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O ROMANTISMO, EXPRESSÃO DA IDEOLOGIA LIBERAL

O ROMANTISMO, EXPRESSÃO DA IDEOLOGIA LIBERAL

Renascimento Neoclássico Realismo/Naturalismo

Barroco Romantismo
O ROMANTISMO, EXPRESSÃO DA IDEOLOGIA LIBERAL

O que é o Romantismo?
• Designa o movimento artístico e
intelectual que se iniciou no final do
século XVIII e se prolongou durante a
primeira metade do século XIX.
• Enquanto corrente estética e artística,
constituiu-se como uma reação contra
a razão e o classicismo.
• Valorizou a emoção, o indivíduo, a
subjetividade e a espontaneidade.
• Procurou a liberdade de expressão
dos sentimentos.

Eugène Delacroix, Hamlet, óleo s/tela, 1834.


O ROMANTISMO, EXPRESSÃO DA IDEOLOGIA LIBERAL

Contexto histórico do Romantismo


O Romantismo
desenvolveu-se no
ambiente da Europa
revolucionária, onde
os ideais de liberdade
e de igualdade
dominavam a vida e
ação dos homens.

Eugène Delacroix, Liberdade Guiando o Povo, óleo s/tela, 1834.


O ROMANTISMO, EXPRESSÃO DA IDEOLOGIA LIBERAL

Contexto histórico do Romantismo


O mundo do Homem romântico assumiu
um novo sentido.
A valorização da liberdade levou-o a
recusar todas as formas de absolutismo.
Defendeu a liberdade dos povos e os
nacionalismos, através da revolta contra
a opressão dos regimes autocráticos.

Eugène Delacroix, Grécia nas ruínas de Missolonghi,


óleo s/tela, 1826.
O ROMANTISMO, EXPRESSÃO DA IDEOLOGIA LIBERAL

Contexto histórico do Romantismo


O movimento romântico
assumiu-se como uma rutura
com o neoclássico marcado pelo:
- gosto clássico;
- equilíbrio e harmonia;
- sentido de idealização;
- realismo das figuras.

Estes valores estéticos eram


considerados pela burguesia
como artificiais e sofisticados. Eugène Delacroix, Grécia nas ruínas de Missolonghi,
óleo s/tela, 1826.
O ROMANTISMO, EXPRESSÃO DA IDEOLOGIA LIBERAL

Contexto histórico do Romantismo


O Romantismo procurou:
- libertar-se das
convenções estéticas;
- a emoção e o sentimento;
- o individualismo.

Afastada do gosto aristocrático, a


burguesia procurou obras de fácil
entendimento, deligadas da
complexidade da mitologia
greco-romana e baseadas na
Caspar David Friedrich, Caminhante sobre um mar de névoa,
emoção e no sentimento. 1818.
O ROMANTISMO, EXPRESSÃO DA IDEOLOGIA LIBERAL

Revalorização das raízes históricas


das nacionalidades

O Romantismo associou-se aos


sentimentos de consciência nacional
e ao despertar das nacionalidades.

Os autores românticos apoiavam as


causas nacionais como movimentos
de libertação dos povos da tirania
dos impérios.

Eugène Delacroix, Grécia nas ruínas de Missolonghi,


óleo s/tela, 1826.
O ROMANTISMO, EXPRESSÃO DA IDEOLOGIA LIBERAL

Revalorização das raízes históricas


das nacionalidades

O gosto pela época medieval


mitificou as raízes da
nacionalidade e glorificou o
povo e os seus heróis.
O passado, a língua e os
costumes foram motivo de
inspiração.
A expressão nacional
alimentou o sentimento
romântico.

Ferdinand Leeke, Odin e Brunhilde, 1889.


O ROMANTISMO, EXPRESSÃO DA IDEOLOGIA LIBERAL

Revalorização das raízes históricas


das nacionalidades

O gosto pelo povo e pelo popular


assumiu-se como uma rutura.
O povo representava a virtude e a
preservação dos valores, a vontade
de luta pela independência e pela
liberdade.

