Abrir portas onde se erguem muros Director: Manuel Carvalho Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • Ano XXXII • n.º 11.

II • n.º 11.464 • Edição Lisboa • Assinaturas 808 200 095 • 1,30€

NUNO FOX/LUSA

Autárquicas
aceleram.
Fernando Medina
em acção de
campanha
ontem, em Lisboa

Mais de 80 por cento dos presidentes

recandidatam-se nestas autárquicas
Substituição pelo “número dois” para fugir à lei da limitação de mandatos pode aumentar • PS perto da
maioria absoluta na Amadora • Sete líderes partidários falam sobre problema da habitação Destaque 2 a 7

Dois terços dos jovens acreditam que mundo está condenado

Um retrato devastador das expecta- a crise climática está a condenar o publicado na revista The Lancet. Nes- Governo está a trair esta geração e a ciam um alarmante estado de ansie-
tivas dos jovens portugueses sobre o mundo, de acordo com um estudo te cenário, 37% mostram-se reticentes próxima. O estudo conÆrma a opi- dade dos jovens ante as consequên-
futuro: dois em cada três dizem que cientíÆco feito em dez países e pré- em ter Ælhos e 62% aÆrmam que o nião dos especialistas, que denun- cias da crise climática Última, 40

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23,8% do total Plataformas digitais Liga dos Campeões

SNS nunca teve Consumidores Benfica arranca
tão poucos vão ser mais empate no jogo
médicos em protegidos nas frente ao
exclusividade suas compras Dínamo de Kiev
Nunca houve tão poucos médicos Governo reforça prazos de garantias, Apesar de sofrer forte pressão no Ænal
em exclusividade no SNS. São agora condições para rejeição de bens e do jogo, quando os ucranianos viram
4840, ou seja, 23,8% do total dos resolução de contratos. Lei vai além um golo anulado, o BenÆca sai de Kiev
médicos no activo Sociedade, 14 do direito europeu Economia, 20 com um ponto Desporto, 36/37
ISNN-0872-1548
2 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021

AUTÁRQUICAS 2021
NUNO FERREIRA SANTOS

Mais de 80%
dárias no tabuleiro nacional das elei-
Leonete Botelho
ções autárquicas não deverá sofrer

H
á um cheirinho a Æm de
ciclo nas eleições autárqui-
cas de 2021. Cerca de 80%
dos candidatos que se apre-
nenhuma revolução, uma vez que os
presidentes que se recandidatam
gozam de uma enorme vantagem à
partida, sendo poucos os que não são

dos presidentes
sentam à liderança de uma
câmara municipal são repe-
tentes, pois já são os actuais presi-
dentes, mas ao mesmo tempo a
maioria (56%) vai concorrer pela
última vez consecutiva. Se forem
reeleitos. De acordo com um estudo
recente divulgado pelo PÚBLICO,
essa vantagem andará à volta dos 15
pontos percentuais.
Tudo isto se deve à lei da limitação
de mandatos, que impede que um

de câmara
eleitos, vão entrar no último manda-
to e não se podem recandidatar —
pelo menos no mesmo município.
No total, são 250 os presidentes
que procuram a reeleição este ano:
118 do PS, 82 do PSD, 21 da CDU, cin-
presidente de câmara se recandidate
após cumprir três mandatos conse-
cutivos. A lei vigora desde 2006, mas
os seus efeitos foram visíveis sobretu-
do em 2013, quando fez extinguir os
“dinossauros autárquicos” que mar-

recandidatam-se
Estas eleições vão fechar mais um ciclo autárquico de 12 anos
marcado pela lei de limitação de mandatos. Aumenta a
tentação de substituição do presidente pelo “número dois”
co do CDS, 16 por movimentos de
cidadãos e mais três — Nós Cidadãos,
JPP e Livre-PS). E, destes, 142 vão
entrar no terceiro e último manda-
to. Só do PS são 71 (quase metade
dos 160 presidentes de câmara que
elegeu nas últimas autárquicas), do
PSD são 50 (mais de 50% dos 98 que
tem), da CDU são 17 os “Ænalistas”
(entre 24 chefes de executivo) e do
CDS são três, metade das seis presi-
dências que hoje detém. Isso signi-
Æca que, em 2025, os partidos terão
de renovar mais de metade dos seus
cabeças de lista (56%) e praticamen-
te metade do total de eleitos (45,7%
dos 308 municípios).
Até lá, a correlação de forças parti-
cavam o poder local desde 1976, con-
duzindo à renovação das gerações de
presidentes a cada 12 anos.
Em 2013, Æcaram abrangidos por
esta limitação 160 presidentes de
câmara, entre os quais nomes como
Mesquita Machado (Braga) e Marta
Soares (Vila Nova de Poiares), que
lideravam os destinos das suas câma-
ras desde 1976, mas também foram
então afastados alguns pesos-pesa-
dos como Luís Filipe Menezes, Antó-
nio Capucho e Isaltino Morais.
Em 2017, apenas 41 concelhos não
puderam reeleger os seus presiden-
tes, enquanto este ano foram 35 os
chefes de executivo que cumpriram
os 12 anos de funções: 18 do PS, 13 do

PSD, três da CDU e um do CDS, de
acordo com os gabinetes autárquicos
destes partidos.
Entre os autarcas que atingiram o
tecto este ano estão os sociais-demo-
cratas José Pinto Moreira (Espinho),
António Vilela (Vila Verde), Gustavo
Duarte (Foz Côa), Farinha Nunes
(Sertã), Paulo Inácio (Alcobaça) e Rui
André (Monchique). Mais à direita,
o CDS Æcou impedido de recandida-
tar Victor Mendes, o presidente de
Câmara de Ponte de Lima, forte bas-
tião centrista — o candidato é o seu
número dois, Vasco Ferraz.
Por seu lado, o PS teve de renovar
o cabeça de lista em concelhos como
Viana do Castelo ( José Maria da Cos-
ta), Castelo de Paiva (Gonçalo
Rocha), Barcelos (Costa Gomes),
Miranda do Douro (Artur Neves),
Oliveira do Hospital ( José Alexandri-
no), Penacova (Humberto Oliveira),
Seia (Carlos Figueiredo) e Vila do
Bispo (Adelino Soares).
Em busca do “efeito Medina”
Já em 2025 a conversa será outra,
dado que cerca de metade dos pre-
sidentes de câmara terão de ser subs-
tituídos. E as contas desse rosário já
começam a ser feitas nos maiores
partidos, levando ao esboço de estra-
tégias que possam reduzir os riscos
de perda de presidências de câmara.
O PS parece o partido mais preocu-
pado com esse horizonte temporal,
tendo em conta a forma como têm
mudado as lideranças dos executivos
autárquicos à medida que se aproxi-
mam do limite de mandatos.
Nos últimos quatro anos, houve 15
presidentes socialistas que renuncia-
ram ao cargo para dar lugar ao seu
“número dois”: aconteceu em Alfân-
dega da Fé, Figueira da Foz, Aljezur,
Lagoa, Lagos, Tavira, Vila do Bispo,
Leiria, Campo Maior, Santo Tirso,
Abrantes, Mondim de Basto, Man-
gualde, Vila Nova de Paiva e Funchal,
segundo o gabinete do coordenador
autárquico, José Luís Carneiro.
O PS parece, assim, apostar numa
espécie de “efeito Medina” segundo
o qual o presidente da câmara eleito
renuncia, dando lugar ao seu “núme-
ro dois”, que, desta forma, ganha
experiência e notoriedade para
depois se apresentar mais seguro às
eleições seguintes. Com a vantagem
de que o tempo de substituição não
conta para efeitos de limitação de
mandatos, de acordo com a Comis-
são Nacional de Eleições. Fernando
Medina, apesar de presidir à Câmara
de Lisboa desde 2015, apenas foi
cabeça de lista em 2017, estando por-
tanto no seu primeiro mandato.
Com números muito diferentes,
também o PSD já “ensaiou” a estra-
tégia de fazer renunciar o presidente
de câmara para abrir caminho à
renovação a meio do mandato. Acon-
teceu nos últimos anos com Isaura
Morais (Rio Maior) e Jorge Mendes
(Valença), que optaram pela eleição
à Assembleia da República, onde
hoje são deputados.
Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • 3
Amadora Sondagem
População residente
171.719
População estrangeira
PS muito próximo
21.456 (2019)
Idosos por 100 jovens AMADORA
da maioria absoluta
150
Eleitores
na Amadora
145.361
Salário médio
1387,8€ Área Metropolitana de Lisboa
for, mantém um vereador eleito.
Cristiana Faria Moreira
Desempregados Já o Bloco de Esquerda está em
A
inscritos no IEFP actual presidente da Câma- risco de perder o lugar no executi-
6049 ra Municipal da Amadora, vo. De acordo com as projecções, o
Carla Tavares, deverá partido que concorre com Deolinda
Presidência de
câmara PS: vencer as eleições autár- Martins como cabeça de lista, que é
47,97% (votação) quicas do dia 26 de Setem- também a actual vereadora, obtém
Fonte: CNE, INE, Censos 2021, IEFP (Julho de 2021),
INE (ganho médio mensal com referência a 2018) bro, deixando a longa dis- 5% das intenções de voto, dois pon-
tância a candidata da coligação tos abaixo dos 7% obtidos há quatro
Actual presidente com vitória segura liderada pelo PSD, Suzana Garcia. A anos. A margem de erro da sonda-
dúvida que resta esclarecer é se os gem admite que o partido não con-
PSD melhora um pouco: 4 pontos. PS e Bloco perdem socialistas conseguirão manter a siga manter o mandato.
Percentagem Intenção directa Estimativa de resultados maioria absoluta. Entre os partidos estreantes, é a
de voto* eleitorais** Esta é a principal conclusão da Iniciativa Liberal que consegue
43
sondagem realizada pelo Centro um melhor resultado, chegando aos
de Sondagens da Universidade 4%, enquanto o Chega se Æca pelos
Católica Portuguesa (Cesop) para 3%. O PAN, que em 2017 conseguiu
27 a RTP e para o PÚBLICO. Revela ain- a eleição de um elemento para
22 23 da que a coligação Dar Voz à Ama- a assembleia municipal, recolhe
dora, encabeçada por Suzana Garcia 3% das intenções de voto neste
15 — que junta, além do PSD, CDS, inquérito.
11 Aliança, MPT e PDR —, deverá A divisão dos inquiridos por sexo
7 8
5 66 melhorar a votação obtida pela coli- não permite tirar grandes conclu-
4 4
2 2 23 23 1 2 1 1 gação PSD-CDS há quatro anos sões tanto ao nível da participação
(18,09% e dois vereadores), obtendo
PS VOZ. CDU B.E. IL CH PAN AMA. MAS Bran./ Não Não Rec.
Nulo sabe vota resp. mais um mandato. Carla Tavares
VOZ.: DAR VOZ À AMADORA | AMA.: AMADORA CONTIGO
O estudo de opinião indica que o (PS) apontada
mais provável é que os socialistas como vencedora,
* Dados ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários, freguesia e
voto nas autárquicas 2017 tenham votos suÆcientes para man- mas Suzana
** Obtida calculando a percentagem de intenções directas de voto em cada lista em relação ao total de ter a maioria absoluta no executivo, Garcia melhora
votos válidos (excluindo abstenção e não respostas ). São apenas consideradas intenções e inclinações resultado do PSD
de voto de inquiridos que dizem ter a certeza que vão votar (N=479). Estas estimativas têm valor chegando aos 43% das intenções de
meramente indicativo, dado que diferentes pressupostos poderão gerar resultados diferentes
em 2017
voto. Neste cenário, a coligação lide-
rada pelo PSD chegaria aos 22%,
Quem vai ganhar? melhorando a votação de há quatro como da indecisão. Já na divisão por
Só 9% dos inquiridos acreditam na vitória de Suzana Garcia anos, quando foi pouco além dos idades, é possível perceber que a
18% no concelho. resposta “não sabe” (em quem
Se os resultados eleitorais fossem votar) é mais comum na faixa etária
61%
os deste estudo, o PS elegeria sete entre os 18 e os 24 anos.
vereadores, mantendo o mesmo A sondagem do Cesop não avança
28% número do actual mandato, a coli- com um valor para a abstenção —
9% 3% gação Dar Voz à Amadora Æcaria em 2017, rondou os 57% no conce-
com três e a CDU com um, perden- lho da Amadora. No entanto, 63%
PS DAR VOZ Outro NS
do o Bloco de Esquerda a sua repre- dos inquiridos dizem que “vão de
À AMADORA
sentação no executivo. certeza votar” no próximo dia 26 de
PS será o partido com mais vereadores O cenário muda ligeiramente den- Setembro; 19% admitem que “em
Ao todo, na Amadora, há 11 mandatos para distribuir tro da margem de erro do inquérito, princípio” irão às urnas e 9% ainda
que é de 3,7%. Caso o PS se aproxi- não sabem. Já 6% aÆrmam que não
Distribuição de mandatos me do limite mínimo do intervalo, vão exercer o direito de voto.
PS CDU a sondagem não exclui a possibili- Sobre a mudança de voto o estu-
dade de os socialistas não chegarem do mostra que PS e coligação Dar
à maioria absoluta. O pior resultado Voz à Amadora registam idêntica
Mínimo: 5 Máximo: 8 Mínimo: 1 Máximo: 2 previsto para o PS seria 38% (o capacidade para segurar o seu elei-
melhor seria 48%), Æcando, assim, torado. As forças conseguem, res-
DAR VOZ À AMADORA BE
com cinco em 11 mandatos. pectivamente, 69% e 62% dos votos
De acordo com estas projecções que obtiveram dos seus militantes
de voto, o melhor resultado da coli- e simpatizantes em 2017.
Mínimo: 2 Máximo: 3 Mínimo: 0 Máximo: 1 gação Dar Voz à Amadora rondaria Na captação de votos no espectro
Este inquérito foi realizado pelo Cesop - Universidade Católica Portuguesa para a RTP e para o PÚBLICO entre os os 28%, elegendo três vereadores. político adversário, Carla Tavares e
dias 12 e 13 de Setembro de 2021. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes e recenseados no O pior Æcaria pelos 18%, o mesmo Suzana Garcia equivalem-se tam-
concelho da Amadora. Foram seleccionadas quatro freguesias do concelho de modo a que as médias dos
resultados eleitorais das eleições autárquicas de 2013 e 2017 nesse conjunto de freguesias (ponderado o número resultado de há quatro anos, man- bém, com ligeira vantagem para a
de inquéritos a realizar em cada uma) estivessem a menos de 1 dos resultados dos cinco maiores partidos ao nível tendo os dois eleitos. segunda. A socialista consegue 9%
do concelho. Os domicílios em cada freguesia foram seleccionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada
domicílio o próximo aniversariante recenseado eleitoralmente no concelho. Os inquiridos foram informados do Na sondagem, cujo trabalho de de votos de quem votou PDS-CDS há
objectivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 685 inquéritos válidos, sendo 55 dos
inquiridos mulheres. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da
campo decorreu entre os dias 12 e quatro anos, enquanto a cabeça de
população por sexo, escalões etários, freguesia e voto nas autárquicas 2017. A taxa de resposta foi de 31. A margem 13 de Setembro, a CDU obtém 11% lista da coligação liderada pelo PSD
de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 685 inquiridos é de 3,7% com um nível de confiança de 95%.
dos votos, resultado semelhante ao vai buscar 10% dos votos aos que o
Fonte: inquérito realizado pelo Cesop da Universidade Católica Portuguesa para a RTP e o PÚBLICO PÚBLICO
conseguido em 2017 (12%). Se assim PS obteve nessas eleições.
4 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021
AUTÁRQUICAS
Campanha
Amadora, a cidade
na luta para deixar
cair os estigmas
Reportagem
Cristiana Faria Moreira Texto
Daniel Rocha Fotografia
Em média, no concelho
recebe-se 1400 euros
por mês, o que revela
a profunda desigualdade
que ali existe
Q
uando Silvina Oliveira
chegou ao Bairro de Santa
Filomena, na Amadora, a
casa azul que hoje ocupa era
muito diferente naqueles
tempos. “De madeira, mas
muito jeitosa”, recorda a mulher de
65 anos que se ampara do sol
debaixo da videira com cachos de
uva já a Æcar bem maduros.
Saiu da Póvoa de Lanhoso, terra
natal, para acompanhar o marido
que trabalhava nos estaleiros da
antiga construtora Pereira da Costa.
“Ele não gostava de estar cá só”,
recorda. Acabaram por Æcar. Silvina
viu um bairro crescer, depois ser
desmantelado. “Tenho todas as
condições dentro da minha casa.
Fiquei, porque é muito sossegado.”
Ali criou os Ælhos, ali está a criar os
11 netos.
A cadela, Belinha, late perante a
chegada dos forasteiros, entre eles
Suzana Garcia, a candidata que
quer abanar com 24 anos de gestão
socialista na Câmara da Amadora.
Diz-se independente, mas lidera
uma candidatura com o PSD à
cabeça, juntamente com o CDS,
Aliança, MPT e PDR.
A candidata fala-lhe na casa nova
que, se for eleita, será atribuída a
Silvina. “Vocês não dão nada. A
gente vai para lá e tem de pagar”,
diz-lhe a mulher. “É uma renda
bebé”, responde-lhe Suzana Garcia.
A candidata quis levar o PÚBLICO
a este bairro por ser, nas palavras da
própria, “demonstrativo da falência
deste executivo”. Pede-nos que
olhemos à volta, para os prédios
novos construídos, os que estão em
construção que contrastam com as
“as pessoas abandonadas” neste
bairro que em 2012 começou a ser
desmantelado. “Esta é a imagem
pura do que é este executivo”, diz.
Suzana Garcia passa. Há quem
venha à janela espreitar o aparato e
diga que a conhece da televisão. “Eu
agora quero que me conheça da
2021
câmara municipal”, diz-lhe.
Hoje, estima, restam dez famílias,
que ali Æcaram rodeadas de lixo e
escombros de anteriores
demolições. Se for eleita, promete,
as pessoas serão realojadas. “Dez
anos para resolver um problema
destes é laxismo político.”
“Isto não se faz num ano”
A questão da habitação tem estado
no centro da campanha. Carla
Tavares (PS) é presidente há oito
anos e recandidata-se a um terceiro
mandato, o qual, a cumprirem-se
os resultados das sondagens,
conseguirá sem sobressaltos. Antes
disso, estivera já no pelouro da
habitação, que assume como uma
área prioritária. “Quando o PS
chegou à câmara em 1997,
encontrou 34 bairros degradados,
com 6800 famílias a viver em
condições indignas”, realçou a
presidente num debate que opôs
todos os candidatos. “Fomos
erradicando estas condições de
habitação indigna”, prosseguiu,
sublinhando que este trabalho
“não se faz num ano”.
Estes bairros autoconstruídos
começaram a ser erguidos quando
muitos, como Silvina e o marido,
migraram do campo para a cidade.
Nos anos 60, enquadra a
antropóloga Ana Rita Alves,
começaram a chegar os migrantes
cabo-verdianos, que para ali foram
na esperança de poderem construir
as suas casas. Os bairros acabaram
enquadrados nessa ideia de
“ilegalidade”, a que o Plano Especial
de Realojamento (PER), o mais
robusto programa de habitação
pública do Estado em democracia,
deveria dar uma resposta mais
condigna. A Amadora identiÆcou
então 34 territórios e foi o último
município a assinar o acordo com o
Estado central em 1995. O PER
acabou por arrancar tarde e a sua
execução por se atrasar.
O tema “Cova da Moura”
No Bairro da Cova da Moura, outro
dos temas quentes da campanha,
moram mais de cinco mil pessoas.
“Grande parte faz parte da classe
trabalhadora. Faz descontos, é
consumidora, contribui para o PIB
do país”, diz Flávio Almada,
coordenador da Moinho de
Juventude, associação que faz
trabalho no bairro. É por isso que
diz que a questão da propriedade
Na Amadora, a campanha está
polarizada entre partidos do
bloco central. Carla Tavares (PS)
resiste, Suzana Garcia
(coligação liderada pelo PSD)
insiste
dos terrenos, um dos entraves à
intervenção no bairro, já deveria
ter sido resolvida. “Isso é
fundamental. As pessoas não
podem viver o terror psicológico
de não saberem a sua situação.”
No próximo mandato, a
associação gostaria de ter no
concelho um programa de
habitação jovem para “dar aos
jovens a possibilidade de terem a
expectativa de criar a própria
família. Neste momento, um T2
não está menos de 850 euros” —
um preço impossível de suportar
para muitas famílias. E também
gostaria de “acabar com essa coisa
de que a Cova da Moura é um
espaço que não faz parte do
município, nem do país”.
A presidente Carla Tavares diz
que o futuro da Cova da Moura é
uma prioridade e que a câmara está
“num processo negocial” para a
aquisição dos terrenos. “Chegámos
a uma fase que consideramos Ænal.
Temos de resolver, em primeiro
lugar, a questão da propriedade dos
terrenos. Há situações em que é
possível reconverter e manter as
casas, situações em que é
necessário o alojamento in situ. É
nesse processo que estamos a
trabalhar”, disse num debate.
“As pessoas falam da Cova da
Moura como se fosse um
bicho-de-sete-cabeças. Não é”, atira
Suzana Garcia, que diz já se ter
reunido com os proprietários dos
terrenos e saber qual o preço que
pedem pelos terrenos. Se for eleita,
diz, há 14 milhões para os comprar.
O Big Brother na Amadora
A segurança tem sido o outro tema
quente da campanha. Carla
Tavares rejeita a ideia de que a
Amadora é uma cidade insegura.
“Acho que é um problema muito
empolado. Acho que temos
desaÆos nesta matéria, como têm
todas as cidades urbanas. Tem
vindo a melhorar com a instalação
com câmaras de videoprotecção”,
considera a autarca, adiantando
que esse processo está em
alargamento. Neste momento, há
103 câmaras instaladas e mais 37
que serão colocadas, num
investimento de cerca de três
milhões de euros.
Na Cova da Moura há câmaras nas
entradas do bairro, uma decisão
que merece críticas por parte da
Moinho de Juventude. “É
transformar a Amadora num Big
Brother e criar a cultura do medo”,
critica Flávio Almada.
Nesta matéria, Suzana Garcia
defende a colocação de mais
câmaras em todas as freguesias. “Eu
considero que é estigmatizante
colocar câmaras num sítio e não
colocar noutro. Parece que estamos
a dizer que aquelas pessoas são
criminosas e as outras não”, admite.
O Bloco de Esquerda, que
concorre com a actual vereadora,
Deolinda Martin, diz-se contra a
videovigilância, defendendo antes
esquadras de bairro. Entre as suas
propostas, está a criação de
cuidados paliativos para os mais
velhos e a construção de mais
creches públicas, assim como o
reforço dos transportes públicos
entre freguesias.
Para António Borges (CDU),
“atirar para a frente a resolução do
problema da Cova da Moura é
impensável”. Entre as suas
propostas está a aquisição de
prédios devolutos pela autarquia
para que possam ser recuperados e
disponibilizados à população a
custos controlados.
Sobre acordos pós-eleitorais,
Susana Garcia assume estar
disponível para os fazer com todas
as forças políticas, menos com “os
extremos”: BE e Chega. Mas
ninguém lhe fale na possibilidade
de perder. “Nem imagino sequer.”
A conÆrmarem-se as sondagens,
Æcará longe do objectivo.
6 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021
AUTÁRQUICAS
Sete temas para oito líderes Fica para o próximo (presidente de câmara)
Escolhemos sete temas que vão marcar os mandatos dos 308 presidentes de câmara a eleger no dia 26.
Questionámos os líderes dos oito partidos parlamentares. O presidente do CDS não teve disponibilidade.
Primeiro trabalho de uma série diária que se prolonga até 20 de Setembro. Por São José Almeida
Habitação
O que deve ser feito
para melhorar o
acesso à habitação,
em especial nos
centros urbanos e no
caso de famílias
jovens e da classe
média?
A
especulação do mercado
imobiliário tem levado a um
contínuo aumento dos
valores da compra de casas
e dos arrendamentos. Esta
inflação dos preços tem levado
sobretudo as populações jovens
e de classe média a saírem das
cidades e dos centros urbanos.
Nos últimos anos, o Governo
tem anunciado e aprovado
programas de investimento na
construção de habitação a
preços acessíveis. O mais
recente foi anunciado no âmbito
do Plano de Recuperação e
Resiliência, no qual estão
previstos 1211 milhões de euros
para financiamento de
construção e recuperação de
casas. Os protocolos entre o
Governo e os municípios têm
sido assinados e está já
contemplada a satisfação das
necessidades habitacionais de
mais de 28 mil famílias, um
número superior ao
anteriormente identificado
que era de 26 mil famílias.
Veja os vídeos em
publico.pt/autarquicas-2021
2021
António Costa
Secretário-geral
do PS
Arrendamento acessível. O
arrendamento acessível é a
resposta para o novo paradigma
que temos de ter nesta nova
geração de políticas de habitação.
Não endividar as famílias na
compra, nem deixar de
requalificar o edificado que existe.
Portanto, reabilitação urbana,
arrendamento e arrendamento
acessível são absolutamente
cruciais e são uma das principais
apostas do nosso Plano de
Recuperação e Resiliência.
Rui Rio
Presidente
do PSD
Vamos ao princípio: se nós
continuarmos a obrigar as
pessoas a deslocarem-se para os
grandes centros urbanos, porque
é aí que há emprego, não vamos
conseguir regular o mercado,
porque vai haver muita procura e
menos oferta. E se houver muita
procura e muita oferta estamos a
degradar completamente as
cidades e os centros urbanos
porque, repito, não cabe lá toda a
gente. Portanto, a ideia é que não
se possa fazer a concentração que
se faz. E depois, então sim, apoiar,
por exemplo, construções a
custos controlados, rendas
apoiadas por parte das entidades
públicas, sim. Mas não com a
pressão imobiliária que existe
agora.
Catarina Martins
Coordenadora
do BE
Em Portugal, apenas 2% da
habitação é pública. No resto da
Europa é cerca de 15%. Ou seja,
há muito para construir no parque
público da habitação. E a
habitação pública não tem de ser
só para famílias mais vulneráveis.
Deve ser, claro, e há muitas
famílias sem tecto que precisam
desse tecto. Mas deve ser para
termos um parque de rendas
acessíveis que sirva todo o país,
toda a gente, para que regule até
o próprio mercado. E isso pode
ser feito reabilitando o edificado
que é público. Isso pode ser feito
chamando os edificados que
estão devolutos e que há por todo
o país. E, claro, construindo onde
for preciso. Mas de preferência
sem repetir os erros do passado e
sem construir mais guetos.
Jerónimo de Sousa
Secretário-geral
do PCP (CDU)
Em primeiro lugar, creio que é
fundamental que o Estado
assuma a responsabilidade que
lhe é cometida designadamente
através do artigo 65 da
Constituição da República.
Designadamente em relação ao
parque habitacional,
designadamente em relação à
recuperação também desse
mesmo parque. Acompanhado de
uma medida social de protecção
dos inquilinos, que evite a
penhora dos seus rendimentos,
que se revogue a chamada lei do
arrendamento, que é mais lei de
despejos do que de outra coisa. E,
essencialmente, uma política de
habitação que garanta este direito
às famílias e, em particular — e
faço aqui um sublinhado — ao
arrendamento jovem.
Francisco Rodrigues
dos Santos
Presidente do CDS
O presidente do CDS não teve
disponibilidade para responder
ao PÚBLICO.
Inês de Sousa Real
Presidente
do PAN
Os desafios da habitação são dos
mais complexos de resolver.
Precisamos que as autarquias, em
parceria com a administração
central, garantam vários
programas nas diferentes
dimensões. Por um lado,
programas que permitam fixar os
jovens na cidade. O que se faz
também articulando com as
políticas laborais, porque sem
autonomização dos jovens não
vamos conseguir que tenham
acesso à habitação. Por outro
lado, no que respeita à classe
média, programas que visem
garantir o arrendamento
acessível, através também da
disponibilidade do património
público. E não nos podemos
esquecer de que o Estado e as
autarquias são detentores de um
vasto património, de que não tem
sido feito o levantamento. Não
vamos ter ferramentas que
permitam equilibrar um mercado
que tem sido muito desregulado,
que sofreu muita pressão por
força do turismo nas cidades e da
especulação imobiliária. Por fim,
não podemos esquecer a
componente do combate à
pobreza, em projectos como o
“Housing First”.
André Ventura
Presidente
do Chega
Nós temos um grande problema
em algumas cidades. Lisboa é
exemplo disso. Os jovens, os
estudantes, os recém-formados
que entram no mercado de
trabalho não conseguem aceder
à habitação. Temos preços
loucos. Pela especulação
imobiliária e pelo próprio
mercado imobiliário. Precisamos
de um modelo de acesso a
crédito facilitado e um apoio à
habitação significativo por parte
da câmara e que seja para estes
grupos. Não podemos continuar
a ter a habitação para os
coitadinhos, para os que nunca
pagam renda e que nunca
quiseram pagar nada. Temos de
ter um modelo sustentável, que
apoie quem precisa, estudantes,
jovens recém-formados e
trabalhadores que recentemente
constituíram família, sobretudo
nas grandes cidades. Temos de
apostar num modelo sustentável
de arrendamento. Um modelo
que consiga combinar as
necessidades que a população
tem para as necessidades que a
economia urbana e cívica têm. É
esse o modelo que propomos e
é isso que faremos também nas
autarquias mais populosas onde
tivermos representação ou até a
responsabilidade de gerir a
câmara.
João Cotrim
de Figueiredo
Presidente da IL
Mais uma vez, começando pela
visão liberal. Não é possível
garantir todos os direitos
constitucionais, incluindo o da
habitação, sem a criação de
riqueza, sem crescimento
económico. E, portanto, para
resolver o problema da habitação,
que é um misto de termos rendas
excessivas para o nosso
rendimento, e o nosso
rendimento ser excessivamente
baixo também, neste binómio o
problema está mais no
rendimento baixo do que nas
rendas altas, que se comparado
internacionalmente não
comparam assim tão mal.
Portanto, mais uma vez, isto é um
mecanismo de criação de riqueza
e desenvolvimento económico e
há-de demorar tempo. Entretanto,
o que é que poderemos fazer?
Poderemos, por exemplo, colocar
todos os imóveis do Estado no
mercado para efeitos de
habitação ou de arrendamento. E
fazer com isso pressão sobre os
preços e a oferta. Por outro lado,
podemos agilizar e simplificar os
processos de licenciamento.
 Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • 7
Campanha
PSD e CDU criticam Costa
por se aproveitar dos
“milhões” da “bazuca”
O
líder do PSD começou ontem
a campanha oÆcial com crí-
ticas à forma como António
Costa “mistura” as funções
de primeiro-ministro e de
líder do PS ao fazer campa-
nha em torno do Plano de Recupera-
ção e Resiliência (PRR). O secretário-
geral do PCP também condena as
“promessas milionárias” do PRR, mas
por outros motivos.
Na Guarda, Rui Rio considerou
que “a base da campanha” de Antó-
nio Costa é anunciar a distribuição
de “milhões do PRR”, sendo que
depois os candidatos do PS assumem
ter boas relações com o Governo, o
que lhes permite canalizar dinheiro
para o município. “Não é correcto
misturar na campanha a função de
primeiro-ministro com a de secretá-
rio-geral do PS”, reiterou aos jorna-
listas num café onde esteve ao lado
do candidato social-democrata,
depois de a comitiva ter sido obriga-
da a alterar os planos da campanha
por causa da chuva intensa que se
fazia sentir de manhã.
Depois, após uma visita ao centro
comercial local, o líder social-demo-
crata foi desaÆado a falar sobre as
perspectivas do PSD em torno das
eleições autárquicas à luz dos jogos
sociais. “É mais fácil ganhar estas elei-
ções do que o euromilhões, apesar de
tudo, mesmo com a distância que o
PS tem do PSD, uma distância enor-
me”, aÆrmou, referindo-se às 161
autarquias lideradas pelos socialistas,
contra as 98 sociais-democratas.
Outra voz crítica à forma como
António Costa tem usado o PRR nos
discursos é a de Jerónimo de Sousa,
que acusou o primeiro-ministro de
usar o dinheiro da “bazuca” como
“cenoura” para transferir encargos
para as autarquias. “O PS agita-se
agora em promessas de milhares de
milhões para chantagear os eleitores,
mas se há dinheiro — e há —, então
que se dê respostas aos problemas
das populações e se efectivem os seus
direitos. E que não se use o dinheiro
como cenoura para transferir encar-
gos para as autarquias, reduzindo, de
facto, no plano nacional, o Ænancia-
mento e o investimento público que
cabe ao Estado”, sustentou.
No primeiro dia de campanha oÆ#
cial, o secretário-geral do PCP este-
ve em Moura, onde o Chega obteve
uma elevada votação nas presiden-
ciais e onde André Ventura é candi-
dato à assembleia municipal, mas
Jerónimo de Sousa desvalorizou o
partido. “É um exagero considerar
O líder do PSD, Rui Rio,
esteve ontem na Guarda
que essa força política tem essa
abrangência, disse, afastando-se
dos “populismos exacerbados”.
A coordenadora do BE escolheu
uma visita às casas do programa de
renda acessível em Lisboa para deixar
um alerta contra uma eventual maio-
ria absoluta de Fernando Medina na
câmara. Com “uma maioria absoluta
do PS, soluções diferentes que podem
resolver problemas estruturais da
cidade não vão para a frente”, adver-
tiu Catarina Martins ao lado de Beatriz
Gomes Dias, depois de, durante a
manhã, ter estado nas oÆcinas ferro-
viárias da CP, no Entroncamento,
onde defendeu a descida do preço
dos passes sociais em todo o país, à
semelhança do que aconteceu na
Área Metropolitana de Lisboa.
Lisboa, mais precisamente a fre-
guesia de Alvalade, foi também a
escolha de João Cotrim Figueiredo,
líder da Iniciativa Liberal, para o pri-
meiro dia de campanha oÆcial. Ao
lado do candidato, Bruno Horta Soa-
res, ouviu queixas de muitos morado-
res sobre o estacionamento. À mar-
gem, Cotrim de Figueiredo disse aos
jornalistas concordar com a solução
do Governo sobre o aeroporto: “Eu
queria dizer-vos, aqui, talvez para
surpresa de alguns, que estamos de
acordo com a posição do Governo
relativamente ao aeroporto. Defende-
mos a solução Portela + Montijo.”
A capital é também uma das apos-
tas do PAN, que escolheu o dia de
ontem para apresentar o programa
eleitoral para o município governado
pelo PS. Inês Sousa Real, líder do par-
tido, disse ter “boas perspectivas”
nas autárquicas também em Aveiro,
Cascais, Porto e Almada. PÚBLICO
ASSEMBLEIA GERAL ELEITORAL
SESSÃO ORDINÁRIA
Estatutos do Montepio Geral – Associação Mutualista, Alínea a), do número 2 do Artigo 22.º
Convoco todos os Associados efetivos do Montepio Geral – Associação Mutualista para se reunirem em Assembleia Geral Eleitoral,
a realizar no dia 17 de Dezembro de 2021, com início às 09:00 horas e termo às 18:00 horas, em Lisboa no Edifício da Sede, sito na
Rua Áurea, 219 a 241 – 6.º piso (Auditório), com a seguinte:
ORDEM DE TRABALHOS
Eleição dos Titulares dos Órgãos e Cargos Associativos para o Quadriénio 2022 / 2025
Serão eleitos os titulares de todos os Órgãos Associativos: Mesa da Assembleia Geral, Conselho de Administração, Conselho Fiscal
e Assembleia de Representantes.
Em conformidade com as disposições legais, estatutárias e regulamentares, são aceites listas de candidaturas nos 30 dias
subsequentes à publicação da presente Convocatória, ou seja, até ao dia 15 de Outubro de 2021, devendo os candidatos ao
Conselho de Administração e Conselho Fiscal, ter obtido registo prévio junto da ASF até essa data.
De acordo com os Estatutos e Regulamento Eleitoral do Montepio Geral – Associação Mutualista, o direito de voto pode ser exercido:
• Por meios eletrónicos à distância, através dos dispositivos próprios do Associado, em MyMontepio ou através do sítio institucional
do Montepio Geral – Associação Mutualista (www.montepio.org), a partir do 5.º dia anterior à data da Assembleia Geral Eleitoral (de
13-12-2021 a 17-12-2021). Todas as informações relativas ao exercício do direito de voto por esta forma encontram-se disponíveis
em www.montepio.org;
• Presencialmente, através dos meios eletrónicos disponibilizados pelo Montepio Geral – Associação Mutualista, nos seguintes
locais e horários de votação:
o No dia da realização da Assembleia Geral Eleitoral, (17-12-2021), no local e horário acima referidos (na sede, das 9h às 18h);
o Nos locais de seguida identificados, nos dias úteis entre 13-12-2021 e 17-12-2021, ambos inclusive, nos respectivos horários de
expediente:
■ Espaço Atmosfera m – Lisboa, na Rua Castilho, n.º 5 em Lisboa;
■ Espaço Mutualista Rua do Carmo (Lisboa), na Rua do Carmo, n.º 54, em Lisboa;
■ Espaço Atmosfera m – Porto, na Rua Júlio Dinis, n.º 158/160, 4.º piso, no Porto.
• Por correspondência postal, mediante expressa solicitação do associado manifestada nos 30 dias subsequentes à publicação
da presente convocatória, ou seja, recebida até ao dia 15 de Outubro de 2021, por escrito através do formulário remetido aos
Associados para o efeito.
Esclarece-se que não é exigível para esta reunião, o cumprimento do número 2 do Artigo 23.º dos Estatutos do Montepio Geral
– Associação Mutualista (espera de uma hora para a realização da reunião em segunda convocação), uma vez que o objeto da
Assembleia se esgota no simples ato de votação por cada um dos associados que comparecerem.
Nos termos do disposto no número 1 do artigo 21.º dos Estatutos, só podem fazer parte da Assembleia Geral os Associados efetivos
do Montepio Geral – Associação Mutualista que, na data da presente Convocatória, sejam maiores, tenham sido admitidos há mais
de dois anos e estejam no pleno gozo dos seus direitos associativos.
Esclarecimentos adicionais podem ser obtidos na Sede do Montepio Geral – Associação Mutualista (Secretariado Geral, Rua Áurea
219 – 241, 3.º piso, Lisboa) ou através do site www.montepio.org, estando aí disponível para consulta o Memorando a que se refere
o artigo 11.º n.º 2 do Regulamento Eleitoral.
O exercício do direito de voto presencialmente poderá estar sujeito aos condicionalismos ao tempo em vigor, que serão – se exigíveis
– objeto de divulgação prévia.
Lisboa, 15 de Setembro de 2021
O PRESIDENTE DA MESA DA ASSEMBLEIA GERAL
Vítor Melícias Lopes
Montepio Geral – Associação Mutualista
Rua Áurea, 219-241. 1100-062 Lisboa, Registado na DGSS, inscrição nº 3/81, a fls. 3 verso e 4 do livro 1 das ASM, NIPC nº 500766681
ASSEMBLEIA GERAL
SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
(Estatutos, artigos 22.º n.º 2 alínea b), 23.º n.º 2)
Convoco os Associados do Montepio Geral – Associação Mutualista (Montepio Geral) para se reunirem em Assembleia Geral, sob
forma extraordinária, em primeira convocação, a realizar no Auditório da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de
Lisboa, na Rua Professor António Flores – Cidade Universitária | 1600-277 Lisboa, no dia 30 de setembro de 2021 pelas
20:00 horas com a ordem de trabalhos que a seguir se indica.
Para a Assembleia poder constituir-se em primeira convocatória é necessária, nos termos do artigo 23.º, n.º 1 proémio, dos
Estatutos, a presença de, pelo menos, mais de metade dos Associados com direito a nela participarem, número que é de admitir
não consiga alcançar-se. Nesta conformidade, e nos termos do artigo 23.º n.º 2 dos Estatutos, a Assembleia Geral reúne, em
2.ª Convocação, pelas 21:00 horas do mesmo dia, e no mesmo local, podendo então deliberar qualquer que seja o número
de Associados presentes.
ORDEM DE TRABALHOS
PONTO ÚNICO: Deliberar sobre o Relatório e Contas Consolidadas, bem como sobre o Parecer do Conselho Fiscal,
referentes ao exercício de 2020.
Em conformidade com o artigo 24.º n.º 1 dos Estatutos, as deliberações incidem apenas sobre os assuntos constantes do aviso
convocatório. Só podem fazer parte da Assembleia Geral os Associados que se encontrem na situação prevista no n.º 1 do artigo
21.º dos Estatutos.
Uma vez que a participação na Assembleia Geral através de mandatário ainda não foi regulamentada pelo Regulamento da
Assembleia Geral, nos termos previstos no artigo 21.º n.º 5 dos Estatutos, os Associados não poderão fazer-se representar
através de mandatário.
Os documentos relativos à Ordem de Trabalhos a submeter à apreciação e deliberação da Assembleia Geral estarão à disposição
dos Associados, a partir da presente data, para consulta, através do sítio da Internet do Montepio Geral (https://www.montepio.org/
institucional/informacao-legal/) e serão ainda disponibilizados, em suporte físico, na Assembleia Geral. A disponibilização dos
referidos documentos aos Associados na sede do MGAM nos termos estabelecidos no artigo 23.º n.º 5 dos Estatutos está
dependente de prévia marcação através do e-mail AM.SecGeral@montepio.pt com antecedência mínima de 2 dias úteis.
As regras sanitárias e de distanciamento físico relativas à forma de admissão, credenciação, entrada e saída da sala e ainda à
presença dos Associados na sala da Assembleia Geral, estarão oportunamente publicadas no sítio da Internet do Montepio Geral
(https://www.montepio.org/institucional/informacao-legal/).
A presente Convocatória é publicada num contexto de situação de contingência, decretada pelo Governo pela Resolução do
Conselho de Ministros n.º 114-A/2021, de 20 de Agosto. Assim, a realização da Assembleia Geral está condicionada à verificação
das condições sanitárias e de saúde pública e à não oposição pelas entidades públicas competentes bem como às normas que,
na data da Assembleia Geral, regulamentem a realização de eventos corporativos, em vigor à data da sua realização.
Caso se verifique a presença de Associados em número superior ao admitido por lei ou à capacidade máxima da sala, de
acordo com o que estiver estabelecido, ou se venha a considerar que não existem as condições segurança sanitária e de saúde
pública adequadas para a realização da Assembleia Geral, poderá o Presidente da Mesa da Assembleia Geral suspender a sua
realização, sine die, ou designar uma outra data para a realização da sessão.
Lisboa, 15 de Setembro de 2021
O PRESIDENTE DA MESA DA ASSEMBLEIA GERAL
Vítor Melícias Lopes
Montepio Geral – Associação Mutualista, IPSS
Inscrição 3/81, Livro 1 ASM, DGSS
NIPC 500766681
Rua Áurea, 219-241, 1100-062 Lisboa - Apartado 22882 E.C. Socorro, 1147-501 Lisboa
8 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021

