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Entrevista com Leonilde Servolo de


Medeiros, autora do livro “Reforma
Agrária no Brasil”
maio 8, 2006 -

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Servolo de Medeiros, autora do livro “Reforma Agrária no Brasil” -
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brasil/)

Autora do livro “Reforma Agrária no Brasil” conta um pouco como essa


luta começou a aponta alguns rumos dessa política no atual governo.

Como o surgimento das Ligas Camponeses e do Movimento dos


Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em momentos diferentes, deram
novo significado à luta pela terra no Brasil?

São dois momentos distintos, mas com alguns traços em comum.


Ressaltaria três deles. Em primeiro lugar, a dificuldade de acesso à terra
pelos trabalhadores que a querem para trabalhar, dados os altos índices
de concentração fundiária. Em segundo, são situações em que as lutas
dos trabalhadores colocam a questão da terra na ordem do dia e
ao) provocam polarizações
Publicações (https://fpabramo.org.br/publicacoes) e ações
Memória políticas em direção
(https://fpabramo.org.br/csbh) a ela. Finalmente,
Teoria e Debate (http://www.teoriaedebate.org.br/) Acervo

um terceiro ponto comum é a rápida articulação dos interesses ligados à


propriedade da terra quando as demandas dos trabalhadores vêm à tona.

No momento das Ligas, o debate sobre a reforma agrária era parte


constituinte de uma ampla discussão sobre as perspectivas de
transformação econômica, social e política do país. Por alguns, ela era
entendida como ferramenta central para vencer o chamado “atraso” da
agricultura e um instrumento de desenvolvimento econômico. Para o
Partido Comunista, era um componente da etapa “democrático burguesa”
da “revolução brasileira”. Para a direção das Ligas, era um primeiro passo
em direção ao socialismo. Para os trabalhadores que se envolviam nas
lutas, a palavra sintetizava o sonho do acesso à terra, sem a exploração
dos “patrões” (no caso dos foreiros, moradores de engenho etc) ou
pressão dos “grileiros” e suas milícias privadas, nos casos das áreas de
expansão da fronteira. Em qualquer de suas versões, a perspectiva de
alterações na estrutura fundiária provocou uma rápida organização dos
interesses ligados à propriedade da terra. Foram eles uma das
importantes bases de sustentação do golpe militar.

O momento do MST é outro: o de uma agricultura modernizada


tecnologicamente, que intensificou o processo de expropriação já em
curso. Quando, no início dos anos 80, a demanda por terra ganhou os
espaços públicos, a questão que se colocava no debate era outra: qual o
sentido de uma reforma agrária se a agricultura está cumprindo seu papel
no desenvolvimento? No entanto, a demanda não só existia como
conseguiu mobilizar, de forma inédita, trabalhadores de norte a sul do
país. Num primeiro momento, a base social do MST era principalmente
pequenos agricultores que se pauperizaram justamente ao longo desse
processo de modernização e que se viram impossibilitados de se
reproduzir socialmente como produtores autônomos, em virtude do alto
preço da terra, endividamento etc. Num momento posterior, e expandindo-
se pelo Brasil todo, o MST passou a mobilizar assalariados rurais e
mesmo populações das periferias urbanas que passam a ver no acesso à
terra uma alternativa à falta de emprego, à insegurança. O sindicalismo
rural também passou a se envolver em acampamentos e ocupações de
terra, ampliando a mobilização.

Também aí se verifica a forte reação dos interesses ligados à propiedade


fundiária, que se fazem ver não só mediante a criação de entidades como
a UDR, como também pela eficiente ação parlamentar, através da
chamada “bancada ruralista”.

Ao longo dos últimos 20 anos, a reforma agrária passa a recobrir um


conjunto de novos temas como preservação ambiental, segurança
alimentar, acesso dos trabalhadores a um conjunto de bens, maior
possibilidade de participação política, implicando na ampliação de seus
significados, inclusive trazendo elementos para se pensar em revisão do
que se tem tradicionalmente classificado como “rural” e “urbano”. Com
isso, essa bandeira se atualiza e traz para debate a necessidade de se
discutir que a modernização do campo pode ter outros caminhos e não se
restringir somente à produção altamente tecnificada que, na história
brasileira, veio acompanhada da degradação ambiental, da precarização
do trabalho e do desrespeito aos direitos trabalhistas, da exclusão, com
ao) todas suas consequências
Publicações (https://fpabramo.org.br/publicacoes) Memóriasociais e políticas.
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No livro, você descreve as mudanças ocorridas em decorrência das


pressões dos movimentos pela luta no campo até a década de 90. Já é
possível visualizar para onde aponta esta relação no atual governo?

