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1 – ASPECTOS HISTÓRICOS

1.1 A criação do Estado do Tocantins

Diante dessa crise, a coroa portuguesa tomou consciência de que só através do povoamento, da
Muitas gerações compartilharam o sonho de ver o antigo norte de Goiás independente. Esse
agricultura, da pecuária e do comércio com outras regiões que a capitania poderia retomar o fluxo
sentimento separatista teve justificativas históricas desde o século XVIII.
comercial de antes. Como saída voltaram-se as atenções para as possibilidades de ligação comercial
com o litoral, pela navegação fluvial dos rios Tocantins e Araguaia, através da capitania do Pará. As
O apogeu da produção do ouro goiano ocorreu nos primeiros dez anos de estabelecimento das minas
picadas, os caminhos e a navegação pelos rios Tocantins e Araguaia, todos interditados na época da
(1726-1735), período em que o ouro aluvional aflorava por toda a região numa produtividade altíssima.
mineração para conter o contrabando, foram liberados a partir 1782. Como efeito imediato o norte
Nas décadas de 1730 e 1740 ocorreram as descobertas auríferas no norte de Goiás e, em função
começou a se relacionar com o Pará, ainda que de forma precária e inexpressiva.
delas, a formação dos primeiros arraiais no território onde hoje se situa o estado do Tocantins. Na
época da mineração, as minas localizadas ao norte da capitania de Goiás eram consideradas mais
Os esforços governamentais se concentraram sobretudo no rio Araguaia na intenção de trazer
ricas do que as do centro-sul, todavia, a arrecadação de impostos era inferior.
também para os julgados do sul as vantagens do comércio com o Pará. Contudo, nem o aldeamento
dos índios, a formação de sociedades mercantis e a instalação da navegação a vapor não foram
O método da casa de fundição para a cobrança do quinto - pagamento em ouro em pó sobre a
suficientes para viabilizar esta relação. A navegação do Tocantins também prosseguiu, embora
produção - seria ideal se não fosse um problema que tomava de sobressalto o governo português: o
cercada de imensos obstáculos. Além dos entraves naturais do próprio rio - cachoeiras e corredeiras -
contrabando. Por isso, em 1935, a cobrança do quinto foi substituída pela capitação de uma taxa
somavam-se os altos custos das viagens e o tempo gasto nestas, a falta de suporte para as mesmas,
referente ao número de escravos utilizados, acrescido de uma sobretaxa para as minas do norte. Essa
a carência de mão-de-obra para a navegação das embarcações e o perigo dos ataques indígenas.
diferenciação fiscal era justificada pelo alto índice de contrabando na região em função sobretudo, do
seu isolamento.
A agricultura não alcançou um nível de produção comercial por fatores ponderáveis como o
isolamento geográfico em relação aos grandes centros produtores, as dificuldades dos meios de
Contra essa discriminação se levantaram os mineiros do norte ameaçando desligarem-se da
transportes e de comunicação, a inexistência de mercados consumidores e as constantes ameaças de
superintendência do centro-sul e ligar-se ao Maranhão caso o governo insistisse nessa cobrança. Tal
ataques da população indígena. A pecuária predominou portanto, praticada de forma extensiva,
situação alimentou o sentimento de desligamento regional que mais tarde iria aflorar como "algo
abrindo caminhos para o interior do sertão. As pastagens naturais, ao norte, tornaram-se forte atrativo
natural, geográfico e histórico" (CAVALCANTE, 1999, p.50).
aos criadores de gado do Maranhão e Piauí que, ao longo do século XIX, se desenvolveram e
alcançaram autonomia e maior expressão na região. Duas foram as razões: “(...) a proximidade do
As descobertas de novas jazidas, cada vez mais distantes dos centros decisórios, e as precariedades
norte e nordeste de Goiás ao litoral norte e nordeste e, a segunda, em razão do declínio da exploração
dos meios de comunicação, exigiram a presença de um aparelho administrativo mais organizado. As
aurífera ter sido mais rápido na região e, ainda, o incentivo geral da Coroa na concessão de sesmarias
dificuldades de administrar as minas goianas levaram à criação da capitania de Goiás, independente
mais extensas aos interessados na atividade pecuária (...)” (CAVALCANTE, 1999, p.19).
da paulista, em 29 de janeiro de 1748.

