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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Assim o Estado pode ser definido como o exercício de Isto porque quando se fala das Formas de Estado,
um poder político, administrativo e jurídico, exercido observa-se que ele pode assumir a forma de unitário
dentro de um determinado território, e imposto para (onde o poder político-administrativo é centralizado em
aqueles indivíduos que ali habitam. um único ente) ou composto, como é o caso do Estado
brasileiro (onde há a presença de diversos entes que
exercem, dentro de limitações territoriais, sua
Os elementos que caracterizam o Estado são: autonomia. Os Estados compostos podem ser
classificados em: Uniões Reais, Uniões Pessoais,
- População: entende-se pela reunião de indivíduos num Federações e Confederações).
determinado local, submetidos a um poder central. O
Estado vai controlar essas pessoas, visando, através do A maneira pela qual o poder é exercido dentro de um
Direito, o bem comum. A população pode ser Estado indica a Forma de Governo por ele adotada.
classificada como nação, quando os indivíduos que Assim, temos como formas de governo: a República e a
habitam o mesmo território possuem como elementos Monarquia. Na República, as principais características
comuns a cultura, língua, a religião e sentem que há, são a eletividade e a temporariedade dos governantes,
entre eles, uma identidade; ou como povo, quando há além da Responsabilidade do Estado. Enquanto na
reunião de indivíduos num território e que apesar de se Monarquia, os governantes são investidos por critérios
submeterem ao poder de um Estado, possuem de hereditariedade e permanecem vitaliciamente no
nacionalidades, cultura, etnias e religiões diferentes. exercício do poder, além de, em alguns casos, não
poderem ser responsabilizados (monarquias
- Território: espaço geográfico onde reside determinada absolutistas).
população. É limite de atuação dos poderes do Estado.
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Em resumo a organização e estrutura do Estado podem b.2) Função atípica de natureza legislativa: o Presidente
ser analisadas sob 3 aspectos: da República, por exemplo, adota medida provisória,
com força de lei (art. 32); a administração se vale dos
a) Forma de Governo - República ou Monarquia
chamados atos normativos, secundários, mas capazes
b) Sistema de Governo - Presidencialismo ou de impor regras gerais e abstratas; além da iniciativa de
Parlamentarismo lei, que em alguns casos é do chefe do executivo.
c) Forma de Estado - Unitário ou Federação. b.3) Função atípica de julgamento: o Executivo julga,
No BRASIL, o Estado é do tipo Federado ou Composto, apreciando defesas e recursos administrativos.
pois temos diferentes poderes políticos convivendo no
nosso território: um poder político central (União), um
C) PODER JUDICIÁRIO
poder político regional (Estados-Membros) e um poder
político local (Município), além do DF, que acumula as b.1) Função típica: julgar (função jurisdicional), dizendo
competências regionais e locais. o direito no caso concreto e dirimindo os conflitos que
lhe são levados, quando da aplicação da lei;
Na CF/88, a forma federativa de Estado constitui
cláusula pétrea, insuscetível de ser abolida pelo poder b.2) Função atípica de natureza legislativa: regimento
de reforma (art. 60, §4º, I). interno de seus Tribunais e as iniciativas de lei;
b.3) Função atípica de natureza executiva: administra
ao conceder licenças e férias aos magistrados e
Organização dos Poderes do Estado
serventuários, etc.
Poder significa força para que se possa fazer ou
executar certas coisas. Não há Estado sem poder. O
poder deve mostrar-se presente na vida dos governados ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
a fim de manter, principalmente, a ordem social, a
Primeiramente há de se falar em ADMINISTRAÇÃO
segurança e a liberdade individual.
PÚBLICA EM SENTIDO AMPLO, a qual diz respeito aos
O exercício do poder está concentrado em diversos órgãos do governo, os quais exercem a função política,
órgãos estatais. “São poderes da União, independentes bem como os órgãos e pessoa jurídicas que
e harmônicos entre si, - determina o art. 2.º, da CF - o desempenha função meramente administrativa.
Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Sendo
Já ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO ESTRITO, diz
independentes, evitam-se eventuais abusos, ficando
respeito somente aos órgãos e as pessoas jurídicas que
cada um dentro da esfera de ação que lhe é traçada
exercem a função meramente administrativa, de
pela Lei Maior, impedindo, assim, que o poder venha
execução dos programas de governo.
ficar na mão de uma só pessoa, agindo, porém,
harmonicamente no desempenho das finalidades que
lhes são próprias. Para uma definição mais exata da expressão
“administração pública” devem-se considerar dois
sentidos: objetivo/ material/ funcional e o sentido
A) PODER LEGISLATIVO:
subjetivo/formal ou orgânico.
a.1) Função típica: legislar e fiscalização contábil,
No sentido objetivo, grafado com letra minúscula, a
financeira, orçamentária e patrimonial do Executivo;
administração pública é a própria função administrativa
a.2) Função atípica de natureza executiva: ao dispor do Estado, ou seja, a própria gestão dos interesses
sobre sua organização, provendo cargos, concedendo públicos, seja por sua organização interna ou por sua
férias, licenças a servidores etc.; intervenção no campo privado.
a.3) Função atípica de julgamento: o Senado julga o
Presidente da República nos crimes de responsabilidade
As quatro funções básicas que a Administração Pública
(art. 52, I) e julga seus próprios servidores no
desenvolve são:
cometimento de atos de indisciplina.
1. O Fomento - incentivo ao desenvolvimento da
B) PODER EXECUTIVO:
iniciativa privada. São muitos os instrumentos de
b.1) Função típica: prática de atos de chefia de Estado e fomento, como a concessão de crédito, o
chefia de Governo;
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encontrem na mesma situação, segundo o princípio da Perda da função pública (responsabilidade
igualdade. disciplinar);
Indisponibilidade dos bens (responsabilidade
Princípio da impessoalidade patrimonial);
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Princípio da presunção de legalidade relação de pertinência entre os fatos ocorridos e o
objeto do ato, tendo em vista os fins para os quais for
Este princípio, também conhecido como legitimidade,
ou foi praticado. Quanto aos demais requisitos, a
refere-se à presunção de que os atos administrativos
motivação deve ser clara e congruente a fim de permitir
são verdadeiros e praticados com a observância das
uma efetiva comunicação com seus destinatários, ou
normas legais pertinentes, até prova em contrário.
seja, uma motivação obscura ou contraditória poderia
Todos os atos administrativos presumem-se de acordo gerar incerteza sobre o conteúdo do ato, o que não
com a lei, já que estes só podem ser executados se permitiria ao administrado saber quais as reais razões
houver previsão legal. É uma presunção relativa, que da prática do mesmo ato.
admite prova em contrário, cujo ônus cabe a quem
Sobre a motivação é importante observar os dizeres do
impugnar o ato. A presunção da legalidade possibilita à
Art. 50 da Lei n.º 9784/99, a lei que regulamenta o
administração pública a execução imediata de seus
processo administrativo federal. Embora em tese
atos, conferindo, assim, celeridade e eficiência.
aplique-se somente à esfera da União, esta lei vem
sendo apontada com frequência pela doutrina no
Princípio da motivação tocante ao embasamento do princípio em estudo.
Este princípio determina que a administração pública “Art. 50. Os atos administrativos deverão ser
indique no ato administrativo os pressupostos de fato e motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
de direito que servem de fundamento ao ato que a jurídicos, quando:
levou a adotar determinada decisão. São as razões I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
jurídicas do ato (motivo = razão).
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou
A motivação consiste, portanto, na obrigatoriedade da sanções;
administração pública indicar os motivos fáticos e de
III - decidam processos administrativos de concurso ou
direito que ensejam a edição de determinado ato, de
seleção pública;
forma clara, precisa e com explícita indicação das
peculiaridades e circunstâncias que revestem o caso em IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de
concreto. processo licitatório;
A motivação, de acordo com os parâmetros do direito V - decidam recursos administrativos;
administrativo, deve ser necessariamente escrita, tendo
VI - decorram de reexame de ofício;
em vista que integra a formalização do ato. Contudo,
não exige forma específica, não precisando, VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
necessariamente, ser contextual, podendo até mesmo questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas
ser realizada por órgão diverso daquele que praticou o e relatórios oficiais;
ato, em outro instrumento, também chamada VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
motivação aliunde. Assim, o ato administrativo pode convalidação de ato administrativo.
