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Escola Secundária Manuel de Arriaga

Ano letivo 2022/2023 – 1.º semestre


Português - 7.º ano
Avaliação dos domínios da Leitura/ Educação Literária/ Gramática/ Escrita

Leitura - 100 pontos Ed. Literária - 100 pontos Gramática - 100 pontos Escrita - 100 pontos

Classificação Classificação Classificação Classificação

Nome: ___________________________________________________ N.º_____ Data: ____/ ____/ 2022

Encarregado/a de Educação:___________________________ A Professora:___________________

Grupo I – Leitura (100 pontos)


Lê o texto com atenção. Se necessário, consulta as notas.

Contos de fadas tradicionais


A arte de contar histórias é, sem sombra de dúvida, a maior e melhor forma de expressão
utilizada pelas sociedades para se revelar, inventar e até mesmo construir-se perante a
procura de significados para a sua existência. É historicamente difícil precisar quando e
como esta arte teve início. Mas como toda a arte, nasceu certamente do desejo de expressão.
5 Os contos de fadas são obras de arte. Pertencem ao património mundial ancestral sob
diferentes formas, fazem parte do universo cultural de nações e gerações, desde as eras mais
remotas. Perpetuaram-se ao longo dos tempos, tendo como característica primordial lidar
com os conteúdos essenciais da condição humana. De acordo com a intenção literária
sempre foram vistos como narrativas a traduzir o imaginário, atualizando ou interpretando,
10 nas suas diversas variantes, questões universais, como os conflitos e a formação de valores.
Dadas as suas características peculiares, são tomados como objeto de análise de
diferentes áreas do conhecimento. Para a psicologia, os contos de fadas são encarados como
um poderoso instrumento que ajuda a pensar e sentir, e que pode exercer a função de
mediador1, quando o que se deseja é oferecer às crianças, aos jovens e até mesmo aos
15 adultos, um veículo para se compreenderem a si e às suas experiências no mundo.
Como forma de literatura tradicional de transmissão oral, a qual se foi preservando pela
sua repetição ao longo de gerações, a sua origem perde-se e confunde-se com todas as
grandes descobertas dos primeiros tempos da Humanidade. Assim sendo, no conto de fadas
coabita2 a memória da Humanidade, os conflitos do inconsciente, a ideologia, a experiência,
20 a história, a cultura que, em comum, têm o seu caráter absolutamente humano. Devemos,
pois, encará-lo também numa abrangência3 histórica e geográfica, como um fenómeno
cultural, pois nele repousam o conhecimento e a tradição por ter resistido ao tempo e se ter
mantido, pela oralidade, através de gerações.
Todos nós temos na nossa memória recordações e momentos em que esta arte se fez
25 presente e nos encantou, em que o «Era uma vez…» nos transportava de imediato para um
outro plano, fazendo-nos viajar pelo fantástico e maravilhoso mundo da imaginação. Em que
nestes «Era uma vez…», fomos princesas salvas por príncipes que apareciam em cavalos
brancos, fomos Brancas de Neve, Cinderelas, fadas boas e por vezes até bruxinhas.
1. mediador: meio, interveniente que medeia. 2. coabita: partilha o mesmo espaço de habitação.3. abrangência:
âmbito, amplitude.
Natacha Vicente, «Contos de fadas tradicionais: narrativas ímpares na infância»,
disponível em http://repositorio.ispa.pt, consultado em junho de 2020 (texto adaptado).

1. Assinala com✗ a única afirmação falsa.


(A) A arte de contar histórias terá nascido da necessidade de expressão.
(B) O estudo da literatura tradicional interessa a áreas restritas do conhecimento.
(C) A transmissão oral tem mantido vivo este tipo de literatura.
(D) O início dos contos transporta-nos para um mundo fantástico.

2. Assinala com✗, de 2.1 a 2.4, a opção que completa cada frase, de acordo com o sentido do
texto.

2.1 Os contos de fadas, que se perpetuam no tempo, tratam


(A) conflitos do quotidiano.
(B) temáticas do irreal conforme a intenção literária.
(C) pormenores do dia a dia.
(D) questões essenciais à condição humana.