A navegação prosseguiu sustentada pela perseverança dos comerciantes do norte. Se não atendeu
No período de 1779 a 1822, ocorreu a queda brusca da arrecadação do quinto com o fim das
aos propósitos de soerguer economicamente toda a região, ela foi de vital importância para a
descobertas do ouro de aluvião entrando as antigas minas em decadência. Rapidamente toda a
economia local na medida em que integrou o sertão ao mercado de Belém, proporcionando um surto
capitania entrou num processo de estagnação econômica ficando o norte da capitania numa situação
de desenvolvimento em vilas e povoados. As dificuldades de acesso à região sul do estado, por parte
mais precária. Isolado tanto propositadamente quanto geograficamente, o norte sempre sofreu
dos habitantes do norte, os levaram, de certa forma, a estabelecer vínculos comerciais mais fortes
medidas que frearam o seu desenvolvimento. A proibição da navegação fluvial pelos rios Tocantins e
com os estados do Maranhão e Pará, sedimentando cada vez mais as diferenças e alimentando o
Araguaia eliminou a maneira mais fácil e econômica da região atingir outros mercados consumidores.
anseio separatista.

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1 – ASPECTOS HISTÓRICOS

Para facilitar a administração à aplicação da justiça e, principalmente, incentivar o povoamento e o A aprovação da Emenda da deputada Almerinda Arantes à Constituição Estadual criando o Estado do
desenvolvimento da navegação dos rios Tocantins e Araguaia, o Alvará de 18 de março de 1809 Tocantins pelo desmembramento de Goiás a partir do paralelo 13º, seria um passo em direção à
dividiu a capitania de Goiás em duas comarcas: a Comarca do Sul e a Comarca do Norte. A Comarca criação do Tocantins, mas dependia também da realização de um plebiscito na região e da aprovação
do Norte recebeu a denominação de Comarca de São João das Duas Barras, tendo como ouvidor o do Congresso Nacional, conforme estabelecia a Constituição Federal. No entanto, o artigo de
desembargador Joaquim Theotônio Segurado. solicitação do plebiscito, feito pelo deputado Paulo Malheiros, foi rejeitado em agosto de 1957, pela
Assembléia Legislativa Goiana.
Em 1821, Joaquim Theotônio rebela-se contra o isolamento imposto na região, proclamando o
Governo Autônomo do Tocantins. Apesar da pouca duração desse governo, a iniciativa serviu para Motivos para a criação do Tocantins continuaram sendo expressos em artigos de jornais relacionando
espalhar o sentimento separatista entre a população. Mais tarde, em 1920, a divisão entre o norte e o a importância de Brasília e a criação do novo estado para a interiorização do Brasil. Contudo, a
sul de Goiás foi novamente defendida por José Pires do Rio, ministro da Viação e Obras Públicas do oposição do Legislativo goiano e a transferência do engajado juiz Dr. Feliciano Machado Braga da
presidente Rodrigues Alves. A idéia foi bem recebida, mas não se materializou. região norte para Anápolis, enfraqueceram o movimento.

