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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS campus SOROCABA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EDUCAÇÃO

PEDAGOGIA DO MOVIMENTO SEM TERRA: PROPOSTA EDUCACIONAL


DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS RURAIS
SEM TERRA

Sorocaba - SP
2019
ANDRÉ LUIZ FERREIRA CARLOS- RA 425788
DANIELE AMANDA PEREIRA CONSERVANI – RA 606111
GISELE DO AMARAL MACHADO - RA 639400
GRACI MARIELI VIEIRA DE ARRUDA - RA 639419
KARINA BISPO – RA 639222
TÁCIA CAMILA M. DE MENESES - RA 639028
TÁCYLA AGUM THEOTONIO DE LIMA - RA 639010

PEDAGOGIA DO MOVIMENTO SEM TERRA: PROPOSTA EDUCACIONAL


DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS RURAIS
SEM TERRA

Trabalho para obtenção de nota parcial,


apresentado para a disciplina Educação
Não Escolar Movimentos Sociais do
Curso de Pedagogia.

Docente: Profa. Dra. Maria Carla

Sorocaba - SP
2019
1. ROTEIRO DA APRESENTAÇÃO: MOVIMENTO DOS TRABALHADORES E
TRABALHADORAS RURAIS SEM TERRA - MST

O grupo, composto por 13 integrantes, que se dividiram em dois para a


produção teórica do trabalho, optou, pelo número de integrantes, realizar a
apresentação em formato de palestra, desta forma, ocorreu uma divisão interna
para garantir as ações que demando um evento deste nível.
Realizamos a apresentação no auditório CCTS, organizando estrutura,
ornamentação, equipamentos visuais e de áudio (com limites), recepção das
convidadas e convidados, alimentação para o café, comunicação (produção de
materiais visuais e contato com palestrantes e docente) e participação no debate,
compondo a mesa. Ações que em conjunto garantiram a seguinte sequencia
didática.
A) Mística: leitura do poema; B) Apresentação dos integrantes do grupo e da
proposta da disciplina; C) Apresentação das convidadas; D) Tácyla falou sobre
os marcos históricos do MST; E) Amanda falou sobre a metodologia da
pedagogia do MST; F) Agradecimentos; G) Perguntas às convidadas; H)
Confraternização.
Este trabalho, tem por finalidade, apresentar a base teórica que direcionou
o pensamento e atuação do grupo, no que diz respeito a consolidação histórica
do Movimento e aspectos gerais da proposta pedagógica do Movimento, apontar
como ocorreu os encontros dos demais grupo, compreendendo que não
necessidades de expor como ocorreu o nosso, avaliar a atuação do grupo e
apresentar uma conclusão do processo.

2. MOVIMENTO DOS TRABALHADORES/AS RURAIS SEM TERRA:


CONSTRUÇÃO CRONOLOGICA

Ao falar sobre o Movimento, foi necessário resgatar a luta e a força do


povo brasileiro, dos indígenas, dos quilombolas e de todos/as aqueles/as que
lutaram e lutam contra a mercantilização das terras, das riquezas naturais, do
povo, de todo o Brasil, assumindo a posição de resistência contra esse sistema
opressor.
O Brasil tem no seio de sua história a concentração de terras, sendo um
país construído sobre o alicerce da posse como sinônimo de poder e produtor
desigualdades, isto se expressa de maneira ímpar no número de latifúndios que
constituem o território brasileiro e para além disso a concentração e
improdutividade são marcas desta forma de exploração. Contexto, que se iniciou
no século XVI, com a ocupação dos portugueses e se agravou com a forma de
exploração da nação, baseada na monocultura e na escravidão (MST)1
Em 1850 a colônia brasileira implementa a Lei de Terras, suprassumo do
nascimento da “grilagem”, ação, na qual, apropriasse da terra por meio de
documentação forjada, sendo assim, surge a forma mais comum de acumulação
de terra presente no país, que tem como produto a concentração e a
improdutividade da terra que acarreta na exacerbação das desigualdades
sociais. A questão agrária tem raízes profundas, acentuando com o passar dos
séculos a concentração agrária, herança colonial que perpétua, isenções fiscais,
improdutividade da terra, impedimento da distribuição da terra, de forma
equitativa. Caio Prado Júnior, aponta que a mudança só virá por meio da luta:

Não há, pois, como esperar do desenvolvimento do capitalismo na


agropecuária brasileira e muito menos da extinção da parceria uma
elevação dos padrões da massa trabalhadora rural. Essa elevação
somente virá através da luta desses trabalhadores, sejam quais forem
suas relações de trabalho e natureza da remuneração que recebem,
por melhores condições de trabalho e de vida (2011, p.79).