Espaço público

A perigosa noção de ausência do futuro

U
m estudo sobre a avaliação
Editorial dos impactes da crise
climática realizado entre
jovens de dez países de
diferentes latitudes e
estágios de desenvolvimento (entre os
quais, Portugal) deixa no ar um
Manuel Carvalho retrato que tem de estar na primeira
linha das discussões políticas do nosso
tempo: a maioria (56%) dos jovens
envolvidos neste estudo
pré-publicado na prestigiada revista
cientíÆca Lancet diz que o mundo está
condenado; quatro em cada dez não
Quando individualmente quer ter Ælhos por não acreditar no
não se acredita no futuro, futuro; seis em cada dez dizem que a
é muito mais difícil sua vida será pior do que a dos seus
pais e acusam os políticos de traírem
acreditar nas respostas as suas expectativas.
de soluções partilhadas Um estado de espírito assim tão
e em valores comuns. deprimente causa de imediato
Cria-se assim o vazio ansiedade, stress e problemas físicos e
mentais nos jovens, dizem os
onde cai a democracia e especialistas. E põe em causa as
emergem os populismos noções de progresso, de expectativa,
providenciais de conÆança e de sentido de devir
colectivo que formam as bases das
democracias. Quando individualmente
não se acredita no futuro, é muito mais
difícil acreditar nas respostas de
soluções partilhadas e em valores
comuns. Cria-se assim o vazio onde cai
a democracia e emergem os
populismos providenciais. A defesa de
soluções radicais contra os “traidores”
do poder que vêm o futuro dissipar-se
sem fazerem nada para o salvar
acentua-se.
Chega-se assim à grande questão: o
que fazer para contrariar o
agravamento da crise climática e as
suas consequências. A dimensão dos
desaÆos leva muitos a considerar que
o presente modelo de
desenvolvimento é insustentável, que
é necessário alterar padrões de
consumo e recuperar a frugalidade
das gerações anteriores. Esta
avaliação, como já aqui defendemos,
tem o terrível custo de afrontar o
natural “egoísmo” das pessoas, de
lhes impor mudanças de vida que na
História só aconteceram sob a égide
de guerras ou pandemias, ou de
esperar conÇitos que ameaçam os
fundamentos da democracia.
Há depois os optimistas históricos,
que acreditam que, nestes tempos, o
egoísmo que funcionou como a mola
do progresso humano pode funcionar
como resposta à crise actual, fazendo
com que a ciência resolva os
problemas – um texto de Francisco
Mendes da Silva no PÚBLICO (edição
impressa de 5 de Setembro) é a esse
propósito exemplar. Mas também aqui
há um problema: o de aplicar à crise
do presente uma leitura sobre eventos
do passado. Nada nas constatações da
ciência ou das ameaças presentes
justiÆcam esse optimismo. É essa
noção que perturba as perspectivas
dos jovens sobre o futuro. Mas é no
meio, no compromisso entre
mudanças políticas e conÆança na
capacidade da criação humana que se
poderão encontrar as melhores
respostas.

CARTAS AO DIRECTOR DIREITO DE RESPOSTA

Contratos
de telecomunicações
Espero, como cidadão, que o
Parlamento aproveite esta
oportunidade e acabe de uma vez
por todas com os privilégios
exorbitantes dos fornecedores de
serviços (Meo, etc.). É inaceitável
o actual regime de Ædelizações
que nos coloca, como escravos, na
dependência dessas grandes
empresas por períodos de tempo
inaceitáveis. Fornecem serviços?
Pois bem, sirvam com qualidade e
os clientes serão Æéis sem as peias
dos contratos. Já imaginaram se os
supermercados, as farmácias, os
merceeiros da esquina seguissem
o mesmo exemplo e fôssemos
obrigados a comprar sempre no
mesmo local durante dois anos? A
Ædelização é uma criação absurda,
mesmo para um tempo muito
curto. Não há justiÆcação, que não
os interesses próprios dessas
empresas. Esperemos que os
lobbyistas parlamentares não
vençam aquilo que todos desejam:
a liberdade de o povo escolher o
serviço que melhor o serve sem a
grilheta do contrato durante
temporadas injustiÆcadas. E que a
comunicação social ajude. Adesão
e rescisão livre!
Celso Pontes, Vila do Conde
Mão pesada
“Assassino” e “ordinário” foram
alguns dos insultos dirigidos a
Ferro Rodrigues enquanto
almoçava num restaurante
lisboeta. Algo vai muito mal na paz
podre onde vivemos. Se os
negacionistas negam o direito à
livre circulação e convivência, as
autoridades devem intervir
punindo com mão pesada. A
classe política e o sistema judicial
devem repensar o modelo
democrático, onde a “pena
suspensa” é o suporte de atropelos
à dignidade humana. (...)
Ademar Costa, Póvoa de Varzim
Negacionistas
Numa democracia, todos têm
direito a ter opinião. Contudo, isso
não permite que se possa ter todo
o tipo de comportamentos. Vem
isto a propósito das atitudes
tomadas por grupos de
negacionistas. Primeiro, um juiz
de direito que publicamente
afronta as autoridades policiais
argumentando com a sua
superioridade hierárquica; depois,
um segundo momento com
insultos públicos à segunda
personalidade representativa da
nação. Entende a polícia ser
necessário reforçar a segurança do
presidente da Assembleia da
República. Muito bem. Mas sem a
reprimenda exemplar a estes
arruaceiros, pouco vale esse
reforço. (…)
António Barbosa, Porto
Palavra de almirante
O título acima epigrafado foi dado
ao programa televisivo da RTP1
Linha da Frente, acerca de um
certo endeusamento dado ao
vice-almirante Gouveia e Melo,
chamado para comandar uma
missão denominada “task force”
para a vacinação em massa contra
a pandemia provocada pela
covid-19. Parece-nos desajustado
tanto deslumbramento dado a
quem somente está a cumprir com
lealdade a missão para que foi
destacado e que é o que se espera
de quem tem os predicados para
desempenhá-la. Também
lembramos que não estamos na
presença de uma missão de
voluntariado, mas sim
remunerada. Portanto — a menos
que se dêem lugares de relevo
apenas para serem preenchidos,
sem deles se retirar nada de
positivo ou de negativo (…) —,
talvez seja esta a norma que hoje
em dia é preconizada.
José Amaral, V.N. Gaia
PÚBLICO ERROU
Na infograÆa publicada ontem
com os resultados da sondagem
do Cesop feita para a RTP e para o
PÚBLICO, havia um erro nos
mandatos atribuídos à AD: em vez
de poder obter entre 3 e 4, a AD
poderá obter entre 1 e 2. Já no
texto, o PS surge com entre 3 e 5
mandatos e a sondagem
atribui-lhe entre 4 e 5.
“Autárquicas:
o provável e a
‘chantagem’ de Costa”,
publicado na edição
de 14 de Setembro
Sob o título “Autárquicas: o
provável e a ‘chantagem’ de
Costa”, dá o PÚBLICO publicidade
à infâmia assumida por André
Lamas Leite: “Costa, em todas as
autarquias, vai acenando com os
milhões da ‘bazuca’, não se
coibindo de dizer que se a cor for
a mesma, aquela terra comerá
mais do bolo destinado às
autarquias.”
Por respeito com os leitores do
PÚBLICO que se podem deixar
iludir pela autoridade de quem se
assina como “Professor da
Faculdade de Direito da
Universidade do Porto”, quero
deixar bem claro que nunca e em
tempo algum proferi tal frase ou
sequer sugeri tal ideia, pelo que é
falsa a imputação do senhor
professor.
António Costa,
primeiro-ministro

As cartas destinadas a esta secção têm de ser enviadas em exclusivo para o PÚBLICO e não devem exceder as 150 palavras (1000 caracteres). Devem indicar o nome, morada e contacto
telefónico do autor. Por razões de espaço e clareza, o PÚBLICO reserva-se o direito de seleccionar e editar os textos e não prestará informação postal sobre eles cartasdirector@publico.pt
 Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • 9

A opinião publicada no jornal respeita

a norma ortográfica escolhida pelos autores

BARTOON LUÍS AFONSO

“Não vale a pena publico.pt
discutir se temos Lisboa
Edifício Diogo Cão,
Porto
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médicos a mais ou a Doca de Alcântara Norte
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que é oferecida (...). Amílcar Correia, Andreia Sanches, David Pontes, Tiago Luz Pedro
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médicos” António Costa Inês Oliveira
Editoras executivas
(na inauguração da Helena Pereira, Sónia Sapage
Editor de fecho
Faculdade de Medicina José J. Mateus

da Universidade Católica)
A crónica do Miguel Esteves
Cardoso volta a este espaço
em Outubro
Subeditor de Opinião Álvaro Vieira Editor P2 Sérgio B. Gomes Online
Mariana Adam, Patrícia Jesus, Pedro Rios, Ivo Neto, Pedro Esteves (editores),
Claudia Carvalho Silva, Filipa Almeida Mendes, Inês Chaíça, Miguel Dantas;
Aline Flor, Ruben Martins (áudio); Carolina Pescada, Carlos Lopes, Teresa
Abecasis, Teresa Pacheco Miranda, Vera Moutinho (vídeo); Pedro Guerreiro
(editor de redes sociais), Patrícia Campos, Lucas Freitas; Rui Barros (jornalista
de dados) Política Marta Moitinho Oliveira (editora), David Santiago
(subeditor), Ana Sá Lopes, São José Almeida (redactoras principais), Leonete
Botelho, Luciano Alvarez (grandes repórteres), Liliana Borges, Margarida
Gomes, Maria João Lopes, Maria Lopes, Nuno Ribeiro, Sofia Rodrigues
Mundo Ana Gomes Ferreira, António Rodrigues (editores), Paulo Narigão
Reis (editor adjunto), Bárbara Reis, Jorge Almeida Fernandes, Teresa de
Sousa (redactores principais), Rita Siza (correspondente em Bruxelas),
Alexandre Martins, António Saraiva Lima, Clara Barata, João Ruela Ribeiro,
Maria João Guimarães, Sofia Lorena Sociedade Rita Ferreira, Pedro Sales Dias
(editores), Clara Viana (grande repórter), Alexandra Campos, Ana Cristina
Pereira, Ana Dias Cordeiro, Ana Henriques, Ana Maia, Joana Gorjão
Henriques, Mariana Oliveira, Natália Faria, Patrícia Carvalho, Samuel Silva,
Sónia Trigueirão Local Ana Fernandes (editora), Abel Coentrão, Cristiana
Moreira, João Pedro Pincha, Mariana Correia Pinto Economia Pedro Ferreira
Esteves, Isabel Aveiro (editores), Cristina Ferreira, Sérgio Aníbal (grandes
repórteres), Ana Brito, Luís Villalobos, Luísa Pinto, Pedro Crisóstomo, Raquel
Martins, Rosa Soares, Victor Ferreira Ciência Teresa Firmino (editora), Andrea
Cunha Freitas, Teresa Sofia Serafim Tecnologia Karla Pequenino Cultura/
Ípsilon Paula Barreiros, Inês Nadais (editoras), Vasco Câmara (editor Ípsilon),
Isabel Coutinho (subeditora), Nuno Pacheco (redactor principal), Isabel

O NÚMERO NESTE DIA 15 DE SETEMBRO

3,5%
Salema, Sérgio C. Andrade (grandes repórteres), Joana Amaral Cardoso,
Lucinda Canelas, Luís Miguel Queirós, Mário Lopes, Vítor Belanciano
Desporto Jorge Miguel Matias, Nuno Sousa (editores), Augusto Bernardino,
David Andrade, Diogo Oliveira, Marco Vaza, Paulo Curado Fugas Sandra Silva
1890 Nasce Agatha Christie, criadora do detective Hercule Poirot e de Miss Marple Costa, Luís J. Santos (editores), Alexandra Prado Coelho (grande repórter),

1935 Alemanha Nazi: são aplicadas as Leis de Nuremberga que excluem
definitivamente os judeus dos direitos de cidadania 1979 A Lei n.º 56/79, de 15 de
Setembro, cria o Serviço Nacional de Saúde em Portugal 1988 O Parlamento
Europeu aprova o relatório que condena a ocupação de Timor-Leste pela
Indonésia 2008 A Lehman Brothers, gigante da banca de investimento mundial,
Luís Octávio Costa, Mara Gonçalves Guia do Lazer Sílvia Pereira
(coordenadora), Cláudia Alpendre, Sílvia Gap de Sousa Ímpar Bárbara Wong
(editora), Carla B. Ribeiro P3 Amanda Ribeiro, Ana Maria Henriques, Renata
Monteiro, Mariana Durães Projectos Editoriais João Pedro Pereira (editor),
João Mestre Fotografia Miguel Manso, Manuel Roberto (editores), Adriano
Miranda, Daniel Rocha, Nelson Garrido, Nuno Ferreira Santos, Paulo Pimenta,
Rui Gaudêncio, Alexandra Domingos (digitalização), Isabel Amorim

declara falência, causando uma queda em todos os mercados financeiros 2012

é a percentagem de pessoas a viver
em África vacinadas contra a
covid-19. Dados avançados ontem
numa conferência da OMS
ESCRITO NA PEDRA
“O homem
é absurdo por
Realizam-se manifestações um pouco por todo o Portugal, iniciativa do
movimento “Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!” 2015 A Coreia do
Norte anuncia que começou novamente a operar o reactor nuclear de Yongbyon,
considerado a principal fonte de plutónio do regime de Kim Jong-un
ENRIC VIVES-RUBIO
(documentalista) Paginação José Souto (editor de fecho), Marco Ferreira
(subeditor), Ana Carvalho, Ana Fidalgo, Joana Lima, José Soares, Nuno Costa,
Sandra Silva, Sofia Espadinha Martins; Paulo Lopes, Valter Oliveira (produção)
Copy-desks Aurélio Moreira, Florbela Barreto, Manuela Barreto, Rita Pimenta
Design Digital David Mano, Filipe Ribeiro, Gabriel Sousa, Miguel Cabral
Infografia Célia Rodrigues (coordenadora), Cátia Mendonça, Francisco
Lopes, José Alves Marketing Editorial Joana Villas (coordenadora), João
Mota, Ruben Matos Secretariado Isabel Anselmo, Lucinda Vasconcelos
Centro de Documentação Leonor Sousa
Publicado por PÚBLICO, Comunicação Social, SA.
Presidente Ângelo Paupério
Vogais Cláudia Azevedo, Ana Cristina Soares e João Günther Amaral
Área Financeira e Circulação Nuno Garcia Recursos Humanos Maria José
Palmeirim Direcção Comercial Mafalda Campos Forte Direcção de
Assinaturas e Apoio ao Cliente Gonçalo Silva Análise de Dados Elisabeth
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10 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021
Espaço público
A democracia ameaçada pelo politicamente correto?
Mil anos
e um dia
N
Paula Teixeira da Cruz
os últimos anos temos visto a
irrupção de determinadas
correntes de pensamento que
se caraterizam pelo
fundamentalismo dos pontos
de vida defendidos, erguidos
por vezes à condição de dogmas religiosos
irrefutáveis, e a uma radical intolerância
relativamente a quem os queira contestar.
Desde o fundamentalismo ambientalista,
geralmente moldado nos modelos mais
pessimistas de evolução climática, até a uma
lógica dita multicultural, que faz tábua rasa
dos valores universalistas e republicanos
associados à defesa dos Direitos Humanos,
passando pelas chamadas questões de
género, com distorções que não cabem,
pelas mais variadas iniciativas da cultura dita
Woke, incluindo a tentativa de reescrever a
História sem suporte cientíÆco, com base na
leitura de autoproclamados oprimidos,
temos assistido a uma cada vez maior
penetração deste quadro de pensamento em
certas escolas de ensino superior e em
O dever de proteger não justifica a supressão das liberdades
Santana Castilho
Com o pensamento em dois grandes
portugueses, que nos deixaram ao mesmo
R
tempo: Jorge Sampaio e Manuel Patrício
ecordámos há quatro dias um 11
de Setembro, o do World Trade
Center. Ficou esquecido um
outro 11 de Setembro, o do
Chile, de 1973.
O que Bush iniciou a 11 de
Setembro de 2001 e outros continuaram, em
nome do combate ao terrorismo, é um
percurso que não serviu a paz, desprezou
liberdades e democracia e ampliou o terror
que inicialmente queria combater. Mostra a
realidade que ao terror inorgânico se somou
o terror de Estado, com milhões de mortos e
refugiados e a legalização da violação de
direitos humanos fundamentais. Mostra a
realidade que a responsabilidade de os
Estados protegerem os seus cidadãos se
determinados meios de comunicação social,
sem que praticamente haja o direito de
contestar estes novos dogmas.
Ora o pilar essencial da democracia é a
capacidade de fazer dialogar e encontrar
pontos de convergência (e, naturalmente,
também de divergência) entre diferentes
ideias e conceções da vida em sociedade. Se
tal diálogo não existir, o confronto deixa de
ser feito nos locais próprios de uma
sociedade livre, como se tem observado em
certos países europeus, e leva a situações de
verdadeira guerra civil larvar.
É por isso essencial que os meios de
comunicação passem a dar mais tempo de
antena, em condições de igualdade e de
equidade, aos contraditores de certas novas
ideias que, tendo surgido há alguns anos e
sido adotadas por alguns, colocam em causa
os conhecimentos históricos e cientíÆcos e
procuram reescrever a História, de acordo
com os seus interesses, e apresentam os
factos sociais e políticos do quotidiano não
como realidades objetivas, mas Æltrados por
uma certa interpretação (política) desses
mesmos factos.
No limite, em nome de novas vanguardas
ativistas que irão resolver todos os
problemas das categorias selecionadas como
potencialmente oprimidas, impedem-se
intelectuais de outros quadrantes políticos
de fazerem conferências em certas
universidades, colocam-se professores na
prateleira, impedem-se iniciativas
exerceu trocando liberdade por aparente
segurança e permitindo que os senhores da
guerra se aÆrmassem, no campo político,
como simples sugadores de fragilidades,
usadas para controlar os recursos
energéticos e as riquezas dos outros.
Muito do que sempre foi determinante
para inÇuenciar o comportamento das
pessoas, e impor ideias hegemónicas
idênticas às que serviram todos os projectos
imperiais, resultou do aproveitamento das
emoções causadas por fenómenos de
impacto global. Para obstar a tal processo, a
democracia precisa do empenho dos
cidadãos por causas e as causas precisam de
razões demonstradas. A ausência da
demonstração da razão afasta o empenho,
abre portas à debilidade da democracia e
permite que ideias erradas se imponham,
varrendo tudo o que resta de um estar geral
abúlico. Porque mais do que as agressões ao
nosso modo de viver, são os actos com que
lhes respondemos que mudam o mundo.
Interrogo-me continuadamente sobre se é
o medo que gera a indiferença perante o
racional ou se é essa indiferença que
favorece a instalação do medo. Seja como
for, vejo hoje muita indiferença e demasiado
medo, particularmente no campo da saúde,
onde é visível a utilização do pânico causado
pela pandemia para retirar direitos e
empresariais, que seriam positivas para
todos, e propõe-se o encerramento imediato
de sectores inteiros da economia em nome
de uma transição climática que, sendo
absolutamente necessária, deve ter lugar de
forma gradual.
Neste tipo de pensamento e de ação é
possível identiÆcar, no fundo, o espírito e a
vontade de desconstruir a sociedade
democrática, baseada na liberdade e na
tolerância, mas também no aumento rápido
dos padrões de vida dos mais
desfavorecidos, para, num ambiente de
miséria e certamente de racionamento
generalizado, reconstruir, com o paradoxal
apoio das grandes empresas do mundo
digital, uma nova sociedade próxima do
célebre 1984 de George Orwell, esse
socialista libertário dotado de uma memória
longa e de uma incrível lucidez e
honestidade intelectual.
Ora este conjunto de atitudes, no seu
O valor essencial
da liberdade não é
negociável e defendê-lo
é obrigação de todos nós
liberdades e reprimir, com a imprópria
designação de negacionismo, tudo o que
questione o discurso politicamente correcto,
por mais fundamentados e cientiÆcamente
sérios que sejam os argumentos que se lhe
opõem.
Há ano e meio que assisto à tomada de
medidas por parte da maioria dos governos
do mundo, que não logram obter os
resultados que prometeram. Há ano e meio
que assisto, em nome da emergência
pandémica, a uma sucessão de medidas
frequentemente contraditórias, ilógicas e
ineÆcazes, limitadoras de direitos e
liberdades, mas genericamente aceites pela
sociedade como os crentes aceitam os
dogmas das religiões. Há ano e meio que
assisto à promoção de cientistas, pagos a ouro
pela indústria farmacêutica, a uma espécie de
sacerdotes infalíveis, enquanto outros, com
créditos cientíÆcos bem mais sólidos e
eticamente impolutos, são destratados como
hereges e queimados na novel inquisição da
opinião pública, vigiada e censurada. Dir-se-ia
que à pandemia da covid-19 se juntou uma
pandemia de Ædeísmo, que leva a maioria a
acreditar agora em políticos que lhes
mentiram toda a vida.
No regresso das nossas crianças às creches
e à escola, e apesar de se ler na imprensa que
99% dos seus cuidadores estão vacinados, a
conjunto e na sua abordagem, constitui
aquilo que é tido como “politicamente
correto”. Acresce que a cultura da
vitimização de certas categorias de pessoas,
também hoje dominante, ajuda a criar
notícias superÆciais e tendenciosas.
O núcleo de valores essenciais da liberdade
e da democracia constitui algo que não é
negociável (sob pretexto algum) e a sua defesa
é uma obrigação de todos nós. A democracia
é um exercício de pedagogia, nomeadamente
no domínio de questões como a igualdade de
oportunidades, o reconhecimento do
trabalho e do mérito, a necessidade de uma
transição ambiental justa, a liberdade
esclarecida de orientação sexual, a ediÆcação
de uma sociedade mais equilibrada. Mas a
palavra é e sempre foi a pedra angular do
sistema democrático e qualquer restrição ao
contraditório, em nome da defesa da (vaga)
nebulosa de ideias e interesses que
constituem o “politicamente correto”, tem de
ser considerada pelo que realmente é, uma
forma de censura, eventualmente na forma
insidiosa de autocensura!
E a não discussão aberta e plural de todos
os temas políticos e sociais acaba,
inevitavelmente, por dar origem a reações
populistas e à ameaça de uma escalada nas
tensões políticas suscetível de, um dia, serem
resolvidas fora da arena democrática.
Advogada. Escreve quinzenalmente
à quarta-feira
Direcção-Geral da Saúde não foi sensível a
vários estudos que identiÆcam atrasos no
desenvolvimento dos mais pequenos,
atribuíveis à ausência da interacção
fundamental com o rosto dos adultos,
cobertos por máscaras.
Muitas das crianças que estão a ser
violentadas na escola por regras sem sentido
serão enviadas para restauro muitas vezes ao
longo da vida. Porque, embora não o
manifestem de modo a que os adultos o
entendam, mais do que nunca sentem-se
assustadas na escola. Porque os perigos
sanitários a que as poupamos são nada
quando cotejados com os custos garantidos
dos déÆces motores, mentais e emocionais
que estamos a inÇigir ao seu
desenvolvimento são. E não há vacinas que
as protejam das chagas deixadas pela
imobilidade forçada, pelos recreios livres
suprimidos e pela habituação à
inexpressividade de rostos mascarados
dentro das quatro paredes das salas, onde
passam a maior parte da vida que lhes
estamos a roubar. Tantos constrangimentos
e tantos isolamentos só podem fazer mal,
mais mal do que aquele que evita uma escola
tão protectora, mas tão pouco amigável.
Professor do ensino superior.
Escreve quinzenalmente à quarta-feira

