Chumbado para candidato

à Câmara, Bruno Torres

abandona liderança do PSD Pág. 3

DIRECTOR PAULO JORGE VILA

SEMANÁRIO . NÚMERO 515
ANO LXXI . III SÉRIE acusada de assédio moral

quarta-FEIRA 10 de Março 2021 / 0,80€ Vereadores

travam
suspensão e
exoneração
da chefe dos
serviços de
acção social
Pág. 5

ministério público avalia

Autarca de
Vilar do
ça, Monte e Santa
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Pág. 4

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diz-me por onde andas...

o Tiago esteve
7
no topo do jet
Pedro Gonçalo Costa

.s 6 e
Pág

ski mundial
e continua
a abraçar
Direcção Nacional do PS não quer Costa “desafios
Gomes nas listas às eleições autárquicas Pág. 2 grandes”
Pág.s 10 e 11

nA ÓPTICA 2,
a confiança vê-se bem.
VEJA MAIS EM GRUPÓTICO.PT
 2 Jornal de Barcelos . Quarta-feira 10 de Março 2021
Direcção Nacional do PS não quer o presidente da Câmara nas listas
Secretariado dá apoio unânime às
candidaturas de Barra e Costa Gomes
ZITA FONSECA
zitafonseca@jornaldebarcelos.com.pt
Com o voto unânime do
órgão executivo do PS de
Barcelos, o Secretariado,
Horácio Barra e Miguel
Costa Gomes vão ser pro-
postos até ao final do mês
à Comissão Política (CP)
como candidatos à Câ-
mara e à Assembleia Mu-
nicipal, respectivamen-
te. A decisão, aprovada na
reunião de 2 de Março, foi
tornada pública no dia se-
guinte ao final da tarde. É
um passo significativo no
processo de escolha dos
candidatos mas, formal-
mente, é apenas o primei-
ro. Os nomes terão de ser
sujeitos a votação na CP,
onde qualquer militante
tem o direito de se apre-
sentar como potencial
candidato e submeter-se
à votação. É o que terá de
fazer Alexandre Maciel, o
primeiro a lançar-se nesta
corrida, se o processo de-
correr dentro dos trâmi-
tes normais. Nesse caso,
Barra e Costa Gomes têm
aprovação garantida, uma
vez que o actual presiden-
te da Câmara é o líder con-
celhio do Partido. Num
outro cenário, serão as co-
missões Distrital e Nacio-
nal do PS a decidir. Recor-
de-se que nas últimas au-
tárquicas, Lisboa avocou o
processo para ultrapassar
a escolha da Concelhia,
Investimento, território, ambiente e coesão social
Alexandre Maciel anuncia
“estados gerais” concelhios
ZITA FONSECA
zitafonseca@jornaldebarcelos.com.pt
Numa reunião para definir
o plano estratégico, a plata-
forma de apoio à candida-
tura de Alexandre Maciel à
Câmara de Barcelos deci-
diu ouvir a sociedade civil.
Para isso vai convocar os
“verdadeiros estados gerais
que recaiu sobre Domin-
gos Pereira. Agora, o cená-
rio é diferente, mas a nor-
malidade que é conferida
pela coesão interna é uma
miragem. Prova disso são
as negociações e conver-
sas entre Costa Gomes, Jo-
aquim Barreto e a sede do
Largo do Rato.
Em comunicado, o Secre-
tariado Concelhio diz que
“o perfil dos camaradas
propostos, nomeadamen-
te a sua dedicação à cau-
sa pública, competência
e percursos políticos, ga-
rantem a coesão neces-
sária para vencer o próxi-
mo desafio autárquico”.
No texto tornado públi-
co, o Secretariado critica
Alexandre Maciel, mani-
festando “estranheza pelo
facto de um dos seus mi-
litantes, no passado 1 de
Março e na companhia de
uns poucos militantes so-
cialistas, ter tomado a ini-
do Partido Socialista”, refe-
re em comunicado.
O plano estratégico vai de-
senvolver-se em quatro ei-
xos fundamentais; inves-
timento, ordenamento do
território, ambiente e coe-
são social. Os dois primei-
ros são coordenados por
Casimiro Rodrigues, em-
presário e presidente da
ciativa de realizar uma
conferência de imprensa
para dar a conhecer a sua
candidatura a candidato
do PS à presidência da Câ-
mara Municipal de Barce-
los sem que o tivesse feito
em primeiro lugar no in-
terior da sua família polí-
tica, como aconselharia a
ética, as boas práticas par-
tidárias e os estatutos do
partido”.
No entanto, Alexandre
Maciel mostra-se convic-
to de que o seu nome se-
rá o escolhido pela Distri-
tal e pela Nacional para
ser o candidato. Na verda-
de, o desfecho deste pro-
cesso está rodeado de in-
certezas. No mês passado,
Miguel Costa Gomes acei-
tou a proposta da Nacio-
nal de realizar uma son-
dagem. Ficou decidido
que ele e Joaquim Barreto,
presidente da Distrital, in-
dicariam um nome, cada.
Junta de Gilmonde; e Ana
Maria Silva, assisten te so-
cial, ex-vereadora e ex-de-
putada. De acordo com a
plataforma, os dois coorde-
nadores já iniciaram o seu
trabalho contactando com
juntas de freguesia, IPSS e
colectividades ligadas ao
desporto, cultura e recreio.
“Ouvir a população será
Ficou igualmente assente
que seriam incluídas figu-
ras das outras forças po-
líticas com o objectivo de
avaliar a situação do PS
junto do eleitorado. Fon-
te ligada ao PS disse ao JB
que a sondagem já está no
terreno e que o resultado
será decisivo para o que
vier a acontecer a seguir.
Costa Gomes também te-
ria acordado ficar quie-
to enquanto não houves-
se resultados, daí que não
deixa de ser surpreenden-
te esta decisão do Secreta-
riado, que também não foi
bem acolhida em Lisboa.
Fontes ligadas ao Partido
garantem ainda que a Di-
recção Nacional não quer
Miguel Costa Gomes co-
mo cabeça-de-lista à As-
sembleia Municipal por
estar demasiado exposto
em termos judiciais. De-
pois da “Operação Teia”,
que o levou a quatro me-
ses de prisão domiciliária,
não se sabe o que pode
acontecer com as outras
investigações em curso
nas quais está envolvido.
A pouco mais de seis me-
ses das autárquicas, nem
o Partido do poder nem
a maior força da oposi-
ção conseguiram, ainda,
avançar com os respecti-
vos candidatos, numa de-
monstração inequívoca
das divisões resultantes
de renhidas lutas internas
pelo poder.
fundamental para apresen-
tar aos barcelenses um ver-
dadeiro plano de recupe-
ração, económico, finan-
ceiro e social do concelho.
A participação e contri-
butos de todos será a cha-
ve para diminuir o grau de
incerteza e imprecisão na
aplicação dos fundos, sen-
do as juntas de freguesia
um parceiro essencial na
execução deste projecto”.
Um trabalho em prol do
“futuro de Barcelos na cer-
teza que merecerá a con-
fiança de todos os barce-
lenses para projectar o pro-
gresso do concelho”, diz o
comunicado.
Política
Nem tudo é mau!
1 Bom trabalho do jornalista José António Pereira no Tele-
jornal de 28 de Fevereiro, a propósito da queda da ponte de
Entre-os-Rios. Boa concepção da peça e bom trabalho de
equipa, com Paulo Maio Gomes na imagem e Miguel Cervan
na edição de imagem. Jornalismo em televisão é trabalho
de equipa. Quando esta funciona, fruto do diálogo entre
todos, o resultado está garantido. Os intervenientes foram
bem escolhidos, com destaque para a antiga professora,
para o fotógrafo e, principalmente, para o ex-pároco de
Raiva. O padre José Ribeiro Mota daria um actor formidável,
no cinema ou no teatro. A reportagem merecia, no entanto,
um final mais apurado.
2 José Fragoso tem feito um excelente trabalho na direcção
de Programas da RTP. O pagode gosta é das novelas e de
muito outro telelixo. Cá para mim, é para o lado que ele
dorme melhor. E faz muito bem. Atenção, porém, ao pessoal
da culinária e do vinho, é matéria que já cansa. E manter
debaixo de olho o Palmeirim e a Cautela. Usam demasiados
estrangeirismos (como se viu no Festival da Canção), fazem
lembrar o António Mexia nas apresentações que fazia nos
tempos da EDP. Estamos em Portugal. E a Cautela usa
uma linguagem demasiado livre, pouco apurada para TV.
Vislumbro, em ambos, algum deslumbramento. Atenção
à jogada! Parecem-me demasiado novos para iniciarem a
queda no abismo.
3 Miguel Sousa Tavares (MST) substituiu o género entrevis-
ta por conversas com os convidados. Com excelentes resul-
tados. Tem-nos proporcionado belíssimos e tranquilos mo-
mentos de televisão. É do que estamos a precisar, com tanta
excitação, para não dizer maluqueira, sobre a pandemia.
MST estará, eventualmente, em fim de carreira. Não tem
nada a provar. É um grande jornalista, um óptimo comen-
tador e um extraordinário cronista. Antecipou problemas
em muitos sectores, com destaque para a área ambiental.
Por onde passou deixou marcas. Tem uma brilhantíssima
carreira no panorama da comunicação social portuguesa.
Desenvolveu, em paralelo, uma notável carreira de escritor,
com assinalável sucesso dentro e fora de portas.
E criou grandes, saborosas e saudáveis polémicas, das
quais vamos ter saudades quando decidir retirar-se.
4 Vitor Gonçalves executa um excelente trabalho na “Gran-
de Entrevista” da RTP, programa em cima da actualidade e
para o qual faz convites com acerto. As perguntas estão lá,
não precisa de ser agressivo. E demonstra, sempre, fazer
o trabalho de casa. A cara revela, porém, o seu estado de
alma, consoante as entrevistas vão correndo melhor ou
pior. A corrigir.
5 Pedro Andersson, na SIC, exerce um serviço público
notável, com o seu “Contas-Poupança”. Os consumidores
agradecem.
Hoje deu-me para dizer bem. Óptimo, sinal de que nem tudo
é mau!
PR felicita colaborador do JB
“As origens barcelenses de Joaquim Terroso, marido de Jo-
aquina Leite, avó de Marcelo Rebelo de Sousa”, um traba-
lho da autoria do colaborador do JB, Victor Pinho, publi-
cado na edição de 17 de Fevereiro, mereceu a atenção do
Presidente da República, que lhe dirigiu uma mensagem
de agradecimento.
“Prezado Professor Victor Manuel Pinho,
Só agora me chegou à minha mão o artigo sobre Joaquim
Terroso, segundo marido de minha Avó Joaquina. Ele par-
tilhava o amor a Fafe com o enorme carinho por Barcelos.
Minha Avó contou-nos - a mim e meus irmãos - inúmeras
histórias sobre o seu então falecido marido.
Agradeço a interessante prosa, que li com muito apreço
e saudade dos tempos em que, tinha eu oito, nove, dez
anos, Joaquim Terroso era um tema constante de conver-
sas familiares, até por ser Pai do meu querido Tio Olavo e
avô dos meus também queridos Primos.”
Investigador, Victor Pinho desempenhou funções de bi-
bliotecário municipal entre 1987 e 2020, ano em que se
aposentou. É um especialista e apaixonado pela história
local de Barcelos.
 Política
Partido novamente em guerra interna a poucos meses das eleições autárquicas
Chumbado para candidato à Câmara,
Bruno Torres demitiu-se da liderança do PSD
ZITA FONSECA
zitafonseca@jornaldebarcelos.com.pt
Depois da reunião da Co-
missão Política (CP) no do-
mingo à noite, não restava
a Bruno Torres outra saí-
da. Menos de 24 horas pas-
sadas, o mail de demissão
chegou à caixa de correio
do presidente da Assem-
bleia da Secção. A cau-
sa próxima é o facto da CP
ter chumbado o seu nome
para candidato à Câma-
ra de Barcelos, mas o mal-
-estar já vinha desde o mo-
mento em que ficou claro
que queria ser candidato,
esquecendo o acordo fei-
to com Domingos Araújo e
Mário Constantino. Acor-
do que foi decisivo para
a sua vitória nas eleições
de 18 de Julho de 2020. Os
dois aliados, aos quais ti-
nha prometido que entre
um e outro seria escolhido
o melhor posicionado, aca-
baram por se tornar seus
inimigos internos. Sem es-
te apoio perdeu o contro-
lo da CP e a sua demissão
acaba por ser menos sur-
preendente que o facto de
ter insistido em propor-se
como candidato, sofrendo
uma enorme humilhação
política.
A sete meses das eleições
autárquicas, o PSD de Bar-
celos continua sem candi-
dato e perdeu o líder. A lu-
fada de ar fresco que mui-
tos militantes acreditaram
que Bruno Torres seria, foi
um ar que lhe deu. Nunca
nada de semelhante acon-
teceu no PSD de Barcelos,
mesmo se recuarmos ao
conturbado processo de
escolha do candidato nas
autárquicas de 2017.
No final da tarde de sába-
do, os membros da CP fo-
ram convocados para uma
reunião no dia seguinte à
noite, mas não lhes foi di-
to qual o assunto. Houve
quem pensasse, com alí-
vio, que Bruno Torres te-
ria chegado a algum acor-
do com Domingos Araújo
e Mário Constantino para
resolver as questão do can-
didato. Optimismo em de-
masia, como haveria de se
Jornal de Barcelos . Quarta-feira 10 de Março 2021
ver. No domingo de ma-
nhã, Domingos Araújo e o
vice-presidente da CP, An-
tónio Lima, encontraram-
-se com Bruno Torres nu-
ma tentativa de conven-
cê-lo a desistir da ideia
de ser o cabeça-de-lis-
ta e aceitar entrar na lis-
ta como vereador. Em vão.
À noite, na reunião da CP,
pôs o seu nome a votação
e foi chumbado. Ao que o
JB apurou, teve seis votos
a favor, sete contra e três
abstenções. Sendo uma
reunião não-presencial, a
votação foi de braço no ar.
Entre os que votaram con-
tra estavam os dois vives-
-presidentes da Concelhia:
António Lima (muito pró-
ximo de Domingos Araújo)
e Mariana Carvalho (mui-
to próxima de Mário Cons-
tantino). Nos próximos
dias pode haver outras de-
missões na CP de elemen-
tos afectos ao agora ex-lí-
der. Enquanto houver su-
plentes para preencher os
lugares que vagarem não
haverá problemas. António
Lima será, ao que tudo in-
dica, o próximo presiden-
te da CP. Mário Constan-
tino limitou-se a confir-
mar que recebeu o pedido
de demissão de Bruno Tor-
res, mas escusou-se a fa-
zer comentários. O JB ten-
tou contactar Bruno Torres
que não atendeu o telefo-
ne nem devolveu as cha-
madas.
Um gigante
desorientado
Estava previsto que o pro-
cesso eleitoral decorresse
em três etapas. A primeira
decorreu no final de Outu-
bro com os nomes de Bru-
no Torres, Mário Constan-
tino e Domingos Araújo a
serem submetidos a duas
votações em separado. Nu-
ma urna votaram os presi-
dentes de Junta e noutra os
elementos da CP. Domin-
gos Araújo foi o que reco-
lheu mais votos entre os
autarcas e Bruno Torres en-
tre os elementos da CP. Es-
te facto pode tornar menos
compreensível o chum-
bo que agora sofreu neste
mesmo órgão, mas, na oca-
sião, também votaram su-
plentes e inerentes. Desta
vez isso não se repetiu.
Numa segunda fase veio
a muito falada sondagem
ou estudo de opinião, des-
ta feita com mais um no-
me acrescentado à lis-
ta. Trata-se de Francisco
Dias, presidente do Gil Vi-
cente. Curiosamente, Má-
rio Constantino surgiu aqui
como vencedor, seguido
de Bruno Torres. Ao con-
trário do que foi noticiado
na altura, Francisco Dias
ficou em terceiro lugar e
não em segundo. Já Domin-
gos Araújo ficou em último.
No entanto, a diferença en-
tre os quatro é mínima, o
que significa que nenhum
se destacou claramente. Se
tudo decorresse em parâ-
metros de alguma normali-
dade, as diversas forças in-
ternas haveriam de chegar
a um entendimento, apre-
sentado um nome à Distri-
tal, à qual compete a apro-
vação.
Porém, a normalidade pa-
rece ter-se arredado da vi-
da interna da Concelhia,
mostrando, mais uma vez,
um Partido fragmentado e
subjugado a aspirações de
índole pessoal. O que agora
aconteceu no PSD é dema-
siado grave, ainda mais nu-
ma das concelhia do país
com maior número de mi-
litantes, que continua a ga-
rantir votações expressivas
ao Partido em eleições le-
gislativas e europeias. Bru-
no Torres, que derrotou a
candidata apoiada pelo an-
terior presidente da CP, Jo-
sé Novais, com promes-
sas de um PSD rejuvenesci-
do, de ideias arejadas e com
os olhos postos no futuro,
acabou por revelar inabili-
dades políticas que não se
adivinhavam quando era
apenas um dos presiden-
3
valho - que ficaram com a
tarefa de ser eles a fazerem
oposição ao PS, enquanto
o líder do Partido ia apre-
sentando nas redes sociais
e em artigos de opinião as
suas ideias para o futuro.
Também se afastou de pre-
sidentes de Junta cruciais
para o PSD, de elementos
Eduardo Morgado/arquivo
do Partido e, até, de ou-
tros partidos, a quem dei-
xou de atender o telefone.
Ao que o JB apurou, há pre-
sidentes de Junta que não
foram contactados para se
recandidatarem. Têm von-
tade de o fazer, mas sentem
que não podem partir para
o terreno, angariar apoios,
renovar equipas se nem se-
quer sabem quem vai ser
o seu candidato à Câmara.
O PSD elegeu 17 presiden-
tes de Junta, mas parte de-
les não são militantes e há
o risco de, no actual esta-
do das coisas, acharem que
uma recandidatura pelo PS
ou sem filiação partidária
será mais vantajosa.
A resolução deste emara-
nhado de problemas passa
muito pela maturidade po-
tes de Junta tido como dos lítica que Mário Constanti-
mais dinâmicos do conce- no e Domingos Araújo vie-
lho e muito próximo da po- rem a demonstrar no senti-
pulação. Porém, o facto de do de submeterem as suas
ser presidente de Junta é, próprias aspirações políti-
neste caso, uma fragilidade cas aos interesses do Parti-
e não uma força. do no concelho. Tudo terá
de ser feito em consonân-
Dos elogios ao cia com a Distrital. Caso
presidente da contrário, este órgão po-
Câmara ao sumiço de avocar o processo elei-
