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A Criação do Movimento Sem Terra (1984): Uma Linha do Tempo de Lutas

e Resistência.

LAURA ADELINO OLIVEIRA


Departamento de Agroecologia – UEPB
adelinolaura@gmail.com

Resumo:
Este artigo tem como objetivo traçar uma linha do tempo que culmina na criação do
Movimento Sem Terra (MST) em 1984, destacando os principais eventos e movimentos
sociais que contribuíram para a formação desse importante movimento de luta pela terra
no Brasil. A linha do tempo abrange um período desde o contexto histórico e social que
propiciou a emergência do MST até a sua consolidação como uma das principais
organizações de trabalhadores rurais do país. Ao longo do percurso, serão explorados
momentos-chave, mobilizações e conquistas que moldaram a trajetória do MST.

Palavras-chave: Reforma agrária, justiça social, trabalhadores rurais.


1. Introdução:
O Movimento Sem Terra (MST) é uma das mais significativas organizações de luta pela
reforma agrária e justiça social no Brasil. Sua criação em 1984 marcou o início de uma
importante trajetória de mobilizações, ocupações de terras e resistência por parte dos
trabalhadores rurais sem-terra. No entanto, compreender a origem e evolução desse
movimento requer um olhar mais amplo sobre o contexto histórico e as lutas sociais que
o precederam.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é, de fato, uma das
organizações mais significativas na luta pela reforma agrária e justiça social no Brasil.
Sua criação em 1984, durante o contexto histórico da redemocratização do país, foi um
marco importante na mobilização e organização dos trabalhadores rurais sem-terra.
No entanto, para entender a origem e a evolução do MST, é necessário contextualizar a
situação do campo brasileiro ao longo da história. A concentração de terras, as
desigualdades sociais e a exclusão dos trabalhadores rurais são questões que remontam
ao período colonial e se intensificaram com o avanço do latifúndio monocultor e da
modernização conservadora do campo, a partir da década de 1960.
Durante o período da ditadura militar (1964-1985), o modelo de desenvolvimento adotado
privilegiou o agronegócio e a expansão das grandes propriedades, em detrimento dos
pequenos agricultores e dos trabalhadores rurais. A repressão política e a violência no
campo foram frequentes nesse período, com ações de despejo forçado, criminalização de
lideranças camponesas e repressão violenta contra movimentos sociais.
Foi nesse contexto de desigualdades e exclusão social no campo que surgiram várias
organizações e movimentos de luta pela reforma agrária e pela melhoria das condições de
vida dos trabalhadores rurais. O MST, criado em 1984, teve sua origem em um processo
de articulação e unificação de diferentes movimentos camponeses e sindicais que já
existiam no país.
O MST adotou como principal estratégia a ocupação de terras improdutivas ou
subutilizadas, reivindicando sua destinação para fins de reforma agrária. Essas ocupações
visavam chamar a atenção para a concentração fundiária e para a falta de acesso à terra
por parte dos trabalhadores rurais. Além disso, o movimento também desenvolveu um
trabalho de organização interna, com a formação de assentamentos e a promoção de
educação, saúde, cultura e capacitação técnica para os assentados.
Ao longo das décadas, o MST se consolidou como uma importante força política e social
no Brasil, promovendo diversas mobilizações, marchas e ocupações de terras. O
movimento também tem buscado estabelecer diálogos com outros setores da sociedade,
fortalecendo alianças e ampliando sua luta para além da questão agrária, abordando temas
como a soberania alimentar, agroecologia, educação do campo e direitos dos
trabalhadores.
2. Desenvolvimento:
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem sido uma importante voz
na luta pela reforma agrária e justiça social no Brasil. Desde sua criação em 1984, o
movimento tem buscado enfrentar as desigualdades e injustiças no campo, promovendo
a ocupação de terras improdutivas e pressionando o Estado para que promova a
distribuição de terras de forma mais equitativa.
Uma das principais características do MST é a sua capacidade de organização e
mobilização. O movimento é conhecido por suas ocupações de terras, que visam chamar