Os gurus negacionistas e os seguidores fanáticos
Maria João Marques
O maior problema deste
negacionismo não é a covid.
Será a seguir. O contingente
de seguidores fanatizados
vai permanecer
N
ancy Mitford, a mais genial
escritora sobre as classes altas
britânicas do século XX, num
dos seus romances criou uma
doença do foro mental
chamada “a pull to the east”.
Era uma espécie de desejo irresistível de
viajar para leste e de adotar os modos de vida
dos países mais orientais. Como se estava em
tempos de guerra fria, e a União Soviética e a
China Æcavam a oriente da maioria da
Europa e dos Estados Unidos, este desejo
irresistível de leste confundia-se com a
adoção (difusa) de dogmas comunistas.
Estou mais ou menos como Nancy Mitford
perante os negacionistas da covid. Já me
convenci que os esquemas mentais
negacionistas constarão numa qualquer
futura versão do DSM (o índice de doenças
mentais) da American Psychiatric
Association. Conheço várias pessoas, antes
aparentemente funcionais, que se tornaram
negacionistas da covid. E só posso descrever
a transformação como de adesão obsessiva a
uma seita e de abandono de aderência a
qualquer resquício de realidade. Ou talvez
seja ao contrário. Nos americanos
partidários da QAnon que foram presos
depois da invasão do Capitólio em janeiro,
68% já tinham tido diagnósticos de doenças
mentais. O negacionismo pode ser um
sintoma de doença, não a própria doença.
Menciono a QAnon e a invasão do
Capitólio propositadamente. O contingente
negacionista não se restringe a grupos de
lunáticos nas redes sociais. Tem escalado a
violência. Já vandalizaram um centro de
vacinação. Já apuparam o chefe da task force
de vacinação, vice-almirante Gouveia e Melo.
No último Æm de semana insultaram Ferro
Rodrigues (político com que não simpatizo,
mas que merece evidentemente respeito
pessoal e institucional) enquanto almoçava,
fora de funções como presidente da
Assembleia da República, com a mulher.
Os negacionistas são um grupo excitável,
sugestionável, muitos deles terão quadros
mentais problemáticos. E estão a ser usados
por um conjunto de pessoas que encontrou
no negacionismo da covid forma de se
promover, de ganhar seguidores e audiência.
Tal como aconteceu nos Estados Unidos
com a invasão do Capitólio depois de um
comício de Trump, é fácil estas mentes
Por que caminhos
seguirão os
negacionistas?
Não aceitarão resultados
eleitorais? Formarão
movimentos antivacinas
do PNV? Partidos
políticos extremistas?
Até onde levarão a
postura de intimidação?
inÇuenciáveis tornarem-se violentas com
os incentivos certos dos seus xamãs.
Podem ser pouco numerosos — como
demonstra a maciça adesão à vacinação
contra a covid em Portugal, bem como o
respeito pelas medidas de contenção da
pandemia, sejam as máscaras ou os
conÆnamentos — que compensam o escasso
número em entusiasmo acrítico.
Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • 11
NUNO FERREIRA SANTOS
De resto, o maior guru dos negacionistas,
o juiz Rui Fonseca e Castro, cultiva uma
imagem e um discurso sugestivos de ação
violenta. O desaÆo para um combate de artes
marciais. As ameaças ao regime — como se o
seu exército de adoradores estivesse
somente contido por Ænas linhas prestes a
estilhaçarem-se e gerarem o caos. O
ambiente messiânico que criou nos
seguidores, visível na página onde reproduz
os seus devaneios, faz lembrar as seitas
americanas isoladas do mundo, dominadas
por um líder espiritual fanaticamente
obedecido. O sentimento de lutarem por
uma Verdade que os demais mortais
desconhecem, esmagados por um sistema
que os esmifra, vem de quem está
convencido de viver no regime mais
totalitário desde o Neolítico. Apesar de
usufruírem de todas as liberdades e
garantias, estes cidadãos necessitam mesmo
muito de se convencerem aprisionados
numa distopia ditatorial que inventou a
covid para controlar a humanidade.
O perverso uso da cartada da pedoÆlia —
argumento muito normal nestes grupos
conspiracionistas — é particularmente
insidioso. A maioria dos abusos sexuais
sobre crianças ocorre em casa, dentro de
portas, ou por adultos conhecidos e de
conÆança. É um problema sério (porque
muito maior que o reportado e com
consequências devastadoras) e delicado.
Porém, os negacionistas usam-no para
folclore político — desta forma contribuindo
para a normalização e descredibilização de
quem, de facto, trabalha para combater a
violência sexual sobre crianças e
adolescentes.
O descaso e falsidade com que referem a
pedoÆlia é replicado noutros assuntos. A
negação da realidade é assombrosa. E
aterradora a infantilidade na hora de olhar o
mundo. Garantem que governos destruíram
a economia e a vida quotidiana das pessoas
porque lhes apeteceu; não fôra isso,
teríamos passado a pandemia sem mortes
nem crise económica. Nem se trata de
ignorância na hora de desprezar o potencial
contagioso da covid ou as consequências
económicas de uma pandemia em contágio
descontrolado. Vai mais além. Negam os
factos mais evidentes. Há semanas, uma
conhecida negacionista com quem eu
debatia negava que China e Nova Zelândia
(dos países com medidas mais contundentes
para travar o contágio da covid) tinham tido
— facto incontestado e medido — crescimento
económico em 2020. Como não se adequa à
narrativa, negam se confrontados com a
verdade.
Apresentam pequenos factos isolados,
parcelas muito pequenas da grande
fotograÆa, aparentemente (para os
desabituados de usar neurónios)
reforçando os seus argumentos
desorientados. Pretendem saber mais que
técnicos que estudam assuntos há décadas.
Elevam fontes sem credibilidade a arautos
incontestáveis da Verdade (assim mesmo,
com maiúscula). Apresentam como última
palavra da ciência qualquer estudo ou
relatório dissonante da maioria, como se não
fosse normal a dissensão na produção do
conhecimento, sobretudo numa realidade
nova como a covid, ou uma pesquisa
contracorrente invalidasse o enorme
volume em sentido contrário.
O maior problema deste negacionismo
não é na gestão da pandemia. Será a seguir. O
contingente de seguidores fanatizados,
crentes de possuírem uma Verdade que
escapa aos menos sagazes e capazes de
violência, vai permanecer. Descobriram-se,
juntaram-se e vivem (e gostam) a ilusão de
lutar contra um maléÆco inimigo escondido.
E tenho para mim que os gurus, tendo
trabalhado tanto para a notoriedade nestes
últimos tempos, não prescindirão de
inÇuenciar a corte de alienados e de manter
o estatuto xamânico. Necessitarão de novos
e suculentos assuntos onde se revelem, mais
uma vez, os portadores solitários e
iluminados das verdades ocultas. Os
métodos já foram testados.
Donde, a questão é: por que caminhos
seguirão os negacionistas? Não aceitarão
resultados eleitorais (como nos Estados
Unidos)? Formarão movimentos antivacinas
do PNV? Partidos políticos extremistas? Até
onde levarão a crescente postura de
intimidação?
Economista. Escreve à quarta-feira
12 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021
Política Disputa da liderança do PSD
“Gostei de o ouvir, felicidades.” Discreto,
Montenegro faz o roteiro autárquico
O antigo líder parlamentar do PSD foi a Torres Novas apoiar o candidato local, mantendo em aberto
a possibilidade de voltar a apresentar uma candidatura à liderança do partido
Sofia Rodrigues
Cadeira sim, cadeira não, as bandei-
ras laranjas e azuis foram dispostas
à luz do critério da distância social
no auditório da biblioteca Gustavo
Pinto Lopes, em Torres Novas. Os
militantes e candidatos que estavam
no átrio encheram rapidamente a
sala onde cabiam cem pessoas (sem
a esgotar por causa da pandemia) e
esperaram ainda longos minutos
pela chegada de Tiago Ferreira, que
lidera a coligação do PSD/CDS à
câmara de Torres Novas. A sessão,
na passada quinta-feira à noite, des-
tinava-se à apresentação do progra-
ma eleitoral e contou com Luís Mon-
tenegro como convidado.
Tal como aconteceu nestes últi-
mos meses da pré-campanha autár-
quica, o ex-líder parlamentar aceitou
o convite a poucas semanas do início
de uma disputa eleitoral no PSD em
que é apontado como possível can-
didato à liderança do partido. Não
era a “estrela da noite”, nas suas pró-
prias palavras, mas assumiu ser um
“privilégio participar em acções polí-
ticas do PSD e do CDS”. AÆnal, foi
líder parlamentar durante o Governo
de coligação com o CDS liderado por
Pedro Passos Coelho.
De blazer e sem gravata, foi cha-
mado ao púlpito antes do candidato
da coligação e falou sem recorrer a
notas escritas. “Ainda não perdeu o
jeito”, disse-lhe uma militante no
Ænal da sessão, quando a maioria já
tinha abandonado a sala. Ficaram
alguns candidatos e militantes, que
elogiaram a intervenção.
“Gostei de o ouvir, felicidades,
que tudo corra bem”, dizia uma
social-democrata ao despedir-se.
Alguns tentaram puxar a conversa
das eleições internas no PSD, mas
Luís Montenegro sorria, agradecia
as palavras de incentivo e mostrava-
se sempre reservado sobre a sua
decisão de ser ou não novamente
candidato à liderança.
No discurso perante a plateia, elo-
giou o candidato que tenta conquis-
tar uma câmara que está nas mãos
do PS há 30 anos. Desta vez, os
socialistas dividiram-se e há duas
listas, a oÆcial e a dissidente. “Se um
socialista incomoda muita gente,
dois socialistas incomodam muito
mais”, gracejou.
O domínio socialista na terra ins-
pirou o ex-líder parlamentar a extra-
polar para o país. “Parece que não
Após ter desafiado a liderança
de Rui Rio, Luís Montenegro tem
marcado presença em acções
de campanha, mas mantendo
agora um registo discreto
PSD
Miguel Pinto Luz aproxima-se de Paulo Rangel
Sofia Rodrigues
A direcção de Rui Rio deixou um avi-
so sobre as movimentações dentro
do PSD em torno da disputa de lide-
rança — “não é a altura para conjec-
turas nem para debates internos” —,
mas os bastidores do partido conti-
nuam a agitar-se em torno das can-
didaturas à sucessão do líder.
Os apoiantes de Miguel Pinto Luz
acreditam que é preciso um enten-
dimento entre as várias alternativas
que se estão a perÆlar para defrontar
uma eventual recandidatura de Rui
Rio à liderança do partido. Mas, ao
que o PÚBLICO apurou, esses
apoiantes consideram que o mais
bem colocado para ganhar essa dis-
puta será Paulo Rangel.
O vice-presidente da Câmara de
Cascais está mais próximo do euro-
há nenhum Governo que tome pos-
se que não tenha o PS. O PS captu-
rou a administração pública”, apon-
tou, recebendo uma salva de pal-
mas. “Acho até engraçado ouvir o
deputado. Após as autárquicas, caso
Rangel consiga reunir consenso
em torno de si próprio como alter-
nativa a Rui Rio, Miguel Pinto Luz
pode abdicar de ser candidato
e apoiar o eurodeputado. Pelo con-
trário, se surgirem vários candida-
tos à liderança dos sociais-democra-
tas, é possível que o autarca de
Cascais e antigo líder da distrital de
Lisboa também avance novamente.
Em Janeiro de 2020, Pinto Luz Æcou
em terceiro nas directas com 9,5%
dos votos, atrás de Luís Montenegro
e de Rui Rio.
Por seu turno, Montenegro mantém
em aberto a hipótese de ser novamen-
te candidato à liderança do PSD.
O timing da entrevista de Paulo
Rangel, em que fez a revelação da
sua homossexualidade, foi vista
pelos apoiantes do antigo líder par-
RUI GAUDÊNCIO
primeiro-ministro que agora fala
das IPSS, mas anda a matar as IPSS
a reboque do Bloco de Esquerda”,
acusou, lançando depois um apelo
que, curiosamente, também já foi
lamentar como uma tentativa de
condicionamento da candidatura.
Mas os mais próximos acreditam que
Luís Montenegro não perdeu apoios
internamente, lembram que con-
quistou 47% nas últimas directas e
que Rangel divide muito o eleitorado
que é Æel a Rui Rio. Assim, a palavra
de ordem é discrição total para evitar
vir a ser acusado de desestabilizar o
partido em tempo de campanha elei-
toral. Já bastou a tentativa de derru-
bar Rui Rio, em Janeiro de 2019 e a
nove meses das legislativas, que Æcou
Pinto Luz admite
apoiar uma
eventual
candidatura
de Rangel
à liderança
do PSD
feito pelo líder do PSD: “O país devia
mandar um sinal ao Governo nestas
eleições”.
Lembrando que o dinheiro da
bazuca europeia “não vem duas
vezes e que não deve servir para
alimentar clientelas”, Luís Monte-
negro citou a antiga primeira minis-
tra britânica: “O socialismo com
dinheiro é muito mais perigoso.
Como disse Margaret Thatcher, o
socialismo só dura enquanto houver
dinheiro. É a melhor deÆnição de
socialismo”, atirou.
Ouviram-se palmas, vivas ao PSD
e a Portugal, e deu-se por encerrada
a sessão onde o candidato apresen-
tou muitas das 101 propostas para o
município. Luís Montenegro deteve-
se durante alguns minutos na sala e
ainda tirou fotograÆas com alguns
militantes antes de sair. Foi mais uma
das (discretas) participações do ex-
líder parlamentar nesta campanha
autárquica, numa altura em que o
aparelho do PSD está ainda concen-
trado nas eleições locais, mas com as
directas na mira.
Resta saber se as imagens captura-
das nos telemóveis vão reÇectir ape-
nas uma memória de um antigo ros-
to do partido ou se voltarão a ganhar
actualidade a partir de Outubro.
colada a Luís Montenegro como um
rótulo de deslealdade.
As movimentações de Paulo Rangel
— os contactos no partido, a entrevis-
ta e a participação em diversas acções
de pré-campanha autárquica — estão
a causar desconforto na direcção de
Rui Rio e isso mesmo Æcou reÇectido
no comunicado divulgado na segun-
da-feira pela comissão permanente
do PSD. “Esta não é a altura para con-
jecturas, nem para debates internos
sobre o futuro do PSD. O futuro do
partido está, isso sim, nos resultados
das próximas eleições autárquicas.
Saibamos todos entender e respeitar
solidariamente esse desaÆo”, segun-
do a nota, que pede “lealdade” para
com os candidatos.
O aviso de Rui Rio aos críticos Æcou
claro e pode tornar-se uma arma de
arremesso após-26 de Setembro.

INOVAÇÃO E
OS DESAFIOS
DO ACESSO EM
DEBATE
Marque na agenda o próximo dia 16 de Setembro. A
partir das 17h30, em directo no site do Público, assista
à quarta conferência virtual integrada na iniciativa
“Uma agenda para combater o cancro: Por todos nós,
para todos nós”, organizada pelo Público em parceria
FRPD06'3RUWXJDO$LQRYD©¥RHRVGHVDĆRVGR
acesso a medicamentos inovadores são os temas em
destaque nesta 4ª conferência.
Q
ual o valor da inovação? Como se pode
DFDXWHODU R XVR UDFLRQDO H HĆFLHQWH GRV
UHFXUVRV ĆQLWRV" 4XDO R SHVR GD GRHQ©D
oncológica e o impacto na economia? Como se po-
siciona Portugal no tratamento do cancro no que
respeita ao acesso a terapêuticas mais inovado-
UDV"(GHTXHIRUPDSRGHR3D¯VEHQHĆFLDUGDUHGH
europeia e acelerar o ritmo da inovação?
$FRQIHU¬QFLDê,QRYD©¥RHRVGHVDĆRVGRDFHVVRë
integrado na iniciativa “Uma agenda para comba-
WHURFDQFUR3RUWRGRVQµVSDUDWRGRVQµVëRUJD-
QL]DGDSHOR3¼EOLFRHSHOD06'3RUWXJDOUHDOL]D
se no próximo dia 16 de Setembro às 17h30.
(PGLUHFWRDSDUWLUGRVLWHGR3¼EOLFRXPSDLQHO
de especialistas vai responder a algumas destas
TXHVW·HV &«X 0DWHXV SURIHVVRUD GH (FRQRPLD
da Saúde na Divisão de Pesquisa em Saúde na
/DQFDVWHU8QLYHUVLW\QR5HLQR8QLGR-RV«'LQLV
director do Programa Nacional para as Doenças
Oncológicas da Direcção-Geral da Saúde e Heitor
&RVWDGLUHFWRUH[HFXWLYRGD$SLIDUPDY¥RWUD]HU
diferentes perspectivas à discussão. O objectivo é
procurar soluções que promovam o acesso a me-
dicamentos e cuidados de saúde de forma equita-
WLYD D LQYHVWLJD©¥R H R GHVHQYROYLPHQWR GH LQR-
YD©¥RHDFRPSHWLWLYLGDGHGH3RUWXJDOQRTXDGUR
europeu.
Segundo o estudo “O Valor do Medicamento em
3RUWXJDOëFRPGDGRVUHODWLYRVDHODERUDGR
SHOD$SLIDUPDHDFRQVXOWRUD0F.LQVH\êRVPHGL-
FDPHQWRVLQRYDGRUHVDFUHVFHQWDPYDORUVLJQLĆFD-
tivo a Portugal e trazem benefícios superiores à
GHVSHVDWRWDOHPI£UPDFRVë2VGDGRVDQDOLVDGRV
pela primeira vez no que respeita ao panorama
QDFLRQDO DSUHVHQWDP XPD SHUVSHFWLYD TXH LQWH-
JUD WU¬V GLPHQV·HV YDORU KXPDQR VRFLDO H HFR-
nómico. “Os medicamentos mudaram o panorama
SRUWXJX¬V PHOKRUDQGR DV YLGDV GRV GRHQWHV JH-
rando rendimento e poupança para a sociedade e
HVWLPXODQGRDHFRQRPLDë
2HVWXGRFRQFOXLTXHêGHVGHHP3RUWXJDO
os medicamentos inovadores foram responsáveis
pelo acréscimo de dois milhões de anos de vida
VDXG£YHO GRV TXDLV  PLO DSHQDV QR DQR GH
)RLSRVV¯YHOHYLWDUPDLVGHPLOPRUWHV
e a esperança média de vida foi prolongada até 10
anos. No que respeita ao valor dos anos de vida
saudável ganhos nas oito doenças consideradas
QRHVWXGRHQWUHDVTXDLVFDQFURFRORUHFWDOFDQ-
FURGRSXOP¥RGHF«OXODVQ¥RSHTXHQDVUHSUHVHQ-
WDHQWUHFLQFRHVHWHPLOK·HVGHHXURVSRUDQRDFL-
PDGRJDVWRWRWDOHPPHGLFDPHQWRVVLWXDGRQRV
PLOK·HVGHHXURV
1R SODQR VRFLDO RV PHGLFDPHQWRV LQRYDGRUHV
SHUPLWLUDPJHUDUFHUFDGHêPLOK·HVGHHXURV
/ ano em rendimento adicional para as famílias –
nas oito doenças estudadas – o que representa
FHUFDGHHXURVSRUP¬VSRUIDP¯OLDDIHFWDGDë
)LFRX DLQGD FRPSURYDGR TXH RV PHGLFDPHQWRV
inovadores permitiram reduzir hospitalizações e
outros custos directos com saúde em cerca de 560
milhões de euros / ano.
A aprovação de medicamentos inovadores deba-
te-se com atrasos sucessivos e a excessiva buro-
cratização na concretização dos ensaios clínicos
aprovados diminui a competitividade do país para
atrair investimento de valor.
Portugal é um dos países europeus em que pro-
cesso de introdução de um medicamento no mer-
cado é mais moroso segundo o relatório “Every
Day Counts - Improving time to patient access to
LQQRYDWLYHRQFRORJ\WKHUDSLHVLQ(XURSHëSXEOLFD-
GRHPHFRQGX]LGRSHOD)HGHUD©¥R(XURSHLD
GH ,QG¼VWULDV H $VVRFLD©·HV )DUPDF¬XWLFDV WUD-
CONTEÚDO
COMERCIAL
37121
GX©¥RGH()3,$ 2WHPSRHQWUHDDXWRUL]D©¥RGH
introdução no mercado e o acesso do doente ao
WUDWDPHQWR SRGH YDULDU HQWUH  PHVHV H PDLV GH
 DQRV ê2 WHPSR GH DFHVVR GR GRHQWH D WUDWD-
mentos oncológicos inovadores na Europa varia
HQWUHRVHTXDVHGLDV(P3RUWXJDODP«-
GLDV¥RGLDVëFRQFOXLRUHODWµULR
Não pode haver valor em inovação se os pacientes
aos quais a mesma se destina não tiverem o devi-
do acesso e é preciso acelerar o tempo de dispo-
QLELOL]D©¥RDRSDFLHQWHSDUDêYHQFHUëRFDQFURQD
(XURSDFRQFOXLD()3,$
Estes e outros temas estarão em debate no próxi-
PRGLDHPGLUHFWRVHPQHFHVVLGDGHGHLQVFUL-
ção e de forma gratuita.
WEBINAR
$LQRYD©¥RHRVGHVDĆRVGRDFHVVR
QUANDO?
GH6HWHPEURK
ONDE?
No site do Público
DURAÇÃO?
1h30
QUEM PODE ASSISTIR? É PRECISO
INSCRIÇÃO?
Não é necessária inscrição e todos os leitores são
convidados a assistir
14 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021

Sociedade Governo e BE preparam nova versão do Estatuto do SNS

Médicos em exclusividade já são menos

de um quarto do total de especialistas
De 2015 até Agosto deste ano, há menos 1284 médicos em exclusividade no SNS. Apesar de acordada com
os partidos de esquerda, concretização do regime de dedicação plena tem sido sucessivamente adiada
MANUEL ROBERTO

Alexandra Campos
Nunca houve tão poucos médicos em
exclusividade no Serviço Nacional de
Saúde (SNS). Em Agosto deste ano
eram 4840, menos 365 do que em
Setembro de 2020, representando
agora já menos de um quarto do total
de especialistas no activo (23,8%), de
acordo com os dados adiantados pelo
Ministério da Saúde.
À medida que os médicos neste
regime — que prevê uma remunera-
ção adicional e foi extinto em 2009
— se vão reformando, diminui a sua
proporção no universo dos especia-
listas que trabalham no SNS, enquan-
to se aguarda que o executivo avance
Ænalmente na concretização do novo
regime que designa como “dedicação
plena”, cumprindo o que está deÆni-
do na nova Lei de Bases da Saúde (que
prevê a sua introdução progressiva)
e no próprio programa do Governo.
A data em que tal irá acontecer con-
tinua a ser uma incógnita. Notando
que “o programa do Governo prevê
expressamente o compromisso de
continuar a política de reforço de
recursos humanos do SNS, incenti-
vando a adopção de novos modelos
de organização do trabalho, basea-
dos, entre outros instrumentos, na
opção pelo trabalho em dedicação
plena”, o Ministério da Saúde refere
apenas que este “compromisso”, que
decorre da nova Lei de Bases da Saú- Durante a pandemia, o SNS concretização do regime de dedica- reira. “É um pouco incongruente a geral do Sindicato Independente
de, “será densiÆcado no Estatuto do perdeu muitos médicos que ção plena tem sido sucessivamente nova Lei de Bases da Saúde conviver dos Médicos (SIM), repete igualmen-
SNS” em desenvolvimento. estavam em exclusividade adiada. A medida tinha Æcado previs- com o actual Estatuto do SNS, que te que concorda com a medida e
Durante a pandemia, o SNS per- ta numa norma do Orçamento do assenta numa lógica de semipriva- que está “totalmente disponível
deu, assim, muitos médicos que esta- Estado para 2020 mas não avançou. tização”, explica o dirigente do BE, para negociar, desde que a adesão
vam a trabalhar em exclusividade no Médicos especialistas em No ano passado, saltou de novo para sublinhando que “falta aprovar esta a este regime seja voluntária”.
SNS. Citando dados da Administração regime de dedicação exclusiva a ribalta no debate do Orçamento do peça legislativa que corporize os “O que falta é que o ministério
Central do Sistema de Saúde, o gabi- Estado para 2021. O BE e o PCP apre- avanços feitos na Lei de Bases”. apresente uma proposta objectiva.
nete da ministra Marta Temido espe- 6124 sentaram propostas para a generali- O que temos assistido, desde há
ciÆca que o número de especialistas 5862 zação da dedicação exclusiva dos Qualidade aumentará mais de três anos — e a medida cons-
em dedicação exclusiva, “em activi- 6000 proÆssionais de saúde (não só dos Os dirigentes dos sindicatos que ta do Orçamento do Estado desde
dade em Agosto de 2021, era de 5483 médicos) com majorações salariais, representam os médicos dizem que há dois —, é ao anúncio da dedica-
4840”, para um universo total de 5681 mas as propostas foram rejeitadas. O estão a aguardar que o Governo ção exclusiva, mas o Governo não
20.320 especialistas que trabalham PS respondeu com uma proposta apresente uma proposta concreta. passa da palavra aos actos. Se hou-
nos hospitais públicos e nos centros que adiou para o pós-pandemia a “Esta é uma exigência antiga, a gran- vesse seriedade apresentava uma
de saúde. São menos 1284 a trabalhar 5071 regulamentação deste regime — a de mais-valia será conseguir que os proposta concreta”, aÆrma.
neste regime do que em 2015. 4840 aplicar, numa primeira fase, aos médicos permaneçam no SNS. São Recordando que a exclusividade
Estes dados não incluem “trabalha- coordenadores das unidades de saú- proÆssionais diferenciados, e, se se dos médicos acabou em 2009 por-
dores independentes/prestadores de de familiar e aos directores dos cen- dedicarem apenas ao SNS, terão a que se estava “a ter mais despesa
serviços”, esclarece o ministério. Dei- 4000 tros de responsabilidade integrada e possibilidade de conseguir um nível sem resultados práticos”, o presi-
xam ainda de fora os que, apesar de 2015 16 17 18 19 20 2021*
“baseado em critérios de desempe- de produção diferente, mesmo em dente da Associação Portuguesa de
trabalharem em exclusividade no nho e respectivos incentivos”. termos de qualidade”, frisa o presi- Administradores Hospitalares, Ale-
SNS, não puderam aderir ao regime *Até Agosto Ao mesmo tempo que o Governo dente da Federação Nacional dos xandre Lourenço, defende que “o
por terem entrado depois de 2009, Nota: Foram contabilizados os profissionais prepara a revisão do Estatuto do Médicos (Fnam), Noel Carrilho, que que faria sentido era oferecer pro-
quando este regime foi extinto, 19 activos com contrato de trabalho, não se SNS (o actual é de 1993), o BE está a lamenta que a ministra da Saúde jectos de trabalho aos proÆssionais
incluindo trabalhadores independentes/pres-
anos após a sua criação. tadores de serviços. preparar também a sua versão do “ainda não tenha tido disponibilida- do SNS, o que não existe actualmen-
Apesar de estar acordada com os Estatuto, que deverá estar concluída de” para receber os sindicatos. te”. “Aguardo com expectativa que
Fonte: Ministério da Saúde PÚBLICO
partidos de esquerda desde 2019, a ainda este mês, adianta Moisés Fer- Jorge Roque da Cunha, secretário- seja apresentada uma proposta.”

Maioria dos exercícios
para apoio às aprendizagens
são de nível médio ou elevado
Clara Viana
Instituto de Avaliação
Educativa lança plataforma
com itens retirados dos
exames e dos testes
internacionais
A maioria dos exercícios que o Ins-
tituto de Avaliação Educativa (Iave)
já disponibilizou para apoiar a recu-
peração das aprendizagens são de
nível médio e superior no que res-
peita à sua “complexidade cogniti-
va”. É o que se passa com 15 dos 19
exercícios que se encontram por
agora disponíveis na plataforma
ITENS S.A. — Explorar os Itens da
Avaliação Externa em Sala de Aula,
lançada na segunda-feira pelo Iave,
que é o organismo responsável pela
elaboração e classiÆcação dos exa-
mes e provas nacionais.
Por enquanto, ainda só existem
19 itens relativos a provas nacionais
que foram realizadas por alunos do
ensino básico e outros 16 provenien-
tes do PIRLS (Progress in Internatio-
nal Reading Literacy Study), um
estudo internacional sobre literacia
dirigido a alunos do 4.º ano.
O Iave promete que nesta primei-
ra fase irão ser disponibilizados
“cerca de meia centena de itens dos
três ciclos do ensino básico, nas
áreas disciplinares de Português,
Matemática, Estudo do Meio, Por-
tuguês Língua não Materna, Expres-
sões Artísticas e Educação Física”.
Serão também apresentados mais
itens retirados “de estudos interna-
cionais em que Portugal participa”,
como o PISA ((Programme for Inter-
national Student Assessment) des-
tinado a avaliar a literacia dos alu-
nos de 15 anos ou o TIMSS (Trends
in International Mathematics and
Science Study), que avalia os alunos
do 4.º ano nas áreas de Matemática
e Ciências.
“Numa segunda fase, serão inte-
grados na plataforma itens perten-
centes às disciplinas do ensino
secundário sujeitas a avaliação
externa”, acrescenta o Iave. O objec-
tivo anunciado é que todos estes
exercícios “possam ser explorados
pedagogicamente em sala de aula
para diagnosticar o estado das
aprendizagens dos alunos, nomea-
damente dos conhecimentos e das
competências que apresentem
maiores fragilidades e que seja
necessário apoiar”. E assim ajudar
no plano de recuperação que estará
em vigor até 2023, destinado essen-
cialmente a suprir as aprendizagens
Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • 15
que Æcaram em déÆce devido ao
encerramento das escolas por causa
da pandemia.
DéÄces antigos
Mas os exercícios apresentados
apontam também para déÆces mais
antigos — por exemplo, em metade
dos 16 itens retirados da edição do
PIRLS de 2016 os alunos portugueses
tiveram classiÆcações abaixo dos
50% e em dois destes não foram além
dos 11%. São exercícios que apelam
sobretudo ao raciocínio e à constru-
ção de respostas, domínios que repe-
tidamente têm sido apontados como
críticos na performance dos alunos
portugueses. As melhores classiÆca-
ções, como geralmente sucede, são
as fornecidas pelas questões de esco-
lha múltipla.
Já no que respeita aos itens retira-
dos das provas de aferição nacio-
nais, o Iave optou por não apresen-
tar as classiÆcações obtidas pelos
alunos, uma vez que as característi-
cas desta avaliação são “mais de
âmbito formativo e qualitativo”. Por
Nesta fase serão
disponibilizadas
matérias
das áreas
de Português,
Matemática,
Estudo do Meio,
Expressões
Artísticas
e Educação Física
A recuperação das
aprendizagens vai continuar
neste ano lectivo
Sociedade
agora são a maioria. Neste caso,
apenas se indica o “nível de comple-
xidade cognitiva” dos itens: 1 (infe-
rior, a reprodução de conhecimen-
tos), 2 (médio, aplicar e interpretar)
e 3 (superior, raciocinar e criar).
Nos itens retirados de provas e
exames nacionais é apresentada a
classiÆcação que os alunos obtive-
O PDR2020
APOIA A
ram. Só ainda estão disponíveis três
que foram retirados do último exame
de Matemática do 9.º ano, feito em
2019. Nos dois anos de pandemia
estas provas não se realizaram. As
cotações oscilaram entre 11% e 57%.
Em respostas ao PÚBLICO, o Iave
refere que a escolha dos itens é feita
AGRICULTURA
pelas equipas do instituto, “de acor-
do com os objectivos da platafor-
ma”. “A plataforma ITENS S.A. pre-
tende disponibilizar itens das várias
áreas disciplinares que avaliam
vários conteúdos e competências
consideradas importantes para as
aprendizagens dos alunos. Preten-
de-se também apresentar itens de
tipologias e formatos variados”, Submeta a sua candidatura à Operação 3.3.2
acrescenta.
“Pequenos Investimentos na Transformação
Acesso livre e Comercialização de Produtos Agrícolas | Apoio
Em todos os itens apresentados, o à aquisição de capacidade de armazenagem
Iave esclarece que “complexidade
no Setor do Vinho”
não é sinónimo de diÆculdade”.
Razões? “A complexidade tem que De 9 de Setembro a 8 de Outubro de 2021
ver com o processo cognitivo que é
requerido para a realização da tarefa
ou do item da avaliação. É deÆnida Estão ainda abertas candidaturas às seguintes
durante o processo de construção medidas PDR2020:
[destes].” No que respeita à diÆcul-
dade “pode e deve ser estimada, mas
só é possível determinar com exac- Operação 3.2.1 “Investimento na Exploração
tidão depois da aplicação do instru- Agrícola | Instalações de Alojamento Temporário
mento/tarefa, através dos resultados Amovíveis [IATA]”
obtidos”.
De 27 de Agosto a 22 de Outubro de 2021
O Iave especiÆca também que a
plataforma, embora seja de acesso
livre, é “mais direccionada a profes- Operação 6.2.1 “Prevenção de Calamidades
sores”.
e Catástrofes Naturais | Prevenção à propagação
RUI GAUDÊNCIO
da Xylella fastidiosa”
De 26 de Agosto a 26 de Outubro de 2021
Saiba mais em pdr-2020.pt
Cofinanciado por:
UNIÃO EUROPEIA
Fundo Europeu Agrícola
de Desenvolvimento Rural
A Europa Investe nas Zonas Rurais
16 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021
Sociedade
André Ventura perde no Tribunal da Relação
contra família do Bairro da Jamaica
Sónia Trigueirão
Juízes desembargadores
dizem que as ofensas
de Ventura têm uma
“vertente discriminatória
em função da cor da pele”
O Tribunal da Relação não deu
razão ao recurso interposto por
André Ventura e conÆrmou a sen-
tença ditada pelo tribunal de pri-
meira instância, que condenou, a 24
de Maio, o político e o partido Chega
por ofensas à honra e à imagem no
caso da família Coxi.
Segundo a decisão do Tribunal da
Relação, a que o PÚBLICO teve aces-
so, os juízes consideraram que os
réus (Ventura e Chega) utilizaram
uma fotograÆa da família “como
arma de segregação social, enquan-
to os autores [os sete Coxi], ao con-
sentirem na sua captura, visaram dar
expressão a um evento (visita do Pre-
sidente da República) potenciador
da inclusão social dos autores e
demais habitantes do bairro”.
O caso remonta a um debate tele-
visivo durante a campanha para as
presidenciais que André Ventura
teve com Marcelo Rebelo de Sousa,
em Janeiro passado, durante o qual
exibiu a foto de uma visita que o Pre-
sidente da República fez àquele bair-
ro cerca de dois anos antes.
O chefe de Estado aparecia na
Vacinação contra a covid acelera entre os adolescentes
e mais de meio milhão já recebeu pelo menos uma dose
Sofia Neves
Os três Æns-de-semana dedicados à
vacinação dos adolescentes contra
a covid, antecipando o regresso às
aulas, já se fazem notar. Na faixa
etária dos 12 aos 17 anos houve um
progresso galopante em compara-
ção com a semana anterior: 320.708
adolescentes já se encontram total-
mente vacinados, o que correspon-
de a 52% desta população — uma
subida de 27 pontos percentuais em
relação à semana anterior.
Foram ainda vacinados mais
21.403 jovens com a primeira dose.
Ou seja, 525.426 adolescentes (84%)
têm pelo menos uma dose. São
dados do relatório de vacinação da
Direcção-Geral da Saúde (DGS),
publicados ontem.
Caso teve origem num debate
com Marcelo onde Ventura
mostrou fotografia da família
a quem chamou de “bandidos”
imagem com uma família que incluía
um membro que já tinha tido pro-
blemas com a justiça. Também apa-
recia uma criança do mesmo agre-
gado familiar na foto.
O dirigente partidário aproveitou
Portugal tem 80% da sua popula-
ção elegível para a vacinação com-
pletamente imunizada contra o
novo coronavírus. Além disso, 85%
dos portugueses já receberam pelo
menos uma dose da vacina. Desde
o início do processo de vacinação,
em Dezembro de 2020, foram admi-
nistradas 15.554.044 das 18.507.560
doses recebidas. As faixas etárias
acima dos 65 anos, as mais vulnerá-
veis à doença, já contam, segundo
o relatório, com toda a população
vacinada.
O grupo etário anterior (dos 50 aos
64 anos) está lá perto: 99% das pes-
soas já receberam pelo menos uma
dose e 97% têm a vacinação comple-
ta. Entre os 25 e os 49 anos, 93% da
população já recebeu a primeira
dose e 88% a vacinação completa.
esse facto para sublinhar que o seu
adversário tinha preferido ir ao bair-
ro confraternizar com “bandidos”
em vez de visitar os agentes policiais
agredidos dias antes, durante con-
frontos com moradores. E acusou
estas pessoas de terem vindo para
Portugal “viver do Estado social”.
O Tribunal da Relação de Lisboa
considerou que a actuação de André
Ventura — no debate com Marcelo
A região Norte foi, pela terceira
semana consecutiva, a que mais vaci-
nou na última semana, com 151.134
doses administradas, e mantém-se a
mais avançada na campanha de vaci-
nação em termos percentuais. Con-
tas feitas, 88% dos residentes já rece-
beram pelo menos uma dose e 82%
completaram o esquema vacinal.
Lisboa e Vale do Tejo, a segunda
região que mais doses administrou
na semana em análise (118.929), tem
84% da população parcialmente imu-
nizada e 78% com a vacinação con-
cluída. No total, soma 5.384.083
inoculações, apenas atrás do total do
Norte (5.468.516).
A região do Centro tem agora
87% da população pelo menos par-
cialmente imunizada e 81% com
esquema vacinal concluído, tendo
NUNO FERREIRA SANTOS
Rebelo de Sousa a 6 de Janeiro e
também no programa de Manuel
Luís Goucha a 7 de Janeiro — e do
Partido Chega — por via de uma
publicação feita no Twitter a 22 de
Janeiro — extravasou os limites da
liberdade de expressão.
Mais: lesou o direito à honra e à
imagem dos sete elementos da famí-
lia Coxi, uma vez que as ofensas não
tinham “base factual suÆciente” e
inoculado 58.665 pessoas desde a
análise anterior. O Alentejo também
tem 87% da população com pelo
menos uma dose tomada e 81% com
a vacinação completa, com 17.661
injecções administradas na última
semana.
O Algarve é a região com os regis-
tos mais baixos, tanto a nível conti-
nental como nacional: tem 80% com
pelo menos uma dose tomada e 73%
com a vacinação concluída, tendo
vacinado mais 19.010 pessoas esta
Registaram-se
na segunda-feira
mais 1058 casos
de infecção e
havia 551 doentes
internados
nos hospitais
foram feitas “de modo totalmente
desproporcionado”. Os juízes reco-
nhecem também que as ofensas têm
uma “vertente discriminatória em
função da cor da pele e da situação
socioeconómica dos autores”.
Além disso, os juízes frisam o facto
de os membros da família em causa
não serem protagonistas da luta polí-
tico-partidária. Por isso, “aquando
do debate televisivo de 24 de Janeiro
de 2021, os autores não estavam no
palco da discussão nem eram os
adversários políticos” de Ventura.
Assim, concluem os juízes da Rela-
ção, se era permitida a utilização de
uma linguagem mais agressiva e
excessiva por parte do réu (Ventura),
tal utilização só era admissível contra
o interlocutor e adversário político
Marcelo Rebelo de Sousa e não con-
tra a família Coxi.
Os queixosos não pediram qual-
quer indemnização. Em declarações
ao PÚBLICO, a advogada Leonor Cal-
deira disse que “a família Coxi apre-
senta-se satisfeita” com a decisão da
Relação, “sentindo que os seus direi-
tos foram protegidos pela justiça
portuguesa, não obstante a sua pre-
cária condição económica e a sua
falta de protagonismo mediático”.
“Aguardam agora o trânsito em jul-
gado da decisão, nos próximos dias”,
referiu a advogada da família.
O PÚBLICO contactou André Ven-
tura mas, até ao momento, não foi
possível obter uma reacção.
semana, um ligeiro aumento em rela-
ção ao período anterior.
Nos arquipélagos, a Madeira já
vacinou 82% dos residentes com pelo
menos uma dose e 79% tem a vaci-
nação completa (mais 6092 inocula-
ções). Já os Açores registam 82% da
população residente com uma dose
tomada e 77% completamente vaci-
nada (mais 4761 doses dadas, uma
diminuição de cerca de 44% das
doses semanais administradas em
relação à semana anterior).
Portugal registou na segunda-feira
seis mortes e 1058 novos casos de
infecção pelo novo coronavírus,
segundo o boletim da DGS divulgado
ontem.
Nos hospitais estavam internados
551 doentes, 116 dos quais em unida-
des de cuidados intensivos.
 2.ª EDIÇÃO
CURSO DE CRÍTICA LITERÁRIA

CURSO ONLINE DE 15H

A PARTIR DE 7 DE OUTUBRO,
TODAS AS QUINTAS,
DAS 18H30 ÀS 20H

PARCEIROS:

INSCREVA-SE AQUI: DEZ LIÇÕES DE LITERATURA PORTUGUESA

LITERARIAMENTE FALANDO, É OBRA.

