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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DA BAHIA


COMANDO OPERACIONAL DO BOMBEIRO
DÉCIMO GRUPAMENTO DE BOMBEIRO
NÚCLEO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS BM
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA PMBA
INSTRUTOR: SUB TEM/
ENTE RICARDO CRUZ

ALUNOS TURMA C: Freitas, 42; Ana Quelli, 43; Ismaiom, 52; Venas, 53; Fábio, 57;
Francisleide, 60; Gesner, 62; Itajaí, 66; Joedson, 68; Osvaldo Jr., 70; Tiago Leite, 72.
ALUNOS TURMA D: Silva, 76; Elias Jr., 77; Moreira, 78; Joelson, 80; Muritiba, 86;
Soraya, 95; Tayane, 96; Valécio, 98; Pedro, 100; Klever, 106; Guimarães, 107;
Fábio Souza, 109

HISTÓRIA DO

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DA BAHIA

(1894 – 2015)

SIMÕES FILHO - BA

SETEMBRO/2015

1
Nossa feliz missão na terra
É construir, é defender
Assim na paz, como na guerra
Somos soldados do dever

Marcha do Corpo de Bombeiros da Bahia,


composição de Roberto Correia e Estanislau Wanderley.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 05

1.O BRASIL IMPERIAL................................................................................................................07

1.1 A Independência do Brasil.......................................................................................................... 07

1.2 A Bahia pós-Independência .......................................................................................................08

1.3 O Corpo de Bombeiros Provisório da Corte ............................................................................ 09


1.4 A criação do “Corpo de Polícia”................................................................................................09

2. COMBATE A INCÊNDIOS NA PROVÍNCIA DA BAHIA............................................ 10

2.1 O Arsenal da Marinha.................................................................................................................10

2.2 A Associação Comercial ..................................... ...................................................................... 12

2.3 A Companhia de Seguros Interesse Público.............................................................................13

2.4 Os Bombeiros Voluntários..........................................................................................................14

3. O BRASIL REPUBLICANO..................................................................................................... 15

3.1 Proclamação da República .......................................................................................................... 15

3.2 O Conselheiro José Luiz de Almeida Couto.............................................................................16

4. A BAHIA E O CORPO DE BOMBEIROS DA CIDADE DO SALVADOR ................ 20

4.1 O major Alcebíades Calmon de Passos ................................................................................. 20

3
5. SANTA BÁRBARA, PADROEIRA DO CORPO DE BOMBEIROS DA BAHIA ...... 22

5.1 Uma mártir cristã .................................................................................................................... 22

5.2 Iansã e o sincretismo religioso ............................................................................................... 25

6. INDEPÊNDÊCIA DO CORPO DE BOMBEIROS DA BAHIA ....................................... 26

6.1 A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 138/2014 ........................................................ 26

6.2 A assunção de cargo do 1º Comandante Geral....................................................................28

7. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 30

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................31

9. ANEXO........................................................................................................................... 32

9.1 Cronologia da criação dos Corpos de Bombeiros no Brasil ................................................... 32

9.2 Estrutura Operacional............................................................................................................38

9.3 A História e os Hinos...................................................................................................................39

Hino Nacional Brasileiro...................................................................................................................39

Hino à Bandeira Nacional..................................................................................................................41

Hino da Independência do Brasil......................................................................................................42

Hino da Proclamação da República..................................................................................................44

Hino Ao 2 de Julho (Independência do Estado da Bahia) .............................................................46

Marcha do Corpo de Bombeiros da Bahia.......................................................................................46

Hino do Soldado do Fogo..................................................................................................................48

Hino da Polícia Militar da Bahia.......................................................................................................49

9.4 Brasões..........................................................................................................................................50

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho é parte de um processo avaliativo da disciplina História da PM,


ministrada pelo Sub Tenente Ricardo Cruz, no Curso de Formação de Soldado Bombeiro, mas
também é uma maneira que os autores encontraram de homenagearem esta instituição, o
Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, que completou, em 2015, 121 anos de existência. Além
disso, esta importante corporação está iniciando neste ano, uma nova história, pois se fez
independente de uma instituição que, durante décadas, possibilitou condições para seu sólido
desenvolvimento: a Polícia Militar da Bahia.

Como veremos, esta história se inicia quando o Brasil e a Bahia passavam por grandes
transformações sociopolíticas e econômicas.

Estas modificações sociais que o Brasil passou ocorreram na primeira metade do século
XIX, quando fortes sentimentos nativistas foram desencadeados na população.
Consequentemente, a independência e soberania do Estado foram alcançadas por meio de
lutas travadas contra a tirania portuguesa. Em 7 de setembro de 1822, o príncipe regente, Dom
Pedro I, proclamou a emancipação.

Três anos após o sol nascer e brilhar mais que no primeiro dia de julho de 1823, a Bahia
independente contava com um Serviço de Incêndio, que era executado precariamente pelo
Arsenal da Marinha, contando com o serviço voluntário de todos os funcionários públicos ao
toque de sinos. Em decorrência de fortes chuvas que caíram no ano de 1833, provocando
deslizamentos de terras em toda a encosta da Montanha, bem como incêndios diversos. O
vereador José Bruno Antunes Guimarães falou em plenária sobre a necessidade de se
organizar um melhor serviço de bombeiros.

A partir da década de 1850 alguns incêndios, como o ocorrido em casas contiguas à


Alfândega (atualmente, o Mercado Modelo), fez a Associação Comercial da Bahia receber
uma bomba à vapor, com tração humana, para auxiliar no serviço de combate ao fogo. Esta
mesma instituição, anos depois, sugeriu ao Presidente da Província “a criação de uma
companhia de bombeiros, sob a direção de um Engenheiro Inspetor de Fogos e seus
ajudantes”.

Em 1871, na freguesia da Conceição da Praia foi instituída a Associação de Voluntários


Contra Incêndios, cujo primeiro presidente foi Francisco Pereira da Silva Maltez,
comprometendo-se, os sócios fundadores, a rondarem à noite a Cidade Baixa.
5
O período Imperial, na Bahia, foi marcado por uma sucessão de incêndios, levando à
morte e a perda de patrimônio público e privado.

Com as transformações políticas ocasionadas após a Proclamação da República (1889),


o presidente da Província da Bahia, Marechal Hermes da Fonseca, após um incêndio que
destruiu um quarteirão e a Ladeira do Taboão, resolveu consolidar a Força Policial, daí foi
criada a 11ª Companhia de Combate à Incêndios, substituindo a então Corporação de
Bombeiros Voluntários.

No período republicano foi prefeito de Salvador o Conselheiro José Luiz de Almeida


Couto, político de grande experiência administrativa, que criou através da Lei Municipal nº
124, de 26 de dezembro de 1894, o Corpo de Bombeiros da Cidade do Salvador, sob o
comando do Capitão Leovigildo Cavalcante de Melo. Os quartéis e todo acervo para combate
ao fogo foram doações das Associação Comercial da Bahia, Companhia de Seguros Aliança e
Companhia de Seguros Interesse Público.

E assim, surgiu o Corpo de Bombeiros da Bahia, conforme veremos a seguir.

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1. O BRASIL IMPERIAL

1.1 A Independência do Brasil

Independência ou Morte, do pintor paraibano Pedro Américo (óleo sobre tela, 1888)1

O século XVIII significou um momento de intranquilidade que tomou conta da colônia,


principalmente devido à precária situação financeira da nação que se formava. Vários foram
os motivos que fizeram surgir esse desconforto, dentre eles: a lenta decadência da economia
açucareira; o aumento na cobrança de impostos; e o aumento dos custos aquisitivo dos bens
de consumo mais necessários.

Esse desconforto e inconformismo deflagraram na colônia levantes e conflitos nas ruas,


transformando-se em revoluções anticoloniais. Ficando cada vez mais forte a ideia de
independência, que surge de circunstâncias históricas e políticas definidas, por uma reação
nativista; pelo sentimento de nacionalidade; bem como, pelo desejo de autonomia em relação
à metrópole.

Outro fator decisivo para a colônia separar-se do domínio português foi a disseminação
dos princípios de liberdade e igualdade, definidos pela Revolução francesa. No entanto, a
intranquilidade não cessou, eclodindo revoluções com a eminente necessidade de
independência, como as Revoluções Pernambucana, de 1817, e a Constitucionalista, de 1820.

1
Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia_do_Brasil.
Acesso em: 09/10/2015
7
A família real retornou para Portugal, em 26 de abril de 1821. D. João VI deixou, no
Brasil, seu filho D. Pedro I, como príncipe regente, que depois de um processo de pressão
para seu retorno à Lisboa, em 07 de setembro do ano seguinte proclama a Independência do
Brasil. Esta somente foi consolidada, em 02 de julho de 1823, com a expulsão dos
portugueses na Bahia, último foco de resistência à separação entre a antiga colônia e a
metrópole.

Desta forma, o Brasil se tornou independente de Portugal.

1.2 A Bahia pós-Independência

A nação brasileira livrou-se do status colonial e passou a status de país independente


(MATTOSO, 2004). Neste contexto, fez-se necessária uma estruturação militar sólida que
passou a ser definida, em linhas gerais, pela Constituição de 1824. Cabe ressaltar também as
várias criações, extinções e reestruturações, daquela, ao longo dos anos. Nessa Constituição
ficam estabelecidas três categorias militares básicas, que são:

 O Exército: tropa regular e paga cuja função é a defesa das fronteiras;


 As Milícias: tropas auxiliares e gratuitas para a manutenção da ordem
nas Comarcas das Províncias do Império, auxiliares do Poder Judiciário e que
são ancestrais das atuais Policias Militares;
 As Guardas Policiais: forças também auxiliar, com processo de
recrutamento e efetivo fixados anualmente, encarregados da segurança
individual e da perseguição e prisão de criminosos.

Em caso de guerra ou rebeliões, as duas tropas não regulares poderiam ser usadas além
das suas funções normais, com base na Constituição.