fundar-se em pareceres, laudos, relatórios ou
informações precedentes, ainda que formulados por § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente,
órgãos distintos. podendo consistir em declaração de concordância com
fundamentos de anteriores pareceres, informações,
Em regra, a motivação dos atos administrativos deve ser decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte
formulada concomitantemente com o próprio ato ou integrante do ato.
antes da edição deste. A motivação ulterior é bastante
discutível e aceita com muitas reservas pela doutrina. § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza,
Isso porque pode o administrador, a posteriori, “fabricar pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os
razões lógicas para justificá-lo e alegar que as tomou em fundamentos das decisões, desde que não prejudique
consideração quando da prática do ato” (BANDEIRA DE direito ou garantia dos interessados.
MELLO, 1999, p. 346). § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e
Para Antônio Carlos de Araújo Cintra, são requisitos da comissões ou de decisões orais constará da respectiva
motivação a suficiência, a clareza e a congruência. Em ata ou de termo escrito.”
relação à suficiência, não basta a menção ao dispositivo
legal que ampara o ato, sendo necessária a
discriminação dos pressupostos de fato, bem como a
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execução de serviço público, ou seja, a impossibilidade aplicação. Seu alcance é apenas de norma
de alegar exceção do contrato não cumprido e, complementar à lei; não pode, pois, a Administração,
portanto, não poder paralisar imediatamente as alterá-la a pretexto de estar regulamentando-a. Se o
atividades, mesmo nos casos de inadimplência da fizer, cometerá abuso de poder regulamentar,
Administração. Só é possível fazê-lo após 90 dias, ou invadindo a competência do Legislativo.
ainda, nem é possível, nos casos de contratos firmados
O poder regulamentar é de natureza derivada (ou
com dispensa de licitação – contratos de emergência –
secundária): somente é exercido à luz de lei existente.
que duram no máximo 180 dias.
Já as leis constituem atos de natureza originária (ou
4. a faculdade que se reconhece à Administração de primária), emanando diretamente da Constituição.
utilizar os equipamentos e instalações da empresa que
ATENÇÃO: Aqui os autores divergem, dado o fato de
com ela contrata, para assegurar a continuidade do
alguns considerarem o Poder Regulamentar uma
serviço;
prerrogativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo.
5. Com o mesmo objetivo, a possibilidade de Para estes autores, portanto, só têm Poder
encampação (retomada) da concessão de serviço Regulamentar o Presidente da República, o Governador
público, nos casos em que não haja outro particular e o Prefeito. Neste caso, o poder geral conferido à
interessado em dar continuidade à execução indireta da Administração para editar seus atos complementares à
atividade. lei é chamado de PODER NORMATIVO, do qual decorre
o Poder Regulamentar, este, portanto, uma espécie
daquele.
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administrado. Constitui, no entanto, requisito de tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta
validade de tais obrigações sua necessária adequação às dias” (art. 103, § 2º).
matrizes legais.
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Para que os regulamentos sejam caracterizados como PODER DISCIPLINAR
autônomos, é necessário que os atos possam criar e
O Poder Disciplinar refere-se à competência da
extinguir primariamente direitos e obrigações, isto é,
Administração Pública para apurar infrações e aplicar
sem prévia lei disciplinadora da matéria, suprimindo,
sanções aos servidores públicos e demais pessoas que
assim, lacunas legislativas. Inicialmente, a CF não previa
possuam um vínculo especial com o Poder Público,
nenhuma situação na qual a Administração Pública
submetidas à disciplina interna da Administração. Para
pudesse editar decretos autônomos. Porém, com a
os servidores, o poder disciplinar é uma decorrência da
Emenda Constitucional 32/2000, passou a ser prevista
hierarquia.
essa modalidade no art. 84, VI:
O poder disciplinar da Administração não deve ser
“VI – dispor, mediante decreto, sobre:
confundido com o poder punitivo do Estado , realizado
a) organização e funcionamento da administração por meio da Justiça Penal. O disciplinar é interno à
federal, quando não implicar aumento de despesa nem Administração, enquanto que o penal visa a proteger os
criação ou extinção de órgãos públicos; valores e bens mais importantes do grupo social em
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando questão. A punição disciplinar e a penal têm
vagos;” fundamentos diversos.