Ressalta-se, a insurgência da luta pela terra como demanda essencial,


haja vista, a contramão dos processos de democratização de terra, exposto
acima, perante as revoluções agrárias que se consolidaram no processo
histórico de outras regiões do globo. Oliveira, aponta três subgrupos de
revoluções agrárias:

As revoluções agrárias sempre estiveram histórica e estreitamente


relacionadas ao conceito de revolução camponesa. Dessa forma, o
conceito de revolução agrária implica necessariamente, na
transformação da estrutura fundiária realizada de forma simultânea
com toda a estrutura social existente, visando à construção de uma
outra sociedade. Portanto, quando um movimento social reveste-se de
uma forma ampla e radical de transformação trata-se de uma revolução
agrária. As revoluções agrárias podem ser subdivididas em três
grupos. O primeiro refere-se às revoluções agrárias que ocorreram na

1
Concepção disponível em: http://www.mst.org.br/nossa-historia/.
transição do feudalismo para o capitalismo especialmente na Europa.
No segundo grupo, estão as revoluções agrárias que ocorreram no
bojo das revoluções socialistas. No terceiro grupo estão a Revolução
Mexicana e a guerra civil dos Estados Unidos (OLIVEIRA, p. 71, 2007).

Durante 500 anos de luta após a democratização das terras, o capitalismo


não permitiu que amenizasse a concentração de terras. Mais tarde com a
Ditadura militar e o modelo agrário excludente, não havia espaço para o povo se
reunir, se organizar, e manifestar suas reivindicações. Foi um período muito
difícil para os pequenos agricultores. A agricultura estava à mercê do incentivo
a agrotóxicos, venenos.
Na década de 70 o Movimento enfrenta um período de constantes
ataques e violência nas ações de luta. Em 1979, centenas de agricultores
ocuparam as granjas Macali e Brilhante, no Rio Grande do Sul, consolidando
acampamentos, mais tarde em 1981, surge novamente um acampamento neste
lugar próximo na Encruzilhada Natalino. Este lugar símbolo de resistência à
ditadura militar, inclusive, agregou a sociedade civil que também exigia
urgentemente um regime democrático.
Oliveira (2007), aponta que a sociedade nacional que, desde 30,
marchava na direção da industrialização e da urbanização, continuava a
conviver, no lado oposto das elites, com o aprofundamento dos conflitos no
campo. Parte desses conflitos derivavam das tentativas de organização dos
camponeses e trabalhadores assalariados rurais, que se viam representados
pelo então, Partido Comunista do Brasil (PCdoB), fruto de sua curtíssima
legalidade pós Constituição de 1946.

Assim, o final da decada de 40, os anos 50 e o início da decada de 60


foram marcados por este processo de organização, reivindicação e luta
no campo brasileiro. No Nordeste esse processo ficou conhecido com
a criação das “Ligas Camponesas”, cuja luta pela terra e contra a
exploração do trabalho marcou significativamente sua ação
((OLIVEIRA, p.104, 2007).

