminação
pois não estamos a dar as mesmas oportunidades que damos aos outros.
Assim, para que seja possível cumprir as etapas de progresso há que adaptar cada
objectivo educativo do sistema de progresso às capacidades reais da criança com NEE,
ajudando-a a evoluir de acordo com as suas potencialidades.
No caso de lobitos com défices cognitivos ou outros problemas que não lhes permita
escolher etapas ou delinear acções concretas, deve ser a EA a fazê-lo, tendo em conta
as características, potencialidades, necessidades e gostos do lobito.
395
manualdodirigente
Método de Projecto
Os lobitos com NEE devem ter uma participação activa em todas as fases da caçada a
par dos seus companheiros do Bando, com a salvaguarda de que as tarefas que lhes
sejam atribuídas se adeqúem às suas capacidades. Mais uma vez todo este processo
depende da intervenção directa do Chefe de Unidade no apoio ao Bando e de um conhe-
cimento aprofundado do elemento e das tecnologias que o podem apoiar na execução
das suas tarefas.
Participação em Actividades
Para decidir qual o nível de participação de um lobito com NEE em determinadas activi-
dades importa conhecer quais os seus limites e que tecnologias o podem apoiar nessa
participação, tal como já foi referido.
O que importa deixar claro neste capítulo é que a não participação numa actividade não
deve ser a primeira opção para lobitos com NEE, a menos que essa actividade ponha
a sua integridade física em causa. Assim, antes de se decidir a não participação de um
lobito numa actividade devem esgotar-se todas as possibilidades, sendo que a EA deve
fazer um esforço adicional, devidamente apoiado por técnicos e familiares, para tornar
possível a participação da criança nas actividades, mesmo que o façam parcialmente.
Por exemplo, não temos que deixar um lobito numa cadeira de rodas fora de uma esta-
feta só porque não pode correr, alguém pode empurrar a sua cadeira de rodas a correr e
o lobito transportar o testemunho, ou então se puder conduzir a sua própria cadeira deve
poder participar sozinho não caindo no erro de a sua participação não contar porque
atrasa o grupo. Também pode fazer parte das regras do jogo que um elemento da equipa
adversária também faça o percurso na cadeira de rodas conduzindo-a, aqui impera o
bom senso e é fundamental o trabalho com a Alcateia para que esta se torne verdadei-
ramente inclusiva.
O Chefe de Unidade deve transmitir exaustivamente toda a informação que tem acerca
do lobito para o novo Chefe de Unidade, podendo mesmo fazê-lo com a presença dos
pais ou prestadores de cuidados de forma a facilitar este processo.
António Laranjeira
397
manualdodirigente
No caso dos exploradores, o nível de autonomia das Patrulhas permite que haja um
maior envolvimento dos elementos da Patrulha na inclusão de um elemento com NEE,
não sendo necessária uma intervenção tão directa por parte dos adultos, como se veri-
fica na Alcateia.
O processo de inclusão não passa apenas por fazer diligências em relação ao elemento
com NEE, sendo necessário preparar o grupo para a inclusão.
O primeiro passo é aceitar a diferença o que implica reconhecer que todos somos dife-
rentes, todos temos talentos e dificuldades. Assim, é necessário que os exploradores
sejam ajudados a tomar consciência das suas capacidades e limitações assumindo que
têm um papel importante na Patrulha e na Expedição e que o mesmo acontece com os
outros.
Tiago Pereira
398
manualdodirigente
Boas práticas:
A vivência de imaginários relacionados com a diferença contribui para a sensibilização dos exploradores
em relação a esta temática. Existem várias histórias de heróis bem familiares dos exploradores e que
fazem parte dos seus imaginários quotidianos que podem ser utilizadas; tais como:
O Demolidor (Dare Devil) que é cego;
O Homem-Aranha que é muito desajeitado e tímido;
O Harry Potter um jovem feiticeiro que foi criado por Muggles e que foi marcado em criança pelo ter-
rível Voldemort;
As aventuras de Asterix, em que Obelix é o único Gaulês que não precisa de tomar a poção mágica por ter
caído no caldeirão quando era pequeno.
Também nas actividades há a possibilidade de ensinar aos exploradores o valor da diferença. Eis alguns
exemplos de jogos que podemos utilizar neste âmbito:
- jogos de mímica, que permitem a exploração de diferentes formas de comunicar e aprender que não
é necessário falar para transmitir mensagens.
- jogos de auto-conhecimento que permitam aos exploradores compreender que são todos diferentes
e cada um tem talentos e dificuldades.
- Gincanas com algumas nuances que podem depois ser aproveitadas para reflexão, tais como: os olhos
vendados, tentar reconhecer os objectos pelo seu cheiro (sem os tocar); fazer percursos de obstá-
culos e com os olhos vendados e seguindo instruções verbais; fazer percursos com os dois pés amarrados
e o auxílio de canadianas ou cadeiras de rodas, etc.
Sistema de Patrulhas
A escolha da Patrulha em que se vai incluir o explorador com NEE deve ser feita tendo
em consideração alguns aspectos importantes:
No caso dos noviços haver pelo menos um elemento de referência do ano ante-
rior, preferencialmente que tenha sido do mesmo Bando.
A liderança: o Guia deve ter perfil para ter um elemento diferente na Patrulha
Os elementos mais velhos da Patrulha devem ser elementos responsáveis que
ajudem o explorador com NEE sem o superprotegerem.
399
manualdodirigente
Para participar activamente na vida da Patrulha, o explorador com NEE deve ter um
cargo para o qual consiga realizar as tarefas inerentes ao mesmo. Assim, no caso de
crianças com deficiência mental ou défices cognitivos pode optar-se por criar um cargo
com menos responsabilidade, mas que seja importante para a Patrulha. No caso de uma
criança com deficiência motora, devem adaptar-se os meios necessários no sentido de
modo permitir ao explorador desempenhar as suas tarefas, por exemplo, escrita no com-
putador se for secretário.
É também essencial não pôr a responsabilidade num só elemento da equipa, por exem-
plo no caso de crianças menos autónomas, pois essa tarefa torna-se cansativa para o
elemento que fica responsável e limita do círculo social do elemento com NEE.
Sistema de progresso
O processo de base para a aplicação do sistema de progresso é igual para o explorador
com NEE, podendo diferir nalguns pontos atendendo ao tipo de dificuldades existentes.
Antes de mais, é importante relembrar que não devemos partir do princípio que o ex-
plorador não conseguirá fazer isto ou aquilo, principalmente quando existe um défice
cognitivo.
Assim, para que seja possível cumprir as etapas de progresso há que adaptar cada
objectivo educativo do sistema de progresso às capacidades reais da criança com NEE,
ajudando-a a evoluir de acordo com as suas potencialidades.
No caso de explorador com défice cognitivo ou outros problemas que não lhe permita es-
colher etapas ou delinear acções concretas, deve ser a EA em conjunto com o Conselho
400
manualdodirigente
Método de Projecto
Os exploradores com NEE devem ter uma participação activa em todas as fases da
Aventura a par dos seus companheiros de Patrulha, com a salvaguarda de que as tarefas
que lhes sejam atribuídas se adeqúem às suas capacidades. Mais uma vez todo este
processo depende da intervenção directa do Chefe de Unidade no apoio à Patrulha e de
um conhecimento aprofundado do elemento e das tecnologias que o podem apoiar na
execução das suas tarefas.
Participação em Actividades
Para decidir qual o nível de participação de um explorador com NEE em determinadas
actividades importa conhecer quais os seus limites e que tecnologias o podem apoiar
nessa participação, como já referido.
O que importa deixar claro neste capítulo é que a não participação numa actividade não
deve ser a primeira opção para exploradores com NEE, a menos que essa actividade po-
nha a sua integridade física em causa. Assim, antes de se decidir a não participação de
um explorador numa actividade devem esgotar-se todas as possibilidades, sendo que a
EA deve fazer um esforço adicional, devidamente apoiado por técnicos e familiares, para
tornar possível a participação da criança nas actividades, mesmo que o façam parcial-
mente. Por exemplo, não temos que deixar um explorador numa cadeira de rodas fora de
uma estafeta só porque não pode correr, alguém pode empurrar a sua cadeira de rodas a
correr e o explorador transportar o testemunho, ou então se puder conduzir a sua própria
cadeira deve poder participar sozinho não caindo no erro de a sua participação não con-
tar porque atrasa o grupo. Também pode fazer parte das regras do jogo que um elemento
da equipa adversária também faça o percurso na cadeira de rodas conduzindo-a, aqui
impera o bom senso e é fundamental o trabalho com a Expedição para que esta se torne
verdadeiramente inclusiva.
401
manualdodirigente
Quando numa actividade específica da Patrulha se verifique que não existem condições
para este elemento participar em condições de segurança, a Patrulha deve ser desafia-
da a encontrar para este seu elemento uma forma de participação alternativa em que,
sendo útil ao desenvolvimento da actividade, não ponha em risco a sua integridade e a
dos outros. Damos como exemplo um raid individual, em que se atravessarão algumas
barreiras - riacho, subir pequena montanha; um elemento cujos problemas de saúde o
impeçam de fazer grandes esforços, poderá, por exemplo ser o elo de ligação a meio do
percurso, controlar as partidas ou chegadas… é necessário utilizar a imaginação para
encontrar tarefas úteis.
402
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Baden-Powell
Apesar de os pioneiros serem bastante autónomos, o Chefe de Unidade terá que prepa-
rar todo o processo de inclusão antes de o implementar junto dos pioneiros.
