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Grupo I_ Leitura

Lê do texto.
Escola Portuguesa de Luanda
Centro de Ensino de Língua Portuguesa
Português- 8.º ano
Teste de avaliação_ Texto Dramático

Bisturi: abrir para renovar


O Porto viu nascer mais um grupo de teatro. Saído das fileiras da
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Academia Contemporânea do Espetáculo, o Bisturi integra dez elementos
cheios de vontade de fazer coisas. […]
“Espera aí que eu quero falar contigo” foi o espetáculo com que sete elementos
do Bisturi fizeram a sua prova de aptidão profissional. Apresentaram-no no Teatro
10 do Bolhão, durante uma curta carreira, e acreditam ter um núcleo sólido. “A opção
foi esta: em vez de sermos freelancers1 e de andarmos de casting2 em casting,
decidimos juntar-nos e formar um grupo em que todos tivessem oportunidade de
trabalhar”, diz Cátia Guedes, de 21 anos. […]
São dez os mosqueteiros do Bisturi 3. As idades vão dos 17 aos 24. Os sonhos,
15
até onde calhar. Sobre o nome do grupo, cabe ao Tiago Araújo dar a explicação:
“Não sei se significa bem um corte. É mais uma abertura para uma renovação.
Não queremos criar uma rutura, mas criar uma renovação. Somos pessoas muito
jovens e o que pretendemos é dar uma onda de jovialidade e frescura ao teatro
da cidade”. […]
Este núcleo de jovens atores funciona como uma base, a partir da qual se
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traçam dois objetivos: “Continuar com coisas individuais e também reunir o grupo
para partilhar coisas que levem a bons espetáculos ou, pelo menos, a
espetáculos que sejam nossos”, acrescenta Tiago. […]
Em suma, cada um pretende fazer uma especificação e depois levá-la para o
coletivo. Ideias não faltam: clown4, marionetas, dança contemporânea, trabalho
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de voz, música e teatro físico são algumas das áreas que querem explorar
individualmente. […]
Da parte da escola que os formou, os elementos do grupo contam com mais do
que palavras de encorajamento: “É importante que percebam que podemos
apoiá-los, cedendo-lhes, por exemplo, espaços para ensaios, para representar e
equipamentos a custos e condições muito especiais”, garante Pedro Aparício, que
assume, com António Capelo, a direção da Academia Contemporânea do
Espetáculo. […] “Ajudá-los a ter pernas para andar”, conclui.
Isabel Peixoto, in www.jn.pt, 03-08-2009 (adaptado e com supressões, consult. em 30-01-2020)

1. freelancers: profissionais que trabalham por conta própria, fazendo trabalhos temporários ou
ocasionais. 2. casting: processo de escolha dos atores para um filme, uma peça ou um
programa. 3. bisturi: instrumento cortante de grande precisão, usado em cirurgia (significado
literal). 4. clown: espetáculo com palhaços.

1
1. Para cada item (1.1. a 1.4.), seleciona a opção que completa a frase, de acordo
com o sentido do texto. Escreve o número do item e a letra que identifica a opção
escolhida.

1.1. Atualmente, a companhia Bisturi


a. é constituída por sete elementos.
b. é composta por uma dezena de jovens artistas.
c. é liderada por Tiago Araújo.
d. tem sede na cidade de Lisboa.

1.2. Os elementos do Bisturi são comparados a mosqueteiros porque


a. as primeiras personagens que representaram foram mosqueteiros.
b. têm espírito de equipa e agem de forma motivada.
c. são cortantes e perfurantes, tal como as espadas dos mosqueteiros.
d. são jovens e agem em defesa da nação.

1.3. Uma das intenções da companhia de teatro Bisturi é


a. formar artistas especializados em marionetas.
b. criar espetáculos lucrativos.
c. conceber espetáculos originais e com qualidade.
d. adquirir equipamentos e encontrar espaços para ensaios.