Nos anos 20, 30 e 40 do século XX, a ocupação econômica do extremo norte e do médio Tocantins foi A rodovia promoveu uma nova rearticulação do comércio inter-regional que, se praticamente inexistia,
sustentada praticamente pelo extrativismo mineral e vegetal como o do babaçu e do cristal. A partir da tinha ficado ainda mais debilitado depois da construção da ferrovia no sudeste goiano, no início do
década de 1930 o discurso separatista retorna à esfera nacional. Após a criação pela Constituição de século XX. A construção da estrada-de-ferro integrou economicamente o centro-sul de Goiás ao
1937 dos territórios do Amapá, Rio Branco, Guaporé - atual Rondônia - Itaguaçu e Ponta Porã centro-sul do país, alargando a distância das relações entre o norte e o sul de Goiás. Com a BR-153
(extintos pela Constituição de 1946), houve também quem defendesse a criação do território do essa situação foi amenizada.
Tocantins.
Só a rodovia, porém, não foi suficiente para superar a debilidade dessa relação inter-regional devido
Em 1944 o Brigadeiro Lysias Rodrigues abraçou a bandeira da criação do território do Tocantins tendo ao desequilíbrio existente na estrutura viária do estado. Os investimentos federais ou estaduais nessa
o seu projeto acatado pelo presidente Getúlio Vargas e despachado para o IBGE. Contudo, as área eram destinados principalmente a promover a integração do centro sul de Goiás com o centro sul
oposições internas e promessas políticas não cumpridas provocaram desgastes e enfraqueceram a do país.
luta. Em 1949, a Assembléia Legislativa não aceitou a representação da Comissão que defendia a
criação do território do Tocantins, sendo a mesma posteriormente rejeitada e arquivada pela Comissão A Belém-Brasília "ligando o Centro-Oeste com a orla marítima do Norte transformou-se em área de
de Constituição e Justiça da Administração Federal. nova fronteira de desenvolvimento" (SILVA, 1997, p.94), o que permitiu que a partir da década de
1970, o norte de Goiás se tornasse alvo para investimentos governamentais com o objetivo de
Nos anos 50, vigorava no país as políticas do desenvolvimentismo e da integração nacional marcadas incorporar a região ao mercado nacional como produtora de bens exportáveis. O governo federal criou
pelo Governo Juscelino Kubistcheck. A viabilização de projetos como a BR-153 e a construção de programas dirigidos principalmente à Amazônia, mas também difundidos em 60 municípios do norte
Brasília destacou Goiás no cenário nacional, com a consolidação da expansão capitalista no centro- goiano, iniciando uma nova fase de modernização no processo de ocupação e causando impactos na
sul. O norte, na prática, não sentiu os efeitos desse surto na década de 50, visto que, a BR-153 só foi organização da produção e na estrutura fundiária da região.
asfaltada a partir de 1965. A tentativa de integração do norte goiano à marcha desenvolvimentista
partiu da promoção do seu discurso separatista ressaltando sempre a situação de abandono da Em relação a estrutura fundiária, o novo modelo de desenvolvimento possibilitou a concentração de
região. Em 13 de maio de 1956, foi lançado em Porto Nacional o movimento Pró-Criação Estado do terras com a formação de latifúndios voltados para a pecuária. Como conseqüência desse processo
Tocantins, liderado pelo Juiz de direito dessa Comarca, o Dr. Feliciano Machado Braga, com o apoio houve a desapropriação dos antigos moradores locais pelos grandes proprietários desencadeando
dos poderes legislativo e executivo local. graves conflitos sociais. Nas décadas de 1970 e 1980 na região norte de Goiás configurou-se uma
nova paisagem marcada pela descontinuidade e heterogeneidade da expansão modernizadora.

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O discurso separatista veio novamente à tona quando o sul do Mato Grosso se mobilizou em torno de No centro geográfico do estado foi construída, a cidade de Palmas para ser a sede do Governo
sua autonomia até conseguir em 1977 a aprovação pelo governo federal do projeto de criação do Estadual. A capital definitiva foi instalada em 1º de janeiro de 1990 à margem direita do rio Tocantins e
estado do Mato Grosso do Sul. Neste contexto, o deputado Siqueira Campos, representante do norte com um plano diretor especialmente elaborado. Os poderes executivo, legislativo e judiciário foram
goiano, retomou a proposta da criação do Tocantins. Presidiu a Comissão da Amazônia e apresentou transferidos de Miracema para a nova capital, que em menos de dois anos já atraíra 30 mil pessoas
trabalho sobre a redivisão territorial propondo a criação de doze territórios, entre eles o do Tocantins. vindas de todos os cantos do país em busca de oportunidades. Os negócios tomaram vulto,
O mesmo deputado apresentou projeto de consulta plebiscitária para a posterior criação do Território especialmente no ramo imobiliário e da construção civil. Palmas, segundo estimativas do Instituto
do Tocantins, aprovado pela Câmara de Deputados e que, no ano seguinte, foi arquivado pelo Senado Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, conta na atualidade com uma população de mais de 200
Federal. mil habitantes sendo a cidade que mais cresce no país.

A criação do Estado do Tocantins foi aprovada somente em 27 de julho de 1988, pela Comissão de
Sistematização e pelo Plenário da Assembléia Nacional Constituinte e legitimada no dia 05 de outubro
de 1988, com a promulgação da oitava Constituição Brasileira. A conquista foi resultado de uma luta
que começou no século XIX e culminou com um projeto de lei do então deputado federal José Wilson
Siqueira Campos, aprovado pelo Congresso Nacional, em 1985, após ter sido vetado em duas
ocasiões pelo presidente da República, José Sarney, que considerava o plano oneroso e desprovido
de interesse público.