Portanto, é possível a existência de atos administrativos Vale lembrar que nenhuma penalidade pode ser
que não estão subordinados a nenhuma lei, desde que aplicada sem prévia apuração por meio de
cumpridos os seguintes requisitos: procedimento legal em que sejam assegurados o
contraditório e a ampla defesa, com os meios e
a) o ato deve ser um decreto, editado pelo Presidente recursos a ela inerentes (art. 5º, LV, da CF).
da República e pelo Ministro ou Secretário da área. Nos
termos do princípio da simetria, essa possibilidade É importante ressaltar que o poder disciplinar pode ser
estende-se também aos chefes dos Poderes Executivos combinando tanto com o poder discricionário quanto
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal; com o vinculado. Será combinado com o poder
discricionário quando estivermos falando da escolha da
b) sua matéria deve ser somente a organização e o penalidade (quando permitida em lei), assim como nos
funcionamento da Administração Pública; casos em que a penalidade pode ser graduada (como no
c) mesmo no tocante à Administração Pública, não caso de uma suspensão que varia entre 1 e 90 dias, por
podem implicar em: exemplo). Além disso, os tipos de infração disciplinar
são mais discricionários que os tipos penais, por
I) aumento de despesa; exemplo, assim, também há discricionariedade na
II) criação ou extinção de órgãos públicos; e definição da infração; é como diz o saudoso Professor
Hely Lopes Meireles: “O poder disciplinar não é
III) extinção de funções ou de cargos públicos, exceto
vinculado à prévia definição em lei sobre a infração
quando vagos.
cometida e sua respectiva sanção”.
Apesar de editados pelo Presidente da República, que é
Por sua vez, será combinado com o poder vinculado no
o chefe da Administração Pública Federal, e não
tocante à apuração do suposto ilícito praticado pelo
estarem subordinados à lei, não são regulamentos
agente (a abertura de processo para investigação,
autônomos:
mediante a descoberta da irregularidade é obrigatória)
a) medidas provisórias, que não são leis, mas têm força e no que diz respeito à aplicação da penalidade ao
de lei, estando incluídas pela Constituição na seção agente faltoso, uma vez que comprovada a infração não
referente ao processo legislativo. São, portanto, atos se pode deixar de penalizar o responsável.
legislativos, excepcionalmente feitos pelo Poder
Executivo;
PODER HIERÁRQUICO.
b) decretos de intervenção (federal ou estadual), de
instauração do estado de defesa e do estado de sítio. A organização administrativa é baseada em dois
Esses decretos são atos políticos, pois se referem ao pressupostos: distribuição de competências e
governo e não à Administração Pública. hierarquia (relação de coordenação e subordinação
entre os vários órgãos que integram a Administração
Pública). Poder hierárquico, segundo Hely Lopes
Meirelles, é o de que dispõe o Poder Executivo para
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distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, nome do interesse coletivo. Esse é o definição dada
ordenar e rever a atuação de seus agentes, pelo Código Tributário Nacional:
estabelecendo a relação de subordinação entre os
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da
servidores do seu quadro de pessoal. Da organização
administração pública que, limitando ou disciplinando
administrativa decorrem para a Administração Pública
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato
diversos poderes como, por exemplo, poder de dar
ou a abstenção de fato, em razão de interesse público
ordens aos subordinados que implica o dever de
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
obediência para estes últimos, ressalvadas as ordens
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
manifestamente ilegais; poder de controlar a atividade
exercício de atividades econômicas dependentes de
dos órgãos inferiores, para examinar a legalidade de
concessão ou autorização do Poder Público, à
seus atos e o cumprimento de suas obrigações,
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e
podendo anular os atos ilegais ou revogar os
aos direitos individuais ou coletivos.