Depois do sucesso alcançado com a primeira edição, o curso de crítica literária
VAGAS LIMITADAS O Cânone regressa para uma 2.ª edição. Com um corpo docente de renome,
em dez lições será discutida e analisada a obra de alguns dos maiores autores
CERTIFICADO
DE PARTICIPAÇÃO DA portugueses de sempre. De Camões a Pessoa, de Florbela Espanca às Três Marias,
FUNDAÇÃO CUPERTINO através de um debate de ideias e de um confronto de opiniões distintas, descubra
DE MIRANDA uma nova leitura das obras e veja a literatura portuguesa com outros olhos.
CERIMÓNIA
DE ENCERRAMENTO
NO FINAL DO CURSO,
NA PRESTIGIADA TORRE AUTORES EM ANÁLISE E CORPO DOCENTE:
LITERÁRIA,
A CONVITE DA FUNDAÇÃO 1. Cânone 5. Camilo Castelo Branco 9. Vitorino Nemésio
CUPERTINO DE MIRANDA António M. Feijó Abel Barros Baptista Rita Patrício

2. Luís de Camões 6. Cesário Verde 10. As Três Marias

João R. Figueiredo Gustavo Rubim (Maria Isabel Barreno,

190 €* Maria Teresa Horta,

“
3. Padre António Vieira 7. Fernando Pessoa Maria Velho da Costa)
Isabel Almeida
Acompanhei o curso
Nuno Amado Joana Meirim do cânone com proveito e prazer.

145 €*
ASSINANTES PÚ
BLICO
4. Eça de Queirós
Miguel Tamen
8. Florbela Espanca
Anna M. Klobucka
A minha vida podia ser (quase) só isto:
ler livros e autores essenciais,
e ouvir a falar deles quem

”
os estudou a fundo
Carlos Vaz Marques
*OFERTA DO LIVRO O CÂNONE
18 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021

Local Estação do metropolitano de Lisboa reabriu

DANIEL ROCHA

Com esta obra já é possível ali pararem comboios com seis carruagens, à semelhança do que acontece na restante rede do metro

Este comboio já pára em Arroios

Acabou a ladainha que os passageiros do metro de Lisboa ouviram durante quatro anos, mais dois e meio
do que era suposto. Mas a Praça do Chile voltará a ser estaleiro dentro de pouco tempo
João Pedro Pincha
As bifanas da Parreirinha do Chile
borbulham nas frigideiras encostadas
às janelas e José Cardoso tenta só des-
viar a atenção por breves instantes.
Mas não está fácil tal o corrupio à sua
volta. Na manhã de ontem, a estação
de metro de Arroios reabriu e todos
querem o seu parecer. “Isto afectou
muito aqui a área. As pessoas não
passavam aqui”, recorda o comer-
ciante instalado na Praça do Chile vai
para mais de meio século.
Quem já assistiu a tantas mudan-
ças em Lisboa atrás daquele peque-
no balcão não esperava que o alar-
gamento da estação em 40 metros
causasse tanto transtorno durante
quatro anos. Quatro longos anos em
que a obra começou, parou por
falência do primeiro empreiteiro,
recomeçou e está agora nos acaba-
mentos, já com a estação aberta e os
comboios a pararem novamente.
“Nós queremos é o metro a funcio-
nar”, alegra-se Carla Salsinha, ex-pre-
sidente da União de Associações de
Comércio e Serviços de Lisboa
(UACS), que explora uma loja de noi-
vas na praça e foi uma das vozes que
mais batalhou por isenções de taxas
aos comerciantes da zona.
Desapareceram os grandes tapu-
mes à superfície e surgiram dois res-
piradouros ovais, forrados a azulejos
artísticos, assim como um elevador
que conduz à estação. Lá em baixo o
cais foi prolongado em cerca de 20
metros para cada lado, o que permite
a paragem de comboios com seis car-
ruagens, à semelhança do que acon-
tece na restante rede do metro.
“A obra está pronta”, declarou
João Pedro Matos Fernandes, minis-
tro do Ambiente, depois de percor-
rer a estação. É o primeiro dia oÆcial
de campanha eleitoral para as autár-
quicas, mas o governante diz que
uma coisa não se relaciona com a
outra. Segundo o ministro, o prazo
para a conclusão da empreitada ter-
minava hoje e ainda foi possível
adiantar um dia.
A estação já está operacional mas
ainda há trabalhos de acabamento a
decorrer. E daqui a não muito tempo
é a Praça do Chile que vai entrar em
obras, transformando o actual cruza-
mento rodoviário numa rotunda. “Há
50 e tal anos isto era uma rotunda”,
diz José Cardoso, que concorda com
a ideia. O comerciante ainda não está
preocupado com o possível impacto
dessa empreitada e acredita que as
duas obras não podiam ter decorrido
ao mesmo tempo.
No cais, Matos Fernandes acredita
que é tempo de os lisboetas regressa-
rem aos transportes públicos. “Ainda
estamos muito longe de ter o número
de passageiros que tínhamos em
2019”, comenta o ministro, apontan-
do para uma procura a rondar os 55%
dos níveis pré-pandemia.
Dentro das carruagens, os passa-
geiros já deixaram de ouvir a repeti-
tiva mensagem “Este comboio não
pára em Arroios” e nas estações está
a desaparecer a cruz vermelha sobre
aquele ponto da Linha Verde. Na
renovada estação de Arroios reco-
nhecem-se a estrutura e a decoração
antigas, mas há novidades nas pare-
des. Cortina Mirabolante, um painel
de azulejos com 15 metros da autoria
de Nikias Skapinakis, foi encomenda-
do pelo Metro há anos e esteve guar-
dado até agora, exibindo-se ao públi-
co pela primeira vez. Também os
azulejos de Maria Keil voltam a ver-se
nos átrios e nas extensões do cais.
Daqui a pouco
tempo, a Praça
do Chile vai entrar
em obras para
transformar o
actual cruzamento
numa rotunda
Esta obra teve um custo de 6,67
milhões de euros e incluiu igual-
mente a colocação de elevadores,
fazendo de Arroios a 41.ª estação do
metro totalmente acessível a pes-
soas com mobilidade reduzida.
Ficam a faltar 15.
O alargamento de Arroios começou
em 2017 e devia ter terminado em
2019, mas problemas com o emprei-
teiro inicial levaram o metro a rescin-
dir o contrato e a obra estacou, para
desespero de comerciantes e mora-
dores das redondezas. Recomeçaria
em Janeiro de 2020 pela mão do con-
sórcio DST/DTE/Cari/Efacec.
O Metro de Lisboa lançou-se em
Abril na mais recente expansão da
rede, que passa pela criação de uma
linha circular unindo as linhas Ver-
de e Amarela entre o Rato e o Cais
do Sodré. O primeiro troço, do Rato
à Estrela, está em obra, e o ministro
do Ambiente diz que a ligação entre
a Estrela e o Cais do Sodré vai arran-
car ainda este ano.

Escadinhas da Saúde paradas
devido a vandalismo e uso intenso
Matilde Durães
A gestão do equipamento
pode vir a ser da
responsabilidade
da Junta de Freguesia
de Santa Maria Maior
As Escadinhas da Saúde, que facili-
tam o acesso da Praça Martim Moniz
à Rua Marquês Ponte de Lima, estão
paradas desde Julho. A Empresa
Municipal de Mobilidade e Estacio-
namento de Lisboa (EMEL) aponta
os actos de vandalismo constantes
nas escadas-rolantes (como activar
o botão de emergência sem justiÆ#
cação) quase desde a sua inaugura-
ção, em Outubro de 2018, e a sua
utilização intensa como principais
motivos para a interrupção do fun-
cionamento da infra-estrutura.
Após a inspecção habitual ao equi-
Bienal de Joalharia
realiza-se em Lisboa
A 1.ª Bienal Internacional de Joalha-
ria Contemporânea, que vai reÇectir
sobre o corpo, o medo e a protecção
através de projectos expositivos,
colóquios, encontros e masterclas-
ses, abre amanhã e decorre até 20
de Novembro, em Lisboa.
Sob o título Suor Frio, a bienal
tem conceito e organização da Asso-
ciação Portuguesa de Joalharia Con-
temporânea (PIN), com curadoria-
geral de Cristina Filipe, também
responsável pela direcção artística,
com Marta Costa Reis.
A programação teve um pré-início
oÆcial em Julho devido a necessida-
des de calendarização dos parceiros
e entidades participantes no projec-
to, desde museus, galerias e escolas,
indicou a organização.
Contactada pela agência Lusa
sobre os objectivos da criação da bie-
nal, Cristina Filipe realçou que visa
sobretudo “divulgar o conhecimento
da história da joalharia portuguesa,
estimular uma programação regular
na área, promover a sua internacio-
nalização, reÇexão e a partilha”.
A situação de pandemia, o medo
e a incerteza que se instalaram no
mundo, neste contexto, levaram a
organização a escolher como tema
“um aspecto marcante na história
da joalharia — a protecção física e
espiritual — e a debater qual o seu
pamento foi veriÆcado o desgaste de
alguns materiais, diz a EMEL. A
empresa aguarda as peças substitutas
que, devido aos constrangimentos
provocados pela covid-19, estão a
demorar a chegar muito mais tempo
do que era previsto.
Em declarações ao PÚBLICO, a
EMEL refere que “as Escadinhas da
Saúde são essenciais para a desloca-
ção e o bem-estar de muitas pessoas”
e garante que “tudo tem feito e con-
tinuará a fazer para minorar a falta
de civismo que tem provocado sérios
danos e levado a que este importan-
te equipamento da cidade de Lisboa
não funcione na sua plenitude”. Para
que haja uma gestão de maior proxi-
midade, está a ser estudada a passa-
gem da logística do equipamento
para a Junta de Freguesia de Santa
Maria Maior, diz a empresa.
Miguel Coelho, presidente da Jun-
ta de Freguesia, revelou ao PÚBLICO
sentido no século XXI”. Cristina Fili-
pe disse que uma das exposições
nucleares é inaugurada amanhã, no
Museu de São Roque e no Museu da
Farmácia, às 18h30 e às 21h30, res-
pectivamente, e tem como título
Suor Frio, com a participação de 73
artistas de 16 países, apresentando
peças de joalharia, mas também em
escultura, vídeo, fotograÆa e perfor-
mance, “todas com o ponto em
comum da ligação ao medo, o corpo
e a protecção”.
A outra exposição nuclear da bienal
“Oitavos de OÆcina. José Aurélio: Joa-
lharia”, sobre a obra de joalharia do
escultor, com curadoria de Laura Cas-
tro, e em parceria com o MUDE, já
está patente desde 28 de Julho, na
Sociedade Nacional de Belas Artes,
onde Æcará até 22 de Setembro.
Esta semana decorrem várias
outras exposições patentes em gale-
rias participantes e nas escolas Ar.
Co — Centro de Arte e Comunicação
Visual e António Arroio, em Lisboa,
que prepararam projectos no âmbi-
to do certame, “para criar alguma
efervescência em torno dos temas”,
salientou a curadora.
As galerias Sá da Costa, Reverso,
Teresa Lacerda, Tereza Seabra e o
Instituto Cultural Romeno acolhe-
rão exposições internacionais e
palestras.
As escadas poderão vir a ter vigilância
que, juntamente com a Câmara
Municipal de Lisboa, já está em con-
versações com a EMEL há bastante
tempo. Apesar de ter uma “grande
vontade” que a gestão das Escadi-
Artistic Sustainability
Beyond Green
Conferences
live streaming
EdifÍcio GonÇalves Zarco
Doca de AlcÂntara
INSCRIÇÕES ONLINE
Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • 19
Local
NUNO FERREIRA SANTOS
pamento não foi alvo de actos de
vandalismo, pois tinha um segurança
em permanência no local.
O autarca diz que se a logística das
escadas-rolantes passar a ser da res-
ponsabilidade da junta de freguesia,
voltará a haver um guarda a tempo
inteiro, e, eventualmente, poderá vir
a ter um sistema de videovigilância.
O troço de escadas-rolantes de 32
metros representa um investimento
da EMEL de cerca de 830 mil euros.
As Escadinhas da Saúde inserem-se
no Percurso da Mouraria, parte inte-
grante do Plano Geral de Acessibili-
dades Suaves e Assistidas à Colina do
Castelo. A EMEL inaugurou este ano
o elevador entre o Campo das Cebolas
e a Sé de Lisboa e está ainda a desen-
nhas da Saúde passe para a autar- volver o projecto de construção de
quia, ainda não sabe se, nem quando, um funicular que ligará a Rua dos
esse processo se irá concretizar. Lagares, na Mouraria, ao miradouro
Explicou ainda que nos primeiros Sophia de Mello Breyner, na Graça.
três meses de funcionamento, o equi- Texto editado por Ana Fernandes
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20 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021
Economia Portugal adopta duas directivas europeias
Consumidores com protecção reforçada
em compras nas plataformas digitais
Governo vai mais longe que o direito comunitário no prazo das garantias, na rejeição de bens e na
resolução dos contratos. “Vida” curta dos bens vai ser classiÄcada como prática comercial desleal
Rosa Soares
O diploma aprovado recentemente
em Conselho de Ministro, que trans-
põe para o direito nacional duas
directivas europeias de protecção
do consumidor (770 e 771), nomea-
damente em relação à duração
de garantias de bens móveis e imó-
veis, vai além da legislação europeia
em várias matérias. E é, nas palavras
do secretário de Estado do Comér-
cio, Serviços e Defesa do Consumi-
dor, João Torres, “inovador e soÆs-
ticado”.
Um dos aspectos que sobressai no
decreto-lei, que aguarda promulga-
ção pelo Presidente da República, e
posterior publicação em Diário da
República, para entrar em vigor a 1
de Janeiro de 2022, diz respeito à
duração das garantias de conformi-
dade do bens móveis, que em Por-
tugal passa de dois para três anos,
acima dos dois anos aplicados na
generalidade dos restantes países
da União Europeia. No entanto, esta
medida terá uma especiÆcidade.
Nos primeiros dois anos, limite
máximo Æxado pela legislação euro-
peia, a falta de conformidade de um
bem “presume-se existente à data
da sua entrega, salvo quando tal for
incompatível com a natureza dos
bens ou com as características da
falta de conformidade”. Ou seja, o
ónus da prova está do lado do pro-
Æssional (conceitos que abrange
pessoa singular ou colectiva, que
actue em nome próprio ou através
de terceiros, em actividades comer-
ciais, industriais ou outras) que for-
nece o bem. No terceiro ano, de
acordo com declarações de João Tor-
res no Parlamento, ontem, na
Comissão de Economia, o ónus da
prova de desconformidade passa
para o consumidor.
Esta inversão do ónus da prova
pode, no entanto, ser mais difícil de
concretizar para um grande número
de bens ou de consumidores.
No caso de bens imóveis, como
habitações, o prazo de garantia
“em relação a defeitos que afectem
elementos construtivos estruturais
destes bens” — que assume a desi-
gnação de “garantia comercial” —
duplica, de cinco para 10 anos,
a partir da entrega do bem. Nas
restantes falhas de conformidade,
mantém-se o actual prazo de cinco
anos.
Entre as “inovações” introduzidas
Entre as “inovações”
introduzidas, secretário de
Estado destacou a maior
protecção dos consumidores
nas compras online
Marketplaces
podem passar a
ser parceiros
contratuais
directos de quem
fornece o produto
RODRIGO ANTUNES/LUSA
no direito nacional, João Torres des-
tacou a maior protecção dos consu-
midores nas compras online, nomea-
damente através dos chamados
marketplaces, plataformas digitais
que actuam como intermediários na
venda.
Na prática, estes prestadores de
serviços de mercado electrónicos
passam, nos contratos celebrados
pelos consumidores e em determi-
nadas situações, a ser considerados
parceiros contratuais directos do
proÆssional que fornece o produto.
Com essa alteração, os consumido-
DANIEL ROCHA
res passam a poder exercer os seus
direitos, em caso de falta de confor-
midade dos bens, conteúdos ou ser-
viços digitais, também junto destes
prestadores.
Esta alteração cria, segundo su-
blinhou aos deputados o secretário
de Estado do Comércio, Serviços e
Defesa do Consumidor, “o regime
que melhor protege os consumido-
res em toda a Europa”.
O direito de rejeição
Mas há mais. A legislação europeia
passou a incluir novas tipologias de
bens, como os conteúdos e serviços
digitais e os bens de elementos digi-
tais incorporados, como ebooks ou
armazenamento de dados na icloud.
Nestes casos, a garantia mínima
europeia é de um ano, mas em Por-
tugal vai passar a ser de dois anos,
sendo que, no segundo ano, volta
novamente a ser o consumidor a ter
de provar a desconformidade do
produto ou serviço.
O decreto-lei nacional vai além
das directivas também no caso de a
desconformidade do bem, ou servi-
ço, ser detectada no prazo de 30
dias, dando ao consumidor o direito
de rejeição, ou seja, poder optar
directamente entre a substituição do
bem ou a resolução do contrato.
Também é eliminada a obrigação
de o consumidor denunciar o defeito
dentro de determinado prazo após o
seu conhecimento, podendo fazê-lo
em qualquer momento, desde que
durante o tempo da garantia.
São ainda “apertados” os prazos
de reparação, não devendo exceder
os 30 dias, salvo nas situações em
que a natureza e complexidade dos
bens, entre outras, não o permitam,
tendo ainda sido melhoradas as con-
dições de recolha e remoção dos
bens para reparação, ou as condi-
ções de devolução do preço pago no
caso da resolução do contrato.
Garantia de peças a 10 anos
Um dos temas criticados pelos par-
tidos da oposição prende-se com “a
pouca ambição” da legislação euro-
peia e nacional em relação ao com-
bate à obsolescência de bens, seja
programada ou induzida, práticas
já comprovadas junto de alguns
fabricantes internacionais, que mui-
tos consumidores conhecem bem.
Trata-se da curta duração de equi-
pamentos eléctricos e electrónicos,
que deixam de funcionar rapida-
mente, muitas vezes pouco tempo
depois de terminada a garantia
legal.
Sobre estas críticas, o secretário
de Estado da Defesa do Consumidor
defendeu que se trata de matérias
que “implicam alterações ao nível
das regras de mercado, que só
podem ser equacionadas a nível da
União Europeia”, sustentando, por
isso, que “a Æxação de novas regras
tem de ser equacionada no espaço
europeu e não por um país isolada-
mente”.
No entanto, destacou avanços
nesta questão, como a introdução,
na legislação interna, da exigência
de disponibilização de peças duran-
te 10 anos após a colocação da últi-
ma unidade no mercado, à excep-
ção de bens em que isso não faça
sentido.
Com isso, e numa perspectiva de
sustentabilidade, “pretende-se con-
tribuir para uma maior durabilidade
dos bens e promover a reparação
dos mesmos”, justiÆcou.
Ainda nesta matéria, o secretário
de Estado de Defesa do Consumidor
adianta que será brevemente acres-
centada à legislação nacional a clas-
siÆcação da obsolescência progra-
mada ou induzida “como prática
comercial desleal”, regulada por
diploma autónomo.

Espanha força
descida
do preço da
electricidade
Pedro Crisóstomo
Governo de Pedro Sánchez
responde à escalada de
preços com descida da taxa
especial de electricidade,
entre outras medidas
O Governo espanhol aprovou nesta
terça-feira um diploma que irá forçar
uma descida do preço da electricida-
de em Espanha nos próximos meses,
através de um conjunto de medidas
destinadas a colocar a factura de
2021 aos níveis de 2018 (sem ter em
conta a variação da inÇação). É a pas-
sagem à prática do “plano de cho-
que” que o primeiro-ministro socia-
lista, Pedro Sánchez, anunciou há
poucas semanas.
O pacote de medidas nasceu num
dia em que o preço da electricidade
no mercado grossista de energia vol-
tou a bater um novo recorde e, de
acordo com o grupo de rádio e tele-
visão pública RTVE, terá impacto já
neste mês de Setembro nas contas
de electricidade.
No comunicado do Conselho de
Ministros, o executivo espanhol refe-
re que o novo decreto-lei “combina
medidas gerais, que beneÆciam
todos os consumidores, com medi-
das especíÆcas que têm um maior
impacto nos consumidores vulnerá-
veis, nas famílias, nas pequenas e
médias empresas (PME).
Entre as iniciativas que abrangem
todos os consumidores estão “a
redução da taxa especial de electri-
cidade [de 5,1%] para 0,5% e a sus-
pensão até ao Ænal do ano do impos-
to sobre o valor da produção de
electricidade, que cobra uma taxa de
7%; o aumento em 900 milhões de
euros da contribuição das receitas
dos leilões de CO2 para cobrir os cus-
tos do sistema eléctrico; e a redução
temporária das receitas extraordiná-
rias causadas pelo elevado preço do
gás nalgumas centrais eléctricas”.
Segundo o El País, um consumidor
médio beneÆciará de uma redução
de 22% por mês até ao Ænal do ano,
podendo a descida chegar aos 30%
se forem tidas em conta outras duas
medidas, a descida do IVA de 21%
para 10% até ao Ænal do ano para os
fornecimentos até 10 kW (já aprova-
da em Junho) e a eliminação tempo-
rária do imposto sobre a produção.
O executivo de Sánchez diz estar a
avançar com este pacote para que a
“situação crítica” nos mercados
energéticos não faça abrandar o
ritmo de crescimento da quarta
maior economia da zona euro.
Glovo compra Mercadão para
reforçar entrega de compras
de supermercado
Rosa Soares
Mercadão já faz entregas de
compras online do Pingo
Doce e de outras empresas .
Em Espanha, a plataforma
comprou a Lola Market
Depois da entrega de refeições e de
outros artigos, em pequenas quanti-
dades, a Glovo acaba de alargar a sua
actividade à entrega de cabazes de
compras de maior dimensão, como
as de mercearia para uma semana ou
para um mês. Para isso, a plataforma
tecnológica espanhola comprou a
empresa portuguesa Mercadão, cria-
da em 2018, que assegura a entrega
de compras online do Pingo Doce e de
outras marcas, e adquiriu ainda a
espanhola Lola Market. O valor das
duas aquisições não foi revelado.
Com a compra das duas platafor-
mas, que manterão as respectivas
marcas, “a Glovo passa a posicionar-
se em três segmentos: o dos essen-
ciais urgentes, de conveniência de
acesso rápido, e o das compras pla-
neadas”.
A aposta no Q-commerce (do inglês
quick commerce, ou comércio rápido)
acontece numa altura de forte cresci-
mento das compras electrónicas. A
pandemia de covid-19 “veio acelerar
as aquisições”, admitiu ao PÚBLICO
Ricardo Batista, director da Glovo
Portugal, embora salvaguardando
que já anteriormente havia volumes
interessantes. A pesar na decisão de
investimento, explicou, esteve o facto
“de várias cadeias de distribuição,
Turismo no Alentejo quase ao nível pré-covid
Luís Villalobos
Os alojamentos turísticos registaram
proveitos totais de 296,9 milhões
de euros em Julho, valor que repre-
senta uma subida de 87% face a
idêntico mês do ano passado mas
que é inferior em 44,5% por compa-
ração com Julho de 2019, antes dos
efeitos negativos da pandemia de
covid-19. De acordo com os dados
ontem divulgados pelo Instituto
Nacional de Estatística (INE), os efei-
tos fazem-se sentir de forma distin-
ta pelo território nacional, com o
Alentejo a perder apenas 2% em
relação a Julho de 2019, com 22,3
milhões de euros de proveitos.
Espanhola Glovo compra duas empresas na Península Ibérica
como o Pingo Doce, o Aldi ou o Lidl,
entre outras, não terem serviços de
entrega próprios, ou de não o faze-
rem bem”, opina.
“O novo segmento vem reforçar
a posição competitiva da Glovo na
Europa”, que, segundo o director
para Portugal, deve atingir, em 2021,
“um valor bruto de facturação de
300 milhões de euros, montante
que deverá mais do que triplicar no
próximo ano, para mil milhões de
euros”.
Contudo, Ricardo Batista não reve-
lou qual é o actual volume de negó-
cios das empresas adquiridas, nem as
respectivas quotas de mercado. Nem
mesmo o peso do negócio de entrega
de bens essenciais e urgentes, como
é o caso de refeições, a área que mar-
cou o lançamento da empresa e que,
A maior diferença encontra-se na
Área Metropolitana de Lisboa, com
um decréscimo de 69% face a Julho
de 2019, penalizada pela queda no
número de visitantes estrangeiros
e pela diminuição das viagens de
curta duração, seguindo-se depois
a região Norte, com -45%, e o Algar-
ve, com -43%. Neste último caso,
aquela que é a região mais procura-
da no Verão (40% do total das recei-
tas) viu os proveitos encolherem 91
milhões de euros entre Julho de
2019 e Julho de 2021, não obstante
a melhoria registada em relação ao
ano passado (mais 48 milhões).
O grande impulso continua a ser
dado pelos turistas nacionais. De
Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • 21
ANDRÉ RODRIGUES
até agora, “representava mais de 80%
do volume de negócios”. E essa reser-
va é justiÆcada pelo facto de as suas
mais directas concorrentes, a Uber
Eats ou mais recentemente a Bolt,
“também não o fazerem”.
As duas plataformas de entregas de
compras online, que ligam supermer-
cados, mercados tradicionais e lojas
independentes aos clientes Ænais,
trabalham actualmente com cerca de
30 parceiros, número que a empresa
espanhola, criada em 2015, quer alar-
gar, referiu aquele responsável. E
para além do crescimento deste seg-
mento de negócio em Portugal e em
Espanha, “a Glovo pretende exportar
essa tecnologia” para outros países
onde opera, com destaque, numa
primeira fase, para a Polónia e para
Itália, adianta Ricardo Batista.
Alentejo é a
região que mais
se aproximou, em
Julho, das
receitas obtidas
antes da
pandemia
acordo com o INE, o sector registou
1,6 milhões de hóspedes — dos quais
um milhão são residentes — e 4,5
milhões de dormidas em Julho, o que
compara com um milhão de hóspe-
des e 2,6 milhões de dormidas em
Julho de 2020. “Os níveis atingidos
em Julho de 2021 foram, no entanto,
inferiores aos observados em Julho
de 2019, tendo diminuído o número
Economia
Pedro
Verdelho
indicado para
liderar a ERSE
O actual vogal do conselho de admi-
nistração da Entidade Reguladora
dos Serviços Energéticos (ERSE)
Pedro Verdelho foi escolhido pela
tutela para liderar o regulador do
sector energético, sucedendo a
Maria Cristina Portugal, que faleceu
no passado dia 8.
Em comunicado, o Ministério do
Ambiente e da Acção Climática
informou ontem que “designou
Pedro Verdelho para a presidência
do conselho de administração da
ERSE”, uma nomeação que, refere,
“depende de parecer prévio da
Comissão de Recrutamento e Selec-
ção para a Administração Pública
[Cresap] e de parecer fundamenta-
do da comissão parlamentar com-
petente”.
Na nota do Governo, lê-se que
Pedro Verdelho tem uma longa car-
reira na área da regulação energéti-
ca, respondendo pela direcção de
Tarifas e Preços da entidade regula-
dora, desde 1999. Nos últimos dois
anos desempenhou também o cargo
de vogal do conselho de administra-
ção da ERSE.
Doutorado em Engenharia Ele-
troctécnica e de Computadores pelo
Instituto Superior Técnico, Pedro
Verdelho acumula ainda uma vasta
experiência na área internacional,
sendo, desde 2019, vice-presidente
do Conselho Europeu de Regulado-
res de Energia, adianta a nota do
ministério da tutela.
A presidente da ERSE, Maria Cris-
tina Portugal, faleceu no dia 8 de
Setembro, aos 56 anos. Exercia as
funções desde Maio de 2017. Lusa
de hóspedes e de dormidas, 42,5% e
45%, respectivamente”, aÆrma o
INE, destacando o crescimento de
6,4% nas dormidas de residentes e o
decréscimo de 67,6% nas dormidas
de não residentes.
O instituto destaca “os crescimen-
tos expressivos das dormidas de resi-
dentes” em Julho, face ao mesmo
mês de 2019, chegando aos 60% na
Madeira, 26% nos Açores, 19% no
Algarve 13% no Alentejo.
Nos primeiros sete meses do ano
houve uma diminuição de 2,4% das
dormidas totais face ao mesmo
período de 2020, valor que passa
para -67,4% quando a comparação é
feita com os sete meses de 2019.
22 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021
Economia
Presidente executiva da TAP diz que
o pior da crise parece já ter passado
Luís Villalobos
Gestora foi ouvida pelo
Parlamento e diz que a
companhia vai operar com
80% da capacidade a partir
do final de Outubro
A presidente executiva da TAP, Chris-
tine Ourmières-Widener, diz que já
se vêem sinais claros de recupera-
ção, nomeadamente com a reaber-
tura do mercado brasileiro, e que
isso dá a esperança de que a pior fase
dos efeitos da pandemia já tenha
Æcado para trás.
Numa intervenção inicial escrita
em inglês, traduzida por um intér-
prete e que acabou por não ser con-
cluída por falta de tempo, a gestora
fez ontem numa audição parlamen-
tar o balanço dos impactos da covid-
19 na empresa — menos 12 milhões
de passageiros em 2020, com as
receitas a encolherem cerca de 70%
para 1060 milhões —, bem como no
sector, dando também nota da
importância da transportadora para
a economia.
A TAP, que está ainda com um
nível de operação reduzido, já aÆr-
mou que este Inverno (que no sector
começa a 31 de Outubro) vai realizar
“mais 91 voos por semana do que
aqueles que oferece actualmente”,
chegando a um total de 941 voos de
ida e volta por semana. Isto, de acor-
do com a gestora, é um sinal de con-
Æança na recuperação, com o núme-
ro de voos a representar 80% da
oferta existente em 2019 em termos
de Available Seat Kilometre (ASK). Em
2020, esse indicador quedou-se
pelos 30-40% no Inverno.
Aqui estão incluídos 52 voos sema-
nais, ligados a 12 rotas, para o Brasil,
tendo as viagens não essenciais sido
autorizadas este mês de Setembro.
O mercado brasileiro é um dos mais
importantes para a empresa, e a fal-
ta de normalização dos voos tem
penalizado fortemente as suas recei-
tas. Naquela que foi a sua primeira
audição no Parlamento, Christine
Ourmières-Widener destacou que o
Brasil representa quase o mesmo
peso do que Portugal em termos de
receitas para a transportadora aérea.
Em 2019, a venda de passagens entre
Portugal e o Brasil gerou receitas de
743 milhões de euros.
Nos EUA, México e Canadá, a
empresa diz que vai “repor a opera-
ção em todas as rotas em que já ope-
rava antes da pandemia, com um
total de 59 voos por semana em 11
rotas” e realizar 101 voos por semana
à partida do Porto, “ligando directa-
mente a Invicta [Porto] a Lisboa,
Funchal, Londres, Paris, Zurique,
Genebra, Nova Iorque, Rio de Janei-
ro e S. Paulo”.
Questionada pelos deputados
sobre a redução de pessoal e o des-
pedimento colectivo em curso, a
presidente executiva aÆrmou que a
medida foi tomada por “uma ques-
tão de sobrevivência” da companhia,
na sequência da quebra de mercado.
Com uma meta de redução de 2000
trabalhadores por parte da TAP, a
esmagadora maioria acabou por sair
na sequência de acordo, mas a
empresa pública não conseguiu evi-
tar o despedimento colectivo, e que,
de acordo com Christine Ourmières-
Widener, abrange agora 78 trabalha-
dores, menos quatro do que o último
balanço (isto, porque a TAP tem
mantido em aberto a hipótese de
chegar a acordo). Em Março de 2020
a TAP tinha 9143 trabalhadores, mas
em Junho deste ano esse número já
tinha encolhido para 6804.
Sobre a Groundforce, empresa de
assistência em terra detida a 49,9%
pela TAP e que está em processo de
insolvência, a gestora aÆrmou que a
empresa é um “parceiro estratégico”
e que quer que seja “forte e eÆcien-
te”. Assim, diz, a TAP irá “apoiar
todos os cenários que permitam um
futuro risonho para a Groundforce”
na assembleia de credores, marcada
para o próximo dia 22.
Low cost a crescer
No início deste mês, numa entrevis-
ta feita a nível interno na TAP, a ges-
tora de origem francesa, e que se
apresentou como sendo uma “opti-
mista”, aÆrmou que algumas com-
panhias aéreas deverão tornar-se
“ainda maiores” devido aos efeitos
da pandemia no mercado, que será
mais consolidado.
A CEO deu o exemplo das compa-
nhias low cost, uma vez que estas,
conforme destacou, “têm uma forte
posição de caixa” quando compara-
do com as chamadas companhias de
bandeira (como a TAP). Embora não
tenha dado exemplos, as principais
low cost são a Ryanair, que tem ata-
cado fortemente a TAP, a EasyJet e a
Wizz. A Ryanair já mostrou que quer
crescer em Portugal e na Europa,
tendo comprado aviões novos à
Boeing e anunciado novas necessi-
dades de pessoal, ao mesmo tempo
que mantém pressão nos preços.
Por parte da EasyJet, a companhia
anunciou há poucos dias que recu-
sou uma oferta de compra de um
concorrente (que várias notícias
internacionais identiÆcam como sen-
do a Wizz) e que ia reforçar o capital
Despedimento colectivo é “uma questão de sobrevivência”, diz CEO
Números
2339
Entre Março de 2020 e Junho
de 2021 saíram da empresa
2339 trabalhadores, reduzindo
o total para 6804
1723
Entre o início de 2020
(a pandemia começou em
Março) e Junho desde ano os
prejuízos somaram 1723,5
milhões de euros
NUNO FERREIRA SANTOS
1662
Valor do dinheiro público
injectado na companhia já
chegou aos 1662 milhões, dos
quais 462 milhões este ano
72,5%
O Estado passou a deter 72,5%
do grupo e 91,8% da TAP SA,
mas em breve passará a
controlar a totalidade do
capital, afastando os privados
com mais 1400 milhões de libras
(cerca de 1640 milhões de euros) de
modo a preparar a companhia para
“aproveitar as oportunidades de
investimento estratégico que se espe-
ra que surjam à medida que a indús-
tria de aviação europeia emerge da
pandemia”. Numa apresentação, a
EasyJet aÆrmou que no último tri-
mestre deste ano ia ter mais voos
domésticos do que teve no mesmo
período de 2019 (pré-covid) em Por-
tugal, Itália e França. No caso portu-
guês está incluído um reforço dos
voos de Lisboa e do Porto para o
Funchal.
À espera de Bruxelas
O Estado português tem apoiado a
TAP, da qual já detinha 50%, na
sequência da pandemia de covid-19,
tendo já emprestado 1200 milhões
de euros ao grupo no ano passado e
injectado 462 milhões na TAP SA,
além de ter Æcado com os 22,5% que
eram detidos por David Neeleman.
Actualmente, o Estado é dono de
72,5% da TAP SGPS e detém outros
91,8% da TAP SA directamente, via
Direcção-Geral do Tesouro e Finan-
ças (DGTF).
O apoio obrigou à entrega do pla-
no de reestruturação da empresa em
Bruxelas no passado mês de Dezem-
bro, que ainda não teve “luz verde”.
Recentemente, a Comissão Europeia
expressou dúvidas sobre os apoios,
nomeadamente em termos de equi-
líbrio do esforço da empresa e do
Estado, bem como os impactos na
concorrência, tendo o Governo já
respondido.
De acordo com Christine Ourmiè-
res-Widener, não é possível saber
neste momento quando é que será
conhecida a decisão Ænal. O conteú-
do da carta enviada para Bruxelas
não é conhecido, mas é dado como
certo que a TAP terá de ceder parte
dos slots que controla em Lisboa —
resta saber em que dimensão.
Os concorrentes que assim o
entenderam tiveram um mês, entre
6 de Agosto e 6 de Setembro, para se
pronunciarem junto da Comissão
Europeia sobre o plano de reestru-
turação, dando depois Bruxelas a
oportunidade ao Governo português
para analisar e comentar o conteúdo
dessas análises. Um dos principais
focos da TAP tem sido o corte de cus-
tos e redução da sua dimensão, com
destaque para os trabalhadores. Ao
todo, desde que a pandemia eclodiu,
a TAP já sofreu perdas de 1723,5
milhões de euros. A estratégia actual
prevê a injecção de 2726 milhões de
euros do Estado na TAP até ao Ænal
de 2022 e o domínio total do grupo.