Pelo artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição nascia o Estado do
Tocantins. Art. 13, § 1º “O Estado do Tocantins integra a Região Norte e limita-se com o Estado de
Goiás pelas divisas norte dos municípios de São Miguel do Araguaia, Porangatu, Formoso, Minaçu,
Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Campos Belos, conservando a leste, norte e oeste as divisas
atuais de Goiás com os Estados da Bahia, Piauí, Maranhão, Pará e Mato Grosso. § 2º O Poder
Executivo designará uma das cidades do Estado para sua capital provisória até a aprovação da sede
definitiva do governo pela Assembléia Constituinte”.

Com a criação do estado, era necessária uma capital provisória até a aprovação da sede definitiva do
Governo pela Assembléia Estadual Constituinte, e a cidade escolhida foi Miracema do Tocantins. Já
em novembro de 1988, foram realizadas as eleições para o legislativo e o executivo. No dia 1o de
janeiro de 1989 foi instalado o Estado do Tocantins e empossado o primeiro governador do mais novo
Estado da Federação, José Wilson Siqueira Campos, tendo como vice, o juiz federal aposentado Darci
Martins Coelho.

No dia 5 de outubro de 1989, foi promulgada a primeira Constituição do Estado, feita nos moldes da
Constituição Federal. Foram criados mais 44 municípios além dos 79 já existentes, possuindo hoje o
estado 139 municípios no total.
Fonte: CAVALCANTE, Maria do Espírito Santo Rosa. Tocantins: movimento separatista do norte de Goiás 1821-1988. Goiânia: UCG,
1999.
Site oficial do Governo do Estado do Tocantins: http://www.portaldocidadao.to.gov.br

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1.2 O surgimento de Palmas Historicamente, a criação de cidades novas para abrigar capitais administrativas, primeiro de
províncias e depois de Estados e Territórios, não é fato novo no Brasil. No século XIX, Teresina,
Maceió, Aracaju e Belo Horizonte conquistaram sítios novos para abrigarem as capitais do Piauí,
Alagoas, Sergipe e Minas Gerais, respectivamente. Já no século XX, na década de 30, Goiânia foi
Criada para ser a capital do mais novo estado do Brasil, Palmas foi a última cidade planejada
construída para abrigar a capital do Estado de Goiás. Depois, em 1945, Boa Vista, capital de Roraima,
construída do último século. A sua pedra fundamental de construção foi lançada no dia 20 de maio de
foi objeto também de um plano urbanístico moderno. O Brasil teve ainda, na década de 60, Brasília, a
1989 ficando sua instituição como capital determinada pela Lei Estadual n° 70, de 26 de julho do
capital federal, como o empreendimento mais ousado de edificação de uma cidade administrativa no
mesmo ano. A Constituição Estadual do Tocantins, promulgada em 5 de outubro de 1989, definiu
país.
Palmas como a capital do Estado, estabelecendo a data 1o de janeiro de 1990 para a transferência da
capital provisória de Miracena do Tocantins para Palmas.
A presença da rodovia Belém-Brasília, do eixo projetado da ferrovia Norte-Sul e do Rio Tocantins,
cruzando quase que em paralelo uma faixa central do Estado na direção norte-sul, foi evidentemente
O nome Palmas foi escolhido em homenagem a Comarca de São João da Palma, sede do primeiro
considerada pelas vantagens econômicas, garantia de acesso e de recursos hídricos indispensáveis à
movimento separatista da região, instalada em 1809 na barra do Rio Palma com o Pio Paranã. Outro
infra-estrutura da futura cidade.
provável fator que influenciou na escolha do nome Palmas é a grande presença de palmeiras nativas
existentes na região. TOCANTINS

O passo inicial para o planejamento da nova capital foi dado na realidade, logo após a primeira eleição
à Governador em 15 de novembro de 1988. Foi solicitado um estudo para o levantamento de uma
adequada área para localização de uma cidade que pudesse representar um pólo de irradiação de
desenvolvimento para o Estado.