Nos pioneiros, o nível de autonomia das equipas é elevado, sendo que a inclusão de
um adolescente com NEE depende, na sua maior parte, do envolvimento dos elementos
da Equipa e do Guia. Ressalve-se, contudo, a importância do apoio do dirigente, que,
apesar do papel de retaguarda que já assume nesta secção, tem de estar bem presente
e vigilante no auxílio que deve prestar aos Guias ao nível da sua responsabilidade para
com os elementos com NEE.
O papel do dirigente, nesta problemática, não é fácil nem simples. De facto, aqui, e mais
do em qualquer outro domínio, o dirigente tem um papel de tutoria e de supervisão,
devendo monitorizar a inclusão dos elementos com NEE na vivência da Equipa e da
Comunidade. Esta monitorização não implica necessariamente um acompanhamento
directo e presencial, mas envolve vigilância e conhecimento constante de tudo o que é
feito e do modo como interagem os pioneiros entre si, e o pioneiro com NEE com o resto
da comunidade.
É de salientar que a admissão de jovem com deficit cognitivo severo na III secção, cons-
titui um desafio maior, pois ao chegar à Comunidade este jovem confronta-se com jovens
mais maduros em termos do seu desenvolvimento, gerando uma décalage que importa
vencer; claro que esta diferença de maturidade também existe no caso dos noviços con-
tudo o noviço já criou laços afectivos, que facilitam a inclusão.
403
manualdodirigente
Outro dos aspectos para o qual o dirigente deverá estar atento é o desenvolvimento
sexual nos jovens com NEE, principalmente nos jovens com deficiência mental ou per-
turbações do espectro do autismo. O desenvolvimento hormonal e sexual acentuado é
característico dos jovens na faixa etária dos pioneiros, contudo alertamos para o facto
de este desenvolvimento poder ser desadequado nos jovens acima referidos, uma vez
que na maioria dos casos não têm noção de intimidade e é comum não saberem res-
peitar a intimidade e o corpo dos outros. É muito importante que os pioneiros estejam
conscientes desta ausência de limites, de forma a poderem lidar com ela, podendo assim
defenderem-se e ajudar o jovem com NEE a adequar o seu comportamento.
Uma abordagem correcta desta questão com os pioneiros é essencial para evitar com-
portamentos abusivos de parte a parte.
O processo de inclusão não passa apenas por fazer diligências em relação ao elemento
com NEE, há que preparar o grupo para receber e incluir elementos com NEE.
404
manualdodirigente
Boas práticas:
- Jogos de exploração das capacidades físicas ou da ausência das mesmas (visão, audição, fala, obser-
vação, uso de mãos e pernas perante obstáculos, etc.), para reflexão e consciencialização sobre as
barreiras sociais impostas às pessoas com Necessidades Especiais;
- A visita a instituições que prestam assistência a pessoas com deficiência pode ser uma óptima opor-
tunidade educativa. De acordo com as características do grupo, a deslocação a uma instituição com
pessoas com deficiência cognitiva, e eventualmente a interacção com elas, pode revelar-se interessan-
te. Do mesmo modo a visita a uma escola de cães-guia, treinados para ajudar invisuais, pode ser importan-
te para sensibilizar os pioneiros para o princípio de igualdade de oportunidades de todas as pessoas.
Sistema de Patrulhas
A escolha da Equipa em que se vai incluir o pioneiro com NEE deve ser feita tendo em
consideração alguns aspectos importantes:
No caso dos noviços haver pelo menos um elemento de referência do ano ante-
rior, preferencialmente que tenha sido da mesma Patrulha.
405
manualdodirigente
A liderança: o Guia deve ter perfil para ter um elemento diferente na Equipa, ou
seja, deve ser um elemento capaz de atender e respeitar os outros, ter capaci-
dade de discernimento para ir percebendo até onde o novo elemento é capaz de
ir e um bom relacionamento com a chefia, para que recorra a ela quando sentir
alguma dificuldade ou dúvida.
Os elementos mais velhos da Equipa devem ser elementos responsáveis que
ajudem o pioneiro com NEE sem o superprotegerem.
A idade dos elementos da Equipa, no sentido de garantir que o pioneiro com NEE
possa acompanhar pelo menos um elemento da Equipa aquando a passagem
de secção.
Para participar activamente na vida da Equipa o pioneiro com NEE deve ter um cargo
para o qual consiga realizar as tarefas inerentes ao mesmo, assim, no caso de jovens
com deficiência mental ou défices cognitivos pode optar-se por criar um cargo com me-
nos responsabilidade mas que seja importante para a Equipa, no caso de um jovem
com deficiência motora devem adaptar-se os meios necessários no sentido de permitir
ao elemento desempenhar as suas tarefas, por exemplo, escrita no computador se for
secretário.
No caso dos pioneiros o Chefe de Unidade deve assumir um papel de auxílio e orien-
tação ao Guia e da Equipa no sentido de os ajudar a seleccionar o cargo e a distribuir
tarefas e funções para o elemento com NEE, assim como fazê-las cumprir, para isso é
imprescindível um conhecimento mais profundo das capacidades do jovem e das tecno-
logias de apoio que costuma utilizar na sua vida quotidiana e que lhe permitem a execu-
ção de diversas tarefas. É importante não esquecer que o elemento deve estar envolvido
na vida da Equipa sendo para isso necessário que o Chefe de Unidade e EA façam uma
monitorização de todo o processo junto do Guia.
Método de Projecto
Os pioneiros com NEE devem ter uma participação activa em todas as fases do Em-
preendimento a par dos seus companheiros de Equipa, com a salvaguarda de que as
tarefas que lhe sejam atribuídas se adeqúem às suas capacidades, todos os pioneiros
são necessários para diferentes tarefas, pelo que todos devem ser chamados a ter uma
participação activa, contribuindo segundo as suas possibilidades e limitações. Há que
ter em atenção, a este nível, os critérios de atribuição das funções e tarefas (vontade,
aptidão, capacidade, etc.), já que todos devem ser tidos em conta.
Sistema de progresso
O processo de base para a aplicação do sistema de progresso é igual para o pioneiro
com NEE, podendo diferir nalguns pontos atendendo ao tipo de dificuldades existentes.
Antes de mais é importante relembrar que não devemos partir do princípio que o pioneiro
não conseguirá fazer isto ou aquilo, principalmente quando existe um défice cognitivo.
406
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Assim para que seja possível cumprir as etapas de progresso há que adaptar cada ob-
jectivo educativo do sistema de progresso às capacidades reais da criança com NEE,
ajudando-a a evoluir de acordo com as suas potencialidades.
No caso de pioneiro com défice cognitivo ou outros problemas que não lhes permita es-
colher etapas ou delinear acções concretas deve ser a Equipa de Animação em conjunto
com a Equipa a fazê-lo, tendo em conta as características, potencialidades, necessida-
des e gostos do pioneiro/marinheiro.
Participação em Actividades
Para decidir qual o nível de participação de um pioneiro com NEE em determinadas acti-
vidades importa conhecer quais os seus limites e mais uma vez que tecnologias o podem
apoiar nessa participação.
O que importa deixar claro neste capítulo é que a não participação numa actividade não
deve ser a primeira opção para pioneiros com NEE, a menos que essa actividade ponha
a sua integridade física em causa.
este tipo de actividades terem outras componentes extremamente importantes tais como
a socialização com elementos de outras Comunidades, não esquecendo que na impos-
sibilidade de participação plena deve ser tida em conta a ocupação do pioneiro durante
o tempo livre.
Nos pioneiros a participação e vivência das actividades é na maioria do tempo feita pelas
Equipas de forma autónoma pelo que todos os elementos da mesma devem estar cons-
cientes das características de cada um dos seus elementos e condições de participação
nas actividades – Viver em Equipa é trabalhar para o bem comum respeitando-se e
respeitando os outros.
408
manualdodirigente
Preferencialmente, um jovem com NEE deve ser aceite nesta secção como noviço e
não como aspirante, pois significa que já houve um percurso escutista e o jovem já
conhece alguns elementos. Para além disso não nos podemos esquecer da missão
educativa do CNE, isto é, ao admitir qualquer jovem no Clã temos que ter em conta
aquilo que o escutismo lhe vai poder proporcionar. Tendo em conta que poderá não ir
mais além do Clã, podemos estar em situação de não ter nada para oferecer a este
jovem. Este aspecto é de maior importância quando se trata de um jovem com deficit
cognitivo acentuado.
Incluir jovens com NEE significa criar estratégias que permitam a participação activa de
todos os caminheiros sem excepção, mediante as capacidades de cada um.
Neste processo o Chefe de Clã tem um papel de retaguarda devendo ajudar o Clã a
acompanhar de perto o elemento com NEE e contribuir para o seu desenvolvimento.
O papel do dirigente, nesta problemática, não é fácil nem simples. De facto, aqui, e
mais do em qualquer outro domínio, o dirigente tem um papel de tutoria e de supervi-
são, devendo monitorizar a inclusão dos elementos com NEE na vivência da Tribo e
do Clã. Esta monitorização não implica necessariamente um acompanhamento directo
e presencial, mas envolve vigilância e conhecimento constante de tudo o que é feito
e do modo como interagem os caminheiros entre si, e o caminheiro com NEE com o
resto do Clã.
O processo de inclusão não passa apenas por fazer diligências em relação ao elemen-
to com NEE, há que preparar o Clã para receber e incluir elementos com NEE.
É importante criar actividades que ajudem a Clã a a aceitar a diferença, o que implica
reconhecer que todos somos diferentes, todos temos talentos e dificuldades. Para isto
é importante que os caminheiros sejam ajudados a tomar consciência das suas capa-
cidades e limitações assumindo que têm um papel importante no Clã e que o mesmo
acontece com os outros.