inconvenientes ou inoportunos, seja ex officio, seja
mediante provocação dos interessados, por meios de
recursos hierárquicos; poder de avocar atribuições, Objeto e Finalidade: o objeto do poder de polícia
desde que estas não sejam da competência privativa do administrativa é todo bem, direito ou atividade
órgão subordinado; poder de delegar atribuições que individual que possa afetar a coletividade ou por em
não lhe sejam exclusivas etc. risco a segurança nacional, exigindo, por isso mesmo,
regulamentação, controle e contenção pelo Poder
Público; com esse propósito a Administração pode
PODER DE POLÍCIA
condicionar o exercício de direitos individuais, pode
Um dos poderes da Administração resulta exatamente delimitar a execução de atividades, como pode
do inevitável confronto entre os interesses público e condicionar o uso de bens que afetem a coletividade
privado e expressa a necessidade de impor restrições ao em geral, ou contrariem a ordem jurídica estabelecida
exercício dos direitos dos indivíduos. Quando o Poder ou se oponham aos objetivos permanentes da Nação; a
Público interfere na órbita do interesse privado para finalidade do poder de polícia é a proteção ao interesse
salvaguardar o interesse público, restringindo direitos público, nesse interesse superior não entram só os
individuais, atua no exercício do poder de polícia. valores materiais como, também, o patrimônio moral e
espiritual do povo, expresso na tradição, nas
De acordo com Bandeira de Mello (2004, p. 725-727), a
instituições e nas aspirações nacionais da maioria que
essência do poder de polícia é o seu caráter negativo:
sustenta o regime político adotado e consagrado na
“No sentido de que através dele, o Poder Público, de Constituição e na ordem vigente.
regra, não pretende uma atuação do particular,
pretende uma abstenção. (...) a utilidade pública é, no
mais das vezes, conseguida de modo indireto pelo Fases (ou ciclos) do poder de Polícia:
poder de polícia, em contraposição à obtenção direta a) norma de polícia (legislação): estabelece os limites do
de tal utilidade, obtida por meio dos serviços públicos”. exercício dos direitos individuais. Pode ser
constitucional, legal ou regulamentar;
Sentido amplo e restrito b) Consentimento de polícia: possibilita ao particular o
exercício de atividade controlada pelo Poder Público,
A expressão poder de polícia comporta dois sentidos,
através de permissões (discricionárias) e licenças
um amplo e um restrito. Em sentido amplo, poder de
(vinculadas). Nem sempre estará presente, dado o fato
polícia significa toda e qualquer ação restritiva do
de que nem todas as atividades do particular
Estado em relação aos direitos individuais. Esta é a
necessitam deste tipo de manifestação da
função do Poder Legislativo, incumbido da criação do
Administração Pública.
direito legislado, e isso porque apenas as leis podem
delinear o perfil dos direitos, aumentando ou reduzindo c) fiscalização: verificação do cumprimento das normas
seu conteúdo. e das condições estabelecidas na permissão de polícia;
Em sentido estrito, o poder de polícia é a atividade d) sanção de polícia: aplicação de penalidades àqueles
administrativa, consistente no poder de restringir e que descumprirem as normas e as condições da
condicionar o exercício dos direitos individuais em permissão de polícia. Também pode ser utilizada a
medida de polícia, com o objetivo de impedir a
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ocorrência de dano. Ex.: após fiscalização que comprova judiciária que se preordena à responsabilização dos
a existência de comida estragada em um restaurante, a violadores da ordem jurídica. Assim, a primeira terá por
Administração impõe uma multa (sanção) e destrói a objetivo impedir as ações anti-sociais, e a segunda,
comida estragada (medida de polícia). punir os infratores da lei penal.