toral em Barcelos e desig-
A Junta de Galegos Santa nar o candidato. A Distrital
Maria depende, em muito e de Braga do PSD é presidi-
como todas, da boa-vonta- da por Paulo Cunha, pre-
de do presidente da Câma- sidente da Câmara de Fa-
ra. Ser líder do maior par- malicão. José Novais, o ex-
tido da oposição e depen- -líder do PSD de Barcelos
der do adversário político e vereador da Câmara, é
para o bom desempenho o primeiro vice-presiden-
de outro cargo, condicio- te. Este facto não é apenas
na brutalmente o combate um pormenor. Novais con-
político. Como se isso não tinua a ter um peso enorme
fosse pouco, Bruno Tor- no PSD de Barcelos. Bas-
res é, também, presiden- ta lembrar que a candida-
te do Santa Maria e o clu- ta que apoiou sozinho com
be também depende da Câ- os “seus” militantes obte-
mara para financiar alguns ve 857 votos, ficando a 219
investimentos. Na primei- votos de distância de Bru-
ra entrevista que deu de- no Torres que contava com
pois de eleito, causou estu- os seus apoiantes e os de
pefacção ao elogiar o presi- Domingos Araújo e Mário
dente da Câmara e criticou Constantino. Ou seja, a fac-
o fraco apoio que o PS lhe ção mais poderosa do PSD
dava. Foi o primeiro sinal de Barcelos continua ser li-
do que estava para vir. Ou- derada por José Novais que
tros se lhe seguiram: nun- se tem remetido ao silêncio
ca foi à Assembleia Munici- no que toca à Concelhia,
pal e distanciou-se das ini- enquanto “massacra” Cos-
ciativas dos vereadores do ta Gomes com perguntas e
PSD - Mário Constantino, requerimentos em todas as
José Novais e Mariana Car- reuniões da Câmara.
 4 Jornal de Barcelos . Quarta-feira 10 de Março 2021
Participação contra presidente, Junta e imobiliária deu entrada no Ministério Público
Autarca de Vilar do Monte e Santa Leocádia
acusa empresa de construir em caminho público
ZITA FONSECA
zitafonseca@jornaldebarcelos.com.pt
Um membro da Assem-
bleia da União de Fregue-
sias de Tamel Santa Leo-
cádia e Vilar do Monte pe-
diu ao Departamento de
Investigação e Acção Pe-
nal (DIAP) junto do Tribu-
nal de Barcelos a abertura
de um inquérito para apu-
rar se a Junta de Freguesia
e o seu presidente comete-
ram crimes de prevarica-
ção ou de abuso de poder.
Lurdes Mano, eleita numa
lista independente, está
convencida de que parte
do Supermercado Miran-
da está implantado num
arruamento público. No
caso, a Rua do Fontanário
(foto), em Tamel Santa Le-
ocádia, razão pela qual a
participação ao DIAP tam-
bém visa a VMM - Investi-
mentos, S.A., proprietária
daquele supermercado. A
VMM rejeita liminarmen-
te essa possibilidade. A
Junta de Freguesia diz que
se tratava de um caminho
de servidão que em man-
datos anteriores foi erra-
damente incluído na topo-
nímia da freguesia. O an-
terior presidente da Junta
diz que não há erro ne-
nhum.
De acordo com a docu-
mentação à qual o JB te-
ve acesso, Lurdes Ma-
no fez um primeiro pedi-
Reunião da Câmara
Passadiço na margem do rio Cávado vai a concurso
ZITA FONSECA
zitafonseca@jornaldebarcelos.com.pt
A Câmara de Barcelos vai
lançar o concurso públi-
co para a construção da
primeira fase do passadi-
ço na margem direita do
rio Cávado, com início na
frente ribeirinha e numa
extensão de 1.353 metros.
A obra vai a concurso por
1.861.131 euros e o prazo
de execução da empreita-
da é de 450 dias após a ad-
do de esclarecimento em
Maio de 2020 e entregou-
-o em mão ao presidente
da Assembleia. Em vez da
resposta dos órgãos com-
petentes da autarquia, diz
que lhe foi remetida uma
carta da VMM na qual a
empresa afirma “peremp-
toriamente” que todo o
supermercado está im-
plantado em propriedade
sua. “O caminho, que até
então existia, era de servi-
dão e não público. Um tro-
ço significativo desse ca-
minho, e que atravessava
o nosso prédio, foi extinto
há mais de duas décadas,
com a consequente extin-
ção da servidão. O nosso
prédio continuou onerado
judicação. Numa segun-
da fase, esta estrutura vai
ser prolongada até à Quin-
ta do Brigadeiro, em Vi-
la Frescainha S. Martinho.
Trata-se de um investi-
mento incluído no Plano
Estratégico de Desenvol-
vimento Urbano (PEDU)
com um financiamento
comunitário aprovado de
1.173.076 euros.
Segundo a Câmara, “tem
como objectivo específi-
co promover a mobilidade
com uma servidão de pas-
sagem, com cerca de 40 m
de comprimento, que ser-
via o prédio urbano situa-
do a nascente do mesmo.
Tendo sido por nós (socie-
dade) adquirido o referido
prédio urbano, e que be-
neficiava da servidão, es-
ta extinguiu-se”, refere a
VMM nessa carta.
Insatisfeita com esta ex-
plicação e com as suas dú-
vidas “reforçadas” pela
resposta da empresa, a 14
de Dezembro, Lurdes Ma-
no fez nova exposição ao
presidente da Assembleia
da Freguesia, na qual apre-
senta os argumentos que
a levam a defender que o
caminho era público e foi
urbana ambiental e ener-
geticamente mais susten-
tável, num quadro mais
amplo de descarboniza-
ção das actividades so-
ciais e económicas e de
reforço das cidades en-
quanto espaços privilegia-
dos de integração e arti-
culação de políticas e ân-
coras de desenvolvimento
regional”.
A abertura do concurso
público foi aprovada pe-
la Câmara da passada sex-
ocupado. Em abono da sua
convicção refere que a via
em causa está classificada
na toponímia como Rua
do Fontanário, que foi pa-
vimentada pela própria
Junta. Na toponímia da
freguesia, a Rua do Fon-
tanário é descrita da se-
guinte forma: “começa na
Rua da Varziela e termina
no caminho que vai para
o monte”. Refere também
que, na escritura através
da qual a VMM comprou a
referida propriedade (uma
casa com logradouro), é
declarado que a mesma
se situa na Rua do Fonta-
nário, n.º 26”. Em sua opi-
nião, “isto seria o bastante
para se provar que, de fac-
ta-feira. Nesta reunião fo-
ram também aprovados
vários contratos-progra-
ma de desenvolvimen-
to desportivo com clubes,
associações e atletas.
Subsídios
atribuídos às
freguesias
Abade de Neiva: 15.000
euros (obras de drenagem
de águas pluviais e pavi-
mentação das ruas de Al-
DR
to, o caminho em causa é
público” e foi “ocupado in-
devidamente”.
“Caminho
público (...) foi
totalmente
obstruído
pela obras do
Supermercado
Miranda”
A esta segunda exposição,
a Junta da União de Fre-
guesia respondeu dizendo
que fez “novas diligências”
para esclarecer cabalmen-
te o assunto, tendo “afe-
rido” que “os prédios on-
de se encontra implantado
o Supermercado Miranda
não contemplam qualquer
deia Nova e das Cachadas,
última fase);
Fragoso: 20.000 euros
(construção da casa mor-
tuária, última fase);
Pereira: 9.670 euros (dre-
nagem de águas pluviais
e repavimentação da rua
Nossa Senhora da Guia);
UF de Quintiães e Aguiar:
35.000 euros (ampliação e
pavimentação do cemité-
rio de Quintiães, 2.ª fase);
UF de Campo e Tamel S.
Fins: 20.100 euros (arran-
Concelho
via de natureza pública, de
acordo com os respectivos
processos de licenciamen-
to emitidos pela Câmara
Municipal de Barcelos”. A
Junta refere que existia um
caminho de servidão “a
qual assume natureza par-
ticular”. E acrescenta: “É a
esta servidão de passagem
que foi atribuída, em nos-
so entender, erradamen-
te, o topónimo de ‘Rua do
Fontanário’” pela anterior
Junta de Freguesia”. E, ha-
vendo um erro, a Junta re-
fere que vai pedir à Câma-
ra a alteração da toponí-
mia da freguesia.
O anterior presidente da
Junta, garante ao JB que
não houve erro nenhum e
afirma que se trata de uma
via pública. “Como é que
podíamos dar o nome er-
rado se havia lá uma ca-
sa de habitação e foi pa-
vimentada no meu man-
dato?”, questiona David
Vilas Boas, acrescentado
que “foram eles que ago-
ra levantaram o paralelo”.
O ex-presidente da Jun-
ta acrescenta: “Não estou
contra a Junta nem estou
contra ninguém, estou pe-
la verdade daquilo. Demos
o nome à rua porque ia ter
a uma habitação. Dantes ia
ter a duas, mas uma foi eli-
minada. Foi pavimentada
há oito ou dez anos e é o
que é: um caminho públi-
co que foi totalmente obs-
truído pela obras do Su-
permercado Miranda”.
A participação ao DIAP
deu entrada no passado
dia 22. Cabe, agora, a es-
ta entidade desenvolver as
diligências para apurar se
foram, ou não, cometidos
ilícitos criminais.
jo urbanístico da avenida
Di vino Salvador, Campo,
última fase);
UF de Chorente, Goios,
Courel, Pedra Furada
e Gueral: 15.000 euros
(construção do albergue
de peregrinos em Pedra
Furada, 2.ª fase);
Carapeços: 15.000 euros
(pavimentação de troço da
rua dos Barrocos, 1.ª fase);
Macieira de Rates: 14.20
euros (pavimentação da
rua Fonte de Modeste).
 Concelho
Ana Fernanda Lopes é acusada de assédio moral por mais de uma dezena de técnicas
Vereadores travam suspensão e exoneração
da chefe dos serviços de acção social
PAULO VILA
paulovila@jornaldebarcelos.com.pt
A Câmara travou a aplica-
ção das sanções disciplina-
res à Chefe de Unidade Mu-
nicipal do Gabinete de Coe-
são Social e Saúde Pública,
que é acusada de assédio
moral por mais de uma de-
zena de técnicas. O instru-
tor do processo disciplinar
propôs que Ana Fernanda
Lopes (foto) fosse exonera-
da daquelas funções e sus-
pensa por 60 dias, mas, na
reunião da passada sexta-
-feira, a proposta foi chum-
bada com quatro votos
contra, três abstenções e
outros tantos a favor, numa
deliberação muito dividida
e tomada por voto secreto.
Armandina Saleiro não vo-
tou por ter sido testemu-
nha e, como tal, estava im-
pedida de participar.
Não votou, mas também
recusou prestar esclareci-
mentos aos vereadores da
oposição, alegando que o
caso se encontra no Mi-
nistério Público. O JB sabe
que, há cerca de um mês,
pelo menos uma das téc-
nicas apresentou queixa
contra Ana Fernanda Lo-
pes no Departamento de
Investigação e Acção Penal
de Braga, junto do Tribunal
de Barcelos, mas este pro-
cesso, que conta já com 16
testemunhas, não impede
Armandina Saleiro de res-
ponder às questões que lhe
foram colocadas, nomea-
damente quanto à sua inac-
ção. O assunto está a cau-
sar grande embaraço à ve-
readora, como foi visível na
última Assembleia Munici-
pal, uma vez que, apesar de
há já vários anos ter conhe-
cimento da conduta ilíci-
ta e reiterada que está a ser
imputada à chefe dos ser-
viços de acção social, Ar-
mandina Saleiro nada fez
para a impedir.
Vereadora e
presidente
faltam à verdade
Todavia, na sexta-feira,
perante os vereadores, o
presidente da Câmara saiu
Jornal de Barcelos . Quarta-feira 10 de Março 2021
em defesa da vereadora
garantindo que estes ca-
sos de assédio moral nun-
ca lhe foram reportados. A
12 de Fevereiro deste ano,
no depoimento que pres-
tou como testemunha in-
dicada por Ana Fernan-
da Lopes, Armandina Sa-
leiro afirmou mesmo que
“nunca nenhuma técnica”
se lhe dirigiu “para expor
qualquer situação”. Po-
rém, foram várias as assis-
tentes sociais que, desde
2014 e em vários momen-
tos, alertaram a vereadora
para o que se estava a pas-
sar, pedindo-lhe que inter-
viesse no sentido de cor-
rigir os comportamentos
de Ana Fernanda Lopes. E,
em pelo menos duas oca-
siões, Miguel Costa Gomes
foi igualmente confron-
tado com estes aconteci-
mentos, apurou o nosso
jornal. De resto, seria es-
tranho que ambos não ti-
vessem já conhecimento
do que tem estado a acon-
tecer nos últimos anos nos
serviços de acção social do
Município. Não só porque
os casos foram sendo rela-
tados pelas técnicas à che-
fe de divisão de Recursos
Humanos e à directora do
Departamento de Admi-
nistração, Coesão Social e
Educação, Lia Carvalho e
Ana Maria Vila-Chã, res-
pectivamente, como tam-
bém pela ‘fuga’ de traba-
lhadoras que se tem ve-
rificado naquele serviço.
Nos últimos sete anos, pe-
lo menos 21 pessoas dei-
xaram o Gabinete de Co-
esão Social e Saúde Públi-
ca, sendo que seis pedi-
ram para mudar de serviço
e três outras requereram
transferência para outros
municípios. Há igualmen-
te relatos de abandonos de
DR
estágios. Os motivos invo-
cados para as saídas foram
sempre os mesmos: “o as-
sédio a que estavam sujei-
tas” por parte de Ana Fer-
nanda Lopes.
Violação “grave
e reiterada”
de deveres
fundamentais
Representada neste pro-
cesso por um advogado, a
chefe dos serviços de ac-
ção social refuta todas as
acusações que lhe são im-
putadas pelas técnicas, pe-
se embora a argumenta-
ção vaga e pouco consis-
tente aduzida em sede de
contraditório. Este “pro-
cedimento disciplinar (...)
não tem qualquer funda-
mento para existir, por-
quanto a arguida não vio-
lou nenhum dos deveres a
que está adstrita enquanto
trabalhadora e, mais espe-
cificamente, enquanto di-
rigente”, concluiu a defesa.
Contudo, este não foi o en-
tendimento do instrutor
do processo, o advogado
do Município, Mateus Nei-
va, que entende que “Ana
Fernanda Lopes agiu livre,
deliberada e consciente-
mente, sabendo bem que a
conduta voluntária e cons-
ciente por si praticada era
passível de censura disci-
plinar, sendo um compor-
tamento culposo e ilíci-
to”, pese embora, “quando
sentia” que as técnicas po-
deriam “fazer queixa dela,
modificava o seu compor-
tamento, mesmo que de
forma temporária”. Assim
sendo, lê-se no relatório fi-
nal a que o JB teve acesso,
Ana Fernanda Lopes “vio-
lou, de forma grave e rei-
terada” os deveres de “ac-
tuação de boa-fé”, de “co-
laboração na obtenção
da qualidade do serviço e
produtividade, como co-
mo na promoção humana,
profissional e social do tra-
balhador”, de “prossecu-
ção do interesse público”,
de “isenção”, de “zelo”, de
“lealdade” e de “correc-
ção”. Por tudo isto, o ins-
trutor propôs uma pena de
suspensão de 60 dias “a tí-
tulo principal e a sanção
disciplinar de cessação da
comissão de serviço a tí-
tulo acessório, do cargo de
Chefe da Unidade Munici-
pal do Gabinete de Coesão
Social e Saúde Pública”.
De qualquer forma, onde o
instrutor do processo não
encontrou razões para ar-
quivar o caso e manteve
a generalidade das acusa-
ções pelas quais Ana Fer-
nanda Lopes era visada,
a maioria dos vereadores
entendeu poupar a chefe
dos serviços de acção so-
cial. Desconhecem-se, no
entanto, os motivos pelos
quais decidiram, tão-so-
mente, desprezar aquela
proposta quando a maioria
deles tem, até, um conhe-
cimento muito aprofunda-
do do que se passa no ser-
viço liderado por Ana Fer-
nanda Lopes.
5
Faleceu
José Maria
Rodrigues
O antigo-vice-presidente
da Câmara de Barcelos fa-
leceu aos 78 anos. Econo-
mista, José Maria Rodri-
gues foi membro dos exe-
cutivos municipais lide-
rados pelo PSD entre 1989
e 2001. No primeiro man-
dato foi vice-presidente de
Fernando Reis, tendo a seu
cargo, entre outros, o pe-
louro da gestão financeira.
No actual mandato autár-
quico fazia parte da banca-
da do PSD na Assembleia
Municipal.
A sua actividade cívica es-
tendeu-se a varias institui-
ções com destaque para a
Santa casa da Misericór-
dia, os Bombeiros de Bar-
celos e o Gil Vicente.
Em nota de imprensa onde
elogia as qualidades de Jo-
sé Maria Rodrigues, a Câ-
mara de Barcelos manifes-
tou “profundo pesar” pela
sua morte. “No desempe-
nho das suas funções po-
líticas, mas também nas
causas sociais em que se
envolveu ao longo da sua
vida, José Maria Rodrigues
dedicou-se de forma leal e
abnegada, sendo reconhe-
cida por todos a sua dispo-
nibilidade para com a co-
munidade”.
O funeral realizou-se na
segunda-feira à tarde.
 6 Jornal de Barcelos . Quarta-feira 10 de Março 2021
Isabel Bragança, directora da Casa de Saúde de S. João de Deus
“Quando se diz que o capital humano é o activo mais
importante das organizações, aqui é mesmo verdade”
zita fonseca
zitafonseca@jornaldebarcelos.com.pt
Faz hoje 93 anos que
a Casa de Saúde de S.
João de Deus abriu por-
tas, recebendo os dois
primeiros dentes. A an-
tiga Quinta da Casta-
nheira foi comprada em
1927 para nela se insta-
lar a primeira Casa da
Ordem Hospitaleira de
S. João de Deus no Nor-
te do país. Desde a sua
fundação nunca pa-
rou de evoluir, em ter-
mos materiais e no tra-
tamento das patologias
de foro mental. Organi-
zada internamente em
unidades, acolhe cerca
de 290 utentes.
Há muito que os barce-
lenses olham para es-
ta Casa como algo in-
tegrante da cidade. Os
portões franqueados
eram sinal de abertu-
ra à comunidade que,
diz Isabel Bragança, é
exemplar na convivên-
cia com os doentes de
S. João de Deus.
Os últimos 12 meses fo-
ram duríssimos. A Co-
vid-19 obrigou a fechar
os portões, a limitar a
circulação dos utentes
dentro da instituição
e a reorganizar os seu
funcionamento inter-
no. Dois grandes sur-
tos custaram a vida a
16 pessoas. A directo-
ra não esconde a triste-
za pelo facto de terem
morrido sozinhos em
hospitais, sem a pre-
sença daqueles que há