Sendo assim, foi com as Ligas Camponesas, que a luta pela Reforma
Agrária ganhou dimensões nacionais e por meio dos enfretamentos sociais
conseguiu garantir leis essenciais para assegurar a constituição do processo.
Em especial no governo de João Goulart, no qual foi garantido o debate
legislativo sobre a temática, por meio da promulgação de leis primordiais para
trilhar o caminho, tais como a Lei n. 4.132, em 10 de setembro de 1962 ou
“Estatuto da Terra”.
Em 1981, um ano de destaque, para a luta pela terra, ano no qual os Sem
Terra reuniram mais de quinze mil pessoas em um manifesto, a notícia se
espalhou por todo Porto Alegre como “a maior manifestação realizada por
trabalhadores rurais na história do Rio Grande do Sul”. Foi por meio do “Boletim
Informativo da Campanha de Solidariedade aos Agricultores Sem Terra” (que
mais tarde se tornou “Jornal Sem Terra”). Na Encruzilhada Natalino as famílias
assentadas se viram cercadas por uma tropa militar sob o comando do Coronel
Curió, este fato repercutiu o mundo todo, porém não conquistaram a reforma
mesmo com tanta luta, passaram pela repressão militar. Após isso, vários pontos
de resistência surgiram em todo o país contra a Ditadura. Foram 208 dias no
campo de concentração resistindo bravamente. Mais tarde, no dia 25 de
fevereiro de 1992 a Igreja Católica conseguiu uma área de 108 hectares em
Roma Alta para abrigar as famílias
As condições sociais do período militar sufocaram a luta pela Reforma
Agrária, desarticularam as Ligas Camponesas e foi somente no processo final
deste período que os debates sobre a questão agrário retomaram o cenário
nacional do país.
Em 21 de janeiro de 1984, ocorre o 1º Encontro Nacional dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra, em Cascavel (PR), com o apoio da Pastoral
da Terra da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) o encontro reuniu
camponeses, Sindicatos Rurais e Movimentos Sociais do Campo e tem como
fruto a criação do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem
Terra (MST), que hoje é o maior expoente na luta pela terra no cenário brasileiro.

O encontro decidiu que o MST deveria lutar pela terra, pela reforma
agrária e por mudanças sociais no país. O novo movimento absorveria
a experiência histórica das Ligas Camponesas e do Movimento dos
Agricultores Sem Terra (Master), que levantaram a bandeira da
reforma agrária antes do golpe de 1964. O MST participaria ativamente
da luta pela redemocratização e pela conquista de direitos sociais
(ALONSO, 2019, p.1).

É importante ressaltar, que o 1º Encontro Nacional dos Trabalhadores


Rurais Sem Terra, foi o expoente do processo de lutas e resistência advindo
desde a década de 70, na qual as contradições do modelo agrário se evidenciam
e o Estado apresenta a violência como resposta. Em 1979, centenas de
agricultores ocupam as granjas Macali e Brilhante, no Rio Grande do Sul. Em
1981, um novo acampamento surge no mesmo estado e próximo dessas áreas:
a Encruzilhada Natalino, que se tornou símbolo da luta de resistência à ditadura
militar, agregando em torno de si a sociedade civil que exigia um regime
democrático (MST)2.

2.1. ASPECTOS GERAIS DA PEDAGOGIA DO MOVIMENTO SEM TERRA

A escrita deste capitulo tem como base a exposição da palestrante


Amanda Lino, Pedagoga, formada pela primeira turma de Pedagogia da Terra,
Mestre em Educação pela UFSCar, Professora nos segmentos da Educação
Infantil e Ensino Superior, membro do C.M.E de Iperó, militante atuante na causa
feminista e na Educação do e no Campo.
Um dos aspectos abordados pela convidada Amanda Lino, foram as
perspectivas político-pedagógicas do Movimento Sem Terra, abordou-se sobre
a Tese de doutorado da militante e pesquisadora Roseli Salete Caldart ,
denominada “Pedagogia do Movimento Sem Terra: escola é mais do que
escola”, publicado no ano 2000, que proporcionou a consolidação teórica da
proposta educacional do Movimento..
Neste sentido, no percurso do debate, foi exposto a perspectiva na qual
compreende-se que o próprio movimento é o eixo central educativo e condutor
do processo de formação dos sujeitos. Uma vez que, considerando as diversas
vivências dos sujeitos, integrante do Movimento, este que está em constante
ação e processo de constituição de sua identidade e das diversas características
produtora de sua história, na medida que transforma-se e agente transformador
de sua história, e assim transformação, de forma dialética, os demais sujeitos, a
terra, a proposta Pedagógica.
Amanda Lino, fala com base em Roseli Caldart (2000) que a matriz
pedagógica presente nas vivências educativas na formação dos Sem Terra, está
na compreensão de sua coletividade em constante movimento, essa perspectiva
possibilita o sentido de cada ação cotidiana.