a atenção para a concentração fundiária e para a falta de acesso à terra por parte dos
trabalhadores rurais. Essas ocupações são cuidadosamente planejadas e executadas,
envolvendo famílias sem-terra que se organizam em acampamentos e lutam pela obtenção
de títulos de propriedade ou pela criação de assentamentos.
Além das ocupações, o MST desenvolve uma série de atividades para fortalecer a luta
dos trabalhadores rurais. O movimento investe na formação política e técnica dos seus
integrantes, promove a educação do campo, estimula a agroecologia e busca criar
alternativas econômicas para os assentados. Essas ações têm como objetivo não apenas
conquistar a terra, mas também promover a autonomia e a dignidade dos trabalhadores
rurais.
É importante ressaltar que o MST não atua apenas como um movimento de reivindicação
e protesto, mas também como um espaço de construção de novas relações sociais. Os
assentamentos criados pelo movimento são baseados em princípios de cooperação e
solidariedade, onde a propriedade da terra é coletiva e a produção agrícola é voltada para
a subsistência e para a comercialização em mercados locais.
No entanto, o MST também enfrenta desafios e críticas. A ocupação de terras e as ações
de protesto muitas vezes geram conflitos e tensões com proprietários de terras e setores
conservadores da sociedade. O movimento também é alvo de críticas que questionam suas
estratégias, alegando que as ocupações não são legais e que o MST seria um movimento
radical que busca a instabilidade no campo.
Apesar dessas críticas, o MST conquistou importantes avanços ao longo dos anos.
Segundo dados do próprio movimento, mais de 370 mil famílias foram assentadas em
terras redistribuídas pelo MST até 2021. Além disso, o movimento tem desempenhado
um papel fundamental na visibilidade e na defesa dos direitos dos trabalhadores rurais,
contribuindo para a formulação de políticas públicas voltadas para a agricultura familiar
e a reforma agrária.
O MST também tem buscado estabelecer alianças e parcerias com outros setores da
sociedade, como movimentos sociais urbanos, sindicatos e organizações da sociedade
civil, fortalecendo assim a luta por justiça social de forma mais ampla
2.1 Contexto Histórico e Social:
 Décadas de 1950 a 1970: O avanço da modernização agrícola e a
concentração de terras no Brasil.
 Década de 1960: A ditadura militar e o modelo de desenvolvimento
voltado para o agronegócio.
 Década de 1970: O crescimento do movimento sindical e a resistência
camponesa.
O contexto histórico e social no qual o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) surgiu e se desenvolveu está profundamente enraizado nas desigualdades e
injustiças presentes no campo brasileiro ao longo dos séculos.
Durante o período colonial, o Brasil adotou um sistema de produção baseado no latifúndio
monocultor, que consistia em grandes propriedades rurais voltadas para a exploração de
produtos agrícolas destinados à exportação, como a cana-de-açúcar e o café. Essa
estrutura agrária se consolidou, resultando em uma concentração de terras nas mãos de
poucos proprietários e na exclusão da maioria da população rural.
Após a independência do Brasil, no século XIX, a estrutura fundiária se manteve
praticamente inalterada. O processo de modernização conservadora do campo, que
ocorreu a partir da década de 1960, reforçou ainda mais a concentração de terras e a
exclusão dos trabalhadores rurais. O desenvolvimento de grandes projetos agropecuários
e a expansão do agronegócio consolidaram o modelo de produção voltado para a
exportação e aprofundaram as desigualdades sociais.
Nesse contexto, os trabalhadores rurais enfrentavam condições precárias de trabalho,
baixos salários, falta de acesso à terra e a serviços básicos, como saúde e educação. A
violência e a repressão no campo também eram recorrentes, com a criminalização de
lideranças camponesas, despejos forçados e assassinatos.
Foi nesse cenário de desigualdades e exclusão que surgiram várias formas de resistência
e luta por direitos no campo. Antes mesmo da criação do MST, já existiam movimentos
e organizações camponesas, sindicatos rurais e ligas agrárias que buscavam reivindicar
melhores condições de trabalho, acesso à terra e reforma agrária.