O Romantismo expressou o
sentimento de identidade nacional.
Egide Charles Gustave Wappers,
Episódio da Revolução Belga, 1835.
O ROMANTISMO, EXPRESSÃO DA IDEOLOGIA LIBERAL

Exaltação da liberdade
À razão opõe-se a emoção.
Na obra de arte, o artista
À objetividade a subjetividade.
exprimia a sua interioridade de
À observação a imaginação. forma livre e intensa, revelando
o seu cunho pessoal.

Exaltação do princípio da A obra de arte deixava de ser a


concretização de um ideal
liberdade, manifestada nas
estético para se tornar na obra
sensações, nos sentimentos, de um indivíduo com emoções
nas paixões e no compromisso e convicções.
com a causa pela liberdade dos
povos oprimidos. Eugène Delacroix,
Autorretrato, 1837.

Conduzia à afirmação da figura


do herói: o revolucionário ou o
artista enquanto génio criativo.
O ROMANTISMO, EXPRESSÃO DA IDEOLOGIA LIBERAL

Explosão dos sentimentos

Teve origem no movimento pré-romântico, Sturm und Drang


(Tempestade e ímpeto), iniciado na Alemanha entre 1770 e 1790.

Este movimento fez nascer o conceito de génio artístico:


- Indivíduo criador, inspirado pela sua vontade, liberto das convenções,
que se eleva através das suas obras.

As obras de arte expressaram a interioridade de forma apaixonada.


O indivíduo criador impôs a subjetividade.

O movimento Romântico irradiou da Alemanha para a Inglaterra e França,


onde, a partir de 1820, surgiu uma nova forma de encarar a arte.
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Explosão dos sentimentos


Características do Romantismo:
• Valorização do sentimento, da espontaneidade
e da emoção.
• Surge a ideia de génio artístico que conduz ao
culto do Eu.
• Drama e expressividade da realidade.
• O herói romântico é um ser insatisfeito e
solitário que rompe com as normas morais e
sociais.
• Valorização da Natureza.
• Admiração pela Idade Média.
• Gosto pelo exotismo.
Henry Harlow, Byron, c. 1816.

Byron encarna o herói romântico que atravessou a


Europa para combater na guerra da independência
da Grécia em 1824. Morreu em Missalonghi.
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O Romantismo nas Artes Plásticas


O Romantismo rompeu com o Neoclassicismo,
na forma e nos temas.
Na forma, compreendeu contrastes cromáticos,
movimento, dinamismo e sensação de tensão.
As obras românticas centraram-se nas paisagens,
nos ambientes exóticos, nas lendas do Norte da
Europa e nas figuras dos heróis românticos.
Realçou a expressão dos sentimentos, o
misticismo e a valorização do individualismo.

Eugène Delacroix, As mulheres de Argel, 1834.

Música: Rimski-Korsakov, Scheherazade – Suite Sinfónica, 1888.


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Caspar David Friedrich


Nesta obra, uma figura feminina surge
como uma silhueta em contraluz ao
amanhecer. No horizonte, os primeiros
raios de luz erguem-se difusos,
delineando os contornos das montanhas.

De braços abertos, a figura surge em


comunhão com a natureza.

Tal como em muitas outras obras de


Carpar David Friedrich, a figura humana
é representada de costas voltadas para o
espetador.
Caspar David Friedrich, Mulher contemplando a aurora, 1818-20.

Música: Richard Wagner, Idílio de Siegfried, 1870.


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William Turner

Procura concretizar um espaço


universal, infinito, animado pela força
da natureza que acaba por se impor.

Retrata a natureza hostil como algo


que faz parte da vida.

A força do movimento provoca no


espetador angústia.

William Turner, Mar em tempestade com golfinhos, c. 1840.


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Théodore Géricault Esta obra retrata a tragédia do naufrágio


de uma fragata francesa ao largo da costa
africana.
Aqui o herói é representado através dos
náufragos que tentam sobreviver. Neste
quadro encontram-se patentes os
elementos românticos: o desespero, a
morte, a catástrofe.
A obra encontra-se repleta de tensão, quer
pela composição com linhas e forças
contraposta, bem como pelo próprio tema.
Michelet viu nesta obra uma alegoria,
segundo a qual, após a queda de
Napoleão, a França se encontrava à deriva.
Théodore Géricault, A jangada da Medusa, 1818-19.