Von der Leyen mantém a rota, mas muda
o foco para a dimensão internacional
Presidente da Comissão quer ver a UE a liderar no combate às alterações climáticas e alcançar a “soberania
digital e tecnológica”. Eleições na Alemanha e França levam a virar a atenção para a agenda externa
Rita Siza, em Estrasburgo
A presidente da Comissão Europeia,
Ursula von der Leyen, que no seu dis-
curso sobre o estado da União Euro-
peia de 2020 proclamou o início da
Década Digital da Europa, prepara-se,
hoje, para especiÆcar as medidas que
vão garantir a transformação da UE
nesse domínio até 2030.
Há um ano, durante o discurso que
assinala a rentrée política perante o
Parlamento Europeu e perspectiva
os desaÆos do executivo comunitário
para o ano de trabalho seguinte, Von
der Leyen falou em algoritmos,
dados industriais, inteligência artiÆ#
cial, microprocessadores e super-
computadores.
Este ano, deÆnirá metas quantita-
tivas, que serão “politicamente vin-
culativas”, para a percentagem da
população europeia com “competên-
cias digitais básicas”; o acesso online
a serviços públicos fundamentais; a
cobertura das redes de Æbra e 5G e
6G, e a produção europeia de semi-
condutores até ao Ænal da década.
A Comissão Æxou um mínimo de
20% para o investimento em projec-
tos digitais no âmbito do Mecanismo
de Recuperação e Resiliência, e vários
Estados-membros subiram essa fas-
quia nos seus planos nacionais. A
mensagem da presidente é a de que
esse investimento é fundamental para
promover a “soberania digital e tec-
nológica” do bloco.
Em relação à execução dos planos
nacionais de recuperação, não se
espera que Von der Leyen faça mais
do que salientar a oportunidade para
os 27 acelerarem a dupla transição
verde e digital e avançarem com as
reformas prescritas por Bruxelas no
âmbito do Semestre Europeu.
A presidente resistirá à tentação
de relacionar a aprovação dos pla-
nos à questão do Estado de direito.
Segundo o PÚBLICO apurou, Von
der Leyen prefere enquadrar o res-
peito e a defesa dos valores euro-
peus de forma mais “profunda” e
não reduzir o tema ao actual braço-
de-ferro entre a Comissão e a Hun-
gria e a Polónia, que impede a con-
clusão do processo de avaliação dos
respectivos planos de Recuperação
e Resiliência.
Mas nos próximos meses a acção
política vai ser fortemente condicio-
nada pelo calendário eleitoral nos
dois maiores países da UE, Alema-
nha e França. Enquanto as contas
eleitorais não estiverem feitas, e os
novos líderes empossados, a Comis-
são não deverá avançar muito em
discussões que se adivinham acalo-
radas, como a reforma das regras do
Pacto de Estabilidade e Crescimen-
to ou do sistema de gestão de migra-
ções e asilo.
Consistência e persistência
Os Socialistas e Democratas puseram
a criação de uma capacidade orça-
mental própria da zona euro e a revi-
são das regras da governação econó-
mica no topo do caderno de encargos
do grupo. Mas o Partido Popular
Europeu (PPE), a maior bancada e o
mais representado no colégio de
comissários, não está interessado em
abrir essa discussão. “A situação
actual não é sustentável, e o que
temos de fazer, tão depressa quanto
possível, é regressar ao caminho da
sustentabilidade”, defendeu o líder
do grupo, Manfred Weber.
O destaque dos socialistas vai
para medidas de combate à pobre-
za, diminuição de desigualdades —
todo o programa que foi anunciado
na Cimeira Social do Porto e que,
assinalou o eurodeputado Pedro
Marques, não pode deixar de ser
cumprido.
Os Verdes, e o grupo d’A Esquerda
põem a tónica na acção climática,
Discurso do estado da União Europeia Mundo
que querem que seja mais ambicio-
sa, e recuperam o debate sobre o
Æm das patentes das vacinas contra
a covid-19. Para os liberais, já é pos-
sível tirar lições da crise, e uma
delas é que “a UE tem de dispor de
mecanismos de valor acrescentado
para antever crises”.
Numa intervenção planeada para
durar cerca de uma hora, Ursula von
der Leyen procurará traçar um retra-
to dos 20 meses do seu mandato,
consumido pela pandemia pratica-
mente desde o dia 100. A resposta à
emergência sanitária e à crise econó-
mica concentrou as atenções do exe-
Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • 23
JULIEN WARNAND/EPA
cutivo, mas não mudou a rota deÆni-
da desde a tomada de posse.
“A consistência e a persistência nas
duas grandes prioridades da transi-
ção verde e digital manteve-se no
centro da agenda, mesmo quanto a
covid-19 atingiu a UE”, resumia uma
fonte da Comissão. Acrescentava que
agora que o executivo está em condi-
ções de fazer um zoom out da crise
pandémica, pode mudar o foco para
a dimensão internacional — e ser a
Comissão geopolítica que Von der
Leyen anunciou quando foi eleita.
A distância entre Estrasburgo e
Cabul ultrapassa os 6700 quilóme-
tros, mas a situação que se vive no
Afeganistão não deixa de ser central
para o estado da UE. A retirada do
contingente militar internacional, o
desmantelamento das instituições e
o retorno dos taliban ao poder vieram
abrir novas frentes de preocupação,
a mais imediata das quais tem que ver
com uma eventual vaga de refugiados
a pressionar as fronteiras externas.
A crise obrigou a UE a repensar
capacidades, mas, principalmente, o
seu papel no tabuleiro do xadrez geo-
Ursula von der Leyen, ontem político. Em Bruxelas fala-se muito
no Parlamento Europeu em em “autonomia estratégica”, mas nas
Estrasburgo, antes da reunião capitais há pouco apetite para mudan-
do colégio de comissários ças que impliquem revisões dos tra-
tados ou alterem o equilíbrio no rela-
cionamento com a NATO. Von der
Leyen será cautelosa.
No rescaldo da caótica operação de
saída de Cabul, o alto-representante
Von der Leyen para a Política Externa e de Seguran-
ça, Josep Borrell, defendeu a consti-
será cautelosa no tuição de uma força militar de inter-
que à “autonomia venção rápida europeia, uma ideia
que Jean-Claude Juncker já tinha
estratégica” da UE avançado, precisamente num discur-
diz respeito so sobre o estado da União. Ontem,
VINCENT KESSLER/REUTERS
no hemiciclo de Estrasburgo, referiu-
-se à componente diplomática. “Se a
UE quer ter alguma hipótese de
inÇuenciar os acontecimentos, não
tem outra opção a não ser dialogar
com os taliban”, disse.
A retirada do Afeganistão também
forçou a UE a recalibrar as suas expec-
tativas no relançamento da relação
transatlântica após a eleição de Joe
Biden. O novo Presidente norte-ame-
ricano estendeu a mão à cooperação
com a UE no combate às alterações
climáticas, no acordo nuclear do Irão
ou na tributação internacional, mas
a experiência do Afeganistão foi um
balde de água fria que arrepiou os
parceiros europeus — será preciso
restabelecer a conÆança.
24 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021
Mundo
Duas décadas depois da “guerra ao terror”,
o fecho de Guantánamo ainda parece longe
João Ruela Ribeiro
O julgamento dos cinco
suspeitos de planearem
os ataques de 11 de
Setembro de 2001 foi
novamente adiado
A prisão na baía de Guantánamo, no
Sudeste de Cuba, é um dos grandes
símbolos da época da “guerra ao ter-
ror” aberta há duas décadas na
sequência dos ataques terroristas de
11 de Setembro de 2001 contra os
EUA. Um novo adiamento do início
do julgamento dos suspeitos pelos
atentados vem complicar a já comple-
xa missão de encerrar deÆnitivamen-
te a penitenciária.
O julgamento dos cinco homens
suspeitos de planearem os ataques de
11 de Setembro de 2001 não deverá
começar daqui a menos de um ano,
revelou o juiz responsável pelo caso,
o coronel Matthew McCall. A previ-
são, feita durante uma audiência pre-
liminar esta semana, é demonstrativa
das particularidades de um caso úni-
co na história jurídica dos EUA.
Os advogados de dois dos suspei-
tos, Walid bin Atash e Ramzi bin al-
Shibh, questionaram as qualiÆcações
de McCall para julgar um caso que
pode acarretar a pena de morte para
os seus clientes, dizendo que o militar
não teve tempo suÆciente para estu-
dar todos os arquivos do caso, que
totalizam 33.660 páginas só de trans-
crições de depoimentos, segundo o
New York Times.
McCall reconheceu alguma vali-
dade às objecções apresentadas
pelos advogados, mas apresentou
uma proposta para acompanhar o
caso à medida que o vai estudando
e disse que pretende inscrever-se
num curso ministrado pelo National
Judicial College sobre casos de pena
de morte. Por essa razão, o julga-
mento só deverá começar “no míni-
mo” daqui a um ano, aÆrmou o
coronel da Força Aérea.
McCall é o quarto juiz a presidir ao
julgamento dos cinco homens suspei-
tos de planearem os ataques de 11 de
Setembro de 2001, detidos há 15 anos
em Guantánamo, sem que os proce-
dimentos tenham ainda sequer sido
iniciados. A defesa quer garantias
quanto à capacidade do militar, que
só se tornou juiz há dois anos, para
conduzir o julgamento.
História de abusos
Os constantes adiamentos do julga-
mento mais emblemático da “guerra
ao terror” lançada pelos EUA nas últi-
mas duas décadas têm um impacto
A prisão de Guantánamo, aberta
em 2002 por George W. Bush,
chegou a ter mais de 700
detidos em simultâneo. Hoje
tem cerca de três dezenas
directo no processo de encerramento
da prisão na base naval da baía de
Guantánamo, embora não seja o úni-
co factor. O Presidente Joe Biden, que
se propõe cumprir o desígnio prome-
tido por Barack Obama, enfrenta um
Congresso pouco cooperante e inú-
meros problemas de segurança.
“As questões práticas para o fecho
de Guantánamo são hoje mais fáceis
do que alguma vez o foram. O que
JOE SKIPPER/REUTERS
não signiÆca que a política esteja faci-
litada”, disse ao Washington Post o
jurista que representou alguns deti-
dos, Michel Paradis. A grande diÆcul-
dade é encontrar uma solução para
os presos que continuam por ver deÆ#
nida a sua situação jurídica.
Este processo acarreta riscos que,
no momento actual, a Administração
Biden pode estar pouco interessada
em correr. Os taliban apresentaram
recentemente o seu novo Governo,
que integra quatro antigos detidos de
Guantánamo que tinham sido liber-
tados em 2014 num processo de troca
por um cidadão norte-americano
raptado no Afeganistão.
A lentidão dos julgamentos tam-
bém complica o processo de esvazia-
mento de Guantánamo, que, dada a
sua localização e o histórico que a
rodeia, torna por vezes quase impos-
sível o acompanhamento dos argui-
dos pelos seus advogados de defesa.
Conhecida oÆcialmente como Cen-
tro de Detenção de Guantánamo, a
prisão foi aberta por George W. Bush
em 2002 e tornou-se num símbolo
dos abusos cometidos pelos EUA no
combate ao terrorismo internacional.
À medida que a abrangência desse
combate se alargava a um terreno nas
sombras do Direito Internacional, e
no qual os direitos humanos se torna-
vam negociáveis, também Guantána-
mo acompanhava esse projecto, che-
gando a albergar cerca de 700 presos
em simultâneo quando era descrita
como o “Gulag dos nossos tempos”
pela Amnistia Internacional.
Antes disso, a presença militar nor-
te-americana neste canto de Cuba já
era controversa. O terreno foi alugado
aos EUA em 1903, como uma disposi-
ção do tratado que pôs Æm à Guerra
Hispano-Americana e que estabele-
ceu a independência de Cuba. Porém,
os artigos que permitiam a abertura
de bases militares foram considera-
dos inválidos ainda antes da Revolu-
ção Cubana de 1959, fazendo com que
a presença norte-americana seja con-
siderada uma ocupação. Washington
continua a enviar ao Governo de
Havana um cheque de 4085 dólares
(3454 euros) todos os anos para pagar
o arrendamento do terreno, mas
Cuba nunca os descontou.
Hoje, permanecem em “Gitmo” 39
detidos, incluindo os cinco suspeitos
pelos atentados de 2001, mas o seu
futuro permanece incerto, tal como
o do encerramento da prisão. Entre
os detidos está um grupo de pessoas
que nunca foram formalmente acu-
sadas de qualquer crime, mas são
consideradas ameaças à segurança
interna dos EUA. Em curso está o pro-
cesso de transferência de dez detidos
cuja autorização já foi concedida.
O líder da minoria republicana no
Senado, Mitch McConnell, e o mem-
bro da comissão de Serviços Arma-
dos, James Inhofe, estão contra o
encerramento de Guantánamo por
causa dos riscos associados à saída
dos detidos. A possível perda de maio-
ria do Partido Democrata no Congres-
so pode tornar o fecho da prisão ain-
da mais inviável.

Novo líder da Assembleia Geral da ONU quer
“dar esperança” aos que sofrem com a covid
António Saraiva Lima
Abdulla Shahid, ministro
dos Negócios Estrangeiros
das Maldivas, tomou posse
como presidente da
Assembleia Geral da ONU
A 76.ª sessão da Assembleia Geral das
Nações Unidas, que ontem arrancou
formalmente, tinha sido pensada
para passar ao mundo a mensagem
de um regresso à normalidade. Mas,
ao Æm de mais de ano e meio de pan-
demia, e numa altura em que ainda
há partes do globo com diÆculdades
em travar a propagação da covid-19,
o principal evento da ONU ainda não
será um virar de página.
A palavra de ordem do novo presi-
dente da Assembleia Geral é, por isso,
a “esperança”. O ministro dos Negó-
cios Estrangeiros das Maldivas,
Abdulla Shahid, também iniciou as
suas funções ontem, e promete lide-
rar os esforços da ONU no apoio aos
que ainda sofrem com a pandemia.
“Fiz campanha por uma presidên-
cia de esperança, porque acredito
sinceramente que, tendo em conta a
devastação, o desespero e sofrimento
que vivemos nos últimos 18 meses,
chegou a altura de a ONU (…) se
erguer e dar esperança aos seus cons-
tituintes. A Carta diz ‘nós, os povos’
— por isso, é tempo de nós, o povo,
nos unirmos para dar essa esperança
de que as pessoas necessitam tão
desesperadamente”, aÆrmou Shahid,
em entrevista ao site UN News.
Boris Johnson diz ter “plano B” para a covid-19 no Inverno
Clara Barata
O Outono traz “incertezas”
para o Reino Unido, avisam
os cientistas. Máscaras só se
for mesmo necessário, disse
o primeiro-ministro
Os conselheiros cientíÆcos do Gover-
no britânico avisam que com a rea-
bertura das escolas e o aumento do
trabalho presencial o país está a
entrar “num período de incerteza”,
quando há também indícios da redu-
ção da imunidade conferida pelas
vacinas contra a covid-19, e recomen-
dam ao executivo de Boris Johnson
que actue de forma “rápida e decisi-
va”, se os casos começarem a dispa-
Abdulla Shahid tem as alterações climáticas como uma das prioridades da sua presidência
Para o chefe da diplomacia das Mal-
divas, o combate à covid-19 só pode
ser vencido quando os 193 membros
da Assembleia Geral da ONU derem
passos concretos para que o processo
de vacinação chegue a todas as pes-
soas, independentemente do país ou
da região onde vivem.
“É bastante óbvio que ninguém
está a salvo até toda a gente estar a
salvo. É fácil dizê-lo, mas também é
[fácil] fazê-lo. Se conseguirmos jun-
tar-nos, seremos capazes de vacinar
rar. O primeiro-ministro britânico, no
entanto, assegurou que o país está
“incomparavelmente mais bem pre-
parado para combater” a covid-19, e
garantiu que há um “plano B” pronto
a ser accionado, se for necessário.
Esse “plano B”, disse Boris
Johnson ao apresentar os planos de
contingência para o Outono e Inver-
no no Reino Unido, pode passar pelo
“regresso do uso obrigatório de más-
cara e aconselhar as pessoas a traba-
lhar em casa outra vez”, depois de
ter aliviado a maior parte das medi-
das de prevenção a 19 de Julho. Mas,
tendo em conta que mais de 80% da
população acima dos 16 anos já rece-
beu duas doses da vacina, o primei-
ro-ministro expressou conÆança de
que “pequenas mudanças podem
o mundo inteiro até ao Ænal de 2022”,
disse Shahid, sublinhando que quan-
do a Assembleia Geral “fala unanime-
mente” sobre qualquer tema, repre-
senta a “consciência internacional”.
Outra das prioridades do sucessor
do turco Volkan Bozkir é o combate
às alterações climáticas. Sendo as
Maldivas — arquipélago no oceano
Índico — um dos territórios mais vul-
neráveis à subida do nível das águas,
causada pelo aquecimento global,
Abdulla Shahid espera que o facto de
fazer uma maior diferença” e evitar
o regresso aos conÆnamentos.
Mas, para já, Johnson anunciou que
os adolescentes entre os 12 e os 15
anos irão ser vacinados e as pessoas
com mais de 50 anos — ou mais
jovens, mas com problemas de imu-
nidade — receberão em breve uma
dose de reforço da vacina.
O comité de cientistas que aconse-
lha o Governo sobre a covid-19 (SAGE)
recomenda, todavia, que seja reintro-
duzido um “pacote de medidas” de
prevenção — como o teletrabalho —
para que a pandemia não se descon-
trole. Foram apresentadas previsões
do aumento de hospitalizações diá-
rias entre 2000 e 7000 para o próxi-
mo mês — o que ultrapassaria o pico
do Inverno passado, que foi de 4500
Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • 25
ALASDAIR PAL/REUTERS
ser um representante daquele país
possa mobilizar os Estados-membros
a contribuírem para um combate
mais coordenado.
“Nas Maldivas lidamos todos os
dias com a ameaça das alterações cli-
máticas e do aumento do nível do
mar. Mas nunca iremos perder a espe-
rança de que a humanidade estará à
altura das circunstâncias. Vamos
sobreviver”, aÆançou o diplomata.
A promoção da igualdade de géne-
ro a nível mundial é mais uma das
Johnson diz que o país está mais
preparado para a covid-19
Mundo
prioridades de Shahid, que espera
levar para a ONU a cultura que já pro-
moveu no seu ministério.
“A maioria dos cargos de topo é
ocupada por mulheres e também me
comprometi — e volto a fazê-lo — a não
ocupar um lugar em qualquer painel
em que não haja equilíbrio entre
homens e mulheres”, aÆrmou Shahid.
“Quero que as Nações Unidas não
sejam apenas quem deÆne os melho-
res padrões, mas quem põe em prá-
tica os melhores padrões.”
Apesar de a pandemia não permitir
que todos os intervenientes no deba-
te possam marcar presença física em
Nova Iorque, sede da ONU, a partir do
dia 21, para nove dias de encontros e
discursos no plenário, são esperadas
mais de 80 intervenções in loco de
chefes de Estado, de governo ou de
detentores de cargos ministeriais.
Um dos discursos mais aguardados
é o do Presidente dos EUA, Joe Biden,
que deverá aproveitar o momento
para divergir do posicionamento iso-
lacionista, proteccionista e naciona-
lista promovido por Donald Trump,
seu antecessor no cargo.
Outro dos destaques da 76.ª sessão
da Assembleia Geral da ONU tem que
ver com a escolha dos representantes
legítimos da Birmânia e Afeganistão,
dois países que este ano foram palco
de mudanças de regime e que apos-
tam na representação internacional
para obterem reconhecimento oÆcial.
O reconhecimento é feito pelo Comi-
té de Credenciais, um órgão de nove
membros, que serão nomeados nos
primeiros dias da sessão.
novos internamentos diários, subli-
nha o jornal The Guardian.
“Os internamentos vão continuar
a ser uma métrica essencial para ava-
liar a trajectória da epidemia, sobre-
tudo nos mais idosos, que recente-
mente têm aumentado, a partir de
uma base baixa”, diz um dos docu-
mentos divulgados ontem pelo
SAGE. Um sinal de alerta será se
começarem a ser internadas pessoas
com o esquema vacinal completo.
Os cientistas sublinham ainda que
outros países europeus com níveis
de vacinação semelhantes aos do
Reino Unido mantiveram mais
medidas protectoras — como as
máscaras, certiÆcados de vacinação
e teletrabalho, e têm as suas epide-
mias na rota descendente.
26 • Público ClassiÄcados • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021