409
manualdodirigente
Boas práticas:
Jogos em que a actividade física é limitada (olhos vendados, tampões nos ouvidos, mãos e pés amarrados)
e que são seguidos de plenário onde se discutem as dificuldades sentidas, os problemas detectados e
as soluções possíveis;
Visitas a Instituições, planear actividades de equipa com jovens destas Instituições e técnicos.
Em todo este processo, não podemos esquecer o papel fundamental do Chefe de Clã na
orientação dos caminheiros, na medida em que lidar com jovens com NEE nem sempre
é fácil, pelo que não pode ser uma tarefa que se deixa por completo a cargo do Clã, sem
vigilância do Dirigente. Vejamos então como agir atendendo a algumas particularidades
do método escutista
Sistema de Patrulhas
Na passagem para o Clã é importante ter em conta o percurso do jovem com NEE no
agrupamento tendo em conta que este deve acompanhar sempre alguns elementos de
referência da secção anterior, e este factor deve ser tido em conta na escolha da Tribo a
que o jovem vai pertencer.
Para participar activamente na vida do Clã o caminheiro com NEE deve ter um cargo
para o qual consiga realizar as tarefas inerentes ao mesmo, assim, no caso de jovens
com deficiência mental ou défices cognitivos pode optar-se por criar um cargo com me-
nos responsabilidade mas que seja importante para a Tribo, no caso de um jovem com
deficiência motora devem adaptar-se os meios necessários no sentido de permitir ao
elemento desempenhar as suas tarefas, por exemplo, escrita no computador se for se-
cretário.
Método de Projecto
Os caminheiros com NEE devem ter uma participação activa em todas as fases da Cami-
nhada a par dos seus companheiros de Clã, com a salvaguarda de que as tarefas que lhe
sejam atribuídas se adeqúem às suas capacidades, todos os caminheiros são necessá-
rios para diferentes tarefas, pelo que todos devem ser chamados a ter uma participação
activa, contribuindo segundo as suas possibilidades e limitações.
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manualdodirigente
Sistema de Progresso
O sistema de progresso, cuja adequação às competências e características de cada
elemento (através do estabelecimento de oportunidades educativas concretas e indivi-
dualizadas) se reveste de especial importância, também permite que jovens com mais
dificuldades cumpram todos os requisitos para progredir.
Antes de mais é importante relembrar que não devemos partir do princípio que o ca-
minheiro não conseguirá fazer isto ou aquilo, principalmente quando existe um défice
cognitivo.
Assim para que seja possível cumprir as etapas de progresso há que adaptar cada ob-
jectivo educativo do sistema de progresso às capacidades reais da jovem com NEE,
ajudando-o a evoluir de acordo com as suas potencialidades.
No caso de caminheiro com défice cognitivo ou outros problemas que não lhes permita
escolher objectivos ou delinear acções concretas deve ser o Clã e o Conselho de Clã,
devidamente ajudados pelo Chefe de Clã a fazê-lo, tendo em conta as características,
potencialidades, necessidades e gostos do caminheiro.
Participação em Actividades
Para decidir qual o nível de participação de um caminheiro com NEE em determinadas
actividades importa conhecer quais os seus limites e mais uma vez que tecnologias o po-
dem apoiar nessa participação, não esquecendo que os seus companheiros são jovens
com um nível de responsabilidade que lhes permitirá ajudá-lo nessa vivência.
O que importa deixar claro neste capítulo é que a não participação numa actividade não
deve ser a primeira opção para caminheiros com NEE, a menos que essa actividade
ponha a sua integridade física em causa.
411
manualdodirigente
A Partida
Esta secção marca a entrada na idade adulta, em que se atinge uma maturidade mais
responsável e na qual os projectos de vida futura começam a tomar forma. Por esta
razão, é também a fase em que será necessária uma decisão em relação ao futuro dos
jovens com NEE no CNE.
Como para qualquer caminheiro, a partida de um jovem com NEE deve ser preparada
com base num fim de percurso pré-estabelecido e o início de outro. A diferença é que,
depois da Partida, para estes jovens, e especificamente no caso de deficiência mental,
o caminho a seguir não pode implicar a assunção de responsabilidades de animação
pedagógica e a formação para dirigente, dada a responsabilidade civil que é imputada a
cada dirigente quando tem crianças ou jovens a seu cargo. Isto pode ser difícil de expli-
car aos caminheiros, principalmente se tiverem crescido todos juntos no escutismo.
Neste caso, há que ter em atenção que não se podem criar expectativas no jovem ao
longo do seu caminho, devendo-se, pelo contrário, preparar a sua saída do Movimento.
Isto pode passar por encontrar alternativas que o mantenham incluído na comunidade e
que lhe tragam tanta satisfação como o escutismo. São hipóteses:
Contudo, importa referir que cada caso é um caso e que qualquer decisão respeitante ao
jovem na idade da sua Partida, tal como na data da sua admissão, é da responsabilidade
da Direcção do Agrupamento e deve ser cuidadosamente analisada tendo em conta as
capacidades do jovem em questão.
António Laranjeira
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manualdodirigente
C.7.2.2 A interculturalidade
É inegável que o mundo se tornou um local mais pequeno nos últimos anos. A possibili-
dade de comunicarmos em tempo real, face a face, com alguém no outro lado do planeta
é hoje uma realidade. De igual modo, a capacidade de termos uma fonte de conhecimen-
tos infinito à distância de um terminal de Internet ajudou-nos a conhecer melhor o nosso
lugar no mundo e a nossa relação com o próximo, mesmo que de forma virtual.
Viajar tornou-se também mais fácil e mais seguro, possibilitando um fluxo crescente de
bens e pessoas. Este contacto entre culturas leva à inevitável absorção de diferentes
formas de entender a vida em sociedade por parte de indivíduos que estariam, à partida,
plenamente integrados e com uma origem cultural partilhada com o meio social onde
habitam.
Uma das manifestações da crescente pequenez do nosso mundo reflecte-se nos fluxos
de pessoas que percorrem o planeta. A sociedade portuguesa, vista de uma perspectiva
transfronteiriça, acolhe no seu território apenas dois terços dos seus cidadãos. Um em
cada três portugueses vive assim fora das fronteiras portuguesas, o que torna Portugal
num dos países com maior diáspora. Por outro lado, o território nacional acolhe hoje
cerca de meio milhão de imigrantes, fazendo com que um em cada vinte habitantes do
nosso território tenha escolhido Portugal para sua nova morada, para se fixar, trabalhar
e criar a sua família.
Estes são apenas alguns dos principais estímulos com que a sociedade portuguesa se
confronta e tem confrontado ao longo da sua história, sendo que o processo evolutivo é
bastante notório na forma como se manifesta no meio e nas pessoas. É nesta realidade
que se sublinha a importância maior de avaliar, debater e promover a interculturalidade,
ao mesmo tempo que se reconhece a necessidade de diálogo e promoção da partilha
pela diversidade cultural.
Desde a sua criação que o CNE assume-se como membro participativo da sociedade a
que pertence. A dinâmica gerada por esta relação entre sociedade e CNE projecta-se,
antes de mais, na capacidade que o movimento tem de influenciar positivamente a so-
ciedade através da formação integral de homens e mulheres válidos. Por outro lado, o bi-
lateralismo desta relação leva a que o CNE não escape à constante influência do mundo
que o rodeia e que parece tornar-se mais pequeno e próximo a cada dia que passa.
O CNE é assim facilmente entendido como um reflexo da sociedade em que vive, e di-
ficilmente poderíamos verificar o sucesso da intervenção social do CNE se esta relação
tivesse uma natureza diferente. É esta capacidade de entender a sociedade, as suas
mutações e as suas necessidades, que ajuda a moldar as iniciativas do CNE no sentido
de continuar a formar cidadãos válidos.
414
manualdodirigente
A multiculturalidade que hoje vivemos coloca novos desafios ao dia-a-dia da vida dos
agrupamentos. Em muitos casos, a sede tornou-se o local de encontro de crianças das
mais variadas origens. Crianças e jovens de diferentes estratos sociais, originários de
diferentes matrizes culturais ou até falando outros idiomas.
Comportamentos individuais ou sociais que são evidentes para uns podem não fazer
parte da experiência de outros. O próprio modo de vestir, de olhar, de comunicar pode
causar estranheza, mútua incompreensão e distanciamento. Diferentes estilos de apren-
dizagem, formas de relacionamento, ritmos com que se desenvolvem as diversas com-
petências podem também ser outras das formas de heterogeneidade presentes. Esta é
a realidade multicultural dos dias de hoje.
Tendo em mente o papel do dirigente, são evidentes as implicações para a sua acção
pedagógica enquanto animador. Situações mundanas como quando contacta com novos
elementos provenientes de outra cultura ou quando reúne com pais que podem desco-
nhecer a língua podem evidenciar a necessidade de preparação do dirigente para esta
realidade.
Pequenas coisas, pequenas atitudes que, afinal, trazem novas perspectivas para a ac-
ção individual do dirigente, tendo em mente a construção de um movimento escutista
que não é só mundial quando pensamos para lá das nossas fronteiras, mas que se torna
universal dentro de cada agrupamento
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V. Gerir a interculturalidade
Existe em cada um de nós uma dimensão diferente do que é ser-se humano, e assim,
todo o dirigente entende que para cada um dos jovens com quem trabalha existe uma
forma diferente de educar no escutismo. O facto de existir uma dinâmica intercultural no
seio da unidade deverá ser entendida como um elemento de enriquecimento pela diver-
sidade e não de entropia.