décadas cuidavam de-
les.
Como chegou à direcção
desta Casa, tendo em con-
ta que é a primeira mulher
no cargo, é leiga e a sua
formação de base é em en-
fermagem?
Há o ditado que diz que
quando se fecha uma por-
ta, abre-se uma janela. No
meu caso foi ao contrá-
rio: fechou-se uma janela
e abriu-se uma porta enor-
me. Tinha acabado de sair
do Conselho de Adminis-
tração do Hospital de Bar-
celos, onde estava há sete
anos, por via da demissão
de toda a equipa. Curiosa-
mente, de todos os mem-
bros da Administração, eu
era a única que pertencia
ao quadro. Cada um foi à
sua vida e eu fiquei lá. Isto
foi em Maio de 2007 e, em
meados de Junho, recebi
um telefonema do director
desta Casa, Irmão José Au-
gusto Louro, dizendo que
queria conversar comigo.
Vim cá e ele, da forma di-
recta que o caracteriza, dis-
se: “Não vale a pena estar
com rodeios. Vou sair, por-
que fui eleito provincial da
Ordem Hospitaleira, preci-
so de garantir a minha su-
cessão e estou a convidá-la
para dirigir a Casa”. Quan-
do ele disse aquilo fiquei a
olhar para ele, pensando se
estava a perceber bem. Per-
guntei: “Dirigir a Casa, co-
mo? Não tenho nenhuma
experiência em psiquia-
tria” Ele respondeu: “Mas
tem experiência em gestão
e é disso que nós precisa-
mos”. Tivemos várias con-
versas. Durante duas se-
manas eu terminava o meu
horário no Hospital e vinha
ter aqui para reunir. Foi um
processo de transição mui-
to tranquilo. O Irmão pas-
sou-me tudo o que era
transmissível. Entrei com o
pedido de licença sem ven-
cimento, falei com o presi-
dente do Conselho de Ad-
ministração do Hospital
dizendo-lhe que era uma
oportunidade que eu tinha
e fazia sentido eu afastar-
-me durante uns tempos.
Iniciei funções em Setem-
bro de 2007.
Quando se viu respon-
sável por uma estrutura
desta dimensão, não só
em termos físicos, mas
humanos, com centenas
de doentes e funcioná-
rios, não se sentiu um bo-
cado esmagada?
Senti-me um bocado assus-
tada, mas uma das carac-
terísticas que tenho é que
funciono bem sob pressão.
Ao começar a aperceber-
-me da realidade e da res-
ponsabilidade, senti-me
assustada e ao mesmo tem-
po muito privilegiada.
Não vinha para gerir es-
tritamente em termos
económicos e financei-
ros. Vinha para liderar a
instituição em todos os
sentidos.
É mais isso! A estrutura or-
ganizativa é facilitadora do
processo. Temos um Con-
selho de Direcção que tem
um director, direcções téc-
nicas (enfermagem, clíni-
ca, financeira) e temos, ain-
da, uma parte fundamental
que são os irmãos. Temos a
figura do Superior da Co-
munidade que é quem nos
garante o contraponto com
toda a estrutura em si. Isto
é facilitador. No meu caso,
com a experiência que ad-
quiri no Hospital de Barce-
los e nos anos em que esti-
ve na Administração Regio-
nal de Saúde do Norte [ARS
Norte] consegui desenvol-
ver uma visão estratégi-
ca. Isto é: a ARS Norte per-
mite-nos ver as coisas em
macro, de cima. Ver o todo
foi fundamental aqui, por-
que começámos a desen-
volver outra capacidade de,
em alguns dossiês, ter a vi-
são de helicóptero, porque
o pormenor tem de ser os
da área que têm de o garan-
tir. Numa Casa como es-
ta, penso que é fundamen-
tal. Muito mais numa altu-
ra em que estava a abrir as
portas, a renovar o seu pa-
pel, o seu posicionamen-
to na comunidade. Foram
tempos desafiantes e mui-
to enriquecedores. Quan-
do se diz que o capital hu-
mano é o activo mais im-
portante das organizações,
aqui é mesmo verdade. As
pessoas fazem a diferença.
Temos de ter a capacidade
de olhar para estas pesso-
as e no dia-a-dia encontrar
formas de as ir reforçan-
do e motivando. Em casas
destas faz toda a diferença!
Nós temos pessoas a viver
connosco há 40 anos.
Entrevista
“Nós somos muito já tinha desenvolvido isto tante para o doente. Nós
importantes, com outras figuras femini- somos muito importantes
porque somos nas. porque somos o garante da
o garante da qualidade de vida, do trata-
qualidade Era uma situação ineren- mento, do futuro, mas ten-
de vida, do te à sua condição clínica? tamos sempre que a família
tratamento, Exactamente. E de experi- não se demita do seu pa-
do futuro, mas ências passadas. Ele conta- pel. De uma maneira geral,
tentamos sempre va-me uma história, dizia- temos um reconhecimen-
que a família não -me que eu o tinha aban- to fantástico. Percebemos
se demita do seu donado. Um dia perguntei muito isso neste período
papel”
Estamos num hospital
psiquiátrico masculino,
como é o relacionamento
com os doentes? Eles vão
ter consigo? Há dias dis-
se-me que lhe telefonam
a perguntar quando é que
abre o portão.
Agora telefonam. Antes das
medidas de contenção, iam
ter connosco. Por norma,
tenho a porta do gabine-
te sempre aberta e os uten-
tes circulam pela Casa. Al-
guns vão cumprimentar o
Vítor Duarte, que é o se-
cretário da Direcção, e de-
pois vão dar uma palavri-
nha. É tranquila essa pro-
ximidade. Quando chego
de manhã tenho um con-
junto de utentes de uma
unidade que me diz sem-
pre: “Bom dia, bom traba-
lho, até logo”. Quando vou
embora eles dizem: “Bom
descanso!” É uma rela-
ção de proximidade, mes-
mo. Por exemplo, sei do à mãe e ela disse que havia pandémico. Nomeadamen-
que é que gostam, quando a história, mas que eu não te, quando saiu uma notí-
fazem anos. Obviamente sou nada parecida com es- cia na televisão com o se-
não de todos, mas daque- sa pessoa. nhor presidente da Secção
les com maior contacto ou Regional do Norte da Or-
A experiência que tinha dem dos Enfermeiros [acu-
por algum motivo especial
que me fez reter aquela da- era com os doentes co- sando a instituição de não
ta. É uma relação de mui- muns... disponibilizar recursos su-
ta proximidade. Para o bem Doente agudo, de curto in- ficientes para evitar infec-
e para o mal. Não agrada- ternamento. Entra, resol- ções por Covid-19], tive-
mos a todos e há utentes ve e sai. mos um conjunto de famí-
que, pelas circunstância da lias que fez questão de nos
sua psicopatologia... Tinha Está a lidar com doen- telefonar e deixar mensa-
aqui um utente que me avi- tes que são diferentes e, gens no Facebook a dizer
saram que não podia entrar provavelmente, a relação que não acreditavam em
sozinha na unidade onde com as famílias também nada, que sabem quem nós
ele estava. Teria de levar será diferente. somos e estão gratos. Isto é
alguém ou chamar o en- Quando conseguimos ter o que nos faz continuar e
fermeiro. Este utente via- uma relação com as famí- valorizar aquilo que é valo-
-me no bar e vinha directo lias é excelente. É sinal que rizável.
a mim. É normal. Temos de estão presentes. Essa é a
saber lidar com isto. Entre- parte muita boa. Depois, Nas últimas décadas as-
tanto, já se descentrou de tentamos que esta rela- sistimos ao encerramento
mim. Provavelmente, vai- ção seja uma parceria, que de grandes hospitais psi-
-se centrar noutra pessoa. a família perceba que con- quiátricos da rede públi-
Era dirigido a mim, mas ele tinua a ser muito impor- ca. Por aquilo que fui ou-
 Entrevista
vindo, a tendência é para
a desinstitucionalização.
Para os doentes permane-
cerem na família e na co-
munidade. Mas, há casos
em que isto não é possí-
vel. E a prova disso é que
têm aqui doentes há mui-
tos anos.
Provavelmente, nunca os
vamos poder desinstitu-
cionalizar porque não têm
enquadramento nas tipo-
logias da rede. Mas temos
aqui muitos que podem
usufruir dessa dinâmica,
dessa política.
O Serviço Nacional de
Saúde (SNS) tem estrutu-
ras para internamentos
de longa duração em psi-
quiatria?
No Porto tem o Magalhães
Lemos, em Lisboa o Júlio de
Matos e, em Coimbra, não
tenho muito presente.
E recorre a instituições
como esta.
Exacto! Nós somos com-
plementares ao SNS. Esse
processo de desinstitucio-
nalização já estamos a tra-
balhá-lo desde 2010. Es-
ta unidade, onde estamos
a falar, é uma residência de
treino de autonomia e há
um despacho de contratu-
alização para a rede. Está
preparada para receber os
doentes em Maio. Esta uni-
dade serve para trabalhar
as competências dos uten-
tes para eles serem capa-
zes de fazer o que nós fa-
Jornal de Barcelos . Quarta-feira 10 de Março 2021
zemos no dia-a-dia com o ve, encontrar novos rumos
mínimo de suporte possí- sem contar com quem está
vel. Estamos a falar do em- no terreno.
poderamento das pessoas,
de serem capazes de esco- “Na realidade,
lher onde querem viver, se- estas pessoas
rem perfeitamente capazes ainda têm um
de mobilizar os recursos de risco de exclusão
que necessitam para o seu muito superior
dia-a-dia, contando com a quaisquer
um mínimo de ajuda. Este outras”
é um exemplo. Temos uni-
dades lá fora, temos uma Algumas das pessoas que
equipa de apoio domici- estão aqui há dezenas de
liário há dez anos e agora anos, se entrassem hoje
conseguimos alargá-la ao poderiam vir a ser rein-
concelho de Esposende por seridas na família e na co-
via de uma parceria que fi- munidade?
zemos com a Câmara e, Sim, sim. Temos aqui pes-
também, do financiamen- soas connosco que existin-
do uma outra dinâmica le-
Pedro Gonçalo Costa
gal, uma outra dinâmica na
sociedade não precisavam
de estar. Temos o exem-
plo das nossas residências
autónomas. São casas on-
de estão pessoas que preci-
sam de muito pouco apoio.
O grande objectivo é capa-
citá-las para, dentro das in-
capacidades que têm, con-
sigam funcionar como nós.
A escolher como nós esco-
lhemos a vida que quere-
mos.
A saúde mental é mesmo
o parente pobre da saúde
em Portugal, como tantas
vezes ouvimos dizer?
Sim! Afirmei-o há 13 anos
quando tomei posse e con-
tinua a ser o parente pobre.
Pobre e mal-visto pela so-
ciedade no sentido em
que ninguém esconde que
partiu uma perna...
...Ou tem diabetes, hiper-
tensão, uma doença cróni-
to que obtivemos do Portu- ca.
gal 2020. Desde 2010 aten-
demos quase 300 pessoas, O cancro, talvez já um
realizámos mais de oito mil pouco menos, e as doen-
visitas domiciliárias. Isto ças mentais são coisas
são sinais da estratégia que que as pessoas escondem
temos vindo a desenvol- o mais possível dos ou-
ver desde 2008/2009 e tem tros.
vindo a dar frutos. Agora Tenho dito e repito: Bar-
temos um grande desafio celos é uma cidade exem-
que é o Plano de Recupe- plar. Eventualmente, por-
ração e Resiliência, a “ba- que tem duas casas de saú-
zuca”. de mental, uma na cida-
de e outra muito próxima
Também querem obter [Areias de Vilar], mas é uma
meios por essa via? comunidade muita inclusi-
Espero que consigamos ir va. Temos esses sinais. Os
buscá-los. Queremos acre- nossos utentes fazem par-
ditar que sim. Não se pode te da cidade, têm amigos. E
falar de desinstitucionali- não são amigos no sentido
zação destes utentes sem do coitadinho. Não! Há es-
contar connosco, penso eu. paços comerciais que fre-
No dia 10 de Março faz 93 quento e, como as pesso-
anos que foram admitidos as sabem que estou cá, per-
os dois primeiros utentes. guntam-me o que é de feito
Não se pode, ou não de de- do Manuel, do António do
Joaquim, porque deixaram
do o ver e estavam preocu-
padas. Isto é fantástico!
Para mim, sempre foi nor-
mal que alguns desses
utentes me pedissem um
cigarro ou para lhes ofere-
cer um café quando estou
numa esplanada.
Eles fazem parte, mas há
muito trabalho para fazer
e muito trabalho que te-
mos feito. O ano de 2021
vai ficar marcado na nos-
sa estratégia por uma gran-
de capacidade de traba-
lhar com a comunidade
em áreas como as demên-
cias, a inclusão no mercado
de trabalho. Para o progra-
ma de apoio domiciliário
conseguimos um financia-
mento através do programa
AGIR, da REN. Concorre-
mos a um apoio ao desen-
volvimento de estratégias
junto da comunidade em-
presarial de Barcelos, pa-
ra criarmos empregabilida-
de para estas pessoas. Por-
quê? Na realidade, estas
pessoas ainda têm um ris-
co de exclusão muito su-
perior a quaisquer outras.
Nomeadamente, no mer-
cado de trabalho. Por outro
lado, também entendemos
que o potencial emprega-
dor pode ter algum receio
por desconhecimento.
Por não saber como lidar?
Exactamente. E o que nos
fazemos é capacitá-los.
Trabalhamos com os em-
pregadores, no fundo se-
remos sempre o apoio de-
les. Isto tem caracteriza-
do muito a nossa estraté-
gia nos últimos anos. A
área das demências para
nós é fundamental. Come-
çou com a construção da
nossa unidade de psicoge-
riatria e, neste momento,
temos um projecto inter-
nacional em que somos os
promotores e trabalhamos
com parceiros da Irlanda,
Espanha, Grécia, Turquia
e Itália. O objectivo é cons-
truir a carta de direitos das
pessoas com demência. Es-
tamos a falar de um projec-
to europeu. O Instituto de
S. João de Deus é o promo-
tor e concretiza-se em nós,
Casa de Saúde.
“Os portões não
os posso abrir
já, mas abrir
as portas das
unidades já será
um começo”
A Covid-19 entrou aqui
em dois grandes surtos e
provocou ou contribuiu
para a morte de 16 pesso-
as. Para além disso, há a
questão do confinamento.
Se para qualquer pessoa
o confinamento e as res-
tantes restrições custam
a cumprir, é de supor que
com doentes desta área
seja ainda mais difícil.
É mais difícil, mas somos
surpreendidos todos os
dias. A pandemia teve para
nós dois grandes desafios.
Aos colaboradores exigiu a
adaptação a uma forma de
estar e de trabalhar com-
pletamente diferentes e em
situações muito piores. Na
realidade, ao fechar os do-
entes nas suas unidades,
ao privá-los de tudo aquilo
a que estavam habituados,
temos de arranjar alterna-
tivas. Isto obrigou-nos a re-
construir todos os nossos
modelos de intervenção.
Os utentes saíam das uni-
dades para os espaços on-
de se ocupavam, fosse com
a cerâmica ou com as acti-
vidades físicas. O que fize-
mos foi o contrário, o que
tem contribuído para man-
ter os utentes com um mí-
nimo de qualidade dentro
das unidades. Os desafios
foram fortíssimos e este
ano foi de uma intensida-
de brutal a todos os níveis.
O que mais nos custa - e
aqui falo por mim e por to-
dos os meus colegas - foi os
utentes que morreram lon-
ge de nós. Já tinham patolo-
gias de base e nós sabíamos
que a morte seria algo com
alguma proximidade, mas
sempre equacionamos que
eles morriam connosco. É
algo que temos trabalha-
do nos últimos anos: sem-
pre que possível, morrerem
connosco, com segurança.
Quando sabemos que es-
tá próximo o fim, eles po-
derem fazer a última pas-
sagem com as pessoas com
quem viveram. Isto para
nós é muito importante.
Estamos a falar de doen-
tes que estavam aqui há
décadas?
Exactamente. De morrer
nos hospitais onde, por
muito humanizados que
os cuidados sejam, não são
as pessoas que eles conhe-
cem. Isto num doente men-
tal é muito importante.
Foi um desafio e conti-
nua a ser. Estamos à espera
que o Governo se pronun-
7
cie se vai desconfinar, se
vai levantar algumas me-
didas ou não, temos uma
equipa de crise e já temos
uma reunião agendada pa-
ra levantar algumas medi-
das que até já temos capa-
cidade para aplicar. Já te-
mos as pessoas vacinadas,
em termos epidemiológi-
cos estamos numa situa-
ção boa. Continuamos a ter
a nossa estratégia de tes-
tagens sempre que os co-
laboradores regressam de
isolamentos profiláticos.
Sempre que os utentes sa-
em porque foram ao servi-
ço de urgência ou porque
estiveram internados por
um problema físico e fa-
zem o isolamento normal.
Temos de perceber que te-
mos aqui muitas pessoas e
temos de lhes dar uma es-
perança. Os portões não os
posso abrir já, mas abrir as
portas das unidades já será
um começo.
Convém sublinhar que o
portão que dá para a rua
está fechado há um ano!
Foi a 9 de Março de 2020
que encerrámos aquele
portão, o que muitos nos
custou, mas teve de ser.
Nunca pensando que pas-
sado um ano ainda con-
tinuaria fechado. Vamos
mantendo a esperança...
Também nos está a criar
uma maior capacidade de
lidar com as situações e,
independentemente, de is-
to estar para passar ou não,
estamos melhor prepara-
dos. Já passamos por tanto
e não foi fácil.
A pandemia também im-
pediu que entrassem no-
vos doentes?
Só admitimos em Agosto e
Setembro, mas muito pou-
co e voltamos a fechar lo-
go. Qualquer admissão im-
plica isolamento profiláti-
co de 14 dias e temos de ter
uma capacidade de gestão
de camas que numa situ-
ação de surto nos permita
aplicar todas as medidas de
controlo definidas. Abri-
mos novas admissões há
duas semanas, porque a vi-
da tem de continuar e por-
que, financeiramente, isto
é muito complexo.
Qual é o orçamento anu-
al da Casa de Saúde de S.
João de Deus?
São cinco milhões e meio
de euros, em média. Com
muita contenção.
 8 Jornal de Barcelos . Quarta-feira 10 de Março 2021 Passatempo