2
Disponível em: http://www.mst.org.br/nossa-historia/70-82/.
Lino, salientou que a escolha da Pedagogia (dentro de uma perspectiva
progressista) utilizada nas escolas dos assentamentos, passa por um estudo
das matrizes pedagógicas dentro realidade local, e assim, optam pelo modelo
que acreditam estar mais próximo de suas vivências, ou seja, assim como ao
lavrar a terra, faz-se um movimento que mistura, transforma e constrói novo
sentido a variados componentes que possibilita criar uma síntese pedagógica
de acordo a identidade e realidade local, sendo que todas são permeadas pelo
que há de comum no Movimento em sua totalidade: a luta, a coletividade, a
organicidade, o trabalho com a terra, a produção de alimentos, a sua cultura e
história.
O MST compreende essa construção histórica dentro de sua pedagogia
trazendo diferentes perspectivas, Educação Popular, que tem como práxis a
Pedagogia do Oprimido, fundamenta no diálogo com a dimensão educativa
contra as opressões; a Pedagogia Socialista que visa a dimensão pedagógica
do trabalho e da organização coletiva; a Pedagogia do Meio por meio do diálogo
da concepção materialista histórico-dialética e a da sociedade humana como
parceira solidária de seu próprio desenvolvimento histórico por meio das lutas.
A palestrante, aponta a Pedagogia da Alternância, que aparece na
trajetória histórica, nos processos e nas práticas educativas, do Movimento,
permeadas pelas vivências socioculturais constituidoras da experiência humana
do Movimento. Ela enfatizou a importância da educação para o trabalho não
alienado, e assim pensar e intervir nas necessidades humanas prioritárias que
vai contra as necessidades do mercado, retoma também o conceito da educação
omilateral trazido por Caldart (2000), que visa uma perspectiva de formar o ser
humano em sua totalidade no ápice de suas potencialidades.
Mesmo em meio a dificuldade de se implantar uma determinada Matriz
Pedagógica que abarque o Movimento como um todo, há presente na
perspectiva Político-Pedagógica do MST, o materialismo histórico-dialético, o
embasamento em pedagogias de origem histórico-crítica, Pedagogias
Socialistas e Educação Popular, que se expressa na práxis da Pedagogia do
Oprimido. Tais perspectivas nos possibilitam a reflexão de que o uso de matrizes
diferentes, acaba por constituir uma matriz pedagógica própria que irá permear
as práticas concretas na formação dos sujeitos daquele determinado
assentamento/ acampamento. Desta maneira, estuda-se como tais teorias
podem colaborar com determinada localidade e realidade e a partir dessa análise
em movimento, considera-se também o que há de comum para o Movimento em
sua totalidade, ou seja o posicionamento de crítica à sociedade capitalista.

3.SÍNTESE DOS ENCONTROS

13/11 - MTST e Vila União

Neste dia tivemos três convidados, a primeira convidada foi a Débora,


trabalha na coordenação do Movimento dos Trabalhadores/as Sem Teto, em
São Paulo, Joarez e outro membro da ocupação Vila União.
Débora falou sobre sua entrada no movimento e um pouco sobre a história
do MTST. Ela entrou no movimento com 12 anos. O MTST tem 22 anos, e surgiu
do MST. Falou sobre as estratégias do movimento: onde acontecem as
ocupações, nas regiões urbanas e lugares periféricos; a quantidade de
ocupações feitas no ano, que são em torno de 10 à 11 no ano; Débora destacou
o fato do movimento ser considerado o maior movimento de moradia (fez a maior
ocupação da América Latina); Falamos também sobre como acontecem a
coordenação do movimento (são muito organizados, levantam grupos e depois
coordenadores para cada grupo, e assim seguem com as ocupações).
Entramos também em questões emblemáticas, como o golpe que a
Presidenta Dilma Russeff sofre, O mandato de Temer e as consequências
negativas que a eleição de Bolsonaro trouxe ao MTST. “Foi uma derrota para O
movimento (Débora)”
O segundo convidado foi Joarez, fez uma fala de denúncia, apontando o
abandono do município e do Estado, no que diz respeito a problemática de falta
de moradias, afirmando: “Aqui em Sorocaba tem ocupação sim! ”.
Joarez, que é membro da ocupação Vila União, localizada na Zona Norte
de Sorocaba, sendo um espaço, no qual, há cerca de 400 famílias, ocupação
está, que não permanece sozinha, havendo outra ao lado com cerca de 350
pessoas. O convidado está na ocupação há 3 anos, e antes ele pagava aluguel,
realidade da maioria dos acampados. A ocupação não possui uma organização
política ou há uma organicidade a nível de Movimento Social.
27/11 - Hip Hop, Molhares e Baque Mulher

