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1. Tráfico negreiro e Escravidão.

O tráfico negreiro foi a principal atividade comercial dos grandes países dominantes no
recorte de 1501 a 1867.

Tráfico de Escravos

O tráfico de escravos da África para a América teve uma grande importância na


construção do mercado a nível mundial capitalista. Os países europeus como Portugal,
Inglaterra, França e Holanda lucraram bastante com o mercado de escravos, por
consequência atendendo a demanda de escravos nas colônias. E desse jeito sendo uma
prática bastante utilizada na idade moderna.

O motivo que justificava a exploração da mão de obra africana era que somente com os
cativos era possível manter os preços baixos do arroz, café, anil, fumo, metais e pedras
preciosas.

A escravidão moderna se pautou na troca desses trabalhadores por produtos fabricados


nas colônias e representando um importante meio de gerar lucros e acumular capital para
os capitalistas europeus, desse jeito criando maneiras para a construção servindo de base
para o capitalismo. E também há uma diferença para a escravidão praticada na antiguidade
(Roma, Grécia e Egito por exemplo) se baseavam na captura de determinado agrupamento
de pessoas por guerra ou dividas pendentes e diferente da servidão medieval, diferente dos
escravos os servos não eram vendidos.

O uso da força de trabalho escrava influenciou bastante a sociedade na questão social e


econômica. Os principais exemplos Brasil e Estados Unidos são populações formadas de
pessoas de origem africana, seus descendentes foram retirados do território africano rumo à
América e influenciaram na culinária e na música e entre outras.

Vale lembrar que sem mão de obra não há trabalho, não há produção. Aí entra a
importância do tráfico de escravos na travessia do oceano atlântico para o surgimento de
uma grande rede de comércio. Era de extrema importância que os escravos fossem
utilizados para fazer diversos serviços dentro das colônias, entre eles podemos citar a
extração de minério e a produção agrícola. O comércio triangular entre Europa, África e
América serviu ao longo dos séculos XV ao XVI de suprir a necessidade de mão de obra,
como também gerou lucros incrivelmente altos aos investidores, assegurando investimentos
industriais para o modo de produção capitalista.

Para entendermos melhor como o tráfico se desenvolveu dá para mencionar o cap 2 do


livro "Capitalismo e Escravidão" de Eric Williams "desenvolvimento do tráfico de escravos"
onde o autor comentar como o tráfico se desenvolveu ao longo do séc.XVI o autor chega a
citar que o tráfico de escravos com base nos termos da abritagem papal fazia da África um
monopólio de Portugal e a feita expedição de Sir John Hawkins burlou esses termos como
base no seguinte trecho: "A primeira expedição inglesa para o tráfico de escravos foi a de
sir John Hawkins, em 1562. Como tantas das empreitadas elisabetanas, foi uma expedição
bucaneira, transgredindo os termos da arbitragem papal de 1493, que fazia da África um
monopólio de Portugal. Surgiu também naquele período surgimento de companhias
cuidando desse comércio como a Real Companhia dos Empreendedores do Comércio com
a África, criada em 1663 como o objetivo de fazer o comércio inglês acompanhar de
qualquer outra companhia inclusive das Índias Orientais.

Segundo o historiador norte-americano John K. Thornton, os europeus compravam


pessoas escravizadas que eram capturadas em guerras entre os Estados Africanos. Outros
africanos negociavam africanos capturados de grupos semelhantes próximos ou
prisioneiros de guerra e vendiam para os europeus. Essa prática também é documentada
em Slave Trade Debates of England no início do século XIX: Todos os antigos escritores ...
concordam em afirmar não só que as guerras são celebradas com o único propósito de
fazer escravos, mas que eles são fomentadas pelos europeus, com vista a esse objetivo".

Rotas de transporte

Tráfico no Atlântico

As rotas tinham a sua importância no fornecimento de mão de obra escrava, uma vez
que por meio das rotas do Atlântico abastecia os portos europeus e da América do Norte e
do Sul. Os portos que mais recebiam desembarque de negros eram localizados em Recife,
Salvador, Rio de Janeiro; no território inglês Liverpool, Londres e Bristol. Na França o porto
de Nantes era um grande local de venda de escravizados. Esses portos eram responsáveis
por 71% das vendas de escravos.