2.2 Estas histórias são objeto de investigação para


(A) diversas áreas do saber.
(B) a Psicologia.
(C) a Geografia e a História.
(D) a Psicologia, a Geografia e a História.

2.3 Os elementos sublinhados em «a qual se foi preservando pela sua repetição ao longo de
gerações» (linhas 16 e 17) têm como antecedente a expressão
(A) «forma» (linha 16).
(B) «transmissão oral» (linha 16).
(C) «literatura tradicional» (linha 16).
(D) «a sua origem» (linha 17).

2.4 Os contos de fadas transportam-nos para um mundo em que


(A) somos princesas e príncipes.
(B) podemos assumir vários papéis.
(C) podemos ser bons ou maus.
(D) viajamos pela nossa memória.
Grupo II – Educação Literária (100 pontos)
Lê o texto com atenção. Se necessário, consulta as notas.

A Riqueza e a Fortuna
Um pobre homem estava a trabalhar no mato, a cortar lenha para ir vender pela vila e assim
sustentar mulher e filhos. De repente viu ao pé de si dois sujeitos, bem vestidos, que lhe
disseram:
– Nós somos a Fortuna e a Riqueza. Vimos-te ajudar. Cada um queria acudir de preferência
5 ao pobre homem, e altercavam1 entre si. Dizia a Riqueza:
– Eu só por mim o faço feliz; sendo ele rico tem tudo.
– Pois mesmo sem ser rico, eu dando-lhe fortuna, faço-lhe maior benefício. Senão experi-
mentemos.
A Riqueza virou-se para o pobre do homem e disse:
10 – Toma lá este cruzado2 novo; amanhã compra carne, pão e vinho e não trabalhes nesse dia.
O homem foi-se embora contentíssimo para casa; no outro dia foi ao açougue 3. Deu ao
magarefe4 o dinheiro adiantado, mas como estava um grande barulho de gente no açougue, o
carniceiro5 negou que lhe tivesse dado o dinheiro, e o pobre homem resignou-se 6 e foi outra vez
trabalhar para o mato.
15 A Riqueza tornou a chegar ao pé dele e, quando soube de que lhe servira o cruzado novo,
ficou zangada e deu-lhe uma bolsa cheia de dobrões 7. O homem voltou para casa; mas como a
bolsa era de marroquim8 vermelho, uma ave de rapina caiu de repente sobre ele e arrebatou nas
garras o saco e voou. O homem contou a sua tristeza à mulher, e no outro dia foi trabalhar para
o mato. Tornou-lhe a aparecer a Riqueza; ficou mais desesperada quando soube do acontecido
20 à bolsa dos dobrões.
– Pois desta vez dou-te um saco de peças tão grande que não podes com ele; mas aqui tens
um cavalo, que to vai levar a casa.
O homem agradeceu aquele favor da Riqueza e pôs-se a caminho para casa. Quando ia por
um atalho, estava num campo uma égua, e o cavalo botou a fugir 9 atrás dela de tal forma que o
25 homem não foi capaz de o agarrar, e por mais que andou não pôde achar o cavalo.
Quando a Riqueza não esperava tornar mais a encontrar o homem no mato, foi ao sítio
costumado com a Fortuna, e qual não foi o seu pasmo quando viu o pobre do homem a
trabalhar como dantes. Disse então a Fortuna:
– Agora é a minha vez de o fazer feliz; vou-lhe dar apenas um vintém 10. Olhe lá, ó homem,
30 tome esse vintém e assim que chegar à vila compre a primeira coisa que lhe aparecer.
O homem em caminho para casa encontrou quem lhe ofereceu uma vara de andar à azeitona
pelo preço de um vintém, e comprou-a. No outro dia, foi para a apanha, e quando ia varejar 11
uma oliveira, caiu-lhe de um galho uma bolsa de marroquim cheia de dobrões. Agarrou nela e
levou--a para casa, contou à mulher donde suspeitava que lhe vinha aquele tesouro. A mulher
35 combinou ir fazer uma romaria, e puseram-se a caminho. Quando chegaram a um escampado 12
acharam pegadas de cavalo, foram andando por elas e chegaram a um sítio onde estava um
cavalo deitado ainda com um saco cheio de peças. Voltaram logo para casa muito contentes, e
mudaram de vida, que até àquele tempo tinha sido amargurada pelos poucos ganhos e muitos
filhos.
40 A Riqueza e a Fortuna foram ao sítio onde o homem costumava cortar lenha e esperaram
por ele bastante tempo. Por fim, a Fortuna declarou-se vencedora, dizendo:
– Que te dizia eu? Não é com muito dinheiro que se é feliz.
Teófilo Braga, Contos tradicionais do povo português, vol. 1,
6.a ed., Alfragide, Leya Sempre, 2008, pp. 255-257.