Em 2003, embora tenham ocorrido acampamentos e tenha aumentado o


número de acampados, tanto MST como Contag parecem ter optado por
dar um voto de confiança ao novo governo. No entanto, ao longo desse
ano foram poucos os assentamentos realizados. Um Plano Nacional de
Reforma Agrária só começou a ser elaborado no segundo semestre,
mostrando claramente que a prioridade governamental estava na política
econômica. Já entrando no segundo ano de governo, continua a tensão
entre as metas do Plano e a possibilidade da obtenção de recursos para
levá-las adiante. Fica ainda uma interrogação sobre a possibilidade
efetiva do governo em promover as mudanças jurídico institucionais
previstas no Plano para agilizar o processo de reforma agrária, uma vez
que possivelmente elas provocarão com forte oposição. Um teste
importante para isso será, por exemplo, o percurso parlamentar da
proposta de expropriação das terras onde forem constatadas situações
de “trabalho escravo”.

Os movimentos de luta pela terra aparentemente enfrentam certa


dificuldade política em lidar com a novidade que é o PT no governo
federal, mesmo com resultados pouco significativos, até o momento, em
termos de famílias assentadas, embora haja avanços e novidades
interessantes no que se refere ao apoio à agricultura familiar, que é uma
outra face importante da questão.

Parece claro que, mesmo num governo que tem a reforma agrária inserida
em seu programa, se não houver algum tipo de mobilização e pressão, o
ritmo de assentamentos não corresponderá nem mesmo às modestas
metas do Plano Nacional de Reforma Agrária.

O Plano Nacional de Reforma Agrária: Paz, produção e qualidade de vida


no meio rural, lançado em novembro de 2003 pelo atual goveno
representa uma inovação na forma de ver e tratar a questão?

Há algumas inovações importantes, entre elas a ênfase dada a um novo


modelo de assentamento, baseado na concentração espacial, na
adequação dessas unidades aos diferentes características regionais, na
premissa do desenvolvimento territorial, na preocupação com a qualidade
dos assentamentos e não só com metas quantitativas etc. No Plano
retoma-se uma antiga tese, nunca implementada, da constituição de
áreas reformadas. Isso seria uma condição básica para potencializar
investimentos de infraestrutura e investimentos produtivos. A constituição
dessas áreas exige a convergência de diversos instrumentos para
obtenção de terras. Pode-se afirmar que elas são uma condição
importante para que seja efetivamente levada qualidade aos
assentamentos e que eles não sejam vistos apenas como espaço de
produção, mas também como espaço de vida social, participação política
etc.
ao) Por outro lado, as
Publicações (https://fpabramo.org.br/publicacoes) metas são(https://fpabramo.org.br/csbh)
Memória modestas e temos um enorme Teoriaponto
e Debatede
(http://www.teoriaedebate.org.br/) Acervo

interrogação em torno da garantia de recursos necessários. Resta ver até


onde será possível mudar o marco jurídico institucional, de forma a
permitir a agilização desse processo.

Na sua opinião, quais os caminhos a serem traçados para que as


desigualdades sociais no campo sejam, senão extintas, pelo menos
dinimizadas?

As pesquisas disponíveis têm mostrado que, apesar de toda precariedade


dos assentamentos atualmente existentes, a vida dos assentados
apresentou melhorias em relação ao momento anterior ao acesso à terra.
Essa melhoria pode ser observada tanto em termos de renda gerada no
assentamento, como no fato de terem acesso a moradia, terem um
mínimo da alimentação garantida pela produção do assentamento, terem
acesso a bens de consumo etc. Ao mesmo tempo, a luta por reforma
agrária, os acampamentos, as ocupações, a necessidade de um mínimo
de organização nos assentamentos oxigenaram a vida social e política no
campo. Não quero com isso afirmar que tenha havido uma ruptura nos
mecanismos tradicionais de dominação, nos arranjos clientelistas, mas
apenas pontuar que a luta por terra foi um dos canais que permitiu que
muitos trabalhadores do campo tivessem outras formas de contato com
as instâncias estatais, percebessem a importância de organização, de
reinvindicação, da pressão
Isso mostra que um processo de reforma agrária é uma condição
importante para a redução das desigualdades sociais na sociedade
brasileira.

Saiba mais sobre o livro “ Reforma Agrária no Brasil” (clique aqui)


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