1.4. A expressão “ter pernas para andar” (linha 29) significa


a. estar motivado para ultrapassar dificuldades.
b. andar muito depressa.
c. retirar a liberdade de agir.
d. ter condições para ser bem-sucedido.

2. As alíneas apresentadas, de A a F, referem-se a informações do texto. Escreve a


sequência de letras que corresponde à ordem pela qual surgem no corpo da
notícia (linhas 4-29).

A. Apresentação dos objetivos a atingir pelo grupo Bisturi.

B. Explicação da razão que levou os jovens a unirem-se num grupo teatral.

C. Justificação do nome do grupo de teatro.

D. Identificação do primeiro espetáculo representado pelos jovens artistas.

E. Manifestação de apoio ao Bisturi por parte da Academia Contemporânea do


Espetáculo.

2
F. Enumeração das áreas do espetáculo que os elementos da companhia Bisturi
pretendem desenvolver individualmente.

GRUPO II_ Educação Literária

Lê o texto. Se necessário, consulta o vocabulário.

REI: Vinde até aqui, Amarílis, minha filha primogénita...


PRÍNCIPE FELIZARDO (para Simplício): Primo... quê?
(Simplício encolhe os ombros)
REI: ... e dizei-me de vosso amor por mim!
5 AMARÍLIS (ajoelha diante do rei): Meu senhor, o meu coração é pequeno de mais
para conter todo o amor que vos tenho. Quero-vos muito mais do que ao Sol que me
alumia, muito mais que à luz dos meus próprios olhos, muito mais que ao marido que
vou desposar1...
PRÍNCIPE FELIZARDO (para Simplício): Aquilo é comigo, ó sócio?
10 (Simplício diz que não com a cabeça, o outro fica mais sossegado)
REI: Vinde até aqui, Hortênsia, minha filha do meio, e dizei-me de vosso amor.
HORTÊNSIA: Senhor, as palavras são poucas para vos falar de tão grande amor.
Seria necessário inventar palavras novas para com rigor eu poder definir o que o meu
coração sente por vós. Pedi-me que morra por vós, e eu, alegremente, o farei, pedi-
15 me que vos dê meus olhos, meus braços, fígado ou coração, e tudo vos darei. O meu
amor por vós não tem fim, é maior que a imensidão das águas e dos céus. Quero-vos
mais do que a mim própria, muito mais do que ao ar que respiro, mais do que ao
sangue que corre nas minhas veias.
PRÍNCIPE FELIZARDO (para Simplício): Não será exagero?
20 (O outro diz que não com a cabeça)
REI: Vinde até aqui, Violeta, minha filha mais nova, e dizei-me de vosso amor por
mim!
VIOLETA: Meu senhor, não sei falar como minhas irmãs. Sei apenas que sou vossa
filha, e que todas as filhas devem amar seus pais. Sei como é difícil para mim pensar
25 no dia em que irei viver longe de vós. Quando eu era muito pequenina e tinha
pesadelos, vós estáveis sempre à beira do meu leito. Pelo inverno, quando o vento
soprava e as febres atacavam o meu corpo frágil, éreis vós, senhor, que eu via a meu
lado até conseguir acalmar. De tudo me lembro, e tudo o meu coração guarda com a
gratidão que todas as filhas devem sentir pelos pais. Mais não consigo dizer.