1. altercavam: discutiam. 2. cruzado: moeda antiga. 3. açougue: talho. 4. magarefe: talhante. 5. carniceiro: profissional de
corte de carne. 6. resignou-se: conformou-se. 7. dobrões: moedas antigas de ouro. 8. marroquim: couro. 9. botou a fugir:
começou a fugir. 10. vintém: moeda antiga de cobre. 11. varejar: sacudir com uma vara. 12. escampado: descampado.

1. Indica a situação inicial deste conto e refere o acontecimento que a veio alterar. (20 pontos)

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2. A Riqueza, após três tentativas, não conseguiu que a sua missão fosse um sucesso. Explica, por
palavras tuas, referindo as ofertas e o que aconteceu em cada uma das tentativas.(20 pontos)

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3. Explicita o modo como a Fortuna conseguiu trazer a felicidade ao pobre homem.

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4. Apresenta duas características do conto tradicional ou popular presentes em «A Riqueza e a


Fortuna».

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5. Apresenta duas características do conto tradicional ou popular presentes em «A Riqueza e a
Fortuna».

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Grupo II

1. Classifica as palavras sublinhadas na frase seguinte quanto à sua classe e subclasse.


a. O pobre homem, cuja família tinha de sustentar, trabalhava arduamente.
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b. Certo dia, apareceram dois sujeitos, a Fortuna e a Riqueza.
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c. No fim, aquele homem e a sua família alcançaram a felicidade.
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2. Sublinha os pronomes indefinidos presentes nas frases que se seguem.


a. Alguém quer ouvir um conto?
b. Todos disseram que sim e nenhum fez barulho enquanto ouviam.
c. Nem tudo estava perdido, pois a Fortuna resolveu a situação.
d. Conta-me outro, por favor, pois quero conhecer mais contos.

3. Transcreve o pronome relativo presente em cada frase e indica o respetivo antecedente.


a. O cruzado, que lhe foi dado pela Riqueza, de nada serviu.
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b. Este conto, acerca do qual fiz um trabalho, é o meu favorito.
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4. Transforma cada par de frases numa só utilizando um pronome relativo.


a. A bolsa estava cheia de dobrões. A bolsa foi roubada por uma ave de rapina.
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b. O cavalo fugiu atrás de uma égua. O cavalo carregava o saco cheio de peças.
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5. Reescreve as frases, substituindo as expressões sublinhadas pelos pronomes pessoais átonos


adequados.
a. Os alunos ouviram duas histórias.
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b. Logo à noite, contarei esta história aos meus pais.
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c. Onde ouviste essa história?
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d. Os contos também transmitem ensinamentos.
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Grupo III
«Voltaram logo para casa muito contentes, e mudaram de vida, que até àquele tempo tinha
sido amargurada pelos poucos ganhos e muitos filhos.»
(Teófilo Braga, op. cit., p. 257.)

Escreve um texto narrativo, no qual descrevas a mudança que ocorreu naquela família.
Respeita as seguintes indicações:
• apresenta a descrição de um espaço exterior;
• inclui um momento de diálogo;
• termina o teu texto com a frase: «Não é com muito dinheiro que se é feliz».

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Observações:
Deves escrever entre 160 e 260 palavras.

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (exemplo: /2021/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte:
– um desvio dos limites de extensão implica uma desvalorização parcial até dois pontos;
– um texto com extensão inferior a 55 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.

FIM

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