Neste encontro o primeiro convidado foi o Carbone Marginal Imaculado,


de 21 anos, é músico, cantor, tem uma marca de roupas, e acessórios, mora em
Votorantim. Após terminar o Ensino Médio criou o Projeto Hip Hop nas Escolas.
Compartilhou conosco que quando conheceu o hip hop expandiu a
mente por conta das mensagens reflexivas do grafite. Entrou em contato com a
literatura marginal, que foi compartilhada com ele através de amigos e a partir
disso criou o Projeto Hip Hop nas Escolas e o Sarau de Quebrada. Participa
também de eventos como “Despertar das Flores” e batalhas de rap.
Carbone falou que “Hip Hop é uma ferramenta para falar de problemas
cotidianos. Como fala também sobre amor, depressão, mutilação e suicídio,
sempre com empatia para entender o sentimento do próximo e fazer com que os
jovens se sintam pertencentes”.
O Projeto Hip Hop nas Escolas - É a arte da rua para as escolas e as
escolas para as ruas. Seu trabalho inclui ações em escolas de Votorantim e
Sorocaba, realizado com crianças e adolescentes. Carbone disse que ele
aprende muito com as crianças, e que fala sobre assuntos atuais com elas. Com
os adolescentes aborda assuntos cotidianos e sentimentais, para realizar um
trabalho de transformação, através da escuta, visualização e ação.
Notamos que Carbone falou muito do trabalho coletivo entre a
comunidade e o Hip Hop, pois nos eventos de grafitar muros, de escolas ou de
praças, a comunidade se envolve, compartilham saberes, trabalham com arte,
participam dos saraus, sendo esta uma atividade de união e de pertencimento
na construção de algo, ou de ideias.
Na segunda apresentação tivemos a presença de dois movimentos, o
Movimento Feminista Molhares da Escola ETEC Fernando Prestes com a
presença das estudantes Gabriela e Mellanie Nascimento e o Movimento Baque
Mulher com a presença de Renata Barbosa e Naiana Simão.
O Movimento Feminista Molhares na escola Fernando Prestes iniciou
com um grupo de meninas que procuravam entender o que era o feminismo,
desta maneira começaram a estudar o feminismo, os conceitos que envolvem
este tema e pesquisaram também sobre mulheres que fizeram parte da história.
O grupo começou a crescer e começaram a lutar contra o assédio na escola e
contra a LGBTfobia, realizaram assim atividades na escola como debates sobre
vertentes do feminismo e sobre a estrutura patriarcal da sociedade.
O Movimento Molhares construiu na escola ETEC Fernando Prestes um
espaço de reconhecimento e acolhimento para as estudantes falarem sobre a
realidade que vivem. Elas nos contaram que existe na escola uma cultura de
professores assediarem as alunas, assim elas já elaboraram manifestações
contra esses professores assediadores e também realizaram intervenções na
escola falando sobre a importância do feminismo.
O Baque Mulher é um movimento de maracatu só para mulheres que
acontece hoje em 54 municípios Brasileiros, originou-se em Recife pela mestra
Joana Cavalcante que luta pelas mulheres da comunidade, pelo empoderamento
de mulheres e do movimento cultural negro.
As convidadas no início da apresentação nos falaram sobre a história do
maracatu, que é marcado pela luta e resistência da cultura afro-brasileira, e que
inicialmente apenas homens podiam tocar os instrumentos, até que a Mestra
Joana tomou seu lugar de fala e começou a ensinar meninas e mulheres a
tocarem os instrumentos, realizando um trabalho de empoderamento.
O Movimento Baque Mulher de Sorocaba está ativo desde 2016, porém
as convidadas nos falaram que agora em 2019 que começaram a ir até a
periferia, porque até então quem estava presente nesses grupos eram mulheres
universitárias, de classe média, mas que um dos focos do projeto é devolver o
maracatu para onde ele nasceu, as periferias. As mulheres do movimento
realizam um trabalho de empoderamento e troca de experiências, outro foco do
movimento é combater o patriarcado, a misoginia e toda forma de opressão de
gênero.
Notamos que esses dois movimentos trazem presente o sentimento de
pertença dos indivíduos dentro do grupo, lutam contra a estrutura patriarcal e
realizam um trabalho de empoderamento com mulheres.