Boas práticas:
Adaptação
- Deixe que o jovem se instale no novo ambiente. Dê-lhe tempo;
- Procure compreender os seus ritmos. Mantenha-se atento/a, sem pressionar, mas sem qualquer
tipo de distinção condescendente
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Estabelecer a comunicação
- De início verifique se é compreendido. Use frases simples de forma consistente;
- Lembre-se que a criança/jovem pode precisar de mais tempo para se sentir à vontade na outra
língua. Eles têm direito ao silêncio;
Exercícios úteis
- Organizar sequência de texto ou imagens;
- Identificar palavra-chave/ideia-chave;
- Descobrir correspondências entre palavras, frases e/ou imagens;
- Use canções (com refrão) e histórias com frases repetidas;
- Jogos como o “passa-a-palavra”. Os jogos, para além de motivadores, são óptimos para introduzir novo
vocabulário e fórmulas sociais;
Bons exemplos
- Assegure que a criança/jovem integra grupos de trabalho com falantes competentes, para que possa
aprender com bons exemplos;
- Exercícios e jogos de computador são fáceis de obter e ajudam. Para trabalho individual ou com um
colega que domina bem a língua;
O Agrupamento e os Pais
A Sede
- Afixe em lugares visíveis mensagens em diferentes línguas (boas-vindas, toponímia, informações,
etc.);
- Lembre-se que nem todas as culturas celebram as mesmas festas e que nem todos tiveram o
mesmo imaginário infanto/juvenil;
- Procure materiais multiculturais. Peça a colaboração da criança/jovem;
- Dinamize iniciativas interculturais;
- Lembre-se que o fundamental é que todos sintam a sede como sua.
417
manualdodirigente
Sugestões de sites:
http://www.acidi.gov.pt
http://www.oi.acidi.gov.pt
http://www.ciga-nos.pt
http://www.sef.pt
http://www.apedi.net
http://europa.eu
http://www.salto-youth.net/diversity
http://www.unhcr.org
Sugestões de publicações:
ROSINSKI, Philippe, Coaching Intercultural. Edições Monitor, 2010,
NETO, Felix, Portugal Intercultural. Editora Legis, 2010,
FERREIRA, Manuela Malheiro, Educação Intercultural. Edições Universidade Aberta, 2004
ACIDI, 44 Ideias Simples para Promover a Tolerância e Celebrar a Diversidade. Lisboa: Diário de
Notícias, 2007
ANDRADE, Domingos, et al, Gente de Fora Cá Dentro. Porto: ACIME e Jornal de Notícias, 2002.
ANDRÉ, João M., Diálogo Intercultural, Utopia e Mestiçagens em Tempos de Globalização. Coimbra:
Ariadne Editora, 2005
ANÍBAL, C., Ferreira, C. & Borges, R. P., Estudo sobre a Integração de Crianças de Minorias Étnicas
nas Escolas do 1.º ciclo do Ensino Básico – Relatório Final. Câmara M. Lisboa.
CANOTILHO, J. Gomes, Direitos Humanos, Estrangeiros, Comunidades Migrantes e Minorias. Lisboa:
Celta, 2000.
CORTESÃO, Luisa & Stoer, Stephen (coord.), Projectos, Percursos, Sinergias no Campo da Educação
Inter/multicultural – Relatório Final. CIIE – FPCE, U. Porto, 1995.
COTRIM, Ana (coord.), Educação Intercultural: Abordagens e Perspectivas. Lisboa: Secretariado
Entreculturas,1995.
GARCIA, José Luís (org.), Portugal Migrante: Emigrantes e Imigrados, Dois Estudos Introdutórios.
Lisboa: Celta, 2000.
GONÇALVES, Manuel, et al., Educação Intercultural – Guia do Professor (1.º ciclo). Lisboa: Secreta-
riado Entreculturas, 1995
PERES, Américo N., Educação Intercultural: Utopia ou Realidade? Processos de Pensamento dos
Professores face à Diversidade Cultural: Integração de minorias na escola. Porto: Profedições,
1999.
PEROTTI, António, A Apologia do Intercultural. Lisboa: Secretariado Entreculturas, 1997.
SEABRA, Teresa, Educação nas Famílias: Etnicidade e Classes Sociais. Lisboa: IIE, 1999
Secretariado Entreculturas, DGEBS, Guião Orientador da Elaboração de Projectos Interculturais
(Ensino Básico). Lisboa: ME., 1992
STOER, Stephen, Magalhães A., A Diferença Somos Nós – A Gestão da Mudança Social e as Políticas
Educativas e Sociais. Porto: Edições Afrontamento, 2005
STOER, Stephen & Cortesão, Luísa, Levantando a Pedra: da pedagogia inter/multicultural às políti-
cas educativas numa época de transnacionalização. Porto: Edições Afrontamento, 1999
VIEIRA, Ricardo, Histórias de Vida e Identidades: Professores e Interculturalidade. Porto: Edi-
ções Afrontamento, 1999.
418
manualdodirigente
De certeza que em grande parte das Alcateias de Portugal podemos encontrar estas di-
ferenças culturais. De lobito para lobito, de localidade para localidade, de país para país,
de continente para continente esta variedade cultural, esta multi-cultura, é visível dentro
desta “Força Escutista” global.
No mundo somos mais de 6,6 mil milhões de pessoas. Pessoas que pensam de maneira
diferente, que crêem em Deus de maneira diferente, que se expressam de maneira dife-
rente, que se vestem de maneira diferente, pessoas que são diferentes.
Máugli, filho do Homem, foi ele próprio incluído num meio que não era o dele. Foi adop-
tado e incluído num meio nada semelhante ao que estava habituado, rodeado de animais
tão diferentes e que contudo o amaram e educaram como se fosse mais uma das cria-
turas da selva. Aos olhos de Máugli e aos olhos dos seus amigos da selva as diferenças
físicas não tinham qualquer importância. Eles eram antes de mais e de tudo amigos que
partilhavam brincadeiras e que aprendiam uns com os outros.
A vida em Alcateia está envolta nos ensinamentos do Livro da Selva mas também das
palavras de São Francisco de Assis, patrono dos lobitos, que amava todas as criações
de Deus como sendo seus irmãos. Esta é a melhor mensagem de inclusão que podem
passar à Alcateia. É o melhor exemplo de inclusão pelo amor e amizade e de enriqueci-
mento pela partilha de formas diferentes de viver a vida. Todo o covil é um espaço que
respira interculturalidade, e ninguém quer ser visto como o Xer Cane da Alcateia por ficar
de fora.
Nós, escuteiros num Mundo multicultural, constituímos uma família à qual podemos cha-
mar de “Força Escutista”, porque realmente somos uma força capaz de ultrapassar obs-
táculos através do diálogo e da união.
Diziam os romanos “Ubi Homo Ibi Societas”, que quer dizer “Onde estiver o Homem,
existirá Sociedade”. É uma realidade que o Homem é uma animal social, e que a própria
sobrevivência da raça humana depende desta relação de interdependência entre todas
as pessoas.
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A cultura de cada sociedade está um pouco espalhada por toda a superfície terrestre.
Temos o exemplo do caso português. Neste momento existem milhões de portugueses
espalhados pelo mundo a viver noutros países, e é possível ouvir falar a nossa língua
em sítios como a Inglaterra, os Estados Unidos ou até a China. E isto não acontece só
connosco portugueses mas com todas as sociedades.
É cada vez mais frequente ouvirmos falar outras línguas nas nossas ruas. São as lín-
guas de tantas pessoas que escolheram Portugal para viver e criar as suas famílias.
Ajuda a estes fluxos de pessoas o facto de o mundo ser hoje mais pequeno, com as
viagens entre as várias regiões do Mundo a serem de mais fácil acesso e mais rápidas.
É neste contexto que surge a interculturalidade.
Boas práticas:
DINÂMICA “O OVORCÍCIO”
Em que é que um exercício com um ovo se pode assemelhar a uma verdadeira aventura intercultural…
Recursos necessários:
Um ovo cru para 4-5 participantes, fios para prender os ovos ao candeeiro, muito papel, tesouras,
revistas velhas, cartão e cola.
Um espaço de pelo menos 4X4 metros para cada grupo de 4-5 participantes.
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Tamanho do grupo:
5 participantes no mínimo, 35 no máximo. Se houver mais participantes, pode reparti-los em vários
grupos de grande dimensão que vão separadamente fazer o exercício completo (incluindo a discussão
e avaliação).
Tempo necessário:
Cerca de 1h15:
10 minutos para a introdução
30 minutos para a resolução do problema
30 minutos para a avaliação
Etapas:
1 Prepare as divisões nas quais os pequenos grupos de participantes (4-5) vão trabalhar. Para cada
um dos pequenos grupos, prenda um fio à volta de um ovo cru, envolvido num papel e suspenda-o no
candeeiro, a cerca de 1,75 – 2 metros do chão. Não coloque muito papel à volta do ovo, ele deve poder
partir-se em caso de cair. Coloque à disposição de cada um dos pequenos grupos uma pilha de revistas
velhas, tesouras e cola.
2 Divida os participantes em pequenos grupos (4-5) e depois apresente o exercício: 30 minutos
depois do início do exercício, o facilitador irá a todas as divisões cortar os fios que seguram os ovos.
A missão das equipas consiste em realizar uma construção que impeça que, ao cair, o ovo se parta. O
jogo tem as seguintes regras:
* Os participantes e os materiais utilizados para a construção não devem tocar nem no ovo, nem no
fio que os segura;
* Os participantes só podem utilizar o material preparado para o jogo (não podem usar nem as cadeiras
nem as mesas existentes na sala, por exemplo!).
