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David Livingstone

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David Livingstone em 1864.

Ilustração de David Livingstone em uma de suas pregações pelo interior da África.

David Livingstone (Blantyre, Escócia, 19 de março de 1813 — Aldeia do Chefe


Chitambo, Rodésia do Nordeste, 1 de maio de 1873) foi um missionário escocês e
explorador europeu da África, cujo desbravamento do interior do continente contribuiu
para a colonização da África.

Biografia
David Livingstone é um pastor que nasceu em Blantyre, a sul de Glasgow, em
19 de Março de 1813. Aos 10 anos começou a trabalhar na fábrica local de algodão,
com aulas na escola à noite. Em 1834, perante os apelos da Igreja Presbiteriana, que
queria mandar missionários para a China, decidiu preparar-se para assumir essa função.
Em 1836, ele começou a estudar grego, medicina e teologia em Glasgow, na Escócia e
decidiu tornar-se um missionário médico. Em 1841, ele foi colocado à beira do deserto
do Kalahari, na África Austral. Em 1845, ele se casou com Mary Moffat, filha de um
colega missionário.

Livingstone sentiu-se fascinado pela missão de chegar a novos povos no interior


da África e apresentá-los ao cristianismo, bem como libertá-los de escravidão. Foi isso
que inspirou suas explorações. Em 1849 e 1851, ele viajou por todo o deserto do
Kalahari, na segunda visita ao rio Zambeze. Em 1842, ele começou uma expedição de
quatro anos para encontrar uma rota a partir do Alto Zambeze à costa. Esta enorme
expedição contribuiu para o preenchimento das lacunas do conhecimento ocidental
sobre a África central e do sul. Em 1855, Livingstone descobriu uma espetacular
catarata ou cachoeira, a qual ele chamou de Victoria Falls (em português: Cataratas
Vitória). Ele ainda chegou à foz do Rio Zambeze sobre o Oceano Índico, em Maio de
1856, tornando-se o primeiro europeu a atravessar a largura da África meridional.

David Livingstone não foi o primeiro, mas com certeza o maior explorador da
África. Quando embarcou pela primeira vez para o continente negro, em 1841,
pretendia atuar principalmente como missionário. Constatou logo que as missões em
território pouco povoado não seriam promissoras, se não viajasse muito e visitasse os
"selvagens" – como os negros eram chamados pelos colonizadores. Ao todo, ele
percorreu 48 mil quilômetros em terras africanas. Numa aventura de mais de 15 anos,
atravessou duas vezes o deserto do Kalahari, navegou o rio Zambeze de Angola até
Moçambique, procurou as fontes do rio Nilo, descobriu as cataratas Vitória e foi o
primeiro europeu a atravessar o lago Tanganica. Cruzou Uganda, a Tanzânia e o
Quênia. Andava a pé, em carros de boi e em canoas. Nas aldeias, tratava dos doentes,
conquistando assim a amizade dos nativos.

Combateu, desde o início, o tráfico de escravos que, embora proibido no império


britânico desde 1833, ainda era praticado pelos portugueses e árabes. O objetivo de
Livingstone era levar o livre comércio, o cristianismo e a civilização para o interior do
continente africano. No entanto, mesmo apesar de ser contra a escravidão, David
Livingstone se valia da "ajuda" dos nativos até mesmo para carregá-lo nos braços
durante as suas viagens.

Descobertas

Mapa das famosas expedições de David Livingstone


pelo interior da África entre 1851 e 1873.

Durante sua atividade missionária, ele ouvira falar de regiões frutíferas além do
deserto de Kalahari. Em 1849, partiu com a família e um amigo em direção ao norte.
Enfrentou o calor inclemente e a escassez de água do deserto, até descobrir o lago
Ngami – seu primeiro êxito de descobridor. De 1852 a 1856, viajou pelo rio Zambeze,
cruzando quase todo continente africano, de leste a oeste.