11/12 - Movimento Estudantil

Neste encontro o convidado que esteve presente foi o Rodrigo Chizolini.


Ele é advogado, tem 39 anos, e é de Votorantim, membro do Partido Socialismo
e Liberdade – PSOL, tendo concorrido a Prefeitura de Votorantim, no ano de
2016. Morou quando criança na Vila Helena (vila de operários da Votoran -
empresa de cimentos da região). Seu pai era funcionário dessa fábrica e sempre
participava dos movimentos de operários por melhorias de condições de
trabalho, por isso desde criança estava inteirado as lutas dos trabalhadores por
seus direitos. Desde novo simpatizou com o MST.
Quando jovem participou de um grupo de estudo de secundaristas que
reunia estudantes das cidades da região, dentre as pautas eles lutavam por
Passe livre. Criaram o Movimento Sem Universidade (MSU), com o intuito de
montar cursinhos populares para os estudantes, em especial os secundaristas,
para os ajudarem no vestibular das Universidade federais. Esse grupo defendia
que assim como existe o latifúndio da terra também existia o latifúndio da
educação, por isso acreditavam na ação coletiva dos jovens lutavam para que o
máximo de jovens possível pudesse ter acesso ao ensino superior público.
Rodrigo falou um pouco sobre as mudanças nos movimentos estudantis
atualmente, ele afirmou que o movimento estudantil é diferente do tempo em que
ele era secundarista em vários aspectos. Uma das disparidades consiste na
questão das pautas indenitárias, que hoje expressam-se com muito mais força,
por exemplo, a luta das mulheres, dos negros, a questão do gênero, e diversas
outras. A maneira das pessoas se organizarem também se difere, antes
encontrava-se muitas barreiras na divulgação das ações, hoje em dia a
divulgação de ideias e dos encontros é feita pelas redes sociais com facilidade
e rapidez. Por fim, Rodrigo explicou que para o ativismo ser duradouro ele deve
ser filiado a um projeto político, não necessariamente partidário.

4. AVALIAÇÃO DO GRUPO

Compreendendo, a realização do trabalho de forma coletiva e a partir da


concepção de negação de valores individualistas, pautados no mérito, optamos
por fazer uma avaliação coletiva, de forma a expor as impressões de cada
membro, considerando a realidade concreta de todos os sujeitos que elaboram
este trabalho.
O grupo trabalhou em conjunto em todo o momento, planejamos um
mapeamento das atividades, consolidando um coletivo de tarefas práticas, que
envolveram os 13 membros e de forma secundária uma divisão teórica, com
debates e compartilhamento de sínteses de forma online. Dentro da realidade
concreta de cada discente, todas e todos contribuíram com leituras que
direcionaram está escrita e consequentemente a elaboração deste trabalho,
compartilhando, anotações, experiências vividas no decorrer dos encontros,
leituras anteriores. Realizamos todas as tarefas, seguindo o exemplo teórico
exposto, neste documento, ou seja, dialogando e trabalhando para cumprir com
os objetivos que foram estipulados.

