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INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PARAÍBA
1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
2 COMEÇANDO A HISTÓRIA
Inicialmente, gostaríamos de ressaltar que as tradições de estudos da lingua-
gem não seguiram necessariamente uma sequência cronológica, como se uma
abordagem substituísse a outra. Na realidade, foram estudos independentes,
cada um de acordo com a cultura e com os modos de pensar da época. A sua
sequenciação é dada apenas para entendermos de uma forma mais elucidativa as
contribuições desses estudos para a compreensão humana da linguagem.
Além disso, vale ressaltar que nem sempre as reflexões sobre a linguagem
ou mesmo sobre sua origem tiveram um caráter científico. Mitos e lendas foram
criados em diversas culturas e faziam parte do conhecimento popular.
3 TECENDO CONHECIMENTO
Havia os “analogistas” que sustentavam que a linguagem
é um sistema corrente governado por leis e indicando
tais categorias por tais formas. Em oposição a eles, os
“anomalistas” eram de opinião que a linguagem não
possui regularidades e está dominada pela arbitrariedade
(CÂMARA Jr.,1975, p.26).
A escola filosófica dos estóicos foi uma das mais importantes na Grécia
antiga. Grande parte de seus representantes eram anomalistas. Voltaram-se
para estudos epistemológicos e retóricos da língua. Os filósofos estóicos passam
então a analisar o enunciado significativo, a combinação de uma palavra com
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UNIDADE 01 AULA 01
De base filológica, tinham como objetivo o estudo dos textos dos antigos
poetas. A ideia era a de encontrar o “texto original”. A escolha da língua literária
como objeto de análise e descrição não era casual, acreditava-se ser ela a forma
mais pura e correta da língua, inclusive modelo a ser seguido.
Nesse contexto, destacaram-se Varrão (séc. II d. C.), cuja obra Da língua latina
apresentava forte influência dos estóicos gregos, Quintiliano (séc. I d. C.) e
Donato (séc. IV d.C.). Uma observação interessante sobre a educação romana,
nesse período, é a de que esta tinha como função a formação de oradores. As
crianças, depois de serem alfabetizadas, estudavam a gramática para analisar
2 Segundo Barbara Weedwood (2002), essa gramática era desconhecida no Ocidente. Somente a
partir de sua edição impressa em 1727, ela passou a fazer parte da tradição gramatical ocidental.
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INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA - Breve percurso dos estudos da linguagem
Entretanto, do contato com outras línguas entre os séculos XVI e XVII, por
conta das viagens de descobrimento, novos desafios foram impostos aos
europeus, como bem observa Weedwood,
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INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA - Breve percurso dos estudos da linguagem
Figura 3:
William Jones
O século XIX caracterizou-se pelos (1746-1794).
Gravura feita por
estudos comparatistas e históricos da J.Pofselwhite em
1800.
língua. O inglês William Jones (1786),
ao verificar a semelhança entre as raízes
verbais e as formas gramaticais do
sânscrito com o latim e o grego, lançou a
tese de que estas línguas teriam derivado
de uma fonte comum que já não existia.
EXERCITANDO
Vamos refletir:
EXERCITANDO
Vamos ver se você agora diferencia os estudos comparados dos estudos
históricos, apresentado essa diferença com suas palavras.
4 Faraco (2004) observa que a Linguística como ciência teve seu início com o trabalho de William Jones
(1786), enquanto a Linguística moderna foi fundada no século XX com a publicação da obra póstuma
de F. Saussure Curso de Linguística Geral.
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UNIDADE 01 AULA 01
Figura 5
5 TROCANDO EM MIÚDOS
Nesta aula fizemos uma retomada dos mais importantes estudos realizados
anteriores à publicação do Curso de Linguística Geral e de suas contribuições
para o delineamento da linguística como uma ciência autônoma. Vimos que os
gregos discutiam se a língua tinha sua origem na natureza ou era produto de
uma convenção.
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INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA - Breve percurso dos estudos da linguagem
Essa discussão evolui para o embate entre analogistas e anomalistas, mas não
chegou a ser resolvido por aqueles estudiosos. Além disso, o objetivo de estudo
daqueles era o de estabelecer a língua dos clássicos e mantê-la como modelo
de superioridade em relação às outras línguas, afinal, consideravam-na superior
à língua de outros povos e culturas. O objetivo dos estudos da linguagem em
Roma também era o de manter o latim como língua dominante sobre os povos
conquistados, por isso a proliferação de gramáticas de caráter didático. Os
textos bíblicos e clássicos eram o objeto de descrição em detrimento da língua
falada pelo povo.
No século XVII, com o declínio do latim, cresce a atenção em torno das lín-
guas faladas por outros povos, mas é no século XIX que esse interesse se es-
tabelece mais efetivamente. A descoberta do sânscrito e de sua semelhança
com outras línguas foi decisiva para o desenvolvimento dos estudos histórico-
-comparativos. Prevalecia a ideia de imanência da língua. Até então, os estudos
realizados eram motivados por aspectos externos à própria língua.
6 AUTOAVALIANDO
Considera-se que, do séc. V a.C ao séc. XIX d.C., os estudos sobre a linguagem
passaram por três fases: filosófica, filológica e histórico-comparativa. A partir das
leituras realizadas por você, tente descrever, em linhas gerais, essas três fases.
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INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA - Breve percurso dos estudos da linguagem
REFERÊNCIAS
MATTOSO CÂMARA JR., J. História da Linguística. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1975.