Você está na página 1de 4

Disciplina:

Docente:

Discente:

INDAGAÇÕES SOBRE CURRÍCULO: DIVERSIDADE E CURRÍCULO 1

Welinton Manoel Gonçalves Ribeiro2

Nilma Lino Gomes é graduada em Pedagogia e mestra em Educação pela


UFMG, além de doutora em Antropologia Social pela USP. Professora da Faculdade de
Educação da UFMG e integrante da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros –
ABPN. Foi também membro do Conselho Nacional de Educação no período 2010-2014,
designada para a Câmara de Educação Básica. Em 2013 e 2014 foi reitora da
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira – UNILAB –,
tornando-se a primeira mulher negra a ocupar o cargo mais importante de uma
universidade federal no Brasil. Em janeiro de 2015 foi Ministra-chefe da Secretaria de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República – SEPPIR/PR –
que, em decorrência da reforma administrativa de setembro daquele ano, foi
incorporada ao recém-criado Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos
Humanos e possui como áreas de investigação: diversidade, cultura e educação, relações
étnico-raciais e educação, formação de professores e diversidade étnico-racial, políticas
educacionais, desigualdades sociais e raciais, movimentos sociais e educação, com
ênfase especial na atuação do movimento negro brasileiro.

No capítulo intitulado “Diversidade e Currículo” da obra: Indagações sobre


currículo: diversidade e currículo, ambas da autora Nilma Lino Gomes, traz a reflexão
o como é visto e contemplado a diversidade dentro de um currículo escolar das mais
diferentes etapas de formação básica. Porém ela não se limita aos questionamentos
apenas neste âmbito, pois propõe pensarmos esta concepção para o âmbito social como
um todo, que muitas das vezes é influenciado negativamente por uma visão
1
Resenha livre do capítulo: Diversidade e Currículo da obra de: GOMES, Nilma Lino. Indagações sobre
currículo: diversidade e currículo / [Nilma Lino Gomes]; organização do documento Jeanete Beauchamp,
Sandra Denise Pagel, Aricélia Ribeiro do Nascimento. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Básica, 2007.

2
Pedagogo e pós graduando em Currículo em Educação Básica pela Universidade Federal do Pará –
UFPA/ Campus Guamá.
etnocêntrica como a autora classifica. Ela também propõe repensarmos enquanto
educadores e educadoras como compreendemos o conceito de diversidade, bem como
os currículos apresentam este tema.

Para uma análise mais profunda a autora subdivide este capítulo em tópicos,
intitulados: Algumas considerações sobre a diversidade biológica ou biodiversidade; A
diversidade cultural: algumas reflexões; A luta política pelo direito à diversidade; Que
indagações a diversidade traz aos currículos?; Alguns aspectos específicos do currículo
indagados pela diversidade; Concluindo.

No tópico “Algumas considerações sobre a diversidade biológica ou


biodiversidade”, ela aponta a diversidade existente entre seres humanos e ecossistema,
chamada de biodiversidade. Ela enfatiza que a natureza possui uma infinidade de seres
vivos diferentes, porém no decorrer da história no que tange aos seres humanos a visão
de inferioridade e superioridade levou ao aparecimento de preconceitos e
discriminações.

Ela também assinala que os problemas ambientais não são fatores externo, mas
internos que afetam a todos nós, nos instigando a pensarmos sobre a visão de avanço
social e tecnológico atualmente, que vai em sentido oposto a preservação, que os povos
tradicionais, indígenas, quilombolas e camponeses praticam, e com seus conhecimentos
tradicionais, não reconhecidos por vezes no currículo, trazem um modo de conviver
com a natureza de forma mais respeitosa.

No tópico “A diversidade cultural: algumas reflexões”, a autora trata sobre


identidade tanto pessoal quanto social, cuja esta vem a ser construída da relação consigo
e com os outros, a partir de um contexto social, histórico, político e cultural nos
diferentes contextos. Porém ressalta que estamos emergidos em uma sociedade marcada
pelo processo de colonização e dominação que reflete nas desigualdades sociais.