Ressalte-se, no entanto, que embora o caráter de uma
seja EMINENTEMENTE preventivo e o de outra
Classificação do Poder de Polícia:
EMINENTEMENTE repressivo, ambas as formas de
Poder de polícia originário: seria aquele exercido pelas exercício de polícia possuem mecanismos tanto
pessoas políticas (entes da federação). repressivos quanto preventivos. Observe, por exemplo,
Poder de polícia derivado (ou delegado): aquele a polícia administrativa aplicando multas ou realizando
exercido pelas pessoas jurídicas que integram a apreensões, nestes casos ela não está mais prevenindo
administração indireta. e sim reprimindo. O mesmo ocorre quando se verifica a
ocorrência de fiscalizações preventivas de rotina da
A doutrina consagrou a expressão “poder de polícia Polícia Federal nos aeroportos, no âmbito dos voos
delegado”, muito embora o emprego da palavra possa internacionais.
causar alguma confusão. Com efeito, a hipótese é de
descentralização mediante outorga legal (também
chamada descentralização por serviços) e não de Finalidad Atuação Incidênc Regência
descentralização mediante delegação (chamada e ia
descentralização por colaboração). Esta última implica
transferir a particulares – não mediante lei, e sim, por Polícia Predis- Atua Sobre os Normas
meio de contrato administrativo – a execução de admi- põe-se por bens e adminis-
determinado serviço público. Nada tem a ver com o nistrativa unica- meio de direitos trativas
exercício do poder de polícia, que não pode ser mente a órgãos
conferido a particulares. impedir da
ou parali- Adminis
Costumeiramente, não se utiliza a expressão “poder de sar ativi- tração
polícia outorgado” no caso do poder de polícia atribuído dades
às entidades às entidades da administração indireta, e anti-soci-
sim “poder de polícia delegado”, embora elas recebem ais.
suas atribuições mediante outorga legal.
Polícia Preor- Atua Sobre Direito
judiciária dena-se à por pessoas Processu
Polícia administrativa e judiciária responsa- meio da al Penal
bilização polícia
Existem dois tipos de poder de polícia: administrativa e dos viola- de
judiciária. dores da seguran
O poder de polícia administrativa cuida da adequação ordem ju- ça
dos interesses individuais com o coletivo, podendo agir rídica
preventivamente (proibição de porte de arma, por
exemplo), sendo concretizada por intermédio de atos
da administração. Atua por meio de órgão e manifesta- Características ou Atributos do poder de polícia:
se por meio de atos normativos, tanto de alcance geral discricionariedade, auto-executoriedade e
(ex: portarias, regulamentos) como de efeitos concretos coercibilidade.
e específicos (ex: fechamento de estabelecimento A discricionariedade do poder polícia refere-se à
comercial irregular, guinchar veículos, etc.) faculdade da administração pública de decidir qual o
A polícia judiciária trata da repressão das infrações melhor momento de agir, qual o meio de ação mais
penais e é privativa de corporações especializadas, adequado e qual a sanção cabível diante das previstas
como a polícia civil e a federal. na norma legal.
A principal diferença que se costuma apontar entre as Porém, em outros casos, a lei já estabelece que, diante
duas está no caráter preventivo da polícia de determinadas situações a administração pública terá
administrativa, que se predispõe a impedir ou paralisar que adotar uma solução previamente estabelecida, sem
atividades anti-sociais, e no repressivo da polícia margem de opção; são hipóteses em que o poder de
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polícia será vinculado (ex: licença – uma vez fiscalização, por outro lado, não realizam poder
preenchidos os requisitos previstos em lei a coercitivo e, por isso podem ser delegados. Observe a
Administração é obrigada a concedê-la). decisão:
A auto-executoriedade é a faculdade de a administração “ADMINISTRATIVO. PODER DE POLÍCIA. TRÂNSITO.