3 Vigie os grupos (terá necessidade de um facilitador para cada dois grupos) e assegure--se de que
eles cumprem as regras.
4 No fim dos 30 minutos suspenda o exercício, e vá a todas as salas cortar o fio e ver se todas as
equipas conseguiram impedir que o ovo se parta.
5 A avaliação pode desenvolver-se em duas etapas: primeiro em grupos pequenos (facultativo), depois
com todos os participantes.
Opções extra:
Como indica a sua descrição, este jogo consiste num trabalho de equipa. Existem várias possibilidades
de adaptar o jogo às suas necessidades específicas.
Para reforçar a dimensão intercultural do método, pode integrá-lo numa simulação onde cada um dos
membros da equipa desempenhe um papel (“cultural”) diferente. Na discussão pode colocar a tónica nas
possibilidades e limites de uma cooperação intercultural. O que é que os participantes consideraram
difícil no trabalho em comum. De que forma chegaram a compromissos?
Para reforçar a dimensão intercultural do jogo, mas de forma mais simples, pode conferir a cada uma
das equipas (ou a cada um dos membros no seio das equipas) uma ou várias limitações:
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A Interculturalidade trata-se de uma realidade que, não sendo nova, tem hoje um lugar
de importância maior num mundo que se torna mais pequeno e que nos aproxima. É uma
realidade que nos coloca desafios de aprendizagem e que leva à reflexão.
No CNE existem muitas realidades. Se olharmos bem encontraremos em cada uma de-
las particularidades que as tornam únicas. Todas são diferentes, mas todas são de igual
valor para o Escutismo. E não estará a riqueza do CNE nessa diferença que apenas
reforça o sentimento de irmandade?
Quantos de vós não terá um irmão escuteiro que provém de outra região de Portugal
ou até mesmo de outro País? Repararam de certeza em alguns hábitos e vivências
diferentes dos vossos. Já pensaram que essas diferenças, tal como se fossem pontes,
aproximam mais que distanciam?
Podemos também imaginar esta mesma situação, mas ao contrário. Imaginem que estão
numa actividade com escuteiros australianos e que é a vez deles cozinharem. Naquela
noite seria cozinha selvagem e o jantar seria... cobra assada. Quantos não iriam para o
saco cama sem comer?
Baseado nestes exemplos simples podemos perceber a riqueza que existe na partilha
das diferenças culturais. Aprendemos que é saudável aceitar a diferença e respeitar rea-
lidades que desconhecemos, na mesma medida que esperamos ser respeitados, quan-
do o diferente somos nós. A diferença não é um impedimento à troca de experiências
mas antes um importante factor de enriquecimento do nosso conhecimento. Trata-se de
um processo que deve envolver os intervenientes, intelectual e emocionalmente, uns
pelos outros e pela compreensão da interacção entre ambas.
Sendo o movimento escutista mundial uma escola maior para aprendizagem global e
educação integral ao nível dos valores, devemos estar mais atentos e ser mais sensíveis
à diversidade de culturas e vivências dentro do movimento. Este reconhecimento é feito,
em particular, no que respeita à promoção da paz, da cooperação, da solidariedade, da
interculturalidade e da inter-religiosidade.
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Estereótipo
Ideias preconcebidas, sem sustentabilidade empírica, que generalizam frequen-
temente uma imagem negativa acerca de determinadas comunidades.
Etnia
Valores culturais e normas que distinguem os membros de um dado grupo dos
outros grupos. Um grupo étnico caracteriza-se por os seus membros partilharem
uma consciência distinta da sua identidade cultural, que os separa dos outros
grupos à sua volta. Em, virtualmente, todas as sociedades as diferenças étnicas
estão associadas a diferenças de poder e riqueza.
Etnocentrismo
Tendência para privilegiar os valores e as normas do grupo de pertença e para o
erigir em modelo de referência, com a desvalorização e a adopção de sentimen-
tos negativos em relação às outras etnias.
Identidade
Processo pelo qual um actor social se reconhece a si próprio e constrói signifi-
cado, sobretudo através de um dado contributo cultural ou conjunto de atributos
culturais determinados, a ponto de excluir uma referência mais ampla a outras
estruturas sociais.
Minoria
Um grupo constitui uma minoria quando os seus membros possuem uma identi-
dade socialmente inferiorizada ou desvalorizada – uma situação de desvantagem
relativa, seja demográfica, política, económica ou cultural.
Preconceito
Ideias preconcebidas acerca de um indivíduo ou grupo, que dificilmente se alte-
ram mesmo face a nova informação.
Raça
É uma construção social utilizada para classificar pessoas. Originalmente tinha
por base a falsa crença que existiam espécies humanas biologicamente diferen-
tes, e que umas espécies seriam superiores a outras. Contudo, a ciência provou
que não existe qualquer diferença genética e que, portanto, não existe uma base
biológica para a divisão do Homem em diferentes espécies ou raças.
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Racismo
Valorização de diferenças com vantagem para o acusador e em detrimento da
vítima, a fim de justificar os seus privilégios ou a agressão.
Xenofobia
Medo ou ódio dirigido a pessoas provenientes de uma localização geográfica di-
ferente.
Boas práticas:
Recursos necessários:
- Uma sala suficientemente grande que permita que os participantes se movimentem
- Cartas, apresentando cada uma um valor (ex.: “não podemos confiar na generalidade das pessoas”,
“os seres humanos deveriam a todo o custo viver em total harmonia com a natureza, etc.) em número
suficiente para que cada participante possa ter 8; algumas podem estar duplicadas, mas são precisas,
pelo menos, 20 cartas diferentes
- Entre 8 e 35 participantes.
Tempo necessário:
O tempo necessário pode variar, mas é estimado entre 1 e 2 horas (cerca de 10 minutos para aplicar o
exercício, 20 minutos para as trocas, entre 20 a 60 minutos para as negociações e 30 minutos para a
desconstrução). As variantes do exercício que demorem mais tempo (ex.: mais tempo e espaço para as
negociações) são possíveis.
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Etapas:
1 - Prepara as cartas de valor. Assegura-te que os valores apresentados estão profundamente en-
raizados nas percepções de certo e errado. Faz com que todos os valores possam beneficiar do apoio
activo de pelo menos um participante.
2 - Depois de ter explicado o exercício aos participantes, distribui as cartas ao acaso, assegurando-
te que cada participante receba oito.
3 - Pede aos participantes para “revalorizarem” as suas cartas trocando-as – isto é, trocando as
cartas por outras que tenham valores que lhes sejam mais convenientes. Não é obrigatório trocar as
cartas segundo o princípio de “uma por uma”; a única regra é que ninguém termine o exercício com menos
de duas cartas.
4 - No fim das trocas, pede aos participantes para formarem grupos que possuam cartas com valores
semelhantes e discutir os seus pontos comuns. Se quiseres, podes pedir aos participantes que se
fixem na origem destes valores e que se questionem porque possuem valores semelhantes.
5 - Em seguida, pede-lhes para encontrarem pessoas que partilhem valores diferentes. Formados os
pares, deverão de seguida formular valores partilhados a partir do que figura nas suas cartas. Mesmo
sabendo que os participantes possam ser tentados por compromissos, optando por afirmações muito
abstractas ou praticamente sem sentido, é preciso incentivá-los a serem o mais concreto possível.
6 - Termina o exercício quando achares que a maior parte dos pares chegou a dois ou três compro-
missos.
7 - Posteriormente procede a uma reunião de avaliação com todo o grupo.
Reflexão e avaliação:
No que respeita à avaliação, pode ser interessante colocar as seguintes questões:
- O que sentiram os participantes face a este exercício? Foi fácil trocar valores? De onde vinha a
dificuldade/facilidade?
- Descobriram alguma coisa a respeito dos seus valores e das suas origens?
- O que sentiram ao terem que assumir compromissos em relação aos seus valores? O que é que tornou
esta operação particularmente difícil? Como chegar a compromissos respeitantes aos valores?
Se desejares, podes associar esta discussão a uma reflexão acerca do papel que desempenham os
valores na aprendizagem intercultural. Os valores são com frequência considerados como fundamen-
tos da “cultura”. Estão de tal forma enraizados que a maior parte dos indivíduos tem dificuldade em
negociá-los. Como podemos então viver de maneira intercultural? Existem valores comuns a todos os
indivíduos? Como podemos viver em conjunto se não conseguimos chegar a acordo acerca de determi-
nados valores? Que tipo de “consentimentos de trabalho” podemos fazer?
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Basta olhar para a televisão e olhar para as 7 (entre inúmeras) Maravilhas de Origem
Portuguesa no Mundo e reparar que elas são uma estampa inter-cultural de carácter
mundial com cunho português. Uma estampa que permanece até hoje e que tornou, e
continuará a tornar, o nosso Portugal um país culturalmente riquíssimo. Desde o Fado à
gastronomia, desde as danças à língua e aos seus regionalismos, e desde as crenças e
formas de viver a religião aos trajes e indumentárias, são muitas as culturas, regionais e
estrangeiras, que se inter-relacionam dentro das nossas fronteiras.
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As migrações de pessoas e povos fazem, há longo tempo, parte da nossa história. Por-
tugal é hoje, de forma cada vez mais visível, um lugar de encontros, onde vivem e se
cruzam pessoas com uma grande diversidade de experiências e de histórias.
No nosso quotidiano, o contacto com outros modos de vida e outros valores e crenças
coloca desafios e questões, nem sempre de fácil resolução. Comportamentos e formas
de estar que parecem naturais e espontâneos são, por vezes, interpretados de maneiras
muito diversas, causando estranheza, desconfiança e até, por vezes, hostilidade.