De volta à Inglaterra, Livingstone publicou, em 1857, o livro "Viagens


missionárias e pesquisas na África do Sul", que virou bestseller. Famoso, passou a
trabalhar para o governo britânico. A serviço da Royal Geographical Society, partiu em
1865 à procura da nascente do rio Nilo. Foi atacado impiedosamente pela malária, sua
"companheira" de viagens. Além disso, ele se encontrava numa região completamente
desconhecida e hostil. Muitas tribos o viam como traficante de escravos. Sua esposa
morreu de malária em 1862, um amargo golpe e em 1864 ele foi convocado pelo
governo a retornar trazendo os resultados de suas viagens.

Em sua penúltima expedição, partiu de Zanzibar, na costa oriental da África, e


queria chegar ao lago Niassa. Abandonado pelos guias africanos, que fugiram com a
comida e os remédios, e enfraquecido pela malária, o explorador chegou à aldeia de
Ujiji, na margem tanzaniana do lago Tanganica. Na Europa, a estas alturas, ele já era
dado como desaparecido. Supunha-se que estivesse mortalmente enfermo nas selvas
africanas ou tivesse sido assassinado. Só nos Estados Unidos ainda se acreditava
encontrá-lo vivo. Esta expedição durou de 1866 até a morte de Livingstone em 1873.

A procura

Ilustração do célebre encontro entre David Livingstone e Henry Morton Stanley


ocorrido em Ujiji, na atual Tanzânia, entre outubro e novembro de 1871. Ao encontrar
Livingstone depois de uma jornada que durou meses em busca do seu paradeiro, Stanley
proferiu o seu famoso e sarcástico cumprimento: "Dr. Livingstone, Eu presumo?".

Em março de 1871, o editor James Gordon Bennett encarregou o jornalista


Henry Morton Stanley, correspondente em Madrid do jornal New York Herald, a
procurar Livingstone, de quem não se tinha nenhuma notícia há vários meses, e contar
sua história. Com o auxílio de 200 carregadores, o repórter finalmente encontrou o
explorador, aos 58 anos de idade e esqueleticamente magro em Ujiji, às margens do
Lago Tanganica, na atual região tanzaniana de Kigoma. Este encontro se deu entre a
segunda quinzena do mês de outubro e a primeira quinzena do mês de novembro de
1871, sendo que não há uma data exata, já que o diário de Livingstone sugere que o
encontro aconteceu entre os dias 24 e 28 de outubro de 1871, enquanto que o diário de
Stanley afirma que o encontro ocorreu no dia 10 de novembro de 1871.[1] No momento
em que os dois se encontraram, Henry Morton Stanley proferiu a famosa e sarcástica
frase: "Dr. Livingstone, Eu presumo?", tendo Livingstone respondido: "Sim, e eu me
sinto grato por eu estar aqui para recebê-lo."

Depois de recuperar suas forças com os alimentos e remédios levados pelo


jornalista, Livingstone acompanhou Stanley em viagens ao extremo norte do lago
Tanganica. Quando se preparava para retornar aos EUA, Stanley insistiu para que o
explorador voltasse à Inglaterra, porém o fanático pesquisador resistiu. Passou seus
últimos dias de vida errante na região do lago Bangweulu, na atual Zâmbia.
O desfecho
Por muitos anos sua saúde demonstrava fragilidade, vindo a falecer no dia 1 de
maio de 1873. Os nativos encontraram David Livingstone morto e ajoelhado ao lado da
cama, na aldeia do chefe tribal Chitambo, localizada no norte do distritozambiano de
Serenje, a cerca de 100 km a sudeste do lago Bangweulu.

David Livingstone morreu orando. Os seus auxiliares de confiança Chuma, Suza


Mniasere e Vchopere, enterraram o seu coração e as suas vísceras debaixo de uma
árvore, onde em 1902 foi erguido o atual Memorial Livingstone. Depois disso, eles
lavaram o corpo de Livingstone com sal e aguardente e o puseram para secar ao sol.

Envolto numa manta de lã e dentro de uma caixa de casca de árvore, o corpo de


Livingstone foi levado pelos seus auxiliares até Bagamoyo, de onde o corpo foi levado
de navio até o Reino Unido. Livingstone foi o primeiro a descrever a geografia, a
estrutura social, os animais e as plantas do continente africano. Hoje, os restos mortais
do explorador (exceto o coração e as vísceras) se encontram enterrados na Abadia de
Westminster, em Londres.

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