Meteorologia: Barcelos 10 11 12 13 14 15 16
Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado Domingo Segunda-feira Terça-feira

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Farmácias de serviço Quarta-feira 10 Quinta-feira 11 Sexta-feira 12 Sábado 13 Domingo 14 Segunda-feira 15 Terça-feira 16

Farmácia Avenida Farmácia Cunha Farmácia Filipe Farmácia Lamela Farmácia Moderna Farmácia Central A Minha Farmácia
Av. Alcaides R. Pe. Seb. Matos, 98 Av. Paulo Felisberto Rua D. António Largo Bom Jesus Largo Bom Jesus Av. Combatentes
de Faria, 81 V. F. S. Martinho Edif. Ponta do Sol, 12 Barroso, 49 da Cruz, 27 da Cruz, 4 G. Guerra, 210
BARCELOS BARCELOS BARCELOS BARCELOS BARCELOS BARCELOS BARCELOS
TEL. 253 826 990 TEL. 253 884 180 TEL. 253 812 424 TEL. 253 811 684 TEL. 253 834 450 TEL. 253 811 637 TEL. 253 814 220

SUDOKU
Complete as quadrículas utilizando números de 1 a 9, sem nunca
os repetir na horizontal e vertical, assim como nos quadradros.
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1 3
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7 3
8 4
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1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 PALAVRAS CRUZADAS
HORIZONTAIS: 1. Fruto deiscente das leguminosas. Certo
benefício de que gozam as comunidades indianas. 2. Al-
ternativa (conj.). Barrela. Ósmio (s.q.). 3. Mistura de gases
2 que envolve a Terra. Mamídero cetáceo muito voraz. Dez Euro Milhões: concursos 18* e 19**/2021
dezenas. 4. Órgão excretor que tem a função de forma-
ção da urina. Crença religiosa. Qualquer de entre dois ou
mais. 5. Dar nova têmpera a. 6. Anuência. Pátria. 7. Den-
Terça-feira: 2 19 24 26 49 + 6 7*
Sexta-feira: 4 5 39 46 48 + 7 10**
tro dos muros de uma povoação. 8. Sem mistura. Indicar
lugar, tempo, modo, causa, fim e outras relações (prep.). Totoloto: concursos 18* e 19**/2021
Ponto cardeal diametralmente oposto ao norte, designa-
5
do pelo símbolo S. 9. Deus te salve! (interj.). Cerimónia pú-
blica e solene (pl.). Mulo. 10. Designa diferentes relações,
Quarta-Feira: 3 4 21 24 44 + 10*
Sábado: 10 18 20 29 48 + 6**

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8 3
4 5
3 9
6
como posse, matéria, lugar, proveniência (prep.). Unida-
de mínima de comunicação. Caminhar. 11. Abertura no al- Milhão: extração n.º 10/2021
6 to da muralha de uma fortificação. Que não é a mesma. Sexta-feira: 1.º prémio LMW 23187
2 3 7
VERTICAIS: 1. Suster-se e deslocar-se no ar. Bordoada. 2.
Fugir alucinadamente. Aregados de vapores condensados
na atmosfera em gotas de dimensões muito reduzidas. 3. Lotaria Clássica: extração n.º 10/2021
3 1 Homem que se dedica ao ensino. 4. Repercurssão. Explo-
são de carga de qualquer arma de fogo. 21.ª letra do al-
Segunda-feira: 1.º prémio 44122
8
2 4
fabeto grego. 5. Unidade linguística mínima portadora de
significado. Altar cristão. 6. Parte do lombo do boi, entre a Lotaria Popular: extração n.º 9/2021
9 pá e a extremidade do cachaço. Marca real ou imaginária Quinta-feira: 1.º prémio 57680
6 que localiza e identifica o fim de uma corrida. 7. viagem
ou saída de casa para outra parte. Enfeitado de plumas. 8.
Totobola: concurso n.º 10/2021
10 Forma proclítica de não. Comer a ceia. Relativo a ele. 9.
1 Viaturas. 10. Peça geralmente metálica, cunhada com au-
torização legal, que serve para realizar transações finan-
Domingo: 211 122 22X 1112 X
11 ceiras. Desaparecer. 11. capital de Eritreia. Toca. O Jornal de Barcelos não se responsabiliza por eventuais erros na transcrição das chaves dos sorteios aqui publicadas

2 5 3 8 Sopa de letras
1. Afalado 11. Desaboçar 21. Merceeira
2. Afasia 12. Desacolchetar 22. Metamorfismo
3. Ajudar 13. Desafamar 23. Natenta
9 4 7 3 4.
5.
Amiserar
Anortear
14.
15.
Encastorar
Entrevista
24.
25.
Pantorrilha
Picaria
8 1 9 6 7 2 6.
7.
Calemburar
Carabina
16.
17.
Fixar
Flexura
26.
27.
Plombagina
Sabugueiro
8. Carmim 18. Frasqueira 28. Singularidade
3 9.
10.
Choutear
Cifrar
19.
20.
Heroicidade
Impenitencia
29.
30.
Sublimado
Visita
4 6 7 8 1 9 M K O M S I F R O M A T E M E S R C B L W O

3 9 5 2 C E A S A I S A F A I U N B I A F A I N I D
C I R N B T Q M L B H E C Y T B L L E H P X
S W F C O A I E E R D N A C U U E E D B A Y

6 3 5 1 P
P
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T S R G G X M R
T E W U U B W V
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1 6 A Q R A X I F R A D C V A D A I A R C Y R O

7 8 4
T P P G B B J A A R O I R E H R E A H V R I
Problema # 172 E D M S T Y J I A N O S D S F O T R O J I C
Jogam as brancas = Mate
2 5 9 3 Ba6 ++
N
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5 2 A A U A A L A M Y C C H C O Y C A Y E N A A

8 4 6 2 Soluções
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2
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9
4
6
5
I M O V B P G I E D A D I R A L U G N I S A
J A G U F N L K M A L B A J K M E A Q H E A
8 3 5 4
R N E P M I I C N E T I A R S
U M S O T A E V A 9 E E A M U A

L U S M E O R U P 8
S I L U G N R A I E D A D I B M O 4 7 9 2 6 3 1 5 8 7 2 5 4 6 8 9 3 1 6 4 9 5 2 1 7 3 8
E I R Q R A L M D A

S O R U M A R T N I 7
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1 5 6 3 8 4 7 2 9 9 1 3 8 2 7 5 6 4 9 1 4 8 5 3 6 7 2 K R S T B A I C N E T I N E P M I Q J L R B

6 9 2
A R A L M I S R 6 H D T R B I A A A C D T S
8 3 2 9 7 5 4 6 1 5 6 8 1 3 4 7 2 9 7 2 5 6 1 4 9 8 3
O C A R A B I N A S Q N C H J L R C C Y A X
I L U F P A T D F U N E
R A R E P M E T E R 5 C I R O O S O S A J E D
I R A H R R E I A A R T 7 9 4 6 2 1 8 3 5 2 7 4 6 5 9 3 1 8 8 6 3 9 7 2 4 5 1
A D A C É F M I R 4 R O A R C I V A D F R A I R A X A

9 1 3 5 4 2 6 8 7 6 3 7 2 8 1 4 9 5 3 9 7 1 6 5 8 2 4 B F I R A T E H C L O C A S E D A M G V R K
O R E R U E O V E I R N
M E C A C R O R A

2 3
3 E T U U B R T I T A E
N H G X M T S S R E R
S O A D A O C U O 2 A U E E N A I C O F 6 8 5 7 3 9 2 1 4 4 5 2 7 9 6 1 8 3 1 5 2 4 8 9 3 6 7
A N I G A B M O L P F M S V C N J P Y Y D A
P L B L E C T R N I
A M A N I M E G A V 1 A F A
C S E M
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2 4 7 8 1 6 5 9 3 8 9 1 3 4 5 6 7 2 4 8 6 2 3 7 5 1 9
11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