Música: Schubert, Quarteto para cordas, nº 14, A Morte e a Donzela, 1824.


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A Arquitetura

Charles Barry e Augustus Pugin, Palácio de Westminster, 1840-68.

Numa época em que a industrialização começava a dominar a Europa, a Arquitetura do


período do Romantismo valorizou o trabalho humano, a espiritualidade e a identidade
da comunidade. O estilo neogótico assumiu-se como uma expressão destes valores.
Esta valorização do sentimento e da espiritualidade levou a que o estilo gótico aplicado
nas catedrais da Idade Média apenas às catedrais, agora surgisse com a sua morfologia
nos edifícios públicos.
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A Escultura

A escultura afastou-se dos esquemas de


composição do neoclassicismo.
Mais impetuosa, expressiva e com uma carga
simbólica bastante grande, o escultor romântico
emprestou às suas obras o sentimento e a
emoção próprios daquele período.

François Rude, A Marselhesa, 1833-36,


(relevo do Arco do Triunfo, Paris).
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Franz Schubert Robert Schumann

O Romantismo na Música

Ludwig van Beethoven Frédéric François Chopin Franz Liszt


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O Romantismo na Música

Richard Wagner

Música: Richard Wagner,


Tannhäuser – Abertura, 1845.

Otto Knille, Vénus e Tannhäuser, 1873.


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O Romantismo na Música

Slogan Viva VERDI


Viva Vittorio Emanuele Re D'Italia
(Victor Emanuel, Rei da Itália).

Música: Verdi Nabucco


(Va, pensiero, sull´ali dorate), 1842.

Este tema da ópera Nabucco tornou-se um dos


símbolos do nacionalismo italiano. Ainda hoje é
cantado em cerimónias públicas e visto como um
segundo hino da nação.
Giuseppe Verdi
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As características do
Romantismo na Música

• Destaque da figura do herói.


• Exaltação dos sentimentos.
• Valorização da Natureza. Beethoven compondo ao piano.

Música: Beethoven, Sonata para piano,


• Expressão do idealismo humano. nº 21 (“Waldstein”), 1804.

• Exaltação dos nacionalismos.


• Valorização dos elementos populares.
• Exaltação da liberdade.
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O herói romântico

A figura do herói ganha destaque durante o


Romantismo. O indivíduo que se eleva para
além das suas capacidades e que encontra
paralelo com o génio romântico do
compositor.
Exemplo deste espírito de heroísmo é a 3ª
sinfonia de Beethoven “Eroica”.

Música: Beethoven, 3º Sinfonia,


I -Allegro con brio, 1803-1904.

Henry Fuseli, Undine & Huldbrand, c. 1822.

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A exaltação dos sentimentos


O sentimento, a emoção, a liberdade de
comunicar as diferentes sensações
constituíram elementos essenciais do
Romantismo.
Alheada do mundo, a música exprimiu-se
livremente.
Através das suas sonoridades, evocava os
sentimentos mais íntimos do compositor
e transportava-os para o seu auditório.
Os mais puros sentimentos exprimiram-se
através do piano e da orquestra, que
permitia conferir à música maiores Henry Fuseli, O pesadelo, 1781.

subtilezas sonoras.

Música: Franz Liszt, Concerto para Piano, nº 1, 1849.


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A valorização da natureza

A 6ª Sinfonia de Beethoven, “A Pastoral”,


constituiu um exemplo da evocação rural
na música. Na partitura de 1826 estava
escrito: “Sinfonia pastoral ou recordação
da vida no campo”.
Para além de uma fonte de inspiração, a
natureza representava a força e a vida. O
compositor encontrava na natureza uma
forma de comunhão, um elemento de
refúgio, uma forma de afinidade.
Caspar David Friedrich, Riesengebirge, c. 1835.