Ela também dialoga no sentido de que o currículo não está simplesmente para
transmissão de conteúdo, mas para discutir as relações sociais, políticas e histórica em
que os sujeitos estão inseridos. Neste sentido, a autora reforçar que enquanto educadores
é importante nos questionarmos quais conhecimentos estão sendo priorizados na escola
e que história o currículo tem nos contado, nos propondo práticas pedagógicas que
evidencie a diversidade cultural.
No tópico “A luta política pelo direito à diversidade”, a autora destaca que em
uma sociedade em que possui forte influência da colonização, falar sobre diversidade é
estar em oposto a este sistema. É entender a importância da inserção da diversidade nos
currículos, planos de aula e etc. para superar a visão romântica de diversidade que se
tem.

Ela também destaca a luta dos movimentos sociais pela diversidade no currículo
que galgam cada vez mais espaço e voz e que o coletivo de profissionais da educação
que erguem em prol dessa luta, são pessoas que vieram desses movimentos e trazem
consigo a marcas da identidade e diferenças.

No tópico “Que indagações a diversidade traz aos currículos?” a autora nos situa
em que posição se encontra a diversidade dentro de um currículo, cuja diversidade
cultural não deve ser vista com um tema transversal ou em uma disciplina, mas como
um eixo integrador no currículo.

Ela ainda retoma a visão fixa posta da Lei 5692/71 da educação voltada para o
mercado de trabalho em que a “parte diversificada” como ela ressalta, não encontra-se
como integrante do eixo central. E ainda acrescenta que a diversidade no currículo não
deve ser vista como modismo, mas como um direito a todos e não somente aqueles
considerados diferentes.

No tópico “Alguns aspectos específicos do currículo indagados pela


diversidade”, a autora pontua alguns aspectos como a diversidade e conhecimento, em
que estas discussões sobre a diversidade presente no diferentes saberes não tendo um
lugar no currículo não são contabilizados. Neste sentido, ela fala da luta “travada em
torno da educação do campo, indígena, do negro, das comunidades remanescentes de
quilombos, das pessoas com deficiência” (p. 32) que através dos movimentos sociais
dão novas formas as propostas curriculares e assim por diante.

Um segundo aspecto que a autora ressalta é a diversidade e a ética ressalta o


sujeito como sociais e de direitos e se de fato estão sendo vistos assim nos currículos.
Neste sentido, ela reforça que um caminho para se pensar propostas curriculares que
contemplem da infância aos adultos é ter o sujeito como foco e não os conteúdos.

Por conseguinte, ela discuti a inserção das pessoas com deficiência como estes
sujeitos de direitos, além de uma reeducação no olhar, em que não basta apenas incluir
este público, é necessário uma mudança nesse acolhimento para que a educação
inclusiva seja efetivada. Também neste bojo, encontrasse a educação dos negros que
permeia a todos nós brasileiros pela sua construção histórica, social e política, em que o
movimento negro vem reivindicando e construindo conhecimentos para serem
introduzidos nos currículos e muitos avanços são encontrados como a lei 10.639/03
assim como os Movimentos do Campo que vem aos poucos se reafirmando na luta da
educação e dessa inserção no currículo com avanços, como a Resolução CNE/CEB
n.01, de 03 de abril de 2002.

No aspecto diversidade e organização dos tempos e espaços escolares a autora


discuti a questão do tempo linear que permeia a educação, em que sujeitos com
vivências diferentes tem que se adaptar levando muitos ao abandono. Ela aborda
também a questão do espaço escolar nos propondo refletir se esta estrutura exprime
nossa liberdade ou nos molda e se além disso, nos faz refletir enquanto sujeitos sociais.
Neste viés, o método avaliativo também é questionado se pode ser um processo de
construção de conhecimento e não de “medir desempenho” como ela ressalta.

Por fim, a autora conclui no final de seu texto que a diversidade é um campo que
vai de encontro a construção social, cultural e política dominadoras que vem se
perpetuando há décadas. Nele a construção de identidades, igualdades e lutas sociais se
fazem presentes que vem a questionar esta construção de currículo estática por muito
tempo e que a luta pelo direito a educação e da diferença existe e continua se
fortalecendo.

Consideramos assim que este texto se configura em um importante instrumento


de formação aos docentes sobre a relações sociais e diversidade que se constituem
nossas realidades em sala de aula, que por vezes, nos questionamos, mas não sabemos o
como lhe dar com elas.

Você também pode gostar