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1.3 A criação do “Corpo de Polícia”

D. Pedro I nomeou Governador das Armas da Bahia, o Brigadeiro Egídio Gordilho


Barbuda, que por sua vez criou, em Ato Provisório, a Polícia Militar da Bahia, em 01 de
janeiro de 1825, sob a designação “Corpo de Polícia”, “conforme consta da histórica Ordem
do Dia, do Comandante das Armas” (ARANHA, 1997). Porém, sua criação ocorre –
efetivamente, Corpo de Polícia – em 17 de fevereiro de 1825, com um Decreto Imperial,
dispondo de um efetivo de 238 homens, todos fardados e armados. Permaneceram
aquartelados no Convento de São Bento, tendo como Comandante, o Major Manoel Joaquim
Pinto Paca.

Essa instituição baiana nasceu com a tarefa de zelar pela aplicação das posturas
municipais, manutenção das Leis, da Ordem pública e tendo que organizar destacamentos
para atuar no interior do Império. As primeiras atuações que tiveram no século XIX foram
tentativas de acabar motins escravos, manifestações antilusitanas, tumultos civis, e choques
entre brasileiros e portugueses, aqui estabelecidos.

1.4 O Corpo de Bombeiros Provisório da Corte

O Alvará Régio, de 12 de agosto de 1797, responsabilizava o Arsenal da Marinha pela


extinção de incêndios na capital do Império.

D. Pedro II, ao assistir o Teatro São João (hoje conhecido como Teatro João Caetano)
incendiar-se pela terceira vez, inclusive com o próprio Imperador no seu interior, resolveu
criar através do Decreto Imperial 1.775, de 02 de julho de 1856, o Corpo de Bombeiros
Provisórios da Corte, com jurisdição apenas na cidade do Rio de Janeiro. Baseava-se,
sobretudo, em moldes europeus, principalmente o francês e o português.

O Decreto Imperial 7.766, de 19 de julho de 1880, militariza definitivamente o Corpo


de Bombeiros do Rio de Janeiro, concedendo graduações militares a seus oficiais, com o grau
máximo de tenente-coronel.

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2. COMBATE A INCÊNDIOS NA PROVÍNCIA DA BAHIA

2.1 O Arsenal da Marinha

Três anos após a Independência do Brasil, na Bahia, o Serviço de Incêndio era


executado, de forma precária, pelo Arsenal da Marinha, sob o comando do Inspetor do
Arsenal. Em 02 de agosto de 1829, o vereador Lázaro José Jambeiro consultava em plenário
sobre a obrigatoriedade dos vereadores participarem do Corpo de Bombeiros Voluntários,
recebendo resposta negativa. Contudo, ficou decidido que todos os funcionários públicos
deveriam deixar as repartições ao toque dos sinos anunciando um incêndio e buscarem a
bomba no Arsenal da Marinha.

2
Vista panorâmica da “Cidade da Bahia”, Benjamin Mulock (1860)

Em 14 de junho de 1833, em decorrência das fortes chuvas que caíram durante 45 dias,
se verificou deslizamentos de terras em toda a encosta da Montanha, inclusive na Ladeira da
Misericórdia e da Conceição da Praia. Em 12 de outubro daquele mesmo ano, o vereador José
Bruno Antunes Guimarães falou em plenário sobre a necessidade de se organizar um melhor
serviço de bombeiros e expôs seu projeto, aqui resumido nas palavras de Amâncio (2014):

2
Nesta imagem é possível verificar (canto superior, à esquerda) o grande Teatro São João, construído a partir
de 1806, quando da vinda da família real para a Bahia. O teatro foi destruído por um incêndio, em 1923.
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Teatro_S%C3%A3o_Jo%C3%A3o_(Salvador)>. Acesso em:
09/10/2015.
10
“Os incêndios que haviam se repetido na capital da
província prejudicando a fortuna particular, abandonada no país
quando os proprietários pagavam impostos, propôs que
houvesse em cada freguesia uma bomba contra incêndio aos
cuidados e direção do Juiz de Paz, que organizaria os artífices,
caixeiros, jornaleiros da Câmara e da Alfândega em decúrias,
comandadas por homens de confiança, subordinados
hierarquicamente a um chefe geral. Haveria em cada decúria um
chefe, um mestre e um contra-mestre. Os moradores teriam a
obrigação de apresentarem aos inspetores seus escravos com
baldes d’água, barris, cordas, escadas e ferramentas nas ocasiões
dos sinistros para assinalarem o local enquanto tocavam o sino
mais possante da freguesia. As bombas do Arsenal da Marinha e
do Arsenal de Guerra continuariam a prestar seus relevantes
serviços. Os navios de guerra ou mercantes desembarcariam
suas bombas e seus materiais quando preciso. Os negros e os
crioulos libertos teriam a obrigação de ter sempre em casa um
barril cheio d’água; pagariam uma multa de 4 mil réis e ficariam
presos por oito dias se não se apresentassem nos incêndios com
seus barris. O Comandante da Polícia estabeleceria o isolamento
do local, pondo guardas para a vigilância e garantia do salvado.”

Tal projeto jamais foi aprovado.

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2.2 A Associação Comercial da Bahia

Sede da Associação Comercial da Bahia3 (século XIX)

Em 03 de novembro de 1848, um incêndio irrompido nas casas contíguas à Alfândega


foi contido graças à intervenção dos marinheiros das corvetas francesas “Heroine” e
“Expeditive” e do brigue inglês “Grecian”. A Associação Comercial da Bahia resolveu
gratificar os tripulantes pelo valioso serviço que haviam prestado espontaneamente ao
comércio da Bahia. Os Consulados da França e da Inglaterra, através de ofícios, devolveram a
gratificação dada aos marinheiros por solicitação dos Capitães dos navios.
Em julho de 1850, a Associação Comercial da Bahia recebeu uma bomba a vapor, com
tração humana, de fabricação inglesa, e contratou o técnico inglês Luigi Beanchy e mais 36
homens para conduzi-la.

Em 22 de abril de 1856, ocorreram grandes incêndios no Trapiche Quirino e no Pilar,


situados na freguesia do Pilar. Naquele ano, o Teatro São João, atual Teatro João Caetano, no
Rio de Janeiro, incendiou-se pela terceira vez, conforme visto anteriormente, o que levou o
Imperador D. Pedro II a criar o Corpo de Bombeiros Provisório da Corte, como vimos.

Na Bahia, em 12 de janeiro de 1859, num sobrado de quatro andares na Rua Nova do


Comércio, atual Rua Portugal, onde funcionava o Banco da Bahia, ocorreu mais um incêndio,

3
A Associação Comercial da Bahia foi fundada em 15 de julho de 1811, atendendo a três desejos: - dos
comerciantes, para terem um local condigno onde pudessem se reunir regularmente e aí realizar seus
negócios, como já vinham fazendo há anos, na própria Cidade Baixa; - do Vice-Rei do Brasil, D. Marcos de
Noronha e Britto, VIII Conde dos Arcos de Val de Vez, interessado no desenvolvimento da província que
governava, sede do maior porto do hemisfério sul na época, já aberto, desde 1808 às "nações amigas"; - do
Príncipe Regente, D. João VI, de promover o progresso da Colônia, sede provisória da Corte Portuguesa.
Disponível em: < http://acbahia.com.br/novo/acb-historico.php>. Acesso em: 09/10/2015.
12
no qual perdeu a vida o saveirista conhecido como “Capichaba”, que fora auxiliar na extinção
do fogo. No dia 18 daquele mesmo mês, a Associação Comercial sugeriu ao Presidente da
Província, Francisco Xavier Paes Barreto, a “criação de uma companhia de bombeiros, sob a
direção de um Engenheiro Inspetor de Fogos e seus ajudantes”. Tornava-se dispendiosa a
manutenção de um serviço nos moldes do que fora introduzido, dotado do que havia de mais
moderno no gênero.

2.3 A Companhia de Seguros Interesse Público

A Companhia de Seguros Interesse Público, instalada em 1852, que contribuía na


manutenção junto à Associação Comercial em 1859, resolveu deixar de auxiliar, quando
importou, dos Estados Unidos, uma bomba também a vapor.

Na década seguinte, o Governador da Bahia, José Augusto Chaves, em seu discurso de


despedida na Assembléia Legislativa, sobre as providências relativas à extinção de incêndios,
disse:

Sinto, porém, dizê-los, ainda hoje, que essas providências


reduzem-se entre nós a algumas bombas mal preparadas de que
se usam sem direção regular e metódica, de forma que a
extinção e muito louvável zelo, com que para esse fim se
empenham aquelas que por dever ou sentimento de humanidade
ocorrem a elas; entretanto, graves são os resultados, enormes os
prejuízos.

Em 02 de outubro de 1861, a Associação Comercial da Bahia ofertou gratuitamente uma


bomba a vapor, à Companhia de Seguros Interesse Público. Em 19 de maio de 1869, à
semelhança do ocorrido no ano anterior, ocorre outro incêndio no Mercado de Santa Bárbara,
queimando barracas pertencentes à Câmara Municipal.

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2.4 Os Bombeiros Voluntários

Em 22 de junho de 1871, é instituída na freguesia da Conceição da Praia, no Comércio,


a Associação de Voluntários Contra Incêndios, comprometendo-se seus sócios fundadores a
rondarem à noite a Cidade Baixa, desde o Correio Geral, que então funcionava em um
cômodo da alfândega velha, ao lado da Igreja do Corpo Santo, até a Praia do Comércio ou
Conde dos Arcos. Seu primeiro presidente foi Francisco Pereira da Silva Maltez.

Os incêndios continuavam se sucedendo. Em 1872 foi a vez do Banco de Justino,


situado na Rua das Princesas. Em 1877, o Trapiche de piaçava do Coronel Pedroso de
Albuquerque e, no mesmo ano, novo incêndio no Banco da Bahia.
O Governador da Província Antonio de Araújo de Aragão Bulcão sancionou a Lei Provincial
nº 1.945, de 21 de fevereiro de 1880, que autorizava a Companhia do Queimado (atual
Embasa), a instalar 10 hidrantes no Comércio. A situação da água para incêndio é critica, pois
são poucos os hidrantes instalados na Cidade de Salvador e nas outras Cidades do Interior do
Estado da Bahia.

Em 01 de maio de 1881, ocorreu um incêndio no prédio nº 33, da Rua Santa Bárbara


(atual Rua Portugal), onde foram elogiados pelo Capitão Durval Vieira de Aguiar, pela
atuação na emergência, os Tenentes Deocleciano Cândido Camarogipe, Francisco de Paula
Miranda Chaves, Francisco Teles de Menezes e José Joaquim dos Santos Andrade.