decidir e executar diretamente sua decisão por seus SANÇÃO PECUNIÁRIA APLICADA POR SOCIEDADE DE
próprios meios, sem intervenção do poder judiciário. No ECONOMIA MISTA. IMPOSSIBILIDADE. (...) 2. No que
entanto, é importante lembrar que para utilizar-se disto tange ao mérito, convém assinalar que, em sentido
é necessária a expressa autorização da lei ou em casos amplo, poder de polícia pode ser conceituado como o
de medidas urgentes, situações em que poderá ocorrer dever estatal de limitar-se o exercício da propriedade e
um prejuízo maior para o interesse público. da liberdade em favor do interesse público. A
controvérsia em debate é a possibilidade de exercício
A coercibilidade significa a possibilidade da
do poder de polícia por particulares (no caso, aplicação
administração pública impor a decisão administrativa
de multas de trânsito por sociedade de economia
proferida, independentemente da manifestação de
mista). 3. As atividades que envolvem a consecução do
vontade por parte do particular, autorizando ainda, o
poder de polícia podem ser sumariamente divididas em
emprego de força para o seu cumprimento. O uso da
quatro grupo, a saber: (i) legislação, (ii) consentimento,
força física pela administração, nas situações
(iii) fiscalização e (iv) sanção. 4. No âmbito da limitação
necessárias, é justificado por meio desse atributo,
do exercício da propriedade e da liberdade no trânsito,
tornando-o, assim, indissociável da auto-
esses grupos ficam bem definidos: o CTB estabelece
executoriedade.
normas genéricas e abstratas para a obtenção da
Carteira Nacional de Habilitação (legislação); a emissão
DELEGAÇÃO DO PODER DO POLÍCIA: da carteira corporifica a vontade o Poder Público
(consentimento); a Administração instala equipamentos
É importante ressaltar que a maioria da doutrina, eletrônicos para verificar se há respeito à velocidade
baseada no entendimento de que o poder de império é estabelecida em lei (fiscalização); e também a
próprio e privativo do poder público, não admite a Administração sanciona aquele que não guarda
delegação do poder de polícia a pessoas da iniciativa observância ao CTB (sanção). 5. Somente o atos
privada, ainda que se trate de uma delegatária de relativos ao consentimento e à fiscalização são
serviço público. O STF no julgamento da ADI 1717/DF de delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à
2002, decidiu que o exercício do poder de polícia não sanção derivam do poder de coerção do Poder Público.
pode ser delegado a entidades privadas. 6. No que tange aos atos de sanção, o bom
É possível, no entanto, sua outorga a entidades de desenvolvimento por particulares estaria, inclusive,
Direito Público da Administração Indireta, como as comprometido pela busca do lucro - aplicação de
agências reguladoras (ANA, ANEEL, ANATEL, etc.), as multas para aumentar a arrecadação.” (STJ, REsp
autarquias corporativas (CFM, CFO, CONFEA, etc). Neste 817534 / MG)
caso a doutrina consagrou a expressão “poder de polícia
derivado” para referir-se ao exercício de polícia pelas
entidades públicas descentralizadas. FATOS ADMINISTRATIVOS
Controversa é a possibilidade do poder de polícia ser A noção de fato administrativo tem o sentido da
delegado a entidades integrantes da Administração atividade material no exercício da função
Indireta que tenham personalidade de direito privado – administrativa, que visa ter efeitos de ordem prática
Sociedades de Economia mista, Empresas Públicas e para a administração. Exemplos são: apreensão de
Fundações Públicas de direito privado. A orientação mercadorias, dispersão de manifestantes,
tradicional da doutrina é de que o referido poder só desapropriação de bens privados, etc. Enfim, refere-se a
pode ser exercido por pessoas jurídicas de direito tudo aquilo que altera a dinâmica da Administração, é
público. uma verdadeira movimentação na ação administrativa.
Porém, de acordo com recente entendimento do STJ, Pode-se constatar que os fatos administrativos podem
devem ser consideradas as quatro atividades relativas ser voluntários e naturais. Os fatos administrativos
ao poder de polícia: legislação, consentimento, voluntários se materializam de duas maneiras:
fiscalização e sanção. Assim, legislação e sanção 1º Por atos administrativos – que formalizam a
constituem atividades típicas da Administração Pública providência desejada pelo administrador através da
e, portanto, indelegáveis. Consentimento e manifestação da vontade;
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2º Por condutas administrativas – que refletem os
comportamentos e as ações administrativas, sejam, ou
não, precedidas pelo ato formal.
Já os fatos administrativos naturais são aqueles que se
originam de fenômenos da natureza, cujos efeitos se
refletem na órbita administrativa.
Assim, quando se fizer referência a fato administrativo,
deverá estar presente unicamente a noção de que
ocorreu um evento dinâmico da Administração.
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