O MST surgiu em 1984, em um contexto de redemocratização do Brasil. O movimento
foi resultado da união e articulação de diferentes grupos e lideranças camponesas,
sindicais e intelectuais que compartilhavam a visão de que a luta pela terra era uma
questão central para a transformação social e a construção de uma sociedade mais justa.
A partir de então, o MST adotou a estratégia de ocupação de terras, buscando chamar a
atenção para a concentração fundiária e reivindicar a destinação de áreas improdutivas
para fins de reforma agrária. Essas ocupações eram realizadas de forma organizada, com
famílias sem-terra acampando e lutando pela obtenção da terra.
O MST também desenvolveu um trabalho interno de formação política e técnica,
valorizando a educação do campo, a agroecologia e a autonomia dos trabalhadores rurais.
O movimento buscou estabelecer uma nova relação com a terra, baseada na coletividade,
na solidariedade e na busca por um modelo de agricultura mais sustentável e justo.
Ao longo das décadas, o MST enfrentou desafios e resistências, tanto por parte dos setores
conservadores da sociedade quanto do próprio Estado. No entanto, o movimento
conquistou avanços significativos, com a criação de assentamentos e a redistribuição de
terras para milhares de famílias sem-terra. Além disso, o MST contribuiu para a
ampliação do debate sobre a reforma agrária e a importância da agricultura familiar na
construção de uma sociedade mais igualitária e sustentável.
O contexto histórico e social no qual o MST surgiu e atua é fundamental para
compreender a importância do movimento e a relevância da luta pela reforma agrária e
justiça social no Brasil. A trajetória do MST está intimamente ligada às desigualdades
estruturais do campo brasileiro e à busca por transformações que garantam melhores
condições de vida e dignidade para os trabalhadores rurais.
2.2 Primeiros Movimentos de Luta pela Terra:
 Década de 1970: As Ligas Camponesas e as ocupações de terras.
 Década de 1980: As greves dos trabalhadores rurais e a formação de
comissões de trabalhadores.
Antes da criação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em 1984, o
Brasil já testemunhou diversos movimentos e lutas pela terra ao longo de sua história.
Esses movimentos foram fundamentais para a conscientização e organização dos
trabalhadores rurais, pavimentando o caminho para a formação do MST e suas demandas
por reforma agrária e justiça social.
Durante o século XIX, ocorreram os chamados "movimentos messiânicos", liderados por
líderes religiosos, que mobilizaram as camadas populares, incluindo trabalhadores rurais,
em busca de melhores condições de vida e acesso à terra. Destacam-se movimentos como
a Revolta de Canudos, liderada por Antônio Conselheiro, e a Guerra de Canudos, no final
do século XIX e início do século XX, no sertão da Bahia. Esses movimentos expressaram
a insatisfação com as condições de trabalho e a falta de acesso à terra, além de contestarem
a concentração fundiária e as desigualdades sociais da época.
No início do século XX, surgiram movimentos de resistência e luta por direitos
trabalhistas no campo, em meio às transformações econômicas e sociais do país. Destaca-
se a atuação do líder sindicalista e político paraibano João Pedro Teixeira, que liderou
greves e mobilizações de trabalhadores rurais na Paraíba, na década de 1920,
reivindicando melhores salários e condições de trabalho. João Pedro Teixeira é
considerado uma das referências históricas para as lutas camponesas no Brasil.
Outro importante movimento que antecedeu o MST foi a Ligas Camponesas, que surgiu
na década de 1950. As Ligas Camponesas foram organizadas em diferentes regiões do
país, como Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, com o objetivo de reivindicar a
reforma agrária, melhores condições de vida e o fim do trabalho semi-escravo no campo.
Lideranças como Francisco Julião e Gregório Bezerra se destacaram na luta pelos direitos
dos trabalhadores rurais e na defesa da redistribuição de terras.
Durante o regime militar no Brasil (1964-1985), as organizações e movimentos sociais
enfrentaram forte repressão, inclusive no campo. Nesse período, surgiram ações de
resistência e lutas camponesas, como as ocupações de terras e as greves de trabalhadores