Em 1904, já após a criação do Corpo de Bombeiros Municipal, a Associação dos


Voluntários contra Incêndio foi reorganizada e transformada em Guarda Noturna, com
uniformes e material adequado para extinção, comprados mediante concorrência pública.
Encomendaram-se à época 02 bombas, 20 lanternas, 10 machados e 12 porta-baldes
metálicos. Posteriormente, a Guarda Noturna foi incorporada ao Corpo de Bombeiros.

E assim, a Província da Bahia encerra a sua fase imperial com muitos incêndios, muitas
vidas ceifadas e patrimônio destruído e alguns comerciantes empobrecidos.

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3. O BRASIL REPUBLICANO

3.1 Proclamação da República

Proclamada a República, em 15 de novembro de


1889, na mesma noite, Rui Barbosa, ministro do
Governo Provisório recém constituído, telegrafou ao Dr.
Manuel Victorino Pereira, deputado pelo Partido
Liberal, comunicando o estabelecimento do novo
regime e designando-o Governador da Bahia, fato que
descontentou os meios republicanos de Salvador.

Alegoria da República, de Manuel Lopes Rodrigues (1896)4

O Conselheiro José Luiz De Almeida Couto, Presidente da Província da Bahia (último


do período imperial), Augusto Alves Guimarães, Presidente do Conselho Municipal, e o
Marechal Hermes Ernesto da Fonseca, Comandante das Armas da Província e irmão do
proclamador da República, o Marechal Deodoro da Fonseca, resolveram manter a Bahia fiel à
monarquia. A população republicana se revoltou e foi apoiada pela guarnição do Forte de São
Pedro e por seu Comandante, o Coronel Frederico Cristiano Buys.
Estas divergências, que impediram o Dr. Manuel Victorino de assumir o cargo que lhe fora

4
Lopes Rodrigues era pensionista do próprio Imperador - regalia que, dado seu talento, foi mantido quando
daProclamação da República. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Lopes_Rodrigues. Acesso
em: 09/10/2015.
15
designado, deixaram o Estado acéfalo. O Dr. Virgílio Damásio, chefe do Partido Republicano,
assumiu então a administração da Província.

Em vista da resolução do Imperador D. Pedro II de seguir para o exílio, se chegou a um


entendimento e o Marechal Hermes da Fonseca aderiu aos republicanos.
No dia 17 de novembro, às 16 horas, no largo fronteiro ao Forte de São Pedro, o Governador
Virgílio Damásio proclamou a República no Estado da Bahia, parte integrante da Federação
dos Estados Unidos do Brasil, dando início a um novo regime.

Em 23 de novembro de 1889, assumiu o governo estadual Manuel Victorino Pereira,


que divergiu com o governo federal e, em 26 de abril de 1890, passou o cargo ao Marechal
Hermes da Fonseca, que comandava a guarnição do Exército em Salvador, nomeado pelo seu
irmão.

O Marechal Hermes da Fonseca assumiu o governo em um clima bastante tenso,


inclusive pelo grande incêndio ocorrido em 04 de março de 1890 na zona comercial, que
destruiu um quarteirão e a Ladeira do Taboão, deixando um saldo de 48 mortos e dezenas de
feridos. Procurou de imediato acalmar os ânimos e consolidar as instituições republicanas, tais
como a Força Policial (atual Polícia Militar) que, através de Decreto datado de 16 de maio de
1890, promoveu uma grande reforma administrativa e criou a 11ª Companhia de Combate a
Incêndios, para substituir a então Corporação de Bombeiros Voluntários, que teve sua
imagem bastante desgastada pelo incêndio do Taboão.

A Associação Comercial da Bahia, que custeava as despesas dos Bombeiros


Voluntários, resolveu não mais fazê-lo e doou os equipamentos e quartéis existentes à 11ª
Companhia de Polícia, que esteve, durante sua curta existência, sob o comando dos seguintes
oficiais: Capitão Emídio Joaquim Pereira Caldas, assessorado pelos Tenentes Augusto Olívio
Botelho e Otávio Nunes Sarmento; posteriormente, assumiu o Capitão Joaquim Baldoíno da
Silva, em 04 de maio de 1891; na seqüência, o Tenente Antonio Pedro de Almeida, em 13 de
agosto de 1891; e, por fim, o Tenente Aureliano João Ferreira da Silva, em 07 de junho de
1891, até sua extinção.

Após as acomodações políticas da pós-Proclamação, a Bahia seguia sua trajetória com a


participação de um eminente Conselheiro: José Luiz de Almeida Couto.

16
3.2 O Conselheiro José Luiz de Almeida Couto

O primeiro Governador estadual eleito por sufrágio popular e o sétimo da República,


Joaquim Manoel Rodrigues Lima assumiu, em 28 de maio de 1892, e passou o governo com
normalidade política, em 27 de maio de 1896.

Neste período, foi prefeito da Cidade do


Salvador o Conselheiro José Luiz de Almeida
Couto, político de grande experiência
administrativa que criou através da Lei Municipal
nº 124, de 26 de dezembro de 1894, o Corpo de
Bombeiros da Cidade do Salvador, para executar,
de modo regular e permanente, os serviços de
combate contra incêndios e prestar socorros
imediatos e profissionais nos casos de
desabamentos, inundações, explosões,
dentr’outros, ou a pessoas que se encontrassem
em iminente perigo de vida dentro da área do
município.

5
Conselheiro José Luiz de Almeida Couto

Dedicou-se à militância política desde cedo, sendo Deputado da Assembléia Provincial


em 1862 e Vereador de 1864 a 1869; foi nomeado, por decreto, tenente coronel comandante
do Batalhão nº 04 de Infantaria, durante a Guerra do Paraguai; deputado provincial (Vereador)
de 1878 a 1881; presidente da Província de São Paulo, em 1884, lançando a pedra
fundamental do Monumento do Ipiranga, em 25 de março de 1885; em 01 de junho de 1885
5
Disponível em: < https://www.google.com.br/search?um=1&hl=pt-
br&biw=1362&bih=595&rlz=1W1ACAW_pt-
BRBR322&tbs=isch:1&q=ALMEIDA+COUTO&btnG=Pesquisar&oq=&tbm=isch&gws_rd=ssl#btnG=Pesquisar&gw
s_rd=ssl&imgrc=zTCq8HqPHtoClM%3A>. Acesso em: 09/10/2015.
17
assumiu a presidência da província da Bahia. No seu governo foi inaugurada a Ponte
Cachoeira/São Félix, em 07 de junho de 1885, quando foi agraciado pelo Imperador D. Pedro
II, com titulo de “CONSELHEIRO”6.

Em 07 de junho de 1889, assumiu pela segunda vez o governo da Bahia, sendo o último
do período imperial. Retornou à vida pública como intendente municipal (prefeito) em 18 de
dezembro de 1892.

Exerceu a medicina durante toda a sua vida.

Faleceu em 08 de outubro de 1895, aos 62 anos, em pleno exercício do poder municipal


e segundo um dos seus biógrafos:

“O seu caráter firme e sua inquebrantável lealdade eram


qualidades que se refletia em todos os seus atos. O homem
público foi uma continuação do homem particular. Pai de
família exemplar, esposo desvelado, amigo sincero, foi clínico
abnegado e caridoso, mestre consciencioso e solicito político
intransigente e probo. A essas qualidades de seu caráter,
fortificados por uma educação austera deveu ele toda a estima e
respeito de que sempre gozou entre seus concidadãos”.

A cidade de Salvador do fim do século XIX, embora continuasse como o grande centro
polarizador da economia do Estado, principalmente a do Recôncavo, como já era desde os
primórdios da economia do Brasil Colônia, não passava de uma cidade de dimensões
medianas, mas já possuía um centro histórico-cultural bastante evoluído e um bairro
comercial amplo e pujante, com estabelecimentos grossistas e grandes varejistas e bairros
periféricos dispersos e ainda insignificantes, interligados precariamente, com exceção do
bairro do Bonfim, já bastante populoso e importante, que se expandia por toda a península de
Itapagipe.

As construções, mesmo as das zonas mais desenvolvidas, eram ainda coloniais, de pedra
e cal, com largo uso de madeira, circunstância que deu origem e facilitou a propagação de
memoráveis incêndios, que causaram numerosas mortes e grandes prejuízos, especialmente
no bairro comercial.

6
O Conselheiro Almeida Couto também fundou o Instituto Histórico e Geográfico da Bahia.
18
A economia do Estado era ainda essencialmente agrícola, destacando-se no Recôncavo
a indústria açucareira e de tabaco, para fins de exportação para a Europa.

Quando foi criado, o Corpo de Bombeiros da Cidade do Salvador possuía 06 oficiais e


23 praças, sob o comando do Capitão Leovigildo Cavalcante de Melo, três quartéis – doados
pela Associação Comercial da Bahia, Companhia de Seguros Aliança e Companhia de
Seguros Interesses Públicos – e todo o acervo para combate ao fogo.
O efetivo era bastante reduzido, o material inadequado e em pequena quantidade, situação que
perdurou até 1912.

Neste período, ocorreu apenas um incêndio de grande proporção na Cidade Baixa,


originado por forte explosão de fogos na firma comercial de propriedade de Arsênio dos
Santos Pereira, destruindo todo um quarteirão, onde se sobressaiu o heroísmo do saveirista
Rufino Manoel da Conceição que, escalando a fachada do edifício em chamas pelo cano da
bica, atingiu o terceiro andar onde clamava por socorro Mariana Rufina do Nascimento, seu
filho Aristides Dias e um sobrinho de nome Carlos de apenas oito anos, salvando todos.

O Corpo de Bombeiros de então não dispunha de estrutura profissional nem material


para desempenhar operações de grandes envergaduras. A insuficiência de pessoal era
amenizada de modo inadequado, com o credenciamento de vários homens jovens e fortes,
todos civis, para serviços temporários; “biscateiros” que auxiliavam os bombeiros nos
incêndios, recebendo uma pequena remuneração pelo trabalho realizado em cada ação.

As formas de aviso para se alertar a cidade sobre os sinistros eram através dos sinos das
igrejas. Havia um código: o número de badaladas indicava a freguesia na qual ocorria o
incêndio.