Director: Paulo Jorge Vila (CPJ 2878 A). Redacção: Ana Patrícia Novo; Luís Manuel Cunha; Zita Fonseca (CPJ 9641). Colaboradores: António J. L. Trigueiros; Pedro Gonçalo Costa (CO-627
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 Cultura
Colectividade foi pioneira
Há 50 anos, a Banda Musical de Oliveira fazia
história e integrava as primeiras mulheres
pedro gonçalo costa
info@jornaldebarcelos.com.pt
Fundada em 1782, a Ban-
da Musical de Oliveira é
das mais antigas do país e,
em 1970, assumiu o papel
de vanguardista. Ainda an-
tes da revolução de 25 de
Abril, altura em que se deu
a abertura da generalidade
das bandas às mulheres, a
Banda Musical de Oliveira
fazia história. Integraram
Rosa Bastos (à esq. na foto),
Conceição Ferraz (ao cen-
tro) e Teresa Gomes (à dir.)
em 1970. O grupo barcelen-
se realizou, no sábado, a
tertúlia online “As mulhe-
res na banda - da integra-
ção, em 1970, até à actuali-
dade”, que contou com Ro-
sa Bastos, elemento do pri-
meiro grupo de mulheres a
incorporar a banda.
Foi aos 13 anos que Rosa
Bastos entrou na Banda de
Oliveira para tocar clari-
nete. Na altura, incentiva-
da pelo seu irmão e músi-
co, Cândido Bastos, que a
ensinava em casa. Ingres-
sou em 1970, por altura da
Páscoa, e por lá se manteve
por cinco anos. Bem cedo
Cantora barcelense participou na final
Festival da Canção põe Fábia Maia com “nome no mapa”
pedro gonçalo costa
info@jornaldebarcelos.com.pt
A cantora natural de Arco-
zelo participou na final do
Festival da Canção com a
música “Dia Lindo” e foi a
menos votada. Ficou em
10.º lugar deste certame
que se realizou no sábado e
foi transmitido em directo
na RTP 1. A banda The Bla-
ck Mamba foi a vencedora
com a música “Love is on
my side”. Apesar do resul-
tado longe das expectativas
que levada para a final, Fá-
bia Maia acredita que con-
seguiu colocar o seu “no-
me no mapa” ao cantar pa-
ra “milhões de pessoas”.
Numa final decidida entre
os votos do público (50%) e
Jornal de Barcelos . Quarta-feira 10 de Março 2021
percebeu que tinha ali uma
oportunidade para maior
liberdade: “Uma pessoa vi-
via mais ali, ia-se a Roriz,
ia-se à Festa do Facho. Fo-
ra isso, nada. Então, depois
a gente ia a sítios que eram
completamente diferentes
daquilo que a gente estava
habituada”, testemunhou.
Mas nem tudo foram ro-
do júri (50%), a barcelense
foi a menos votada. Ame-
alhou apenas três pontos,
tendo sido mesmo a menos
votada por parte do públi-
co, com apenas um ponto.
Após a grande final, foram
ainda reveladas as pontua-
ções detalhadas das meias-
-finais, que tinham sido
mantidas em segredo até
então. Aí, as notícias são
mais animadoras para a
cantora barcelense. Alcan-
çou a passagem à final, na
1.ª semi-final, com uma
pontuação expressiva entre
o júri composto por figuras
como Paulo de Carvalho
ou Rita Guerra. Foi a ter-
ceira mais votada por par-
te dos jurados (oito pon-
tos), mas, no entanto, não
sas naquela época. Na fre-
guesia “havia comentários
que, às vezes, não eram
muito agradáveis”. Nas fes-
tas eram o centro das aten-
ções: “A gente saía do co-
reto e ouviam-se bocas de
um lado e do outro. Tudo
olhava”, recorda Rosa Bas-
tos.
Cândido Bastos, ex-pre-
colheu a simpatia no pú-
blico (dois pontos). Por ou-
tro lado, a também barce-
lense Graciela Coelho, que
não passou à final, esteve
em destaque entre o públi-
co. Foi uma das menos vo-
tadas pelo júri, mas obteve
seis pontos do público.
DR
sidente da Banda Musical
de Oliveira, lembra a im-
portância que era dada às
mulheres do agrupamen-
to. “Davam mais atenção
às três do que a nós todos”,
brinca o formador musi-
cal das primeiras mulheres.
Foi ele um dos impulsio-
nadores da sua entrada na
banda e, na conversa on-
Pedro Pina/RTP
Após a final e de se ter clas-
sificado em 10.º lugar, Fá-
bia Maia prefere olhar para
o copo meio cheio. “Todos
querem a final e eu con-
segui”. Lembrou os “gran-
des artistas” que ao longo
da história sofreram com a
“rejeição” por parte da so-
line, confessou não saber
explicar por que motivo o
mesmo não acontecia ante-
riormente. Contudo, olhou
para os hábitos culturais à
época, a falta de sensibili-
dade para a importância da
música na formação dos jo-
vens e o ambiente boémio
que rodeava a banda co-
mo algumas das causas que
podem explicar este afasta-
mento feminino e a sua in-
tegração tardia.
As três mulheres mantive-
ram-se até 1977. Nesse ano,
com a saída de Teresa Go-
mes, a banda voltou a fi-
car sem representação fe-
minina. Teve de se espe-
rar 11 anos, até 1988, para
voltarem a serem vistas na
Banda Musical de Oliveira -
com Ana Braga e Paula Pe-
reira. Apesar do processo
de integração de mulheres
nas bandas a nível nacio-
nal já estar mais desenvol-
vido, continuava a imperar
a estranheza porque “ain-
da eram poucas”. “Era en-
graçado, duas mulheres no
meio de 40 homens... Às
vezes, ao descer do core-
to ou no final da procissão,
aparecia alguém para tirar
ciedade. “Eu sinto que sou
alguém que vive à fren-
te do tempo que conhece-
mos. (...) Essa consciência
é uma alegria, mas, às ve-
zes, causa sofrimento. Pri-
meiro estranha-se, até ao
dia que me aceitam”, dis-
se. Esta participação no
Festival da Canção permi-
tiu que Fábia Maia, um no-
me desconhecido por parte
do grande público, entrasse
na casa de “milhões de pes-
soas”. “Tenho a certeza de
que muitas delas ficaram
comigo na memória. Era o
que eu queria, conquistar
corações... consegui colo-
car o meu nome no mapa”,
vincou. A barcelense lan-
çou em Dezembro de 2020
o seu EP de estreia, “San-
9
uma fotografia”, recorda
Ana Braga, que integrou es-
sa segunda geração de mu-
lheres e, actualmente, é a
presidente da colectivida-
de. Em Março de 2020, tor-
nou-se a primeira mulher a
ocupar esta posição de li-
derança dentro da Banda
Musical de Oliveira. Desde
a segunda geração de mu-
lheres, em 1988, o conjun-
to nunca mais deixou de
ter elementos femininos,
sendo que, agora, 40% dos
músicos são mulheres.
A tertúlia online “As mu-
lheres na banda - da inte-
gração, em 1970, até à actu-
alidade” foi moderada pela
professora de história Sara
Vale e contou ainda com a
presença de outras mulhe-
res que actualmente inte-
gram a banda, como Mar-
garida Oliveira e Inês Si-
mões.
Foi a primeira conversa do
Ciclo de Tertúlias Online
“Estórias da História”, pro-
movido pela Banda Musi-
cal de Oliveira. A iniciati-
va prossegue a 19 de Mar-
ço, com o tema “A Arte da
Batuta”, que contará com
maestros da Banda de Oli-
veira. “Dos coretos aos pal-
cos internacionais”, a 2 de
Abril, é o mote para recor-
dar o percurso profissional
de alguns músicos da Ban-
da de Oliveira. A iniciativa
pode ser acompanhada na
página de Facebook da co-
lectividade.
tiago”, e, agora, prepara-se
para lançar o primeiro dis-
co de longa-duração. Está a
preparar o álbum “Avaria-
ções”, que é uma “home-
nagem aos génios que so-
frem por serem incompre-
endidos”.
Para além da barcelense,
marcaram presença na fi-
nal do Festival da Canção
os Karetus & Romeu Bai-
ros, Joana Alegre, Valéria,
Carolina Deslandes, NE-
EV, Pedro Gonçalves, Sa-
ra Afonso, Eu.Clides e The
Black Mamba, apurados
nas duas semi-finais. Os
The Black Mamba vão ago-
ra representar Portugal na
Eurovisão, que este ano se
realiza em Roterdão, nos
Países Baixos.
 10
DIZ-ME POR ONDE ANDAS... | Tiago Sousa
Tiago Sousa esteve no topo do jet ski
mundial e continua a abraçar “desafios grandes”
pedro gonçalo costa
info@jornaldebarcelos.com.pt
Tri-campeão da Europa, 14
títulos nacionais, três vezes
vice-campeão do Mundo e
um 2.º lugar na mítica pro-
va do “Lake Havasu”, nos
Estados Unidos da Améri-
ca. Tiago Sousa é o piloto
português mais premiado
de sempre no jet ski e o pro-
tagonista desta edição da
rubrica “Diz-me por onde
andas...”, que revela o pre-
sente de figuras marcantes
do passado. E por onde an-
da Tiago Sousa? É fisiote-
rapeuta especializado em
atletas mas, cinco anos de-
pois de deixar a elite do jet
ski, continua ligado ao des-
porto. Passou pelo triatlo e,
agora, dedica-se ao trail.
Correr 165 quilómetros nu-
ma ultramaratona no Par-
que Nacional da Peneda-
-Gerês, em 2020, foi o últi-
mo grande desafio de Tia-
go Sousa. Foi a maior prova
do género que alguma vez
fez e rendeu-se. “Agora vivo
um bocado para isso, para
desafios grandes”. Para o fi-
sioterapeuta, havia a neces-
sidade de “perceber o lado”
dos ultramaratonistas que
tratava, as “dores, lesões e
o que acontece numa pro-
va longa”.
Apesar das notórias dife-
renças entre modalidades,
a capacidade de “resiliên-
cia” e de “sofrer” em pro-
va é a mesma do jet ski. “A
cada manga aquilo era tão
exaustivo que, nas últimas
voltas, em sacrifício, já não
sabias o que te doía. Esta-
vas cansado do corpo to-
do... nas outras modalida-
des é igual, vais a sofrer,
mas a prova ainda não aca-
bou, há que aguentar”. Tia-
go Sousa queria lutar con-
tra ele próprio na ultrama-
ratona Trans Peneda-Gerês
e venceu mais essa batalha
ao terminar o desafio de
100 milhas.
Foi mais uma vitória a jun-
tar a tantas outras que
amealhou ao longo de 20
anos ao mais alto nível no
jet ski mundial. Desde o
baptismo, numa albufeira
na zona do Gerês, até aos
treinos regulares no Cáva-
do, em Manhente, foi rápi-
do. Os motores, a velocida-
de e o impulso do pai, tam-
bém ele praticante, fizeram
Tiago Sousa agarrar a mo-
dalidade em força.
Agora, com 35 anos, recor-
da quando começou, com
10 anos, em 1996. Depois
do primeiro ano de adapta-
ção à competição, foi cam-
peão nacional logo em 1997,
em ski juvenis. Foi o pri-
meiro de 14 campeonatos
nacionais conquistados de
forma consecutiva. A pre-
paração física que já tinha
à época foi a grande chave
para o sucesso. Em parale-
lo com o jet ski, era judoca e
jogou hóquei em patins até
aos 18 anos. Isso permitia-
-lhe ter uma “grande van-
tagem” em relação aos con-
correntes. “Não adianta ter
uma grande mota, se não
há tens uma grande capaci-
dade física para aguentá-la.
São muitos cavalos e an-
dar 20 minutos a levar com
aquilo, a puxar, não é fácil”,
explica.
O espírito competitivo im-
punha que tudo fosse fei-
to de ‘gás colado’ e isso im-
pressionava quem vinha de
fora. “Muitos lisboetas vi-
nham treinar a Barcelos
connosco, queriam saber
o segredo de ganharmos
tantos campeonatos segui-
dos”. E perceberam, quan-
do cá chegaram, mesmo li-
dando com uma equipa pri-
vada, familiar, liderada pelo
pai de Tiago Sousa. “Enten-
deram que era a capacida-
de física, a teimosia. Estou
cansado, mas não vou pa-
rar a meio, na prova tam-
bém não vou parar. (...) A
diferença entre andar nos
lugares do meio e andar na
frente é a preparação física
e a dedicação. E nisso não
facilitávamos”, recorda.
Mesmo sendo o melhor em
Portugal, quando competia
em alguma prova no cam-
peonato da Europa batia
de frente com a realidade.
Os “outros” eram “um so-
nho” à beira dele. Começou
a competir na classe profis-
sional com apenas 15 anos,
no “meio dos tubarões”. Le-
vava voltas de avanço, mas
esta desvantagem deu-lhe
estofo para as etapas que ti-
nha pela frente.
Participou vários anos na
prova do Europeu disputa-
da em Mirandela, a única
deste campeonato em que
conseguia participar, até
que foi recrutado para uma
equipa espanhola - a Jet
Joker. Aí, teve a possibilida-
de de fazer todas as provas
do Campeonato da Europa,
uma mudança que fez to-
da a diferença. Tinha uma
mota nova que finalmen-
te permitiu que se chegasse
Jornal de Barcelos . Quarta-feira 10 de Março 2021
ao grupo da frente. “Ir para
fora correr é completamen-
te diferente. Parece que es-
tamos noutro mundo e, re-
almente, estamos”. Depois
desta mudança aos 20 anos
para a formação espanhola,
que lhe permitiu fazer todo
o europeu, decidiu, ao fim
de um ano, retornar às ori-
gens.
Voltou à equipa familiar,
com o seu pai como me-
cânico de confiança. “Eu e
o meu pai vimos o que era
preciso para competir a
um nível mais alto”. Com-
praram outra mota e Tia-
go Sousa saltou “para o to-
po” numa corrida em Espa-
nha, em que terminou no
3.º lugar. “Percebi que as
Sociedade
tou. Viajou até ao outro la-
do do Atlântico para dispu-
tar a mais prestigiada prova
do mundo da modalidade,
a World Finals Lake Hava-
su. “Era como ter o campe-
onato do mundo e ter a Vol-
ta à França, o campeonato
do mundo era bom, tinha
um bom conjunto de pro-
Pedro Gonçalo Costa
vas, mas só queríamos sa-
ber de Havasu, em Outu-
bro... Era o ex-libris do jet
ski”.
Chegou lá como um perfei-
to desconhecido e brilhou.
Ninguém o conhecia por-
que só corria na Europa e,
naturalmente, a maior par-
te eram pilotos americanos.
Com todos eles preocupa-
dos com estratégias para
se anularem entre si, Tia-
go Sousa acabaria por ar-
recadar o 2.º lugar, sendo
que ainda venceu uma das
três mangas. “Perguntavam
todos: ‘quem é este?’, ‘on-
de é Portugal?’, ninguém
sabia. Nem tinha patrocí-
nios, só tinha o meu núme-
minhas habilidades técni- ro (82). Os pilotos das equi-
cas estavam lá, o que me ti- pas de fábrica não sabiam
nha faltado até ali era uma de onde eu tinha chegado”,
mota para chegar à frente”, lembrou. Foi um “êxito” e o
lembra o atleta que, aos 22 “topo” da sua carreira. “Ou
anos, alcançou o primeiro nessa altura estava muito
pódio numa prova do Cam- inspirado, ou... não sei, só
peonato da Europa. sei que consegui”. E conse-
guiu mais logo em 2012, ao
“Os pilotos sagrar-se pela primeira vez
das equipas de campeão da Europa.
fábrica não Abriu-se a porta para ser
sabiam de onde eu recrutado pela gaulesa Te-
tinha chegado” am Perez Competition, com
a qual andou a disputar o
No ano seguinte vendeu a campeonato francês com
mota que o tinha feito sal- outros “tubarões”. Com-
tar para outro nível. Em petia internamente com
causa esteve a vontade de aqueles que eram os mais
ir correr nos EUA. “Vende- fortes no campeonato da
mos a mota e compramos Europa, pelo que, em 2013
uma lá, para correr lá”, con- e 2014, voltou a ter sucesso
nos europeus. Foi tri-cam-
AIFA
peão europeu. “Estava qua-
se sempre em França a trei-
nar, em provas. Foi uma ex-
periência dura, mas engra-
çada”, recorda. A equipa era
propriedade de uma em-
presa de transportes, razão
pela qual se deslocava de
prova em prova de camião
e dormia na cabine do mo-
torista. Mas “não foi só um
mar de rosas. Para ir correr
lá para fora tive de me su-
jeitar a algumas coisas, não
era só hotéis de cinco es-
trelas. Não havia dinheiro,
a equipa queria poupar ao
máximo e, então, dormia
onde dorme normalmente
o camionista”.
 Sociedade
Festejou a
vitória no
Campeonato
do Mundo... e foi
desclassificado
depois
Para lá da vitória nos euro-
peus, ficou sempre à por-
ta de um triunfo nos mun-
diais. Foi três vezes vice-
-campeão do Mundo. Em
2013, chegou mesmo a fes-
tejar o título em Abu Dha-
bi, mas acabou desclassi-
ficado por irregularidades
na mota e perdeu o título
que tinha vencido em pis-
ta. Tiago Sousa tinha ini-
ciado a época em Itália com
uma vitória. “Eles abriram
o motor e viram que esta-
va tudo bem”. Mas, “a meio
da época”, houve uma alte-
ração do regulamento que
impossibilitava a utiliza-
ção de motas com mais de
1100 cc. Tiago Sousa usou a
época toda uma mota com
1190 cc, em conformidade
com as regras vigentes até
à alteração. “No final abri-
ram a minha e a de um ita-
liano [Alberto Monti] - es-
távamos a disputar a vitória
no campeonato do mundo -
e estavam iguais. As regras
eram até 1100 cc e as nos-
sas estavam a 1190 cc. Fo-
mos desclassificados e ga-
nhou um francês [Mickel
Poret] que seguia em tercei-
ro sem ter ganho uma pro-
va e tinha a mota igual à
nossa no início do campeo-
nato”, recorda com mágoa.
Mas estas verificações to-
das só chegaram após a
bandeira de xadrez, já Tia-
go Sousa tinha festeja-
do com a família. Foi mes-
mo antes da cerimónia de
pódio que recebeu a notí-
cia de que tinha sido des-
classificado e relegado pa-
ra segundo lugar na clas-
sificação final do campeo-
nato do mundo desse ano.
Foi “difícil” entender na al-
tura, uma tremenda “desi-
lusão”. “Queria muito ser
campeão do mundo”, con-
fessa. Quase dez anos de-
pois destes acontecimen-
tos marcantes, aponta o de-
do à “corrupção e jogos de
interesse” que há no des-
porto. “Se a gente não es-
tiver no meio certo, com
os amigos certos, pronto...
sentimos que fomos sem-
pre postos de parte, até co-
mo país. Portugal não tinha
uma grande presença no
Jornal de Barcelos . Quarta-feira 10 de Março 2021
campeonato do mundo”. A
partir desse acontecimen-
to, abandonou os mundiais
organizados pela União In-
ternacional de Motonáuti-
ca, mas continuaria a com-
petir em provas prestigia-
das da América e da Tai-
lândia, antes de deixar por
completo o jet ski.
Abandonou a modalidade
porque achou que estava
na hora de investir no seu
percurso profissional. Só
admitia correr se fosse ao
mais alto nível e isso já se
tornava difícil de conciliar
com o trabalho. Dedicou-se
à fisioterapia, mas sempre
sem se desligar do despor-
to. Hoje acompanha mui-
tos atletas no seu consul-
tório (Barcelos Physio Cen-
ter), em Arcozelo. Continua
a ser reconhecido pelo pas-
sado glorioso e há clientes
que lhe pedem “ajuda” por-
que sabem que ele conse-
gue entender o lado do des-
portista. “As pessoas procu-
ram alguém que perceba o
que o desporto significa pa-
ra elas, procuram alguém
igual”, sublinha. Tem com
ele atletas de triatlo, atle-
tismo, ciclismo, crossfit...
nenhum de jet ski. A nível
nacional, a modalidade é
agora “quase” inexistente e
Tiago Sousa tem pena que
não se tenha dado conti-
nuidade ao legado que dei-
xou, as portas que ele abriu.
“Gostávamos que a história
tivesse sido mantida e que
viessem novos pilotos pa-
ra continuar o trabalho e
manter a imagem do des-
porto na cidade”.
Apesar de lamentar o esta-
do a que chegou a moda-
lidade onde cresceu, olha
com optimismo para os
planos que tem para o futu-
ro. Abriu em plena pande-
mia um novo espaço de fi-
sioterapia e, depois do trail,
quer atirar-se para um no-
vo desporto. Só está à es-
pera do desconfinamen-
to para voltar à água para
se iniciar no windsurf e ki-
tesurf. “A minha vida sem-
pre foi desporto. Ainda ago-
ra é e penso que será sem-
pre”. E, para uma alma tão
competitiva, não é possível
apenas passear-se no mar.
A competição vai estar lá,
nem que seja uma luta con-
tra si próprio, para ser ca-
da vez melhor. “Em tudo o
que me meto, quero com-
petição”.
Atleta dedica-se à organização de eventos
Ano “desastroso” leva Carlos Sá
a ter de “começar tudo de novo”
pedro gonçalo costa
info@jornaldebarcelos.com.pt
Atleta consagrado de trail,
Carlos Sá estava a viver o
‘boom’ da modalidade com
a organização de eventos
de referência por todo o
país, mas a pandemia veio
complicar as contas da sua
empresa, a Carlos Sá Natu-
re Events. O ano de 2020
foi “completamente desas-
troso” e, de acordo com o
barcelense, “vai demorar”
a recuperar a grande pro-
cura por parte de atletas
estrangeiros que se estava
a assistir nos últimos anos.
Foi um ano dramático pa-
ra o empresário que se viu
com centenas de eventos
cancelados. “Dei por mim
em Novembro de 2019 a
fazer o calendário de acti-
vidades para 2020 e tinha
dois ou três fins-de-sema-
na livres em todo o ano se-
guinte”. O “stress” de não
ter “tempo para dar res-
posta” ao planeado trans-
formou-se no “stress de
não ter nada”. Foi quase
tudo cancelado e teve de
dispensar trabalhadores.
“Se do ponto de vista pes-
soal é um desalento, do la-
do empresarial é muito di-
fícil”, lamentou.
Apesar de reconhecer que
as preocupações ambien-
tais e de saúde podem ter
impacto na procura de
provas por parte dos es-
trangeiros num futuro
próximo, Carlos Sá acre-
dita que a afluência vai re-
gressar aos níveis atingi-
dos no passado. “Mas vai
demorar, só daqui a dois
ou três anos”, crê. Ao lon-
go dos últimos anos, a em-
presa fundada por Carlos
Sá vinha a apostar em hi-
king e trail tours, eventos
que decorriam durante to-
do o ano e que estavam di-
reccionados para atletas
estrangeiros. “Tenho um
evento no Parque Nacio-
nal da Peneda-Gerês em
que vêm trinta e tal pes-
soas de Israel, mais 20 de
Singapura, 30 do Brasil, 20
do Estados Unidos, 30 da
Holanda. Isto tudo de pa-
íses que estão a ser mui-
to massacrados. (...) Vamos
ter de começar tudo de no-
vo”, explicou o barcelen-
se. Apesar de se anteve-
rem condições sanitárias
para a realização desses
eventos ainda este ano, os
clientes já lhe pedem para
adiar para 2022. “Não têm
confiança, para além de
que as viagens estão mui-
to caras. Uma viagem que
custava 700 euros dos Es-
tados Unidos, agora está a
1700 euros”, nota.
11
do primeiro ultra trail em
Pedro Gonçalo Costa
Barcelos, com a associa-
ção Amigos da Montanha.
Foi a terceira ultra a reali-
zar-se em Portugal e, hoje,
são “duas ou três” cente-
nas em todo o país. O atle-
ta lembra-se da primei-
ra edição do Grande Trail
Serra d’Arga, em 2011, em
que teve cerca de 150 par-
ticipantes. “Creio que esta-
vam lá todos os pratican-
tes do país”, apontou. De
acordo com Carlos Sá, es-
tima-se que haja entre 40 a
50 mil atletas em Portugal
a participar regularmente
em provas. “Isto demons-
tra bem o crescimento que
esta modalidade teve”.
“Não poderia
ter o ritmo
que tinha”
Para além destes even- O ultramaratonista de Vi-
tos mais exclusivos, Car- lar do Monte celebrizou-
los Sá tem em mãos a or- -se no mundo do trail com
ganização de provas em- vitórias em algumas das
blemáticas como o Gran- mais importantes provas
de Trail da Serra d’Arga, nacionais e internacio-
o Trans Peneda-Gerês ou nais, como o 1.º lugar na
Trail do Centro, em Pena- Badwater (2013) e o recor-
cova. São corridas que jun- de mundial na ascensão a
tam milhares de pessoas Aconcágua, a maior mon-
e que estão marcadas este tanha do continente ame-
ano, a partir de Junho. “Te- ricano. Uma lesão em 2017
nho sete provas em calen- atirou Carlos Sá para a sa-
dário. Acredito que as pos- la de operações e precisou
sa organizar, caso as auto- de dois anos para recupe-
ridades assim o permitam rar fisicamente. Já recom-
e o estado da pandemia se posto, aos 47 anos, está
mantenha positivo”. Já em pronto para voltar às corri-
2020 teve oportunidade das, mas não com o ritmo
de pôr no terreno provas de antigamente. “Devido à
com medidas de seguran- idade que já tenho, para ter
ça, como o Trans Peneda- uma vida longa dedicada
-Gerês, e Carlos Sá garan- ao desporto não poderia
te que correu “muito bem”. ter o ritmo que tinha... de
Abastecimentos minima- fazer ultras atrás de ultras,
listas, partidas com ape- às vezes concentrados em
nas 20 pessoas de cada vez poucos meses do ano”, ex-
ao longo de três dias e com plica. Por isso, vai-se focar
uso de máscara no primei- nas organizações e, “de vez
ro quilómetro ou, simples- em quando”, escolher um
mente, pedindo permissão evento para participar. “É
nas passagens são algumas uma questão de estratégia
das medidas utilizadas pa- e gestão de carreira, para
ra reduzir riscos. “As expe- daqui a dez anos continu-
riências que tivemos cor- ar a fazer aquilo que gos-
reram muito bem e dizem- to. (...)
-nos que é possível organi- Ao ritmo que estava, a pro-
zar em segurança este tipo babilidade de andar mais
de eventos”, disse. dois ou três anos e não po-
Carlos Sá iniciou-se em der praticar mais desporto
2010 com a organização era muito grande”.
 12
I Liga (22.ª jornada): cai para zona de despromoção
FC Porto deixa Gil Vicente sem argumentos
Gil Vicente, 0 potente remate e deixou a
Porto, 2 frágil equipa do Gil Vicen-
te em maiores dificuldades
Sábado, 6 de Março, 18h00
para o que restava do jogo.
Estádio Cidade de Barcelos
A equipa continuou a me-
Árbitro: Nuno Almeida. Aux.: ter água no plano defen-
André Campos e Carlos Campos. sivo jogada após jogada. O
VAR: Rui Oliveira e João Bessa
Silva Porto explorava a profun-
didade e criava muito pe-
Gil Vicente: Denis, Paulinho rigo. Na primeira parte, va-
(Joel, 75’), Nogueira, Rodrigão,
Talocha, Henrique Gomes, leu o guarda-redes Denis
Claude Gonçalves (João Afonso, com três defesas cruciais
78’), Pedrinho, Lucas Mineiro que evitavam um desca-
(Vítor Carvalho, 86’), Lourency
(Samuel Lino, 75’) e Pedro Mar- labro e deixavam a equipa
ques (Fujimoto, 75’). Treinador: a respirar. No final do en-
Ricardo Soares contro, o treinador Sérgio
Conceição considerou De-
Porto: Marchesín, Manafá, Pepe
(Sarr, 45’), Diogo Leite, Nanu, nis o “melhor em campo”.
Corona (Luiz Diaz, 45’), Sérgio
Foram precisos 59’ para o
Oliveira, Uribe, Otávio (Grujic,
84’), Marega (Francisco Concei- Gil chegar com perigo à ba-
ção, 87’) e Taremi (Evanilson, liza do Porto. Lucas Minei-
84’). Treinador: Sérgio Conceição ro rematou de longe e a bo-
Golos: Uribe (6’) e Sérgio Oliveira la passou a rasar a trave. Is-
(60’) to foi o melhor que conse-
guiu a equipa de Barcelos
Ao intervalo: 0-1
em todo o jogo, mas, no
pedro gonçalo costa melhor momento do Gil,
info@jornaldebarcelos.com.pt Sérgio Oliveira fechou as
contas. O médio português
O Gil Vicente cedeu ao FC marcou no minuto seguin-
Porto uma das vitórias te, aos 60’, com uma ‘bom-
mais tranquilas dos dra- ba’ do meio da rua.
gões esta época. Um golo A perder por 2-0, Ricardo
madrugador e uma ‘bom- Soares operou as primeiras
ba’ no melhor momento do substituições a 15’ do final.
Gil Vicente no jogo foram Já sem crença em mudar o
fatais para as aspirações rumo do jogo, Samuel Li-
dos barcelenses. É a segun- no e Fujimoto refrescaram
da derrota consecutiva do o ataque, mas os remates à
Gil Vicente, que mantém a
equipa entre os lugares de CLASSIFICAÇÕES DA 1.ª LIGA APÓS A 22.ª JORNADA
‘aflitos’. EQUIPAS PTS JGS VIT EMP DER MAR SOF
1 Sporting 58 22
Na recepção a um ‘grande’, 2 48 22
FC Porto
Ricardo Soares optou por 3 SC Braga 46 21
4 Benfica 45 22
mudar a estratégia e colo- 5 41 22
Paços Ferreira
cou três centrais. Teorica- 6 V.Guimarães 35 21
7 Moreirense 29 22
mente estaria a dar mais 8 Santa Clara 28 22
robustez à defesa, mas o 9 Rio Ave 25 22
10 Tondela 24 22
plano saiu furado logo aos 11 Portimonense 23 22
6’. Erros de posicionamen- 12 Belenenses 22 22
13 Nacional 21 22
to deixaram Uribe apare- 14 Boavista 21 22
cer à entrada da área sem 15 Farense 19 22
16 Gil Vicente 19 22
oposição. O colombiano 17 FC Famalicão 19 22
abriu o marcador com um 18 Marítimo 18 22
Largo Dr. José Novais, 31 . Loja 1 . 4750-310 Barcelos
MARCAÇÕES:
936 271 962
253 813 232
Jornal de Barcelos . Quarta-feira 10 de Março 2021 Desporto
Óquei junta-se
à Associação
Europeia de Clubes
O Óquei de Barcelos junta-
-se à Associação Europeia
Pedro Gonçalo Costa de Clubes (European Hockey
Clubs Association - EHCA)
que reúne alguns dos mais
importantes emblemas
europeus da modalidade. A
EHCA tem como objectivo
apoiar a “mediatização” e
impulsionar o hóquei em
patins, enquanto avança
com o objectivo de organi-
zar competições europeias
em parceria com a World
Skate RH e a World Skate
Europe RH.
Para além do Óquei de
Barcelos, juntaram-se ainda
os italianos Forte dei Marmi
e os franceses Saint-Omer.
A organização foi criada em
2019 por alguns grandes
clubes ibéricos: Barcelona,
Oliveirense, Reus, Noia, Por-
to, Sporting, Liceo e Benfica.
Feminino: Gil
Vicente sobe
ao 2.º lugar
O Gil Vicente somou a
terceira vitória consecutiva
na Liga e subiu ao 2.º lugar
da fase de manutenção/des-
cida. A equipa treinada por
baliza e jogadas de perigo montada para “tirar pon- cutiva, caiu para 16.º lugar Carlos Celso venceu o UR
Cadima por 3-0 com golos
continuaram como até en- tos ao Porto”, sendo que a e está a apenas um ponto de Catarina Machado, Glen-
tão: a zero. resposta foi tímida. “É ma- do último lugar. Na próxi- da Falcão e Sara Alves. À
nifestamente pouco para ma jornada, o Gil Vicente 6.ª jornada, quando faltam
“A nossa quem foi à procura do re- visita Guimarães para de- cinco jogos para o fim desta
guerra é outra” sultado”, afirmou Ricar- frontar a equipa local e vai fase, as barcelenses alcan-
çaram a vice-liderança,
do Soares. O técnico do Gil à procura de pontos que lugar que dá acesso directo
O golo madrugador aca- Vicente frisou ainda que lhe permitam sair da posi- à manutenção no primeiro
bou por “deitar por terra” o segundo golo deixou a ção incómoda que ocupa. escalão do futebol feminino.
a “estratégia” que estava equipa “animicamente fra-
ca” depois de, nos primei-
ros 15’ da segunda parte,
RESULTADOS DA 22.ª JORNADA o Gil ter finalmente entra-
18 4 0 44 11 Paços Ferreira - Nacional 2-1
14 6 2 47 22 Sporting - Sta. Clara 2-1
do no jogo. “Não perdeu o
15 1 5 39 21 Portimonense - Tondela
Gil Vicente - FC Porto
3-0
0-2
equilíbrio, é verdade que
13 6 3 38 17
12 5 5 30 21
Boavista - Famalicão 3-0 não foi forte o suficiente
Marítimo - Moreirense 0-2
10 5 6 27 22 Rio Ave - Farense 2-0 para entrar novamente no
7 8 7 22 26 Belenenses - Benfica 0-3
8 4 10 24 25 SC Braga - Guimarães *
golo, mas manteve o equi-
6 7 9 18 25 *Disputava-se na hora do fecho desta edição
líbrio, manteve-se serena,
7 3 12 22 37 23.ª JORNADA (12/03/2021)
6 5 11 21 26 Nacional x Marítimo
não fugiu dos princípios
4 10 8 13 21 Farense x Belenenses 13/03 que nós queríamos. (...) Vi-
5 6 11 21 30 Sta. Clara x Portimonense
4 9 9 24 34 Benfica x Boavista tória justa do Porto, foi me-
Tondela x Sporting
4 7 11 22 31 Moreirense x Rio Ave 14/03 lhor e a nossa guerra é ou-
5 4 13 16 29
4 7 11 18 35
V. Guimarães x Gil Vicente
FC Porto x Paços Ferreira
tra”, disse. A equipa somou
5 3 14 19 32 FC Famalicão x SC Braga 15/03 a segunda derrota conse-
Loja 1: Algares, Carvoeiro
Barroselas - Tlm.: 933 493 780
Fábrica: Alvas - 4905 - 092
Barroselas - Tel.: 258 773 294
Tlm.: 966 642 420
 Desporto Jornal de Barcelos . Quarta-feira 10 de Março 2021 13