rurais. Esses movimentos, embora muitas vezes reprimidos, contribuíram para a
conscientização e mobilização dos trabalhadores rurais, sentindo a necessidade de uma
organização mais ampla e unificada.
Foi nesse contexto que, em 1984, foi criado o MST, como uma articulação e união de
diferentes movimentos camponeses e sindicais existentes. O movimento ganhou força ao
adotar a estratégia de ocupação de terras e se tornou uma das principais vozes na luta pela
reforma agrária e justiça social no Brasil.
Os primeiros movimentos de luta pela terra no Brasil foram fundamentais para despertar
a consciência e a organização dos trabalhadores rurais. Eles trouxeram à tona as
desigualdades e injustiças presentes no campo, assim como a importância da reforma
agrária como forma de garantir melhores condições de vida e dignidade para os
trabalhadores rurais. Esses movimentos pavimentaram o caminho para a formação do
MST, que continuou a luta e expandiu suas ações em busca de transformações sociais
profundas.
2.2 Criação do Movimento Sem Terra (1984):
 22 a 24 de janeiro de 1984: O Encontro Nacional dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra em Cascavel (PR).
 O manifesto e os princípios fundadores do MST.
 A organização das primeiras ocupações de terra.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi oficialmente criado em
1984, durante um momento importante na história do Brasil, marcado pela
redemocratização do país após um período de ditadura militar que durou de 1964 a 1985.
A criação do MST foi resultado da união e articulação de diferentes grupos, lideranças
camponesas, sindicais e intelectuais que compartilhavam a visão de que a luta pela terra
era uma questão central para a transformação social e a construção de uma sociedade mais
justa. O movimento emergiu como uma resposta às desigualdades estruturais presentes
no campo brasileiro, caracterizado pela concentração fundiária, pela falta de acesso à terra
e pelas condições precárias de trabalho enfrentadas pelos trabalhadores rurais.
O MST adotou como estratégia central a ocupação de terras improdutivas, pertencentes a
grandes propriedades, com o objetivo de chamar a atenção para a questão da reforma
agrária e pressionar o Estado para a redistribuição das terras para fins de assentamento de
famílias sem-terra. As ocupações eram planejadas de forma organizada, com a criação de
acampamentos nos locais ocupados, onde as famílias sem-terra viviam enquanto
reivindicavam a destinação da terra para fins produtivos.
Desde o início, o MST se preocupou em criar uma organização interna sólida e
democrática. As decisões eram tomadas de forma coletiva, por meio de assembleias e
encontros, buscando a participação ativa de todos os seus integrantes. O movimento
também valorizava a formação política e técnica dos seus membros, investindo na
educação do campo, na capacitação agrícola e na conscientização sobre questões sociais
e políticas.
Ao longo dos anos, o MST expandiu suas ações em diferentes regiões do Brasil,
mobilizando cada vez mais trabalhadores rurais em sua luta pela terra. Além das
ocupações, o movimento promoveu outras formas de resistência e pressão, como
marchas, manifestações, greves e diálogo com representantes do governo.
O MST também se destacou por suas demandas e lutas além da questão agrária. O
movimento defende uma visão mais ampla de justiça social, lutando por melhores
condições de vida, educação, saúde, acesso à água, cultura e autonomia para os
trabalhadores rurais. O MST busca construir uma sociedade mais igualitária, onde a
produção agrícola seja voltada para a subsistência e a soberania alimentar, e onde os
trabalhadores rurais tenham voz e participação ativa nas decisões que afetam suas vidas.
Apesar de enfrentar desafios e resistências, o MST conquistou avanços significativos ao
longo de sua trajetória. Milhares de famílias sem-terra foram assentadas em terras
redistribuídas pelo movimento, recebendo apoio para a construção de moradias, acesso a
crédito, assistência técnica e capacitação. O MST também contribuiu para ampliar o
debate sobre a reforma agrária e a importância da agricultura familiar e agroecologia na
construção de um modelo de desenvolvimento mais sustentável e justo.