Um grande incêndio ocorrido em 1908 chocou a sociedade. A imprensa baiana apoiou o


Corpo de Bombeiros e criticou duramente o poder público, o que levou a providências para
melhoria da Corporação. A prefeitura importou da Inglaterra, em 1912, duas auto-bombas de
grande eficiência operacional, sendo uma da marca Dennys e outra Merrywather, duas auto-
escadas, uma de cada fabricante, uma ambulância e auto-transporte pessoal, que despertaram
a curiosidade da população e renovaram a confiança no Corpo de Bombeiros.

O comandante Marcelino Félix expôs as auto-bombas por vários meses, pois Salvador
ainda dispunha de poucos veículos motorizados.

19
4. A BAHIA E O CORPO DE BOMBEIROS DA CIDADE DO SALVADOR

4.1 O major Alcebíades Calmon de Passos

Quartel Central, na Praça dos Veteranos (Barroquinha)7

Antes da fundação do Corpo de Bombeiros, Salvador já contava com uma Guarda


Municipal bem estruturada e selecionada; em 1915, para aumentar o efetivo, o prefeito fundiu
as corporações, renovando o ânimo dos bombeiros, pois o chamado “grupo promissor”,
oriundo da Guarda Municipal contribuiu muito para o desenvolvimento cultural, profissional
e organizacional da instituição. Integravam este grupo Quintino Castelar da Costa, Vitorino
Liberato Palma, Adolfo Galdino dos Santos e outros.

Em abril de 1916 foi nomeado para comandar o Corpo de Bombeiros o experiente


Major da Polícia Militar, engenheiro Alcebíades Calmon de Passos, grande organizador e
notável disciplinador. Sob seu comando os bombeiros alcançaram notável desenvolvimento
em todos os aspectos, podendo-se destacar:

 Contato permanente com o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal


(Rio de Janeiro), mais antigo e experiente, visando à aquisição de manuais e
regulamentos específicos, que serviram de base para a implantação e o
desenvolvimento do espírito e da mística profissional, com forma e conteúdo
válido para toda a estrutura da Corporação;
 Planejamento e construção de um belo e majestoso Quartel Central, na
Praça dos Veteranos, em estilo arquitetônico Lombardo Italiano, inaugurado em
7
Disponível em: < http://www.cbm.ba.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=7>. Acesso em
09/10/2015.
20
29 de março de 1917, para aquartelar condignamente a administração e a tropa
da Corporação, contando, inclusive, com uma torre de instrução no pátio central
(já desmanchada). Toda a estrutura do quartel, inclusive a torre, foi construída
vigas de aço importadas da Inglaterra;
 Aumento substancial do efetivo, que alcançou o valor de Companhia,
acrescido dos serviços correlatos, tais como: oficina mecânica, ferramentaria,
correaria, etc.;
 Aquisição de novos veículos automotores operacionais e de apoio,
munidos inclusive de bússolas, máquinas fotográficas, binóculos de médio
alcance, etc.;
 Supressão gradual do emprego dos auxiliares civis eventuais
(biscateiros);
 Criação de um embrionário Serviço de Apoio de Saúde;
 Criação de uma Escola de Recrutas, nos moldes da então existente no
Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, para preparar apropriada e
convenientemente os novos incluídos nas fileiras da Corporação;
 Criação de uma Escola Regimental, para transmitir às praças
rudimentos propedêuticos primários, até o nível do Curso de Admissão ao
Ginásio;
 Criação de uma Biblioteca, que tomou, posteriormente, o nome de
“Neves da Rocha” (ex-prefeito de Salvador), para facilitar o desenvolvimento da
cultura no Corpo de Bombeiros e para atrair as pesquisas e as consultas
profissionais;
 Criação de uma Banda de Música e Marcial;
 Criação do Serviço de Estatística.

O rápido crescimento e o notável desenvolvimento profissional do Corpo de Bombeiros


alcançaram tal nível de notoriedade que as autoridades e os segmentos conservadores da
sociedade baiana foram se convencendo de que a municipalidade não dispunha de estrutura
financeira suficiente para continuar mantendo os seus bombeiros no nível que já haviam
alcançado. Começava aí o entendimento de que a Corporação deveria ser transferida para o
Governo do Estado, cujo erário poderia suportar despesas permanentes tão elevadas.

Quase cem anos depois, o Governador Antônio Carlos Magalhães sancionou,


no Quartel do Corpo de Bombeiros, a Lei Estadual nº 4.075, de 08 de novembro de 1982,
21
criando na estrutura da Policia Militar o Comando do Corpo de Bombeiros, equipando com
novas viaturas de combate a Incêndio.

O Governador Waldir Pires, no seu primeiro pronunciamento público disse:

"No Corpo de Bombeiros, duas únicas escadas Magirus de


que dispomos não funcionam, que Deus nos proteja dos
incêndios".

Mas no seu governo, só adquiriu três novas auto-bombas tanques e mandou recuperar
cinco viaturas, entre elas uma escada Magirus.

O Governador Paulo Ganem Souto assumiu a gestão do Estado da Bahia e interiorizou a


corporação, levando para as cidades de Feira de Santana, Vitória da Conquista, Ilhéus,
Itabuna, Juazeiro, Jequié, Porto Seguro, Lençóis e Madre de Deus. Com investimentos da
ordem U$$ 15 milhões, com o intuito de melhorar a capacidade de extinção de sinistro em
Salvador e possivelmente interiorizar as ações para mais 20 municípios.

5. SANTA BÁRBARA, PADROEIRA DO CORPO DE BOMBEIROS DA BAHIA

5.1. Uma mártir cristã

Este é um caso, dentre diversos santos


católicos, cuja história é baseada tão somente na
tradição. Não há registros exatos da existência de
Santa Bárbara (nascimento, vida e ano de morte).
Ficou a cargo dos hagiógrafos os parcos registros
sobre essa mártir.

Santa Bárbara8

8
Disponível em: https://www.google.com.br/search?um=1&hl=pt-br&biw=1362&bih=595&rlz=1W1ACAW_pt-
BRBR322&tbs=isch:1&q=ALMEIDA+COUTO&btnG=Pesquisar&oq=&tbm=isch&gws_rd=ssl#um=1&hl=pt-
br&tbm=isch&q=santa+b%C3%A1rbara&imgrc=NNxLvBQE6lWAMM%3A. Acesso em: 09/10/2015.
22
Bárbara teria nascido em finais do século III e morrido no início do século IV da nossa
era (na época do imperador Diocleciano), em Heliópolis, na Fenícia (atual Líbano), no seio de
uma família pagã. Outra tradição informa que seu nascimento teria ocorrido na Nicomédia.

Não obstante já terem passado os dias do reinado de Nero (54 a 68 d.C.), a religião
tradicional romana – com seu imenso panteão de deuses e deusas, denominado Paganismo –
continuava sendo a religião oficial, e as perseguições aos cristãos aconteciam em surtos
periódicos. Diocleciano iniciou uma nova onda de perseguições. É importante lembrar que os
cristãos só tiveram liberdade de culto com o imperador Constantino, por volta do ano 313,
através do Édito de Milão. Em 392, sob o reinado de Teodósio, o Paganismo passou a ser
proscrito e o Cristianismo foi tornado religião oficial do Estado.

Depois de passar um período de sua vida reclusa por ordem de Dióscoro, seu pai, a
jovem Bárbara é liberada para transitar livremente pela cidade, quando começou a ter contato
com cristãos. Reza a tradição que essa clausura lhe foi imposta devido à sua grande beleza
física, a fim de evitar o importuno de pretendentes pouco interessantes financeiramente. Esse
isolamento, contudo, teria permitido à jovem todo o tempo necessário para meditar e contestar
os postulados da religião pagã, cujos deuses tinham os mesmos defeitos dos homens. O
Cristianismo, com sua doutrina de amor ao próximo, encantou a jovem, que terminou por
aceitar o batismo.

Ao revelar à família ter adotado a nova crença, a incompreensão do pai levou-a a fugir,
sendo posteriormente encontrada e duramente castigada pelo pai com um jejum forçado,
visando demovê-la de sua fé, sem nenhum sucesso. Posteriormente, o pai de Bárbara
encaminha o caso ao governante da cidade, Maximiano, que mandou castigar a jovem com
açoites, seguidos do salgamento das suas feridas. Após diversas outras torturas (flagelação
com o fogo, amputação dos seios, desnudamento em público, etc.), sem que se conseguisse
fazê-la renegar sua crença, deliberou-se pela decapitação de Bárbara; sentença essa aplicada
pelo seu próprio pai, o qual não aceitou a opção religiosa da filha. Após a decapitação,
Dióscoro foi atingido por um raio e morre.

Assim, vemos que Bárbara foi uma vítima, em sua época, da intolerância religiosa. Se
hoje ninguém mais é levado ao martírio, com amparo legal, os que possuem outra crença

23
continuam sendo incompreendidos, desprezados e às vezes agredidos fisicamente, inclusive
na Bahia, não obstante o amparo constitucional à liberdade de crença.

A religiosidade popular encarou as circunstâncias da morte de Dióscoro como um


castigo dos céus, do Deus de Bárbara, que puniu os atos do seu genitor. Segundo Mircea
Eliade, “o homem das sociedades arcaicas tem a tendência para viver o mais possível no
sagrado ou muito perto dos objetos consagrados”. E “para aqueles que têm uma experiência
religiosa, toda a Natureza é suscetível de revelar-se como sacralidade cósmica” (grifo nosso).
Assim, para estas pessoas, os fenômenos da natureza não são simples acontecimentos físicos;
eles têm um algo mais por trás, que seria a vontade e a presença de deidades. Daí a
transformar a jovem martirizada numa protetora contra a fúria dos raios e tempestades, foi
questão de tempo.

Posteriormente, foi tornada também protetora de todos os que trabalham com material
explosivo. Os bombeiros, por trabalharem com o fogo (às vezes provocados por explosões), e
com o resultado das intempéries (desabamentos provocados por tempestades, incêndios
provocados por raios, etc.), foram também absorvidos como “afilhados” de Santa Bárbara, na
devoção popular.