Nacional de hóquei em patins (22.ª jornada): OCB continua na liderança confiança. Empatou (3-3) de
livre directo aos 38’ e aca-
bou mesmo por ser decisivo
muito tempo a dizer que
têm de se alterar as regras
do hóquei em patins para

Óquei triunfa a dois segundos do fim no último suspiro. A sete

segundos do final foi assina-
lada a 15.ª falta ao Tomar e
o consequente livre directo.
Darío Giménez foi novamen-
SC Tomar, 3
que os árbitros não tenham
ferramentas para decidir
jogos. (...) Há muito tempo
que defendo que as simu-
lações não devem somar à

Luís Ribeiro
te chamado a converter e falta de equipa. Hoje tocou
OC Barcelos, 4 marcou o golo da vitória a ao Tomar, mas podia-nos ter
dois segundos do fim. tocado a nós”, referiu.
Sábado, 6 de Março, 18h00 No sábado, o Óquei recebe
Pavilhão Municipal de Tomar a Sanjoanense. O seu mais
Árbitros: Sílvia Coelho e Paulo
“Têm de se alterar directo rival pela liderança,
Almeida as regras” o FC Porto, tem um difícil
Tomar: Xico Veludo, Ivo Silva, embate precisamente diante
Filipe Almeida, Pedro Martins e O golo na última jogada do Tomar.
Xanoca. Jogaram ainda: Lucas motivado pela 15.ª falta do
Santos, Rubinho e Nery. Treina- Tomar soltou muitas críticas HÓQUEI EM PATINS - I DIVISÃO
dor: Nuno Lopes à arbitragem por parte da Pos. Equipa P J V E D GM GS

Barcelos: Joka, Luís Querido, equipa visitada. Em causa 1 FC Porto 51 21 16 3 2 110 57