CONCLUSÃO

O amor é uma tarefa do sujeito. É falso


dizer que o amor não espera
retribuições. O amor é uma
intercomunicação íntima de duas
consciências que se respeitam. Cada
um tem o outro como sujeito do seu
amor. Não se trata de apropriar-se do
outro.
(Paulo Freire)

O estudo e conhecimento sobre os movimentos sociais são de grande


importância para a nossa formação, pois esses movimentos são exemplos, que
nos ensinam a trabalhar em coletivos, a discutir situações opressoras do
cotidiano e a criar novas maneiras de reexistir dentro de uma sociedade
excludente. Segundo Gohn (2011):

As ações geradas pelos movimentos contribuem para organizar


conscientizar a sociedade, buscam uma democracia em torno da
sustentabilidade, lutam pelo reconhecimento das diversidades
culturais, pela justiça social, autonomia e inclusão social (Gohn, 2011,
p. 337).

Durante as apresentações observamos que todos esses pontos foram


evidenciados pelos Movimentos Sociais. Constatamos estamos diante de
Movimentos, que possuem, em seu cerne, luta, prática, teoria, ação, dialogo e
projeto político de sociedade, que visam a transformação estrutural da
sociedade, por mais que não tenham sido ditos com palavras, por meio do
estudo, compreendemos que o cerne dos Movimentos, está na transformação
da sociedade de forma integral. É sabido, que uma revolução se constitui no
decorrer de pequenas revoluções, desta forma, a práxis dos Movimentos, no
decorrer dos anos, possibilitou e possibilita, mudanças na sociedade pela união
das camadas marginalizadas.
Em síntese, os encontros trazem em sua essência o diálogo, a prática
em busca da libertação e um forte sentimento de amor pelo povo, por um projeto
político de sociedade. A epígrafe, acima exposta, mostra em linhas gerais como
o amor poder ser educativo, o amor como forma de humanização e ponto de
partida para a mudança, em Educação e Mudança (2011), Freire expõe que não
existe educação sem amor.

Ama-se na medida em que se busca comunicação, integração a partir


da comunicação com os demais. Não há educação sem amor. O amor
implica luta contra o egoísmo. Quem não é capaz de amar os seres
inacabados não pode educador. Não há educação imposta, como não
há amor imposto. Quem não ama não compreende o próximo, não o
respeita (FREIRE, 2011, p.36).

Deste modo, a libertação, o desvelamento das opressões, a


humanização dos seres humanos, se dá por meio de uma educação que se
constrói como base no diálogo, que viabiliza a comunicação/diálogo, entre os
seres e desta forma uma educação para a libertação, compreendendo o que
Freire coloca em Educação como Prática de Liberdade, a educação sozinha não
transforma a sociedade, mas sem ela tão pouco se transforma a sociedade.
Concluímos assim que participar dessa disciplina e ter a oportunidade
de conhecer alguns movimentos sociais, realizando uma ligação com as leituras
que foram propostas, resultou em uma experiência rica para a nossa formação.
Pois ficou muito claro que os movimentos sociais são ferramentas de luta e
resistência por direitos que deveriam estar garantido a qualquer membro da
sociedade, no entanto de frente a governos populistas e autoritários é mais que
necessário procurarmos movimentos que nos identificamos e travar lutas para
que todos os nossos direitos sejam garantidos e efetuados.
REFERÊNCIAS

ALONSO, Antônio. Das lutas pela terra, há 35 anos nascia o MST. Disponível
em: https://fpabramo.org.br/2019/01/21/das-lutas-pela-terra-ha-35-anos-nascia-
o-mst/. Acesso em: 29 de novembro de 2019.

FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 2ªed. São Paulo. Paz e Terra, 2011.

GONH, Maria Malta. Lutas sociais e educação. Cadernos de Pesquisa. São


Paulo, 1991.

JÚNIOR, Caio Prado. A questão agrária e a revolução brasileira. In. STEDILE


(org); ESTEVAM (assistente de pesquisa). A questão agrária no Brasil: o debate
tradicional – 1500-1960. 2. ed.-—São Paulo : Expressão Popular, 2011

OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino. Modo de Produção Capitalista, Agricultura e


Reforma Agrária. São Paulo: FFLCH, 2007

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