O primeiro impasse político dentro do novo estado foi no entanto, em torno da decisão de qual cidade
que abrigaria a capital definitiva do Tocantins. A questão era: instalá-la em uma das cidades existentes
ou escolher um sítio novo para construir uma cidade nova. Araguaína, Gurupi, Guaraí e Porto Nacional
disputavam a instalação da capital definitiva ficando Miracema do Tocantins como capital provisória
até decisão final.

A opção de Araguaína, no norte do Estado, além de estar situada próxima à área conflituosa de
mineração e garimpo do Pará, disputaria influência no sul do Maranhão. A opção de Gurupi, no sul,
poderia manter a capital sob a influência de Goiás, o que era contraditório com o esforço de separação
dos dois Estados.

A opção pela construção de uma cidade nova se firmava pouco a pouco. A estratégia, além de
procurar escapar das disputas políticas geradas nas cidades que possuíam possibilidade de se
tornarem capital definitiva, visava intervir de uma maneira positiva sobre a organização do espaço
territorial do Tocantins.
Fonte: DADOS SEDUH – Caderno Revisão do Plano Diretor de Palmas. IPUD, Palmas, 2002.

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1 – ASPECTOS HISTÓRICOS

Havia grupos pró-margem esquerda e pró-margem direita do Rio Tocantins. A margem esquerda já QUADRILÁTERO 32X32KM
havia sido beneficiada pela construção da rodovia Belém-Brasília, com impactos inclusive no
esvaziamento das cidades mais antigas da região, alinhadas junto ás margens do Rio Tocantins. A
margem direita era tida como a mais atrasada do Estado além de possuir precário acesso devido a
escassez de pontes a interligar as duas margens do rio.

De fato, essa região, ainda pouco desenvolvida, mas com um povoamento considerável em torno de
cidades como Porto Nacional, Miracena do Tocantins e Paraíso do Tocantins, poderia ser
positivamente influenciada pela presença da capital. Uma forte rede de cidades poderia ser formada
no coração do Estado sob o impulso multiplicador da capital.

Um grande quadrilátero de 90x90km, depois estendido para 90x112km, foi indicado pela Fundação
IBGE ao Governador do Estado, Eduardo Siqueira Campos, como a área mais favorável à construção
da capital. A partir daí, os estudos prosseguiram resultando na seleção de um quadrilátero menor de
32x32km, incluindo terras das duas margens do Rio Tocantins. O sítio finalmente escolhido está
situado à margem direita do Rio Tocantins cercado pelas serras do Carmo e do Lajeado, na região
central do Estado possibilitando que qualquer município do Tocantins esteja mais próximo de Palmas
do que da capital de qualquer outro estado com que este faz divisa: Bahia, Goiás, Pará, Piauí, Fonte: DADOS SEDUH – Caderno Revisão do Plano Diretor de Palmas. IPUD, Palmas, 2002.

Maranhão e Mato Grosso.

QUADRILÁTERO 90X90KM
O território da jovem capital foi formado pelo desmembramento de parte dos municípios de Porto
Nacional e Taquarussu do Porto. Uma lei de 13 de fevereiro de 1990 anexou o Distrito de Canela ao
Distrito-sede de Palmas. Outra lei, de 19 de dezembro de 1995, anexou também o Distrito de
Taquaralto ao Distrito-sede da capital. Taquaralto, hoje, portanto, faz parte da cidade de Palmas,
constituindo-se como um bairro desta. A divisão distrital do município de Palmas inclui atualmente,
além da sede, os Distritos de Taquarussu e Buritirana.

Palmas no último dia 20 de maio de 2006 completou 17 anos de criação. Mesmo sendo uma cidade
jovem e planejada, com estrutura moderna, infra-estrutura básica, oferecendo considerável qualidade
de vida a seus moradores, já identifica problemas que se intensificam com o seu desenvolvimento e
crescimento populacional dos últimos anos.