2 OC Barcelos 51 22 16 3 3 114 64
Darío Giménez, Miguel Rocha esteve uma simulação de 3 Benfica 43 21 13 4 4 90 52
e Reinaldo Ventura. Jogaram um jogador do Tomar que 4 Oliveirense 43 19 14 1 4 79 61
ainda: Tomás Pereira, Joca, Zé acabou por resultar na 15.ª 5 Sporting 40 18 12 4 2 74 41
6 Tomar 35 21 10 5 6 79 69
Pedro e Rafa Lourenço. Treina- falta de equipa, o que teve 7 Valongo 26 21 7 5 9 53 62
dor: Rui Neto. como consequência um 8 Juv. Viana 22 22 6 4 12 57 79
Golos: Pedro Martins (7’), Miguel livre directo. Para além das 9 Sanjoanense 22 21 5 7 9 66 77
10 Famalicense 20 21 6 2 13 75 110
Rocha (8’), Rubinho (16’), Rafa críticas naturais da equipa 11 HC Braga 20 21 6 2 13 59 86
Lourenço (23’), Filipe Almeida da casa, Rui Neto também 12 Turquel 17 21 4 5 12 51 73
(37’), Darío Giménez (38’ e 49’). ceram o Sporting de Tomar cartão azul a Miguel Rocha. 16’, Rubinho voltou a pôr se juntou ao coro de críticas 13 Riba d’Ave 15 21 5 0 16 55 87
14 “Os Tigres” 10 22 3 1 18 55 99
Marcha do marcador: 1-0, 1-1, por 4-3 com Darío Giménez O Tomar passou a jogar em o Tomar na frente (2-1). sobre uma decisão... que
RESULTADOS DA 22.ª JORNADA
2-1, 2-2, 3-2, 3-3, 3-4 a ser decisivo, ao marcar os superioridade numérica e Rafa Lourenço conseguiu o beneficiou. “Erraram em Sporting - Juv. Viana 9-3
dois últimos golos. A equipa Pedro Martins aproveitou empatar (2-2) ainda antes favor do Barcelos e contra o Riba d’Ave - FC Porto 2-7
mantém-se na liderança da para abrir o marcador (1-0) do intervalo, mas, no rea- Tomar, hoje [sábado] o jogo Tomar - OC Barcelos 3-4
pedro gonçalo costa fase regular, em igualdade aos 7’. No minuto seguinte, tamento, o Tomar voltou a é decidido numa suposta si-
Sanjoanense - HC Braga 5-2
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“Os Tigres” - Turquel 2-5
pontual com o Porto. Miguel Rocha empatou (1-1) estar na frente (3-2). Desta mulação que é uma falta de Oliveirense - Famalicense 8-6
Após a lesão de Conti, Joka e somou mais um golo à sua vez de penálti, aos 37’. equipa”, analisou. De acordo Benfica - Valongo 3-3

Um golo de livre directo a
dois segundos do fim garan-
tiu a vitória do Óquei Clube
de Barcelos (OCB) frente à
equipa ‘sensação’ do campe-
onato. Os barcelenses ven-
assumiu a titularidade na
baliza do Óquei e, no sába-
do, voltou a ser colocado
à prova. Saiu-se bem logo
aos 5’, ao defender um livre
directo na sequência de um
conta pessoal. Já leva 32
golos e é o terceiro melhor
marcador do campeonato.
Mas a sina do Óquei para
este jogo foi andar sempre
atrás do resultado e, aos
Em desvantagem, o Óquei com o treinador, existe a PRÓXIMA JORNADA (13/03/2021)
Valongo x Sporting 02/04
teve de recorrer à sua necessidade de se alterarem Juv.Viana x Riba d’Ave
arma mais certeira. Mesmo as regras na modalidade FC Porto x Tomar
tendo falhado duas bolas para que as simulações OC Barcelos x Sanjoanense
HC Braga x “Os Tigres”
paradas na primeira parte, deixem de contar como Tuquel x Oliveirense
Darío Giménez não perdeu a faltas de equipa. “Ando há Famalicense x Benfica

Jogo perigoso

JOSÉ MANUEL TORRES, o indefectível sportinguista LUÍS MANUEL CUNHA, o ferrenho benfiquista PAULO ALEXANDRE RALHA , o indomável portista

E como nem só de futebol vive o Sporting, deixo a referên-
cia a duas extraordinárias vitórias de atletas leoninas nos
Campeonatos Europeus de Atletismo em Pista Coberta, na
Polonia. Auriol Dongmo, medalha de ouro no lançamento
do peso (19,34 m), e Patrícia Mamona, medalha de ouro no
triplo salto (14,53 m). E a fazer jus ao seu ecletismo, ven-
ceu, este domingo, por 3-1, a Taça de Portugal em voleibol
frente ao seu eterno rival Benfica. É isto que define o meu
clube, por onde já passaram grandes campeões como Jo-
aquim Agostinho, Carlos Lopes e muitos outros que seria
fastidioso enumera-los a todos.
Mas vamos lá falar do campeonato que, por muito que
alguns continuem a vaticinar que este estado de graça não
durará muito, a verdade é que a equipa continua a superar
os adversários - nem sempre com boas exibições, como foi
o caso frente ao Santa Clara. Os últimos jogos têm trazido
a Alvalade conjuntos no seu melhor momento, como são
exemplos o Portimonense, Paços de Ferreira e Santa Clara,
facto que, aliado à vontade de todos quererem vencer uma
equipa ainda sem derrotas, tornam os jogos mais com-
plicados. O certo é que à 22.ª jornada, o Sporting tem 18
vitórias e quatro empates. E nem a circunstância da equipa
ter marcado, em seis jogos, já no período de compensação,
tira brilho às vitórias. Isso demonstra querer, confiança e
vontade de vencer. E porque não uma pontinha de sorte?
Mas nunca favores da arbitragem, como acontecia, num
passado recente, com um clube da capital que acabou por
ser campeão.
Nasceu um novo deus no firmamento futebolístico
nacional. Este sim, é o novo Mourinho. Chama-se Ruben
Amorim e é endeusado como um génio só porque pôs
o Sporting ao alcance do título, 19 anos depois do últi-
mo. Permito-me recordar aqui para memória futura, a
comparação com o ex-treinador do Benfica, Bruno Lage.
Lage pegou na equipa no final da primeira volta, a sete
pontos do Porto. Na segunda volta ganhou todos os jogos
(em Braga, em Alvalade, no Dragão, em Guimarães...) e
empatou apenas um, com o Belenenses, depois de estar a
ganhar 2-0. Recuperou os sete pontos de atraso e foi cam-
peão com dois de avanço! Um génio, dizia-se. Cá estava o
sucessor de Mourinho. Finalmente. Renovou o contrato,
despachou o Sporting com um 5-0 na Supertaça e, nos
primeiros 23 jogos da época seguinte, ganhou 22 e perdeu
um! Perdeu no Porto e depois foi o que se viu. O Porto
recuperou os sete pontos de atraso e foi campeão. Ora,
afinal o novo Mourinho não fora senão uma promessa. E o
que fez Ruben Amorim até agora? Ganhou a Taça da Liga,
foi eliminado da Liga Europa e beneficiou de só jogar uma
vez por semana. De resto, vai ganhando com algum mérito
e muitos deméritos dos outros candidatos e o golinho
salvador nos últimos instantes das partidas. É certo que
não há campeões sem sorte, mas a sorte pode acabar de
um momento para o outro e então lá se vai uma vez mais
o novo Mourinho. É só aguardar e ver se tenho ou não
razão. Até agora, basta comparar com o que aconteceu no
Benfica com Bruno Lage.
Mais uma semana cinzenta para o Porto. Uma mistura entre
o negro que simboliza o afastamento da Taça de Portugal e
o branco simbólico do regresso às vitórias no campeonato.
Enquanto isso, os verduscos continuam imperiais a ultra-
passar todos os obstáculos à sua frente. Ainda que possa
ser in extremis, a verdade é que vencem. Como aconteceu
nesta jornada, porque jogam cada vez com mais confiança e
acreditam na reviravolta até ao fim do jogo. Assim atraem a
sorte que acompanha os vencedores. Por isso, a vantagem
face ao 2.º classificado permanece inalterada e a esperança
de haver um retrocesso que reposicione o FCP como líder é
cada vez menor. Nestas alturas, ao escrever estas peque-
nas peças de maledicência, vem-me sempre à lembrança a
imagem de um boomerang: Um objecto que vai e vem. Que é
como quem diz: Cá se escrevem, cá se “engolem”. Mas como
isto é desporto, ainda que sentado e de pena na mão, e
como os adversários também merecem ganhar (pelo menos
de vez em quando), todos estes sentimentos de desilusão
acabam por se diluírem ao ritmo que se direcciona a espe-
rança para a Champions e para a próxima época. Agora sim,
o Porto tem pela frente, contra a Juventus, o jogo que pode
remediar a época e repor os níveis de confiança para ter-
minar o campeonato, pelo menos, em 2.º lugar. As apostas
estão todas neste jogo: É novamente um tudo ou nada, um
preto ou branco. Tal como as cores da vechia signora que
espero ver claudicar dentro de campo quando este jornal
estiver a ser impresso. Por isso, nada resta senão gritar a
plenos pulmões: força Porto!
 14 Jornal de Barcelos . Quarta-feira 10 de Março 2021 Opinião

local, tendo sido reaberto desigualdades existentes de resposta no combate à

Olhar de outra forma para o inacabado
Estamos no último ano do
actual mandato do execu-
tivo liderado pelo Parti-
do Socialista e por Miguel
Costa Gomes (que atinge o
limite de mandatos e não
pode recandidatar-se).
Dentro de sete meses tere-
mos eleições autárquicas,
onde os barcelenses serão
chamados a votar e a ava-
liar o trabalho realizado.
Como é normal em demo-
cracia, a oposição (neste
caso, toda) vem insistin-
do na ideia de que os exe-
cutivos do Partido Socia-
lista não corresponderam
às expectativas dos bar-
celenses, carregando na
crítica de que não há es-
tratégia, não há obra que
se veja e que, no que to-
ca às freguesias, se prati-
ca a “política do chapéu
na mão”.
Ora, pelo que tenho vin-
do a observar, há uma es-
tratégia clara de futuro as-
sente em dez eixos fun-
damentais: educação;
conhecimento e dinami-
Nélson Brito
Economista
Membro do Grupo Municipal do PS
zação económica; coesão
territorial; coesão social;
cultura e factores distinti-
vos; sustentabilidade am-
biental; qualidade de vida;
saúde; sustentabilidade fi-
nanceira; cidadania.
Na educação, é ver o que
foi feito ao longo dos úl-
timos anos - e que pros-
segue - com a requalifica-
ção do parque escolar por
todo o concelho, num in-
vestimento global de de-
zenas de milhões de eu-
ros. E sem ter apostado em
construir ou requalificar
escolas que depois ficam
fechadas, como aconteceu
no passado! O Centro Es-
colar da Várzea é o exem-
plo mais recente, mas tan-
tos outros podem ser da-
dos pelo concelho fora.
Ao nível do conhecimento
e dinamização económica,
a aposta na parceria com o
IPCA e o seu desenvolvi-
mento em Barcelos foi e é
muito evidente: constru-
ção de acessos pedonal e
rodoviário; aquisição dos
terrenos para construção
do pavilhão multiusos (e
que estará também ao ser-
viço dos barcelenses); re-
qualificação da antiga Es-
cola Gonçalo Pereira para
a Escola Superior de De-
sign do IPCA.
Porque acreditamos que
os empregos do futuro se-
rão essencialmente ba-
seados em novas com-
petências e que é preci-
so apoiar a dinâmica que
o IPCA tem mantido des-
de a sua criação (ain-
da no tempo dos executi-
vos PSD, cujo mérito nes-
te projecto reconheço com
aplauso). Ora, o IPCA hoje
é muito mais do que quan-
do foi criado - mérito seu,
mas também mérito de to-
dos os que apoiaram, a co-
meçar pelo executivo mu-
nicipal.
O executivo tem apostado
também muito fortemen-
te na dinamização do tu-
rismo e sua ligação com o
artesanato. Assim se pro-
move também a cultura
o Museu de Olaria; requa-
lificada a “Torre de Mena-
gem”; e, mais recentemen-
te, com o início da inter-
venção na “Casa Ascensão
Correia”, por exemplo.
Também o Teatro Gil Vi-
cente tem estado ao ser-
viço das associações cul-
turais locais e, certamen-
te, terá a sua programação
ainda mais impulsionada,
dentro das limitações de
espaço que tem (fruto da
péssima intervenção reali-
zada no tempo dos execu-
tivos PSD).
O executivo, na senda da
matriz do PS, tem promo-
vido políticas de coesão
social cada vez mais in-
tensas, sendo disso exem-
plo as intervenções de
requalificação no Bair-
ro do IHRU (“Bairro 1.º de
Maio”) e no Bairro da Fun-
dação Salazar, que repre-
sentam investimentos su-
periores a dois milhões de
euros.
Ainda assim, foi na coe-
são territorial que mais se
avançou nos últimos anos,
fruto também do protoco-
lo dos 200% celebrado en-
tre a Câmara e as juntas de
freguesia (onde está aqui o
“chapéu na mão”?). Vemos
hoje um concelho muito
mais equilibrado em ter-
mos de desenvolvimen-
to do que tínhamos em
2009, seja entre freguesias
e cidade (onde se reduziu
o fosso de desenvolvimen-
to) e entre freguesias (re-
duzindo-se as gritantes
em 2009, aqui sim, furto
da “política do chapéu na
mão”!). Há ainda muito a
fazer nestes campos, mas
é indesmentível que a si-
tuação melhorou muitís-
simo.
Tudo isto tem sido fei-
to promovendo o equilí-
brio financeiro (a Câma-
ra de Barcelos tem estado
sistematicamente classi-
ficada entre as melhores
do país ao nível da efici-
ência financeira), reduzin-
do drasticamente a dívi-
da que vinha de trás e aca-
bando com a política das
“obras de gaveta” e apos-
tando também de for-
ma mais evidente na sus-
tentabilidade ambiental,
de que projecto “Barcelos
BUS” é um exemplo maior,
mas também na limpeza
do rio Cávado, na requali-
ficação das suas margens
(por exemplo, com os re-
centes ancoradouros), na
construção de trilhos pe-
donais (algo que se deseja
possa ser maior e mais rá-
pido).
O orçamento participati-
vo, que desde o ano pas-
sado tem uma dotação
de meio milhão de euros,
tem por objectivo, além
dos benefícios, já visíveis,
de projectos apresentados
pela sociedade civil, refor-
çar o envolvimento dos ci-
dadãos na governação do
concelho. Mais cidadania,
portanto.
E o executivo mostrou ain-
da resiliência e capacidade
Covid-19, com o exem-
plo mais recente a ser o
financiamento adicional
às freguesias neste âmbi-
to e a instalação do Centro
de Vacinação, que consti-
tui um elemento-chave na
resposta à pandemia.
Não obstante tudo isto, a
oposição diz que nada foi
feito e há até forças po-
líticas que desejam uma
grande aliança para tirar
o PS do poder municipal,
dando um impulso exter-
no à união em torno da fu-
tura candidatura à Câma-
ra, a qual, espero, dê con-
tinuidade ao trabalho que
vem sendo feito.
A vida democrática impli-
ca aceitar a diferença de
opinião como factor im-
pulsionador da transfor-
mação e do desenvolvi-
mento: “a vida de cada
um de nós não se basta a
si mesma: precisaremos
sempre do olhar do outro,
que é um olhar outro, que
nos mira de um outro ân-
gulo, com outra perspec-
tiva e outro humor.” (José
Tolentino de Mendonça,
de quem usei também o tí-
tulo deste artigo).
P.S.: Morreu o Dr. José Ma-
ria Rodrigues, por quem
eu tinha muita estima e
que foi um barcelense de
grande nível e que dedi-
cou muito do seu tempo
às causas da comunidade.
Paz à sua alma. E as mi-
nhas condolências à famí-
lia, com amizade.

toicismo e resignado reco-
lhimento interior.
E se é verdade que nós,
cristãos, suportamos me-
lhor a dor do luto por sa-
bermos não ser esta a ver-
amada terra.
Recordo, por isso, o gosto
e empenho com que ser-
viu o Município de Barce-
los, quer como vice-presi-
dente da Câmara e verea-
mais fracos e salvaguardar
a honra das instituições a
que pertenceu.
Outra faceta por que se dis-
tinguiu foi o seu lugar na
família que formou com a
rado. E foi também avô ba-
bado, paciente e brinca-
lhão.
Este exemplo de vida terá
continuação, estou certo,
nos seus filhos que o cho-