3
30 REI: Mas Amarílis disse que me quer mais do que ao Sol, Hortênsia disse que me
quer mais do que ao ar... e vós? Qual é a medida do vosso amor por mim?
VIOLETA: Não sei, senhor. O que não tem fim não se pode medir. É difícil encontrar
medida para o amor.
REI (zangado): Elas encontraram! Tereis de a encontrar também!
35 VIOLETA: Preciso muito de vós, senhor!
REI (zangado): Não chega!
VIOLETA: Preciso de vós como...
REI: ... como?
VIOLETA: ... como... como a comida precisa do sal.
40 (Vozes de espanto)
REI (muito zangado): Estais a querer dizer que me quereis...
VIOLETA: Como a comida quer ao sal.
REI (apoplético2): O sal?! Como a comida...
VIOLETA: ... quer ao sal.
45 REI: Estareis louca? Ou serei eu que, de repente, terei enlouquecido? Ousais
comparar-me... ao sal?!
VIOLETA: Mas, senhor...
REI: É essa a paga de todos estes anos de amor? É essa a paga das muitas horas
que perdi junto ao vosso leito, acalmando os vossos pesadelos?... Oh, deuses, isto é
50 que é um pesadelo, um verdadeiro pesadelo!
VIOLETA: Mas o sal é um bem precioso, senhor, sem ele não podemos viver...
REI: Calai-vos! Nem mais uma palavra! Nunca mais quero ver o vosso rosto, nunca
mais quero ouvir nem o mais leve som dos vossos passos! Vou esquecer que um dia
tive uma filha com o vosso nome! (Levanta-se, cambaleando, e chama:) Escrivão!
Alice Vieira, Leandro, Rei da Helíria, (excerto da Cena X, 1.º Ato), Alfragide, Editorial Caminho,
2010.

VOCABULÁRIO: 1 casar; 2 irado; irritado.

1. Com base no excerto transcrito, demonstra que o Príncipe Felizardo tem alguma
dificuldade em compreender o diálogo entre o Rei e Amarílis.

2. Usando palavras tuas, identifica, na primeira fala de Violeta, dois comportamentos


do Rei Leandro que comprovam a sua dedicação de pai.

3. “O que não tem fim não se pode medir.” (linha 29)


3.1. Esclarece a intenção desta afirmação, relacionando com o que é dito
4
anteriormente por Violeta.

4. Explica o uso das reticências na expressão “Preciso de vós como...” (linha 37).

5. Caracteriza, de forma justificada, o estado de espírito do Rei Leandro, recorrendo


às didascálias.
GRUPO II
1. Associa a expressão sublinhada nas frases da coluna A à função sintática
que lhe corresponde na coluna B.
Coluna A Coluna B
A. “Elas encontraram!” (l. 34) 1. sujeito
2. vocativo
B. “Preciso muito de vós, senhor!” (l. 35)
3. predicado
C. “Como a comida quer ao sal.” (l.42) 4. complemento direto
D. “Estareis louca?” (linha 45) 5. complemento indireto
6. predicativo do sujeito
E. “…acalmando os vossos pesadelos (l. 49) 7. modificador do grupo verbal.

2. Reescreve a frase seguinte, substituindo as expressões sublinhadas pelos


pronomes pessoais adequados.
Tinha-te emprestado o romance de Alice Vieira se já tivesse lido esta obra
nas férias.

3. Completa cada uma das frases seguintes com a forma do verbo apresentada entre
parênteses, no tempo e no modo indicados.
a. Oxalá Violeta _________ (poder, pretérito imperfeito do conjuntivo) exprimir-se
como as suas irmãs.
b. Talvez o Rei _________ (reconhecer, presente do conjuntivo) o amor da filha
mais tarde.

4. Classifica as orações sublinhadas em cada uma das frases a seguir


apresentadas.
a. “Quero-vos muito mais do que ao Sol que me alumia” (l. 6/7)
b. “Vou esquecer que um dia tive uma filha com o vosso nome!” (l. 53-54)

5. Associa cada uma das palavras apresentadas ao seu processo de formação.

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Grupo IV_ Escrita

Bobo: Tudo começou quando ele decidiu dar o reino à filha que mais o
amasse, e a sua filha preferida declarou que lhe queria tanto como a
comida queria ao sal...

Apresenta a tua opinião sobre a reação do Rei à resposta que a filha mais nova
lhe deu. Refere as consequências do seu julgamento, indicando o que pensas sobre o
modo como termina a peça.

O teu texto deve ter entre 120 e 150 palavras.


Não te esqueças de justificar as tuas opiniões.

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