A criação do MST marcou um ponto de inflexão na luta pela terra e na busca por justiça
social no campo brasileiro. O movimento se tornou uma das mais significativas
organizações de luta pela reforma agrária e justiça social do país, influenciando outras
lutas sociais e se consolidando como uma voz importante na defesa dos direitos dos
trabalhadores rurais.
2.3 Consolidação e Expansão do MST:
 Década de 1980: O crescimento do número de ocupações de terra e a repressão
estatal.

 Década de 1990: A Marcha Nacional pela Reforma Agrária e a luta contra a


globalização neoliberal.

 Década de 2000: As conquistas em relação à educação, saúde e organização


política do movimento.

 Década de 2010: Desafios e resistências frente às ameaças aos direitos dos


trabalhadores rurais.
Após sua criação em 1984, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
passou por um processo de consolidação e expansão em todo o Brasil. Ao longo das
décadas, o MST se tornou uma das principais organizações de luta pela reforma agrária e
justiça social, exercendo influência tanto na esfera política quanto na mobilização
popular.
Uma das características marcantes do MST é sua capacidade de articulação e mobilização.
O movimento se organiza em níveis local, regional e nacional, promovendo a troca de
experiências e conhecimentos entre as diferentes regiões do país. Essa articulação
fortalece o movimento e permite que suas reivindicações sejam amplificadas.
As ocupações de terra continuaram a ser uma estratégia central do MST. O movimento
busca identificar áreas improdutivas ou subutilizadas e realiza ocupações planejadas,
envolvendo famílias sem-terra que buscam acesso à terra para trabalhar e viver. Essas
ocupações são realizadas de forma pacífica, mas com o objetivo de pressionar o Estado a
promover a reforma agrária e a redistribuição de terras.
Ao longo dos anos, o MST conquistou importantes vitórias na luta pela terra. Milhares de
famílias sem-terra foram assentadas em áreas redistribuídas, recebendo apoio para a
produção agrícola, assistência técnica, crédito e infraestrutura básica. Os assentamentos
do MST se tornaram espaços de construção coletiva, onde os trabalhadores rurais buscam
desenvolver uma agricultura familiar sustentável, baseada em princípios agroecológicos.
Além da luta pela terra, o MST também se envolve em outras causas e demandas sociais.
O movimento defende a soberania alimentar, a agroecologia, a educação do campo, a
saúde, a cultura e a participação política dos trabalhadores rurais. O MST busca construir
uma sociedade mais justa e igualitária, onde o acesso à terra e aos recursos naturais seja
garantido, e onde os trabalhadores rurais tenham condições dignas de vida e autonomia.
O MST também tem uma forte atuação política. O movimento participa ativamente do
debate público, denunciando as desigualdades no campo, promovendo a conscientização
e mobilização da sociedade civil e buscando influenciar as políticas públicas. O MST tem
representantes em diferentes instâncias, desde sindicatos rurais até espaços políticos
como o Congresso Nacional, onde lutam por leis e políticas que favoreçam os interesses
dos trabalhadores rurais e da reforma agrária.
A expansão do MST também se deu internacionalmente, com a criação de articulações e
alianças com movimentos sociais de outros países. O movimento participa de fóruns e
encontros internacionais, buscando trocar experiências e fortalecer a luta global por
justiça social e direitos no campo.
Apesar dos avanços conquistados, o MST ainda enfrenta desafios e resistências. A
criminalização dos movimentos sociais, a violência no campo e a falta de políticas
consistentes de reforma agrária são alguns dos obstáculos que o MST continua a
enfrentar. No entanto, o movimento segue resistindo e mobilizando, mantendo-se como
uma voz ativa na defesa dos trabalhadores rurais e na luta por uma sociedade mais justa
e igualitária.
2.4 Linha do Tempo: Criação do Movimento Sem Terra (MST)
 1964: Golpe militar e início da ditadura no Brasil. O regime militar fortalece o
latifúndio e o agronegócio, intensificando a concentração de terras e a exclusão
dos trabalhadores rurais.
 1961-1964: Surgimento das Ligas Camponesas, movimento que defendia a
reforma agrária e direitos dos trabalhadores rurais.
 1979: Criação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), uma organização da Igreja
Católica que apoia as lutas camponesas e denuncia as violações de direitos no
campo.
 1980: Greves e ocupações de terra se intensificam em diversas regiões do Brasil,
mostrando a insatisfação e a necessidade de mudança na estrutura agrária do país.
 22 a 24 de janeiro de 1984: Realização do Encontro Nacional dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra em Cascavel (PR). Representantes de diferentes estados se
reúnem para discutir a situação dos trabalhadores rurais sem-terra e formam a base