Em 1969, no pontificado do Papa Paulo VI, vários santos foram expurgados do


Calendário Geral do catolicismo romano, inclusive Santa Bárbara, sob a alegação de que não
havia provas suficientes da sua existência. Além disso, ela não teve um processo formal de
canonização; foi a fé popular que a canonizou. A Congregação do Culto Divino, órgão do
Vaticano, autorizou o culto local de diversos desses santos (a exemplo de São Cristóvão,
Santa Cecília e São Jorge), a fim de evitar problemas. Naquele mesmo ano do expurgo, na
edição do dia 04/12, o Jornal da Bahia registra, ainda que de forma superficial, o
descontentamento dos fiéis com a posição do Vaticano com a seguinte nota:
“Santo cassado não sai do coração dos fiéis. Isto é que vão mostrar os barraqueiros do
Mercado de Santa Bárbara, na festa que começa hoje em homenagem à sua padroeira. Na
opinião de um dos membros da comissão dos festejos ‘o povo ficou muito magoado com a
cassação de Santa Bárbara e esta ajudando para que tudo êste ano saia o melhor possível”.

De fato, os festejos aconteceram como se nada de grave tivesse acontecido, com o


foguetório, a procissão, o samba e o caruru. Vale lembrar que, nessa época, a festa durava três
dias, começando no dia 04 e terminando no dia 06, marcado pelo famoso caruru com milhares
de quiabos.
24
Somente em 2002, o Papa João Paulo II deliberou recolocar Santa Bárbara no
calendário geral.

É importante destacar que a única igreja a ela dedicada, em Salvador, não pertence ao
ramo Católico Romano e sim, a uma vertente chamada Católica Apostólica Independente
(portanto, não subordinada ao Vaticano), fundada em 1973. Há algumas diferenças em relação
ao catolicismo romano : o casamento não é indissolúvel; o celibato é facultativo (querendo, os
padres podem constituir família); e a sorte das almas não está terminantemente fixada depois
da morte (quer esteja no céu ou no inferno, há a possibilidade de crescer sob a tutela de outros
indivíduos que já tenham alcançado uma melhor posição espiritualmente). Também não se
opõem às crenças do povo, respeitando o livre-arbítrio. Assim, não há uma busca de
“ortodoxia”.

Não há uma interação entre as comemorações na paróquia da Liberdade e no Centro


Histórico. O relacionamento entre ambos os ramos de catolicismo fica na esfera da postura
individual: alguns padres católicos romanos realmente se distanciam, outros têm uma atitude
de tolerância. Não obstante o exemplo de João Paulo II, da busca do diálogo com as
ramificações católicas do oriente, na Bahia, tal fato não ocorreu.

O povo, contudo, está alheio às deliberações e às discussões teológicas, quer do


Vaticano, quer de uma outra autoridade, e vive a sua religiosidade livremente, não obstante a
falta de aval dos sacerdotes (situação essa que, no passado, foi alimentada por muitos
religiosos letrados, ao entesourarem o conhecimento e limitarem o acesso das pessoas a ele).

5.2 Iansã e o sincretismo religioso

Ao se falar da Festa de Santa Bárbara, dominada pelo sincretismo religioso, impossível


não falar de Iansã. Iansã ou Oyá, como é conhecida em algumas nações (linhagens) do
Candomblé, é a entidade ligada aos ventos e tempestades. Segundo o mito, teria sido
primeiramente esposa de Ogum, orixá da guerra e do ferro, a quem abandonou para viver com
Xangô, orixá do fogo e do trovão. Conta uma lenda africana que Iansã adquiriu o poder de
cuspir fogo, capacidade antes exclusiva de Xangô, ao beber de uma poção mágica pertencente
a este. Assim, eles acabaram se constituindo em pólos opostos (principio masculino e
feminino) de um mesmo aspecto da natureza (no caso, o elemento fogo e determinados
fenômenos meteorológicos).
25
Tais dados não passaram despercebidos no imaginário popular. Assim, ocorreu a
associação de Iansã com aqueles que fazem do combate ao fogo seu trabalho, por parte dos
adeptos do culto afro.

6. INDEPENDÊNCIA DO CORPO DE BOMBEIROS DA BAHIA

6.1 A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 138/2014

A Associação dos Oficiais da Polícia Militar da Bahia – Força Invicta, após um ano de
diálogos, negociações e debates entre as Associações representativas dos policiais militares
baianos e o Governo do Estado, comunicou a aprovação, no dia 30 de junho de 2014 na
Assembleia Legislativa da Bahia, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 138/2014 que
versou sobre a Independência financeira e Administrativa do Corpo de Bombeiros do Estado
da Bahia. Um dos objetivos da PEC era adequar o texto da Constituição do Estado da Bahia à
nova concepção do Corpo de Bombeiros Militar que se pretendeu instituir no Estado da
Bahia, desvinculando-o da estrutura da Polícia Militar e tornando-o órgão em regime especial
da Administração Direta, vinculado à Secretaria de Segurança Pública, passando a
denominar-se Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - (CBM/BA).

Nessa separação da PM, o Bombeiro Militar passou a ter sua autonomia administrativa e
financeira, podendo gerenciar seu próprio orçamento, elaborar e executar tanto investimentos
em equipamentos e infraestrutura na busca de prestação de serviços, quanto formação,
capacitação e treinamento de bombeiro, além também da prática de políticas públicas de
combate e prevenção, defendendo a vida e atuando como força auxiliar e reserva do Exército.

Com a aprovação da PEC, houve alternação da estrutura institucional e de cargos em


comissão da Polícia Militar da Bahia - PMBA, visando adequar a atual organização às
necessidades e anseios da população e às missões de segurança do Estado, fortalecendo assim
a defesa social e contribuindo para o aumento e eficácia da ação policial.

O presidente da Força Invicta, Ten. Cel. PM Edmilson Tavares, em comemoração a


independência do Corpo de Bombeiros, salientou que a aprovação da PEC representou um
marco na história dos bombeiros militares e para a Corporação e disse, que:

A tão sonhada autonomia dos bombeiros foi algo construído


com bastante diálogo e bom senso entre as entidades e os órgãos da
26
administração direta do governo, e isso foi muito importante para essa
vitória.

Para o presidente da Força Invicta, a autonomia viabilizada por um comando próprio e


independente poderá prevê a possibilidade de parcerias com o setor privado e a realização de
repasses de recursos dos municípios, acelerando a ampliação da interiorização dos serviços
que resultará na redução de prejuízos com sinistros em toda Bahia, além de maior integração
com o Sistema de Defesa Civil.

O parlamentar responsável como relator da PEC foi o deputado Carlos Geilson (PTN),
escolhido pelo deputado estadual Zé Neto (PT), líder do governo na Casa, e pelo presidente da
Assembléia Legislativa da Bahia, o deputado estadual Marcelo Nilo (PDT). A Proposta de
mudança chegou à ALBA no dia 20 de maio de 2014, mas a nova estruturação dos bombeiros
só terá a sua organização básica e fixação do efetivo definidos por lei, no prazo de 120 dias a
contar da data de promulgação da emenda constitucional.

27
6.2 A assunção de cargo do 1º Comandante Geral

Cel Francisco Luiz Telles de Macedo ao lado do


secretário de segurança pública da Bahia,
Maurício Barbosa.9

O primeiro comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, o coronel


Francisco Luiz Telles de Macedo, tomou posse terça-feira, 25 de agosto de 2015, em
cerimônia realizada na sede do 10º Grupamento de Bombeiros Militar (GBM), em Simões
Filho, na Região Metropolitana de Salvador.

A solenidade marca o início do primeiro comando desde a emancipação da Polícia


Militar, em novembro de 2014.

Nomeado para o cargo no último dia 14, através de publicação no Diário Oficial do
Estado, o coronel afirmou que pretende usar a autonomia dos Bombeiros para melhorar ainda
mais o serviço prestado à população. O primeiro comandante-geral falou com emoção sobre a
chegada dele ao Corpo de Bombeiros, da trajetória desde o Colégio da Polícia Militar até a
academia.

O coronel Francisco Telles homenageou familiares como a mãe, pai, avó, madrinha,
esposa e filhos. Ele falou à corporação sobre o trabalho nessa nova etapa:

A palavra de ordem é comprometimento para que cada um dos


nossos oficiais possam ajudar na construção de uma sociedade melhor.
Desde já, firmo o compromisso de servir com a dedicação e empenho

9
Disponível em: < http://www.blogdothame.blog.br/v1/tag/coronel-francisco-luiz-telles-de-macedo/>. Acesso
em: 05/10/2015.
28
com que venho trabalhando desde o dia em que escolhi cumprir a
missão de ser militar.

O novo comandante-geral já fala em novos projetos para a corporação, entre eles a


integração com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), para que as
ambulâncias dos Bombeiros e do serviço móvel não atendam à mesma ocorrência. Ele
também afirma ter projetos para reduzir o tempo de atendimento na capital, com a
implantação de pontos móveis no bairro de Cajazeiras e outras regiões da cidade. Outra meta
é expandir o atendimento já realizado no Polo Industrial de Camaçari, na Região
Metropolitana de Salvador.

O comandante ainda falou sobre a expansão do atendimento dos Bombeiros no interior


do estado, onde a corporação deve passar a atuar em mais cerca de 50 municípios baianos,
além dos 82 que já são atendidos pela corporação.

O secretário de Segurança Pública do Estado, Maurício Barbosa foi homenageado


durante a solenidade, que contou com a presença de outras autoridades. Para o secretário, o
momento marca o começo da nova fase de autonomia administrativa, orçamentária e
financeira, que vem juntamente com outras inovações legais, como o Código de Prevenção a
Incêndios.

"Estamos aqui para saudar e prestigiar todos os 2.300 oficiais que fazem parte do
Corpo de Bombeiros e que não poderiam escolher uma data melhor para essa celebração,
senão o dia 25 de agosto, quando também se comemora o Dia do Soldado. A dedicação desses
profissionais com a vida da sociedade é algo que merece a homenagem", falou o secretário.

Com 42 anos dedicados à PM, e 12 destes ao Corpo de Bombeiros, o coronel Francisco


Luiz Telles de Macedo trabalhava como diretor de Planejamento, Orçamento e Gestão da
Polícia Militar, antes da nomeação. Acumula experiência como coordenador de ações dos
CBM em grandes eventos como o Carnaval de Salvador, além de ser responsável pela
implantação do atual modelo de gestão desse tipo. Além disso, em sua trajetória, também já
comandou o Grupamento de Bombeiros de Jequié e de Feira de Santana.