Neste quadro de comunicação alargada que é o nosso, ”lidar com a diferença” significa,
em primeiro lugar, olhar as pessoas naquilo que elas são, e não fechando-as numa ima-
gem estereotipada da(s) sua(s) cultura(s). A multiculturalidade é, desde sempre, parte
integrante da vida em sociedade. Diz respeito a todos nós, aos de longe e aos de perto,
pois todos somos, simultaneamente, iguais e diferentes.
Boas práticas:
Dinâmica “ABIGAIL”
Discussão a respeito de uma triste história de amor: Quem se comportou pior? Quem se comportou
melhor?
Recursos necessários:
Um exemplar da história seguinte para cada um dos participantes:
Abigail está apaixonada por Tomás que vive do outro lado do rio. Uma inundação destruiu todas as pon-
tes em contacto com o rio, tendo-se salvo apenas um único barco. Abigail pede a Sinbad, o proprietário
do barco, que a leve até à outra margem. Sinbad aceita com a condição de Abigail se entregar primeiro
a ele. Abigail, sem saber o que fazer, corre a pedir conselhos à sua mãe que lhe responde que não se
quer intrometer na vida da filha.
Desesperada Abigail cede a Sinbad que, mais tarde, a coloca do outro lado do rio. Abigail corre para se
juntar a Tomás, abraçando-o cheia de felicidade e conta-lhe tudo o que se passou. Tomás rejeita-a
sem rodeios e Abigail foge. Perto da casa de Tomás, Abigail encontra João, o melhor amigo de Tomás, e
também lhe conta o que se passou. O João dá uma estalada a Tomás e parte com Abigail.
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Espaço suficiente para que os participantes possam trabalhar individualmente e depois em grupos de
4-5 e todos juntos.
Tamanho do grupo:
Pelo menos 5 participantes, no máximo 30 (os grupos maiores podem estar divididos e proceder à
avaliação separadamente).
Tempo necessário:
No total entre 1h 15 e 2h 15
- 5 minutos para a apresentação
- 10 minutos para a leitura e avaliação dos comportamentos (tarefa individual)
- 30 a 45 minutos para o trabalho em pequenos grupos
- 30 minutos em grupos maiores (opcional)
- 30 a 45 minutos para a avaliação em conjunto
Etapas:
Explique aos participantes que se trata de um exercício sobre o estudo dos valores. Peça-lhes para
ler a história e fazer a avaliação individual de cada uma das personagens (Abigail, Tomás, Sinbad, a mãe
de Abigail e o João) em função do seu comportamento: quem é que se comportou pior? Quem é que se
comportou melhor?.. etc.
Assim que os participantes tiverem feito a sua avaliação, peça-lhes que formem pequenos
grupos (de 3 a 6) para falarem da forma como percepcionaram o comportamento das personagens da
história. A tarefa de cada grupo consiste em estabelecer uma lista (do melhor para o pior) acordada
por todos os membros do grupo. Para tal peça-lhes que evitem o recurso a métodos matemáticos, mas
sim que se baseiem na compreensão comum do que julgam certo ou errado.
Assim que os pequenos grupos tenham a sua lista, pode repetir a fase anterior formando grupos de
tamanho médio (neste caso os grupos iniciais não deverão comportar mais de 4 pessoas).
Proceda à avaliação do exercício em conjunto partilhando com todos os resultados obtidos e depois
discutindo as suas semelhanças e diferenças.
Reflexão e avaliação:
A avaliação pode orientar-se nomeadamente para a pertinência dos valores que determinam a nossa
percepção de correcto e incorrecto. Depois de ter colocado esta questão, a próxima etapa diz
respeito à dificuldade/facilidade de negociar os valores com a finalidade de constituir uma lista co-
mum. Pode perguntar aos participantes como chegaram a acordo, que argumentos os convenceram, se
sentiram uma fronteira para lá da qual era impossível compreender e seguir o outro e porquê?
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Através do seguimento que é possível prever, podemos examinar os contextos nos quais aprendemos
o que estava correcto ou incorrecto – e o que é que isso nos ensina face ao que temos em comum e
ao que nos diferencia.
Uma variante deste exercício consiste em utilizar primeiro a versão original da história e depois re-
peti-la com uma história modificada invertendo os papéis masculinos e femininos. Chegamos à mesma
classificação? Porque houve mudanças?
Outras variantes são possíveis: incluir a idade das personagens na história e brincar com isso, fazer
intervir apenas personagens do mesmo sexo, juntar backgrounds étnicos ou nacionais e depois observar
a influência destes elementos na classificação e analisar as razões dessas mudanças.
Para tirar melhor partido deste exercício, é preciso estabelecer um ambiente aberto que favoreça
a aceitação de todas as classificações e evitar repreender alguns participantes por se referirem a
argumentos que lhe pareçam estranhos ou incorrectos.
Outras sugestões:
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12. Fomenta uma perspectiva saudável do ‘espírito de grupo’ numa realidade multicultural.
13. Encoraja a participação em grupos/instituições da comunidade.
14. Tenta ser consistente e tolerante na sua relação com os outros.
15. Promove o reconhecimento da diversidade como uma oportunidade para aprender
16. Olha sempre para a ‘pessoa’ por detrás das diferenças.
17. Sugere no teu agrupamento a aquisição de materiais que promovam a diversidade.
18. Cria um programa de amizade por correspondência/e-mail com diferentes culturas.
19. Propõe a criação de um placard multilingue com informação sobre o agrupamento.
20. Sugere a diversificação das ementas e o reconhecimento de outros hábitos alimentares.
21. Apoia a criação de um calendário que contemple a diversidade cultural.
22. Identifica e supera a existência de barreiras discriminatórias a outras culturas.
23. Incentiva uma verdadeira igualdade de oportunidades.
24. Divulga legislação anti-discriminatória, bem como recursos e materiais existentes.
25. Promove sistemas de tomada de decisão participativos e diversificados.
26. Contribui para uma relação de trabalho assente na partilha de conhecimento.
27. Sugere a organização de acções para a promoção do diálogo intercultural.
Bibliografia:
ACIDI, 44 Ideias Simples para promover a tolerância e celebrar a diversidade, 2009
António Laranjeira
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Comparativamente a um passado não muito distante, vivemos hoje uma era em que
circulam bens, pessoas e capitais mais facilmente entre países. As razões para este
fenómeno são variadas, sendo a mais simples de compreender a necessidade de ajus-
tamento entre o que se oferece e o que se procura no panorama internacional. Com a
ajuda dos avanços tecnológicos e as melhorias nos meios de transporte, a mobilidade
tornou-se mais acessível e mais fácil, ficando criadas as condições necessárias para a
existência de uma sociedade mais heterogénea em termos culturais.
Contudo, para uma vivência harmoniosa em comunidade, muito mais é necessário para
além da mera mudança para um país diferente, onde muitas vezes os costumes e os
valores são diferentes. Ganha assim importância o termo “interculturalidade”, no sentido
que se entende a educação igualitária e transnacional como ideia oposta à supremacia
de algumas culturas sobre outras. Quer isto dizer que, através do respeito entre culturas,
se pretende obter uma sociedade integradora, equitativa, justa, responsável e solidária,
de modo a manter as diferenças sem subalternizações nem sobreposições e intolerân-
cias.
Por outro lado, a promoção da interculturalidade não se faz por si só. Necessita de gen-
te que a pratique. E ninguém melhor que o escuteiro para a preconizar, recorrendo ao
instrumento mais eficaz que possui – o exemplo! Nas palavras de Albert Schweitzer,
Prémio Nobel da Paz em 1952, “O exemplo não é a melhor forma de ensinar; é a única
forma”. Só dando exemplo é possível a obtenção de uma sociedade mais tolerante e
respeitadora.
Olhando para o nosso patrono São Paulo, encontramos um percurso de vida absoluta-
mente intercultural. Através das várias viagens que fez com o intuito de pregar a palavra
de Cristo, viveu experiências culturalmente muito enriquecedoras. Desde Damasco a
Corinto, passando por Atenas e Roma, São Paulo teve a oportunidade de conviver com
gentes diferentes, com valores e visões distintas da dele. Contudo, soube sempre respei-
tar cada povo por onde passava. Nas suas palavras: “Não há judeu nem grego, não há
escravo nem livre, não há masculino nem feminino, porque todos sois um só em Cristo”.
Sigamos o exemplo.
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Boas práticas:
Materiais necessários:
Participantes activos e interessados que podemos motivar desde o início através de algumas sessões
de sensibilização (para a linguagem corporal, percepção, estereótipos, teorias da cultura e da apren-
dizagem intercultural).
Um caderno de notas para cada um dos participantes.
Tamanho do grupo:
Indiferente
Tempo necessário:
Pode ser colocado em prática durante um exercício particular, uma unidade ou mesmo um dia completo
(semana).
Etapas:
1. O exercício inicia-se com a explicação aos participantes da ideia de observação de si mesmo. Durante
o dia, os participantes serão convidados a “observarem-se a si próprios” com muita atenção, a obser-
varem os seus comportamentos, as suas reacções em relação aos outros (o que entendem, sentem e
vêem), a sua linguagem corporal, preferências e sentimentos.
2. Devem manter um “diário de investigação” confidencial e anotar todas as observações que conside-
rem importantes, assim como as circunstâncias, a situação, as pessoas implicadas, as causas prováveis,
etc.