Dr. José Maria Ribeiro dadeira vida, não podemos

Rodrigues (1943-2021)
Em menos de três meses,
Barcelos viu partir três dos
seus mais dedicados cida-
dãos: o Zé Gomes (“Péro-
la”), o comandante Zé Lu-
ís Quinta e o Zé Maria Ro-
drigues! Todos eles meus
bons e leais amigos. Todos
eles barcelenses dos quatro
costados. Todos eles ani-
mados de acendrado bair-
rismo. Todos eles capazes
de conciliar as suas inten-
sas vidas familiares e pro-
fissionais com a entrega
abnegada e desinteressada
ao serviço de várias insti-
tuições públicas e privadas
de solidariedade social,
políticas e desportivas.
No passado domingo, foi a
vez do Zé Maria, que Deus
quis chamar para junto de
Si, em pleno período qua-
resmal, para lhe antecipar
a Páscoa eterna, depois de
alguns meses de dura pro-
vação, suportada com es-
deixar de nos entristecer
com a partida deste nosso
querido amigo, cuja bon-
dade de coração e grande-
za de carácter não podem
deixar de referenciar-se.
Pessoa simples e discreta
e homem de bem, notava-
-se-lhe uma especial bono-
mia e esmerada educação
que aliava a uma espontâ-
nea simpatia e ar sorriden-
te, atributos que sublinha-
vam a sua natural dispo-
nibilidade para fazer ami-
zades, ajudar o próximo e
servir desinteressadamen-
te as instituições da sua
dor quer como deputado
municipal, assim como o
tempo e zelo que dedicou a
outras instituições da cida-
de - entre as quais destaco
os Bombeiros Voluntários,
o Rotary Clube, a Santa Ca-
sa da Misericórdia, o PSD e
o Gil Vicente Futebol Clube
-, cujos corpos dirigentes
integrou. E mesmo quando
algumas vezes sentiu des-
gostos ou sofreu ingrati-
dões, nunca se deixou cor-
romper pela maledicência
nem se serviu do poder pa-
ra mesquinhas vinganças
ou para bater em vencidos.
Mas antes para ajudar os
sua esposa e também mi-
nha querida amiga, Teresa
ram amargamente, mas
que dele bem se podem or-
Mesquita. Marido aman-
tíssimo - e reciprocamen-
gulhar.
É este o Homem e o Amigo
te amado - e pai extremo- que no início desta semana
so, foi sempre um amigo, foi a sepultar.
companheiro e confidente Que descanse em paz!
dos filhos, por quem igual-
mente foi querido e admi- António Pedras, Barcelos
Escreva-nos As suas opiniões e comentá-
rios são muito importantes para nós. Por isso,
não hesite e escreva-nos, utilizando o e-mail
ou a morada abaixo indicados. Para o fazer
terá, apenas, de se identificar e assegurar-se
que a sua carta não excede as 400 palavras ou
2500 caracteres. O JB reserva para si o direito
de, sempre que necessário, editar os textos
de forma a torná-los mais sucintos e claros. Carta: Jornal de
Barcelos - Av. da Liberdade, n.º 29, 2.º Andar - 4750-312 Barcelos.
E-mail: cartadosleitores@jornaldebarcelos.com.pt
 Opinião
As coscuvilheiras não têm sexo
Apesar do termo estar no
feminino, o autor desta
crónica avisa já que não
tem qualquer preconcei-
to relativamente à mulher,
até porque sabe que há por
aí muita língua de trapo
debaixo de um farfalhudo
bigode. Escusam por isso
de se alvoraçarem os polí-
cias do que se diz, porque
efectivamente a cusquice
não tem sexo.
O Papa Francisco vem des-
de há uns tempos a es-
ta parte alertando para o
veneno que é o mexerico,
tendo mesmo afirmado,
a determinado momen-
to, que este era uma praga
maior que o Covid-19.
Confesso-me um admira-
dor professo deste Papa.
Pela forma liberta como
coloca na agenda temas
que muitos consideram
fracturantes, principal-
mente a própria Igreja Ca-
CONSULTÓRIO
Água - atenção aos consumos prescritos
A DECO Minho recebeu
várias reclamações de con-
sumidores que, confronta-
dos com as facturas de re-
gularização agora emitidas
pela empresa Águas do Al-
to Minho (apelidadas de
“faturas amarelas”), veri-
ficaram que estão a ser co-
brados consumos efectu-
ados há mais de seis me-
ses. Estamos, pois, peran-
te consumos prescritos
Jornal de Barcelos . Quarta-feira 10 de Março 2021
sem papas
na língua
José Ilídio Torres
Professor e escritor
tólica, que com tanta dor
de cabeça deve já ter esgo-
tado as aspirinas nas far-
mácias do Vaticano.
A sua frontalidade e a sim-
plicidade como aborda es-
te e outros temas fazem
dele um dos maiores hu-
manistas da actualidade.
Sem medo seja de quem
for, expressando valores e
ideais universalistas.
Eu confesso que o mexeri-
co me assusta. Conheço-
-o bem. É próprio de gen-
te pequena e mesquinha e
não apenas das aldeias. Ele
existe também nas vilas e
cidades e não é, pelos vis-
tos, exclusivo dos portu-
gueses. Se alguém se des-
taca de alguma forma na
sociedade, na política, no
dirigismo, nos negócios ou
em qualquer outra esfera,
logo um bando de abutres
trata de arranjar nódoa pa-
ra manchar a credibilidade
conforme determina a Lei
dos Serviços Públicos Es-
senciais. Porém, deve ser o
consumidor a invocar jun-
to da Águas do Alto Minho
essa prescrição.
A DECO Minho alerta to-
dos os consumidores pa-
ra esta situação e infor-
ma que caso constate que
lhe estão a ser facturados
e cobrados consumos com
mais de seis meses, podem
ou a reputação.
- Isso é dinheiro da droga!
- Diz que a mulher lhe põe
os palitos forte e feio...
- Ouvi dizer que tem um
negócio de meninas...
Esta maledicência está por
todo o lado como um can-
cro, com um efeito devas-
tador sobre a imagem das
pessoas.
O «ouvi dizer» devia ser
punido com sete chibata-
das em cada um dos cos-
tados de quem o diz, e já
mais ninguém ouvia dizer.
Nas aldeias a coisa chega
a tomar proporções maio-
res, quando por via de uma
certa curiosidade mórbi-
da, e porque as gentes se
movimentam num espaço
geográfico pequeno, a vida
das pessoas chega a ser es-
pionada.
- De quem será aquele car-
ro estacionado à porta de-
la??
opor-se ao seu pagamento,
invocando expressamen-
te a prescrição junto da-
quela entidade e solicitan-
do a correcção da factura,
com anulação de todos os
consumos prescritos. De-
vem comunicar por escri-
to, preferencialmente atra-
vés de carta registada com
aviso de recepção, dirigi-
da à empresa Águas do Al-
to Minho.
- Comprou camarões no
supermercado. Vai haver
festa...
É absolutamente dantesco.
Na base deste tipo de com-
portamento está certa-
mente um deficit cultu-
ral, educacional, mas fun-
damentalmente de falta de
vergonha na cara. Os im-
polutos têm muitas das
vezes telhados de vidro e
muitos são especialistas
nos vícios privados que
gostam de colocar nos ou-
tros. Ninguém merece ser
vigiado, ou ter as suas ac-
ções criticadas, desde que
não interfiram com a vida
dos demais.
Depois, na base do mexeri-
co, está sempre um padrão
pretensamente moral, que
parece ditar aquilo que se
pode ou não ser, fazer, ou
dizer. Como se a moral fos-
se uma escola de virtudes.
Deus, Pátria e Família da-
quilo que é bom e ajusta-
do para todos, e quão de-
sajustado foram estes ter-
mos em tempos idos...
A caminho de 50 anos de
liberdade, há quem tenha
aprendido muito pouco
de respeito pelo outro, pe-
la diferença, pela não in-
tromissão na esfera in-
dividual de cada um. O
mexeriqueiro(a) é uma es-
pécie de bufo social, en-
carregue de levar e trazer
recados, mesmo que inve-
rosímeis. É uma espécie de
De salientar que esta não
é uma situação que afec-
ta todos os consumido-
res por igual, devendo ser
analisada factura a factu-
ra, caso a caso, e verificar
se há consumos com mais
de seis meses ou não. Ha-
vendo, o consumidor po-
de invocar a prescrição en-
contrando-se a DECO dis-
ponível para o auxiliar.
Consubstancia uma obri-
gação das entidades pres-
tadoras de serviços públi-
cos essenciais sempre que
a prescrição seja expressa-
mente invocada, nos casos
em que tem fundamento
legal, ou seja, consumos
com mais de seis meses, a
entidade passa a ter a obri-
gação de anular os consu-
mos prescritos corrigindo
a factura.
De alertar ainda que,
quando recebe a factura e
tem dúvidas sobre a mes-
ma, o consumidor deve in-
lavadeira de roupa suja em
tanque público, capaz de
ver a mancha de batom no
colarinho da vizinha, mas
incapaz de vislumbrar a
sua badalhoquice interior.
É realmente uma praga.
Tem razão o Papa.
Como se combate então
esta pandemia? De uma
forma muito simples -
com um sorriso confiante
nos lábios. Com indiferen-
ça perante os pobrezinhos
de espírito. É certo que po-
dem do mexerico e da cos-
cuvilhice resultar prejuí-
zos graves para a vida da
pessoas, mas não deve ha-
ver receio em afirmar-se
a todo o momento a força
das ideias.
Experimentem mandar al-
guém que sabem que vos
denegriu ler um livro ou
assistir a uma peça de te-
atro - garanto-vos que cria
mais mossa que um so-
nante e apetecido “vá para
a que o pariu”.
Hoje em dia, parte desta
corja movimenta-se nas
redes sociais. Manda fo-
tografias desfocadas dos
trabalhos dos filhos pa-
ra o professor, por via das
aulas on-line, mas as suas
selfies saem sempre bem,
de tacha arreganhada e ca-
belos ao vento. Gostam de
mostrar o que não são, pri-
vilegiando mais o parecer
que o ser - coisas dos no-
vos tempos.
formar-se antes de proce-
der ao pagamento porque,
uma vez paga, não pode
ser invocada a prescrição,
pois tem-se como o cum-
primento de uma obriga-
ção natural e, como tal,
não há lugar a restituição.
mel | azeite (virgem extra) | vinho | nozes |
avelãs | amêndoas (em casca ou grão) | figos
frutosvimel@gmail.com | 911 586 017
15
Ao fim de mais de dez anos
desactivei a minha con-
ta do facebook. E quan-
do me perguntam porquê,
respondo simplesmen-
te que cansei. Usei-a sem-
pre sem restrições, até dar
por mim a filtrar públicos.
Não demorei muito tempo
a perceber que, ao fazê-lo,
não estava a ser verdadei-
ro comigo, a colocar reser-
vas naquilo que penso en-
quanto ser livre, enquanto
cronista e escritor.
Deixei de vender uns li-
vritos, perdi o contacto vi-
sual com alguns amigos
de quem gosto de verda-
de, mas que sabem sem-
pre onde me encontrar.
Ganhei tranquilidade e
paz, tão em falta nos dias
que correm. Poderia con-
tinuar de forma aberta co-
mo sempre estive nas re-
des sociais. A questão é
que cansei de tanta mes-
quinhez.
Não há receitas mágicas
para evitar o olhar maldo-
so e a língua de trapos de
alguns, mas há uma vacina
que podemos inocular em
nós mesmos, de efeito du-
radouro e eficaz. Chama-
-se inteligência.
Saiba cada um tomá-la
sem restrições, rumo a al-
go que os velhacos(as)
mexeriqueiros(as) nunca
encontrarão, por mais que
procurem:
- Conhecimento.
Se o consumidor tem dú-
vidas e pretende obter in-
formação, pode procurar a
DECO, devendo informar-
-se antes de proceder ao
pagamento para poder in-
vocar tudo aquilo a que te-
nha direito.

Quarta-feira 10 de Março 2021
Estimado(a) assinante,
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www.jornaldebarcelos.com.pt livro de reclamações electrónico.

Sinais dos tempos

Luís Manuel Cunha
Professor

PS Barcelos - O circo regressou à cidade

A partir de Maio de 2016,
o PS de Barcelos partiu-se
em dois. Assistiu-se então
a uma debandada das úni-
cas pessoas lúcidas, inte-
ligentes e dignas que por
lá militavam, algumas das
quais, diga-se, acabaram
expulsas. E os que ficaram
transformaram o Parti-
do numa verdadeira escola
de circo. Palhaços com far-
tura, equilibristas às car-
radas e bobos de diversas
formas e feitios atropelam-
-se hoje nos diversos ór-
gãos do Partido. Todos com
alguns denominadores co-
muns - a parvoíce como
forma de exercício políti-
co, o culambismo assumi-
damente cultivado, a taca-
nhez intelectual. Enquanto
um casal de incompetentes
se juntava “à esquina, a to-
car a concertina e a dançar
o sol-e-do!” Ou seja, a go-
vernarem o concelho, pe-
rante o escárnio e a chaco-
ta dos cidadãos mais aten-
tos. Este é um retrato, tal-
vez cruel, do PS de Costa
Gomes, ex-“preso político”,
actual presidente da Co-
missão Política Concelhia,
um “pigmeu” político igno-
rante e mentiroso com pro-
vas dadas e até reconheci-
das por decisão judicial de
um Tribunal Superior.
E agora que se aproximam
as próximas autárquicas,
o que pressupõe a escolha
dos candidatos e das equi-
pas, assiste-se a uma “ren-
trée” circense num empol-
gante espectáculo de aber-
tura e que promete sessões
especiais nos próximos
tempos. Salta o dr. Alexan-
dre Maciel e diz: “Quero ser
presidente da Câmara de
Barcelos”. Muito bem. É um
direito legítimo que lhe ca-
be. E vai mais longe ao afir-
mar que, uma vez escolhi-
do pelos órgãos competen-
tes (se tal vier a acontecer)
terá, diz ele, o apoio “in-
condicional” dos “camara-
das” Horácio Barra e Mi-
guel Costa Gomes. A con-
cretizar-se tal desiderato,
serão pelo menos mais dois
votos para Maciel, isto se
Costa Gomes não lhe fizer
o mesmo que fez ao candi-
dato que apoiou para a Dis-
trital contra Joaquim Barre-
to, por quem acabou por se
deixar seduzir após um al-
moço na Ericeira sob o cha-
péu protector do impolu- do pretensiosismo do que considera que o perfil dos niões da Assembleia de
to José Socrates. Ó dr. Ma- se designa por falar sem di- candidatos propostos, no- Freguesia com edições do
ciel, a confiança na bonda- zer nada. meadamente a sua dedica- JB como (pelo menos no
de humana, neste caso, ou Mas o melhor do circo veio ção à causa pública, com- meu tempo de estudante
é uma ironia sua ou uma a seguir. Numa nota de im- petência e percursos po- universitário) os estudan-
ingenuidade incompreen- prensa, “o Secretariado líticos garantem a coesão tes estendiam as suas ca-
sível. Quiçá explicável por Concelhio do Partido So- necessária para vencer o pas negras para funciona-
Alfredo Cardoso que, ao cialista de Barcelos (...) de- próximo desafio autárqui- rem como passadeiras pa-
ser questionado sobre o cidiu por unanimidade co”. Dedicação à causa pú- ra as pessoas mais ilustres
eventual apoio concedido propor à Comissão Política blica? Como? Onde? A fa- que visitavam a Universi-
ao seu candidato Alexan- Concelhia (...) o camarada zer o quê? Competência? dade. Sinal de respeito, de
dre Maciel pelos órgãos na- Horácio Barra como candi- Em quê? Percurso político? admiração e de reconhe-
cionais do Partido, respon- dato do PS a presidente da Só se for da Câmara para a cimento, ainda que alguns
deu de forma lapidarmen- Câmara Municipal de Bar- prisão ou da prisão para a o não merecessem. O que
te sublime: “O Partido é um celos e o camarada Miguel Câmara. Mas, atenção. Ain- não é o caso do JB, que bem
corpo vivo com contradi- Costa Gomes como can- da não é tudo. merece a admiração do Tei-
ções (...)” - desculpar-me-á didato a presidente da As- De repente, do meio da- xeira, ainda que eu suspei-
a brincadeira, mas será as- sembleia Municipal de Bar- quela turba familiar de ca- te que as suas capacidades
sim como o cérebro e o pé- celos”. Não sei o que mais maradas levanta-se José intelectuais lhe não permi-
nis quando este contradiz espanta: se a incapacida- Paulo Teixeira, presiden- tam saber ler o que acabei
por inacção as ordens do de política de um derrota- te de Junta, cuja formação de escrever.
primeiro? - acrescentando do duas vezes por Fernan- académica foi “ter andado Tudo isto para que, diz a
a seguir: “Esta plataforma do Reis, que se disponibi- na Escola Comercial” e pro- referida nota de imprensa,
(...) está aqui para apresen- lizou, enquanto presidente clama: Eu também quero o PS de Barcelos “anuncie
tar o candidato, não vamos da Assembleia Municipal, ser presidente da Câmara. sem ambiguidades os pro-
fazer especulações de na- a “branquear” o comporta- Força, “camarada” Teixeira. tagonistas políticos que
tureza freudiana”. Atrever- mento político de um “pig- Então, se o ignorante Cos- prosseguirão o ambicio-
-me-ia eu a sugerir que tal meu” ignorante e menti- ta Gomes esteve lá 12 anos, so projecto de desenvolvi-
explicação fosse espalha- roso; se a disponibilidade por que razão o Teixeira mento do concelho de Bar-
da por infomail por todas do “camarada” Costa Go- não tem o mesmo direito? celos que se encontra em
as freguesias do concelho. mes para presidir à Assem- Nós, aqui no JB, seremos a curso (...)”. Aqui não resisti
Maciel teria muitos mais bleia Municipal, o que, es- sua “muralha de aço”. Por- a uma saudável gargalhada.
votos, o povo ficaria mais tou certo, nos vais fazer que lhe estamos agradeci- Porque era o momento dos
culto, Freud daria camba- ter saudades do dr. Cos- dos desde que, ao que me palhaços. Não há dúvida. O
lhotas no túmulo e Alfre- ta Araújo. Seja como for, dizem, mandou atapetar o circo regressou à cidade. E
do Cardoso atingiria o topo “o Secretariado Concelhio corredor até à sala de reu- veio para ficar.

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