29
7. CONCLUSÃO

No próximo último dia 09 de outubro de 2015, o Comandante Geral do Corpo de


Bombeiros da Bahia, coronel Telles reafirmou em cerimônia de passagem de comandos a
diversos oficiais, no 10º GBM, a ideia de que esta instituição comandada por ele há pouco
período é como uma “irmã siamesa” da Polícia Militar da Bahia. Disse isto, não apenas em
termos operacionais ou de mútua parceira entre ambas as organizações, mas, também, pela
origem histórica em comum.

Com Corpo de Bombeiros, hoje emancipado, não significa que as duas instituições
caminharão isoladas. Ao contrário. Aquela nasceu no seio de uma Polícia Militar que
atravessou um século inteiro, o XIX, com a missão de prezar pela ordem e pela segurança
pública, bem como na prestação de bons serviços à sociedade baiana. O BM BA foi forjado
num mesmo tronco que a PM BA.

Àquela instituição surgiu do desejo do visionário Conselheiro Almeida Couto de


combater incêndios e prestar socorros imediatos diversos aos habitantes da Cidade da Bahia,
para isso nomeando importantes oficiais da Polícia Militar, a exemplo dos: capitão Leovigildo
Cavalcante de Melo e Major Alcebíades Calmon de Passos. Sob seus comandos, os bombeiros
alcançaram notável desenvolvimento em vários aspectos, citados neste trabalho.

Não podemos esquecer as contribuições de importantes organizações não-militares para


a história do Corpo de Bombeiros da Bahia, são elas: a Associação Comercial da Bahia, a
Companhia de Seguros Aliança e a Companhia de Seguros Interesse Público (a primeira
estando em plena atividade, até os dias de hoje). Cada uma ao seu modo contribuiu para o
surgimento e desenvolvimento do ideal de “combate ao fogo”.

Por fim, no ano em que o Corpo de Bombeiros Militar da Bahia completou 121 anos de
criação e, acima de tudo, de serviços bem prestados à comunidade baiana espera-se com essa
nova história que, não apenas esta “irmã siamesa” da Polícia Militar possa continuar
crescendo forte, brava e audaz.

Esperamos que esta se desenvolva mais e se transforme numa grande Hidra de muitas
cabeças com comando, comandados e grupamentos mantendo-se firmes no grande ideal de:
VIDAS ALHEIAS E RIQUEZAS SALVAR!

30
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMÂNCIO, Joilson Santos. História do Corpo de Bombeiros da Bahia. Disponível em:


<http://www.pm.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2217&Itemid=
894> Acesso em: 30/07/2015.

ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano – A Essência das Religiões, Martins Fontes,


SP, 2001.

OLIVEIRA, Waldir Freitas. Santos e Festas de Santos na Bahia, Secretaria de Cultura e


Turismo – Conselho Estadual de Cultura, 2005.
TAVARES, Odorico. Bahia – Imagens da Terra do Povo, Ediouro, RJ, s.d.

SANTANA, Rodrigo. A história do Corpo de Bombeiros na Bahia. Disponível em:


<http://www.artigonal.com/cotidiano-artigos/a-historia-do-corpo-de-bombeiros-na-
bahia6331205.html>. Acesso em: 30/07/2015.
VERGER, Pierre. Orixás – Deuses Iorubas na África e no Novo Mundo, Editora
Corrupio, 1981.

VIANA, Hildegardes. A Santa das Tempestades Vai Ser Festejada Pelo Povo, artigo
publicado no jornal A Tarde de 04/12/1961.

31
9. ANEXO

9.1. Cronologia da criação dos Corpos de Bombeiros no Brasil

 1856 – No Estado do RIO DE JANEIRO, a criação do Corpo Provisório de


Bombeiros da Corte consta do Decreto Imperial 1775, de 02 de julho de 1856,
organizado pelo Imperador Dom Pedro II. O Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de
Janeiro é o mais antigo do Brasil.
 1876 - O Corpo de Bombeiros do AMAZONAS foi oficialmente criado
em 1876, pela Portaria Provincial n° 268, de 11 de Julho. Com a Proclamação da
República registra-se a proposta do então Governador do Estado, Coronel Gregório
Thaumaturgo de Azevedo, para a substituição do Batalhão Militar de Polícia
(atual PMAM) por uma Guarda Republicana. Cita o documento: a "Companhia de
Bombeiros deverá ter organização especial, separada da Guarda Republicana, e, além
do serviço de extinção de incêndios que lhe compete por sua organização, se
incumbirá como Corpo de Artífices de trabalhos públicos feitos administrativamente
na Capital". O Decreto n° 12, de 15 de dezembro de 1892, aprovou o Regulamente
da Companhia de Bombeiros do Estado. Atualmente conta com 554 Bombeiros
Militares em todo o Estado do Amazonas
 1880 – No estado de SÃO PAULO, a criação da instituição se deu através de
uma proposta do deputado Ferreira Braga para a criação de uma Seção de Bombeiros,
vinculada à Companhia dos Urbanos, sendo a lei votada e aprovada, publicada em 10
de Março de 1880.
 1882 – No Estado do PARANÁ, o Corpo de Bombeiros teve início na cidade
de Curitiba, pela Lei Provincial n.º 679 de 27 de Outubro de 1882, que autorizava a
sua criação no Corpo Policial do Paraná, com uma Sociedade Teuto-brasileira de
Bombeiros.
 1882 - Ao ser criado através de uma Portaria Provincial, datada do dia 24 de
novembro de 1882, o Corpo de Bombeiros Militar surge no Estado do PARÁ como
uma companhia da Policia Militar e, teve como primeiro comandante o então Capitão
BM Antônio Veríssimo Ivo de Abreu. O atual comandante geral da corporação, o
Coronel QOBM João Hilberto Sousa de Figueiredo, é o 48º comandante do Corpo de
Bombeiros. A Corporação tem como patrono nacional Dom Pedro II (assim como

32
todos os Corpos de Bombeiros do Brasil) e, como patrono estadual - o Intendente
Antônio Lemos.
 1894 – No Estado da BAHIA, o prefeito da Cidade do Salvador, o Conselheiro
José Luiz de Almeida Couto criou, através da Lei Municipal nº 124, de 26 de
dezembro de 1894, o Corpo de Bombeiros da Cidade de Salvador.
 1895 – Data oficial da criação do 1º Corpo de Bombeiros de Porto Alegre e do
RIO GRANDE DO SUL, denominado na época de “Companhia de Bombeiros de
Porto Alegre”, com características militares, veículos movidos à tração animal e
administrada pelo próprio município, que cobrava uma taxa, juntamente com os
impostos do comércio, da indústria e proprietários de imóveis, além de auxílio da
Intendência Municipal e das Companhias Seguradoras contra o fogo. Contava em seu
início com um efetivo de 17 homens, “dezessete legendários bombeiros”.
 1899 – Com a instalação do Governo Provisório do Estado Independente do
ACRE, Luiz Galvez Rodrigues Arias, Chefe do Governo Provisório, através do
Decreto nº 07, na data de 17 de julho de 1899 que versava sobre vários departamentos,
entre eles o de justiça, criou o Corpo de Bombeiros. O Decreto nº 154, de 28 de
março de 1990, com vigência em 02 de abril de 1974, regulamenta a criação da Polícia
Militar do Acre e O Corpo de Bombeiros Militar.
 1901 – No Estado do MARANHÃO, o ponto de partida do trabalho do Corpo
de Bombeiros foi a Lei n.º 294, de 16 de abril de 1901 que autorizava a criação de um
serviço de combate ao fogo.Apesar dessa determinação, somente no ano de 1903 o
serviço foi oficializado por um ato do Vice-Governador do Estado, Alexandre Colares
Moreira Júnior que criou uma Seção de Bombeiros, encarregada do serviço de
extinção de incêndios, comandada por um oficial do Corpo de Infantaria do Estado, o
Alferes Aníbal de Moraes Souto.
 1911 - O serviço de combate a incêndios de MINAS GERAIS foi oficialmente
criado em 1911. Inicialmente houve uma pequena disputa entre a extinta Guarda Civil,
segmento uniformizado da Polícia Civil, e a Força Pública do Estado, atual Polícia
Militar, sobre o controle da nova Corporação. Prevaleceu a versão militarizada, sendo
efetivada uma Companhia de Bombeiros anexa ao 1º Batalhão da Força Pública
em 1913. No período ditatorial de Getúlio Vargas o Corpo de Bombeiros foi
desvinculado da PM; voltando a ser reintegrado em 1966. Em 1999 o CBMMG
adquiriu autonomia da Polícia Militar, passando a dispor de
estrutura administrativa e financeira próprias.
33
 1912 - Atendendo a uma demanda da sociedade, o presidente do Estado do
ESPÍRITO SANTO, Marcondes Alves de Souza, sanciona a Lei nº. 874, de 26 de
dezembro, determinando a criação do Corpo de Bombeiros. Essa é a certidão de
nascimento da corporação. No entanto, essa lei não foi executada. Somente no ano
seguinte, em 13 de novembro de 1913, com a publicação da Lei nº. 920, o Estado
implanta a primeira estrutura de combate a incêndios e outras catástrofes. Essa lei
estabelece a criação de uma Seção de Bombeiros, dentro do efetivo da Polícia Militar,
composta por um cabo e 12 soldados, comandados pelo 1º tenente Ignácio Pinto de
Siqueira. Mas, com a criação da Guarda Civil, em 1917, os bombeiros passam a fazer
parte de sua estrutura.
 1917 – No Estado da PARAÍBA, o Corpo de Bombeirosfoi criado pelo
Decreto Estadual nº 844 de 09 de junho de 1917, como uma Seção de Bombeiros, com
um efetivo de 30 homens, retirados da própria Força Pública, (atual Polícia Militar da
Paraíba). O processo de criação do Corpo de Bombeiros foi muito rápido devido à
necessidade urgente de se combater e prevenir os Incêndios na cidade da Paraíba.
 1917 - O atual Corpo de Bombeiros Militar do Estado do RIO GRANDE DO
NORTE surgiu na segunda década do século XX, através da lei nº 424, de 29 de
novembro de 1917, sancionada pelo governador Joaquim Ferreira Chaves, que criou
uma Seção de Bombeiros anexa ao Esquadrão de Cavalaria. Seu efetivo inicial
constava de 24 (vinte e quatro) praças, a comando do Capitão João Fernandes de
Almeida, popularmente conhecido por “Joca do Pará”, que cumulativamente
comandava a tropa cavalariana.
 1919 - Em 16 de setembro de 1919, foi sancionada pelo então Governador do
Estado de SANTA CATARINA, Doutor Hercílio Luz, a Lei Estadual nº 1.288, que
criava a Seção de Bombeiros, constituída de integrantes da então Força Pública.
Somente em 26 de setembro de 1926, foi inaugurada a Seção de Bombeiros da Força
Pública, hoje Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina – CBMSC.
 1920 - O Corpo de Bombeiros Militar de SERGIPE foi criado em 1° de
outubro de 1920, sob o nome seção de “Sapadores-Bombeiros”, anexa à Polícia
Militar do Estado através decreto 791 do então presidente da província, doutor J.J.
Pereira Lobo. Antes de ter sua criação oficializada, o então presidente da província
encaminhou à Assembléia Legislativa em 07 de setembro de 1920 uma mensagem
reconhecendo a necessidade e a importância da criação de uma seção de bombeiros em
Sergipe. Os registros históricos relatam que naquele período, um incêndio de grandes
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proporções ocorreu no centro da capital, destruindo completamente a loja “Casa
Celeste”, cujas chamas foram debeladas por policiais militares, tripulantes do Vapor
Taquari e diversos populares que impediram a propagação do fogo aos
estabelecimentos vizinhos. A partir desse sinistro, enfatizou-se a necessidade de
criação da instituição, surgindo inicialmente com a denominação de Seção de
“Sapadores-Bombeiros” – o embrião do atual, Corpo de Bombeiros Militar do Estado
de Sergipe.
 1925 - Inicialmente denominado de Pelotão de Bombeiros, esta instituição foi
criada oficialmente em 08 de agosto de 1925 pela Lei no 2.253, pelo então
Governador do Estado do CEARÁ, Desembargador José Moreira da Rocha. Em 01 de
janeiro de 1934 começou a funcionar "na Prática" sob o nome de CORPO DE
BOMBEIROS DE SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO, tendo como Comandante
o 1° Tenente Francisco das Chagas Nogueira Caminha, com um efetivo de 30 homens,
advindos do Corpo de Segurança Pública (hoje Polícia Militar do Ceará) e da Extinta
Guarda Civil, os quais tiveram como Instrutor o 2° Tenente Antônio da Cunha, do
Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Em dezembro de 1934 o efetivo passa para
39 homens, tendo naquele ano sido registrados 21 atendimentos de ocorrências.
Através do Decreto 075 de 14 de agosto de 1935, passou a chamar-se "CORPO DE
BOMBEIROS DO CEARÁ", passando a subordinar-se a então "Chefatura de Polícia e
Segurança Pública", tendo seu efetivo aumentado para 76 homens.
 1944 – No Estado do PIAUÍ, o Corpo de Bombeiros foi criado em 18 de julho
de 1944, através do Decreto Lei n° 808, com a denominação de Seção de Bombeiros
da Força Policial do Estado do Piauí, sendo Interventor Federal, interino, no Estado do
Piauí, Sisifo Correia, e Comandante Geral Maj. Ex. José Vitorino Correia.
 1964 – No Estado do MATO GROSSO, o Corpo de Bombeiros foi criado
dentro da Polícia Militar no dia 19 de Agosto de 1964 por força da Lei nº 2184 (Diário
Oficial de 25 Agosto 1964) no governo do Dr. Fernando Corrêa da Costa, quando era
o Comandante da PM, o Sr. Coronel Luiz de Carvalho.
 1964 – A origem do Corpo de Bombeiros Militar de MATO GROSSO DO
SUL é a mesma da do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso,pois ambos
formavam um mesmo Estado até 1977.O serviço de combate a incêndios na região
compreendida hoje pelo Estado de Mato Grosso do Sul se iniciou em 13 de
janeirode 1970.