TRIBUNAL JUDICIAL
DA COMARCA
DE LISBOA OESTE
Juízo Local Cível de Oeiras - Juiz 3
Processo: 2680/21.4T8OER
UNIVERSIDADE DO PORTO ANÚNCIO
Acompanhamento de Maior
Requerente: Edite Maria Pereira
Dá-se conhecimento público de que se encontra em Agostinho Escudeiro
Acompanhado: José Carlos de
Jesus Agostinho
aberto um processo de recrutamento e seleção para um FAZ-SE SABER que foi distribuído
neste tribunal, o processo de
(1) Técnico Superior, em regime de contrato de trabalho Acompanhamento de Maior em
de Direito privado por tempo indeterminado, para o Serviço
que é Requerente Edite Maria
Pereira Agostinho Escudeiro e
requerido José Carlos de Jesus
de Recursos Humanos do Centro de Recursos e Serviços Agostinho, nascido 02/02/1932,
com domicílio: Rua António
Comuns desta Universidade, ao qual podem candidatar-se Maria Costa Macedo, N.º 10, 2.º
Esq.º, 2790-308 QUEIJAS, com
os indivíduos que reúnam as condições fixadas no aviso vista à determinação de medidas
adequadas e nomeaçãodo como
disponível no seguinte endereço: acompanhante a Requerente acima
identificada.
http://www.up.pt/recrutamentos N/ Referência: 132600154
Oeiras, 10-09-2021.
O Juiz de Direito,
Dr(a). Helena Amaral Brito
CENTRO DE RECURSOS E SERVIÇOS COMUNS DA O Oficial de Justiça,
Estrela Rosinha
U.PORTO Público, 15/09/2021
TRIBUNAL JUDICIAL
DA COMARCA
DE LISBOA NORTE
Juízo Local Cível de Loures - Juiz 2
Processo: 2518/21.2T8LRS
ANÚNCIO
Assembleia Geral – Sessão Ordinária Acompanhamento de Maior
Requerente: Ministério Público
Acompanhado: Julio Fernando Rafael
Convocatória Sebastião
Faz-se saber, que nos autos de
Acompanhamento do Maior, acima
identificados, por sentença já transitada
Nos termos da lei e dos estatutos, a Assembleia Geral da Comissão em julgado a 29-07-2021, foram decretadas
as medidas de acompanhamento de Julio
Nacional Portuguesa do ICOM foi convocada para 28 de junho Fernando Rafael Sebastião, com residência
em domicílio: Casa de Repouso de São
passado, contudo o agravar da situação pandémica levou ao seu Julião do Tojal, Rua 1.º de Maio, 70, 2660-
368 São Julião do Tojal, no que respeita ao
cancelamento. Assim, em cumprimento do disposto no número 2, ano de 2019.
artigo 18, do Decreto-Lei 22-A/2021 de 17 de março, esta Assembleia Foi designado como Acompanhante o
Diretor da Casa de Repouso de São Julião
Geral deverá realizar-se até 30 de setembro. do Tojal, sita na Rua 1.º de Maio, n.º 70,
2660-368, São Julião do Tojal - Loures,
a quem incumbirá a representação geral
Convoco assim a Assembleia Geral da Comissão Nacional do Acompanhante Júlio Fernando Rafael
Portuguesa do ICOM para reunir em Sessão Ordinária, no próximo Sebastião, beneficiando de medidas que
se descriminam: Representação geral
dia 27 de setembro, pelas 15h00, no Palácio Nacional da Ajuda, Ala - artigo 145.º, n.º 1 alinea b) e 258.º do
C.C.; O Património do Acompanhado
Sul, 2.º andar, Largo da Ajuda, em Lisboa, com a seguinte Ordem deverá ser totalmente administrado pelo
Acompanhante nomeado - artigo 145.º, n.º
de Trabalhos: 1 alinea c) do C.C.; Poderá o Acompanhante
movimentar as contas bancárias e/
1. Apreciação, discussão e votação do Relatório e Contas referentes ou aplicações financeiras tituladas pelo
Acompanhado, com o intuito de proceder a
ao exercício de 2020, acompanhado do Parecer do Conselho pagamentos de despesas correntes;
Deverá o Acompanhante assegurar
Fiscal – já disponíveis para consulta no site do ICOM Portugal; que o Acompanhado seja observado
periodicamente por médico de medicina
2. Balanço do ano de 2020; geral e familiar e por especialista de
neurologia e/ou psiquiatria - artigo 145.º
3. Plano para 2021; n.º 1 alinea e); Deverá o Acompanhante
assegurar que as prescrições médicas
4. Informações e outros assuntos de interesse associativo. sejam seguidas;
Deverá ainda o Acompanhado manter a sua
atual residência (Casa de Repouso); Nos
Não havendo número suficiente de membros para deliberar em termos do disposto no artigo 147.º do C.C.,
foi determinada a restrição dos seguintes
primeira convocação, a Assembleia, de acordo com os Estatutos, direitos pessoais: Capacidade de perfilhar;
- Capacidade de adotar; - Capacidade de
reunirá meia hora depois com qualquer número de presenças e com testar; - Capacidade de votar; - Capacidade
de exercer responsabilidades parentais; -
a mesma Ordem de Trabalhos. Realização de transaçöes da vida corrente.
N/ Referência: 149437421
Lisboa, 12 de setembro de 2021 Loures, 03-08-2021
O Juiz de Direito
Diogo Alves
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral A Oficial de Justiça
Ana Maria Branco C. Corda
Joaquim Oliveira Caetano Público, 15/09/2021
ANÚNCIO DE ABERTURA DO CONCURSO
PARA A EXECUÇÃO DE EMPREITADA
AVISO
OFEREÇA
CULTURA A ASCENDI COSTA DE PRATA, AUTO ESTRADAS DA COSTA
DE PRATA, S.A. informa que deu início à abertura do procedimento
de concurso para a execução da EMPREITADA PARA AS
EDIFÍCIO
DIOGO CÃO OBRAS INTERCALARES DE BENEFICIAÇÃO DO PAVIMENTO
DOCA DE ALCÂNTARA DO GRUPO III DE SUBLANÇOS DA CONCESSÃO COSTA DE
NORTE, LISBOA
(JUNTO AO
PRATA.
MUSEU DO ORIENTE)
HORÁRIO: As peças procedimentais encontram-se disponíveis para consulta na
2.ª – 6.ª FEIRA: 9H – 19H plataforma eletrónica SaphetyGov em https://www.saphetygov.pt/.
SÁBADO: 11H – 17H
As propostas devem ser apresentadas até às 18:00 horas do dia
04/10/2021 na plataforma eletrónica.
INFO: 210 111 010 Aveiro, 14 de setembro de 2021.
Público ClassiÄcados • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • 27
TRIBUNAL JUDICIAL
DA COMARCA
DE LISBOA NORTE
Juízo Local Cível de Loures - Juiz 3
Processo: 7447/21.7T8LRS
ANÚNCIO
Acompanhamento de Maior
Requerente: Manuel Carlos Simão
Cunha
DUARTE NUNO SIMÕES
Beneficiário: Maria de Lurdes
Neves Simão Pombo
FAZ-SE SABER que foi distribuído
neste tribunal, o processo de
Acompanhamento de Maior em
que é requerido Maria de Lurdes
ARQUITECTO
Neves Simão Pombo, nascido em
31-03-1935, com domicílio: Colinas 1930-2021
do Cruzeiro - Residência Sénior,
Rua Rosa Lobato Faria, Lote 115, Sua mulher, filhos e netos participam o falecimento de seu marido,
Arroja, 2675-531 Odivelas, com
vista à determinação de medidas pai e avô.
adequadas.
N/ Referência: 149683068 O corpo estará na Igreja do Campo Grande, em Lisboa, amanhã dia
Loures, 09-09-2021 16, a partir das 9h30m.
O Juiz de Direito,
Dr(a). Raquel Marques A Missa de corpo presente será às 14h, seguindo o funeral para o
O Oficial de Justiça,
Carla Sofia Fonseca M. Silva Crematório do Alto de S. João.
Público, 15/09/2021
TRIBUNAL JUDICIAL
DA COMARCA
DE LISBOA NORTE
Juízo Local Cível de Loures - Juiz 2
Processo: 1323/20.8T8LRS
ANÚNCIO EXPROPRIAÇÃO DAS PARCELAS NECESSÁRIAS À EXECUÇÃO
Acompanhamento de Maior
Requerente: Ministério Público DO EMPREENDIMENTO “AMBIENTE EM MATOSINHOS -
Acompanhado: Deolinda Lourdes
Antunes
Faz-se saber, que nos autos de
CORREDOR VERDE DO LEÇA - II FASE, 1.º TROÇO ENTRE A
Acompanhamento do Maior, acima
identificados, por sentença já
PONTE DE MOREIRA E A PONTE DE GOIMIL” - MUNICÍPIO DE
transitada em julgado em 27-07-2021, MATOSINHOS
foram decretadas as medidas de
acompanhamento de Deolinda Lourdes
EDITAL
Antunes, com residência em domicílio:
Alameda Dr. Francisco Sá Carneiro, N.º
30, 2685-000 Camarate, no que respeita
ao ano de 2019. Nos termos e para os efeitos previstos na parte final do n.º 1 e no n.º 2 do artigo
Foi designada como Acompanhante
Luisa Maria Cardoso Gomes Segurado 17.º do Código das Expropriações (Lei n.º 168/99, de 18 de setembro), aplicável por
Urbano, amiga da Acompanhada, a força dos artigos 10.º-A e 11.º do Decreto-Lei n.º 123/2010, de 12 de novembro, na
quem incumbirá a representação geral
da Acompanhada, beneficiando de sua redação atual, ficam notificados os proprietários e demais interessados de que
medidas que se descriminam:
Representação geral - artigo 145.º, n.º 1 o Senhor Secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, por
alinea b) e 258.º do C.C.; O Património despacho de 24 de março de 2021, a pedido da Câmara Municipal de Matosinhos,
da Acompanhada deverá ser totalmente
administrado pelo Acompanhante aprovou a expropriação, com caráter de urgência, das parcelas a seguir identificadas:
nomeado - artigo 145.º, n.º 1 alínea
c) do C.C.; Deverá o Acompanhante
assegurar que a Acompanhada Matriz da U.F. de Custóias, N.º da
seja observada periodicamente por N.º Outros Área
médico de medicina geral e familiar Proprietário(s) Leça do Balio e Guifões descrição do
parcela interessados (m2)
e por especialista de neurologia elou registo predial
psiquiatria - artigo 145.º n.º 1 alinea e); Rústico Urbano
Deverá o Acompanhante assegurar que
as prescrições médicas sejam seguidas; 47A Carlos Mourão Souto-Mayor 805 2239 1672
Deverá ainda a Acompanhada manter a Lima; Ana Maria Souto-
sua atual residência (Casa de Repouso);
Nos termos do disposto no artigo 147.º
Mayor Lima; Maria Teresa
do C.C., determina-se a restrição dos Souto-Mayor Lima
seguintes direitos pessoais:
- Capacidade de perfilhar; - Capacidade 47B Carlos Mourão Souto-Mayor 2855 1887 1062
de adotar; - Capacidade de testar; - Lima; Ana Maria Souto-
Capacidade de votar; - Capacidade de
Mayor Lima; Maria Teresa
exercer responsabilidades parentais;
- Realização de transações da vida Souto-Mayor Lima
corrente.
48 Herdeiros de Álvaro António 1285 1890 3546
N/ Referência: 149441908
Costa: Dolores do Lago;
Loures, 04-08-2021
O Juiz de Direito José Luís Lago da Costa;
Diogo Alves Clara Maria Lago da Costa;
A Oficial de Justiça Deolinda Rosa Lago da
Ana Maria Branco C. Corda
Público, 15/09/2021
Costa; Emília Dolores
Lago da Costa; Catarina
de Freitas Lago da Costa;
Duarte Oste de Arbues Lago
da Costa
65 Herdeiros de Manuel Alcino 2975 17 1279
Silva: Maria do Rosário
Santos Sobreiro; Ana Roda
da Silva Santos Sobreiro
66 Herdeiros de José 1900 16 2192
Gonçalves da Silva Santos:
Albina Lemos Oliveira; Maria
Amélia Oliveira Santos;
Joaquim Fernando Moreira
Gomes
69 Herdeiros de José 3870 91 1476
Gonçalves da Silva Santos:
Albina Lemos Oliveira; Maria
Amélia Oliveira Santos;
Joaquim Fernando Moreira
Gomes
70 Herdeiros de José 1210 90 1430
Gonçalves da Silva Santos:
Albina Lemos Oliveira; Maria
Amélia Oliveira Santos;
Joaquim Fernando Moreira
Gomes
A expropriação destina-se à execução do empreendimento “Ambiente em Matosinhos -
Corredor Verde do Leça - II Fase, 1.º Troço entre a Ponte de Moreira e a Ponte de Goimil”
Aquele despacho foi publicado no Diário da República, 2.ª Série, n.º 72, de 14 de abril
de 2021, através da Declaração (extrato) n.º 34/2021
DIREÇÃO-GERAL DAS AUTARQUIA
Sónia Alexandra Mendes Ramalhinho
28 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021
Cultura 5.ª edição do festival-convenção MIL, em Lisboa
MIL cenários
para pensar
a música
pós-pandemia
Conferências e concertos reúnem
de hoje a sexta-feira proÄssionais
portugueses e internacionais
Vítor Belanciano
Os cenários são inúmeros. Existe
quem deseje um regresso ao mundo
pré-pandemia. Há quem sustente
que a precariedade tem muitos anos
e que esta poderá ser uma oportu-
nidade para desenhar outro futuro.
Há quem garanta que os comporta-
mentos colectivos não irão sofrer
alterações, e quem assegure que o
futuro será digital. E há também
quem diga que nenhuma destas ten-
dências invalida as restantes, acre-
ditando na coabitação.
Questionar os modelos de negócio,
ou o peso das questões ambientais,
numa indústria que tem sofrido inú-
meras mudanças nas últimas décadas
não é novo. Dir-se-ia que a pandemia
veio, por um lado, pôr em causa a
sobrevivência de actores já fragiliza-
dos, e, por outro, acelerar situações
que necessitam de ser reavaliadas. É
isso a que se propõe o festival MIL,
que ao longo das suas edições tem
apostado na projecção internacional
da música moderna portuguesa, ao
mesmo tempo que se cimenta como
estrutura de reÇexão. É por isso que
o acontecimento se desdobrará não
no perímetro do Cais do Sodré como
no passado, mas no Hub Criativo do
Beato, em Lisboa, entre debates,
palestras e apresentações ao vivo,
como a luso-angolana Carla Prata, a
franco-brasileira YNDI, ou Queralt
Lahoz, uma espanhola que cruza Ça-
menco com o rap. Haverá inúmeros
miniconcertos, com portugueses
como Tristany, Eu.Clides, Club
Makumba, Gala Drop, Pedro da Linha
ou Maria Reis, e internacionais, como
Kelman Duran, A’mosi Just A Label,
Murman Tsuladze ou Rosin de Palo.
Mas é a reorganização que o pós-
pandemia exige que irá estar em
avaliação, com políticas de strea-
ming, a concentração das grandes
tecnológicas, as formas de preser-
var os diferentes sectores da música
ao vivo ou políticas de acção para o
futuro, em destaque.
Fundador da editora Omnichord,
e um dos mais activos agentes da
música em Portugal, Hugo Ferreira
é da opinião que, “depois deste ano
e meio, a redeÆnição de modelos e
circuitos da música ao vivo ainda vai
demorar outro tanto tempo a sedi-
mentar-se.” Ele, que é um dos con-
vidados para pensarem novas pers-
pectivas para os festivais de música,
acredita que “no próximo ano já
haverá festivais e algumas digres-
sões”, ao nível de anos anteriores,
mas “ainda paira a indeÆnição sobre
a possibilidade de viagens, o futuro
de empresas do sector e de salas
mais pequenas”.
Diferentes velocidades
Esse retorno, a diferentes velocida-
des, é também partilhado por Rafae-
la Ribas, responsável pela agência
aFirma, e presidente da Associação
Espectáculo, que representa os agen-
tes e produtores, e que foi convidada Festival passa pela primeira Para um dos responsáveis pelo Boom
para reÇectir sobre as estratégias e dré para o Hub
vez do Cais do Sodré Festival, AArtur Mendes, que reÇecti-
os desaÆos que as digressões repre- Criativo do Beato rá sobre ssustentabilidade e ética no
sentam. Segundo ela, o pós-pande- contexto dos grandes eventos, o
mia só se vai começar a sentir no futuro da indústria tem vindo a dese-
Verão de 2022. “Para quem trabalha nhar-se a partir da “aceleração tec-
na edição ou na produção de espec- nológica, das alterações climáticas
táculos ao vivo, a retoma está longe”, e, agora, da pandemia”. Para ele,
aÆrma. “Os sucessivos adiamentos algumas reÇexões
r a ter em conta são:
de concertos e digressões e, conse- “Qual a relação
re entre música ao vivo
quentemente, de edição de discos, e festivais
festiva e as suas emanações
criaram, por um lado, uma grande baseadas em realidade virtual com
falta de salas disponíveis para rece- As diÄculdades
ades o potencial
potenci de cisão entre público no
ber novos espectáculos e, por outro, e desaÄos são recinto e o doméstico? Estaremos
uma sobrecarga de edições discográ- na imiminência de uma era de
Æcas no último trimestre de 2021.” agora maiss nítidos milhõ
milhões em casa com óculos 3D
Apesar da situação em que muitos entes
para os agentes e av
avatares a desfrutar de um
artistas, técnicos, agentes e promo- esp
espectáculo?” Artur Mendes
tores, se encontram, é da opinião do sector, para diz que “a pandemia acelerou
que, quando for possível começar a o público e para muitos destes processos, a
m
mu
pensar no pós-pandemia, “lá para Twitch de gaming da Amazon
Tw
Setembro de 2002”, algumas coisas antes.
os governantes. é já
j uma plataforma com
poderão ter mudado para melhor, Esperamoss mú
música virtual.”
nomeadamente porque “haverá um P outro lado, pergunta:
Por
conhecimento mais claro do sector sulte
que isso resulte “De que forma se poderá acei-
por parte dos intervenientes, que num maiorr tar uma indústria que gera
nesta crise se aproximaram, apoia- enormes quantidades de gases
eno
ram, trocaram conhecimento e apoio paraa os efeito de estufa com viagens de
efeit
debateram ideias”. “Daqui, espero, ais”
proÄssionais” artist
artistas, público, digressões,
sairá uma indústria mais forte, pre- num panorama de catástrofe
parada e resiliente, com maior Rafaela Ribas ambie
ambiental? E como criar uma
noção dos seus direitos e com maior Presidente da indústria ao vivo viável perante o
indúst
capacidade de os fazer valer.” áculo
Associação Espectáculo proibicionismo sanitário do Esta-
proibic

do, parcos apoios e uma sociedade
polarizada?” Diz não querer fazer
profecias, mas é da opinião que, “se
a pandemia tocou todos os seres
humanos em simultâneo”, deverá
ser “o elemento de empatia com os
outros a chave para o futuro”.
Convidada para analisar novas pers-
pectivas para os festivais, a designer,
professora e directora do Iminente,
Carla Cardoso, acredita que o futuro
desse tipo de acontecimentos “passa
por conseguir agregar num só lugar
diferentes expressões de cultura, por
vezes de difícil catalogação, juntando-
as numa espécie de Agora onde díspa-
res comunidades e culturas se podem
encontrar e conhecer. Espaços que
quebram com a ideia de ‘cabeça de
cartaz’, com emergentes e de renome
com percursos variados. Uma união
de culturas, línguas e estilos, conden-
sados numa experiência de intimida-
de colectiva única e intensa”.
Com a comunidade
Para Hugo Ferreira, se existiu algo
que a paragem provocada pela pan-
demia veio provar é que “muitos
músicos e produtores, sem deixarem
de ter o foco nas suas carreiras, não
devem deixar de se envolver em pro-
jectos diferenciados, de pequena
ANA VIOTTI
escala, ou de proximidade, como os
educativos e de comunidade, sendo
também pró-activos em relação a pro-
jectos de co-criação, cruzamentos
disciplinares e trabalho para outras
áreas criativas”.
Por um lado, segundo ele, se “é
verdade que há uma cultura que tra-
balha nos festivais proÆssionais”, tem
visibilidade na TV e conquista merca-
dos internacionais, “também é
importante apostar naquela que se
trabalha nas escolas, ruas e bairros. E
esses projectos, que são transforma-
dores, também podem ganhar novas
escalas tanto aqui em Portugal, como
internacionalmente.”
Existem diferentes categorias de
problemas, e diversas camadas de
expectativa para actores díspares.
Não há um denominador comum.
Mas, como resume Rafaela Ribas, “as
diÆculdades e desaÆos são agora mais
nítidos, seja para os agentes do sector,
para o público em geral e para os
governantes”. “Esperamos que isso
resulte num maior apoio para os pro-
Æssionais.” Os desaÆos são comple-
xos, mas “estão a puxar pela criativi-
dade de todos”. “E imagino que isso
vá resultar também em obras, produ-
tos e serviços culturais mais inovado-
res e diversiÆcados”, projecta ela.
Eunice Muñoz passa
o testemunho em filme
Carla B. Ribeiro
Eunice ou Carta a Uma
Jovem Actriz chega
às salas a 4 de Novembro.
Antes, tem estreia marcada
no Doclisboa
Pelo menos 32 salas, de norte a sul e
ilhas, estão conÆrmadas para exibi-
rem Eunice ou Carta a Uma Jovem
Actriz, a partir de 4 de Novembro.
Uma aÆrmação da “descentralização”
almejada pelo realizador Tiago
Durão, que se estreia no género docu-
mental com o que gosta de chamar
“um não-documentário”, mas tam-
bém um reÇexo do que é Eunice
Muñoz: uma actriz de cunho verda-
deiramente nacional que começou a
sua paixão pela arte de representar a
correr a província com a família e
que, como dizia ao PÚBLICO em
Maio, gosta ainda hoje de sair dos
grandes centros urbanos com os seus
trabalhos com a certeza de que
encontra sempre “um público muito
atento (…), que se entrega ao que está
a ver de uma forma muito honesta”.
Porém, a carreira de Eunice ou
Carta a Uma Jovem Actriz começa
antes. Depois de uma antestreia
reservada a convidados e imprensa,
a 3 de Outubro, o trabalho poderá
ser visto no Doclisboa, tendo sido
seleccionado para competir na sec-
ção Heart Beat pelo facto de se tratar
de “um Ælme que não se limita a
reconstruir o passado, mas que pro-
jecta um futuro”, justiÆcou Joana
Sousa, que integra a direcção do fes-
tival. AÆnal, explicou, é emocionan-
te assistir “ao cruzamento entre o
grande ecrã e o palco”.
É, de resto, a emoção que dita a
realização deste Ælme, nascido de
uma vontade de Eunice Muñoz. “Ao
Æm de 80 anos de palco, rodeada de
actores, cenários, encenadores, gen-
te de teatro, como eram os meus pais
e os meus avós, decidi que era altura
de passar o testemunho e de ver con-
tinuado o sonho do teatro pela minha
neta Lídia.” Mais: a actriz “quis ver
[essa passagem] registada pelo cine-
ma”, como explicou em conferência
de imprensa — um trabalho que, con-
ta, acompanhou em todas as fases e
etapas, e com o qual se revela mani-
festamente satisfeita: “É assim que
eu quero que guardem uma memó-
ria de mim.”
Uma memória que a neta Lídia
Muñoz reÇecte como um legado para
o futuro. “Neste ano em que serei
mãe, faz-me pensar que um dia pos-
so olhar para este sítio de hoje (…)
que um dia será uma memória e que
um dia o meu Ælho poderá viver este
lugar.” Já sobre a passagem de um
Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • 29
“testemunho tão pesado e tão impor-
tante”, Lídia Muñoz confessa “ter
algum medo de não estar à altura”,
mas, ao mesmo tempo, observa que
sente o testemunho, eternizado em
Ælme, “como uma carta, escrita a
muitas mãos, a tantas jovens actri-
zes”, como ela própria.
Tiago Durão explica que “quis
mostrar Eunice com toda a sua
generosidade, antes de um Ægurati-
vo cair do pano” — que se concreti-
zará com a última apresentação de
A Margem do Tempo, a peça, de
Franz Xaver Kroetz, em que Eunice
e Lídia partilham palco, persona-
gem e silêncios. Para tal, o realiza-
dor de Alice, Nova Iorque e Outras
Histórias (2020) assume que se ins-
pirou em João César Monteiro (1939-
2003), “que nos deixou a mais bri-
lhante ÆlmograÆa”, lembrando a
curta documental Sophia de Mello
Breyner Andresen (1969).
Já em termos de processo, Tiago
Durão fala de “uma bola de neve”
e de como, desde Outubro de 2020,
as coisas se foram encaixando como
peças de um puzzle; de como o texto
Eunice só podia ser lido por Luís
Miguel Cintra, da participação
de Ruy de Carvalho, que “não
podia faltar”, de ter a exímia Maria
João Pires a interpretar os primeiro
e segundo andamentos da Sonata
para piano n.º 14 de Beethoven.
“É assim que eu
quero que
guardem uma
memória de mim”,
disse a actriz sobre
o Älme realizado
por Tiago Durão
O filme é “um lugar de memória” e mostra a actriz e a mulher
Cultura
Assumido como “um lugar de
memória”, no qual se pode ver Euni-
ce Muñoz e a neta Lídia em momen-
tos do seu dia-a-dia, Eunice ou Carta
a Uma Jovem Actriz, que tem, em
simultâneo, o alto patrocínio da Pre-
sidência e da Assembleia da Repúbli-
ca, passeia-se pelas recordações
que guarda a casa onde ambas
habitam, viaja pela vida e carreira
de Eunice, mostrando-a como actriz
em palco e como mulher na vida,
embalada pelas palavras do poeta
António Barahona da Fonseca (com
quem a actriz foi casada) na voz de
Luís Miguel Cintra. “Disponibilizar-
me [para dar voz ao poema Eunice]
era o mínimo que podia fazer”,
observa o actor e encenador
ao PÚBLICO, confessando a “amiza-
de muito grande” que sente pela
actriz sobre a qual, proÆssionalmen-
te, enaltece “a qualidade rara de
se adaptar” e de “não resistir à direc-
ção”, destacando, como pessoa, o
facto de “ser capaz de viver paixões
sem medo”.
É a ausência de medo que se sente
desde o primeiro instante, com uma
introdução pela voz de Ruy de Car-
valho, que também assinala este ano
as oito décadas de carreira — apesar
de “a Eunice ser muito mais nova; é
como uma irmã”, como ressalva ao
PÚBLICO (Eunice Muñoz completou
93 anos em Julho; Ruy de Carvalho
fez os 94 em Março). “Toda a tragé-
dia é teatro”, ouve-se. “Porém, per-
gunto-me se todo o teatro será vida
elevado a um outro nível tão inevitá-
vel como a tragédia ela própria.” As
palavras são do realizador Tiago
Durão, responsável ainda pelo texto
sobre Lídia Muñoz, mas a entoação
é a “de uma homenagem a uma gran-
de actriz e a uma grande mulher”.
“Espero que o público se sinta tão
emocionado como eu.”
PAULO PIMENTA
30 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021

Ciência História evolutiva

Serpentes actuais evoluíram das que

sobreviveram à extinção de dinossauros
As serpentes conseguem passar longos períodos de tempo sem se alimentar e isso terá ajudado
ao aumento da sua diversiÄcação após a grande extinção do Cretácico-Paleogénico
JOSCHUA KNÜPPE

Teresa Sofia Serafim

Há 66 milhões de anos, a grande
extinção do Cretácico-Paleogénico
levou ao desaparecimento dos dinos-
sauros e não só — estima-se que cau-
sou a perda de 76% das espécies na
Terra. Depois, a diversidade em
alguns grupos de animais começou a
desabrochar. Não se sabia bem qual
tinha sido o impacto desta extinção
na evolução das serpentes. Ontem,
num artigo na revista cientíÆca Natu-
re Communications, chegou a deseja-
da resposta: todas as serpentes
actuais evoluíram a partir das poucas
espécies que sobreviveram a esse
acontecimento. Portanto, sugere-se
que a extinção em massa terá facilita-
do o rápido aumento da diversidade
nas espécies destes répteis.
Hoje há quase 4 mil espécies de
serpentes a habitar o planeta. Mas
como foi a sua história evolutiva? Para
o desvendar, uma equipa de cientistas
do Reino Unido e da Alemanha
reconstituiu essa história através de
fósseis e da análise às diferenças gené-
ticas entre as serpentes. Ao todo,
foram usadas relações evolutivas de
115 grupos de serpentes actuais. Tam-
bém se olhou para a distribuição geo-
gráÆca de serpentes existentes e de
outras já extintas.
Juntando todos os dados, concluiu-
se que apenas seis linhagens de ser-
pentes sobreviveram à extinção do
Cretácico-Paleogénico, o aconteci-
mento que levou ao Æm dos dinossau-
ros. Mas trouxe vida às serpentes: a
equipa veriÆcou que a diversidade Após a grande extinção que levou ao fim dos dinossauros, foram surgindo mais serpentes e mais diversas
destes répteis aumentou após essa
extinção. Também a variedade de das jibóias — todas elas não existiam gen-Nuremberga, na Alemanha, e milhões de anos, um asteróide emba- tes do Cretácico e dos dinossauros.
formas corporais e tamanhos das ser- antes da extinção em massa. Aliás, primeira autora do artigo. teu na Terra e formou a cratera Tudo isto permitiu às serpentes espa-
pentes foi aumentando. isso causou a diversidade actual de Este novo estudo também sugere Chicxulub, na península do Iucatão lharem-se com mais facilidade por
“A nossa investigação sugere que serpentes como as arborícolas, as que as serpentes se começaram a (México). Pensa-se que o impacto novos habitat e continentes.
esta extinção foi uma forma de ‘des- marinhas ou das víboras venenosas. espalhar por toda a Terra depois da causou incêndios, desencadeou tsu- Já agora, questionámos Catherine
truição criativa’ — ao exterminar “É extraordinário, porque elas não extinção do Cretácico-Paleogénico. namis e libertou tanto enxofre que Klein sobre se este estudo nos pode
velhas espécies, isso permitiu aos sobreviveram apenas a uma extinção “As serpentes foram-se diversiÆcando terá bloqueado a luz do Sol. Tudo isto dar algumas indicações sobre a adap-
sobreviventes explorar falhas no ecos- que exterminou muitos outros ani- por todo o planeta, mas essa diversi- causou um arrefecimento global. tação (ou não) das serpentes às
sistema e experimentar novos estilos mais, mas em poucos milhões de anos Æcação aconteceu sobretudo na Ásia”, “A extinção do Cretácico-Paleogé- actuais alterações climáticas. “No
de vida e de habitat”, aÆrma Nicholas inovaram ao usar os seus habitat de indica ao PÚBLICO Catherine Klein. nico foi um acontecimento muito geral, as serpentes parecem ser mais
Longrich, investigador na Universida- novas formas”, nota Catherine Klein, curto. O seu maior efeito durou uns diversas quando a temperatura é
de de Bath, no Reino Unido, num cientista na Universidade de Erlan- O que as ajudou a sobreviver dez anos, o que inclui uma diminui- mais alta, o que poderá sugerir que
comunicado sobre o trabalho. “A des- E o que ajudou as serpentes nessa ção nas temperaturas do planeta. Ao se irão aguentar bem com as actuais
truição da biodiversidade dá espaço diversiÆcação? A equipa pensa que a longo desse período, as serpentes alterações climáticas”, responde
para que novas coisas possam surgir
Variedade de sua capacidade para se abrigarem sobreviveram muito bem, provavel- numa primeira impressão a cientista.
e colonizar novas partes da terra. Em formas e tamanhos debaixo do solo e conseguirem Æcar mente porque conseguem Æcar mui- Mas depois completa: “Contudo, o
última análise, a vida torna-se ainda longos períodos de tempo sem se ali- to tempo sem se alimentar”, descreve grande problema será como os
mais diversa do que antes.”
das serpentes mentar as poderá ter ajudado a sobre- Catherine Klein. humanos poderão afectar tudo e se
Essa “destruição criativa” permitiu aumentou após viver aos efeitos destrutivos de um Além dessas capacidades de sobre- haverá menos habitat disponíveis,
uma maior diversiÆcação de serpen- asteróide. E aqui encontramos um vivência, a diversiÆcação das serpen- porque as serpentes não conseguem
tes e levou à evolução das linhagens
a extinção dos dos grandes contributos para a extin- tes beneÆciou da extinção dos seus migrar de uns locais para os outros
das víboras, das cobras, dos pitons ou dinossauros ção do Cretácico-Paleogénico: há 66 concorrentes, como as outras serpen- com facilidade.”