4. O quadro de observação (início e fim) deve ser claramente definido, eventualmente com recurso a
algumas regras simples (respeito mútuo, confidencialidade do diário de investigação, etc.). É impor-
tante que o exercício se desenvolva sem interrupções, mesmo durante as pausas e os tempos livres.
Em jeito de ponto de partida e para entrar no espírito do jogo podemos pedir aos participantes para
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“saírem do seu corpo” e de se verem ao espelho (pequeno exercício). Depois o programa “normal” pode
prosseguir. Uma forma de estruturar o exercício pode consistir em fazer uma pausa depois de cada
um dos elementos do programa, para que os participantes possam tomar notas no seu diário.
6. Como última etapa, podemos organizar uma partilha sob a forma de entrevista a pares ou em grupos
pequenos. Se o grupo for muito aberto e reinar uma atmosfera de confiança, os participantes podem
em seguida ser convidados a participar numa discussão informal, a fim de trocar as suas percepções e
elaborar novas estratégias para gerir as suas reacções.
7. Uma sessão final, em plenário, pode permitir que os participantes falem da forma como viveram o
exercício, dos seus aspectos interessantes e das dificuldades encontradas.
Reflexão e avaliação:
A um nível pessoal: Como senti o facto de me observar? Foi difícil? O que descobri? Como interpreto
os meus comportamentos? Porque reagi desta maneira? As minhas atitudes apresentam semelhanças,
características? De onde vêm? Posso relacionar as minhas conclusões com algumas teorias acerca da
cultura? Teria reagido de forma diferente se estivesse menos (ou mais) consciente do exercício? Há
paralelismos entre a minha vida quotidiana e as partilhas com os outros?
Para partilhar: É importante sublinhar que os participantes podem não dizer aos outros o que eles
desejam. O exercício deve ser um ponto de partida para reflexões e questões colocadas a nós mes-
mos.
Atenção: nem sempre é fácil para todos observarem-se em vez de observar os outros. Também é im-
portante insistir na colocação de questões a si e não aos outros. Também não é fácil agirmos sempre
de forma natural no decorrer do exercício.
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Cultura
Corresponde a uma estrutura de conhecimentos, de códigos, de representações,
de regras, de modelos de comportamento, de valores, de interesses, de aspira-
ções, de crenças e de mitos. Esta estrutura manifesta-se no dia-a-dia através do
uso de vestuário, pela culinária, modos de habitat, atitudes corporais, tipos de
relações, organização familiar, práticas religiosas.
A cultura cobre o viver e o fazer. A génese desta estrutura opera-se nas transfor-
mações técnicas, económicas e sociais próprias de uma determinada sociedade
no espaço e no tempo. Ela é o resultado do encontro dos três protagonistas da
vida: o homem, a natureza e a sociedade.
Diálogo Intercultural
O Diálogo Intercultural permite que indivíduos e grupos se envolvam numa dis-
cussão aberta acerca da vida numa sociedade multiétnica. É a chave para o mul-
ticulturalismo.
Ilegal
Será antes de mais necessário vincar que nenhum Ser Humano pode ser entendi-
do como ilegal pelo facto de escolher ou ser obrigado a morar noutro país. Ainda
assim são entendidos como estando em “situação irregular” todos os migrantes
que não possuem uma autorização de trabalho ou de residência ou visto válido.
Interculturalismo
O Interculturalismo serve de base à interacção, compreensão e respeito mútuo
entre culturas demograficamente maiorias e minoritárias. Deverá ajudar a desen-
volver uma sociedade intercultural mais inclusiva e a promover as condições para
a interacção e igualdade de oportunidades.
Dirige-se tanto aos grupos maioritários, confrontados com as novas culturas,
como aos minoritários, e que considera que não é suficiente ‘proteger’ ou ‘tolerar’
as culturas minoritárias mas antes favorecer a interacção dinâmica entre as dife-
rentes culturas.
Multiculturalismo
O multiculturalismo reconhece a necessidade para conhecer e celebrar as dife-
rentes culturas numa sociedade. O Multiculturalismo tem como maior crítica o fac-
to de ter potenciado o reconhecimento destas diferenças mas não o diálogo entre
elas, empurrando-as assim para o distanciamento e mútua incompreensão.
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Refugiado
Um refugiado é alguém que deixou o seu país e ao qual não pode regressar
devido a um receio fundamentado de perseguição devido à sua etnia, religião,
nacionalidade, opção sexual ou por ser pertencer a um determinado grupo social
ou politico. O estatuto de refugiado está previsto no Direito Internacional pela
Convenção de 1951 das Nações Unidas para o Estatuto dos Refugiados.
Tolerância
Tolerância foi até recentemente erradamente utilizada para definir as relações
inter-étnicas ou inter-religiosas. Contudo é hoje considerado desadequado pois
assume à partida uma postura de superioridade da pessoa que é tolerante face
à outra, que é tolerada. A tolerância é muitas vezes utilizada em relação a algo
ou alguém que não se gosta ou se gosta pouco, pelo devemos utilizar antes o
termo interculturalismo, mais adequado a situações de relações entre diferentes
de igual importância
Alfredo Newtun
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INTRODUÇÃO
A sociedade inculcou em todos nós ideias definidas sobre o papel destinado a homens
e mulheres, sobre os valores, atitudes, características que cada um deve ter. Existem,
assim, diferentes visões sobre o papel que os dois géneros (masculino e feminino) de-
sempenham no mundo.
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A sociedade construiu, assim, papéis diferenciados para cada sexo, considerando deter-
minadas tarefas próprias de mulher e outras próprias de homem. A convivência entre os
sexos está assim marcada pela pressão social, constituída por modelos, ideias gerais,
juízos pré-concebidos que não têm em conta as características individuais. São os cha-
mados estereótipos sexuais, ou estereótipos de género.
Tudo isto é transmitido pelos diferentes grupos e instituições sociais, com especial des-
taque para os seguintes:
Família: muitos pais consideram que há diferenças inatas entre rapazes e rapa-
rigas e que, por isso, a cada sexo correspondem condutas diferentes. Por essa
razão, induzem a criança a assumir os comportamentos que consideram mais
apropriados para o seu sexo. Para isto, escolhem brinquedos de forma estere-
otipada (carros para meninos, bonecas para meninas), promovem actividades
diferentes para cada sexo (o rapaz ajuda o pai com o lixo, a rapariga ajuda a mãe
a fazer as camas) e utilizam uma linguagem que induz as crianças a aprender
que cada sexo tem características e condutas diferentes (“Quem é uma menina
linda?”; “Um homem não chora!”).
“Há por aí dois rapazes fortes para ajudar a levar esta mesa? (…) As
raparigas estão a portar-se tão bem que podem vir escolher em pri-
meiro lugar. Então, os homens grandes não choram.”
Sutherland (1987), 45
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Grupo de pares: o grupo a que cada pessoa pertence é constituído por indivídu-
os que consideramos nossos pares, nossos iguais. Sobretudo na adolescência,
o grupo de pares exerce uma forte influência sobre o indivíduo, a nível dos este-
reótipos, “reagindo com aprovação ou desaprovação em relação aos comporta-
mentos apropriados ou inapropriados ao género, respectivamente” Esta situação
pode provocar verdadeiras rejeições por parte do grupo e o isolamento de algum
elemento.
Apesar de os dois sexos estarem aptos a realizar todas as tarefas, aos homens são atri-
buídas predominantemente as actividades públicas e de maior prestígio, enquanto que
à mulher ficam reservadas as tarefas consideradas domésticas e predominantemente
relacionadas com a vida privada.
Esta situação leva-nos a afirmar que a figura masculina é mais prestigiada e, consequen-
temente, detém o poder social.
Contudo, esta situação nem sempre é vantajosa para os homens. De facto, “o estereóti-
po masculino é mais rígido e melhor definido do que o estereótipo feminino”. Isto significa
que, se uma rapariga não é criticada por assumir atitudes masculinas (usar calças, brin-
car com carrinhos), porque a sua conduta a eleva a um 'patamar superior', prestigiante,
o mesmo não acontece com o rapaz: como os estereótipos masculinos são mais rígidos,
não admitem que o homem possua características femininas, socialmente consideradas
pouco prestigiantes. Assim, se um rapaz assumir atitudes femininas (brincar com bone-
cas, por exemplo), é bastante censurado.
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Os estereótipos influenciam o ser humano das mais variadas formas, pois estendem-se
pelo tempo (desde a infância até à idade adulta) e pelas mais diversas áreas:
Na infância e adolescência:
Nas épocas privilegiadas do crescimento, há variados estereótipos que inculcam ideias
feitas, como é o caso, por exemplo, dos brinquedos e actividades. De igual modo, tam-
bém as cores do vestuário, por exemplo – rosa para as meninas, azul para os meninos
– são estereotipadas.
Para além disto, há ainda uma ligação muito forte da mulher ao trabalho doméstico e à
educação dos filhos, sendo o homem associado, predominantemente, ao trabalho fora
de casa (a mulher é a dona-de-casa, o homem o chefe da família, o ganha-pão). Isto leva
a sociedade a tolerar a incapacidade masculina para as lides domésticas e a indiferença
educativa, mas a censurar toda a mulher que não tem apetência para cuidar de uma casa
ou que não manifesta 'instinto maternal'.
Na personalidade:
A nível da personalidade, tudo quanto diz respeito ao romantismo, sensibilidade, submis-
são é associado à mulher, enquanto que a frieza, a objectividade e a agressividade são
associadas ao homem.
