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Resumo. Este artigo consiste numa reflexão sobre os usos dos conceitos de Identidade e Etnias
Negras e das aquisições obtidas no redimensionamento destes conceitos. Enfoca os
trabalhadores negros em educação da cidade de João Pessoa na Paraíba. Articula as culturas na
definição das especificidades regionais e na experiência dos atores em contraposição parcial com
as culturas oficiais.
Texto apresentado no XX Encontro Anual da ANPOCS-GT19 - Relações Raciais e Etnicidade -
Caxambú (MG) - 22 a 26 de outubro 1996
1. INTRODUÇÃO
Faz-se necessário para entendimento deste artigo da proposta sobre a qual é baseada esta
pesquisa na existência de uma elaboração diferenciada do pensar a educação a partir da
experiência nossa dos afrodescendentes.
Uma das temáticas presentes nos estudos gerais sobre a educação é a questão da
identidade(Oliveira,94).Esta preocupação é reafirmada nos trabalhos sobre os afrodescendentes e
educação, entretanto, dando respostas a questionamentos diferentes, vindos das imposições da
sociedade dominante de percepção eurocêntricas ou da centralidade branca-brasileira..Existe na
Sociedade brasileira um questionamento persistente(e por vezes preconceituosa) sobre a natureza
do que é ser negro, não existindo o equivalente sobre o significado ou definições sobre o que é
ser branco. As identidades brancas não são seguidamente questionados pelas ciências.São tidas
como conhecidas e servem nos inconscientes coletivos dos pensadores nacionais como
referencial de base para outras identidades.
Para explicação das identidades negras fazemos apelo a categoria de etnia elaborando
uma conceituação provisória de Etnia Afrodescendente baseados nas exposições de Anselle-85 e
Diop.
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da cultura, que dado os mecanismo de dominação reduzem a cultura a sua representação oficial.
Ademais, os trabalhadores de educação tem uma parcela significativa de sua experiência
profissional baseada nas experiências educativas pessoais na condição de educandos, cuja o
aprendizado maior é a reprodução da cultura oficial, e das construções dos racismos brasileiros.
Este artigo tem como enfoque principal discutir as construções de identidades possíveis
dos trabalhadores de educação de João Pessoa.Elabora uma alternativa provisória aos conceitos
usuais das construções de identidades baseados apenas nas percepções dos trabalhadores da
educação como reprodutores do status dominante, ou como processo único de submissão.As
identidades não são vistas como totalmente homogêneas e nem imutáveis.As identidades se
transformam no cotidiano e nas relações sociais diversas.
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2- EDUCAÇÃO
Acreditamos que o saber que interessa a educação é aquele que possa produzir
transformações das relações sociais.Estes saberes não se dão unicamente nos processos
produzidos dos trabalhos da educação formal,mas, nas diversas relações sociais.
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Contraposta a nossa postura idealista e certa proporção utópica, a educação de diversas
maneiras articula reproduções sociais nada transformadoras.Antagônimos de posturas
conservadoras e motivadoras das mudanças sociais manifestam de maneiras diversas,por vez
contraditórias no conjunto dos trabalhadores da educação,indicam percepções diversas do
processo educativo e de alto definição profissional.
3- IDENTIDADES NEGRAS
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significamente as percepções na mesma direção dos enfoques teóricos baseados nas idéias de
raça,e carregando os mesmos complicadores anteriormente apresentados.
4- CULTURAS:
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No caso nosso afrodescendente, a cultura oficial age como forma de alienação e
reprodução da dominação da etnia eurodescendente. Estes processos de alienação não é total
devido a existência e persistência de culturas resultantes das transformações das matrizes
culturais africanas. Sendo assim nos interessa compreender as culturas sobre as quais os
trabalhadores da educação tiveram expostos e quais culturas tornam operacional nas suas práticas
de vida e profissionais.
Da mesma forma que os movimentos negros tem encontrado, na sua trajetória, obstáculos
ao reconhecimento, institucionalização das culturas negras(Malungos-1995) Culturas
nordestinas, encontram. Em muitos casos, estas são negras(afrodescendentes) e nordestinas.
Somam as dificuldades o fator de estarmos na cidade de João Pessoa dentro de um universo
cultural particular das culturas paraibanas. As culturas paraibanas são derivadas de formas de
trabalho do mundo agrícola do estado e das regiões pesqueiras litorâneas. A industrialização do
estado é pequena e as atividades indústriais muito recentes. Quanto as formas de trabalho
agrícola predominam principalmente as culturas do abacaxi,cana-de-açúcar,coco de praia, caju, e
sub-existência (inhame,batata-doce,mandioca,milho, feijão,etc.), as quais são realizadas por
pequenos produtores rurais, inseridos nos limites do latifúndio paraibano. Nestas culturas
populares reconfiguradas, nas formas de trabalho, as culturas afrodescendentes aparecem ora
diluídas como é o caso de Cabedelo1,famosa por seus cocos de roda, nau catarineta, lapinhas e
outras tradições que atualmente enfrentam dificuldades em serem mantidas por uma série de
fatores: o custo dos brinquedos populares, a descontinuidade no processo de transmissão entre as
gerações, o espírito de coesão grupal que gira em torno de outros fenômenos. O coco de roda
com o poder de mobilização social tem grande expressão no bairro do Jardim Manguinhos
situado nesta cidade, cujo os moradores em atividade conjunta com associação de moradores
deste bairro junto a um babalorixá de terreiro de xangô, uma denominação para o culto afro-
brasileiro armam o brinquedo. Ao som dos instrumentos, segmentos sociais diversos participam
da roda do coco ( Fonseca, Ivonildes,1995:45-46 ).
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Cidade Portuária que fica a 18 Km de João Pessoa
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Cidade do alto sertão paraibano.
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sucesso. Quanto menos negro, paraibano e nordestino for, a ênfase maior a aproximação com o
mundo da modernidade e da ascensão social.
A METODOLOGIA:
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CONCLUSÃO
Foi trabalhado as categorias construidas apartir das necessidades da pesquisa, como Etnia,
Cultura, Identidade e Trabalho Educativo.
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Outra força no sentido dos reforços identitários, está na constante proletarização do
trabalho educacional, sobretudo na medida em que coletivamente a pobreza é correlacionada com
a etnia afrodescendente.
BIBLIOGRAFIA
(Cunha - 95) CUNHA Junior,Henrique - Racismos no Brasil. Folha de São Paulo -28/07/95
pp.1-3 São Paulo - SP.
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(Cunha - 96) CUNHA Junior,Henrique - Nota interna aos Movimentos Negros - Fortaleza -
CE. 1996 - mimeog.
(Dores.Silva - 95) DORES Silva,Consuelo. Negro, qual é o seu nome? Editora Mazza - Belo
Horizonte - MG - 1995.
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