Tesla destrona Porsche no “inferno verde”
Um Tesla Model S Plaid de série cumpriu o circuito
de Nürburgring em 7’30,909’’, estabelecendo um
novo recorde para uma berlina eléctrica e
ultrapassando o Porsche Taycan (em 12 segundos…),
que tinha sido o mais rápido até aqui. O Model S
Plaid conta com três motores que debitam 1020cv.
O novo VW Polo que é mais Golf
A VW acabou com a oferta diesel no seu citadino e deixou a versão apimentada GTI
para lançar lá para o Natal. A aposta recai sobre a tecnologia e segurança
Maria Lopes
Já lá vão 46 anos e meia dúzia de ver-
sões, mas as 18 milhões de unidades
vendidas mostram que o Polo conti-
nua a ser uma boa aposta para a
Volkswagen.
O construtor germânico remata o
Verão a lançar à estrada o seu utilitá-
rio renovado que muitos, à primeira
vista, tenderão a confundir com o
irmão Golf. E a marca puxa agora
pelos argumentos da tecnologia e da
segurança: o Polo é agora um dos
primeiros da sua classe a dispor de
auxiliares de condução autónoma de
nível dois, acompanhando os mode-
los superiores da marca.
Quer isto dizer que, além de ter,
de série, o Lane Assist (que mantém
o carro na sua faixa de rodagem des-
de que o pavimento da estrada este-
ja sinalizado), os sistemas de moni-
torização dos peões e de detecção
de fadiga e o programa electróni-
co de estabilidade (incluindo ABS,
ASR, EDS e MSR), é possível incor-
porar em algumas versões o IQ.Dri-
ve Travel Assist.
Este sistema de ajuda à condução
funciona com base no cruise control
Como extra, há opção pelos
novos faróis IQ.Light LED
matrix estreados no Touareg
com sistema de regulação
dinâmica do alcance
O Polo é agora um dos
primeiros da sua classe a dispor
de auxiliares de condução
autónoma de nível dois
No design, o Polo
está cada vez mais parecido
com o Golf, adoptando
um novo pára-choques
e palete de jantes
adaptativo (de série nas versões
Style e R-Line e com um custo de
374€ no nível Life) que mantém a
distância em relação ao veículo da
frente e a velocidade máxima pre-
viamente deÆnida.
Quando conjugado com o sistema
de navegação (também opcional,
entre 544 e 1349 euros), consegue
regular automaticamente a veloci-
dade e a assistência em curvas,
fazendo com que o carro saiba quão
rápido pode ser conduzido. A VW
diz que, com estes sistemas, o Polo
trava, acelera e conduz automatica-
mente, dentro dos limites do siste-
FOTOS: DR
Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • 31
motores
ma — mas avisa que é responsabili-
dade do condutor manter as mãos
no volante e controlar o comporta-
mento do veículo. Com caixa
manual, o IQ.Drive pode ser usado
desde os 30 km/h até à velocidade
máxima de 210 km/h e no caso da
caixa de dupla embraiagem DSG de
7 velocidades o sistema de assistên-
cia funciona a partir dos 0 km/h.
No design, o Polo está cada vez
mais parecido com o Golf, adoptan-
do um novo pára-choques e palete
de jantes, a nova assinatura com o
nome sob o logótipo (também mais
estilizado) na bagageira e também
faróis LED de série (há também,
como extra, a opção pelos novos
faróis IQ.Light LED matrix estreados
no Touareg com sistema de regula-
ção dinâmica do alcance). No inte-
rior, foram redesenhados o volante,
o cockpit e a consola central, assim
como a oferta de estofos e de inser-
ções decorativas.
A par desta nova actualização do
design, o Polo deixa cair os motores
diesel para se centrar apenas na
gasolina — não haverá híbridos nem
eléctricos, diz a Volkswagen (vamos
ver por quanto tempo) — e com uma
excepção para o motor a gás natural
1.0 TGI de 90cv (21.897€). Até ao Æm
do ano chegará a versão GTI, com
motor 2.0 TSI a debitar 207cv.
A oferta da gama tem como entra-
da o nível Polo, subindo para o Life
(que representa 70% das vendas) e
acima o Style mais virado para o con-
forto e o R-Line com um toque mais
desportivo; a cereja será o GTI. No
leque de cinco motorizações de três
cilindros contam-se o 1.0 de 80cv
(18.640€); 1.0 TSI 95cv com preços
que começam nos 20.286€; 1.0 TSI
110cv por 25.702€.
Guia
publico.pt/motores
Antevisão
Citroën C5 X chega em
2022 para explorar
encruzilhadas
Só chega no início do próximo
ano, mas a Citroën não parece
acreditar que os trunfos se
devem guardar na manga. Vai
daí, pegou num “pré, pré,
pré-série” e colocou-o em
road-show por alguns países
europeus, Portugal incluído. A
vontade: mostrar que o X do novo
C5 é mesmo uma encruzilhada.
Trocado por miúdos, o novo topo
de gama da marca gaulesa — e o
regresso da Citroën ao
importante segmento D —
pretende beliscar vários
segmentos, ao revelar a
elegância de uma berlina, o
espaço e versatilidade de uma
carrinha, a robustez de um SUV e
o dinamismo de um coupé.
Por fora, é visível a opção por um
capot longo, que lhe permite
reivindicar uma silhueta
elegante, e rodas grandes, a
conferir robustez, enquanto no
interior é o espaço que dá cartas,
sem que a mala saia prejudicada,
exibindo uma volumetria útil de
545 litros (menos 60 nas versões
híbridas de ligar à corrente).
O porta-estandarte, que a marca
acredita que virá a ser uma
espécie de cartão-de-visita,
chegará com o programa de
conforto avançado já conhecido
do emblema do duplo chevron,
mas com melhorias. A saber, a
suspensão activa foi trabalhada
no sentido de ser ainda mais
reactiva a cada modo de
condução seleccionado e os
bancos chegam com uma
camada de espuma adicional. No
capítulo da tecnologia, há,
também, novidades, como um
sistema de head-up display de
maiores dimensões e a cores ou
um assistente pessoal com
reconhecimento de voz natural.
Nas mecânicas, a mais
apetecível, caso as políticas
fiscais para os híbridos plug-in se
mantenham, será a PHEV, que
assenta num bloco a gasolina de
180cv associado a um motor
eléctrico de 81,2 kW, geridos por
uma ë-EAT8. A oferta
completa-se com duas
declinações a gasolina: uma de
130 e outra de 180cv, com a EAT8.
Para já, não há preços, mas
estima-se que se aproxime dos
do Peugeot 508 — como
referência, o Hybrid 225cv
arranca nos 44.845€. C.B.R.
32 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021
Guia
Cinema
Lisboa
Cinema City Alvalade
Av. de Roma, nº 100. T. 218413040
Bem Bom M14. 21h45; Mistério em
Saint-Tropez M14. 19h20; Respect M14.
15h45, 21h25; After: Depois do
Desencontro M14. 17h40; Boss Baby:
Negócios de Família M6. 15h30
(V.Port./2D); Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 18h30, 21h30; Rock Dog
Há Festa no Parque M6. 15h40, 17h30 (V.
Port./2D); Má Sorte no Sexo ou Porno
Acidental M18. 19h40; Valor da Vida M12.
15h50, 19h10, 21h40
Cinema City Campo Pequeno
Centro de Lazer. T. 217981420
Candyman M16. 20h10; Free Guy: Herói
Improvável M12. 17h10 ; Space Jam: Uma
Nova Era M6. 13h25 (V.Orig./2D); O
Esquadrão Suicida M16. 21h30; Mistério
em Saint-Tropez M14. 13h25; Patrulha Pata:
O Filme 11h25, 15h25 (V.Port./2D); A
Protegida M16. 22h; Falling - Um Homem
Só M14. 21h45; After: Depois do
Desencontro M14. 15h45, 17h45,
19h45; Boss Baby: Negócios de Família M6.
11h15, 13h20, 15h35 (V.
Port./2D); Maligno M16. 15h20, 17h30,
19h40, 21h50; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 15h40, 17h40, 18h30, 19h10,
21h25, 21h40; Rock Dog - Há Festa no
Parque M6. 11h30, 15h30, 17h20 (V.
Port./2D); A Lenda do Cavaleiro
Verde 13h30, 16h, 18h50, 21h35; Má Sorte
no Sexo ou Porno Acidental M18. 19h25
Cinema Ideal
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295
O Acossado M12. 19h15; Funeral de
Estado M12. 14h30; Falling - Um Homem
Só M14. 17h; The Sparks Brothers 21h15
Cinemas Nos Alvaláxia
Estádio José Alvalade. T. 16996
Era Uma Vez M12. 14h (V.
Port./2D); Candyman M16. 21h50; Free Guy:
Herói Improvável M12. 13h15, 16h, 18h50,
21h40; Velocidade Furiosa 9 18h40,
21h55; Space Jam: Uma Nova Era M6.
13h30, 15h50 (V.Port./2D); Escape Room 2:
Sem Saída M14. 21h; D’Artacão e os Três
Moscãoteiros: O Filme M6. 13h50, 16h40 (V.
Port./2D); O Esquadrão Suicida M16. 17h40,
21h10; Respect M14. 14h20; Patrulha Pata:
O Filme 14h10, 16h35, 18h45 (V.Port./2D);
A Protegida M16. 22h; After: Depois do
Desencontro M14. 13h40, 16h30, 19h10,
21h45; Boss Baby M6. 13h25, 16h05, 19h05
(V.Port./2D); Maligno M16. 13h45, 16h50,
19h30, 22h10; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 14h30, 17h30, 21h20; Rock Dog -
Há Festa no Parque M6. 13h35, 16h10,
19h40 (V.Port./2D); A Lenda do Cavaleiro
Verde 17h, 21h20; Má Sorte no Sexo ou
Porno Acidental M18. 19h, 21h30; Assalto à
Casa-Forte 13h20, 16h20, 19h20, 22h20
Cinemas Nos Amoreiras
Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996
Bem Bom M14. 13h10, 15h50,
21h50; D’Artacão e os Três Moscãoteiros:
O Filme M6. 13h40, 16h20 (V.
Port./2D); Respect M14. 21h; Patrulha Pata:
O Filme 13h30 (V.Port./2D); Falling - Um
Homem Só M14. 18h30; After: Depois do
Desencontro M14. 18h50, 21h30; Boss
Baby: Negócios de Família M6. 13h10,
15h40, 18h10 (V.Port./2D); Shang-Chi e a
Lenda dos Dez Anéis M12. 14h, 17h, 21h20;
A Lenda do Cavaleiro Verde 14h30, 17h40,
21h40; The Sparks Brothers 14h, 17h30,
20h50; Valor da Vida 15h30, 18h10, 21h10
Cinemas Nos Colombo
Av. Lusíada. T. 16996
Candyman M16. 20h, 22h20; Free Guy:
Herói Improvável M12. 16h, 18h50, 21h40;
O Esquadrão Suicida M16. 15h20, 18h20,
21h10; Nem Respires 2 M16. 20h10,
22h30; Patrulha Pata: O Filme 14h (V.
Port./2D); A Protegida M16. 12h55; After:
Estreias
A Lenda do Cavaleiro Verde
De David Lowery. Com Dev
Patel, Alicia Vikander, Anaïs
Rizzo, Joe Anderson. GB/IRL/
EUA/CAN. 2021. 130m. Drama,
Aventura.
Dom Galvão está numa demanda
para provar a sua coragem e
enfrentar o Cavaleiro Verde.
Assalto à Casa-Forte
De Jaume Balagueró. Com
Freddie Highmore, Astrid
Bergès-Frisbey, Sam Riley, Liam
Cunningham. ESP. 2021. 118m.
Thriller, Acção. M12.
Neste thriller de acção espanhol,
um génio da engenharia e a sua
equipa têm apenas os 105
minutos da Ænal do Mundial de
Futebol de 2010 para roubar um
tesouro mítico dos cofres do
Banco de Espanha.
Má Sorte no Sexo ou Porno
Acidental
De Radu Jude. Com Katia
Pascariu, Claudia Ieremia,
Olimpia Malai. GB/LUX/
Croácia/ROM/SUI. 2021. 106m.
Comédia Dramática.
Vencedor do Urso de Ouro no
71.º Festival de Berlim, esta sátira
social centra-se numa professora
de história do secundário, Emi,
que se vê a braços com o
escândalo causado por uma
sextape sua.
Maligno
De James Wan. Com Annabelle
Wallis, Paula Marshall, Patrick
Cox, Rachel Winfree. EUA.
2021. 111m. Terror.
Madison vive atormentada
por visões que tem de homicídios
macabros, que descobre serem
reais.
The Sparks Brothers
De Edgar Wright. EUA/GB. 2021.
140m. Documentário, Musical.
A vasta obra e inÇuência dos
irmãos Ron e Russell Mael, que
fazem música como Sparks, é
vista à lupa por Edgar Wright na
estreia do realizador nos
documentários.
Tubarão Branco
De Martin Wilson. Com Katrina
Bowden, Aaron Jakubenko,
Kimie Tsukakoshi. Austrália/
EUA. 2021. 113m. Terror. M12.
Kaz e Charlie Brody fazem
transporte de turistas com o seu
pequeno hidroavião. Quando um
casal decide usar os seus serviços
para chegar ao Recife do Inferno,
julgavam que teriam a melhor
aventura das suas vidas.
Contudo, assim que chegam ao
local, encontram o corpo de um
homem que acreditam ter sido
atacado por um tubarão.
Valor da Vida
De Sara Colangelo. Com
Michael Keaton, Stanley Tucci,
Amy Ryan, Laura Benanti. EUA.
2020. 118m. Drama, Biografia.
A história de Kenneth Feinberg, o
advogado que supervisionou o
fundo de compensação às
vítimas do 11 de Setembro, é o
foco deste Ælme dramático.
Cartaz, críticas, trailers
e passatempos em
cinecartaz.publico.pt
Depois do Desencontro M14. 13h20, 15h50,
18h10, 21h; Boss Baby: Negócios de
Família M6. 12h50, 15h10, 17h30 (V.
Port./2D); Maligno M16. 13h40, 16h30,
19h20, 21h50; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 12h40, 15h30, 18h30,
21h30; Rock Dog - Há Festa no Parque M6.
13h30, 15h40, 18h (V.Port./2D); Assalto à
Casa-Forte M12. 13h05, 15h55, 18h40,
21h20; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 13h10, 16h10, 19h, 22h (IMAX 3D)
Cinemas Nos Vasco da Gama
Parque das Nações. T. 16996
Candyman M16. 21h; Free Guy: Herói
Improvável M12. 21h20; Patrulha Pata: O
Filme 11h10, 13h40, 15h50 (V.
Port./2D); After: Depois do
Desencontro M14. 11h50, 14h20, 16h50,
19h20, 21h50; Boss Baby: Negócios de
Família M6. 10h40, 13h20, 16h, 18h40 (V.
Port./2D); Maligno M16. 13h30, 16h20, 19h,
21h40; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 11h, 14h, 17h30, 21h30; Rock Dog
- Há Festa no Parque M6. 10h50, 13h10,
15h30, 17h50 (V.Port./2D); A Lenda do
Cavaleiro Verde 18h10, 21h10
Medeia Nimas
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213142223
O Grito 16h30; Profissão:
Repórter 21h45; O Milagre de Milão M6.
12h; Memórias de um Assassino 14h; Céus
do Líbano M12. 19h
UCI Cinemas - El Corte Inglés
Av. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 213801400
Era Uma Vez M12. 13h45 (V.
Orig./2D); Candyman M16. 13h50,
19h30; Free Guy: Herói Improvável M12.
13h55, 16h30, 21h50; Bem Bom M14. 13h20,
16h15, 18h55, 21h25; O Espião Inglês M12.
16h10, 18h55, 21h30; Presos no
Tempo 13h25, 16h; Diários de Otsoga M12.
13h10; O Esquadrão Suicida M16. 16h05,
22h05; Mistério em Saint-Tropez M14.
14h10, 16h45, 19h20, 21h35; Respect M14.
15h30, 18h30, 21h40; Falling - Um Homem
Só M14. 13h40, 16h20, 21h45; After: Depois
do Desencontro M14. 14h, 16h40, 19h,
21h35; Boss Baby: Negócios de Família M6.
13h30, 15h55, (V.Port./2D); Maligno M16.
14h05, 16h50, 19h25, 22h10; Shang-Chi e a
Lenda dos Dez Anéis M12. 13h15, 16h10,
19h10, 22h; Rock Dog - Há Festa no
Parque M6. 14h15, 16h35, 18h45 (V.
Port./2D); A Lenda do Cavaleiro
Verde 18h35, 21h30; The Sparks
Brothers 18h50; Má Sorte no Sexo ou
Porno Acidental M18. 18h40, 21h15; Valor
da Vida M12. 19h15, 21h20; Assalto à
Casa-Forte 13h35, 16h25, 19h05, 21h55
Odivelas
Cinemas Nos Odivelas Strada
C.C. Strada Shopping. T. 16996
Free Guy: Herói Improvável M12.
21h; Velocidade Furiosa 9 20h30; Patrulha
Pata 12h50, 15h15, 17h40 (V.Port./2D);
After: Depois do Desencontro M14.
21h20; Boss Baby: Negócios de Família M6.
13h30, 16h, 18h30 (V Port./2D); Maligno
M16. 13h, 15h30 ,18h40, 21h30; Shang-Chi e
a Lenda dos Dez Anéis M12. 14h, 17h, 20h40
; Rock Dog - Há Festa no Parque M6. 13h20,
15h45, 18h (V.Port./2D)
The Sparks Brothers
Oeiras
Cinemas Nos Oeiras Parque
C. C. Oeirashopping. T. 16996
Free Guy: Herói Improvável M12.
22h10; D’Artacão e os Três Moscãoteiros:
O Filme M6. 11h20, 14h, 16h30 (V.
Port./2D); O Esquadrão Suicida M16.
21h50; Patrulha Pata: O Filme 11h10, 13h,
15h, 17h15, 19h30 (V.Port./2D);
After: Depois do Desencontro M14. 13h10,
15h40, 18h10, 21h; Boss Baby: Negócios de
Família M6. 11h, 13h20, 16h, 18h45 (V.
Port./2D); Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 12h30, 15h15, 18h30, 21h40;
A Lenda do Cavaleiro Verde 14h20, 17h30,
21h20; Valor da Vida M12. 19h, 22h
Setúbal
Cinema City Alegro Setúbal
Centro Comercial Alegro Setúbal.
T. 265239853
Era Uma Vez M12. 15h20
(V.Port./2D); Candyman M16. 22h;
Free Guy: Herói Improvável M12.
21h40; D’Artacão e os Três Moscãoteiros:
O Filme M6. 15h25 (V.Port./2D); O
Esquadrão Suicida M16. 21h50; A
Protegida M16. 19h50; After: Depois do
Desencontro M14. 15h35, 17h35, 19h35,
21h35; Boss Baby: Negócios de Família M6.
15h35, 17h40, 19h45 (V.Port./2D)
; Maligno M16. 15h20, 17h30, 19h40,
21h55; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 15h50, 17h20, 18h30, 19h10,
21h30; Rock Dog - Há Festa no Parque M6.
15h30, 17h20 (V.Port./2D); Assalto à
Casa-Forte M12. 7h15, 19h30, 21h45
Seixal
Cineplace - Seixal
Qta. Nova do Rio Judeu.
After: Depois do Desencontro M14. 19h20,
21h45; Boss Baby: Negócios de Família M6.
16h40 (V.Port./2D); Maligno M16.
19h10; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 16h, 18h40, 21h30; Rock Dog -
Há Festa no Parque M6. 15h10, 17h10 (V.
Port./2D); Má Sorte no Sexo ou Porno
Acidental M18. 19h; Assalto à
Casa-Forte M12. 16h30, 21h20
Faro
Cinemas Nos Fórum Algarve
C. C. Fórum Algarve.
T. 289887212
Era Uma Vez M12. 10h55, 13h05
(V.Port./2D); Free Guy: Herói
Improvável M12. 20h, 22h30; Patrulha Pata:
O Filme 10h50 (V.Port./2D); Falling - Um
Homem Só M14. 12h30; After: Depois do
Desencontro M14. 13h25, 15h55, 18h15,
21h15; Boss Baby: Negócios de Família M6.
11h, 12h50, 15h15, 17h40 (V.Port./2D); Shang-
Chi e a Lenda dos Dez Anéis M12. 12h40,
15h40, 18h30, 21h30; A Lenda do Cavaleiro
Verde 15h25, 18h45, 21h45; The Sparks
Brothers 15h, 18h, 21h
Tavira
Cinemas Nos Tavira
R. Almirante Cândido dos Reis.
T. 16996
Free Guy: Herói Improvável M12.
21h10; Patrulha Pata: O Filme 13h
(V.Port./2D); After: Depois do
Desencontro M14. 12h40, 15h10, 18h10,
21h; Boss Baby: Negócios de Família M6.
12h50, 15h20, 18h (V.Port./2D); Maligno M16.
21h40; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 12h30, 15h30, 18h30,
21h30; Rock Dog - Há Festa no Parque M6.
13h10, 15h50, 18h20 (V.Port./2D); Assalto à
Casa-Forte M12. 15h40, 18h40, 21h20

Lazer
FESTIVAL
MIL — Lisbon International
Music Network
LISBOA Hub Criativo do Beato.
De 15/9 a 17/9. 25€ a 70€
Ausente em 2020, o festival que é
também uma convenção dedicada
ao universo da música regressa
com 50 concertos e cerca de 30
debates, conferências, oÆcinas e
masterclasses. Pelos cinco palcos
passam, entre outros artistas,
Acácia Maior, Dame Area, Eu.
Clides, Fado Bicha, Faux Real,
Gala Drop, Ladaniva, Marinho,
Murais, Orange Dream, Stereoboy
e Yndi, a par de oradores como o
investigador Andy C. Pratt, a
artista Linn da Quebrada, a
jornalista Liz Pelly ou Jonathan
Goodacre, da Audience Agency.
EXPOSIÇÃO
World Press Photo
OEIRAS Parque dos Poetas.
De 15/9 a 15/10. Todos os dias,
das 9h às 23h (a partir de 1 de
Outubro, 10h às 20h). Grátis
Quarenta e cinco fotógrafos de 28
países compõem o catálogo da
edição 2021, comissariada por
Marika Cukrowski. Entre eles, está
Mads Nissen, que arrecadou o
prémio de FotograÆa do Ano com
The First Embrace, e Antonio
Faccilongo, distinguido com
Habibi no segmento História do
Ano. A exposição estreia-se este
ano nos espaços ao ar livre e
mostra fotograÆas e histórias
marcadas pela pandemia, pela
justiça social, pela crise climática,
pelos direitos dos transgénero e
pelos conÇitos territoriais. À 64.ª
edição do maior prémio de
fotojornalismo do mundo
concorreram mais de quatro mil
fotógrafos, num total de mais de
74 mil imagens inscritas. Além da
visita, o público pode ainda
participar em rallies de fotograÆa,
orientados por fotógrafos de
renome (sábados, das 15h30 às
17h30, com inscrições no Templo
da Poesia).
MÚSICA
Pedro Sousa
LISBOA Galeria Zé dos Bois.
Dia 15/9 às 19h. 8€
Pedro Sousa apresenta Má Estrela,
projecto jazzístico concebido
“para dar vida a uma série de
ideias em torno do dub, do
psicadelismo e do ritual que há
muito o assombram”.
Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • 33
Guia
Jogos Jogue também online.
Palavras-cruzadas, Euromilhões 12 18 35 38 45 2 8
bridge e sudoku em
1.º Prémio 26.000.000€
publico.pt/jogos
Esta informação não dispensa a consulta da lista oficial de prémios
Cruzadas 11.464 Paulo Freixinho
palavrascruzadas@publico.pt
HORIZONTAIS: 1 - Já está operacional e tornou-se na 41ª estação do metro totalmente
acessível a pessoas com mobilidade reduzida. Telefonia sem fios. 2 - Sódio (s. q.). Hino. João
(...), ministro das Finanças. 3 - Interjeição brasileira que designa espanto, admiração ou
contentamento. Apetite sexual dos animais. 4 - Traiçoeira. 5 - Filtra. Unidade de trabalho
no sistema CGS. 6 - Grupo circular de ilhas de coral. Naquele lugar. Cálcio (s. q.). 7 - Seguir
até. Sistema de segurança que protegeu a cabeça de Lewis Hamilton no acidente com
Max Verstappen. Preposição designativa de substituição. 8 - Paixão exagerada pela música.
9 - País do Sudoeste Asiático cuja capital é Mascate. Vistas. Autores (abrev.). 10 - Sala
de Observação. Doutor (abrev.). Lugar de paragem (palavra inglesa). 11 - Zurrar. Verbal.
VERTICAIS: 1 - Espaço de 12 meses. Generoso (regional). 2 - Doutor da lei, entre os Judeus.
Os cinco dias deste festival açoriano mostraram que é oficial a ressurreição dos festivais.
3 - Recanto ou enseada na costa do mar. «A melhor (...) come-a a traça». 4 - Elemento
de formação de palavras que exprime a ideia de ovo. Esturjão. Preposição que designa
posse. 5 - Noção. Cabo onde se prendem os papa-figos e as velas para as segurar do lado
donde sopra o vento (Náut.). 6 - Orçamento do Estado. Fileiras. 7 - No Atlântico Norte, são
cada vez mais frequentes e deixam aves marinhas esfomeadas. 8 - Atilho. Esta ou estas
coisas. 9 - Divinização. Símbolo do Pascal. Sufixo (agente). 10 - Sadia. Brinquedo de criança
em forma de aro que se faz rodar com uma vara de metal. Agência Portuguesa do
Ambiente. 11 - Boca de um rio. Genica (fig.).
Solução do problema anterior
HORIZONTAIS: 1 - Turmas. Caos. 2 - Alou. Alarve. 3 - Bossa. Ungir. 4 - Ta. Aa. 5 - Ai. Chalupa.
6 - Turco. Ir. 7 - ID. Alqueva. 8 - Cru. Luzeiro. 9 - UE. Fie. Mar. 10 - Nylon. Soe. 11 - Xistro. OE.
VERTICAIS: 1 - Tabu. Ticuna. 2 - Ulo. Audrey. 3 - Rostir. LX. 4 - Musa. Ca. Foi. 5 - Collins. 6 - SA. Oh.
Que. 7 - Lu. Aduz. Sr. 8 - Canal. Ee. Oo. 9 - Argau. Vime. 10 - Ovi. Piara. 11 - Seroar. Orbe.
João Fanha © Alastair Chisholm 2008
Bridge bridgepublico@gmail.com Sudoku www.indigopuzzles.com
Dador: Norte acabaram por fazer apenas Problema 10.702 (Fácil)
Vul: NS um trunfo, dois paus, dois e uma
copa: dois cabides.
Embora tentador, na realidade, não
se deve correr o risco de fazer a
NORTE passagem, pois o contrato está
Ƅ 9854
Ɔ AQ4 praticamente sobre a mesa, desde
Ƈ AK43 que os naipes pobres se
ƅ 43 comportem normalmente.
OESTE ESTE
Ás de copas, Ás e Rei de ouros Solução 10.700
Ƅ AKJ6 Ƅ2 e Ás e Rei de paus à cabeça são
Ɔ 85 Ɔ KJ1097 para já cinco vazas a tirar.
Ƈ 1052 Ƈ QJ96 Um pau cortado e um ouro
ƅ Q975 ƅ J86
cortado são mais duas
SUL e já temos sete. Quando
Ƅ Q1073
Ɔ 632 apresentarmos um novo pau,
Ƈ 87 e de acordo com a distribuição das
ƅ AK102 cartas, a defesa não conseguirá
impedir-nos de vir a realizar uma
oitava vaza e o contrato.
Considere o seguinte leilão:
Oeste Norte Este Sul Oeste Norte Este Sul Problema 10.703 (Média)
1Ƈ passo 1Ƅ 1Ƅ passo 1ST
passo 2Ƅ Todos passam passo 2ƅ passo ?
Leilão: Qualquer forma O que marca com a seguinte
de Bridge. mão?
Carteio: Saída: 8Ɔ. Qual a melhor Ƅ42 ƆKJ942 Ƈ9542 ƅK2
linha de jogo?
Resposta: Marque duas Solução 10.701
Solução: Boa parte dos jogadores espadas. Duas copas pode
tentou a passagem a copas, muito bem ser o contrato certo,
jogando a Dama do morto. mas na realidade o seu parceiro irá
A continuação fora terrível: passar, mesmo tendo uma
Este fez o Rei de copas e jogou de só carta a copas, o que é
imediato o 2 de espadas, Oeste provável. O contrato de duas
pôde encaixar três trunfos e jogou espadas, por outro lado, é razoável,
ainda uma quarta volta de trunfo. pois temos no mínimo sete
Com isto, estes jogadores cartas em linha.
34 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021

Guia

CINEMA
da UNESCO em 2005 — tem uma

Televisão Os mais vistos da TV

Causa Justa
AXN Movies, 21h10
Em Causa Justa, Bobby Earl (Blair
Underwood) é acusado da morte
de uma menina e acaba por ser
condenado à cadeira eléctrica.
Oito anos depois do crime, Earl
pede ajuda a Paul Armstrong
(Sean Connery), um professor de
Direito em Harvard. Este Æca
empenhado em provar a inocência
de Earl e consegue descobrir
provas que não foram levadas em
conta no processo. Mas a polícia
local não parece muito interessada
em deixar escapar o seu assassino.
Na defesa do acusado, Armstrong
arrisca mesmo a sua vida.
Agatha e a Verdade do Crime
Fox Crime, 17h
Exactamente há 131 anos nascia
em Torquay, Inglaterra, a famosa
escritora e dramaturga Agatha
Christie. Para celebrar o
aniversário da rainha dos
romances criminais, o Fox Crime
dedica-lhe uma maratona de
teleÆlmes recentes que não só se
inspiram na sua vida e obra, como
fazem dela a protagonista. São
eles: Agatha e a Verdade do Crime,
que cruza o desaparecimento da
autora, em 1926, com o homicídio
de Florence Nightingale Shore;
Agatha e a Maldição de Ishtar
(18h40), que a coloca perante um
assassinato durante uma
escavação arqueológica no Iraque;
e Agatha e os Crimes da Meia-Noite
(20h20), em que o famoso
detective Hercule Poirot está em
vias de ser “eliminado” por
Christie.
RTP1
6.30 Bom Dia Portugal 10.00 Festa
das Vindimas 12.59 Jornal da Tarde
14.23 Os Nossos Dias 15.05 Festa das
Vindimas 17.30 Portugal em Directo
19.07 O Preço Certo
19.59 Telejornal
21.01 Chegar a Casa
21.50 Eleições Autárquicas
Lisboa 2021 - Debate
0.00 Tempo Fatal
1.00 Janela Indiscreta 1.48 Património
Mundial da UNESCO - A Cápsula do
Tempo 2.44 As Novas Viagens
Philosophicas
SIC
6.00 Edição da Manhã 8.35 Alô
Segunda-feira, 13
RTP1 9,1% das maiores populações de
ursos-pardos do mundo. Estes não
Jornal da Noite
% Aud. Share
SIC 13,1 25,3
RTP2 1,1 atacam Ose, mas este é
Amor, Amor SIC 12,7 24,8 SIC 19,9 aconselhado a devolver Rusha ao
seu estado natural, o que pode
TVI
Festa é Festa TVI 12,3 23,8
Jornal Das 8 TVI 11,3 21,7 18,8 sacriÆcar o seu sustento.
Cabo
Bem Me Quer TVI 11,0 23,2
34,2
FONTE: CAEM O Mundo do Super 8
RTP2, 23h40
Documentário sobre um dos
TVCINE TOP
RTP2 formatos cinematográÆcos
18.05 Tenet 19.45 Freaks 21.30 mais conhecidos e míticos,
7.00 Espaço Zig Zag 10.52 Joga Quem Sincrónico 23.15 Sweetheart 0.35 Os o formato super 8. Criado
Quizzer 11.15 Folha de Sala 11.20 Veterinários 2.10 Cadáver Exquisito3.40 pela Kodak em 1965, esteve
Hotéis Extraordinários: A Vida nos A Beast in Love em vias de desaparecer na década
Bastidores 12.14 Voz do Ouro 13.01 de 1990 devido ao aparecimento
Folha de Sala 13.06 Nada Será como da tecnologia de vídeo. Mas
Dante 13.33 Portugal Mais Perto 14.00 FOX MOVIES cineastas dedicados, dos mais
Sociedade Civil 15.01 A Fé dos 17.54 Django Mata 19.48 Django Não amadores ao proÆssionais,
Homens 15.32 Joga Quem Quizzer Espera... Mata 21.15 Angel - Livre e levaram a que este formato tenha
15.54 O Senhor dos Ursos de Selvagem 22.42 O Sete Selvagem 0.23 resistido. Este documentário de
Hokkaido 16.47 Espaço Zig Zag 20.28 Por Um Punhado de Dólares 2.01 Por Rémy Batteault explora e discute o
Folha de Sala 20.33 As Febres do Mais Alguns Dólares apego emocional a este formato.
Século 21.30 Jornal 2 22.01 Exit - Fina De Beaune a Cannes, passando
Finança 22.46 Folha de Sala por Cambridge, Paris ou
HOLLYWOOD Estrasburgo, Batteault fala com
18.00 Underworld: Guerras de Sangue quem não deixa que o cinema se
22.56 Impaciência do Coração 19.30 Quarto 21.30 Café Society 23.10 torne totalmente digital.
Vendetta 0.40 Sete Irmãs
Tempo Fatal
23.40 O Mundo do Super 8 RTP1, 0h00
AXN Série documental de oito
16.54 Morte Limpa 18.40 Investigação episódios que se foca no
0.37 Motorista Criminal 21.10 The Rookie 22.00 aumento dos tornados, que desde
para Todo o Serviço
iço Paranóia 23.52 Intuição Criminal 1.40 S. o interior de França ao dos EUA
W.A.T.: Força de Intervenção têm destruído paisagens e
assolado comunidades.
A tecnologia mais avançada
FOX permite que se faça um alerta
17.20 FBI 18.52 Chicago P.D. 20.31 atempado às populações em
1.24 Sociedade Civil 2.25 Euronews Magnum P.I. 22.15 Deception 23.03 FBI: perigo iminente, mas nem sempre
5.47 Água de Mar Most Wanted 23.58 Velozes e Furiosos evita os piores resultados.
1.50 FBI
Level Playing Field
TVI DISNEY CHANNEL
HBO, streaming
Uma série documental de quatro
6.05 Curious George 6.30 Diário da 17.15 Lab Rats 18.25 Gravity Falls 19.15 episódios que resulta de uma

DEBATE
Eleições Autárquicas Lisboa
2021 — Debate
RTP1, 21h50
É chegado o momento de dar
palco aos candidatos à Câmara
Municipal de Lisboa. De Fernando
Medina a João Ferreira, passando
por todos os candidatos, dá-se a
conhecer os projectos e ideias que
regem as candidaturas que se
apresentam a votos no próximo
dia 26 de Setembro.
Portugal 10.10 Casa Feliz 13.00
Primeiro Jornal 14.50 Linha Aberta
com Hernâni Carvalho 16.10 Júlia
18.15 Orgulho e Paixão 18.35 Viver a
Vida 19.00 Quem Quer Namorar com
o Agricultor?
19.57 Jornal da Noite
21.50 Amor Amor
22.35 A Serra
Manhã 7.00 Esta Manhã 10.15 Dois às
10 13.00 Jornal da Uma 14.45 A Única
Mulher 16.00 Goucha 18.00 Cristina
ComVida 19.15 Jornal das 8
20.00 Liga dos Campeões:
At. Madrid x FC Porto
21.45 Festa É Festa
22.30 Bem Me
Quer
Os Green na Cidade Grande 20.00 Casa
da Coruja 20.25 Lab Rats 21.10 Gravity
Falls 21.35 Miraculous - As Aventuras de
Ladybug 22.25 Sydney & Max
DISCOVERY
17.10 Alasca: A Última Fronteira 19.05
Aventura à Flor da Pele XL 21.00 Lone
Star Law 22.55 Bombeiros em Acção
0.40 Lone Star Law 2.15 Já Estavas
Avisado!
HISTÓRIA
16.47 De Volta À Idade Média 18.14
parceria entre a HBO Sports e a
Vox Media Studios. Level Playing
Field apresenta uma série de
histórias que explicam a forma
como as políticas públicas
contribuíram para as
desigualdades no campo
desportivo, bem como na
sociedade em geral. Inclui Æguras
como Elizabeth Williams da
WNBA, os senadores dos EUA
Cory Booker e Raphael Warnock,
o deputado Joaquin Castro e o
jornalista desportivo Jemele Hill,
entre outros.

DOCUMENTÁRIOS
O Senhor dos Ursos de
Hokkaido
RTP2, 15h54
Estreia de um documentário que
explora, ao longo de dez anos, a
relação de Hatsusaburo Ose, um
pescador de salmão de 84 anos em
Rusha, com os ursos que habitam
a península de Shiretoko, em
Hokkaido. A área — classiÆcada
como Património Natural Mundial
23.25 Quem Quer Namorar
com a Agricultora?
23.35 Tempo de Amar
0.20 Quem Quer Namorar `
com o Agricultor? 1.25 Golpe
de Sorte 2.20 Passadeira
Vermelha 3.00 Linha Aberta
com Hernâni Carvalho
Portugal Desconhecido 19.43 Notre
Dame: A Catedral Eterna 20.52 O
Inexplicável 22.15 Apocalipse dos
Impérios 23.59 Oak Island: Mais Além
23.15 Amar Demais 1.26 Forjado no Fogo
0.00 Big Brother ODISSEIA
17.45 O Veterinário de Yorkshire
18.31 Resgate na Praia 19.15 Sonhar
2.00 Taken: Os Primeiros Anos o Futuro 20.09 Irão desde o Ar
3.00 Circulatura do Quadrado 21.37 Espanha desde o Ar: A Sua
4.00 Fascínios História 2.03 Huang’s World
Schumacher
Netflix, streaming
Estreia de Schumacher, um
documentário co-realizado por
Hanns-Bruno Kammertöns,
Vanessa Nöcker e Michael Wech
sobre o piloto de Fórmula 1
alemão Michael Schumacher
— documentando a sua
proeminência neste desporto, a
sua lesão e a sua recuperação.
O Ælme coincide com o aniversário
da entrada de Schumacher na
Fórmula 1, há 30 anos.
 Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • 35

Guia

Meteorologia AUTÁRQUICAS
PORTUGAL PRÓXIMOS DIAS
Viana do Castelo
Bragança
Quinta-feira, 16
LISBOA
Sexta-feira, 17 Sábado, 18 2021
16 º
23º
22º
18º 26º 18º 26º 18º 26º
14º Conteúdo reservado a quem assina o PÚBLICO
Braga Junte-se a nós e apoie o bom jornalismo
24 º Índice UV Alto Índice UV Alto Índice UV Alto publico.pt/assinaturas
15 º Vila Real
21º Porto Vento Fraco Vento Fraco Vento Fraco
1,8m
22º Humidade 78% Humidade 75% Humidade 76%
23 º 14º
16º

Aveiro
15 º
24º
Viseu

14º
23 º
Guarda

12º
20º
MEDIDOR DE CO2
Mauna Loa, Havai
Partes por milhão
QUALIDADE DO AR
Portugal FICA PARA
Coimbra

16º
23º
(ppm) na atmosfera
Valores por semana

Semana de 5 Set. 413,36

Porto

Coimbra
Muito
Bom
Bom
O PRÓXIMO
Leiria

17º
23º
Castelo Branco

14º
23 º
Semana de 29 Ago. 413,22
Há um ano
Há dez anos
411,68
389,05
Lisboa

Évora
Médio

Fraco
(PRESIDENTE
Santarém
Portalegre
Nível de segurança
Nível pré-industrial
350
280
Faro Mau
DE CÂMARA)
SETE TEMAS
24 º
22º
16º
14º SOL Lisboa LUA Lisboa

PARA OITO LÍDERES

Lisboa 13 Set. 20h39
25 º 20 Set. 23h55
18º Évora
Setúbal 22º 29 Set. 01h57
26º 16º Nascente Poente Nascente Poente
17º 07h18 19h45 6 Out. 12h05 16h42 02h02** Da mobilidade à habitação, do turismo
*de amanhã
às alterações climáticas — perguntámos
Sines Beja EUROPA aos líderes dos partidos que visão têm
18º
23º 16 º
24º
Oslo
Estocolmo
Helsínquia
para o dia-a-dia de quem vive no país.
20º Talín

1,2m
Copenhaga
Riga
Saiba mais em
Vílnius publico.pt/autarquicas-2021
Dublin Berlim
Amesterdão
Londres Varsóvia
Sagres 23º
18º Bruxelas
22º Faro Praga
20º Paris
Viena Budapeste
21º Genebra
1,0m
Açores Milão