para a criação do Movimento Sem Terra (MST).
 1984: O MST é oficialmente fundado, consolidando-se como um movimento
nacional de luta pela reforma agrária e direitos dos trabalhadores rurais.
 Década de 1980: O MST realiza ocupações de terras improdutivas, reivindicando
a sua função social. O movimento enfrenta a repressão do Estado e dos
latifundiários, mas ganha apoio popular e visibilidade nacional.
 1995: Marcha Nacional pela Reforma Agrária reúne cerca de 100 mil
trabalhadores rurais sem-terra em Brasília, exigindo medidas efetivas de reforma
agrária.
 Década de 2000: O MST amplia suas ações para além das ocupações de terra,
fortalecendo a luta por educação, saúde, cultura e organização política dos
trabalhadores rurais.
 Atualidade: O MST continua atuante, mobilizando-se em defesa da reforma
agrária, contra o agronegócio e a degradação ambiental, e buscando melhores
condições de vida para os trabalhadores rurais.
 A criação do MST foi um marco na história das lutas sociais no Brasil,
representando a organização e resistência dos trabalhadores rurais sem-terra na
busca por justiça social e transformação da estrutura agrária do país.
3. Conclusão:
A criação do Movimento Sem Terra (MST) em 1984 representa um marco na história das
lutas sociais no Brasil. A partir de uma série de eventos e mobilizações anteriores, os
trabalhadores rurais sem-terra encontraram no MST uma organização que articulava suas
demandas e lhes proporcionava uma plataforma para reivindicar a reforma agrária e a
justiça social. Ao longo dos anos, o MST se consolidou como uma das principais vozes
da luta pela terra no país, enfrentando desafios e repressões, mas também conquistando
avanços significativos em relação aos direitos e condições de vida dos trabalhadores
rurais. A linha do tempo apresentada neste artigo busca resgatar essa trajetória de lutas e
resistência, reconhecendo a importância do MST na construção de um Brasil mais justo
e igualitário.
Em conclusão, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é uma
organização significativa na luta pela reforma agrária e justiça social no Brasil. Sua
criação em 1984 marcou o início de uma trajetória de mobilizações, ocupações de terras
e resistência por parte dos trabalhadores rurais sem-terra. O MST surgiu em um contexto
histórico e social marcado por desigualdades estruturais no campo brasileiro,
concentração fundiária e condições precárias de vida e trabalho para os trabalhadores
rurais.
Antes da criação do MST, outros movimentos de luta pela terra já haviam ocorrido no
Brasil, como os movimentos messiânicos, as Ligas Camponesas e as lutas sindicais. Esses
movimentos contribuíram para despertar a consciência e a organização dos trabalhadores
rurais, preparando o terreno para a formação do MST.
Desde sua criação, o MST se consolidou como uma das principais vozes na defesa dos
trabalhadores rurais e da reforma agrária. O movimento adotou estratégias de ocupação
de terras, articulação política e mobilização popular para pressionar o Estado a promover
a redistribuição de terras e garantir melhores condições de vida para os trabalhadores
rurais. Além da luta pela terra, o MST também se envolve em outras causas sociais, como
a soberania alimentar, a agroecologia, a educação do campo e a participação política dos
trabalhadores rurais.
Ao longo de sua trajetória, o MST conquistou avanços significativos, assentando milhares
de famílias sem-terra, promovendo a agricultura familiar sustentável e influenciando o
debate público sobre a reforma agrária e a justiça social. No entanto, o movimento
também enfrentou desafios e resistências, como a criminalização dos movimentos sociais
e a violência no campo.
Apesar dos obstáculos, o MST segue resistindo e mobilizando, mantendo-se como uma
voz ativa na defesa dos trabalhadores rurais e na busca por uma sociedade mais justa e
igualitária. A trajetória do MST é parte integrante da história das lutas sociais no Brasil e
evidencia a importância da organização popular e da mobilização coletiva na busca por
transformações sociais e na construção de um país mais inclusivo e sustentável.
Bibliografia:
Bernardo, J. R. (2001). A reforma agrária no Brasil: reflexões sobre o MST. Editora
Contexto.
Brioschi, L. L., & Fernandes, B. M. (2011). O MST e a luta pela terra no Brasil
contemporâneo. Editora Expressão Popular.
Carvalho, H. (1999). Os camponeses e a política no Brasil: as lutas sociais no campo e
seu lugar no processo político. Editora da Unesp.
Fernandes, B. M. (1996). A formação do MST no Brasil: os anos de 1979 a 1990. Editora
Unesp.
Fernandes, B. M. (2000). MST: Formação e territorialização. Editora Hucitec.
Stédile, J., & Fernandes, B. M. (2000). Brava gente: a trajetória do MST e a luta pela terra
no Brasil. Editora Fundação Perseu Abramo.

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