Fonte: DADOS SEDUH – Caderno Revisão do Plano Diretor de Palmas. IPUD, Palmas, 2002.
DADOS SEPLAN - TO
Sites: http://www.ibge.gov.br

Fonte: DADOS SEDUH – Caderno Revisão do Plano Diretor de Palmas. IPUD, Palmas, 2002. http://wwwportaldotocantins.com.br

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1.3 Plano Urbanístico Original


O sítio urbano, com alguns limites bem demarcados pelo Rio Tocantins e a Serra do Lajeado, sugeria
uma planta linear. O rio, a projeção do futuro lago e a serra garantiram um bom enquadramento
urbanístico e paisagístico da cidade.
Palmas, a última cidade planejada construída no último milênio, tem características próprias, com uma
arquitetura arrojada, espaços previamente concebidos por um traçado e plano diretor urbanístico
modernos, visando qualidade de vida e conforto de sua população.

Luiz Fernando Cruvinel Teixeira e Walfredo Antunes de Oliveira Filho, foram os dois responsáveis pelo
projeto de Palmas. A cidade capital foi planejada, edificada, orientada e investida de uma visão
ecológica e humanista, buscando uma relação harmônica entre homem e natureza.

A ocupação do território foi determinada antes da implantação da cidade através de um plano diretor
urbanístico que planejou toda a sua ocupação. O centro da cidade possui um plano-piloto com áreas
específicas para moradia, comércio, indústria, poder público e áreas mistas. Largas avenidas sem Fonte: DADOS SEDUH – Caderno Revisão do Plano Diretor de Palmas. IPUD, Palmas, 2002.
cruzamentos de trânsitos desenham as ruas.

O plano diretor original foi feito a partir de uma análise do meio ambiente e do clima na região, para O eixo da rodovia estadual TO-134 (hoje TO-050) foi deslocado para leste, servindo de referência ao
verificar a topografia e as condições de solo mais adequadas à construção da cidade. Assim, os traçado viário. Acompanhando a cota de enchente do lago, foi projetada uma via-parque junto à qual
terrenos muito inclinados, as áreas sujeitas a inundações ou a erosões e os locais onde o tratamento foram previstas amplas áreas verdes de lazer e recreação destinadas ao uso público. As matas ciliares
do solo exigiria soluções anti-econômicas no momento da construção foram eliminados. Ao mesmo junto aos ribeirões foram preservadas formando grandes faixas verdes entremeando as quadras
tempo, buscou-se o melhor aproveitamento possível das brisas, das paisagens e da infra-estrutura destinadas à edificação.
urbana.

Analisadas essas informações, foi definida a área urbana de Palmas e nela dispostas as áreas
adequadas aos equipamentos urbanos, as atividades institucionais, do comércio e da indústria, a
moradia, as atividades de lazer e recreação além das Áreas de Preservação Ambiental.
Fonte: DADOS SEDUH – Caderno Revisão do Plano Diretor de Palmas. IPUD, Palmas, 2002.

A localização ideal dessas atividades e o planejamento adequado das vias que as interligam são
fundamentais para o funcionamento da cidade. Partindo desse princípio, os urbanistas buscaram
desenhar uma cidade agradável para se morar e trabalhar, com uma estrutura viável do ponto de vista Entre a rodovia e a via-parque foi projetada a avenida Theotônio Segurado, homenageando o pioneiro
ambiental, econômico e social, permitindo a seus habitantes, em todas as classes sociais, acesso à da luta de emancipação do Tocantins. A avenida Juscelino Kubitscheck, no sentido leste-oeste,
moradia e ao trabalho. juntamente com as três vias principais no sentido norte-sul da cidade – a rodovia TO-050, a avenida
Theotônio Segurado e a avenida Parque definem o sistema viário principal de Palmas.
A área designada para implantação do plano situa-se mais precisamente, entre os Ribeirões Água
Fria, ao norte, e Taquaruçu Grande, ao sul. Nessa região foi desenhada a área urbana de Palmas com As três vias principais têm funções específicas fundamentais: a TO-050 é a via de articulação de
11.085 hectares e capacidade para abrigar cerca de 1 milhão e 200 mil habitantes. Palmas com o Estado do Tocantins; a avenida Theotônio Segurado é a principal via urbana da cidade;
e a avenida Parque acompanha o contorno do futuro lago, definindo uma ampla área de lazer.

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De acordo com o plano urbanístico, uma vez implantada a rede básica de quadras, a partir da abertura
das vias arteriais, cada uma delas seria objeto de parcelamento interno próprio, podendo as soluções
variar em cada caso, inclusive quanto aos tipos construtivos permitidos para as edificações (casas,
edifícios de apartamentos, residências geminadas, etc.) No interior das quadras foram previstos
equipamentos públicos básicos, como praças e escolas.