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Verificamos, a partir da análise da realidade, que “na nossa cultura (…) está legitimada
uma ordem que determina qual é o lugar e o papel do homem e da mulher na sociedade,
sendo essa hierarquização bastante mais benéfica em relação ao homem que à mulher;
foi estabelecido e está enraizado na nossa cultura que o homem é um ser superior; ele é
o ser que domina e a mulher o ser dominado”.
Perante este cenário, levantam-se muitas vezes vozes críticas que exigem mudanças.
Em casos extremos, há excessos que defendem a total igualdade de sexos.
De facto, se os sexos são, por natureza, diferentes, não podemos exigir que se tornem
iguais. Não podemos exigir igualdade de sexos, mas sim igualdade de direitos e de opor-
tunidades, o que é substancialmente diferente.
Isto implica que se deve procurar que todos tenham o direito de chegar onde quiserem e
igual oportunidade para que isso aconteça.
Ora, hoje em dia não é isto que se verifica, pelo que se torna necessário mudar as men-
talidades, no sentido de se aumentar o respeito entre homem e mulher e de levar todos
a compreender que a complementaridade dos sexos desenvolve muito mais a sociedade
do que a primazia de um sobre o outro.
Esta é:
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- Respeitar o outro;
- Valorizar o outro pelo que é e não pelo seu sexo;
- Aprender a tirar partido da complementaridade e da partilha;
- Desenvolver a aceitação e a tolerância.
À pergunta “Quem faz melhor escutismo?” os jovens responderam sem hesitação “Os
rapazes, claro!”
Esta questão, que evidencia claramente que a coeducação requer muito mais do que
simplesmente colocar juntos rapazes e raparigas, surgiu no âmbito de uma pesquisa
sobre a educação do género num contexto não-formal, realizada em 2001 pela Orga-
nização Mundial do Movimento Escutista, através da Região Europeia e Eurásia e em
cooperação com a Universidade de Oslo, sob a orientação da Professora Harriet Nielsen.
A pesquisa desenvolveu-se em quatro Países: Dinamarca, Eslováquia, Portugal e Rússia
e contou com a colaboração de alguns grupos locais e respectivos dirigentes.
Nas décadas seguintes grandes esforços foram feitos, no sentido de modernizar a plata-
forma de valores escutistas, de forma a ser menos estereotipada em termos de género.
Em 1999 a Conferência Mundial adopta uma nova política sobre rapazes e raparigas,
mulheres e homens no Movimento Escutista:
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Ou seja, permitir que cada indivíduo se desenvolva integralmente sem restrições pelo
modelo tradicional dos papéis femininos e masculinos.
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Para isto, é essencial que tenha dirigentes competentes, uma vez que são eles os primei-
ros responsáveis pelo desenvolvimento integral dos escuteiros. De facto, nada resulta se
os dirigentes não souberem assumir integralmente o seu papel de educadores, conscien-
cializando-se de que são modelos para os seus elementos. O próprio B.P. o diz:
Perante isto, que características deve ter o dirigente para coeducar os seus elementos?
Consciência da coeducação
O primeiro aspecto será a chamada consciência da coeducação por parte dos dirigentes,
ou seja, o entendimento dos conceitos fundamentais da coeducação, a importância dada
à sua aplicação e o acesso aos recursos necessários.
Esta consciência é fundamental e não permite que se remetam as questões para o mero
contexto formal, como se o facto de sermos uma associação mista (oficialmente reconhe-
cida nos estatutos e regulamento geral) seja garante da prática de coeducação, deixando
a gestão do dia-a-dia a cargo dos jovens e demitindo-nos do nosso papel de educadores,
sob pretexto de não interferir nos problemas da patrulha ou do grupo.
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Por vezes a relação entre os conceitos da igualdade e diferença é confusa. Uma das
razões prende-se com o facto de igualdade e diferença não serem conceitos opostos. O
oposto de igualdade é desigualdade ou hierarquia, enquanto que o oposto de diferença
é semelhança.
Isto significa igualdade de direitos e oportunidades, apesar das diferenças dos géneros.
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Sem dúvida uma tarefa aliciante e de grande responsabilidade para todos os níveis da
Associação.
Sandra Correia
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Os dirigentes dos lobitos sabem que a relação entre os sexos e a compreensão da dife-
rença, nesta faixa etária, nem sempre é fácil.
Assim, por exemplo, as meninas têm tendência para actividades mais estáticas (brin-
car com bonecas, pintar) e são psicologicamente mais maduras, enquanto os meninos
preferem actividades mais activas (jogar à bola, lutar) e gostam de se destacar, o que
os leva a serem muitas vezes considerados pelas meninas como agressivos, palermas
e aldrabões. Nestas idades, as crianças gostam de gozar e são, muitas vezes, cruéis
perante a diferença.
Ora, esta situação facilmente provoca a rejeição entre sexos: é frequente meninos e me-
ninas não gostarem uns dos outros e preferirem relacionar-se apenas com crianças do
seu sexo; afastamento de crianças de nível económico e social diferente, porque não tem
os mesmos brinquedos para trocar, ou porque não acompanham as conversas…
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Assim, as raparigas tendem a modificar-se mais cedo e a evoluir mais depressa, alcan-
çando mais cedo uma maturidade que as leva a desconsiderar os rapazes da mesma
idade, olhados como infantis e fanfarrões. E estes não se adaptam às suas compa-
nheiras, uma vez que possuem gostos diferentes em termos de actividades e são mais
inconstantes (preferem actividades com muita acção, que vivem com uma certa agressi-
vidade, mas cansam-se depressa).
De um modo geral, as crianças desta idade, são intolerantes e impacientes para todos os
que não partilham os mesmos interesses, os que têm costumes diferentes, os que não
conseguem acompanhar as brincadeira.
Este comportamento levanta bastantes problemas, uma vez que a rejeição produz inca-
pacidade relacional. E a tendência, se não for combatida, é para manter e confirmar este-
reótipos e para desprezar de forma por vezes evidente o outro que é diferente. Por essa
razão, a correcta aplicação da coeducação é absolutamente imprescindível nesta faixa
etária, uma vez que só a utilização coerente e consciente de estratégias coeducativas
pode ajudar a unir os exploradores, levando-os a compreender a riqueza que a partilha
de tarefas e actividades e o conhecimento mútuo possuem.
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É neste contexto que tem início uma nova forma de relação entre os sexos que é, por
norma, mais equilibrada do que na II secção. De facto, e ainda que haja diferenças de
maturidade (as raparigas amadurecem mais cedo, pelo que tendem a preferir rapazes
mais velhos), as relações entre os sexos não são tão tensas. Apesar de rapazes e rapa-
rigas continuarem a apreciar mais o seu sexo do que o outro, a descoberta da existência
de interesses comuns leva-os a conseguir trabalhar em conjunto, respeitando-se mutua-
mente e convivendo com tranquilidade.
Desenvolva uma relação equilibrada com os pares, marcada por atitudes de ami-
zade, confiança, compreensão e aceitação recíprocas;
Aprofunde, a partir da sua própria experiência, o conhecimento pessoal e dos
outros, valorizando a diferença como fonte de riqueza e complementaridade;
Desenvolva atitudes democráticas e de tolerância em relação aos outros, tratan-
do cada um como um ser único e insubstituível;
Desenvolva uma visão natural da sexualidade, compreendendo que as relações
afectivas devem ser norteadas por uma atitude de respeito perante o outro, cen-
trando-se no conhecimento da pessoa e não na atracção sexual;
Demonstre um comportamento familiar equilibrado, compreendendo que o res-
peito e a tolerância devem presidir ao relacionamento entre todos;
Se questione sobre quem é e quais são as suas verdadeiras aspirações;
Escolha actividades e pense no seu futuro baseando-se nas suas preferências e
aptidões e não na pressão social.
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No entanto, os jovens desta faixa etária não estão isentos de perigo, a nível da
maturidade psicológica e sexual. Numa fase em que a resistência e a força, a
concentração, a persistência, a iniciativa, a confiança, a assertividade estão em
plena fase de desenvolvimento ou já caracterizam alguns jovens em maior ou
menor grau, se as etapas escutistas anteriores foram vividas de forma positiva, os
hábitos e as atitudes dos jovens são eminentemente positivos.
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Bibliografia:
Coeducação – Manual do Dirigente 9, Lisboa, CNE, 1995.
Para uma Pedagogia da Coeducação, Lisboa, Ministério da Educação Nacional e Secretaria de Estado da Instrução e Cultura,
1973.
Abranches, G. e Carvalho, E., Linguagem, poder, educação: o sexo dos B, A, Bas, Lisboa, Comissão para a Igualdade e para os
Alario Trigueros, C., La identidad como eje de trabajo en una perspectiva multidisciplinar de igualdad de oportunidades, in Coeduca-
ção: do princípio ao desenvolvimento de uma prática, Actas do Seminário Internacional (Lisboa, 28 e 29 de Junho de 1999), Lisboa,
Diniz, M. A. G. S., Lugar da mulher nas rimas tradicionais infantis, in Escola Democrática 10.4, 1989/90, 6-10.
Dupont, B., Rapaz ou rapariga: igual educação?, Póvoa do Varzim, Brasília Editora, 1982.
455
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Filiod, J. P., Observações sociológicas sobre a feminização da docência, in Acioly-Regnier, N., Meios escolares e questões de género:
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García Colmenares, C., Repensar el género: propuestas para el currículo de formación del profesorado, in Coeducação: do princípio
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Martelo, M. J. A., A Escola e a construção da identidade das raparigas, Lisboa, Comissão para a Igualdade e para os Direitos das
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Monge, M. G., Criatividade na Coeducação: uma estratégia para a mudança, Lisboa, Comissão para a Igualdade e para os Direitos
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Índice
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