Corvo Roma
Istambul
Madrid
Flores Lisboa
Graciosa 23º
24º Atenas
22º 1,8m
São Jorge 23º
24º 18º
1,5m
Faial
Terceira TEMPERATURAS ºC
Pico
24º São Miguel
Min. Máx. Min. Máx.
24º 19º Amesterdão 14 20 Roma 18 30
1,0m Atenas 20 31 Viena 16 27
Ponta Delgada
Berlim 16 22 Bissau 24 31
Sta Maria Bruxelas 12 18 Buenos Aires 11 18
Madeira Bucareste 14 28 Cairo 24 32
Porto Santo Budapeste 17 30 Caracas 18 28
Copenhaga 14 19 Cid. do Cabo 11 15
Madeira
25º 26º 25º 25º Dublin 10 18 Cid. do México 15 25
20º 21º
0,5m 1,2m Estocolmo 8 14 Díli 23 32
Frankfurt 15 23 Hong Kong 28 33
Funchal Genebra 16 23 Jerusalém 21 27
Istambul 18 26 Los Angeles 15 26
MARÉS Preia-mar Baixa-mar *de amanhã Kiev 9 18 Luanda 22 26
Londres 13 20 Nova Deli 26 33
Leixões m Cascais m Faro m
Madrid 14 23 Nova Iorque 21 30
10h49 2,8 10h26 2,8 10h26 2,7 Milão 16 26 Pequim 19 26
17h22 1,2 17h02 1,4 16h54 1,3 Moscovo 7 11 Praia 25 30
Oslo 10 15 Rio de Janeiro 21 29
23h47 2,7 23h24 2,7 23h20 2,6 Paris 13 22 Riga 5 15
05h58 1,3 05h36 1,5 05h29 1,4 Praga 17 24 Singapura 26 32
Fontes: AccuWeather; Instituto Hidrográfico; QualAR/Agência Portuguesa do Ambiente; NOAA-ESRL
36 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021
Desporto Primeira
ira jornada da fase de grupos da Champions
Um empate com
nome de guarda-redes
O BenÄca sai de Kiev com um empate com muito drama
envolvido. Vlachodimos salvou a equipa duas vezes no último
minuto e ainda agradeceu ao VAR
Crónica de jogo
Diogo Cardoso Oliveira
Nem sim, nem não. O BenÆca saiu
ontem da Ucrânia com um empate
(0-0) frente ao Dínamo de Kiev que
nada hipoteca, mas também não é
especialmente encorajador nas con-
tas do grupo E. Com este resultado,
os “encarnados” — que somam três
quedas consecutivas na fase de gru-
pos desta prova — desperdiçam dar
desde já um passo em frente na luta
pelos oitavos-de-Ænal (o Barcelona
perdeu frente ao Bayern Munique)
e também na disputa de um acesso
à Liga Europa.
No Æm de contas, o BenÆca foi,
por um lado, a equipa que mais quis
vencer esta partida. Por outro, o
Dínamo foi quem teve as melhores
oportunidades. E se o que se passou
durante 91 minutos poderia dar ao
BenÆca um sabor a pouco, o que se
passou nos últimos dois minutos
criam uma tremenda sensação de
alívio para os “encarnados”.
Na antevisão da partida escreveu-se
que na última Champions, “o Dínamo
foi, entre as 32 equipas, a quarta com
menos posse de bola e a quinta com
menos remates por jogo, que mais
tempo passou no seu primeiro terço
Ch
Classificação
GRUPO E
Jornada 1
Dínamo Kiev-Benfica
Barcelona-Bayern Munique
J V E D
1. Bayern Munique
2. Dínamo Kiev
1 1 0 0 3-0
1 0 1 0 0-0
3. Benfica 1 0 1 0 0-0
4. Barcelona 1 0 0 1 0-3
Reacções
O Benfica fez um grande
jogo, mas não conseguiu
concretizar a qualidade
de jogo. Não foi falta
de eficácia, não criámos
foi grandes oportunidades
de golo, apesar da
qualidade que tivemosmos (,,,)
é importante ganhar, ar,
mas também é
importante não perderrder
Jorge Jesus
Treinador do Benfica
do campo e que menos tempo passou
no terço adversário”. Ontem, em
Kiev, a equipa ucraniana não mudou
um milímetro na postura que já tinha
tido na época anterior. O BenÆca teve
0-0
0-3
o domínio total do jogo, não necessa-
riamente por competência, mas por
M-S P
subjugação consentida por parte do
3
1
Dínamo, remetido a menos de meio
campo, num bloco médio-baixo.
1 Foi até curioso ver como na pri-
0 7
meira e única vez que o Dínamo
subiu a pressão e arriscou apertar a
construção “encarnada” o BenÆca
conseguiu colocar a bola entre sec-
tores, aproveitando a forma como o
Dínamo “esticou” o bloco — e é cla-
ramente uma equipa impreparada
para pressionar em bloco, motivo
pelo qual se expõe tão pouco.
O BenÆca, a construir a três (mais
Weigl e João Mário) pareceu até ter
demasiados jogadores numa primei-
ra fase de construção que não o
pedia. Paciente, foi rodando a bola
de um lado ao outro, mas o povoado
bloco ucraniano raramente se des-
posicionou e foi até Æcando
posicion
mais fechado
fe com o passar
dos minutos
mi — faltou ao Ben-
Æca al
alas que obrigassem a
defe
defesa adversária a alar-
gar, algo em que o 3x4x3
gar
é limitativo, pelo jogo
in
interior pedido aos
Frente a frente
Dinamo Kiev
Posse de bola
35%
Ataques
68
Remates
5 À baliza
5 Cantos
10 Faltas
8 F. Jogo
Fonte: Sport Data Api
avançados, quer pela falta de ape-
tência ofensiva de Gilberto.
Em matéria de oportunidades de
golo houve um remate ao lado de
Rafa, aos 3’, uma grande defesa de
Vlachodimos num livre-directo, aos
10’, e um remate de Yaremchuk, aos
41’. De resto foi, em geral, uma pri-
meira parte de paciência e incapaci-
dade de furar o bloco.
Mal começou a segunda parte o
BenÆca pareceu vir com indicações
claras: logo aos 46’, Grimaldo expe-
rimentou uma incursão em largura,
SERGEY DOLZHENKO/EPA
obrigando o bloco adversário a abrir
espaços. Terminou com remate infe-
SL Benfica liz de Everton.
Aos 54’, um lance confuso na área
a bola Æcou à frente de Yaremchuk,
65% que rematou para defesa de Boyko.
Era a melhor oportunidade do jogo,
saída de uma dinâmica interessante:
169 Grimaldo começou a pedir a bola por
dentro, quase como médio-interior,
dando o corredor a Everton. E houve
12
alguma confusão criada nos ucrania-
4 nos. Esta necessidade de largura sedu-
ziu Jorge Jesus a lançar Radonjic e
3 Lázaro, além de Darwin, procurando
claramente dar velocidade, vertigem
12
(que Everton e Gilberto não dão, pelo
0 jogo sempre pausado) e a tal largura.
As mexidas, com aparente nexo
no plano teórico, acabaram por
PÚBLICO
“matar” o BenÆca, que se tornou
ainda menos fulgurante do que já
estava a ser. Viram-se vários minu-
tos de quase nada, em Kiev, com
Jesus a não querer abdicar dos três
centrais que há vários minutos pare-
ciam algo redundantes, perante o
pouco Dínamo que havia.
E quando já nada se esperava des-
te jogo, o Dínamo enviou uma bola à
trave e, na recarga, Vlachodimos sal-
vou. Logo a seguir, salvou de novo.
Salvou e foi salvo — pelo VAR, que
ainda anulou um golo ao Dínamo,
por fora-de-jogo.
 Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • 37

Circulação Condicionada | A25

Concessão Beiras Litoral e Alta

Estamos a trabalhar para melhorar a infraestrutura

Para melhorarmos as condições de circulação na A25, realizaremos uma intervenção de
beneficiação do pavimento entre o Nó de Reigoso e o Nó Boa Aldeia Nascente e implicará
alguns cortes de tráfego.
Dínamo Kiev 0 Outros jogos da noite Os cortes de tráfego vão decorrer entre os dias 16 a 17 de Setembro, das 21h às 07h (1
noite) nos seguintes acessos do Nó de Cambarinho, no sentido Viseu-Aveiro:
Ronaldo marca, iguala recorde • Via de saída da A25 para Cambarinho, sentido Viseu-Aveiro;
Os condicionamentos e desvios estarão devidamente assinalados no local.
mas não evita derrota Pedimos a sua compreensão para os transtornos causados
Recomendamos que parta com maior antecedência e que circule com maior precaução
Benfica 0
no arranque da Champions para chegar ao seu destino em segurança. Para mais informações ligue 229 767 767 (24H)
ou consulte www.ascendi.pt. Ascendi Beiras Litoral e Alta, Auto-Estradas das Beiras Litoral e Alta, S.A.

Jogo no Estádio NSC Olimpiyskyi, em Contratação de Pessoal Docente

Kiev.
Assistência Não disponível.
Dínamo Kiev Boyko; Kedziora,
Zabarnyl a72’, Syrota e Mikolenko;
Tsigankov (Karavaev, 75’), Sydorchuk
a52’, Shaparenko e De Pena (Verbic,
75’); Buyalskiy e Shkurin (Harmash, 60’
a82’). Treinador Mircea Lucescu.
Benfica Vlachodimos; Otamendi,
Vertonghen e Morato; Gilberto
(Lazaro, 58’), Weigl a71’, João Mário
(Taarabt, 86’) e Grimaldo; Everton
(Radonjic, 58’), Rafa a21’ (Pizzi, 90’),
Yaremchuk a44’ (Darwin, 59’).
Treinador Jorge Jesus.
Árbitro Anthony Taylor (Inglaterra)
VAR Chris Kavanagh (Inglaterra)
Positivo/Negativo
Vlachodimos
Uma vez mais, foi herói no
Benfica. Três defesas
importantes, duas delas
na ponta final do jogo.
Salvou o Benfica de uma
derrota.
Rafa
Foi perdendo gás durante a
partida, mas, enquanto
esteve fresco, foi o melhor
jogador de uma equipa que
viveu muito de raides
individuais — e é isso que
Rafa melhor faz.
Weigl
Bom jogo do médio
alemão. Controlou o seu
espaço e deu muita
qualidade à circulação.
Shaparenko
Parece ser jogador a mais
para uma equipa que quer
jogar tão pouco. Muito
talento à solta, mesmo num
jogo em que foi difícil
atacar.
Dínamo
É certo que estiveram perto
de vencer o jogo, mas foi
muito pouco futebol para
um campeão ucraniano.
Everton
Não só não acrescenta
nada ao jogo do Benfica
como em certos jogos até
parece prejudicar. Voltou a
afunilar o jogo e travar
algumas saídas rápidas
com a excessiva tendência
para temporizar.
Inês Ribeiro
A edição 2021/22 da Liga dos Cam-
peões não começou da melhor for-
ma para a comitiva portuguesa do
Manchester United. Ontem, a for-
mação de Solskjær protagonizou a
grande surpresa da jornada e per-
deu por 2-1 no terreno do Young
Boys, num jogo a contar para o gru-
po F e no qual Cristiano Ronaldo
marcou e atingiu mais um recorde
na carreira.
Ainda antes do apito para o início
da partida, já se sabia que Cristiano
Ronaldo ia a caminho de mais um
recorde. Com a presença no “onze”
inicial no jogo de ontem, o internacio-
nal português tornou-se no futebolis-
ta com mais jogos na história da Liga Cristiano Ronaldo
dos Campeões, igualando o ex-guar-
da-redes Iker Casillas, com 177 parti-
das na prova. Ronaldo soma, assim, Classificações
mais uma marca histórica na Cham-
pions, depois de já ser o jogador com GRUPO F
mais títulos e com mais golos marca- Jornada 1
dos na competição. Young Boys-Manchester United
Villarreal-Atalanta
Do lado dos “red devils”, Diogo
J V E D M-S P
Dalot Æcou no banco (entrou mais
tarde) e Cristiano Ronaldo e Bruno 1. Young Boys 1 1 0 0 2-1
Fernandes alinharam de início e foram 2. Atalanta 1 0 1 0 2-2
os “construtores” do primeiro golo da 3. Villarreal 1 0 1 0 2-2
4. Man. United 1 0 0 1 1-2
Champions 2021/22. Bruno Fernandes
fez a assistência para Ronaldo que, ao
GRUPO G
segundo poste, fez o 1-0 aos 13 minu- Jornada 1
tos, com carimbo 100% português. Sevilha-Salzburgo
Ronaldo voltou a tentar ainda no Lille-Wolfsburgo
primeiro tempo e antes de ser subs- J V E D M-S P
tituído mas o Young Boys apresen- 1. Salzburgo 1 0 1 0 1-1
tou-se destemido e reagiu bem ao 2. Sevilha 1 0 1 0 1-1
golo e ao facto de os “red devils” 3. Lille 1 0 1 0 0-0
terem Æcado em inferioridade numé-
4. Wolfsburgo 1 0 1 0 0-0
rica a dez minutos do intervalo a
(expulsão de Aaron Wan-Bissaka). GRUPO H
Jornada 1
No segundo tempo e a jogar com Malmo-Juventus
mais uma unidade, os suíços domina-
Chelsea-Zenit
ram a posse de bola e deram a volta J V E D M-S P
ao resultado: aos 66’ Moumi Ngama-
1. Juventus 1 1 0 0 3-0
leu empatou e aos 90+5’ Jordan Sie-
2. Chelsea 1 1 0 0 1-0
batcheu consumou a reviravolta.
3. Zenit 1 0 0 1 0-1
No jogo grande da noite, Barcelo-
4. Malmo 1 0 0 1 0-3
na e Bayern Munique, adversários
do BenÆca no Grupo E, defronta-
ram-se na Catalunha. E o Bayern não dowski marcou o primeiro dos seus
deu hipóteses, perante um “Barça”
que não fez um remate à baliza
dois golos na partida, Æxando o
resultado Ænal.
adversária. Já o Bayern foi sempre a No Grupo H, o campeão em título
equipa que esteve mais perto de Chelsea venceu o Zenit por 1-0. As
inaugurar o marcador e, pouco ocasiões Çagrantes de golo só surgi-
depois da primeira meia hora de ram no segundo tempo e foram para
jogo, Thomas Muller desfez a igual- o Chelsea, que quebrou o enguiço
dade, com um remate que acaba aos 69’, com Azpilicueta a fazer uma
desviado e traiu Ter Stegen. assistência para Lukaku, que con-
Depois de mais algumas ocasiões cluiu com um cabeceamento vito-
esbanjadas pelos alemães no início rioso. Nota ainda para o triunfo da
do segundo tempo e que incluíram Juventus que vinha de uma derrota
um remate ao poste direito da baliza na Liga italiana, mas que goleou o
do guarda-redes do “Barça, Lewan- Malmo na Suécia por 3-0.
(M/F)
Ref.ª CD-CTTI-153-SGRH/2021 - Doutor Paulo Jorge dos Santos Gonçalves Ferreira,
Professor Catedrático e Reitor da Universidade de Aveiro, faz saber que, pelo prazo
de trinta dias úteis contados do dia útil imediato àquele em que o presente anúncio
for publicitado, se encontra aberto concurso documental, de âmbito internacional,
para recrutamento de 1 (um) posto de trabalho de Professor Auxiliar, para a área
disciplinar de Engenharia Mecânica, subárea de Tecnologia Mecânica, para o
Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Aveiro, em regime de
contrato de trabalho por tempo indeterminado, ao abrigo do Código do Trabalho e
do Regulamento sobre Regime das carreiras próprias do pessoal docente em regime
de direito privado da Universidade de Aveiro e respetiva contratação (Regulamento
n.º 384/2014, de 26 de agosto).
2 - O requerimento de candidatura deverá ser elaborado nos termos do edital antes
referido, publicitado no seguinte endereço eletrónico: https://www.ua.pt/pt/sgrh/
pessoal-docente-novos-concursos-e-ofertas.
3 - O prazo de candidaturas é de 30 dias úteis, contados a partir da data da
publicação do presente anúncio.
Aveiro, em 08 de julho de 2021
O Reitor, Prof. Doutor Paulo Jorge dos Santos Gonçalves Ferreira
2-1 Para os devidos efeitos e em cumprimento do disposto no
2-2
n.º 2 do artigo 21.º da Lei n.º 2/2004, de 15 janeiro, na
sua redação atual, faz-se público que, por deliberação da
3 Comissão Instaladora de 29 de junho de 2021, o INSTITUTO
1
NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO, I.P., vai proceder à
1
0
abertura, pelo prazo de 10 (DEZ) DIAS ÚTEIS contados
a partir da data de publicitação na Bolsa de Emprego
Público (www.bep.gov.pt), procedimento concursal
1-1 tendentes ao provimento de titular do cargo de DIRETOR
0-0 (A) DE SERVIÇOS DE SERVIÇOS DE FORMAÇÃO E
QUALIFICAÇÃO cargo de direção intermédia de 1.º grau,
1 e de titular do cargo de DIRETOR (A) DE SERVIÇOS DE
1 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS, FINANCEIROS E
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38 • Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021
Desporto Primeira jornada da fase de grupos da Champions
Grupo C
Quase quatro anos depois, Sporting volta
à Champions em duelo de “irmãos”
Diogo Cardoso Oliveira
Os “leões” recebem hoje
o Ajax, no Estádio José
Alvalade, na estreia
da Liga dos Campeões
desta temporada
22 de Novembro de 2017 foi o dia em
que o hino da Liga dos Campeões
tocou pela última vez no Estádio José
Alvalade num jogo da fase de grupos
da prova. Quase quatro anos depois,
o Sporting é, novamente, equipa de
Champions. Os “leões” recebem hoje
(20h, Eleven Sports) o Ajax, em Alva-
lade, na estreia no grupo C. Este é um
jogo entre “irmãos”, já que Sporting
e Ajax partilham muitas característi-
cas comuns. À cabeça, são ambos
conhecidos por serem clubes essen-
cialmente formadores.
Não só não têm pudor em apostar
nos jovens formados nas respectivas
academias — e os actuais plantéis
comprovam-no — como formaram
muitos dos principais jogadores
locais: Luís Figo, Cristiano Ronaldo
ou Paulo Futre, em Portugal, Johan
Cruyè, Dennis Bergkamp ou Marco
van Basten, nos Países Baixos.
Depois, são crónicos candidatos ao
título nos campeonatos internos e
dividem esse favoritismo com mais
dois rivais: FC Porto, BenÆca, PSV e
Feyenoord. São ainda equipas das
capitais e, futebolisticamente, têm
um palmarés algo limitado em provas
europeias neste milénio — ambas tive-
ram glória no século XX, mas ainda a
procuram no novo século.
Rúben Amorim, treinador do Spor-
ting, apontou na antevisão da partida
que as semelhanças e diferenças entre
os clubes. “São dois clubes com a
mesma ÆlosoÆa, conhecidos por for-
marem jogadores. Mas são clubes em
momentos diferentes. Basta olhar
para o investimento e experiência do
Ajax. Ainda há pouco tempo estive-
ram na Ænal da Champions. Está num
momento diferente e nós temos de
passar vários mercados e formar
vários jogadores para chegarmos a
esse patamar”, disse o técnico.
Além das semelhanças históricas e
estratégicas, estas são duas forma-
ções com perÆs futebolísticos tam-
bém semelhantes. Entre 32 equipas
na Champions 2020/21, o Ajax foi a
sétima com maior percentagem de
posse de bola. No entanto, num dado
raro para este tipo de equipa, foi a
quinta com mais passes longos reali-
zados.
Estes dados indicam que, tal como
o Sporting, o Ajax é uma equipa que
O Sporting preparou ontem, em
Alcochete, o jogo de hoje contra
o Ajax. Coates, à direita na
imagem, não poderá jogar por
estar a cumprir castigo
São dois clubes
com a mesma filosofia,
conhecidos por formarem
jogadores. Mas são clubes
em momentos diferentes.
Basta olhar para
o investimento do Ajax,
que ainda há pouco tempo
esteve na final
da Champions
Rúben Amorim
Treinador do Sporting
gosta de construir desde trás e não
tem problema em ter a bola, mas que
explora o espaço e a profundidade
assim que tem essa possibilidade.
Rúben Amorim lembrou precisamen-
te que o Ajax “é uma equipa que tem
sempre a bola” e que o Sporting “terá
de contrariar isso”.
No caso do Ajax, há ainda dois
dados que podem adoçar o apetite
“leonino”: foram a sexta equipa com
pior percentagem de passe na última
Champions — e sabe-se o quanto o
Sporting castiga os adversários na
transição após recuperação — e foram
a quarta mais faltosa — os “leões” têm
várias armas para as bolas paradas.
O Sporting parte para este jogo com
ausências de peso, nomeadamente
Pedro Gonçalves e Coates. “Um foi o
melhor marcador do último campeo-
nato, o outro foi o melhor jogador, é
o líder e um dos nossos jogadores
mais experientes na Europa. Tem um
impacto grande a falta do Coates”,
reconheceu Amorim.
Mas não há, ainda assim, uma equi-
pa totalmente virgem nestas andan-
ças. Sendo certo que jogadores como
Paulinho, Jovane, Nuno Santos ou
Inácio nunca jogaram no maior palco
do futebol mundial, o Sporting tem a
experiência de Neto ou mesmo do
recém-contratado Sarabia, ambos
com tarimba na Champions. Há ainda
RUI MINDERICO/LUSA
o caso curioso de Adán, que já esteve
na Æcha de jogo em seis edições da
prova, mas conta apenas com quatro
jogos realizados.
Do lado contrário, o Ajax conta
com Dusan Tadic e Daley Blind como
principais vozes da experiência. Tem,
depois, muito talento jovem como
Gravenberch ou Alvarez, no meio-
campo, ou os brasileiros David Neres
e Antony, responsáveis por agitar o
jogo a partir das alas.
Há, por Æm, um jogador de perÆl
diferente do que o Ajax tem tido no
ataque. Depois de alguns anos de
jogadores móveis, o clube neerlandês
tem, agora, um ponta-de-lança com
essas mesmas valências, mas também
com capacidade de lutar entre os cen-
trais. Depois de ser um flop em Ingla-
terra, Sebastien Haller juntou-se ao
Ajax apenas em Janeiro da época pas-
sada, mas a tempo de somar 13 golos
e oito assistências. Nesta temporada,
leva quatro golos em cinco jogos.
Em suma, o Ajax tem talento na
criação (Blind, Gravenberch e Tadic),
capacidade no desequilíbrio (Antony,
Berghuis e Neres) e alguém m para
Ænalizar (Haller). Dono de e uma
zona defensiva sempre coesa sa — e
confortável a jogar em bloco
baixo —, o Sporting tem, em
o se é que era preciso, a
teoria, argumentos para
suster os neerlandeses.
O “baby Pogba” do
meio-campo do Ajax
D
aley Blind na defesa, Davy
Klaassen no meio, Dusan
Tadic na ala e
Sebastien Haller na
frente. A equipa do Ajax tem
valores de renome em todas as
tarefas — e ainda sobram
craques como Antony, Neres
ou Berghuis, mas a grande
figura da equipa para os
próximos anos poderá ser o
jovem Ryan Gravenberch... se
não for “caçado” entretanto
por um “tubarão” europeu.
Já internacional holandês,
Gravenberch esteve no Euro
2020 e é uma questão de
tempo até o gigante médio de
19 anos dar o passo seguinte.
Alto e de passada larga,
Gravenberch é uma garantia
de qualidade na construção de
jogo, na progressão em
condução, na definição e até a
surgir em zonas de finalização.
Defensivamente, usa os 190
centímetros para se impor
fisicamente, emprestando
também muita intensidade.
Podendo actuar como 6, 8
ou 10, Gravenberch faz girar
todo o futebol do Ajax e, pela
combinação de técnica e
poder físico, não escapa às
comparações com Paul Pogba.
E para que não restem dúvidas:
já é representado por… Mino
Raiola.
Como curiosidade,
o Guardian conta que, nas
camadas jovens, o médio via o
irmão comer batatas fritas nas
bancadas e pedia para comer
também, além de ter chegado
a pedir uns calções limpos, em
pleno jogo, depois de sujar os
que tinha vestidos.
Gravenberch é, hoje, um
jogador bastante mais focado
do que já foi.
Depois de ter superado
Clarence Seedorf como
jogador mais jovem a actuar
pelo Ajax na Liga dos Países
Baixos (16 anos e 130 dias), o
médio é, por estes dias, um
jogad
jogador que deverá render
muit
muitos milhões de euros ao
club
clube e ajudar a assinalar,
qualidade da
academia do Ajax.

Grupo B
Atl. Madrid-FC Porto ou o futebol
com uma faca entre os dentes
Jorge Miguel Matias
Os portistas iniciam a sua
participação na fase
de grupos da Champions
frente aos campeões
espanhóis
São dois treinadores temperamen-
tais e as suas equipas têm um pouco
deste traço de personalidade de
ambos os técnicos. Tanto o FC Porto
de Sérgio Conceição, como o Atléti-
co de Madrid de Diego Simeone
jogam um futebol aguerrido, de
muita intensidade, em que a pres-
são sobre o adversário é uma máxi-
ma a levar para o relvado sempre. É
esta forma de jogar, com “uma faca
entre os dentes”, que vai estar em
campo hoje (20h, TVI), quando os
“colchoneros” receberem os “dra-
gões” no jogo inaugural de ambos
na fase de grupos da edição deste
ano da Liga dos Campeões.
Esta agressividade futebolística
tem, contudo, consequências. O
Atlético de Madrid é mesmo, nos
dias que correm, a equipa com mais
cartões (amarelos e vermelhos) vis-
tos na Liga espanhola. Com quatro
jornadas disputadas, a formação
orientada por Simeone já foi
admoestada com 16 cartões amare-
los e um vermelho — números seme-
lhantes aos do FC Porto, que em
cinco rondas da Liga portuguesa viu
13 amarelos e também um verme-
lho. Hoje se verá até onde esta
matriz guerreira inÇuenciará o fute-
bol que será exibido em Madrid.
Simeone conhece Conceição dos
tempos em que ambos partilharam
o balneário enquanto jogadores da
Lazio. E sabe o que espera o Atlético
de Madrid. “[O Sérgio] Está a dar
personalidade ao clube nestes anos
no comando e não espero outra coi-
sa do que vi na I Liga portuguesa e
nas competições europeias: inten-
sidade, muita agressividade, pres-
são no meio-campo adversário e
velocidade no seu jogo”, explicou o
técnico argentino.
Uma radiograÆa que é partilhada,
mas no sentido inverso, por Sérgio
Conceição. “São equipas com dinâ-
micas diferentes com e sem bola,
mas com o princípio base de serem
ambiciosas, determinadas, não
viram a cara à luta e que pensam
que cada lance pode ser decisivo no
Ænal do jogo”, começou por analisar
Conceição, que considerou o FC
Porto como “mais pressionante na
organização defensiva”, enquanto
o Atlético de Madrid “é mais pacien-
Treino do FC Porto no
Olival antes da viagem da
comitiva “azul e branca”
para Madrid
te na recuperação da bola”. No
entanto, acrescentou: “São extre-
mamente perigosos no ataque. A
nível de organização, em bloco
médio-baixo, são mais pacientes.”
Num grupo B composto ainda por
Milan e Liverpool, é fácil de perce-
Ángel Correa, o homem dos golos decisivos
O
Atlético de Madrid entrou na
temporada 2021/2022 da
Liga espanhola com
vontade de revalidar o título
de campeão espanhol — está em
terceiro lugar em igualdade
pontual com o Real Madrid e
Valência (10 pontos) e soma três
vitórias e um empate em quatro
encontros. Mas agora ra é tempo
de olhar para a Liga dos
Campeões e tentar fazer
dição
melhor do que na edição
passada (não foi alémm dos
je, a
oitavos-de-final). Hoje,
formação de Diego
Simeone recebe o FC C
Porto no Wanda
ber que todos os pontos contarão.
Por isso é tão importante o duelo de
Madrid. Quem perder Æcará desde
logo em desvantagem numa compe-
tição em que se antevê muito equi-
líbrio. E Conceição lembra ainda
outros factores que podem fazer a
diferença.
“O FC Porto esteve numa Ænal da
Liga dos Campeões em 2004 e des-
de então os outros três estiveram,
cada um, duas vezes em Ænais. Isso
mostra o poderio e peso histórico
Metropolitano, em jogo do grupo
B da Champions. E neste
arranque de temporada positivo
dos “colchoneros” há um nome
que tem sido preponderante:
Ángel Correa, que em Julho já
havia vencido a Copa América ao
serviço da Argentina.
Logo no arranque da Liga
espanhol o extremo de 26 anos
espanhola,
“salvou” a equipa orientada por
Diego Simeone de perder
ponto com um “bis” diante
pontos
do Ce
Celta de Vigo (2-1).
Na jornada 2, Correa voltou
a ser d
decisivo e deu, mais
um
uma vez, a vitória ao
Atlético na recepção
Público • Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021 • 39
FERNANDO VELUDO/LUSA
O FC Porto esteve numa
final em 2004 e os outros
adversários, duas vezes,
cada um
Sérgio Conceição
Treinador do FC Porto
ao Elche (1-0). E destaque ainda
para a assistência a Suárez no
jogo diante do Villarreal que
acabou empatado 2-2.
Feitas as contas, Ángel Correa
é o melhor marcador dos
“colchoneros” e está
actualmente no quarto lugar do
top de melhores marcadores da
Liga do país vizinho.
Contudo, com o regresso de
Antoine Griezmann ao Atlético
de Madrid no último mercado de
transferências, Ángel Correa
acabou por mudar de posição
(até então ocupava o lugar atrás
de Luis Suárez, tendo sido
deslocado para a direita) onde
destes clubes. Espero que apesar da
diferença e de poderio Ænanceiro
consigamos contrapor com a nossa
ambição e determinação de ven-
cer”, aÆrmou o técnico dos “azuis e
brancos”.
Esta reÇexão de Conceição está
bem espelhada nas contratações
que ambos os clubes Æzeram para
esta temporada. O Atlético gastou
75 milhões de euros no mercado de
Verão, tendo tido capacidade para
resgatar, por exemplo, Antoine
Griezmann ao Barcelona, enquanto
o FC Porto Æcou-se pelos 24 milhões
de euros, sendo que a contratação
mais dispendiosa para os cofres do
Dragão — Pepê — ainda não foi utili-
zado a titular.
Certo é que as duas equipas che-
gam a este embate numa situação
muito idêntica. Se na Liga espanho-
la o Atlético de Madrid ocupa o ter-
ceiro lugar, somando três triunfos e
um empate nas quatro jornadas já
disputadas, na Liga portuguesa o FC
Porto também é terceiro classiÆca-
do, fruto de três triunfos e duas
igualdades, dado que por cá já se
realizou mais uma ronda da prova
nacional. A diferença é que os
homens de Simeone são terceiros
mas com os mesmos pontos do pri-
meiro, enquanto a equipa de Con-
ceição está a quatro pontos do
líder.
No Atlético, o central montenegri-
no Stefan Savic estará ausente, por
castigo. Já no FC Porto, a única “bai-
xa” é a do guarda-redes argentino
Marchesín, ainda a recuperar de
intervenção cirúrgica ao joelho
direito.
acaba por não ter tanta influência
no jogo.
“Ganhar a Liga dos Campeões
é a ambição que todos nós
temos”, afirmou o argentino de
26 anos em entrevista à agência
noticiosa espanhola EFE. Resta
saber se o Atlético de Madrid,
considerada a equipa espanhola
mais forte em competição na
Liga dos Campeões (reforçou-se
com bons jogadores e não
perdeu nenhum nome de peso)
vai conseguir levar o troféu para
Espanha, algo que já não
acontece desde 2018, e se este
vai ser “o ano” de Ángel Correa.
Inês Ribeiro
Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021

O seu jornal
não acaba aqui.
Continue para
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“POIS, CÁ ESTAMOS.”
No regresso à rotina, há rotinas que não têm de regressar.
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Quase dois terços dos jovens portugueses acreditam

que o mundo está condenado, afirma estudo
Diana Baptista Vicente
Estudo feito em dez países
“sugere que elevados níveis
de angústia psicológica nos
jovens estão ligados à
inércia dos governos”
Oito em cada dez jovens portugueses
acreditam que “o futuro é assusta-
dor” por causa das alterações climá-
ticas. E mais de dois terços acreditam
que o Governo está a falhar na res-
posta à crise climática (apenas atrás
dos jovens do Brasil). Os resultados
fazem parte de um estudo cientíÆco
com base em inquéritos a jovens de
dez países e que revelou que, dos
países desenvolvidos analisados, os
portugueses são os que demonstram
maior preocupação com a crise
ambiental.
O estudo divulgado ontem ilustra
o profundo nível de preocupação que
os jovens entre os 16 e os 25 anos sen-
tem em relação às alterações climáti-
cas, com um impacto na forma como
olham para o futuro — e os jovens por-
tugueses são os mais preocupados.
Quase dois terços dos jovens por-
tugueses (62%) acreditam que a
humanidade está condenada, apenas
abaixo dos jovens da Índia (74%) das
Filipinas (73%) e do Brasil (67%). E
quase nove em dez aÆrmam que as
pessoas falharam na protecção do
planeta.
Mais de metade dos portugueses
questionados (54%) acredita ter
menos oportunidades do que os pais
e 37% estão reticentes em ter Ælhos
devido à crise climática. Diz Luisa
Neubauer, activista de 25 anos e uma
das organizadoras do movimento
climático estudantil na Alemanha: “É
uma questão simples, mas diz tanto
sobre a realidade climática onde
vivemos.”
Segundo o estudo, em geral, qua-
se seis em cada dez jovens estão
muito ou extremamente preocupa-
dos com a crise climática. Um núme-
ro semelhante considera que os
governos não estão a proteger os
jovens, o planeta, nem as gerações
futuras, sentindo-se traídos pelas
gerações mais antigas e pelos gover-
nos. Neste campo, Portugal é o ter-
ceiro país (62%) a sentir que o Gover-
no está a trair esta geração e as pró-
ximas, depois do Brasil (77%) e da
Índia (66%).
Ao mesmo tempo, 65% dos portu-
gueses inquiridos sentem que o
Governo está a ignorar a angústia das
pessoas em relação às alterações cli-
máticas.
No total, os autores do estudo refe-
rem que os níveis de ansiedade pare-
MIGUEL MANSO
Mais de dois terços dos jovens cem ser superiores nos países onde
portugueses inquiridos acham as políticas ambientais são conside-
que o Governo está a falhar radas menos robustas, com maior
preocupação no hemisfério sul.
Os activistas ambientais aÆrmam
que a preocupação e ansiedade liga-
das às alterações climáticas afectam
grande parte da população jovem.
Mais de metade Mitzi Tan, Ælipino de 23 anos, disse
dos inquiridos que cresceu com o medo de se “afo-
gar” no seu quarto.
acredita Para o estudo, Ænanciado pelo gru-
que tem menos po de pesquisa e mobilização Avaaz,
Æzeram-se inquéritos com jovens de
oportunidades Portugal, Austrália, Brasil, Finlândia,
do que os pais França, Filipinas, Estados Unidos,
Índia, Nigéria e Reino Unido. Pré-pu-
blicado na Lancet e ainda à espera de
revisão pelos pares, o estudo foi con-
duzido e analisado por sete institui-
ções académicas da Europa e EUA,
incluindo a Universidade de Bath e o
Oxford Health NHS Foundation Trust.
É considerado o maior estudo cientí-
Æco feito até à data sobre a ansiedade
climática e os jovens.
Os autores da investigação indicam
que o stress crónico ligado às altera-
ções climáticas está a aumentar o
risco de desenvolver problemas men-
tais e físicos. E, se os eventos climáti-
cos extremos se intensiÆcarem, vão
ser acompanhados por impactos na
saúde mental. Os jovens são especial-
mente afectados, uma vez que estão
em processo de desenvolvimento
psicológico, físico e social.
Caroline Hickman, da Universidade
de Bath e co-autora do estudo, disse
que a análise “ilustra a terrível ansie-
dade climática difundida nas nossas
crianças e jovens” e “sugere pela pri-
meira vez que elevados níveis de
angústia psicológica nos nossos
jovens estão ligados à inércia dos
governos”, continuou.
Tom Burke, do think tank E3G, aÆr-
mou à BBC que “é lógico que os jovens
estejam ansiosos”, porque “estão a
ver a evolução [das alterações climá-
ticas] diante dos próprios olhos”.

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