O comércio e os serviços de caráter vicinal, de afluência mais imediata e cotidiana da população,


foram previstos para se localizarem em trechos mais ou menos regulares das vias arteriais formadas
pelas quadras.

No eixo da rodovia foi prevista a implantação de comércio atacadista, indústrias e outras atividades de
caráter regional geradores de tráfego de carga mais pesado. A avenida Theotônio Segurado foi
programada para abrigar grandes equipamentos públicos, comércio e serviços geradores de muito

Fonte: DADOS SEDUH – Caderno Revisão do Plano Diretor de Palmas. IPUD, Palmas, 2002.
tráfego, como hospitais, sede da polícia, hotéis, shopping centers, supermercados, edifícios de
apartamentos, etc.. Devido ao tipo de uso previsto para esse eixo e a sua posição no conjunto do

O marco inicial e central da nova capital do Tocantins é a praça dos Girassóis, onde se localiza o sistema viário da cidade, esta avenida deverá se consolidar, como já vem ocorrendo, como um grande

centro administrativo estadual e se cruzam as duas grandes importantes vias: as Avenidas Theotônio corredor de transporte coletivo municipal.

Segurado e Juscelino Kubitschek. Nesta praça foram localizados os principais edifícios públicos do
Governo Estadual: o Palácio Araguaia, sede do Executivo, o Palácio João D’Abreu, sede do O plano urbanístico procurou evitar a excessiva separação das funções urbanas, abrindo

Legislativo, e o Palácio Feliciano Machado Braga, sede do Judiciário. Em torno dessa foi previsto a possibilidades de convivência de usos compatíveis entre si, dentro de limites mínimos de segurança,

localização de usos de atividades urbanas capazes de gerar centralidade, como agências bancárias, conforto, bem-estar e configuração da paisagem urbana.

escritórios, clínicas médicas, restaurantes, cinemas e mesmo edifícios mistos, com apartamentos a
partir do primeiro andar ficando o térreo destinado a atividades comerciais. O Plano Diretor Urbanístico, instrumento básico para orientar a implantação da cidade, seu
desenvolvimento e crescimentos futuros, foi elaborado numa perspectiva dinâmica, estando sujeito a

A opção por uma malha viária ortogonal, em xadrez, garantiu simplicidade quase que didática para a reavaliações periódicas em função de fenômenos urbanos que o requeiram. Ao longo de seus 17 anos

implantação do plano, além de se adequar bem ao sítio urbano e de ser econômica, tornando mais e contando na atualidade com cerca de 200 mil habitantes, o processo de gestão da implantação do

baixo o custo inicial de implantação da infra-estrutura urbana, como esgoto, água, telefone, energia Plano Diretor de Palmas não ocorreu completamente como previsto originalmente.

elétrica e pavimentação de ruas.


Empurrados pelo compromisso técnico de responder com urgência aos anseios de uma decisão

O sistema de grandes quadras permite grande flexibilidade de implantação. A quadra padrão tem política, os autores do projeto e a própria população local sentem agora os efeitos da velocidade de

cerca de 700x700 metros podendo abrigar uma população de 8 a 12 mil habitantes. Esse formato um processo que vem atropelando a concepção inicial que assegurou a rápida implantação deste

quadrado básico pode sofrer adaptações dependendo da posição da quadra e das condições do sítio marco urbanístico nacional. Estas questões serão abordadas mais profundamente a seguir, no

urbano em cada trecho da cidade. As vias confrontantes com os limites das quadras formam um decorrer deste trabalho.

sistema de circulação arterial, enquanto dentro de cada quadra os loteamentos particulares


progressivos vão definindo um sistema de arruamento vicinal com alamedas de tráfego lento, utilizado Fonte: DADOS SEDUH – Caderno Revisão do Plano Diretor de Palmas. IPUD, Palmas, 2002.
DADOS SEPLAN - TO
principalmente pelos moradores locais, garantindo segurança aos pedestres. Os cruzamentos das Revista Projeto, n° 146
http://www.ibge.gov.br
avenidas arteriais são em rótulas, visando disciplinar o trânsito e reduzir o risco de acidentes. http://www.portaldotocantins.com.br

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