Música: Beethoven, 6º Sinfonia,


I - Allegro ma non troppo – "Despertar
de sentimentos alegres diante da
chegada ao campo”, 1808.
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Idealismo Humano
(…) Alegria bebem todos os seres
O Homem procurou libertar-se de si No seio da Natureza;
próprio. Livre das convenções sociais, Todos os bons, todos os maus,
aspirando à genialidade do criador, era Seguem seu rastro de rosas.
no Homem que residiam todas as Ela nos deu beijos e vinho e
esperanças num mundo melhor. Um amigo leal até a morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
O compositor era um virtuoso, o génio E ao querubim que se ergue diante de
artístico que se superava no mundo, Deus! (…)
transgredindo as regras e criando para
além dos limites até então estabelecidos.
A nova conceção da sociedade, da
política e do Homem levavam a que o
ideal humano fosse repensado.
Música: Excerto do Hino à Alegria, que faz parte do
último andamento da 9ª Sinfonia de Beethoven.
O poema foi escrito por Friedrich Schiller.

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Exaltação dos nacionalismos

O nacionalismo influenciou a música Wagner, em O Anel do Nibelungo, recuperou


romântica. a mitologia teutónica. Além da valorização
O Requiem Alemão, de Johannes Brahms, da cultura alemã, procurou engrandecer as
constitui um bom exemplo, pois compõe um raízes históricas e mitológicas do seu país.
Requiem em alemão e não em latim, como
Representação da tetralogia O anel do Nibelungo.
era usual. Além do mais, a tradução bíblica
de que se serve é a de Martinho Lutero.

Música: Richard Wagner, A Valquíria,


Música: Johannes Brahms, Ato III – A cavalgada das Valquírias,
Johannes Brahms Requiem Alemão, 1865-1868. 1854.

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Valorização do popular

Franz Liszt, através das 19 Rapsódias


Húngaras, valorizou a sua terra natal
através de melodias do folclore da Hungria.

O folclore começou a ser encarado como


uma forma espontânea da expressão
musical de um povo e, por isso, valorizado
pelos compositores românticos.

Caricatura de Franz Liszt

Música: Franz Liszt, Rapsódia Húngara, nº 2.

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Exaltação da Liberdade

Os compositores exprimem-se livremente.


Agora os artistas não pretendem agradar
ou compor para um público, mas antes
para transmitir as suas emoções e
sentimentos, procurando a inspiração
dentro de si próprios.
Não é mais o artista que se aproxima da
sua audiência, mas esta que tem de se
aproximar da elevação dos criadores.
Mitifica-se a figura do génio artístico
incompreendido que paira acima da
humanidade, mas que também luta por ela. Francisco de Goya, Três de maio de 1808, 1814.
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O Romantismo em Portugal

Foi na primeira metade do século XIX que se


começaram a vislumbrar as primeiras
tendências românticas em Portugal.

Na literatura, destacaram-se Alexandre


Herculano e Almeida Garrett.

Almeida Garrett inaugura o Romantismo em


Portugal com o poema Camões.

Alexandre Herculano traz para Portugal o


romance histórico: O Bobo, Eurico, o
presbítero e O Monge de Cister. Almeida Garrett e Alexandre Herculano.
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O Romantismo em Portugal
No domínio da pintura, a renovação
temática tomou lugar nas obras de
Vieira Portuense e Domingos
António Sequeira.
Foi, no entanto, com Tomás de
Anunciação e com Auguste
Roquemont que os valores estéticos
do Romantismo se afirmaram em
Portugal.
Através das suas obras retrataram a
cenas pitorescas da vida campestre
e os costumes portugueses.
Tomás da Anunciação, Vista da Amora, 1852.
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O Romantismo em Portugal

Auguste Roquemont pintou o


quotidiano rural.
A procissão aqui representada
demonstra o interesse dos autores
românticos pelo popular,
afastando-se assim dos ambientes
aristocráticos e burgueses.

Auguste Roquemont, Procissão, 1852.


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O Romantismo em Portugal

Palácio da Pena, 1840.

Na arquitetura, um dos monumentos mais emblemáticos é o Palácio da Pena,


em Sintra.
Pautado por elementos de revivalismo gótico, manuelino e mourisco.
Nesta profusão de estilos, evoca os castelos do norte da Europa.
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