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 1957 – No Estado de RONDÔNIA, em 26 de outubro de 1957, sob o governo
do Jayme Araújo dos Santos, foi assinado o Decreto Territorial nº. 331, que criava o
Corpo de Bombeiros do Território, destinado a exercer atividade preventiva e de
combate ao fogo e era subordinado diretamente à Guarda Territorial, com jurisdição
em todo Brasil. Em 1975, através da Lei n.º 6.270 foi criado o Bombeiro Militar de
Rondônia.
 1958 - A primeira Companhia de Bombeiros de GOIÁS foi criada pela Lei
Estadual n. 2400 de 17 de dezembro de 1958. À medida que as demandas pelos
serviços e ações desenvolvidas por esse novo departamento da PM foram
intensificando, crescia também a necessidade de aumentar seu efetivo, assim, em 10
de novembro de 1964 a Lei Estadual n. 5542 cria o Corpo de Bombeiros Militar com
efetivo de Batalhão.
 1964 - Em 2 de julho de 1964, vieram do Rio para BRASÍLIA dois oficiais
que coordenaram a implantação da corporação no Planalto Central. Com isso, na
mesma data celebram-se os 51 anos da inauguração na atual capital brasileira. Além
disso, em 1954, 2 de julho havia sido decretado oficialmente como o Dia do Bombeiro
Brasileiro.
 1967 – No Estado do AMAPÁ, em 17 de novembro de 1967, o Governador do
Território, baixou ato criando o Corpo de Bombeiros Voluntários. Com a criação da
Polícia Militar do Amapá, em 1975através da Lei n.º 6.270, o GRUCI (Grupamento
contra Incêndios) passou a ser subordinado diretamente ao Governo do Território do
Amapá e comandado pela PM/AP. Essa lei criou as polícias e bombeiros militares dos
territórios do AMAPÁ, RONDÔNIA E RORAIMA.
 1975 – No Estado de RORAIMA, o Corpo de Bombeiros foi criado no dia 26
de novembro de 1975, através da Lei n.º 6.270.
 1992 - O Corpo de Bombeiros mais novo do Brasil iniciou suas atividades
como Companhia Independente de Bombeiros - 1ª CIBM, criada por meio do decreto
6676/92, de 14 de dezembro de 1992. Com uma estrutura pequena, ligada
organicamente à Policia Militar do Estado do TOCANTINS, a atuação dos
profissionais concentrava-se nas áreas de combate a incêndios urbanos e salvamento.
Com o objetivo de atender um maior número de municípios, as três primeiras unidades
foram instaladas em cidades estratégicas: Araguaína, para dar assistência à região
Norte; Gurupi, para as cidades da região Sul; e Palmas, para a região Central. A sede
dos Bombeiros funcionava junto ao Comando Geral da Polícia Militar, na Capital,
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localizado no antigo prédio da Assembléia Legislativa do Estado. A formatura da
primeira turma de soldados bombeiros do Tocantins ocorreu em 14 de Janeiro de
1994, com 49 formandos. Na época, a 1ª CIBM possuía um efetivo de apenas 62
homens, dispondo de um número reduzido de graduados e apenas dois oficiais. O
então major Elias José da Silva ocupava o posto de primeiro comandante do Corpo de
Bombeiros do Tocantins.

9.2 Estrutura Operacional

Comando de Operações de Bombeiros Militares - COBM

Centro de Atividades Técnicas


 Sede: Pituba - Salvador.

COMANDO REGIONAL DE OPERAÇÕES DE BOMBEIROS MILITARES DA


REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR

 1º GBM (Grupamento de Bombeiros Militar) - Barroquinha;


 3º GBM - Iguatemi;
 10º GBM - Simões Filho;
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 12º GBM (SALVAR) - Ribeira;
 13º GMAR (Grupamento Marítimo) - Itapuã;
 14º GBM - Madre de Deus.

COMANDO REGIONAL DE OPERAÇÕES DE BOMBEIROS MILITARES DO


INTERIOR

 2º GBM - Feira de Santana;


 4º GBM - Itabuna;
 5º GBM - Ilhéus;
 6º GBM - Porto Seguro;
 7º GBM - Vitória da Conquista;
 8º GBM - Jequié;
 9º GBM - Juazeiro;
 11º GBM - Lençóis;
 15º GBM - Paulo Afonso.

SUBGRUPAMENTOS

 1º Subgrupamento de Bombeiros Militares - Aeródromo


 2º Subgrupamento de Bombeiros Militares - Posto Almeida Couto
(Calçada)
 Subgrupamento de Bombeiros Militares - Posto em Teixeira de
Freitas
 Subgrupamento de Bombeiros Militares - Posto em Barreiras
 Subgrupamento de Bombeiros Militares - Posto em Santo Antônio de
Jesus

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9.3 A História e os Hinos

Hino Nacional Brasileiro

Composição: Francisco Manuel da Silva e Joaquim Osório Duque Estrada10

Ano: 1922

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas


De um povo heroico o brado retumbante
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos
Brilhou no céu da Pátria nesse instante

Se o penhor dessa igualdade


Conseguimos conquistar com braço forte
Em teu seio, ó Liberdade
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada
Idolatrada
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido


De amor e de esperança à terra desce
Se em teu formoso céu, risonho e límpido
A imagem do Cruzeiro resplandece

Gigante pela própria natureza


És belo, és forte, impávido colosso
E o teu futuro espelha essa grandeza

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil


Pátria amada
Brasil!

10
Tem letra de Joaquim Osório Duque Estrada (1870 -1927) e música de Francisco Manuel da Silva (1795 -
1865). Foi adquirida por 5:000$ cinco contos de réis a propriedade plena e definitiva da letra do hino pelo
decreto n.º 4.559 de 21 de agosto de 1922 pelo então presidente Epitácio Pessoa e oficializado pela lei n.º
5.700, de 1 de setembro de 1971, publicada no Diário Oficial (suplemento) de 2 de setembro de 1971.
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Deitado eternamente em berço esplêndido
Ao som do mar e à luz do céu profundo
Fulguras, ó Brasil, florão da América
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais garrida


Teus risonhos, lindos campos têm mais flores
"Nossos bosques têm mais vida"
"Nossa vida" no teu seio "mais amores"

Ó Pátria amada
Idolatrada
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado
E diga o verde-louro desta flâmula
Paz no futuro e glória no passado

Mas, se ergues da justiça a clava forte


Verás que um filho teu não foge à luta
Nem teme, quem te adora, a própria morte

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil


Pátria amada
Brasil!