Os principais pontos de fornecimento de mão de obra estavam localizados em


Senegâmbia, Serra Leoa, Costa do Barlavento, Costa do Ouro, Golfo do Benim e destaque
para a África Centro- Ocidental.

Podemos citar como principal consumidor desse comércio o setor açucareiro, devido ao
fato que só esse grupo comprou 80% desses escravos, essa expedição partiu rumo a
Europa e América do Norte; e o Sul para o partindo para o Brasil.

Tráfico no Oceano Índico

O Atlântico também não era a única rota comercial de escravos ainda no séc I d.C.
traziam escravizados via deserto do Saara, transportados da costa oriental africana. Eles
tinham como destino a escravatura do norte da África, no médio oriente, e seguiam viagem
no Oceano Índico. Esse comércio era controlado pelos mercadores muçulmanos que
colaboravam no abastecimento dos reinos mulçumanos com os escravos para o serviço
doméstico e concubinagem. E assim movimentando o comércio e fortalecendo o
desenvolvimento econômico naquele período.

Proibição do comércio negreiro


O grande motivo do tráfico ter começado a ser proibido ao longo do séc.XIX dá
mencionar o fato da Inglaterra ter se desenvolvido industrialmente, por isso a necessidade
de mão de obra era de extrema importância para o crescimento da economia inglesa.
Mesmo com o seu fim, o tráfico negreiro foi um pilar não apenas para a construção de uma
sociedade escravagista, também serviu como base do capitalismo. Então a Inglaterra
começou a coibir o tráfico a partir de 1810, aprendendo 10 % da esquadra marítima com a
interceptação desses navios. E no Brasil a proibição só veio em 1850 com a lei Eusébio de
Queiroz.

Uns dos motivos também para o fim, de acordo com o historiador Walter Rodney ele
apontou uma queda de lucros nas operações triangulares que alimentou críticas contra o
tráfico negreiro. Segundo Rodney que as mudanças na produtividade, na tecnologia e nos
padrões de intercâmbio na Europa e na América impulsionou a decisão dos britânicos de
acabar com a sua participação no comércio de escravos em 1807.

Pós Tráfico negreiro

No contexto histórico pós proibição do tráfico negreiro o acontecimento da diáspora


africana fenômeno social e histórico que aconteceu com países que tiveram imigração
africana forçada por causas escravagistas. Nos Estados Unidos, o livro bem sucedido
Roots:The Saga of an American Family (1976), de Alex Haley, e a minissérie de televisão
Raízes transmitida pela a rede de televisão American Broadcasting Company. Elevou a
valorização da cultura africana e do grupo afro-americano.

A influência motivou vários afro-americanos a buscar as origens de suas famílias e visitar a


África Ocidental. Por isso o turismo cresceu bastante para suprir essa demanda. Um grande
exemplo é o Roots Homecoming Festival, acontece nos dias de hoje na Gâmbia, os rituais
são feitos por meio onde os afro-americanos de maneira simbólica podem voltar para casa,
e também o surgimento no movimento negro Rastafari, com origem na Jamaica a ilha do
Caribe com a população é formada por 98% de descentes de vítimas do tráfico negreiro do
atlântico, através do ritmo do reggae que a escravidão nunca seja esquecida.

Sem contar nos vários pedidos de desculpas como do pedido do então primeiro ministro
inglês, Tony Blair pela a participação do Reino Unido no comércio de escravos no dia 27 de
Novembro de 2006. Porém o discurso foi visto como uma "retórica vazia" que não resolve o
problema. E fez um novo pedido de desculpas em 2007.

Outras autoridades também pediram desculpas como o então governador do Alabama,


Bob Riley, assinou um pedido de desculpas pela a colaboração do Estado na escravidão e
pelos os erros e efeitos no dia 31 de maio de 2007. O Alabama é o quarto estado do sul a
fazer um pedido de desculpas formal pela a escravidão, após de Maryland, Virgínia e
Carolina do Norte. E também no dia 30 julho de 2008, a Câmara dos Representantes dos
Estados Unidos aprovou uma resolução pedindo desculpas pela a escravidão e as leis
discrimatorias. Em 18 de junho de 2009, foi a vez do Senado de reconhecer os erros
gerados da escravidão sobre as "fundamentais injustiças, crueldades, brutalidades e
desumanidades da escravidão"

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