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Hino da Independência do Brasil11

Composição: Evaristo Ferreira da Veiga

Ano: 1897

Já podeis da Pátria filhos


Ver contente a mãe gentil
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil
Já raiou a liberdade
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil

Brava gente brasileira!


Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil

Os grilhões que nos forjava


Da perfídia astuto ardil
Houver mão mais poderosa
Zombou deles o Brasil
Houver mão mais poderosa
Houver mão mais poderosa
Zombou deles o Brasil

Brava gente brasileira!

11
Não foram ainda esclarecidos completamente todos os detalhes sobre o hino, chegando até a ser negada
por alguns a autoria da música de Pedro I. É certo, porém, que o hino, tal como é cantado hoje, tem a música
de autoria de Pedro I, assim como letra de Evaristo da Veiga. A 16 de agosto de 1822 este escreveu os versos
intitulados Hino Constitucional Brasiliense, que fez imprimir e ao qual depois foram feitos acréscimos e
algumas modificações. A data da composição da música continua em dúvida (mas seria posterior a 7 de
setembro de 1822), uma vez que nos primeiros tempos após a independência a música executada era a de
Marcos Portugal (que também aproveitara versos de Evaristo da Veiga).
A música de autoria do imperador só passou a substituir o hino de Marcos Portugal a partir de 1824, sendo
tocada pelo menos até 1831, posteriormente voltando a ser executado o de Marcos Portugal. Nas
comemorações do centenário da independência, em 1922, voltou a ser executado, nessa ocasião, porém, não
com a música que Pedro I havia escrito. Anos mais tarde, o então ministro da Educação, Gustavo Capanema,
nomeou uma comissão composta por Villa-Lobos, Assis Republicano, Luís Heitor e Francisco Braga, para
corrigirem os hinos brasileiros de acordo com os originais. Ressurgiu, então, o Hino da Independência, tal como
foi escrito pelo imperador e Evaristo da Veiga, e como é conhecido hoje. Disponível em:
http://www2.cbmerj.rj.gov.br/index.php?option=com_content&view=frontpage&Itemid=1. Acesso em:
09/10/2015

41
Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil

Não temais ímpias falanges


Que apresentam face hostil
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil
Vossos peitos, vossos braços
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil

Brava gente brasileira!


Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil

Parabéns, ó brasileiros!
Já, com garbo varonil
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil
Do universo entre as nações
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil

Brava gente brasileira!


Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil

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Hino da Proclamação da República12

Composição: Medeiros e Albuquerque e Leopoldo Miguez

Ano: 1890

Seja um pálio de luz desdobrado.


Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!
Seja um hino de glória que fale
De esperança, de um novo porvir!
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Nós nem cremos que escravos outrora


Tenha havido em tão nobre País...
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis.
Somos todos iguais! Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro,
Brilha, ovante, da Pátria no altar!

Se é mister que de peitos valentes


Haja sangue em nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou este audaz pavilhão!
Mensageiros de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder
Mas da guerra nos transes supremos
Heis de ver-nos lutar e vencer!

12
Com a proclamação da República, o governo provisório instituiu um concurso para a adoção de novo hino
nacional. O hino que obteve o primeiro lugar no concurso, realizado no Teatro Lírico, do Rio de Janeiro RJ, a 20
de janeiro de 1890, com música de Leopoldo Miguez e letra de Medeiros e Albuquerque, não chegou a ser
oficializado como o hino nacional brasileiro, tendo sido apenas decretado (Decreto nº 171, de 20 de janeiro de
1890) como Hino da Proclamação da República. Disponível em:
http://www2.cbmerj.rj.gov.br/index.php?option=com_content&view=frontpage&Itemid=1. Acesso em:
09/10/2015
43
Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado,
Sobre as púrpuras régias de pé.
Eia, pois, brasileiros avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso País triunfante,
Livre terra de livres irmãos!

Hino à Bandeira Nacional13

Composição: Olavo Bilac e Francisco Braga

Ano: 1906

Salve lindo pendão da esperança!


Salve símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.

Recebe o afeto que se encerra


em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Em teu seio formoso retratas


Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.

Recebe o afeto que se encerra


Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

13
Encomendado pelo prefeito do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, Francisco Pereira Passos, o hino em
homenagem à bandeira nacional foi composto em 1906, com música de Francisco Braga e letra de Olavo Bilac,
e executado pela primeira vez a 19 de novembro de 1906, no Rio de Janeiro, por ocasião do início das aulas do
Instituto Profissional, hoje João Alfredo. Disponível em:
http://www2.cbmerj.rj.gov.br/index.php?option=com_content&view=frontpage&Itemid=1. Acesso em:
09/10/2015

44
Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever,
E o Brasil por seus filhos amado,
poderoso e feliz há de ser!

Recebe o afeto que se encerra


Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Sobre a imensa Nação Brasileira,


Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre sagrada bandeira
Pavilhão da justiça e do amor!

Recebe o afeto que se encerra


Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Hino Ao 2 de Julho (Independência do Estado da Bahia)14

Composição: Ladislau Dos Santos Titara e José dos Santos Barreto

Ano: 2010

Nasce o sol a 2 de julho


Brilha mais que no primeiro
É sinal que neste dia
Até o sol é brasileiro

Nunca mais o despotismo


Regerá nossas ações
Com tiranos não combinam
Brasileiros corações

Cresce, oh! Filho de minha alma


Para a pátria defender,

14
O Hino da Bahia, como também é chamado o Hino ao Dois de Julho, faz clara alusão ao 2 de julho de 1823 -
data maior do estado, quando após as lutas que perduraram desde o ano de 1821, libertou-se do jugo
português. Tem sua letra por Ladislau dos Santos Titara e música de José dos Santos Barreto.
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O Brasil já tem jurado
Independência ou morrer.

Nunca mais o despotismo


Regerá nossas ações
Com tiranos não combinam
Brasileiros corações

Salve, oh! Rei das campinas


De Cabrito e Pirajá
Nossa pátria hoje livre
Dos tiranos não será

Hino da Polícia Militar da Bahia

Composição: Maj Pm José Modesto

Ano: não encontrado

Centenária milícia de bravos


Altaneira na fé e no ideal
Atravessaram da Pátria as fronteiras
Tuas armas, tua glória, teu fanal

Força invicta da terra brasileira


Na Bahia irrompeu varonil
Desfraldando do Império, a Bandeira
Das primeiras a surgir no Brasil.

Pelejaste no Brasil e no estrangeiro


Sob o Império e na República também
Jamais derrotas sofreram tuas armas
Quer aqui ou em plagas além

No sul do País norte ou centro


Memorados são os teus brasões
Teu heroísmo cantaram os pampas
Teu denôdo proclama os sertões
Da Pátria é também tua história
Criada fostes com a emancipação
O teu sangue regou nosso solo
Ajudaste a edificar a nação

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Centenária milícia de bravos
Altaneira na fé e no ideal
Atravessaram da Pátria as fronteiras
Tuas armas, tua glória, teu fanal

Marcha do Corpo de Bombeiros da Bahia

Composição: Roberto Correia e Estanislau Wanderley

Ano: não encontrado

Pelo bem contra o mal nessa lida


Vive a nossa bravíssima coorte
Pelo fogo se o fogo é a vida
Contra o fogo se fogo é a morte
Se a flamância voraz que se ateia
Com destreza e perícia apagamos
Nosso peito de amor se incendeia
Se em defesa da Pátria lutamos

Nossa feliz missão na terra


É construir, é defender
Assim na paz, como na guerra
Somos soldados do dever

No trabalho, na paz, na oficina


No quartel e no ardor das trincheiras
Lealdade, união e disciplina
São as nossas fiéis companheiras
Nelas temos seguro o norte
Quando estamos em luta renhida
Contra o fogo, se o fogo é a morte
Pelo fogo, se o fogo é a vida

Nossa feliz missão na terra


É construir, é defender
Assim na paz, como na guerra
Somos soldados do dever

As insídias do mal não tememos


Adoramos o bem com loucura

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Para o bem, contra o mal combatemos
Somos todos denodo e bravura
Pelejamos com alma incendida
Qual mais cheia de orgulho e mais forte
Pelo fogo, se o fogo é a vida
Contra o fogo, se o fogo é a morte.

Nossa feliz missão na terra


É construir, é defender
Assim na paz, como na guerra
Somos soldados do dever

Hino do Soldado do Fogo

Composição: Ten Sérgio Luiz de Mattos e Cap Antônio Pinto Junior

Ano: não encontrado

Contra as chamas e lutas ingentes


Sob o nobre alvirrubro pendão,
Dos soldados do fogo valentes,
É a paz, a sagrada missão.
E se um dia houver sangue e batalha.
Desfraldando a auriverde bandeira,
Nossos peitos são férreas muralhas,
Contra audaz agressão estrangeira.

Missão dupla o dever nos aponta:


Vida alheia e riquezas salvar
E, na guerra punindo uma afronta
Com valor pela pátria lutar.
Hino do Soldado do Fogo

Aurifulvo clarão gigantesco


Labaredas flamejam no ar
Num incêndio horroroso e dantesco,
A cidade parece queimar
Mas não temem da morte os Bombeiros
Quando ecoa d´alarme o sinal
Ordenando voarem ligeiros
A vencer o vulcão infernal.

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Missão dupla o dever nos aponta:
Vida alheia e riquezas salvar
E, na guerra punindo uma afronta
Com valor pela pátria lutar.

Rija luta aos heróis aviventa,


Inflamando em seu peito o valor,
Para frente que importa a tormenta
Dura marcha de sóis ou rigor?
Nem um passo daremos atrás,
Repelindo inimigos canhões
Voluntários da morte na paz
São na guerra indomáveis leões.

Missão dupla o dever nos aponta:


Vida alheia e riquezas salvar
E, na guerra punindo uma afronta
Com valor pela pátria lutar.

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9.4 Brasões

Corpo de Bombeiros Militar da Bahia


Ano: 2015

Histórico Brasão do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia


Ano: não encontrado

50
Comando de Operações do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia
Ano: não encontrado

Polícia Militar da Bahia


Ano: não encontrado

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